Mostrando postagens com marcador anabolizantes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador anabolizantes. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Anabolizantes e risco de suicídio: sintomas, perigos e como buscar ajuda agora




O que são anabolizantes e quando são indicados


Os anabolizantes, também chamados esteroides androgênicos anabólicos (EAA), são hormônios sintéticos derivados da testosterona. Na medicina, sua indicação clássica é o hipogonadismo masculino, situação em que há deficiência comprovada na produção de testosterona. Fora desse contexto, o risco supera o benefício. O que promete força pode abrir portas para uma queda emocional profunda. É por isso que informação, avaliação e cautela salvam vidas.

E aqui faço um adendo, Nutrólogo NÃO É o profissional mais habilitado para prescrição de hormônios. Caso o paciente realmente precise fazer reposição, deve preferencialmente procurar um Endocrinologista para descobrir a causa da deficiência. 

Recentemente escrevi sobre saúde mental e anabolizantes, já que estou assustado com a quantidade de casos que estou recebendo no consultórios, de pacientes que viram a saúde mental ruir por prescrição iatrogênica de alguns "portadores de diplomas de Medicina". Para ler o texto acesse: https://www.ecologiamedica.net/2025/08/o-lado-sombrio-do-shape-perfeito.html

O uso estético e esportivo que adoece


Há uma crescente comercialização para fins estéticos, hipertrofia e melhora de desempenho. Em atletas, é doping; em não atletas, é proibido, impróprio e danoso. O marketing do “corpo perfeito” esconde custos físicos e psíquicos altos. O desejo de mudar o espelho não pode custar sua saúde mental. Nenhuma vaidade vale a sua vida.

“Modulação hormonal” sem diagnóstico: um falso atalho


Também entram nessa conta as chamadas prescrições de “modulação hormonal” sem hipogonadismo diagnosticado. Ajustar hormônios sem critério vira uma roleta com a sua mente e seu coração. O risco de colapsos emocionais aumenta. Lembre: hormônio não é suplemento. É medicamento com efeitos imprevisíveis fora da indicação correta.

Saúde física e saúde mental: dois lados do mesmo risco


Quando falamos de EAA, não é só o fígado ou o coração que sofrem. A mente também sangra. Além de inúmeras consequências físicas, existem impactos severos na saúde mental. O brilho do músculo pode vir acompanhado de noites sem dormir, impulsos agressivos e um vazio que assusta. O custo emocional costuma aparecer quando já é tarde.

Transtornos depressivos: a sombra que se aproxima


A literatura descreve maior prevalência de quadros depressivos entre usuários. O humor cai, a motivação some, a culpa aumenta. Projetos perdem cor, relações se desgastam. O espelho mostra volume, mas por dentro cresce a sensação de inutilidade. Depressão não é fraqueza: é doença que precisa de tratamento profissional.

Impulsividade suicida: quando o impulso vira perigo


O uso inadequado de EAA está associado à impulsividade suicida. É uma combinação perigosa: agitação emocional, redução do sono e tolerância ao risco. Uma discussão vira gatilho, uma frustração vira abismo. Sem ajuda, a pessoa pode tomar decisões irreversíveis em minutos. Reconhecer isso é prevenção.

Hipomania e instabilidade do humor


Os EAA podem precipitar quadros de hipomania, forma do transtorno bipolar. A pessoa fica eufórica, confiante, com necessidade reduzida de sono. Depois, vem a queda abrupta para a tristeza profunda. Essa montanha-russa corrói vínculos, trabalho e autoestima. A instabilidade contínua aumenta o perigo de comportamentos autodestrutivos.

Insônia e privação de sono: gasolina no fogo


Insônia não é apenas incômodo; é combustível para ansiedade, irritabilidade e impulsividade. Com EAA, dormir menos parece “normal”, mas o cérebro cobra a conta. A falta de sono piora julgamentos, aumenta riscos e desregula emoções. Dormir é tratamento, e ignorar o sono é se colocar no limite.

Agressividade e violência: rupturas que doem


Relatos citam impulsividade agressiva e violenta, com brigas, demissões e perdas afetivas. O que começa na academia termina em delegacia, isolamento e culpa. Famílias se desconstroem sob ataques de raiva que “não parecem seus”. Procure ajuda ao primeiro sinal: agressividade não é normalização de masculinidade.

Episódios psicóticos: quando a realidade racha


Também há episódios psicóticos descritos, com delírios e alterações de percepção. O corpo forte não protege a mente do colapso. A pessoa pode perder a noção do perigo e expor-se a situações letais. Psicose é urgência médica; não espere. Terapia e psiquiatria podem estabilizar o quadro e devolver segurança.

A armadilha da suspensão: abstinência que machuca


Os sintomas podem surgir durante o uso prolongado e na suspensão. Na abstinência, aparecem queda brusca de humor, irritabilidade, fadiga e desesperança. O corpo pede mais, a mente se desespera. Sem acompanhamento, esse período vira o pico do risco. Planeje a saída com profissionais qualificados.

Nem sempre dá para prever a predisposição


As publicações sugerem que sintomas psiquiátricos e conflitos decorrentes do uso prolongado podem contribuir para o suicídio em indivíduos predispostos. O problema: nem sempre é possível prever quem é vulnerável. Ao usar EAA sem indicação, você assume um risco que pode custar sua vida. Precaução é proteção.

A face mais dura: mortalidade em usuários


Estudos que investigaram mortes entre usuários de EAA encontraram maioria de homens jovens. As causas mais frequentes foram intoxicação acidental, suicídio e homicídio. São histórias interrompidas no auge, famílias em luto, sonhos abandonados. Treinar o corpo não pode treinar a roleta da morte. Escolha viver.

Fertilidade em xeque: o preço invisível


Quase metade dos usuários avaliados apresentaram atrofia testicular. Também foram observadas fibrose testicular e espermatogênese interrompida. O resultado é infertilidade, queda de libido e vergonha silenciosa. O shape do verão pode roubar a paternidade do futuro. Pense antes de arriscar.

Coração sob ataque: cardiomiopatia e artérias estreitas


Foram encontrados problemas na musculatura cardíaca e estreitamento moderado a grave das artérias coronárias. Isso significa menos sangue para o coração, mais arritmias e risco de eventos. Dor no peito não é “pump”; é alerta. Não ignore taquicardia, falta de ar e pressão alta. O coração também pede socorro.

Corpo forte, relações frágeis


Os EAA frequentemente destroem relações pessoais e trabalho. Agressividade, isolamento e conflitos crônicos levam a demissões, separações e perda de rede de apoio. Sem vínculos, o risco de depressão e suicídio aumenta. A vida não é só treino e dieta; é pertencimento e cuidado.

O ciclo da vergonha: calar aumenta o risco


Muitos escondem o uso por medo e estigma. Esse silêncio atrasa o diagnóstico e piora os desfechos. Vergonha não cura; conversa honesta sim. Profissionais de saúde não estão aqui para julgar, e sim para cuidar. Falar cedo diminui danos e salva histórias.

Sinais de alerta que pedem ajuda imediata


Procure ajuda se surgirem tristeza persistente, ideias de morte, impulsividade, insônia, paranoia ou agressividade fora do seu padrão. Amigos e familiares, levem a sério. Se houver risco, não deixem a pessoa sozinha. A vida tem prioridade absoluta. A intervenção precoce é decisiva.

Tratamento funciona: caminhos seguros


A saída passa por psicoterapia, avaliação psiquiátrica e manejo médico da suspensão quando necessário. O objetivo é estabilizar o humor, tratar comorbidades e reconstruir rotina e vínculos. Cada caso é único, mas há tratamento. Com orientação certa, é possível retomar o controle.

A decisão corajosa: pedir ajuda


Pedir ajuda é um ato de coragem e amor-próprio. O que está em jogo não é só estética; é o seu futuro. Procure nutrólogo, clínico, psicólogo e psiquiatra para um plano conjunto. Abandonar o ciclo sem suporte é arriscar recaídas. Com equipe, você não caminha sozinho(a).

Informação que protege: escolhas conscientes


Antes de aceitar “protocolos” prontos, questione indicação, dose, tempo e riscos. Não existe bioquímica mágica que cancele efeitos mentais. Se a promessa parece perfeita, desconfie. Informação séria, baseada em ciência, é o melhor suplemento. Conhecimento é prevenção.

Suporte à família e aos amigos


Quem convive com o usuário sofre junto. Aprenda a identificar mudanças bruscas de humor, isolamento e comentários de desesperança. Ofereça escuta, estimule atendimento profissional e ajude na adesão ao tratamento. A rede de apoio é um fator protetor fundamental.

Academia e saúde: parceria possível


Treinar é saúde; distorção corporal e atalho hormonal não são. Construa força com treino estruturado, nutrição adequada e descanso. Resultados reais levam tempo e preservam a mente. Respeite seus limites e procure acompanhamento qualificado. Seu corpo agradece; sua mente também.


Profissionais que realmente ajudam


Psicólogos e psiquiatras têm formação para escuta especializada e manejo de risco de suicídio. Endocrinologistas e Urologistas avaliam impactos orgânicos e planejam estratégias seguras. Personal trainner, Coachs, influenciadores e “protocolos” da internet não substituem equipe de saúde. Profissionalismo salva vidas.

O mito do controle


“Eu controlo” é frase comum antes do colapso. O corpo cria tolerância, a mente fica instável, e a vida desorganiza. Controle real é admitir o risco e buscar orientação. Não espere a crise bater. Agir agora é mais fácil do que reconstruir depois.

Planeje a saída com segurança


Se você decidiu parar, não faça sozinho(a). A suspensão exige plano terapêutico, monitorização e, às vezes, medicação. Sem isso, a chance de depressão e ideação suicida aumenta. Combine com sua equipe passos, prazos e sinais de alarme. Segurança primeiro, sempre.

Compromisso com a vida


Você vale muito mais do que um antes e depois. Há projetos, afetos e futuros esperando por você. O caminho exige paciência, mas há luz possível. Procure ajuda hoje e dê o primeiro passo. Viver bem é o melhor resultado.

Onde buscar ajuda agora


Se houver risco imediato, acione 190/192. Para apoio emocional, CVV – 188 (24h). Se precisar, posso indicar profissionais presenciais e on-line. Não minimize sinais; sua vida importa. Compartilhe este texto com quem precisa ouvir que há saída.

Mensagem final


Anabolizantes sem indicação médica custam caro: mente em frangalhos, coração em risco, laços rompidos. Transforme a preocupação em ação. Marque uma consulta, converse com quem você ama e priorize a sua saúde mental. O melhor shape é aquele que preserva sua vida.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui. 

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O lado sombrio do shape perfeito: anabolizantes e transtornos mentais


O fascínio pelo corpo perfeito


Os esteroides androgênicos anabolizantes (EAAs), usados cada vez mais em academias e na sociedade como um todo. Representando um desafio crescente para nós da área da saúde. A utilização está sendo "normalizada" e antes aqueles que tinham vergonha de assumir o uso, tem se orgulhado e propagado aos quatro cantos que utilizam. Com isso, influenciando pessoas a usarem e acreditarem ser segura a utilização desde que "sob supervisão". 

Embora o apelo do “shape perfeito” atraia muitos jovens, adultos e até idosos, os riscos ultrapassam os benefícios e invadem o campo mais delicado da atualidade: a saúde mental. 

O que há 15 anos era exceção no meu consultório, virou regra. Ou seja, semanalmente atendo pacientes que viram suas vidas devastadas por uso de esteróides anabolizantes sem indicação, puramente por estética ou melhora de performance. Há anos aviso sobre o tema e agora temos um problema de saúde pública, segurança pública e que foi negligenciado nos últimos 10 anos. 

A ilusão dos ganhos rápidos


A busca por músculos hipertrofiados e definição acelerada muitas vezes obscurece os perigos reais. O problema é que, por trás dos ganhos rápidos de massa muscular, os anabolizantes desencadeiam uma série de alterações neuroquímicas que desestabilizam o equilíbrio psíquico do indivíduo. Será que vale a pena arriscar o equilíbrio emocional em troca de estética passageira? Ou você acha que a utilização será sustentável em longo prazo? Ou você acha que não precisará aumentar as doses a medida que o corpo envelhece? 

Alterações emocionais imediatas


Há uma relação bem estabelecida na literatura entre o uso de anabolizantes e alterações na saúde mental, incluindo o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Diversos estudos e consensos internacionais apontam que o uso de EAAs está associado a uma maior prevalência de sintomas depressivos, ansiedade, agressividade, alterações de humor, comportamento impulsivo, dependência e até quadros psicóticos.

Em homens, há evidências robustas de aumento significativo de sintomas de depressão e ansiedade entre usuários de EAAs em comparação com controles (indivíduos que não fazem uso), com correlação entre níveis hormonais alterados e gravidade dos sintomas psiquiátricos.

O risco de dependência de EAAs é relevante, com cerca de 30% dos usuários desenvolvendo critérios para dependência, e a interrupção abrupta pode precipitar quadros depressivos graves e risco de suicídio. Além disso, há aumento do uso de ansiolíticos, antidepressivos e antipsicóticos após o início do uso de EAAs, sugerindo impacto direto na morbidade psiquiátrica.

Em mulheres, o uso de AAS também está associado a elevação de múltiplos transtornos de personalidade (borderline, antissocial, sadista, depressivo, negativista, masoquista) e síndromes clínicas psiquiátricas, com alta proporção de usuárias apresentando múltiplos diagnósticos psiquiátricos simultâneos.

O uso de EAAs está ainda relacionado a comportamentos de risco, aumento de traços psicopáticos, agressividade e impulsividade, tanto em homens quanto em mulheres Além disso, há associação entre o uso de AAS e outros transtornos comportamentais, como transtornos de imagem corporal (ex.: dismorfia muscular) e maior risco para desenvolvimento de dependência de opioides.

O risco é maior em usuários crônicos, em doses elevadas e em indivíduos com vulnerabilidade psiquiátrica prévia. O acompanhamento multidisciplinar é recomendado para manejo desses pacientes.



A temida “roid rage”


Um dos riscos mais relatados é a chamada “roid rage”, caracterizada por explosões de raiva e agressividade. Esse fenômeno pode transformar comportamentos antes tranquilos em atitudes impulsivas, violentas e de difícil controle, prejudicando relações pessoais e profissionais. Quem se beneficiaria de músculos fortes, mas de uma mente em constante guerra? Seria interessante alguém viver em eterna reação de luta ou fuga? Isso é vida? 

Depressão pós-uso


Como já citado acima, a depressão pós-uso é uma consequência frequente. Quando o organismo reduz sua produção natural de testosterona após ciclos de anabolizantes, ocorre um vazio hormonal que impacta neurotransmissores ligados ao humor, levando a tristeza intensa, desesperança e risco aumentado de suicídio.

Dependência disfarçada


Outro ponto alarmante é o desenvolvimento de dependência. Muitos usuários não conseguem interromper o consumo, mesmo cientes dos riscos. O anabolizante cria uma relação de compulsão semelhante a outras drogas, sustentada tanto pela dependência física quanto psicológica. Como tratar algo que o próprio paciente ainda não reconhece como vício?



Ansiedade e insônia


A ansiedade também é uma companheira constante dos usuários. A elevação artificial dos níveis hormonais aumenta a excitabilidade cerebral, resultando em crises de pânico, insônia e preocupações obsessivas. Esses sintomas corroem a qualidade de vida e minam a saúde emocional. Esse aumento da ansiedade promove um aumento da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, aumento da sudorese. Ou seja, descarga adrenérgica que cronicamente pode prejudicar todo o sistema cardiovascular. 

Vigorexia e autoimagem


O transtorno dismórfico corporal, especialmente a “vigorexia”, é frequentemente observado em usuários. Nessa condição, o indivíduo nunca se vê suficientemente forte ou definido, criando um ciclo vicioso: quanto mais usa, mais insatisfeito se sente com sua aparência. Afinal, qual o verdadeiro ideal de beleza: o corpo perfeito ou a mente em paz?

Quadros psicóticos


Quadros psicóticos não são raros. Já foram descritos delírios persecutórios, alucinações e perda de contato com a realidade em indivíduos aparentemente saudáveis antes do uso. Isso demonstra a capacidade dos anabolizantes de alterar de forma dramática o funcionamento cerebral. Tive 2 casos emblemáticos que pacientes que desenvolveram psicose por uso de anabolizantes. Um prescrito por personal trainer e outro por um endocrinologista (sim, endocrinologista com Registro de qualificação de especialista = RQE). 



O mito da dose segura


Não se trata apenas de quem faz ciclos prolongados. Mesmo usuários ocasionais ou em doses consideradas “baixas” apresentam relatos de oscilações de humor, alterações de memória e dificuldades cognitivas. Isso reforça a ideia de que não existe uso seguro. Será que ainda há espaço para acreditar em “uso controlado”?

Déficits cognitivos


Entre os efeitos mais silenciosos estão os déficits cognitivos. A literatura aponta prejuízos em memória de trabalho, atenção e tomada de decisão. Esses impactos, muitas vezes irreversíveis, comprometem desempenho acadêmico, profissional e social. Se para o paciente portador de hipogonadismo (déficit real de testosterona) a reposição hormonal pode melhorar muito a cognição, performance cerebral, memória, capacidade de concentração, para quem utiliza desnecessariamente há um risco de aumento da ansiedade e com isso piora da capacidade de memorização, concentração e do desempenho cognitivo. 

Impulsividade, riscos e impacto nas relações interpessoais


A impulsividade exacerbada é outro traço comum. Usuários relatam maior propensão a comportamentos de risco, como direção imprudente, uso concomitante de drogas ilícitas e práticas sexuais desprotegidas. Tudo isso eleva o risco de acidentes e doenças. Quem realmente está no controle: o usuário ou a droga? 

É raro uma semana que os noticiários deixam de mostrar casos de violência doméstica, feminicídios ou mortes violentas que possuem relação do EAAs. Recentemente tivemos 2 casos emblemáticos, que mostram como anabolizantes podem alterar o cérebro masculino. Ou seja, é um problema de saúde pública, porém, negligenciado.

As consequências emocionais se estendem para além das relações interpessoais. Muitos usuários se tornam  inicialmente agressivos com familiares, amigos, gerando conflitos, separações e isolamento social. O ganho estético cobra um preço alto em vínculos humanos.  O impacto também se estende também ao ambiente de trabalho. Funcionários sob efeito de EAAs relatam maior irritabilidade, dificuldade de concentração e conflitos hierárquicos, comprometendo a produtividade e a estabilidade profissional. Há também um visível aumento da competitividade. 

Apesar de existirem estudos mostrando correlação entre criminalidade e EAAs, não existe evidência de que o uso de EAAs favorça mais violência no trânsito. O que discordo, já que a literatura médica demonstra uma associação significativa entre o uso de EAAs e comportamentos violentos, incluindo agressividade e envolvimento em crimes violentos, embora a direção causal dessa relação permaneça incerta e multifatorial.

Estudos e meta-análises indicam que usuários de EAAs apresentam maior propensão à violência interpessoal, com odds ratios elevados para envolvimento em crimes violentos mesmo após ajuste para fatores demográficos e uso concomitante de outras substâncias.




Alterações neuroquímicas


Do ponto de vista neurobiológico, os anabolizantes alteram a regulação de dopamina, serotonina e GABA. Essa disfunção na química cerebral explica a multiplicidade de efeitos psiquiátricos e a dificuldade de tratamento desses pacientes.

Suicídio e autodestruição


Há evidências científicas consistentes de que o uso de EAAs está associado a um aumento do risco de suicídio. Estudos populacionais e análises de coorte demonstram que usuários apresentam taxas significativamente mais altas de tentativas de suicídio e de suicídio consumado em comparação com não usuários.

Em uma grande amostra populacional de adolescentes, a prevalência de tentativas de suicídio entre usuários de EAAs foi de 30%, em contraste com 10% entre não usuários (ou seja 3 vezes mais), indicando uma associação robusta entre o uso de EAA e comportamento suicida. Pode parecer assustador? É a realidade. 

Em atletas de elite de esportes de força, grupo com alta suspeita de uso de EAAs, a mortalidade por suicídio foi de 2 a 4 vezes maior do que na população geral masculina, especialmente entre 30 e 50 anos.

Outro estudo de coorte com powerlifters competitivos suspeitos de uso crônico de EAA encontrou risco de morte 4,6 vezes maior do que controles, sendo o suicídio uma das principais causas de óbito prematuro.

Além disso, relatos de casos e estudos forenses documentam que sintomas depressivos graves, frequentemente associados à interrupção do uso de EAA, podem precipitar suicídio, mesmo em indivíduos sem histórico prévio de ideação suicida. O desenvolvimento de depressão após a suspensão dos EAA é um dos mecanismos plausíveis para esse aumento do risco, especialmente em usuários crônicos e dependentes.

Já estudos de base populacional com grandes bancos de dados também mostram que o uso de testosterona, incluindo em doses terapêuticas, está associado a maior risco de depressão e tentativas de suicídio/autoagressão, com odds ratio de 1,52 para suicídio/autoagressão em relação a não usuários, mesmo após ajuste para fatores de confusão.

Portanto, o conjunto da literatura médica aponta que o uso de EAA, especialmente em doses suprafisiológicas e por períodos prolongados, está associado a aumento significativo do risco de suicídio, tanto por mecanismos diretos (alterações neuropsiquiátricas induzidas pelos EAAs) quanto indiretos (depressão pós-suspensão, impulsividade, agravamento de conflitos interpessoais).

Autoestima em ruínas


A baixa autoestima é um dos efeitos mais paradoxais do uso de EAAs. Em teoria, alcançar um corpo definido, com baixíssimo percentual de gordura e elevada massa muscular, deveria gerar satisfação. No entanto, a realidade mostra o contrário: muitos usuários relatam insatisfação constante e dificuldade em reconhecer seus próprios resultados. O olhar no espelho nunca parece suficiente, alimentando uma busca interminável por melhorias.

Esse fenômeno está intimamente ligado à distorção da autoimagem, em que o indivíduo passa a enxergar defeitos onde não existem. A pressão social e a comparação com padrões irreais, muitas vezes amplificados pelas redes sociais, aumentam ainda mais essa sensação de inadequação. O corpo que deveria ser motivo de orgulho transforma-se em fonte de insegurança e ansiedade. Surge, assim, uma dependência emocional da aprovação alheia.

A vergonha também se manifesta de maneira intensa. Muitos usuários sentem necessidade de justificar constantemente suas escolhas, escondendo o uso de anabolizantes ou temendo ser julgados pela forma como alcançaram seus resultados. Isso gera conflitos internos, já que a aparência é construída para receber admiração, mas vem acompanhada de um sentimento de culpa silenciosa. A identidade do indivíduo passa a ser definida mais pelo físico do que por suas qualidades pessoais.

Por fim, a necessidade de aprovação externa torna-se um combustível perigoso. Curtidas em fotos, elogios superficiais e comentários sobre o corpo passam a ditar o valor pessoal do usuário. Essa dependência social fragiliza ainda mais a autoestima, criando um ciclo vicioso em que nenhum resultado é suficiente. O corpo pode atingir a excelência estética, mas a mente permanece aprisionada pela insegurança e pelo vazio emocional.




A ilusão do acompanhamento médico


É importante destacar que a maior parte dos usuários não procura acompanhamento médico especializado, talvez pelo custo. O acesso à substância é feito de forma clandestina, no mercado underground, sem prescrição médica, aumentando a vulnerabilidade e reduzindo as chances de detecção precoce dos efeitos adversos. Aí muitos me pergutam: será que o uso com médico é seguro? Dá para minimizar os riscos se eu fizer um ciclo com médico?

A ilusão de “acompanhamento seguro” com médicos é perigosa. Mesmo sob supervisão, não existe dose sem risco para a mente e nem para o coração. A neuropsiquiatria demonstra que qualquer exposição a níveis hormonais suprafisiológicos pode desencadear sintomas psiquiátricos. 

Prova disso é que o Conselho Federal de Medicina em 2023 publicou a Resolução CFM nº 2.333/2023. Essa norma foi publicada em 30 de março de 2023 e de acordo com o texto: Fica vedado ao médico prescrever terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes com a finalidade de ganho de massa muscular ou melhoramento do desempenho esportivo, seja para atletas amadores ou profissionais, assim como em tratamentos com finalidade estética 

A justificativa da necessidade em se publicar uma resolução sobre o tema, deriva da inexistência de estudos clínicos randomizados de boa qualidade que comprovem a segurança ou a efetividade dessas terapias acima dos níveis fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres  Reforçando que não existe dose segura para quem não tem deficit, muito  menos existe acompanho seguro, mesmo sendo feito sob supervisão médica. 

Polifarmácia perigosa


Outro problema é a polifarmácia. Usuários frequentemente combinam anabolizantes com outras drogas como estimulantes, ansiolíticos ou álcool. Essa interação aumenta o risco de toxicidade, dependência cruzada e agravamento dos sintomas psiquiátricos.

Pressão esportiva


No ambiente esportivo, a pressão por performance amplifica o uso, Porém, a mesma substância que aparentemente melhora o rendimento pode destruir a motivação, a disciplina e o equilíbrio emocional que sustentam uma carreira de sucesso. Além, obviamente de ser considerado dopping na prática esportiva.

Redes sociais como gatilho


No campo estético, as redes sociais e influencers funcionam como combustível. A exposição a corpos artificialmente construídos gera comparação constante, insatisfação e adesão a substâncias sem avaliação crítica, reforçando um ciclo coletivo de adoecimento mental. Será que o padrão imposto pela internet vale a saúde de uma geração? Isso é agravado dependendo da faixa etária. Normalizar adolescentes utilizando EAAs para fins puramente estéticos deveria ser crime. 

Estigma e silêncio


O estigma também pesa. Muitos usuários evitam revelar o uso por medo de julgamento, o que dificulta o diagnóstico e o início de intervenções. Assim, os sintomas avançam silenciosamente até atingir estágios críticos.

Risco de transtorno bipolar


O risco de transtornos bipolares é outro fator de destaque. A literatura médica atual demonstra que existe correlação entre uso de EAAs para fins estéticos ou em doses suprafisiológicas o desenvolvimento ou agravamento de quadros de instabilidade do humor, incluindo sintomas compatíveis com transtorno bipolar, como mania, hipomania e depressão. 

Estudos clínicos e revisões sistemáticas indicam que doses suprafisiológicas de EAA podem precipitar episódios de hipomania ou mania em indivíduos sem histórico psiquiátrico prévio, caracterizados por humor eufórico ou irritável, aumento da autoconfiança, redução da necessidade de sono, hiperatividade e comportamento impulsivo ou agressivo.

Esses sintomas podem ser idiossincráticos, mas ocorrem com maior frequência em usuários que consomem doses elevadas (acima de 1000 mg/semana) ou múltiplos tipos de EAA simultaneamente. Porém, na prática já vi pacientes que abriram quadro de hipomania com doses fisiológicas, ou seja, dependerá do histórico psiquiátrico previo. Pacientes com história de Transtorno de ansiedade generalizada e/ou insônia, podem ter no EAAs um gatilho para abrir o quadro de transtorno afetivo bipolar. 

A descontinuação abrupta dos EAA está associada a episódios depressivos graves, o que pode contribuir para a ciclicidade do humor observada em transtornos bipolares. Estudos observacionais e transversais também mostram que usuários de EAA apresentam escores elevados em instrumentos de avaliação de hipomania, sugerindo maior risco para quadros ciclotímicos ou subclínicos de transtorno bipolar.

Portanto, o consenso atual é que o uso de esteroides anabolizantes pode induzir ou agravar sintomas compatíveis com transtorno bipolar, especialmente em indivíduos predispostos, e que o risco aumenta proporcionalmente à dose e à duração do uso. O acompanhamento psiquiátrico é recomendado para usuários de EAA, sobretudo aqueles com histórico de instabilidade do humor. Na minha prática, tem se tornado bem raro eu não ter que encaminhar para algum amigo psiquiatra, pacientes que fizeram uso de EAAs e tiveram agravamento de sintomas. 

Sexualidade exacerbada com posterior queda


A sexualidade também é impactada, sendo que o impacto dos EAAs sobre a libido é visto como bifásico,  dependente do momento do uso, do sexo do usuário e do padrão de consumo. 

Durante o ciclo, a maioria dos homens relata aumento da libido, frequentemente associado à elevação dos níveis de testosterona e à ocorrência de estados hipomaníacos, caracterizados por hiperatividade sexual e comportamento impulsivo. Isso pode levar a uma alta multiplicidade de parceiras (os), sexo sem proteção favorecendo Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), gravidez indesejada, exposição a chemsex. 

Chemsex é um termo utilizado para descrever a prática de relações sexuais sob o efeito de drogas psicoativas, geralmente de forma intencional, com o objetivo de prolongar a duração do ato, intensificar o prazer ou reduzir inibições. Esse comportamento é mais comum em determinados grupos sociais, especialmente entre homens que fazem sexo com homens (HSH), mas pode ocorrer em qualquer população. Tendo correlação também com uso de EAAs. 

Há uma associação robusta entre orientação sexual minoritária (por exemplo, homens gays, bissexuais e queer) e maior prevalência de uso de EAAs, especialmente entre adolescentes e adultos jovens. Estudos populacionais demonstram que adolescentes do sexo masculino que se identificam como minorias sexuais apresentam taxas significativamente mais altas de uso de EAAs em comparação com seus pares heterossexuais, possivelmente devido a fatores psicossociais como pressão estética, bullying, estigma, busca por maior muscularidade e questões relacionadas à imagem corporal.




Entre homens adultos gays, bissexuais e queer, o uso de EAAs está frequentemente relacionado à busca por um ideal corporal, à pressão social em ambientes específicos e à tentativa de compensar inseguranças ligadas à masculinidade.

Importante ressaltar que, embora o uso de EAAs seja mais prevalente em determinados grupos de orientação sexual, não há evidência de que o uso desses agentes cause ou modifique a orientação sexual do indivíduo. O fenômeno observado é de correlação epidemiológica entre orientação sexual minoritária e maior risco de uso de EAAs, e não de causalidade ou alteração da orientação sexual. 

Em mulheres, o aumento da libido também é comum durante o uso de EAAs, podendo ser acompanhado de outros efeitos androgenizantes, como hipertrofia clitoriana e alterações menstruais.

No entanto, após a suspensão dos EAA, observa-se frequentemente uma queda significativa da libido, atribuída à supressão do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal e ao desenvolvimento de hipogonadismo secundário, que pode se manifestar por disfunção sexual, infertilidade e diminuição do desejo sexual.

O estudo prospectivo HAARLEM demonstrou que 58% dos homens apresentaram diminuição da libido após o término do ciclo de EAA, efeito que tende a ser reversível, mas pode persistir por meses ou até mais de um ano em casos de uso prolongado.

Distorção da autoimagem


A distorção da autoimagem é alimentada pela dependência psicológica. O usuário passa a acreditar que sem os anabolizantes perderá seu valor, reforçando um vínculo de submissão à droga e enfraquecendo sua autonomia emocional.

Identificação precoce


Do ponto de vista preventivo, é fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados para identificar sinais precoces. Alteração na velocidade da fala, no tom da fala, mudanças bruscas de humor, alterações de sono e relatos de ganho muscular acelerado devem acender um alerta clínico para os profissionais da saúde.  O diálogo com pacientes deve ser claro e objetivo. Mostrar que os riscos vão muito além do fígado, coração ou rins, e atingem profundamente a mente, pode ser a chave para sensibilizar e prevenir a utilização de EAAs. 

Além disso, campanhas educativas precisam ser feitas e sempre destacando que a promessa estética não compensa a perda emocional. Essa abordagem, baseada em evidências científicas, tem maior poder de persuasão do que discursos moralistas ou proibitivos. A saúde mental deve ser o foco central na abordagem clínica dos usuários. Tratar sintomas psiquiátricos precocemente, oferecer suporte psicológico e incentivar a cessação do uso são estratégias fundamentais para reduzir danos.

Equipe multidisciplinar


O trabalho multidisciplinar é indispensável. Médicos, psicólogos, nutricionistas e profissionais da educação física precisam atuar em conjunto para oferecer alternativas saudáveis de ganho estético e desempenho, sem recorrer a substâncias perigosas.

É preciso também desmistificar a ideia de que “todo mundo usa”. Pesquisas mostram que a maioria dos frequentadores de academias não recorre a anabolizantes, reforçando que o caminho saudável é possível e viável. Apesar da tentativa de normalização. 

Nós da área da saúde temos papel crucial como agentes de mudança social. Informar, acolher e orientar com clareza pode evitar que novos indivíduos caiam na armadilha dos EAAs para fins estéticos.

Ética e responsabilidade


Do ponto de vista ético, é inadmissível endossar ou prescrever tais substâncias para fins estéticos. O compromisso com a saúde integral deve prevalecer sobre pressões comerciais ou culturais por corpos idealizados. O Conselho que nos rege, como já dito acima, tem uma resolução proibindo. 

A destruição da mente


Em resumo, os anabolizantes não destroem apenas órgãos vitais, mas também a essência psíquica do ser humano. A aparência construída às custas de hormônios artificiais frequentemente vem acompanhada de um vazio emocional irreparável.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 RQE 11915 - Texto escrito ao longo de vários meses, com a utilização da IA do OpenEvidence 


Bibliografia

Anabolic Androgenic Steroids and Suicide. Thiblin I, Runeson B, Rajs J.Annals of Clinical Psychiatry : Official Journal of the American Academy of Clinical Psychiatrists. 1999;11(4):223-31. doi:10.1023/a:1022313529794.

Anabolic Androgenic Steroids Used as Performance and Image Enhancing Drugs in Professional and Amateur Athletes: Toxicological and Psychopathological Findings. Piacentino D, Sani G, Kotzalidis GD, et al. Human Psychopharmacology. 2022;37(1):e2815. doi:10.1002/hup.2815

Anabolic Androgenic Steroids, Antisocial Personality Traits, Aggression and Violence. Hauger LE, Havnes IA, Jørstad ML, Bjørnebekk A. Drug and Alcohol Dependence. 2021;221:108604. doi:10.1016/j.drugalcdep.2021.108604.

Anabolic-Androgenic Steroid Use Among Women – A Qualitative Study on Experiences of Masculinizing, Gonadal and Sexual Effects. Havnes IA, Jørstad ML, Innerdal I, Bjørnebekk A. The International Journal on Drug Policy. 2021;95:102876. doi:10.1016/j.drugpo.2020.102876.

Anabolic-Androgenic Steroids and Psychiatric-Related Effects: A Review. Uzych L. Canadian Journal of Psychiatry. Revue Canadienne De Psychiatrie. 1992;37(1):23-8. doi:10.1177/070674379203700106.

Increased Mortality Rate and Suicide in Swedish Former Elite Male Athletes in Power Sports. Lindqvist AS, Moberg T, Ehrnborg C, et al. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. 2014;24(6):1000-5. doi:10.1111/sms.12122.

 Increased Premature Mortality of Competitive Powerlifters Suspected to Have Used Anabolic Agents. Pärssinen M, Kujala U, Vartiainen E, Sarna S, Seppälä T.International Journal of Sports Medicine. 2000;21(3):225-7. doi:10.1055/s-2000-304.

MECHANISMS IN ENDOCRINOLOGY: Medical Consequences of Doping With Anabolic Androgenic Steroids: Effects on Reproductive Functions. Nieschlag E, Vorona E. European Journal of Endocrinology. 2015;173(2):R47-58. doi:10.1530/EJE-15-0080.

National Athletic Trainers’ Association Position Statement: Anabolic-Androgenic Steroids. Kersey RD, Elliot DL, Goldberg L, et al. Journal of Athletic Training. 2012 Sep-Oct;47(5):567-88. doi:10.4085/1062-6050-47.5.08. Practice Guideline

Performance-Enhancing Substance Use and Intimate Partner Violence: A Prospective Cohort Study. Ganson KT, Jackson DB, Testa A, Nagata JM. Journal of Interpersonal Violence. 2022;37(23-24):NP22944-NP22965. doi:10.1177/08862605211073097.

Positive and Negative Side Effects of Androgen Abuse. The HAARLEM Study: A One-Year Prospective Cohort Study in 100 Men. Smit DL, Buijs MM, de Hon O, den Heijer M, de Ronde W. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. 2021;31(2):427-438. doi:10.1111/sms.13843.

Prevalence and Correlates of Anabolic-Androgenic Steroid Use in Australian Adolescents. Byatt D, Bussey K, Croft T, Trompeter N, Mitchison D. Nutrients. 2025;17(6):980. doi:10.3390/nu17060980.

Prevalence, Mental Health and Substance Use of Anabolic Steroid Users: A Population-Based Study on Young Individuals. Gestsdottir S, Kristjansdottir H, Sigurdsson H, Sigfusdottir ID. Scandinavian Journal of Public Health. 2021;49(5):555-562. doi:10.1177/1403494820973096.

Psychiatric Morbidity Among Men Using Anabolic Steroids. Windfeld-Mathiasen J, Christoffersen T, Strand NAW, et al. Depression and Anxiety. 2022;39(12):805-812. doi:10.1002/da.23287. Leading Journal

Sexual Orientation and Anabolic-Androgenic Steroids in U.S. Adolescent Boys. Blashill AJ, Safren SA. Pediatrics. 2014;133(3):469-75. doi:10.1542/peds.2013-2768.

Sexual Orientation, Bullying for Being Labeled Gay or Bisexual, and Steroid Use Among US Adolescent Boys. Parent MC, Bradstreet TC. Journal of Health Psychology. 2018;23(4):608-617. doi:10.1177/1359105317692144.

Testosterone Therapy Is Associated With Depression, Suicidality, and Intentional Self-Harm: Analysis of a National Federated Database. Nackeeran S, Patel MS, Nallakumar DT, et al.The Journal of Sexual Medicine. 2022;19(6):933-939. doi:10.1016/j.jsxm.2022.03.611.

The Association Between the Nonmedical Use of Anabolic-Androgenic Steroids and Interpersonal Violence: A Meta-Analysis. van de Ven K, Malouff J, McVeigh J. Trauma, Violence & Abuse. 2024;25(2):1484-1495. doi:10.1177/15248380231186150.

Use of Anabolic Androgenic Steroids in Substance Abusers Arrested for Crime. Lundholm L, Käll K, Wallin S, Thiblin I. Drug and Alcohol Dependence. 2010;111(3):222-6. doi:10.1016/j.drugalcdep.2010.04.020.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Estudo dinamarquês evidencia que anabolizantes aumentam em quase três vezes risco de morte



Há um ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu o uso de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) com finalidade estética, de desempenho ou para ganho de massa muscular no Brasil.

Considerado um problema de saúde pública, o uso indiscriminado dessas substâncias sintéticas derivadas da testosterona aumenta os riscos à saúde, principalmente à saúde cardiovascular. Agora, uma carta científica publicada no Jama - uma das revistas médicas mais importantes do mundo - traz dados de um estudo observacional dinamarquês que apontam que o uso de anabolizantes aumenta em 2,8 vezes o risco de morte.

A Dinamarca tem um registro médico de todos os seus habitantes e, durante cerca de 11 anos, foram feitas inspeções esporádicas com testes antidoping em academias de ginástica do país. Para cada indivíduo identificado como usuário de anabolizantes, foram incluídos 50 controles da população em geral. Ao todo, o estudo monitorou 1.189 homens usuários de esteroides anabolizantes e 59.450 homens controle, com a idade média de 27 ano.

Durante o período de acompanhamento, 33 usuários de anabolizantes morreram, em comparação com 578 no grupo controle (lembrando que o grupo controle tinha 50 indivíduos para cada usuário de anabolizante). Isso significa que a taxa de mortalidade entre os usuários de anabolizantes foi 2,81 vezes maior do que entre os não usuários.

Quando foram analisadas as mortes não naturais, como acidentes, crimes violentos e suicídios, a diferença foi ainda mais acentuada, alcançando uma taxa de mortalidade 3,64 vezes maior entre os usuários de esteroides em comparação com quem não usava.

"Esses resultados levantam sérias preocupações sobre o risco de morrer associado ao uso de esteroides anabolizantes e destacam a necessidade urgente de conscientização sobre os seus efeitos", alerta o endocrinologista Clayton Luiz Dornelles Macedo, que coordena o Núcleo de Endocrinologia do Exercício e do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein e o ambulatório de Endocrinologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Nesse ambulatório, é desenvolvido um programa chamado Bomba Tô Fora, que faz um trabalho preventivo e atendimento gratuito para usuários de anabolizantes no Sistema Único de Saúde (SUS).

sábado, 30 de março de 2024

Anabolizantes e suicídio

A postagem abaixo foi feita por um amigo psiquiatra. Há muitos anos estamos trocando experiências sobre efeitos dos Esteróides anabolizantes (EAAs) na saúde mental humana. E o que tenho percebido me assusta, ano após ano. 

Quando comecei a atender em 2009, jamais imaginaria que a situação chegaria ao ponto atual. Consigo relatar pelo menos uns 50 casos de pacientes que tiveram a vida devastada após uso de anabolizantes. Vi, ouvi, acolhi:

  • Pacientes com depressão que tiveram sintomas agravados, principalmente ao final de ciclos ou quando a droga vai decaindo na circulação.
  • Pacientes com quadro de ansiedade generalizada que após uso de EAAs abriram quadro de síndrome do pânico ou ficaram extremamente hiper-reativos, agressivos.
  • Pacientes borderline que após uso tiveram exacerbação dos sintomas, com consequências legais/criminais. 
  • Pacientes com transtorno bipolar que fizeram mania psicótica após início do uso.
  • Pacientes com transtorno bipolar que desencadearam mania e foram a falência ou se endividaram.
  • Pacientes com transtorno ansioso que começaram a ter ideação suicida e outros até tentaram suicídio. 
  • Pacientes com transtorno bipolar que passaram a ter compulsão sexual após o uso, levando ao término de casamentos de décadas. 
  • Pacientes previamente saudáveis que após o uso abriram quadro de esquizofrenia. 
  • Pacientes com TDAH que pioraram os sintomas após o uso e passaram a ter comportamentos de risco.
  • Pacientes bipolares que passaram a ter comportamento de risco e contraíram DSTs.
  • Paciente que com o uso tornou-se totalmente agressivo, destruindo o seio familiar, seja por agressão aos filhos ou violência doméstica contra a esposa. 
  • Pacientes que sob uso de EAAs tornam-se um perigo para a vida em sociedade, devido agravamento de transtornos psiquiátricos de base, favorecendo brigas de trânsito, agressões físicas contra terceiros e até mesmo a praticar crimes.
Conseguiria ficar aqui por horas, exemplificando situações que já ouvi no consultório, além das que ouço de amigos psiquiatras e psicólogos. A situação é muito mais grave do que se pensa. Sempre falo que é um problema de saúde mental, altamente negligenciado pelas autoridades. Com repercussões inclusive criminais. Então falo um apelo: se você usa, tente realizar o desmame com o prescritor. Caso ele não queira, procure um endocrinologista sério, que saiba manejar o uso de EAAs. 

Caso você apresente (as vezes o paciente nem percebe, mas as pessoas que convivem percebem) sintomas ansiosos com uso de EAAs, ideação suicida, agitação psicomotora, irritabilidade, agressividade, comportamentos de risco, procure auxílio de um psiquiatra e seja transparente sobre o uso. 

Além do texto abaixo, sugiro que leia:


att

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Fórum EAS

 

O uso de esteroides anabolizantes e similares (EAS) constitui um grave problema mundial de saúde pública, tendo em vista sua grande prevalência, os potenciais danos que essas drogas podem causar ao organismo, a faixa etária jovem dos usuários e o mercado clandestino envolvido.

A perspectiva de ganho de massa magra, perda de massa gorda e/ou aumento de performance induz os indivíduos ao uso ilícito disseminado de EAS, independente de sexo, idade e condição cultural e social.

No entanto, o abuso disseminado dentro e fora do esporte de elite, mas especialmente por jovens que querem melhorar a aparência física, é alarmante e carece de programas específicos de educação, prevenção, tratamento e reabilitação, especialmente no Brasil.

O Fórum EAS se propõe a abordar o tema de forma ampla, envolvendo a ciência, o esporte, a comunidade e o Estado na discussão das evidências científicas e no estabelecimento de estratégias para o uso ético de EAS e para que o uso ilícito de esteroides anabolizantes e similares seja minimizado, a população esclarecida e os usuários adequadamente atendidos e reabilitados. Alternativas para ganho de massa magra e melhora de performance por meio da nutrição, incluindo suplementação, e do treinamento físico serão estabelecidas como opções para evitar o abuso de EAS.

https://www.forumeas.com.br/


sexta-feira, 14 de abril de 2023

Os argumentos de quem condena a resolução do CFM que proíbe a prescrição de anabolizantes para fins estéticos

 










Autor: Dr. Luis Henrique Leite
Médico Cardiologista - CRM/SP: 179.103 | RQE: 84964



sexta-feira, 10 de março de 2023

Campanha Bomba Tô Fora: Uso indevido de anabolizantes em mulheres























domingo, 13 de novembro de 2022

[Conteúdo exclusivo para médicos] Dica de livro - Anabolizantes - Evidências científicas: riscos e benefícios


Parte dos leitores desse blog são médicos. Então aproveitarei esse espaço para divulgar um excelente livro. Principalmente para aqueles que ainda acreditam em segurança na prescrição de esteroides anabolizantes para fins estéticos ou para melhora de performance. 

Não trabalho com hormônios, acredito que o profissional mais habilitado para manejar as desordens hormonais seja o Endocrinologia ou Urologista/Ginecologista. 

Apesar de não trabalhar, semanalmente atendo pacientes que fizeram uso (desnecessário) e apresentaram efeitos adversos desse tipo de terapia. 

Então me sinto no dever de orientar meus leitores sobre os riscos dessas terapias, na maioria das vezes sem respaldo cientifico. 

Aproveito para divulgar um Podcast excelente no qual o autor do livro fala sobre o tema:  https://open.spotify.com/episode/1Ys6cokvO8EekQVPyhkdTE?si=neGQFSGgTRm6g4ALDhyIMQ



Por que ler esse livro?

Anabolizantes, evidências científicas: riscos e benefícios aborda os principais aspectos da indicação dos anabolizantes como tratamento de reposição hormonal, além dos efeitos adversos pelo uso indiscriminado por jovens atletas e frequentadores de academias com objetivos estéticos.

De maneira didática, prática e com base nas melhores evidências de pesquisas, o livro reúne temas como o doping nos esportes, farmacocinética e farmacodinâmica, o uso de esteroides androgênicos anabolizantes (EAA) como tratamento em pacientes cardiopatas e oncológicos, com destaque para a síndrome da caquexia. Este livro é pioneiro na abordagem do uso de EAA para a população de transgêneros e seus principais efeitos sobre a saúde cardiovascular e metabólica.

O livro está dividido nos grandes temas:

• Aspectos funcionais dos anabolizantes.
• Indicações clínicas para reposição hormonal de testosterona (riscos e benefícios).
• Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes.

Após anos de pesquisa, os autores desta obra buscaram sanar uma lacuna no conhecimento de médicos, profissionais de educação física, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais da saúde, quanto ao uso da terapia hormonal de testosterona (e seus derivados), a fim de fornecer um conhecimento prático-científico para que seja possível ter uma conduta ética e assertiva acerca do uso de anabolizantes.

Sobre os autores

Maria Janieire de Nazaré Nunes Alves: Coordenadora responsável pelo Centro de Avaliação Metabólica do centro de pesquisa do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (InCor/HC-FMUSP). Professora colaboradora do Departamento de Cardiopneumologia e Fisiopatologia experimental da Faculdade de Medicina da USP. Médica assistente e pesquisadora da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do InCor/HC-FMUSP.

Marcelo Rodrigues dos Santos: Pós-doutorado no Brigham and Women’s Hospital, Research Program in Men’s Health: Aging and Metabolism, Harvard Medical School, Boston, EUA. Pós-doutorado pela Georg-August-Universität em Göttingen, Alemanha (Innovative Clinical Trials, Department of Cardiology and Pneumology). Doutor em Ciências, área de concentração: ardiologia, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – Instituto do Coração (InCor/HC-FMUSP). Professor orientador de mestrado do programa de pós-graduação em Ciências Médicas da FMUSP (Distúrbios Genéticos de Desenvolvimento e Metabolismo). Pesquisador visitante do Hospital Israelita Albert Einstein e pesquisador colaborador da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do InCor/HC-FMUSP . Possui graduação em Educação Física pela Universidade Bandeirante de São Paulo.

Sumário do livro:

Prefácio. XIX
Seção 1 - Aspectos funcionais dos anabolizantes
1. O que são os esteroides androgênicos anabolizantes?
2. Farmacocinética e farmacodinâmica dos esteroides androgênicos anabolizantes
3. Fisiologia do eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal
4. Vias biomoleculares da ação de esteroides androgênicos anabolizantes na hipertrofia muscular
5. Controle antidoping de esteroides androgênicos anabolizantes no esporte.
Seção 2 - Indicações clínicas para reposição hormonal de testosterona (riscos e benefícios)
6. Reposição de testosterona em idosos
7. Reposição de testosterona em pacientes com insuficiência cardíaca
8. Reposição de testosterona em pacientes com doença arterial coronariana
9. Reposição de testosterona em pacientes com síndrome metabólica
10. Reposição de testosterona em pacientes com osteoporose.
11. Reposição de testosterona em pacientes com câncer e caquexia
12. Reposição de testosterona em mulheres cisgênero
13. Efeitos cardiovasculares do uso terapêutico de testosterona em homens transgêneros
Seção 3 - Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes
14. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes no perfil lipídico
15. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes na hipertrofia miocárdica e na função cardíaca
16. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes na doença arterial coronariana e no infarto.
17. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes no controle autonômico
18. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes nas alterações hemodinâmicas e na hipertensão arterial
19. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes na função vascular
20. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes nas alterações eletrocardiográficas
21. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes e interações medicamentosas – polifarmácia
22. Suplementos nutricionais associados ao uso de anabolizantes: efeitos sobre a hipertrofia muscular
23. Aspectos, sintomas e características psicológicas do uso suprafisiológico de anabolizantes
24. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes na função hepática
25. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes na função renal
26. Efeitos adversos do uso suprafisiológico de anabolizantes nas alterações hematológicas e trombogênicas.
Índice remissivo