sexta-feira, 28 de maio de 2010

Disruptores endócrinos e puberdade precoce

A notícia a seguir me faz lembrar uma conversa há 6 anos que tive com um tio que é endocrinologista, sobre um tema pouco conhecido ainda no Brasil: Endocrine Disruptors (Disruptores endócrinos). Na ocasião discutíamos as consequências de tais substâncias em crianças (ex. hermafrotiditismo, puberdade precoce). Na época ele disse que o assunto estava em pauta no USA por envolver a questão da contaminação ambiental e atualmente no Brasil, as coisas estão engatinhando, vejo com mais frequencia artigos que questionam os impactos da contaminação ambiental na nossa saúde.


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Puberdade precoce pode atingir 90% das crianças, especialmente as meninas

Uma pesquisa realizada por uma rede de laboratórios particulares no Paraná, feita pela endocrinopediatra Myrna Campagnoli e com coordenação clínica do médico Mauro Scharf, mostrou que quase 90% das crianças observadas desenvolviam a chamada puberdade precoce.
Scharf explica que a puberdade precoce é o início do desenvolvimento sexual secundário antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 anos nos meninos. “Para as meninas, os principais sinais são o aumento das mamas, pelos pubianos e axilares, odor axilar, crescimento acelerado, além de aumento da oleosidade da pele, espinhas e acne”, diz.

Já os meninos costumam ter aumento dos testículos, pelos pubianos e axilares, odor axilar, alteração do comportamento com tendência à agressividade, crescimento acelerado, espinhas, acne e alteração no timbre de voz. O diagnóstico é realizado por meio da história clínica, exame físico e exames complementares (hormonais e de imagem).

Apenas 10% atingem a puberdade na idade ideal

A partir do levantamento e da análise dos exames de prova funcional de 526 crianças – realizados entre janeiro de 2006 a março de 2010 – divididas em três grupos: meninas com idade menor ou igual a 8 anos; meninos com idade menor ou igual a 9 anos e um terceiro formado por meninas com idade superior a 8 anos e inferior a 14 anos, e meninos com idade superior a 9 anos e inferior a 14 anos.

O resultado é que 89,16% dos pesquisados apresentavam a antecipação da puberdade, verificada pela elevação dos hormônios da puberdade. Os casos totalmente normais foram de 57 (10,2% do total). Ou seja, do total de 526 exames, 469 estavam alterados. Destes, 218 (41,4%) tiveram valores diagnósticos para puberdade precoce e 251 (47,76%) apresentaram elevação dos hormônios da puberdade, inicialmente abaixo do valor de corte para o diagnóstico de puberdade precoce. “No entanto, este segundo grupo está dentro de níveis compatíveis com a Telarca, que é uma antecipação da puberdade representada principalmente pelo início precoce das mamas, mas com menores repercussões clínicas”, explica Scharf.

Análise e causas do problema

Segundo o especialista, uma das mais importantes novidades no setor é a análise de fatores endocrinológicos rompedores (do inglês disrupt) para o diagnóstico desta doença. Sabe-se que as meninas com baixo peso ao nascimento, adotadas, obesas ou expostas a substâncias químicas que alteram os estrogênios, apresentam um risco de 10 a 20 vezes maior para desenvolver puberdade precoce.

Numa análise que use o modelo multifatorial – que inclui fatores genéticos, hormonais e influências do ambiente – os rompedores são considerados químicas naturais ou sintéticas do ambiente. Eles provocam distúrbios na função endocrinológica, resultando em um desenvolvimento hormonal alterado.

Uma série de agentes foi classificada como rompedor endocrinológico, incluindo fitoestrogênios, estrogênios naturais e tópicos, pesticidas e até produtos químicos, como xampus. O uso desses rompedores para análises também sugere que a idade para a puberdade precoce tenha diminuído.

As consequências da exposição a estrogênios ambientais rompedores ainda são desconhecidas. Isso porque vários componentes químicos são ambientalmente persistentes, tóxicos ou ativos no estrogênio, podendo induzir a desordens reprodutivas, como é o caso da puberdade precoce.

O médico ressalta que a pesquisa foi realizada em crianças que tiveram o exame de puberdade precoce solicitado por seus médicos e que, portanto, pode refletir valores percentuais acima do esperado na população.


Fonte

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Água, o petróleo do século XXI por Fabio Trad

Marcou-me profundamente a leitura do livro “Água – Pacto Azul. A crise Global da Água e a Batalha pelo Controle da Água Potável no Mundo” de Maude Barlow, Editora M.Books, fonte imediata e de citação de algumas reflexões que divido com os leitores.

O ser humano só valoriza aquilo que perde ou escasseia! A água, é certo, hoje desperdiçada irresponsavelmente como se fosse um recurso infinito, não esconde a sua crise e dá mostras de cansaço. A demanda é maior que a oferta e, se nada for feito para preservar, boa parte da humanidade morrerá de sede ou de doenças diretamente relacionadas à água imprópria para o consumo.

Água limpa natural e doce já é artigo de luxo. Segundo a OMS, a água contaminada é uma das causas de 80% de todas as doenças em todo o mundo. Na última década, o número de crianças mortas por diarréia ultrapassou o número de pessoas mortas em todos os conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial.

Os ricos têm acesso a água limpa, porém cada vez mais pagam por ela, enriquecendo com lucros estratosféricos as corporações que formam o cartel da água. Já os pobres sofrem com a dificuldade de acesso a água, o que os leva a consumir água poluída.

Não fosse o caráter predatório do modelo de desenvolvimento adotado com a Revolução Industrial, o ciclo natural da água (vapor – condensação – nuvem – umidade – chuva ou neve – vapor...) garantiria milênios de água doce para a sobrevivência das espécies. O desenvolvimento a qualquer preço, todavia, poluiu as fontes de água doce, acarretando o que se chama de “estresse hídrico” nas mais populosas regiões do mundo.

Muitos países já reciclam a sua água, como se a “lavassem” para o retorno do seu uso em um ciclo repetitivo. Sim, água usada... a mesma que outros cospem ao escovar os dentes, lavam e banham seus corpos, escarram e eliminam como lixo líquido.

Felizmente, não chegamos a este ponto no Brasil, mas já passou da hora de acender o sinal de alerta. Além da avassaladora poluição industrial que contamina nossas fontes, o fato é que a população brasileira não foi devidamente esclarecida sobre a importância da água como riqueza nacional.

A água é uma questão de vital importância geopolítica para o país, até porque ela é assim concebida por vários países que já sentem a sua falta. Diria: uma questão estratégica de segurança nacional. Para se ter uma dimensão da sua repercussão política, o seu uso no mundo expõe a fratura das injustiças sociais.

Segundo a ONU, o ser humano precisa de 50 (cinquenta) litros de água por dia para beber, cozinhar e fazer sua higiene. Pois bem, o americano comum usa quase 600 litros por dia, mas o habitante comum da África usa 6 litros por dia.

Água não vem do acaso; não é fruto de milagre. Sua certidão de nascimento é a chuva ou a neve que reabastecem as fontes, porém o ser humano está poluindo as águas de superfície em um ritmo avassalador e de forma inconseqüente. Conclusão: a oferta é natural e se mantém inalterada pelo ritmo da natureza, porém a demanda é crescente e diretamente proporcional ao ritmo de poluição que contamina as fontes.

Neste contexto de perigo concreto em que a vida e a saúde das futuras gerações dependerão diretamente de nossa capacidade política de mobilização e ação concreta, o projeto de lei do Vereador Cristovão Silveira, aprovado pela Câmara Municipal de Campo Grande, que estabelece punição pecuniária a quem faz uso irresponsável da água é uma posição política corajosa, necessária e absolutamente sintonizada com a magnitude da importância política do problema.

A tecnologia (dessalinização, nanotecnologia, etc) é parte importante para diminuir o impacto dos efeitos desta gravíssima questão, porém o fundamental é a emancipação da consciência coletiva da humanidade e o comprometimento político dos governos no sentido de deflagrar um nova relação entre o ser humano e a água: não mais da arrogância que polui e contamina em nome do lucro ou da ignorância que despreza e desperdiça em nome do egoísmo; mas da parcimônia, do respeito, do cuidado, da vigilância e sobretudo do direito de viver com dignidade e saúde.

(*) Fábio Trad é advogado e ex-presidente da OAB-MS


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Exageros a parte, mas o artigo retrata bem o momento vigente.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Conheça os melhores e piores horários para praticar exercício, estudar e até ir ao dentista

Acordar cedo para correr. Em seguida, ir ao dentista. Às 14h, participar de uma reunião de trabalho. À noite, aula na faculdade. E uma consulta ao relógio à espera do último compromisso do dia: um encontro com os amigos para tomar uma cervejinha.

Agora imagine outro relógio, destinado a marcar outro ritmo: o do seu corpo. Nessa agenda interna, as coisas mudam. Quer correr? Então calce os tênis no início da noite, quando a força física aumenta e a suscetibilidade à exaustão é menor. Dentista de manhã? Só por masoquismo: à tarde, a sensibilidade à dor será menor e, caso seja necessário usar anestesia, ela terá efeito três vezes mais duradouro.

Talvez seja bom rever o horário da reunião: por volta das 14h, o corpo pede sono, e ficamos mais letárgicos. Quanto ao curso, uma dica: de manhã a capacidade cognitiva aumenta e facilita a aprendizagem. Nem a tal cerveja escapa: o fígado metaboliza melhor o álcool entre as 17h e as 18h.

Esse relógio biológico, instalado no hipotálamo e composto por inúmeros outros relógios no corpo inteiro, é invisível. Parte dessa 'agenda do corpo' está no livro 'Sex Sleep Eat Drink Dream' (Sexo dormir comer beber sonhar), recém-lançado nos EUA e ainda sem editora no Brasil.

Jennifer Ackerman, escritora científica, avaliou pesquisas divulgadas nos últimos anos para simular uma viagem de 24 horas pelo corpo humano. Sem tom acadêmico, ela descreve os ciclos que regem nossa variação de força, de memória e de saúde em função do tempo.

Há dados curiosos, como as constatações de que o nariz escorre mais de manhã (às 8h). Mas também há informações sobre pesquisas que buscam estabelecer o melhor horário para remédios contra o câncer.

'Muitos de nós nos vemos como criaturas cerebrais, movidas principalmente pelo que vai em nossas mentes. Mas, freqüentemente, nós somos movidos pelo que vai na parte inferior de nossos cérebros -pelos escondidos e intrigantes altos e baixos, crises e triunfos do nosso corpo. Nós apenas não sabemos disso', disse Ackerman à Folha, em entrevista por e-mail. 'Nós temos pouca consciência dos ritmos sutis que nosso corpo experimenta na pressão arterial, no nível hormonal, no apetite. Graças a esses ritmos, há horas boas e ruins para atividades como revisar um manuscrito ou tomar decisões.'

O contato com essas informações enquanto escrevia o livro fez com que ela mudasse alguns hábitos. 'Estou mais atenta à importância do horário nas minhas atividades quando agendo reuniões, por exemplo, e passei a respeitar mais as necessidades do meu corpo, da prática de exercícios até a soneca à tarde.' Esse campo de estudo, chamado cronobiologia, 'ocupa-se da organização temporal dos seres vivos', segundo Luiz Menna-Barreto, professor do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da USP (Universidade de São Paulo). A área contempla os ciclos curtos, como os dos batimentos cardíacos, e os longos, como a influência das estações do ano nas alterações de humor (a depressão é mais comum no inverno, por exemplo). Mas os ciclos mais estudados são os circadianos, referentes às mudanças que ocorrem ao longo de um dia.

Esses ciclos fazem parte da herança genética e estão escritos nos chamados 'clock genes' (genes-relógio). Mas os aspectos ambientais são igualmente relevantes, especialmente a alternância entre luz e escuridão, diz Edson Delattre, professor do Instituto de Biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). É a diminuição da luminosidade no ambiente, por exemplo, que estimula a secreção da melatonina, hormônio que induz o sono. O outro principal 'sincronizador' do funcionamento do corpo, diz Delattre, é o convívio social, que estabelece horários para trabalho, alimentação e exercícios.

Pesquisas mostraram que, sem a variação de luminosidade e a influência social, o corpo passa por um processo curioso: ao depender só da carga genética, o ciclo de sono e de fome aumenta para 25 horas. 'O que faz nossos ritmos se comprimirem em um período de 24 horas são as influências geofísicas e sociais', diz Delattre.

O estresse crônico também pode alterar esse ritmo, ressalta Claudio Kater, professor de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Ele cita como exemplo o cortisol: produzido durante o sono, esse hormônio atinge seu valor máximo por volta das 6h -é uma das substâncias envolvidas no processo do despertar. Ao longo do dia, sua concentração diminui. O estresse crônico, porém, libera jatos de cortisol fora do horário padrão. O resultado? 'Aumento da pressão, hiperglicemia, alteração do ritmo do sono, doenças cardíacas e até osteoporose', afirma Kater.

Saúde

Por falar em doenças, elas também seguem ciclos. As crises de asma são mais freqüentes de madrugada, quando as passagens bronquiais têm seus diâmetros reduzidos em 8% -para asmáticos, isso pode significar uma redução do fluxo de ar de 25% a 60%, o que agrava os sintomas da doença.

Já os ataques cardíacos são mais comuns de manhã, quando há uma elevação súbita da pressão arterial. Por isso, já foram desenvolvidos remédios para hipertensão que devem ser tomados após acordar -orientação presente na bula.
A oncologia é uma das áreas que mais estudam a relação entre o horário de administração de um medicamento e seus efeitos no organismo. 'Há muito tempo se sabe, em experiências feitas in vitro ou em animais, que os efeitos das drogas são diferentes conforme o horário. Isso significa que um anticoagulante tem um efeito de manhã e outro à noite. Na oncologia, essa percepção é reconhecida há algum tempo e é um campo de investigação', diz Carlos José de Andrade, do serviço de oncologia clínica do Inca (Instituto Nacional de Câncer).

Uma das características dos tumores é que, ao contrário das outras células do corpo, eles não seguem o ciclo circadiano. 'Nosso corpo depende de uma orquestração maravilhosa. O tumor é uma aberração desses controles, incluindo o do tempo. Normalmente, a replicação da célula é mais intensa em um horário do que em outro. Mas as tumorais crescem aleatoriamente.'

O problema está em como utilizar essa informação de forma prática. Segundo Andrade, uma pesquisa divulgada em 2006 avaliou as diferenças entre a quimioterapia tradicional e a cronomodulada em pacientes com câncer de intestino. 'Não houve diferença na sobrevida dos pacientes como um todo. Entretanto, quando se avaliou os subgrupos, viu-se que, nas mulheres, o efeito foi deletério. Mas, para os homens, a cronobiologia foi benéfica. A pesquisa mostrou que ainda não conseguimos verificar como a cronobiologia pode ser usada, mas temos de averiguar', diz. 'Talvez o futuro seja avaliar perfis de comportamento cronobiológico para ver quem pode se beneficiar da cronoterapia.'

Como afirma Andrade, nem todas as pessoas compartilham o mesmo ritmo -é fácil observar isso em relação ao sono. Enquanto alguns têm um perfil matutino, outros se sentem mais ativos à noite.

Essa variação não implica mudanças na saúde, na capacidade cognitiva nem no sucesso profissional -ao contrário do que diz o ditado 'Deus ajuda a quem cedo madruga', não há indicações científicas de que os matutinos tenham qualquer tipo de vantagem.

Segundo Delattre, de 10% a 12% da população são matutinos; 8% a 10% são vespertinos. A maioria, 80%, está numa situação intermediária.

Mas esse perfil muda ao longo da vida. Crianças e idosos tendem a ser mais matutinos. Na adolescência, porém, há um 'atraso': os jovens sentem necessidade de ir para a cama mais tarde. Mas esse aspecto nem sempre é levado em consideração: os adolescentes têm de acordar cedo para ir à escola. Em Natal, pesquisadores do Laboratório de Cronobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte buscam alternativas para esse problema. Segundo a professora Carolina Azevedo, especialista em neurociência do comportamento, uma das pesquisas feitas na instituição atualmente avalia a reação de estudantes a três tipos de intervenção.

No primeiro grupo, eles receberam informações sobre hábitos saudáveis de sono e aprenderam que a exposição à luz artificial, como a do computador, atrasam o ciclo de sono e vigília. No segundo grupo, os jovens passaram a ter a primeira aula ao ar livre. No terceiro, as primeiras aulas foram de educação física. 'Os ritmos circadianos tendem a se adiantar com a exposição à luz solar de manhã. Além disso, a atividade física interfere nos ritmos', explica Azevedo. Segundo ela, esse tipo de conhecimento é importante para a saúde. 'Vários ciclos acompanham o de sono e vigília. Quando mexemos nos horários de dormir e de acordar, isso afeta tudo no corpo.'

Ackerman traz, em seu livro, exemplos dos efeitos de alterações no sono. Ela cita pesquisas da Universidade de Chicago que mostram que a privação de sono leva a falhas no processamento da glicose, altera os níveis do hormônio da fome e afeta o sistema imunológico.

Em um desses estudos, foi avaliada a resposta à vacina da gripe em 25 voluntários sujeitos à restrição de sono. Dez dias após a vacinação, a resposta do sistema imune dos voluntários era muito inferior à observada em pessoas com sono normal.

Além das vantagens do sono noturno, a autora também elogia a sesta. E escreve: 'Se nós morássemos no Brasil ou no Panamá, poderíamos ir para casa para uma sesta. Mas nós não temos essa tradição civilizada, então lutamos contra o estupor'. Bem, nós também não temos a sesta, Jennifer. Mas essa seria uma boa idéia.

COAGULAÇÃO >> Para evitar sangramentos, é melhor se barbear às 8h, quando as plaquetas, que levam à coagulação sangüínea, são mais abundantes do que nas outras horas do dia -o que também ajuda a entender por que ataques cardíacos têm seu pico nesse horário

FERTILIZAÇÃO >> Nos homens, os níveis de testosterona atingem seu ápice às 8h, horário em que eles estão mais estimulados para a atividade sexual. Já o sêmen tem maior qualidade à tarde, com 35 milhões de vezes mais espermatozóides do que de manhã

DOR >> Vá ao dentista à tarde, quando a sensibilidade à dor nos dentes é menor. Além disso, a anestesia aplicada em procedimentos odontológicos dura mais à tarde do que de manhã: o efeito da lidocaína é três vezes maior quando ela é aplicada entre as 13h e as 15h

SONOLÊNCIA >> Ondas de sono nos atingem a cada 1h30 ou 2h, algo ainda mais forte em pessoas vespertinas, segundo Mary Carskadon, da Brown University. Uma delas ocorre à tarde -estudos mostram que acidentes de trânsito causados por fadiga são mais comuns entre a 1h e as 4h e entre as 13h e as 16h. Um motorista tem três vezes mais chance de cair no sono às 16h do que às 7h

ÁLCOOL >> Beba aquela cerveja ou vinho entre as 17h e as 18h, quando o fígado é mais eficiente na desintoxicação do organismo. Em um estudo feito com 20 homens, aqueles que beberam vodca às 9h tiveram um desempenho pior em testes de velocidade de reação e funcionamento psicológico do que os que receberam a mesma dose às 18h

CALOR >> A temperatura do corpo atinge seu ápice no fim da tarde. Pesquisadores de Harvard e da Universidade de Pittsburgh relacionaram a elevação da temperatura a uma maior capacidade de memória, atenção visual, destreza e velocidade de reação

EXERCÍCIOS >> Exercite-se no fim da tarde, quando a percepção da exaustão é menor, as juntas estão mais flexíveis e as vias aéreas, mais abertas. O corpo esquenta e, a cada 1oC de elevação, há uma aumento de dez batidas cardíacas por minuto. Além disso, é possível ter um ganho de massa muscular 20% maior do que de manhã. A manhã é mais propícia a exercícios que exijam equilíbrio e acuidade

CONCENTRAÇÃO >> Pesquisas de Lynn Hasher, da Universidade de Toronto, e Cynthia May, do College of Charleston, sugerem que jovens adultos se distraem mais facilmente de manhã -quando são mais propensos a soluções criativas. À tarde, ficam mais concentrados e ignoram dados irrelevantes. Já adultos mais velhos são concentrados de manhã e vulneráveis à distração à tarde

ALERGIA >> Segundo Michael Smolensky, cronobiologista da Universidade do Texas, a resposta da pele a alérgenos como poeira e pólen é mais acentuada à noite

MEMÓRIA >> Ainda segundo Hasher, a memória dos idosos diminui ao longo do dia. De manhã, eles esquecem, em média, cinco fatos. À tarde, cerca de 14. Jovens adultos tendem a ser mais esquecidos de manhã

CÂNCER >> A oncologia é uma das áreas com mais estudos em busca da relação entre o horário e a aplicação de medicamentos. Enquanto as células normais seguem um ciclo previsível de divisão celular, as dos tumores se multiplicam aleatoriamente

Fonte: livro 'Sex Sleep Eat Drink Dream', de Jennifer Ackerman
Extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u374450.shtml

sábado, 8 de maio de 2010

Privação de sono pode contribuir para a obesidade, indica estudo




Na edição de Março/2010 do American Journal of Clinical Nutrition, pesquisadores franceses afirma que é provável que a privação de sono contribua para a obesidade, ocorra pelo fato de a privação do sono ocasione uma redução da leptina (hormônio relacionado à saciedade e que também facilita o gasto de energia pelo organismo) e um aumento na secreção de grelina (substância responsável por estimular o apetite).


Fonte: Arq Bras Endocrinol Metab

Dormir bem pode ajudar a prevenir a obesidade, pois uma noite mal dormida é associada ao aumento no consumo de alimentos e nos níveis de atividades físicas necessárias para o gasto de energia.

A pesquisa avaliou 12 homens jovens e saudáveis que tiveram, em duas noites, 8h e 4h de sono em laboratório, e acesso livre à alimentação durante o dia.

Avaliando a dieta, os níveis de atividades físicas e as sensações de fome, saciedade, desejo por alimentos específicos e sono, os pesquisadores notaram que os voluntários consumiram 22% mais calorias no dia após a restrição do sono, e apresentaram mais fome antes do café da manhã e do jantar após dormirem apenas 4h.

Além disso, mesmo tendo maiores níveis de atividades físicas após a restrição do sono, os voluntários tinham maior sensação de sono neste período do que após a noite em que dormiam por 8h.

“Uma noite de sono reduzido, subsequentemente, aumenta a ingestão de alimentos e, em menor extensão, a estimativa de atividade física relacionada ao gasto de energia em homens saudáveis”, destacou o pesquisador Laurent Brondel, na publicação. “Esses resultados experimentais, se confirmados por medidas de balanço de energia em longo prazo, sugerem que a restrição do sono poderia ser um fator que promove a obesidade”, concluíram os autores.

Fonte: Sleep restriction and appetite control: waking to a problem?
Chaput et al. Am J Clin Nutr.2010; 91: 822-823


Para quem quiser ler mais:
Tem um artigo elaborado por pesquisadores da USP procurando correlacionar alterações neurohormonais decorrentes da privação de sono, com Obesidade.