Aumente seus músculos
Quanto mais massa muscular uma pessoa tiver, mais acelerado será o seu metabolismo. O músculo requer mais energia para funcionar do que o tecido adiposo ou gorduroso. Enquanto 450gr de gordura corporal queimam 2 calorias por dia, a mesma quantidade de músculos gasta 35 calorias diárias.
Pratique exercícios aeróbicos
Para que o ritmo metabólico se mantenha elevado, é preciso se engajar numa rotina de atividades aeróbicas – meia hora de exercício, quatro vezes por semana. O metabolismo se mantém elevado por ate oito horas depois da sessão de ginástica.
Reduza o consumo de açúcar
A ingesta de açúcar refinado equivale a ativar os botões do corpo: estocar gordura, nutrir bactérias intestinais e oxidar células. Sem nenhum valor nutricional o açúcar é rapidamente absorvido e se não utilizado como fonte de energia é estocado sob a forma de tecido adiposo.
Faça refeições leves, várias vezes por dia
A privação de alimentos por longos períodos leva a uma queda natural do metabolismo. Sem combustível, o organismo entende que é preciso economizar energia para enfrentar tempos de escassez. O ideal é se alimentara cada três ou quatro horas no máximo.
Não pule o café da manhã
O desjejum ajuda a tirar o organismo do modo de funcionamento “lento” em que permaneceu durante a noite. Funciona como uma ignição para que o metabolismo comece a acelerar – ou seja, a queimar calorias.
Beba bastante água , de preferência gelada
Manter o corpo bem hidratado é essencial para eliminar as toxinas resultantes da queima calórica. A água gelada acelera o metabolismo, ainda que temporariamente. O organismo queima calorias para esquentar a água ingerida e, dessa forma, evitar que a temperatura corporal caia.
Durma (Bem) de 7 às 8h por dia
A falta de sono afeta o funcionamento de hormônios associados ao ciclo de fome e saciedade. Durante o sono ideal, aumenta a síntese do hormônio Leptina, responsável pela sensação da saciedade. Ao mesmo tempo baixa a produção de Grelina, hormônio do apetite.
Nutricionista Marilize Tamanini
Fonte: http://lucianakotaka.com.br/2011/02/como-acelerar-o-metabolismo-para-perder-peso-e-manter-se-magro/
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Dicas para acelerar o metabolismo
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Dr. Frederico Lobo
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domingo, 27 de fevereiro de 2011
Sono por Dr. Alex Botsaris
"Nada como uma noite bem dormida!". Essa frase popular reflete a necessidade fundamental do sono para nós seres humanos. O sono tem um papel central para a homeostase dos animais superiores. Todos têm necessidade de dormir, apesar do perigo que os períodos de sono representam para as diferentes espécies: Um tempo onde cada um está indefeso, caso seja atacado.
Mesmo assim a necessidade de dormir segue intocada no processo evolutivo. O homem não escapa a essa regra. Adormecer traz benefícios para muitas funções orgânicas, especialmente para o cérebro. Nossa massa cinzenta precisa de uma preparação para cada novo dia, que é feita durante o sono, em particular no sono REM (de "rapid eyes movements") quando temos sonhos vívidos. Nesse momento elaboramos os acontecimentos e vivências do dia anterior, manifestamos desejos e emoções, organizamos as informações e consolidamos a memória. Assim ao voltarmos para o estado de vigilia, o cérebro pode funcionar em sua plenitude.
Quando não dormimos direito, fica uma sensação de cabeça pesada e raciocínio lento, por falta desse preparo. Se a falta de sono é mais severa, ou seja, comprometeu muitas noites seguidas, sua conseqüências vão ser maiores. Ela vai afetar o humor, a concentração, a memória e pode até prejudicar a cognição e o julgamento da realidade.
Alguns estudos já mostraram que as medidas da 'Higiene do Sono' são suficientes para resolver cerca de um terço dos casos de insônia, em especial os mais simples. Mas qualquer pessoa que dorme mal, beneficia-se das medidas. Entre elas estão: iluminação, silêncio e ruídos, alimentação, conforto, posição de dormir, atividade física, além de horários e ajustes no relógio biológico.
Deve-se evitar travesseiros grandes demais, porque eles forçam a coluna cervical. A altura correta do travesseiro é a distância entre a orelha e o ombro da pessoa. Ela deve estar adequadamente coberta para não sentir frio, porque a temperatura ambiente também cai durante a noite. Sentir frio ou calor sempre atrapalham o sono. Quanto mais conforto, melhor! Medidas simples como um copo de água ao lado da cama, evitam uma ida dispensável até a geladeira. Sem falar que quando a pessoa se levanta, o organismo dela é obrigado a secretar adrenalina para ajustar a pressão arterial. Ela fica fisiologicamente mais baixa durante o sono. No retorno para a cama, esse pequeno "passeio" pode dificultar a retomada do sono.
Apesar da posição de dormir fazer, de certa forma, parte do "item conforto" ela tem outras implicações, que devem ser avaliadas. A posição ideal para dormir é a de lado, porque é a que facilita mais a manutenção das vias aéreas pérveas e desobstruídas. A manutenção das vias aéreas durante o sono é fundamental para a sua qualidade.
Pessoas que roncam muito, ou acordam sobressaltadas à noite com sensação de sufocação, ou ainda que vivem com fadiga e sonolência diurna podem estar com obstrução noturna das vias aéreas. Essa obstrução causa um problema chamado de SAHS (Sleep Apnea Hypopnea Syndrome). Pessoas que suspeitam desse problema devem logo procurar um médico. Como algumas se sentem confortáveis dormindo de barriga para cima, se não houver suspeita de SAHS, elas podem continuar dormindo na posição que sentem mais conforto.
A posição de bruços tem mais de uma implicação. Em primeiro lugar ela é muito ruim para a coluna cervical, então, com freqüência a pessoa vai desenvolver dor na coluna, mais cedo ou mais tarde. Então o ideal é tentar se acostumar com uma outra posição logo. Em segundo lugar, ela também atrapalha um pouco as vias aéreas - menos que a posição de barriga para cima, mas o suficiente para atrapalhar o sono nas pessoas predispostas. Por isso, somando esses dois agravantes, ela não é muito recomendável.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/dormir_bem.htm
Outros textos sobre sono, já postados aqui no blog:
Mesmo assim a necessidade de dormir segue intocada no processo evolutivo. O homem não escapa a essa regra. Adormecer traz benefícios para muitas funções orgânicas, especialmente para o cérebro. Nossa massa cinzenta precisa de uma preparação para cada novo dia, que é feita durante o sono, em particular no sono REM (de "rapid eyes movements") quando temos sonhos vívidos. Nesse momento elaboramos os acontecimentos e vivências do dia anterior, manifestamos desejos e emoções, organizamos as informações e consolidamos a memória. Assim ao voltarmos para o estado de vigilia, o cérebro pode funcionar em sua plenitude.
Quando não dormimos direito, fica uma sensação de cabeça pesada e raciocínio lento, por falta desse preparo. Se a falta de sono é mais severa, ou seja, comprometeu muitas noites seguidas, sua conseqüências vão ser maiores. Ela vai afetar o humor, a concentração, a memória e pode até prejudicar a cognição e o julgamento da realidade.
Higiene do sono
O termo 'Higiene do Sono' foi criado pelo pesquisador norte-americano Peter Hauri, em 1977, com o intuito de auxiliar no tratamento de insônia sem precisar usar medicamentos convencionais. Ele se refere aos hábitos e medidas simples que podem ter um impacto significativo na qualidade e quantidade de sono, e que muitas vezes é suficiente para resolver casos mais simples de insônia.
Alguns estudos já mostraram que as medidas da 'Higiene do Sono' são suficientes para resolver cerca de um terço dos casos de insônia, em especial os mais simples. Mas qualquer pessoa que dorme mal, beneficia-se das medidas. Entre elas estão: iluminação, silêncio e ruídos, alimentação, conforto, posição de dormir, atividade física, além de horários e ajustes no relógio biológico.
Para um sono reparador
O grau de luz ambiente tem uma importante influência na indução e manutenção do sono. Antes de dormir o ideal é ficar num ambiente bem escuro, para induzir o relógio orgânico a iniciar o ciclo noturno, ou seja, produzir as adaptações neurológicas que levam ao sono. Para se ter uma idéia, a incidência de insônia aumentou após a invenção da luz elétrica. Por isso é recomendável que uma hora antes do horário de dormir as pessoas fiquem num ambiente com uma iluminação já reduzida, para ir se adaptando ao sono.
Já durante o dia é importante estar em contato com uma fonte de luz forte. Sempre que possível, é benéfico fazer uma caminhada de uma hora ao ar livre. Nos países com inverno prolongado ou para pessoas que trabalham muito tempo em locais fechados e mal iluminados, recomenda-se colocar um foco de luz forte no campo visual ou ainda ter um ambiente com iluminação forte para passar algum tempo durante o dia. Dessa forma ajudamos a ajustar o nosso relógio orgânico.
A ausência de ruídos no ambiente também facilita o sono. Alguns sons, entretanto podem ter efeito relaxante, e podem ser usados para ajudar a induzi-lo. Músicas suaves e em baixo volume podem ter essa ação, mas o ideal é interrompê-las após a pessoa adormecer. Um nível alto de ruído durante o sono pode interferir com a sua qualidade. O tipo de ruído que mais interfere são os ruídos altos e intermitentes. Eles podem acordar a pessoa, o que decorre de um mecanismo de defesa. Até por que um ruído mais alto pode representar uma ameaça.
Quanto aos alimentos, tanto a quantidade quanto a qualidade deles influenciam muito no sono. O jejum, por exemplo, junto com a baixa da glicose no sangue faz a estrutura controladora das manifestações fisiológicas que acompanham as emoções - o hipotálamo - produzir uma substância chamada hipocretina ou orexina. Ela pode fazer a pessoa acordar com fome no meio da noite caso a glicose abaixe muito no sangue. Quando isso acontece, para regular o sono, é preciso uma dieta com bastante fibra e carboidratos complexos (o tipo encontrado em frutas, cereais e legumes). É interessante evitar comer doces e outros alimentos que elevem demais a glicose no sangue.
Outro conselho bom é ter uma alimentação rica em triptofano, um aminoácido que ocorre em alguns alimentos ricos em proteínas. Ele que estimula a formação da serotonina chamada de "substância do prazer" por gerar calma e bem-estar. Sabe-se que a serotonina, em algumas regiões do cérebro, participa da indução do sono. Triptofano também estimula a formação de melatonina, hormônio secretado pela glândula pineal e que participa da indução do sono e da regulação do relógio biológico. Alimentos ricos em triptofano são a banana, o chocolate (mas cuidado com as calorias), e carnes brancas como peito de peru e alguns peixes.
Cuidados
Já uma refeição muito farta causa sono ou sonolência. Foi demonstrado que hormônios secretados após a ingestão de alimentos, como a colecistoquinina e a insulina são indutores indiretos do sono. A colecistoquinina é uma substância liberada no tubo digestivo que produz uma sensação de saciedade, agindo nos centros cerebrais de controle do apetite. Quando ela está alta demais, os pesadelos são mais comuns. Muita comida também estimula a liberação do hormônio leptina, que reduz o tempo do chamado sono REM (Rapid Eye Moviment), tão importante para a saúde cerebral. Além disso, o excesso de gorduras na refeição dificulta a digestão causando reflexos viscerais que atrapalham ou impedem o sono. Por isso não se deve comer demais antes de dormir.
Falando em excesso, a ingestão elevada de bebidas ricas em xantinas (cafeína, teobromina, e outros) como café, mate ou chá verde também pode interferir no sono, pois elas são excitantes do sistema nervoso. O mesmo pode-se dizer quanto as grandes quantidades de bebidas alcoólicas à noite. Elas não são recomendáveis por causarem sonolência inicial, mas tardiamente atrapalham o sono através de diversos mecanismos.
No jantar ou no fim do dia, bebidas alcoólicas devem ser ingeridas com muita parcimônia. Alguns temperos como canela e gengibre também têm efeito excitante sobre o sistema nervoso e deveriam ser evitados em excesso à noite. Nesse período, bebidas e comidas frias especialmente num clima quente ajudam o sono, porque reduzem a temperatura corporal, o que é um sinalizador do sono para o hipotálamo. É recomendável evitar o consumo de muito líquido à noite, ou chás com efeito diurético, pois isso causará interrupções no sono para urinar.
Conforto é essencial
Como foi visto a presença de estímulos externos atrapalha o sono. Por isso a sensação de conforto, durante o sono, é fundamental para a sua qualidade. Para ter conforto a pessoa precisa dormir num colchão que seja macio, mas que suporte o corpo de forma aproximadamente homogênea. Assim colchões de espuma são preferíveis aos de mola. Camas duras demais também podem provocar desconforto e prejudicar o sono.
Deve-se evitar travesseiros grandes demais, porque eles forçam a coluna cervical. A altura correta do travesseiro é a distância entre a orelha e o ombro da pessoa. Ela deve estar adequadamente coberta para não sentir frio, porque a temperatura ambiente também cai durante a noite. Sentir frio ou calor sempre atrapalham o sono. Quanto mais conforto, melhor! Medidas simples como um copo de água ao lado da cama, evitam uma ida dispensável até a geladeira. Sem falar que quando a pessoa se levanta, o organismo dela é obrigado a secretar adrenalina para ajustar a pressão arterial. Ela fica fisiologicamente mais baixa durante o sono. No retorno para a cama, esse pequeno "passeio" pode dificultar a retomada do sono.
Apesar da posição de dormir fazer, de certa forma, parte do "item conforto" ela tem outras implicações, que devem ser avaliadas. A posição ideal para dormir é a de lado, porque é a que facilita mais a manutenção das vias aéreas pérveas e desobstruídas. A manutenção das vias aéreas durante o sono é fundamental para a sua qualidade.
Pessoas que roncam muito, ou acordam sobressaltadas à noite com sensação de sufocação, ou ainda que vivem com fadiga e sonolência diurna podem estar com obstrução noturna das vias aéreas. Essa obstrução causa um problema chamado de SAHS (Sleep Apnea Hypopnea Syndrome). Pessoas que suspeitam desse problema devem logo procurar um médico. Como algumas se sentem confortáveis dormindo de barriga para cima, se não houver suspeita de SAHS, elas podem continuar dormindo na posição que sentem mais conforto.
A posição de bruços tem mais de uma implicação. Em primeiro lugar ela é muito ruim para a coluna cervical, então, com freqüência a pessoa vai desenvolver dor na coluna, mais cedo ou mais tarde. Então o ideal é tentar se acostumar com uma outra posição logo. Em segundo lugar, ela também atrapalha um pouco as vias aéreas - menos que a posição de barriga para cima, mas o suficiente para atrapalhar o sono nas pessoas predispostas. Por isso, somando esses dois agravantes, ela não é muito recomendável.
Atividade Física
Mas vamos falar também de atividade física. Ela de modo geral ajuda o sono. Quando o habito é regular, o estresse é reduzido através da liberação de endorfinas, melhora o desempenho cardiovascular, mantém os níveis fisiológicos de pressão arterial e ajuda a relaxar. Entretanto essa prática não deve ser feita próxima à hora de dormir.
Quando fazemos uma atividade física, liberamos hormônios como cortisol, adrenalina, vasopressina e CRH que são estimulantes do sistema nervoso. Algumas dessas substâncias ainda ficam com níveis mais elevados por alguns minutos ou horas, após o término do exercício, o que pode atrapalhar seus planos de dormir. Por isso o ideal é terminar a atividade física no mínimo quatro horas antes de ir para a cama. A quantidade de atividade física também importa. Fazer muitas horas seguidas de treinamento pode dificultar a conciliação do sono e diminui o tempo de sono REM. Recomenda-se limitar o período para duas ou três horas diárias de atividades físicas intensas sejam continuadas ou em diferentes intervalos.
A pontualidade também é importante nesse assunto, porque nosso relógio orgânico precisa de parâmetros mais ou menos definidos. Se não temos horários certos no dia-a-dia, o ajuste interno é dificultado. Então o melhor é criar uma rotina diária a ser seguida, para a preparação e o início do sono. Recomenda-se também não usar a cama para ler ou fazer outras atividades, pois assim o ato de deitar na sua cama é interpretado no hipotálamo como um sinal de que está na hora de iniciar o sono. A pessoa pode criar uma rotina antes da ida para a cama, como tomar um banho quente, relaxando.
O importante é repetir sempre os mesmos hábitos, que funcionam como uma mensagem para o centro indutor do sono. O momento de acordar também é importante. Ficar na cama embromando para sair, mesmo quando já não está dormindo pode atrapalhar o sono. Vale destacar que o uso de despertadores estridentes ou outras formas desagradáveis para acordar precisam ser abolidos. O ato de acordar deve também estar associado ao prazer.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/dormir_bem.htm
Outros textos sobre sono, já postados aqui no blog:
- http://www.ecologiamedica.net/2011/01/falta-de-sono-piora-o-controle.html
- http://www.ecologiamedica.net/2011/01/luz-antes-da-hora-de-dormir-altera-sono.html
- http://www.ecologiamedica.net/2011/01/boas-noites-de-sono-fortalecem-memoria.html
- http://www.ecologiamedica.net/2011/01/sono-qualidade-de-vida.html
- http://www.ecologiamedica.net/2010/10/obesidade-e-luminosidade.html
- http://www.ecologiamedica.net/2010/09/o-sono-reduzido-durante-noite-no-inicio.html
- http://www.ecologiamedica.net/2010/08/estresse-engorda.html
- http://www.ecologiamedica.net/2010/05/falta-de-sono-pode-contribuir-para.html
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Osteoporose: conceito e tratamento
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Alimentos que passaram de vilões a mocinhos
Enquanto a ciência tentava comprovar a parcela de culpa da alimentação nos problemas de saúde, uma lista crescente de alimentos ia para o 'banco dos réus' e para fora dos pratos de muita gente. Foi dessa forma, por exemplo, que o ovo virou inimigo número 1 de quem precisava reduzir o colesterol e o café, um veneno para quem sofria de gastrite.
Felizmente, os avanços nos estudos, nos últimos anos, mostraram que certos 'vilões', além de saborosos, são, na verdade, mais mocinhos do que aparentam. Não apenas porque se descobriu que esses alimentos também apresentam nutrientes que fazem maravilhas ao organismo. Mas, especialmente, pela comprovação de que o verdadeiro perigo está na forma como se come - e não necessariamente no alimento que é consumido.
A receita de bem-estar e vida longa em frente à mesa é simples, garante o médico Paulo Olzon Monteiro da Silva, chefe da disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 'Alguns alimentos devem ser ingeridos com parcimônia, em quantidades reduzidas',orienta o médico.
Confira, a seguir, os mitos e verdades relacionados a alguns alimentos que passaram de vilões a mocinhos:
Abacate: o que diziam dessa fruta: muito calórica, era proibida na dieta de quem desejava emagrecer. Por ser bastante oleoso, algumas pessoas acusavam o abacate de ser um alimento rico em colesterol. Detalhe: esse tipo de gordura só existe em fontes de origem animal. Ou seja, jamais seria encontrado em uma fruta.
Qual o seu lado mocinho: por conter pouca água, a fruta tem alta concentração de vitaminas e minerais. O abacate é ainda benéfico para o sistema digestivo, para o fígado e para o sistema imunológico. E olhe a ironia: por ser rico em ácido oléico (uma gordura monoinsaturada, gordura do bem que dá a oleosidade da fruta), o abacate previne o colesterol ruim (LDL) e mantém os níveis do colesterol bom (HDL).
Café: o que falavam da bebida: que provocava gastrite, elevação da pressão arterial, agitação e insônia. Corriqueira no cardápio nacional, a bebida, que inclusive dá nome ao desjejum (café da manhã), era ainda relacionada à má absorção de cálcio, o que poderia contribuir para enfraquecer os ossos. Segundo especialistas, esse malefícios dependem muito mais do grau de sensibilidade de algumas pessoas à cafeína.
Qual seu lado mocinho: pesquisas apontam que o consumo moderado da bebida auxilia na concentração e na memória, diminuindo os riscos de doenças degenerativas. Há ainda evidência de que ele tenha efeito positivo na melhora do humor e em casos de depressão.
Chocolate: o que diziam dessa guloseima: era sinônimo de gordura e açúcar em excesso, por isso de alto teor calórico. Risco certo para o coração, por ser uma fonte de colesterol, o chocolate foi riscado do cardápio de pessoas preocupadas em emagrecer ou com problemas cardíacos.
Qual o seu lado mocinho: acredite se quiser, mas o doce ajuda a relaxar e até a dormir. Quem defende a idéia é o médico Guenther Von Eye, professor adjunto de Medicina Interna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 'O chocolate libera endorfina, substância ligada à sensações de prazer e bem-estar, por isso ajuda a pessoa se sentir bem. Por isso, inclusive, que há sempre um bombom nos quartos de hotéis', completa o médico.
Publicada pela agência internacional de notícias Reuters, uma pesquisa realizada por Ian Macdonald, da University of Nottingham Medical School, na Inglaterra, aponta ainda que o flavanol (substância presente no cacau) aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro - o que pode ser uma esperança no tratamento de danos vasculares. Mas não exagere. O doce é calórico sim e somente até 6g de chocolate por dia pode ser considerada uma quantidade de consumo saudável.
Ovo: o que diziam dele: rico em colesterol, o ovo foi, por muito tempo, considerado o principal inimigo de pessoas com problemas cardíacos. 'As pessoas só não sabem que 70% a 80% do colesterol são produzidos pelo fígado, só o restante vem da alimentação', alerta o médico Paulo Olzon, da Unifesp.
Qual seu lado mocinho: 'Quando consumido sem exagero, o ovo apresenta risco somente para pessoas com predisposição genética a produzir de forma elevada o colesterol pelo fígado', ensina a nutricionista Eliana Cristina de Almeida, professora da Unifesp.
Segundo Eliana, o ovo é ainda uma fonte rica em proteínas, vitaminas lipossolúveis (que, entre outras funções, também tem ação antioxidante), minerais e gordura insaturada (uma gordura do bem). 'O ovo tem substâncias de proteção contra a arteriosclerose, por exemplo. O importante é não exagerar na dose, pois todo alimento em excesso traz prejuízos ao organismo', finaliza.
E não é só. A gema oferece uma grande concentração de colina. Essa substância reveste a membrana das células (incluindo as células nervosas do cérebro) e não é produzida pelo organismo. Por isso, comer ovo é uma forma de garantir a integridade celular. Outra função da colina é formar a acetilcolina - um neurotransmissor relacionado às funções de aprendizado e memória.
Autores:
Felizmente, os avanços nos estudos, nos últimos anos, mostraram que certos 'vilões', além de saborosos, são, na verdade, mais mocinhos do que aparentam. Não apenas porque se descobriu que esses alimentos também apresentam nutrientes que fazem maravilhas ao organismo. Mas, especialmente, pela comprovação de que o verdadeiro perigo está na forma como se come - e não necessariamente no alimento que é consumido.
A receita de bem-estar e vida longa em frente à mesa é simples, garante o médico Paulo Olzon Monteiro da Silva, chefe da disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 'Alguns alimentos devem ser ingeridos com parcimônia, em quantidades reduzidas',orienta o médico.
Confira, a seguir, os mitos e verdades relacionados a alguns alimentos que passaram de vilões a mocinhos:
- Eliana Cristina de Almeida - nutricionista, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp);
- Guenther Von Eye - professor adjunto de Medicina Interna da Universidade Federal de Medicina do Rio Grande do Sul;
- Paulo Olzon Monteiro da Silva - clínico geral, chefe da disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp);
- Rosana Perim-nutricionista, gerente de nutrição do Hospital do Coração de São Paulo (HCor);
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Dr. Frederico Lobo
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Fumo passivo pode levar ao desenvolvimento de Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade em crianças
Respirar a fumaça de cigarro fumado pelos outros – o chamado fumo passivo – pode levar a consequências negativas para a saúde mental em crianças, assim como físicas, aponta um estudo britânico publicado no periódico Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine.
Os autores da pesquisa afirmam que observaram que o fumo passivo pode levar ao estresse infantil e pais e cuidadores devem estar atentos para deixar as crianças o mais longe possível de ambientes onde haja fumaça do cigarro. Respirar essa fumaça pode contribuir para o aumento da incidência de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos do comportamento e diversos problemas de saúde física.
Mark Hamer, da Universidade College London – um dos autores da pesquisa – e sua equipe analisaram dados de mais de 900 crianças com idades entre 4 e 8 anos observadas em outro estudo feito em 2003. Essas crianças moravam em lares onde as pessoas não eram fumantes, mas os questionários aplicados pediam para que os pais e cuidadores indicassem com qual periodicidade essas crianças frequentavam ambientes ou situações onde elas eram expostas ao fumo passivo (incluindo a própria casa, como em reuniões sociais e familiares). Todos os indivíduos foram testados para a cotinina, um subproduto do tabaco presente na fumaça do cigarro.
Além disso, os pais também responderam a um questionário que indicava o nível de estresse (o chamado Strengths and Difficulties Questionnaire ou SDQ) para determinar o comportamento emocional, variações comportamentais e problemas sociais das crianças e cuja pontuação máxima é 40 pontos. Ao menos 3% das crianças acompanhadas chegaram aos 20 pontos nesse teste. Além disso, um terço do total de crianças – e que frequentavam ambientes onde podia ocorrer o fumo passivo – tinham níveis de cotinina até 44% maior do que crianças que não frequentavam esse tipo de ambiente.
Os problemas mais comuns observados nessas crianças eram o TDAH e o estresse infantil, apesar dos pesquisadores afirmarem não saberem exatamente como essa relação entre fumo passivo e transtornos mentais ocorre. Uma hipótese é que as substâncias presentes no cigarro podem influenciar o desenvolvimento cerebral alterando níveis de substâncias no cérebro, como a produção de dopamina. Os pesquisadores dizem que é preciso mais estudos para confirmar esses resultados e determinar exatamente como e por que essa associação ocorre.
Abstract: http://archpedi.ama-assn.org/cgi/content/abstract/archpediatrics.2010.243v1?maxtoshow=&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=passive&searchid=1&FIRSTINDEX=0&sortspec=date&resourcetype=HWCIT
Fonte: http://oqueeutenho.uol.com.br/portal/2011/01/13/fumo-passivo-pode-levar-ao-desenvolvimento-de-tdah-em-criancas/
Os autores da pesquisa afirmam que observaram que o fumo passivo pode levar ao estresse infantil e pais e cuidadores devem estar atentos para deixar as crianças o mais longe possível de ambientes onde haja fumaça do cigarro. Respirar essa fumaça pode contribuir para o aumento da incidência de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos do comportamento e diversos problemas de saúde física.
Mark Hamer, da Universidade College London – um dos autores da pesquisa – e sua equipe analisaram dados de mais de 900 crianças com idades entre 4 e 8 anos observadas em outro estudo feito em 2003. Essas crianças moravam em lares onde as pessoas não eram fumantes, mas os questionários aplicados pediam para que os pais e cuidadores indicassem com qual periodicidade essas crianças frequentavam ambientes ou situações onde elas eram expostas ao fumo passivo (incluindo a própria casa, como em reuniões sociais e familiares). Todos os indivíduos foram testados para a cotinina, um subproduto do tabaco presente na fumaça do cigarro.
Além disso, os pais também responderam a um questionário que indicava o nível de estresse (o chamado Strengths and Difficulties Questionnaire ou SDQ) para determinar o comportamento emocional, variações comportamentais e problemas sociais das crianças e cuja pontuação máxima é 40 pontos. Ao menos 3% das crianças acompanhadas chegaram aos 20 pontos nesse teste. Além disso, um terço do total de crianças – e que frequentavam ambientes onde podia ocorrer o fumo passivo – tinham níveis de cotinina até 44% maior do que crianças que não frequentavam esse tipo de ambiente.
Os problemas mais comuns observados nessas crianças eram o TDAH e o estresse infantil, apesar dos pesquisadores afirmarem não saberem exatamente como essa relação entre fumo passivo e transtornos mentais ocorre. Uma hipótese é que as substâncias presentes no cigarro podem influenciar o desenvolvimento cerebral alterando níveis de substâncias no cérebro, como a produção de dopamina. Os pesquisadores dizem que é preciso mais estudos para confirmar esses resultados e determinar exatamente como e por que essa associação ocorre.
Abstract: http://archpedi.ama-assn.org/cgi/content/abstract/archpediatrics.2010.243v1?maxtoshow=&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=passive&searchid=1&FIRSTINDEX=0&sortspec=date&resourcetype=HWCIT
Fonte: http://oqueeutenho.uol.com.br/portal/2011/01/13/fumo-passivo-pode-levar-ao-desenvolvimento-de-tdah-em-criancas/
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Transtorno de deficit de atenção com hiperatividade TDAH
Tempo de amamentação e melhor rendimento escolar
O estudo, feito por um grupo de institutos de pesquisa liderados pelo Instituto Telethon para a Pesquisa sobre a Saúde da Criança (TI/ICHR), na Austrália, foi publicado no periódico Pediatrics e usou dados de um estudo longitudinal – feito com um grande número de indivíduos durante um longo período de tempo – e que vem acompanhando, há aproximadamente 20 anos, mais de 2.800 crianças nascidas entre 1989 e 1991.
“Nós sabemos que há nutrientes vitais no leite materno, que ajudam no desenvolvimento do cérebro, por exemplo”, afirma Wendy Oddy, pesquisadora do TI/ICHR e coautora do estudo. “Os meninos, em especial, são mais vulneráveis às adversidades durante o desenvolvimento do que as meninas. O efeito protetor do estradiol, hormônio feminino que está presente no leite materno, pode ser ainda mais necessário para que eles tenham um bom desenvolvimento e uma boa saúde”, completa.
A pesquisadora lembra, ainda, que uma série de outros benefícios, como a melhora nos laços afetivos entre a mãe e o bebê, também estão relacionados com a amamentação. Isso também melhora o desenvolvimento cognitivo dessas crianças. “Uma série de estudos indicou também que os meninos são mais dependentes da atenção maternal quando estão desenvolvendo sua cognição e habilidades como a linguagem”, diz Oddy. No caso das meninas, o único diferencial nítido foi um melhor desempenho nas habilidades envolvendo leitura.
Os autores indicam a importância da amamentação feita pela mãe, mas lembram que mulheres que não podem – por alguma razão – dar de mamar no peito podem compensar os efeitos positivos desse tipo de hábito aumentando o tempo com os filhos durante a infância e início da adolescência, enfatizando atividades como leitura e passeios ao ar livre.
Fonte: http://oqueeutenho.uol.com.br/portal/2011/01/12/tempo-de-amamentacao-tem-impacto-no-desempenho-academico-de-criancas/
“Nós sabemos que há nutrientes vitais no leite materno, que ajudam no desenvolvimento do cérebro, por exemplo”, afirma Wendy Oddy, pesquisadora do TI/ICHR e coautora do estudo. “Os meninos, em especial, são mais vulneráveis às adversidades durante o desenvolvimento do que as meninas. O efeito protetor do estradiol, hormônio feminino que está presente no leite materno, pode ser ainda mais necessário para que eles tenham um bom desenvolvimento e uma boa saúde”, completa.
A pesquisadora lembra, ainda, que uma série de outros benefícios, como a melhora nos laços afetivos entre a mãe e o bebê, também estão relacionados com a amamentação. Isso também melhora o desenvolvimento cognitivo dessas crianças. “Uma série de estudos indicou também que os meninos são mais dependentes da atenção maternal quando estão desenvolvendo sua cognição e habilidades como a linguagem”, diz Oddy. No caso das meninas, o único diferencial nítido foi um melhor desempenho nas habilidades envolvendo leitura.
Os autores indicam a importância da amamentação feita pela mãe, mas lembram que mulheres que não podem – por alguma razão – dar de mamar no peito podem compensar os efeitos positivos desse tipo de hábito aumentando o tempo com os filhos durante a infância e início da adolescência, enfatizando atividades como leitura e passeios ao ar livre.
Fonte: http://oqueeutenho.uol.com.br/portal/2011/01/12/tempo-de-amamentacao-tem-impacto-no-desempenho-academico-de-criancas/
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Síndrome da fragilidade atinge idosos precocemente no Brasil
A fragilidade em idosos - uma síndrome clínica que se caracteriza por perda de peso involuntária, fadiga, fraqueza, diminuição da velocidade de caminhada e baixa atividade física - atinge a população da cidade de São Paulo precocemente em relação aos países desenvolvidos e, depois dos 75 anos, avança com extrema rapidez.
A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) com uma amostra de 689 pessoas com mais de 75 anos na capital paulista.
A síndrome, de acordo com a pesquisa, atingia 14,1% do grupo em 2006. Em 2008, apenas dois anos depois, a prevalência já era de mais de 45%.
Síndrome da fragilidade
A coordenadora do subprojeto, Yeda Duarte, professora da Escola de Enfermagem (EE) da USP, afirma que até agora, no Brasil, a síndrome de fragilidade não havia sido tema de estudos longitudinais - isto é, que buscam correlações entre variáveis partindo de observações ao longo de um extenso período de tempo.
"A questão da fragilidade tem sido bastante trabalhada em outros países, mas no Brasil estamos apenas começando. No exterior, a prevalência da fragilidade varia entre 7% e 35%, dependendo do país e do desenho do estudo. Nossa pesquisa mostra uma porcentagem bem maior aos 75 anos, o que indica que nossos idosos estão se fragilizando mais cedo", disse.
Segundo Yeda, não existe um consenso definitivo sobre o que é a fragilidade. O conceito adotado na pesquisa - desenvolvido por Linda Fried, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos - caracteriza a síndrome a partir de cinco parâmetros: perda involuntária do peso, fadiga, diminuição da velocidade de caminhada, baixa atividade física e perda da força - medida por força de preensão manual.
"A ausência desses parâmetros indica que a pessoa não é frágil. A presença de um ou dois deles caracteriza a condição de pré-fragilidade - e entendemos que esse é o momento para uma intervenção. Três ou mais parâmetros indicam que a pessoa é frágil", explicou.
Massa muscular
O idoso frágil, segundo Yeda, fica mais vulnerável e tende a sofrer com mais efeitos adversos, o que gera um círculo vicioso que o torna mais dependente e mais suscetível a doenças.
"A pessoa nessa faixa etária, em geral, come menos, tem perda do paladar e menos gasto energético. Ela perde peso porque tem menos massa muscular e, com isso, cansa com facilidade e anda muito devagar. Assim, diminui sua atividade física e gasta ainda menos energia, o que a leva a comer menos", disse.
A fragilidade tem sido um dos três focos principais do Projeto Temático Sabe-2005. Os outros dois são as questões das demências e do envelhecimento ativo, isto é, a promoção da saúde com o objetivo de que a população chegue a idade avançada com melhor qualidade de vida.
"Não adianta trabalhar para que as pessoas vivam mais se não pudermos fazer com que elas envelheçam com qualidade de vida. Por isso achamos fundamental conhecer os fatores determinantes da fragilidade, que é uma condição que leva à dependência e ao sofrimento", destacou.
Fragilidade precoce
A partir dos dados de 2006, os pesquisadores selecionaram uma amostra que representa a população paulistana com mais de 75 anos. O grupo foi acompanhado a cada seis meses por dois anos, entre 2008 e 2009. A visita de 2006 mostrava que o grupo de não-frágeis correspondia a 31% da população. Os pré-frágeis eram 54,9% e os frágeis eram 14,1%.
"Isso mostrava que a maioria da população dessa idade já era pré-frágil. Se a população está se fragilizando antes dos 75 anos, indica que as pessoas terão um período extremamente longo de vida em condição de dependência e incapacidade", comentou Yeda.
A mesma população foi acompanhada em 2008 pelos pesquisadores. A parcela dos pré-frágeis caiu ligeiramente para 49,1%. Mas houve aumento brutal dos frágeis (45,4%) e queda dos não-frágeis (5,6%).
"É provável que muitos pré-frágeis tenham passado para o grupo dos frágeis. O que verificamos é que, em um período muito curto, o idoso mais longevo passa a precisar de um acompanhamento frequente. Se não houver uma intervenção adequada, ele tem uma tendência à piora extremamente rápida", disse.
Cuidados com o idoso
Não é fácil, segundo Yeda, levar um idoso frágil ao serviço de saúde, justamente por conta de sua condição. Com isso, ele é muitas vezes hospitalizado apenas quando já está em estado crítico.
"Sempre ouvimos dizer que o idoso onera o sistema público de saúde. Mas isso acontece porque ele chega em condições muito ruins. Se pudéssemos cuidar para que ele não se tornasse frágil, evitaríamos a ida para a urgência em estado grave, impedindo internações muito longas. Cuidar da fragilidade é fundamental para desonerar o sistema", explicou.
Entre os idosos frágeis visitados em 2008, uma parcela de 46,9% sofreu quedas, contra 6% dos não-frágeis. Entre os frágeis que caíram, 53,5% foram hospitalizados. Desses, 50% procuraram serviços de urgência.
Do grupo de idosos frágeis, 30,6% mostraram necessidade de um cuidador, pois não conseguiam realizar sozinhos tarefas como comer, tomar banho ou levantar-se de uma cadeira. "Precisamos mudar o paradigma de tratamento da pessoa idosa. Não adianta oferecer apenas hospitais, é preciso mudar a intervenção na direção de oferecer acompanhamento a essa população", disse Yeda.
Cuidadores treinados
A professora da EE-USP conta que a Prefeitura de São Paulo criou um programa de acompanhantes de idosos que indica a direção certa para as políticas públicas. A iniciativa atende 1,5 mil idosos da cidade que moram sozinhos e têm algum grau de dependência física ou mental, oferecendo cuidadores treinados.
"Isso é fundamental, porque essas pessoas ficam em casa, não comem, não andam e se fragilizam cada vez mais. O problema é a escala. Estimamos que existe 1,2 milhão de idosos na cidade de São Paulo e nossa pesquisa mostrou que metade deles é frágil. Esse tipo de programa precisa ser replicado e ampliado", disse.
Yeda conta que, a partir de agora, o grupo de pesquisa deverá realizar um novo projeto para estudar a fragilidade a partir dos 60 anos. "Como nossos resultados mostraram que a prevalência já é muito alta aos 75 anos, precisamos estudar agora os determinantes da síndrome em uma faixa etária anterior", disse.
Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=sindrome-fragilidade-atinge-idosos-precocemente-brasil&id=4985
A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) com uma amostra de 689 pessoas com mais de 75 anos na capital paulista.
A síndrome, de acordo com a pesquisa, atingia 14,1% do grupo em 2006. Em 2008, apenas dois anos depois, a prevalência já era de mais de 45%.
Síndrome da fragilidade
A coordenadora do subprojeto, Yeda Duarte, professora da Escola de Enfermagem (EE) da USP, afirma que até agora, no Brasil, a síndrome de fragilidade não havia sido tema de estudos longitudinais - isto é, que buscam correlações entre variáveis partindo de observações ao longo de um extenso período de tempo.
"A questão da fragilidade tem sido bastante trabalhada em outros países, mas no Brasil estamos apenas começando. No exterior, a prevalência da fragilidade varia entre 7% e 35%, dependendo do país e do desenho do estudo. Nossa pesquisa mostra uma porcentagem bem maior aos 75 anos, o que indica que nossos idosos estão se fragilizando mais cedo", disse.
Segundo Yeda, não existe um consenso definitivo sobre o que é a fragilidade. O conceito adotado na pesquisa - desenvolvido por Linda Fried, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos - caracteriza a síndrome a partir de cinco parâmetros: perda involuntária do peso, fadiga, diminuição da velocidade de caminhada, baixa atividade física e perda da força - medida por força de preensão manual.
"A ausência desses parâmetros indica que a pessoa não é frágil. A presença de um ou dois deles caracteriza a condição de pré-fragilidade - e entendemos que esse é o momento para uma intervenção. Três ou mais parâmetros indicam que a pessoa é frágil", explicou.
Massa muscular
O idoso frágil, segundo Yeda, fica mais vulnerável e tende a sofrer com mais efeitos adversos, o que gera um círculo vicioso que o torna mais dependente e mais suscetível a doenças.
"A pessoa nessa faixa etária, em geral, come menos, tem perda do paladar e menos gasto energético. Ela perde peso porque tem menos massa muscular e, com isso, cansa com facilidade e anda muito devagar. Assim, diminui sua atividade física e gasta ainda menos energia, o que a leva a comer menos", disse.
A fragilidade tem sido um dos três focos principais do Projeto Temático Sabe-2005. Os outros dois são as questões das demências e do envelhecimento ativo, isto é, a promoção da saúde com o objetivo de que a população chegue a idade avançada com melhor qualidade de vida.
"Não adianta trabalhar para que as pessoas vivam mais se não pudermos fazer com que elas envelheçam com qualidade de vida. Por isso achamos fundamental conhecer os fatores determinantes da fragilidade, que é uma condição que leva à dependência e ao sofrimento", destacou.
Fragilidade precoce
A partir dos dados de 2006, os pesquisadores selecionaram uma amostra que representa a população paulistana com mais de 75 anos. O grupo foi acompanhado a cada seis meses por dois anos, entre 2008 e 2009. A visita de 2006 mostrava que o grupo de não-frágeis correspondia a 31% da população. Os pré-frágeis eram 54,9% e os frágeis eram 14,1%.
"Isso mostrava que a maioria da população dessa idade já era pré-frágil. Se a população está se fragilizando antes dos 75 anos, indica que as pessoas terão um período extremamente longo de vida em condição de dependência e incapacidade", comentou Yeda.
A mesma população foi acompanhada em 2008 pelos pesquisadores. A parcela dos pré-frágeis caiu ligeiramente para 49,1%. Mas houve aumento brutal dos frágeis (45,4%) e queda dos não-frágeis (5,6%).
"É provável que muitos pré-frágeis tenham passado para o grupo dos frágeis. O que verificamos é que, em um período muito curto, o idoso mais longevo passa a precisar de um acompanhamento frequente. Se não houver uma intervenção adequada, ele tem uma tendência à piora extremamente rápida", disse.
Cuidados com o idoso
Não é fácil, segundo Yeda, levar um idoso frágil ao serviço de saúde, justamente por conta de sua condição. Com isso, ele é muitas vezes hospitalizado apenas quando já está em estado crítico.
"Sempre ouvimos dizer que o idoso onera o sistema público de saúde. Mas isso acontece porque ele chega em condições muito ruins. Se pudéssemos cuidar para que ele não se tornasse frágil, evitaríamos a ida para a urgência em estado grave, impedindo internações muito longas. Cuidar da fragilidade é fundamental para desonerar o sistema", explicou.
Entre os idosos frágeis visitados em 2008, uma parcela de 46,9% sofreu quedas, contra 6% dos não-frágeis. Entre os frágeis que caíram, 53,5% foram hospitalizados. Desses, 50% procuraram serviços de urgência.
Do grupo de idosos frágeis, 30,6% mostraram necessidade de um cuidador, pois não conseguiam realizar sozinhos tarefas como comer, tomar banho ou levantar-se de uma cadeira. "Precisamos mudar o paradigma de tratamento da pessoa idosa. Não adianta oferecer apenas hospitais, é preciso mudar a intervenção na direção de oferecer acompanhamento a essa população", disse Yeda.
Cuidadores treinados
A professora da EE-USP conta que a Prefeitura de São Paulo criou um programa de acompanhantes de idosos que indica a direção certa para as políticas públicas. A iniciativa atende 1,5 mil idosos da cidade que moram sozinhos e têm algum grau de dependência física ou mental, oferecendo cuidadores treinados.
"Isso é fundamental, porque essas pessoas ficam em casa, não comem, não andam e se fragilizam cada vez mais. O problema é a escala. Estimamos que existe 1,2 milhão de idosos na cidade de São Paulo e nossa pesquisa mostrou que metade deles é frágil. Esse tipo de programa precisa ser replicado e ampliado", disse.
Yeda conta que, a partir de agora, o grupo de pesquisa deverá realizar um novo projeto para estudar a fragilidade a partir dos 60 anos. "Como nossos resultados mostraram que a prevalência já é muito alta aos 75 anos, precisamos estudar agora os determinantes da síndrome em uma faixa etária anterior", disse.
Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=sindrome-fragilidade-atinge-idosos-precocemente-brasil&id=4985
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Dr. Frederico Lobo
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sábado, 26 de fevereiro de 2011
Probióticos podem aliviar a cólica de bebês
A cólica é uma das condições mais comuns da infância: cerca de 20% de todos os bebês sofrem de rompantes inconsoláveis de choro que a caracterizam.
Porém, ninguém entende de fato o gera a cólica de um bebê. Cientistas investigam várias causas - alergias, hormônios presentes no leite, até mesmo estresse no útero. No entanto, alguns pesquisadores agora acreditam que a cólica pode vir de uma inflamação no intestino, talvez resultado da presença de muitas bactérias prejudiciais e poucas bactérias benéficas.
Um estudo de 2009, por exemplo, descobriu que bebês que sofriam de cólica tinham inflamação gastrointestinal e traços de uma bactéria em seus intestinos, o que podia ser a causa a dor. Os bebês sem cólica não tinham inflamação alguma, além de apresentarem uma maior diversidade de bactérias benéficas para o ser humano.
Assim, será que os níveis mais altos de bactérias "amigáveis" podem fazer a diferença?
Num estudo de 2007, pesquisadores italianos analisaram essa teoria ao examinar 83 bebês com cólica que mamavam no peito. Em 28 dias, alguns dos bebês receberam simeticona, uma medicação que reduz a presença de gases. Outros receberam um suplemento contendo L. reuteri, uma das bactérias benéficas conhecidas como probióticas, muitas vezes encontradas no iogurte. No final do estudo, os bebês que receberam o suplemento probiótico choraram em média 51 minutos por dia, em comparação a cerca de 2 horas e meia para o outro grupo de bebês. Um estudo realizado em 2010 produziu resultados semelhantes.
"As mudanças da flora intestinal induzidas pelo probiótico podem ser um fator para a melhoria clínica observada", escreveram os pesquisadores. Mesmo assim, especialistas afirmam desejar mais estudos.
Conclusão: existem evidências de que probióticos podem ajudar a aliviar a cólica.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2011/02/24/probioticos-podem-aliviar-a-colica-de-bebes.jhtm
Porém, ninguém entende de fato o gera a cólica de um bebê. Cientistas investigam várias causas - alergias, hormônios presentes no leite, até mesmo estresse no útero. No entanto, alguns pesquisadores agora acreditam que a cólica pode vir de uma inflamação no intestino, talvez resultado da presença de muitas bactérias prejudiciais e poucas bactérias benéficas.
Um estudo de 2009, por exemplo, descobriu que bebês que sofriam de cólica tinham inflamação gastrointestinal e traços de uma bactéria em seus intestinos, o que podia ser a causa a dor. Os bebês sem cólica não tinham inflamação alguma, além de apresentarem uma maior diversidade de bactérias benéficas para o ser humano.
Assim, será que os níveis mais altos de bactérias "amigáveis" podem fazer a diferença?
Num estudo de 2007, pesquisadores italianos analisaram essa teoria ao examinar 83 bebês com cólica que mamavam no peito. Em 28 dias, alguns dos bebês receberam simeticona, uma medicação que reduz a presença de gases. Outros receberam um suplemento contendo L. reuteri, uma das bactérias benéficas conhecidas como probióticas, muitas vezes encontradas no iogurte. No final do estudo, os bebês que receberam o suplemento probiótico choraram em média 51 minutos por dia, em comparação a cerca de 2 horas e meia para o outro grupo de bebês. Um estudo realizado em 2010 produziu resultados semelhantes.
"As mudanças da flora intestinal induzidas pelo probiótico podem ser um fator para a melhoria clínica observada", escreveram os pesquisadores. Mesmo assim, especialistas afirmam desejar mais estudos.
Conclusão: existem evidências de que probióticos podem ajudar a aliviar a cólica.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2011/02/24/probioticos-podem-aliviar-a-colica-de-bebes.jhtm
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Dr. Frederico Lobo
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Poluição do ar provoca mais ataques cardíacos do que cocaína
A poluição do ar causa mais ataques cardíacos do que o uso de cocaína. Segundo estudo divulgado nesta quinta-feira, também provoca um risco maior de infarto do que o álcool, o café e exercícios físicos.
Sexo, raiva, uso de maconha e infecções respiratórias também podem causar ataques cardíacos em diferentes graus, de acordo com os pesquisadores, mas a poluição do ar, especialmente durante o trânsito, é a principal culpada.
Os resultados, publicados na revista "Lancet", sugerem que os fatores que afetam a população em geral, como o ar poluído, devem ser levados mais a sério e colocados em contexto ao lado de riscos mais elevados ao coração, mas relativamente mais raros, como o uso de drogas.
Tim Nawrot da Universidade de Hasselt, na Bélgica, que liderou o estudo, disse que esperava que suas descobertas também incentivassem os médicos a pensar com mais frequência sobre os riscos do nível populacional.
"Os médicos estão sempre olhando individualmente para os pacientes --e os fatores de baixo risco podem não parecer importantes para o indivíduo, mas se eles são prevalentes na população, então passam a ter uma relevância maior para a saúde pública", disse ele em entrevista por telefone.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) descreve a poluição do ar como "um sério risco ambiental para a saúde" e estima que causa cerca de 2 milhões de mortes prematuras a cada ano em todo o mundo.
A equipe de Nawrot combinou dados de 36 estudos distintos e calculou o risco relativo representado por uma série de causas de ataques de coração e sua fração atribuída à população.
O maior risco foi a exposição ao trânsito, seguido por exercícios físicos, álcool, café, poluição atmosférica, e então raiva, sexo, uso de cocaína, maconha, tabagismo e infecções respiratórias.
"Das causas que levaram a um ataque cardíaco estudadas, a principal é a cocaína, mas o trânsito tem um efeito maior na população pois as pessoas estão mais expostas a ele", escreveram os pesquisadores.
Um relatório publicado no ano passado constatou que a poluição do ar em muitas grandes cidades na Ásia ultrapassam as diretrizes de qualidade do ar da OMS e que os poluentes tóxicos resultam em mais de 530.000 mortes prematuras por ano.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/880479-poluicao-do-ar-provoca-mais-ataques-cardiacos-do-que-cocaina.shtml
Sexo, raiva, uso de maconha e infecções respiratórias também podem causar ataques cardíacos em diferentes graus, de acordo com os pesquisadores, mas a poluição do ar, especialmente durante o trânsito, é a principal culpada.
Os resultados, publicados na revista "Lancet", sugerem que os fatores que afetam a população em geral, como o ar poluído, devem ser levados mais a sério e colocados em contexto ao lado de riscos mais elevados ao coração, mas relativamente mais raros, como o uso de drogas.
Tim Nawrot da Universidade de Hasselt, na Bélgica, que liderou o estudo, disse que esperava que suas descobertas também incentivassem os médicos a pensar com mais frequência sobre os riscos do nível populacional.
"Os médicos estão sempre olhando individualmente para os pacientes --e os fatores de baixo risco podem não parecer importantes para o indivíduo, mas se eles são prevalentes na população, então passam a ter uma relevância maior para a saúde pública", disse ele em entrevista por telefone.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) descreve a poluição do ar como "um sério risco ambiental para a saúde" e estima que causa cerca de 2 milhões de mortes prematuras a cada ano em todo o mundo.
A equipe de Nawrot combinou dados de 36 estudos distintos e calculou o risco relativo representado por uma série de causas de ataques de coração e sua fração atribuída à população.
O maior risco foi a exposição ao trânsito, seguido por exercícios físicos, álcool, café, poluição atmosférica, e então raiva, sexo, uso de cocaína, maconha, tabagismo e infecções respiratórias.
"Das causas que levaram a um ataque cardíaco estudadas, a principal é a cocaína, mas o trânsito tem um efeito maior na população pois as pessoas estão mais expostas a ele", escreveram os pesquisadores.
Um relatório publicado no ano passado constatou que a poluição do ar em muitas grandes cidades na Ásia ultrapassam as diretrizes de qualidade do ar da OMS e que os poluentes tóxicos resultam em mais de 530.000 mortes prematuras por ano.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/880479-poluicao-do-ar-provoca-mais-ataques-cardiacos-do-que-cocaina.shtml
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Dr. Frederico Lobo
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Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa
Um dos palestrantes do Fórum, Peter Rembischevski, adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.
Proibir totalmente a utilização ou estabelecer outro valor de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA), composto encontrado na fabricação de policarbonato – um tipo de resina utilizada na produção de plásticos que entram em contato com alimento – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania realizado dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), Peter abordou sobre o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo-SBEM-SP.
Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo devido a diferentes interpretações e critérios de aceitação dos estudos envolvendo animais, o que tem levado a diferenças nas avaliações de risco desta substância, causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A exposição de Bisfenol-A pelo organismo por meio subcutâneo ou intravenoso, que têm sido as vias mais empregadas nos estudos em animais, é diferente se comparada com a ingestão por via oral, que é a principal rota de exposição em humanos.
Os organismos dos animais e dos humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie será também para a outra. A correlação inter-espécies é um dos principais desafios da toxicologia. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não têm sido capazes de sustentar sua proibição, devido a limitações em seus desenhos experimentais”.
Ele reforça que talvez a discussão seja pautada sobre o limiar da dose, abaixo da qual não se produz efeito adverso, citando por exemplo o caso do ferro, cuja carência leva à anemia, mas seu excesso é tóxico ao organismo. Afinal, “a dose faz o veneno” – uma dose suficientemente baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância, por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.
Nova Era – Peter ressalta que apesar de ainda não haver consenso, as autoridades de regulação de um modo geral têm mudado sua postura em relação às substâncias químicas, e hoje não esperam ter a certeza se uma substância é nociva ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, os países tem utilizado mais o Princípio da Precaução – o que significa que mesmo antes de se ter uma certeza científica, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros restritivos de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro.
Antigamente, esperava-se anos até que se confirmasse os resultados das pesquisas. Há inclusive situações em que as autoridades incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto, como é o caso do Bisfenol A. Neste contexto, Peter ainda reforça que o mercado, mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras, já está mudando.
Em alguns países, produtos com Bisfenol A já estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, uma análise conduzida no Japão com alguns indivíduos revelou que a concentração de BPA no organismo reduziu em até 50 %, quando comparado a dados de anos anteriores, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.
Confira a apresentação de Peter
Apresentação Bisfenol SP 2010
Fonte: http://sbemsp.org.br/bpa/?p=278
Proibir totalmente a utilização ou estabelecer outro valor de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA), composto encontrado na fabricação de policarbonato – um tipo de resina utilizada na produção de plásticos que entram em contato com alimento – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania realizado dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), Peter abordou sobre o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo-SBEM-SP.
Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo devido a diferentes interpretações e critérios de aceitação dos estudos envolvendo animais, o que tem levado a diferenças nas avaliações de risco desta substância, causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A exposição de Bisfenol-A pelo organismo por meio subcutâneo ou intravenoso, que têm sido as vias mais empregadas nos estudos em animais, é diferente se comparada com a ingestão por via oral, que é a principal rota de exposição em humanos.
Os organismos dos animais e dos humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie será também para a outra. A correlação inter-espécies é um dos principais desafios da toxicologia. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não têm sido capazes de sustentar sua proibição, devido a limitações em seus desenhos experimentais”.
Ele reforça que talvez a discussão seja pautada sobre o limiar da dose, abaixo da qual não se produz efeito adverso, citando por exemplo o caso do ferro, cuja carência leva à anemia, mas seu excesso é tóxico ao organismo. Afinal, “a dose faz o veneno” – uma dose suficientemente baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância, por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.
Nova Era – Peter ressalta que apesar de ainda não haver consenso, as autoridades de regulação de um modo geral têm mudado sua postura em relação às substâncias químicas, e hoje não esperam ter a certeza se uma substância é nociva ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, os países tem utilizado mais o Princípio da Precaução – o que significa que mesmo antes de se ter uma certeza científica, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros restritivos de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro.
Antigamente, esperava-se anos até que se confirmasse os resultados das pesquisas. Há inclusive situações em que as autoridades incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto, como é o caso do Bisfenol A. Neste contexto, Peter ainda reforça que o mercado, mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras, já está mudando.
Em alguns países, produtos com Bisfenol A já estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, uma análise conduzida no Japão com alguns indivíduos revelou que a concentração de BPA no organismo reduziu em até 50 %, quando comparado a dados de anos anteriores, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.
Confira a apresentação de Peter
Apresentação Bisfenol SP 2010
Fonte: http://sbemsp.org.br/bpa/?p=278
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Dr. Frederico Lobo
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Anvisa e Bisfenol-A
Bisfenol-A como disruptor endócrino
Cerca de 11 milhões de substâncias químicas são capazes de desequilibrar o sistema endócrino de um organismo saudável, deixando sequelas, muitas vezes irreversíveis, como por exemplo, a infertilidade.
Entre essa “população” de desreguladores endócrinos, uma tem sido a vedete das investigações científicas em animais, em vários países. Trata-se de uma substância tóxica presente há mais de 100 anos na vida das pessoas de vários cantos do planeta e hoje faz parte do modo de vida da sociedade atual.
“O Bisfenol-A é encontrado no ar que respiramos, na água que ingerimos, e nos alimentos que consumimos, pois ele se desprende dos materiais que estão acondicionados em embalagens desenvolvidas à base de policarbonato(plástico), nos enlatados revestidos de Bisfenol-A para evitar ferrugem, no momento de lavar um utensílio com a bucha da pia, além de poder ser encontrado na salivação devido o contato com as resinas dentárias, feitas à base dessa substância. Sem contar com o contato por meio de outras formas de consumo.
Esse desregulador tem sido matéria de pesquisas, no Brasil ainda embrionárias, mas avançandas. Por isso, estamos atentos ao movimento no mundo que regulamenta a retirada dessa substância das embalagens. Várias indústrias já estão retirando-a das embalagens dos produtos.”, afirma Dra. Elaine Frade Costa, endocrinologista da SBEM-SP(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo).
No Brasil, a discussão sobre o tema é embrionária por isso, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo – SBEM-SP criou a Campanha Contra os Desreguladores Endócrinos, com slogan ”Diga não ao bisfenol-A, a vida não tem plano B” para fomentar a sociedade com informações com objetivo de prevenção. Como primeira ação realizou o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania na Sede do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
Para entender melhor sobre a complexidade em especial da ação do Bisfenol-A a reportagem do Blog ouviu uma das endocrinologistas integrantes do GTDE (Grupo de Trabalho dos Desreguladores Endócrinos da SBEM-SP), Dra. Elaine Frade Costa, para entender o porque essa substância é tão nociva à saúde.
Blog – Como o desregulador endócrino, Bisfenol-A, modifica o metabolismo?
Elaine – O Bisfenol-A, em específico, funciona como um hormônio, o estrogênio e, ao entrar na corrente sanguínea, age nos tecidos, provocando alterações. Essa substância tem similaridade com o hormônio feminino e pode exercer sua função, determinando puberdade precoce, câncer de mama e infertilidade. Em animais, o BPA também causou diabetes, obesidade, alterações no comportamento, hiperatividade , de acordo com pesquisas realizadas por diversas universidades no mundo.
Blog – De que forma acontece o contato com o Bisfenol-A?
Elaine – O contato acontece de várias formas, dentre elas, pela ingestão de alimentos e pelo contato com a pele. Isso acontece porque o Bisfenol-A desprende-se facilmente passando de uma embalagem, por exemplo, para um produto alimentício.
Blog – Existe alguma regulamentação, um limite de migração de Bisfenol-A das embalagens para os alimentos ?
Elaine – A ANVISA determina que a quantidade tolerada é de 0,6 mg/kg de alimento, ou seja, o alimento pode conter até 0,6 mg de BPA por kilo. De acordo com os especialistas, ingerimos cerca de 10 microgramas de BPA por dia. Mas se consumirmos essa quantidade em cada alimento, imagine quanto não consumimos se a maioria dos produtos possui essa substância.
Blog – Quais as consequências?
Elaine – Segundo estudos realizados fora do país em animais, a presença de Bisfenol-A foi associada a uma série de doenças, dentre elas: endometriose (doença que causa infertilidade), Câncer de mama e de próstata, déficit de atenção, de memória visual e motor, diabetes, diminuição da qualidade de esperma em adultos, fibromas uterinos, gestação ectópica, hiperatividade , etc.
Blog – Como evitar a contaminação?
Elaine – A mudança de hábito é fundamental para diminuir a presença de Bisfenol-A no organismo. À princípio, evitar embalagens alimentícias à base de plástico (policarbonato) e enlatados contendo o símbolo triângulo com os números 3 e 7. É preciso reforçar também que o plástico libera mais Bisfenol-A quando aquecido ou congelado. Ou seja, apresenta maior potencial de contaminação.
Blog – Quais são as outras ações que integram essa campanha?
Elaine – A SBEM-SP busca estreitar o relacionamento com o governo para impulsionar mudanças no consumo dessa substância na sociedade. Precisamos de uma regulamentação do consumo do Bisfenol-A, a fim de promover mudanças como estão fazendo outros países. Além disso, queremos impulsionar políticas de educação e gestão ambiental. Porém, nosso trabalho é árduo, até que se consiga modificar isso. Nosso segundo passo é investir em pesquisas para podermos dosar, no sangue, o Bisfenol-A e relacioná-lo com doenças. Por meio de dados mais concretos teremos como provar e investir para que se regularize a dose mais segura para o consumo ou simplesmente conseguir retirá-lo do mercado como fizeram outros países. Nesse caso, a indústria terá que substituir a substância e encontrar alternativas. Hoje, não existe legislação e, portanto, a maioria das embalagens não reforçam essa informação. É preciso esclarecer que, embora seja difícil comprovar a relação direta entre BPA e doenças em seres humanos pela impossibilidade de experimentação, os resultados em animais e as observações populacionais sugerem fortemente a existência de efeitos indesejáveis sobre o sistema endócrino. Desta forma, a substância deve ser retirada obedecendo-se o principio da precaução, até que sua inocuidade seja comprovada. É um direito previsto no Código de Defesa do Consumidor.
Fonte: http://sbemsp.org.br/bpa/?p=490
Entre essa “população” de desreguladores endócrinos, uma tem sido a vedete das investigações científicas em animais, em vários países. Trata-se de uma substância tóxica presente há mais de 100 anos na vida das pessoas de vários cantos do planeta e hoje faz parte do modo de vida da sociedade atual.
“O Bisfenol-A é encontrado no ar que respiramos, na água que ingerimos, e nos alimentos que consumimos, pois ele se desprende dos materiais que estão acondicionados em embalagens desenvolvidas à base de policarbonato(plástico), nos enlatados revestidos de Bisfenol-A para evitar ferrugem, no momento de lavar um utensílio com a bucha da pia, além de poder ser encontrado na salivação devido o contato com as resinas dentárias, feitas à base dessa substância. Sem contar com o contato por meio de outras formas de consumo.
Esse desregulador tem sido matéria de pesquisas, no Brasil ainda embrionárias, mas avançandas. Por isso, estamos atentos ao movimento no mundo que regulamenta a retirada dessa substância das embalagens. Várias indústrias já estão retirando-a das embalagens dos produtos.”, afirma Dra. Elaine Frade Costa, endocrinologista da SBEM-SP(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo).
No Brasil, a discussão sobre o tema é embrionária por isso, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo – SBEM-SP criou a Campanha Contra os Desreguladores Endócrinos, com slogan ”Diga não ao bisfenol-A, a vida não tem plano B” para fomentar a sociedade com informações com objetivo de prevenção. Como primeira ação realizou o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania na Sede do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
Para entender melhor sobre a complexidade em especial da ação do Bisfenol-A a reportagem do Blog ouviu uma das endocrinologistas integrantes do GTDE (Grupo de Trabalho dos Desreguladores Endócrinos da SBEM-SP), Dra. Elaine Frade Costa, para entender o porque essa substância é tão nociva à saúde.
Blog – Como o desregulador endócrino, Bisfenol-A, modifica o metabolismo?
Elaine – O Bisfenol-A, em específico, funciona como um hormônio, o estrogênio e, ao entrar na corrente sanguínea, age nos tecidos, provocando alterações. Essa substância tem similaridade com o hormônio feminino e pode exercer sua função, determinando puberdade precoce, câncer de mama e infertilidade. Em animais, o BPA também causou diabetes, obesidade, alterações no comportamento, hiperatividade , de acordo com pesquisas realizadas por diversas universidades no mundo.
Blog – De que forma acontece o contato com o Bisfenol-A?
Elaine – O contato acontece de várias formas, dentre elas, pela ingestão de alimentos e pelo contato com a pele. Isso acontece porque o Bisfenol-A desprende-se facilmente passando de uma embalagem, por exemplo, para um produto alimentício.
Blog – Existe alguma regulamentação, um limite de migração de Bisfenol-A das embalagens para os alimentos ?
Elaine – A ANVISA determina que a quantidade tolerada é de 0,6 mg/kg de alimento, ou seja, o alimento pode conter até 0,6 mg de BPA por kilo. De acordo com os especialistas, ingerimos cerca de 10 microgramas de BPA por dia. Mas se consumirmos essa quantidade em cada alimento, imagine quanto não consumimos se a maioria dos produtos possui essa substância.
Blog – Quais as consequências?
Elaine – Segundo estudos realizados fora do país em animais, a presença de Bisfenol-A foi associada a uma série de doenças, dentre elas: endometriose (doença que causa infertilidade), Câncer de mama e de próstata, déficit de atenção, de memória visual e motor, diabetes, diminuição da qualidade de esperma em adultos, fibromas uterinos, gestação ectópica, hiperatividade , etc.
Blog – Como evitar a contaminação?
Elaine – A mudança de hábito é fundamental para diminuir a presença de Bisfenol-A no organismo. À princípio, evitar embalagens alimentícias à base de plástico (policarbonato) e enlatados contendo o símbolo triângulo com os números 3 e 7. É preciso reforçar também que o plástico libera mais Bisfenol-A quando aquecido ou congelado. Ou seja, apresenta maior potencial de contaminação.
Blog – Quais são as outras ações que integram essa campanha?
Elaine – A SBEM-SP busca estreitar o relacionamento com o governo para impulsionar mudanças no consumo dessa substância na sociedade. Precisamos de uma regulamentação do consumo do Bisfenol-A, a fim de promover mudanças como estão fazendo outros países. Além disso, queremos impulsionar políticas de educação e gestão ambiental. Porém, nosso trabalho é árduo, até que se consiga modificar isso. Nosso segundo passo é investir em pesquisas para podermos dosar, no sangue, o Bisfenol-A e relacioná-lo com doenças. Por meio de dados mais concretos teremos como provar e investir para que se regularize a dose mais segura para o consumo ou simplesmente conseguir retirá-lo do mercado como fizeram outros países. Nesse caso, a indústria terá que substituir a substância e encontrar alternativas. Hoje, não existe legislação e, portanto, a maioria das embalagens não reforçam essa informação. É preciso esclarecer que, embora seja difícil comprovar a relação direta entre BPA e doenças em seres humanos pela impossibilidade de experimentação, os resultados em animais e as observações populacionais sugerem fortemente a existência de efeitos indesejáveis sobre o sistema endócrino. Desta forma, a substância deve ser retirada obedecendo-se o principio da precaução, até que sua inocuidade seja comprovada. É um direito previsto no Código de Defesa do Consumidor.
Fonte: http://sbemsp.org.br/bpa/?p=490
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Metais pesados afetando a fertilidade
Cobre, chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico, níquel, ouro e outros metais pesados são as principais substâncias químicas prejudiciais à fertilidade. Pessoas que trabalham com pesticidas, radiação, gás anestésico, alguns solventes e benzeno também correm o risco de se tornarem inférteis.
Os metais pesados, de difícil eliminação pelo organismo, modificam os neurotransmissores do sistema nervoso central e alteram a liberação hipotalâmica do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas). Estas substâncias, como o mercúrio, podem ser armazenadas na glândula pituitária e afetar a produção de gonadotrofinas, hormônios que estimulam as gônadas como os ovários e testículos. Isto significa que causam modificações nas células cerebrais alterando a liberação dos hormônios responsáveis pela ovulação e produção de espermatozóides.
Na glândula adrenal, os metais pesados estão depositados no córtex rico em lipídios e causam bloqueio de várias enzimas, necessárias ao funcionamento normal do organismo, causando hiperandrogenismo (aumento dos hormônios masculinos) e síndrome do ovário policístico, especialmente o mercúrio. Hipo e hipertireoidismo (comprometimento da tireóide) também, em alguns casos, são resultados da exposição ao chumbo e cádmio. O eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano pode ser afetado por metais pesados direta ou indiretamente, o que modifica a secreção de prolactina, hormônios adrenocorticais ou tireoidianos.
No ovário, o acúmulo de metais pesados altera a produção de estradiol e progesterona. Isto pode interferir no desenvolvimento normal oocitário (óvulo) e causar alterações cromossômicas embrionárias.
A gravidez que ocorre na presença de altas concentrações de metais pesados cursam com alto risco de perdas, malformações fetais, insuficiência placentária e nascimento prematuro. A exposição ao chumbo, por exemplo, aumenta os riscos de aborto, parto prematuro (nascimento antes das 37 semanas), baixo peso ao nascer, atrasos do desenvolvimento, do comportamento e da aprendizagem na criança, devido a danos no sistema nervoso. Além disso, o chumbo é teratogênico, causa malformações congênitas no feto. Tal substância pode estar presente na água potável, pela corrosão de encanamentos, em pilhas, cerâmicas, jóias e tintas.
Mercúrio, ácido arsênico e cádmio também aumentam os riscos de aborto e natimorto (nascidos mortos). Alguns estudos mostram que o cádmio induz a formação de miomas uterinos, causa aborto e danos à placenta e reduz o peso do bebê ao nascer, além de ser teratogênico, especialmente ao sistema nervoso central.
Assim como nas mulheres, os metais pesados causam infertilidade masculina por diminuição do número de espermatozóides. No homem, a presença do chumbo pode ter, ainda, uma correlação com estrabismo na prole.
A medicina ainda não revelou um tratamento direcionado para infertilidade em pacientes que foram expostos a metais pesados, o que é comumente utilizado é o método de reprodução assistida de alta complexidade, já que pode causar alterações seminais graves, ou alterações hormonais na mulher que impedem o correto funcionamento hormonal e, consequentemente, a ovulação.
Para evitar que a fertilidade seja afetada, o ideal é que pessoas que pretendem engravidar se afastem ou tentem diminuir o contato com estas substâncias, uma vez que elas poderiam ser eliminadas lentamente pelo organismo. Nesses casos, é necessário usar equipamentos de proteção e se possível solicitar um remanejamento na atividade profissional.
Algumas pesquisas relatam que antioxidantes, como a vitamina C, E, A e zinco protegem o organismo contra os efeitos maléficos destes metais. Também como prevenção, é indicado adotar uma alimentação orgânica (cultivada sem agrotóxicos). É importante lavar exaustivamente e descascar os alimentos antes de comê-los para remover os produtos químicos agrícolas que porventura estejam presentes.
Os despejos dos resíduos industriais são as principais fontes de contaminação por metais pesados da águas dos rios. Os incineradores de lixo urbano e industrial provocam a dispersão desses metais tóxicos no ar. Chumbo é usado em áreas industriais, em tintas, impressões, galvanização e na indústria de combustível. Inseticidas contêm arsênico, utilizado no processamento de metais nas indústrias. Cádmio pode ser ingerido através de comida, como o peixe e arroz de áreas de contaminação no solo, pois é obtido nos fertilizantes de fosfato.
Existem três tipos de mercúrio: o orgânico que é derivado do peixe, frutos do mar, fungicidas, herbicidas e preservativos; inorgânicos presentes nas preparações anticépticas e dermatológicas, e o elementar, usado na produção de baterias, termômetros e tubos fluorescentes (PVC). O amálgama dentário contém 50% de mercúrio elementar, tanto que foi considerado o maior contribuinte de fardo de mercúrio no corpo humano.
O mais importante é que as pessoas mudem seus hábitos de vida ao tentar uma gravidez e procurem um especialista.
Autora: Dra. Fernanda Coimbra Miyasato é ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
Fonte: http://fertivitro.wordpress.com/2011/02/21/metais-pesados-afetam-a-fertilidade/
Os metais pesados, de difícil eliminação pelo organismo, modificam os neurotransmissores do sistema nervoso central e alteram a liberação hipotalâmica do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas). Estas substâncias, como o mercúrio, podem ser armazenadas na glândula pituitária e afetar a produção de gonadotrofinas, hormônios que estimulam as gônadas como os ovários e testículos. Isto significa que causam modificações nas células cerebrais alterando a liberação dos hormônios responsáveis pela ovulação e produção de espermatozóides.
Na glândula adrenal, os metais pesados estão depositados no córtex rico em lipídios e causam bloqueio de várias enzimas, necessárias ao funcionamento normal do organismo, causando hiperandrogenismo (aumento dos hormônios masculinos) e síndrome do ovário policístico, especialmente o mercúrio. Hipo e hipertireoidismo (comprometimento da tireóide) também, em alguns casos, são resultados da exposição ao chumbo e cádmio. O eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano pode ser afetado por metais pesados direta ou indiretamente, o que modifica a secreção de prolactina, hormônios adrenocorticais ou tireoidianos.
No ovário, o acúmulo de metais pesados altera a produção de estradiol e progesterona. Isto pode interferir no desenvolvimento normal oocitário (óvulo) e causar alterações cromossômicas embrionárias.
A gravidez que ocorre na presença de altas concentrações de metais pesados cursam com alto risco de perdas, malformações fetais, insuficiência placentária e nascimento prematuro. A exposição ao chumbo, por exemplo, aumenta os riscos de aborto, parto prematuro (nascimento antes das 37 semanas), baixo peso ao nascer, atrasos do desenvolvimento, do comportamento e da aprendizagem na criança, devido a danos no sistema nervoso. Além disso, o chumbo é teratogênico, causa malformações congênitas no feto. Tal substância pode estar presente na água potável, pela corrosão de encanamentos, em pilhas, cerâmicas, jóias e tintas.
Mercúrio, ácido arsênico e cádmio também aumentam os riscos de aborto e natimorto (nascidos mortos). Alguns estudos mostram que o cádmio induz a formação de miomas uterinos, causa aborto e danos à placenta e reduz o peso do bebê ao nascer, além de ser teratogênico, especialmente ao sistema nervoso central.
Assim como nas mulheres, os metais pesados causam infertilidade masculina por diminuição do número de espermatozóides. No homem, a presença do chumbo pode ter, ainda, uma correlação com estrabismo na prole.
A medicina ainda não revelou um tratamento direcionado para infertilidade em pacientes que foram expostos a metais pesados, o que é comumente utilizado é o método de reprodução assistida de alta complexidade, já que pode causar alterações seminais graves, ou alterações hormonais na mulher que impedem o correto funcionamento hormonal e, consequentemente, a ovulação.
Para evitar que a fertilidade seja afetada, o ideal é que pessoas que pretendem engravidar se afastem ou tentem diminuir o contato com estas substâncias, uma vez que elas poderiam ser eliminadas lentamente pelo organismo. Nesses casos, é necessário usar equipamentos de proteção e se possível solicitar um remanejamento na atividade profissional.
Algumas pesquisas relatam que antioxidantes, como a vitamina C, E, A e zinco protegem o organismo contra os efeitos maléficos destes metais. Também como prevenção, é indicado adotar uma alimentação orgânica (cultivada sem agrotóxicos). É importante lavar exaustivamente e descascar os alimentos antes de comê-los para remover os produtos químicos agrícolas que porventura estejam presentes.
Os despejos dos resíduos industriais são as principais fontes de contaminação por metais pesados da águas dos rios. Os incineradores de lixo urbano e industrial provocam a dispersão desses metais tóxicos no ar. Chumbo é usado em áreas industriais, em tintas, impressões, galvanização e na indústria de combustível. Inseticidas contêm arsênico, utilizado no processamento de metais nas indústrias. Cádmio pode ser ingerido através de comida, como o peixe e arroz de áreas de contaminação no solo, pois é obtido nos fertilizantes de fosfato.
Existem três tipos de mercúrio: o orgânico que é derivado do peixe, frutos do mar, fungicidas, herbicidas e preservativos; inorgânicos presentes nas preparações anticépticas e dermatológicas, e o elementar, usado na produção de baterias, termômetros e tubos fluorescentes (PVC). O amálgama dentário contém 50% de mercúrio elementar, tanto que foi considerado o maior contribuinte de fardo de mercúrio no corpo humano.
O mais importante é que as pessoas mudem seus hábitos de vida ao tentar uma gravidez e procurem um especialista.
Autora: Dra. Fernanda Coimbra Miyasato é ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
Fonte: http://fertivitro.wordpress.com/2011/02/21/metais-pesados-afetam-a-fertilidade/
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Portugal proíbe o uso do bisfenol na produção de mamadeiras
Portugal também adere à proibição do bisfenol A (BPA) na fabricação de mamadeiras de plástico.
A medida foi aprovada nesta quinta-feira em Conselho de Ministros em Portugal, ao abrigo de um decreto-Lei que transpõe uma diretiva europeia, que tem por objetivo proteger a saúde das crianças, principal alvo de contaminação da substância.
Na nota, o Executivo esclarece que a decisão de proibir o uso do bisfenol A na fabricação desses utensílios, surge da necessidade de “reduzir, por razões de saúde, a exposição dos lactentes a essa substância, transpondo uma diretiva comunitária sobre a matéria”.
A proibição deverá ser mantida como medida preventiva, pelo menos, até que estejam disponíveis novos dados “científicos que esclareçam sobre a importância toxicológica de alguns dos efeitos da utilização de BPA na fabricação e a colocação no mercado de mamadeiras”, refere o comunicado.
O BPA é utilizado para produzir plásticos de policarbonato usado em mamadeiras. A razão para a sua proibição prende-se com o fato de estudos terem comprovado que quando as mamadeiras são aquecidas em certas condições, pequenas quantidades dessa substância podem migrar dos recipientes para os alimentos e bebidas a ser ingeridas.
A medida foi aprovada nesta quinta-feira em Conselho de Ministros em Portugal, ao abrigo de um decreto-Lei que transpõe uma diretiva europeia, que tem por objetivo proteger a saúde das crianças, principal alvo de contaminação da substância.
Na nota, o Executivo esclarece que a decisão de proibir o uso do bisfenol A na fabricação desses utensílios, surge da necessidade de “reduzir, por razões de saúde, a exposição dos lactentes a essa substância, transpondo uma diretiva comunitária sobre a matéria”.
A proibição deverá ser mantida como medida preventiva, pelo menos, até que estejam disponíveis novos dados “científicos que esclareçam sobre a importância toxicológica de alguns dos efeitos da utilização de BPA na fabricação e a colocação no mercado de mamadeiras”, refere o comunicado.
O BPA é utilizado para produzir plásticos de policarbonato usado em mamadeiras. A razão para a sua proibição prende-se com o fato de estudos terem comprovado que quando as mamadeiras são aquecidas em certas condições, pequenas quantidades dessa substância podem migrar dos recipientes para os alimentos e bebidas a ser ingeridas.
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Brasil registra aumento de transgênicos e agrotóxicos nas lavouras
De acordo com levantamento da consultoria Céleres, três variedades de sementes geneticamente modificadas – conhecidas como transgênicas – ocuparam mais de 25 milhões de hectares na safra brasileira 2010 /2011. Este número representa 67% da área plantada com soja, milho e algodão – únicas commodities do Brasil em que a modificação pode ser utilizada. No total, foram plantados mais de 37 milhões de hectares das três variedades.
A soja conta com a maior área plantada. Dos quase 24 milhões de hectares, 75% são transgênicos. O milho fica em segundo lugar. Dos 5,30 milhões de hectares, pouco mais de 4 milhões são de produção transgênica. Já o algodão ocupou 25,7% da área destinada a cultura.
O aumento das áreas cultivadas explica o crescimento no uso de agrotóxicos. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no primeiro semestre deste ano foram vendidas 8,6 milhões toneladas de fertilizantes. Um aumento de 5% se comparado ao mesmo período do último ano. De acordo com a integrante da organização Terra de Direitos, Larissa Packer, o uso de fertilizantes aumentou significativamente depois que os transgênicos entraram nas lavouras brasileiras.
“Os campos cultivados de soja e de milho, por exemplo, têm uma determinada semente que é viciada em determinado agrotóxico. Os agricultores não encontram outras sementes e agrotóxicos disponíveis e, com essa compra do pacote tecnológico, é a população quem sofre pela redução de seu padrão alimentar.”
De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 15% dos alimentos consumidos pelos brasileiros apresentam taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil é o principal destino de agrotóxicos proibidos no exterior. Dez variedades vendidas livremente aos agricultores não circulam na União Europeia e Estados Unidos.
Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2011/01/04/brasil-registra-aumento-de-transgenicos-e-agrotoxicos-nas-lavouras/
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Dr. Frederico Lobo
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Transgênicos
Cáritas lamenta que persista mito de produtividade ligada a agrotóxico
Luiz Cláudio Mandela, coordenador da Cáritas brasileira, entende que as recentes confirmações do excessivo uso de agrotóxico no Brasil demonstram que o país não superou o mito de que tais substâncias são fundamentais para garantir uma boa produção. Reportagem de João Peres, Rede Brasil Atual.
Pesquisa divulgada em janeiro pelo Ibama mostra que 88% dos agrotóxicos consumidos no país têm as classificações “altamente perigoso”, “muito perigoso” e “perigoso”. O instituto, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, entende que a demanda por produtividade é a principal responsável pelo aumento da aplicação destas substâncias, nas quais o Brasil é líder mundial. O aumento das áreas cultivadas de soja e milho, por exemplo, força a uma ampliação do uso.
Mandela acredita que não foi superada a ideia criada durante a chamada Revolução Verde, das décadas de 1960 e 1970, que pregava a mecanização e o uso de defensivos agrícolas para assegurar a produção de alimentos em quantidade suficiente para abastecer o mercado mundial. O ativista entende que a agricultura familiar tem desmentido essa tese. “A perspectiva agroecológica deve ser a base para a constituição de uma política de segurança nutricional e alimentar para o Brasil”, adverte.
A afirmação é reforçada pelos dados do Censo Agropecuário do IBGE, referência no setor. Pela primeira vez, o levantamento dedicou espaço exclusivo à agricultura familiar. As unidades menores foram responsáveis, em 2006, por 87% da produção de mandioca, 70% da produção de feijão e 46% da de milho, apesar de ocupar apenas 24% da área dos estabelecimentos agropecuários brasileiros e de aplicarem quantidade muito menor de agrotóxico.
Mandela avalia que o uso de sementes modificadas geneticamente também está por trás do aumento da aplicação destas substâncias. Inicialmente, os transgênicos prometiam entregar maior produtividade com menos uso de defensivos agrícolas. Mas, com o passar dos anos, à medida em que aumenta a área cultivada com transgênicos no Brasil, a aplicação de herbicidas e inseticidas cresce fortemente.
“Para que uma mesma semente consiga produzir em alta escala em qualquer bioma, cria-se a necessidade de atuar também no solo. Também há a introdução de novos agroquímicos para dar conta de fungos e insetos daquele meio em que uma semente exótica está sendo introduzida.”
Restrições
No Brasil, a venda de agrotóxicos está regida por um receituário parecido ao de medicamentos. Decreto presidencial de janeiro de 2002 estabelece que a receita, em duas vias, deve conter nome do usuário e da propriedade, diagnóstico e uma extensa recomendação técnica. Para o Ibama, esse é um dos pontos em que ainda há falhas.
“Temos com os agrotóxicos uma situação similar à que vemos com a automedicação. Com o agrotóxico, tem gente que consome sem a especificação correta, sem a indicação do técnico responsável”, avalia Márcio Freitas, coordenador geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do instituto.
Ele pensa que o processo de liberação de novas substâncias e de revisão do uso das já liberadas é comparável ao dos países desenvolvidos. A Agricultura faz a avaliação da eficácia do produto. A Saúde, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), analisa os riscos à saúde humana. E o Meio Ambiente, com o trabalho do Ibama, estuda os impactos da substância na natureza.
A recente suspensão de várias substâncias devido aos riscos que implicavam ao meio ambiente ou à saúde humana levantou diversos protestos. Os representantes do agronegócio no Congresso e as empresas do setor defendem que apenas o Ministério da Agricultura deveria fazer a avaliação dos agrotóxicos e reclamam de rigor excessivo da Anvisa, contestada em diversas ações judiciais. “O poder do agronegócio é muito forte. Tem uma capacidade de regeneração e de reorganização de sua estrutura, e de enraizamento nos vários setores públicos, que não pode ser menosprezada”, afirma Mandela
Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2011/02/17/caritas-lamenta-que-persista-mito-de-produtividade-ligada-a-agrotoxico/
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Alimentação à base de fibras reduz risco de morte em 22%, diz estudo
Comer bastante fibra ajuda a prevenir contra doenças cardiovasculares, infecciosas e respiratórias, reduzindo, desta forma, o risco total de morte em até 22%. Esses são os resultados preliminares de um estudo feito nos Estados Unidos e que será divulgado na revista da Associação Médica Americana.
Pesquisadores americanos do Instituto Nacional do Câncer avaliaram informações sobre 219.123 homens e 168.999 mulheres, que responderam um questionário sobre alimentação no início do acompanhamento, entre 1995 e 1996, e foram reavaliados nove anos depois. Nesse tempo, morreram 20.126 homens e 11.330 mulheres.
As fibras são nutrientes que não são digeridos pelo organismo e que não possuem calorias. Elas são encontradas em nozes, legumes, cereais integrais, farelos, pão integral, frutas e vegetais. De acordo com Yikyung Park, um dos autores do estudo, o consumo diário de fibras pelos participantes do estudo variou entre 13 g a 29 g para os homens, e 11 g a 26 g para as mulheres.
Os resultados mostraram que os que consumiram mais fibras (20% entre todos os voluntários) tiveram um risco de morte 22% menor na comparação com aqueles que comiam menos o nutriente.
Os pesquisadores afirmam que uma série de estudos já vem demonstrando os benefícios das fibras contra doenças cardíacas, câncer, diabetes e obesidade. Segundo Park, a fibra auxilia na digestão, reduz o nível de colesterol, melhora os níveis de glicose e da pressão, diminui inflamações, entre outros benefícios.
O recente estudo americano demonstrou ainda que o risco de desenvolver uma doença cardiovascular, infecciosa ou respiratória, entre aqueles que consumiram a maior quantidade de fibras, diminuiu de 24% a 56% nos homens, e de 34% a 59% nas mulheres.
- Uma dieta rica em fibra alimentar pode proporcionar benefícios significativos para a saúde.
Fonte: http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=9999
Pesquisadores americanos do Instituto Nacional do Câncer avaliaram informações sobre 219.123 homens e 168.999 mulheres, que responderam um questionário sobre alimentação no início do acompanhamento, entre 1995 e 1996, e foram reavaliados nove anos depois. Nesse tempo, morreram 20.126 homens e 11.330 mulheres.
As fibras são nutrientes que não são digeridos pelo organismo e que não possuem calorias. Elas são encontradas em nozes, legumes, cereais integrais, farelos, pão integral, frutas e vegetais. De acordo com Yikyung Park, um dos autores do estudo, o consumo diário de fibras pelos participantes do estudo variou entre 13 g a 29 g para os homens, e 11 g a 26 g para as mulheres.
Os resultados mostraram que os que consumiram mais fibras (20% entre todos os voluntários) tiveram um risco de morte 22% menor na comparação com aqueles que comiam menos o nutriente.
Os pesquisadores afirmam que uma série de estudos já vem demonstrando os benefícios das fibras contra doenças cardíacas, câncer, diabetes e obesidade. Segundo Park, a fibra auxilia na digestão, reduz o nível de colesterol, melhora os níveis de glicose e da pressão, diminui inflamações, entre outros benefícios.
O recente estudo americano demonstrou ainda que o risco de desenvolver uma doença cardiovascular, infecciosa ou respiratória, entre aqueles que consumiram a maior quantidade de fibras, diminuiu de 24% a 56% nos homens, e de 34% a 59% nas mulheres.
- Uma dieta rica em fibra alimentar pode proporcionar benefícios significativos para a saúde.
Fonte: http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=9999
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Que exames ginecológicos a mulher deve fazer a cada idade?
Durante a infância, há algum exame específico que as meninas devem fazer?
Durante a infância, as meninas são acompanhadas pelos médicos pediatras, porém no momento da telarca (aparecimento das mamas), que ocorre entre 8 e 10 anos de idade, elas podem ser consultadas por um ginecologista.
A partir de quantos anos uma adolescente deve ir ao ginecologista?
Adolescência é um período da vida que se estende dos 10 aos 20 anos de idade e a consulta com um ginecologista poderá ser feita se a adolescente quiser, desejar, planejar o início da atividade sexual ou já tê-la iniciado. É interessante também que a adolescente acompanhe sua mãe para que desmistifique a consulta com o ginecologista.
Uma adolescente precisa fazer exames ginecológicos?
O exame ginecológico da adolescente dependerá da história clínica e de suas queixas. Se já iniciou atividade sexual, é necessário o exame de prevenção do câncer do colo do útero (Papanicolaou), que será iniciado 2 (dois) anos após a data da primeira relação sexual.
Dos 20 aos 30 anos, que exames uma mulher deve fazer?
Dos 20 aos 30 anos, deve ser feito o exame ginecológico clínico com:
1) exames das mamas
2) exame especular (com aparelhinho)
3) toque vaginal
4) Papanicolau.
E dos 30 aos 50?
Aos 35 anos poderá ser feita a primeira mamografia, de acordo com o NIH – National Institute of Health, e a seguir aos 40 anos.
E dos 40 aos 50?
Após os 40 anos, as mamografias poderão ser feitas a cada 2 anos.
E dos 50 em diante?
Após os 50 anos de idade ou quando a paciente estiver na menopausa, poderá fazer densitometria óssea para verificar a presença de osteoporose, além da mamografia anual e da citologia oncótica (Papanicolaou). Ultrassonografia para controle do endométrio (membrana de dentro do útero) e dos ovários deverá ser feita. Sempre o exame clínico com palpação da tireoide e mamas deve complementar o restante do exame ginecológico, além da medida da pressão arterial. Também nessa ocasião poderá ser feito exame para prevenção de câncer de intestino (colonoscopia) ou ser orientada a procurar o médico especialista de intestino (proctologista), que orientará quanto a esse exame.
No caso de haver casos de câncer de mama na família, uma mulher precisa fazer os exames preventivos com mais frequência do que as outras mulheres? E deve começar a fazer a mamografia mais cedo? Com qual idade?
Caso haja câncer de mama na família, a idade da primeira mamografia deverá ser aquela 10 (dez) anos antes da idade em que a parente apresentou o câncer. Por exemplo, se foi aos 45 anos de idade, a primeira mamografia será aos 35 anos de idade e depois aos 40 anos, de rotina.
E quando houver outros casos de câncer? A mulher deve ter um acompanhamento mais frequente?
Câncer de colo do útero é de prevenção rotineira.
Câncer de dentro do útero (endométrio) e câncer de ovários poderão ter seu diagnóstico precoce pela ultrassonografia endovaginal, da região púbica (porém a história com sintomas e exame ginecológico continuam sendo os mais importantes).
O câncer de vulva é diagnosticado precocemente pelo exame da região vulvar, às vezes até pela própria paciente, que pode se autoexaminar, usando um espelho.
Autora: Dra. Lana Maria de Aguiar é doutora e pós-doutora em Obstetrícia e Ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Fonte: http://idmed.uol.com.br/mulher/que-exames-ginecologicos-a-mulher-deve-fazer-a-cada-idade.html?utm_medium=twitter&utm_source=twitterfeed
Durante a infância, as meninas são acompanhadas pelos médicos pediatras, porém no momento da telarca (aparecimento das mamas), que ocorre entre 8 e 10 anos de idade, elas podem ser consultadas por um ginecologista.
A partir de quantos anos uma adolescente deve ir ao ginecologista?
Adolescência é um período da vida que se estende dos 10 aos 20 anos de idade e a consulta com um ginecologista poderá ser feita se a adolescente quiser, desejar, planejar o início da atividade sexual ou já tê-la iniciado. É interessante também que a adolescente acompanhe sua mãe para que desmistifique a consulta com o ginecologista.
Uma adolescente precisa fazer exames ginecológicos?
O exame ginecológico da adolescente dependerá da história clínica e de suas queixas. Se já iniciou atividade sexual, é necessário o exame de prevenção do câncer do colo do útero (Papanicolaou), que será iniciado 2 (dois) anos após a data da primeira relação sexual.
Dos 20 aos 30 anos, que exames uma mulher deve fazer?
Dos 20 aos 30 anos, deve ser feito o exame ginecológico clínico com:
1) exames das mamas
2) exame especular (com aparelhinho)
3) toque vaginal
4) Papanicolau.
E dos 30 aos 50?
Aos 35 anos poderá ser feita a primeira mamografia, de acordo com o NIH – National Institute of Health, e a seguir aos 40 anos.
E dos 40 aos 50?
Após os 40 anos, as mamografias poderão ser feitas a cada 2 anos.
E dos 50 em diante?
Após os 50 anos de idade ou quando a paciente estiver na menopausa, poderá fazer densitometria óssea para verificar a presença de osteoporose, além da mamografia anual e da citologia oncótica (Papanicolaou). Ultrassonografia para controle do endométrio (membrana de dentro do útero) e dos ovários deverá ser feita. Sempre o exame clínico com palpação da tireoide e mamas deve complementar o restante do exame ginecológico, além da medida da pressão arterial. Também nessa ocasião poderá ser feito exame para prevenção de câncer de intestino (colonoscopia) ou ser orientada a procurar o médico especialista de intestino (proctologista), que orientará quanto a esse exame.
No caso de haver casos de câncer de mama na família, uma mulher precisa fazer os exames preventivos com mais frequência do que as outras mulheres? E deve começar a fazer a mamografia mais cedo? Com qual idade?
Caso haja câncer de mama na família, a idade da primeira mamografia deverá ser aquela 10 (dez) anos antes da idade em que a parente apresentou o câncer. Por exemplo, se foi aos 45 anos de idade, a primeira mamografia será aos 35 anos de idade e depois aos 40 anos, de rotina.
E quando houver outros casos de câncer? A mulher deve ter um acompanhamento mais frequente?
Câncer de colo do útero é de prevenção rotineira.
Câncer de dentro do útero (endométrio) e câncer de ovários poderão ter seu diagnóstico precoce pela ultrassonografia endovaginal, da região púbica (porém a história com sintomas e exame ginecológico continuam sendo os mais importantes).
O câncer de vulva é diagnosticado precocemente pelo exame da região vulvar, às vezes até pela própria paciente, que pode se autoexaminar, usando um espelho.
Autora: Dra. Lana Maria de Aguiar é doutora e pós-doutora em Obstetrícia e Ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Fonte: http://idmed.uol.com.br/mulher/que-exames-ginecologicos-a-mulher-deve-fazer-a-cada-idade.html?utm_medium=twitter&utm_source=twitterfeed
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Dr. Frederico Lobo
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exames ginecológicos
Dieta é eficaz no tratamento do Déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)
Pesquisadores holandeses publicaram na revista “The Lancet” um estudo que observou efeitos benéficos do tratamento nutricional, através da ingestão de alimentos hipoalérgicos em crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
O objetivo primário do estudo foi investigar o impacto do tratamento nutricional, através da restrição de alimentos e compostos que influenciam no TDAH, como aditivos alimentares, corantes artificiais e aromatizantes, emulsificantes, nitratos e sulfitos, entre outros. Já o objetivo secundário foi analisar o papel da alergia alimentar na indução do transtorno.
Trata-se de um estudo randomizado, controlado, dividido em duas fases. A primeira fase consistiu no recrutamento de crianças de 4-8 anos (n = 100) diagnosticadas com TDAH, em que foram divididas em dois grupos, durante cinco semanas, à dieta com restrição à determinados alimentos (grupo dieta de eliminação, n = 50) ou dieta geral com recomendações de hábitos saudáveis (grupo controle, n = 50).
A dieta de eliminação foi baseada segundo a proposta de Hill e Taylor (2001) que consiste em número limitado de alimentos hipoalergênicos, como o arroz, peru, cordeiro, legumes e verduras (alface, cenoura, couve-flor, repolho e beterraba), pêras e água. Todos os outros alimentos foram proibidos, sendo os demais legumes, frutas e carnes permitidos apenas sob supervisão. O cálcio foi fornecido diariamente através de bebidas não lácteas com adição de cálcio. O objetivo foi de propor uma dieta de eliminação tão abrangente quanto possível para cada criança, a fim de tornar a intervenção mais viável.
As crianças que apresentaram melhorias clínicas quando submetidas à dieta de restrição (melhora de pelo menos 40% na escala de classificação da doença) prosseguiram para a segunda fase do estudo. Os alimentos que estimulam a síntese de IgG (imunoglobulina G) e alimentos que não estimulam IgG (classificados em de acordo com a resposta individual da criança, através de testes no sangue), foram adicionados à dieta para avaliar o efeito da hipersensibilidade alimentar mediada por IgG (ativada principalmente na presença de antígenos e toxinas).
Entre o início e o final da primeira fase, o grupo da dieta de eliminação melhorou em 23,7% o escore para classificação do TDAH em relação ao grupo controle (p < 0,0001). A pontuação total das crianças submetidas à dieta de eliminação que continuaram até o final da segunda fase diminuiu em 20,8% (p <0,0001), em relação ao grupo controle, em que a pontuação foi aumentada de acordo com os sintomas da doença.
No entanto, na segunda fase, em que as crianças foram avaliadas de acordo com a ingestão de alimentos capazes de ativar ou não IgG, a recidiva dos sintomas de TDAH ocorreu em 19 das 30 (63%) crianças, independente dos níveis de IgG no sangue.
“A dieta de eliminação rigorosamente supervisionada é um valioso instrumento para avaliar se o TDAH é induzido por alimentos. No entando, a prescrição de dietas com base em exames de sangue IgG deve ser desencorajado, pois não houve diferença na recidiva dos sintomas entre os alimentos que aumentam ou não IgG no sangue”, comentam os pesquisadores.
“Portanto, nosso estudo mostra efeitos consideráveis de uma dieta de eliminação de alimentos envolvidos no desenvolvimento TDAH. Assim, postulamos que a intervenção nutricional deve ser considerada em todas as crianças com TDAH, desde que os pais estejam dispostos a seguir uma dieta restrita, e desde que seja feita sob supervisão de especialistas para evitar o desequilíbrio nutricional”, concluem.
Artigo:
Título: Effects of a restricted elimination diet on the behaviour of children with attention-deficit hyperactivity disorder (INCA study): a randomised controlled trial.
Autores: Pelsser LM, Frankena K, Toorman J, Savelkoul HF, Dubois AE, Pereira RR, et al
Periódico: Lancet.
Vol: 377
Data: Fev/2011.
Fonte: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/?acao=bu&id=489
O objetivo primário do estudo foi investigar o impacto do tratamento nutricional, através da restrição de alimentos e compostos que influenciam no TDAH, como aditivos alimentares, corantes artificiais e aromatizantes, emulsificantes, nitratos e sulfitos, entre outros. Já o objetivo secundário foi analisar o papel da alergia alimentar na indução do transtorno.
Trata-se de um estudo randomizado, controlado, dividido em duas fases. A primeira fase consistiu no recrutamento de crianças de 4-8 anos (n = 100) diagnosticadas com TDAH, em que foram divididas em dois grupos, durante cinco semanas, à dieta com restrição à determinados alimentos (grupo dieta de eliminação, n = 50) ou dieta geral com recomendações de hábitos saudáveis (grupo controle, n = 50).
A dieta de eliminação foi baseada segundo a proposta de Hill e Taylor (2001) que consiste em número limitado de alimentos hipoalergênicos, como o arroz, peru, cordeiro, legumes e verduras (alface, cenoura, couve-flor, repolho e beterraba), pêras e água. Todos os outros alimentos foram proibidos, sendo os demais legumes, frutas e carnes permitidos apenas sob supervisão. O cálcio foi fornecido diariamente através de bebidas não lácteas com adição de cálcio. O objetivo foi de propor uma dieta de eliminação tão abrangente quanto possível para cada criança, a fim de tornar a intervenção mais viável.
As crianças que apresentaram melhorias clínicas quando submetidas à dieta de restrição (melhora de pelo menos 40% na escala de classificação da doença) prosseguiram para a segunda fase do estudo. Os alimentos que estimulam a síntese de IgG (imunoglobulina G) e alimentos que não estimulam IgG (classificados em de acordo com a resposta individual da criança, através de testes no sangue), foram adicionados à dieta para avaliar o efeito da hipersensibilidade alimentar mediada por IgG (ativada principalmente na presença de antígenos e toxinas).
Entre o início e o final da primeira fase, o grupo da dieta de eliminação melhorou em 23,7% o escore para classificação do TDAH em relação ao grupo controle (p < 0,0001). A pontuação total das crianças submetidas à dieta de eliminação que continuaram até o final da segunda fase diminuiu em 20,8% (p <0,0001), em relação ao grupo controle, em que a pontuação foi aumentada de acordo com os sintomas da doença.
No entanto, na segunda fase, em que as crianças foram avaliadas de acordo com a ingestão de alimentos capazes de ativar ou não IgG, a recidiva dos sintomas de TDAH ocorreu em 19 das 30 (63%) crianças, independente dos níveis de IgG no sangue.
“A dieta de eliminação rigorosamente supervisionada é um valioso instrumento para avaliar se o TDAH é induzido por alimentos. No entando, a prescrição de dietas com base em exames de sangue IgG deve ser desencorajado, pois não houve diferença na recidiva dos sintomas entre os alimentos que aumentam ou não IgG no sangue”, comentam os pesquisadores.
“Portanto, nosso estudo mostra efeitos consideráveis de uma dieta de eliminação de alimentos envolvidos no desenvolvimento TDAH. Assim, postulamos que a intervenção nutricional deve ser considerada em todas as crianças com TDAH, desde que os pais estejam dispostos a seguir uma dieta restrita, e desde que seja feita sob supervisão de especialistas para evitar o desequilíbrio nutricional”, concluem.
Artigo:
Título: Effects of a restricted elimination diet on the behaviour of children with attention-deficit hyperactivity disorder (INCA study): a randomised controlled trial.
Autores: Pelsser LM, Frankena K, Toorman J, Savelkoul HF, Dubois AE, Pereira RR, et al
Periódico: Lancet.
Vol: 377
Data: Fev/2011.
Fonte: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/?acao=bu&id=489
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Dr. Frederico Lobo
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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Métodos de pesquisa subestimam contaminação química das embalagens de alimentos
De acordo com nova pesquisa, materiais que entram em contato com alimentos são uma fonte subestimada de contaminantes químicos
Um estudo publicado essa semana na revista científica Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology concluiu que a exposição à substâncias tóxicas que migram para os alimentos de populações inteiras foi subestimada. O estudo denominado Químicos Desreguladores Endócrinos e outras substâncias preocupantes que entram em contato com alimentos: Uma análise atualizada da exposição, efeito e avaliação de risco questiona a precisão de métodos usados para medir o desprendimento das substâncias que compõem as embalagens e sugere ainda que a exposição de crianças não é sempre estimada realisticamente. De acordo com os pesquisadores, liderados por Jane Muncke, os efeitos de contaminantes químicos devem ser avaliados não só de acordo com os critérios atuais, mas também a desregulação endócrina, mix de contaminantes e desenvolvimento da toxicidade.
Jane afirmou que a avaliação de exposição de químicos que se desprendem de embalagens é estimada com uma incerteza aparente. “Dada a natureza complexa dos polímeros modernos, não é sempre possível saber quais substâncias foram incorporadas no material plástico que poderiam migrar para o alimento”, explica. Ela disse também que testes atuais da maneira que são feitos podem subestimar ou superestimar os níveis de exposição.
O estudo também demonstra preocupação com as análises atuais que somente avaliam monômeros e aditivos individualmente ao invés de questionarem todo o processo de migração. Ao considerar a tinta e adesivos de embalagens “pode se dizer que atualmente não há uma avaliação sistemática de tudo o que migra da embalagem para o alimento e que pode ser tóxico”, diz Jane.
A exposição de crianças está subestimada?
Jane diz que a exposição de crianças com contaminantes pode ser maior do que se acredita já que o montante de comida que elas consomem que é afetada pela migração de químicos tóxicos é muito maior do que as estimativas atuais. Um estudo britânico revelou que crianças consomem em média 1.6 vezes mais comida que teve contato com embalagens plásticas do que a abordagem de estimativa da União Europeia prevê.
Além disso, os pequenos pacotes que crianças compram na maioria das vezes possuem uma superfície maior em relação ao volume e por isso uma maior migração de por kg de alimento. Esses fatores podem significar que crianças estão sendo expostas a níveis de contaminantes maiores do que os considerados seguros atualmente.
Texto originalmente publicado nosite Food Production Daily – www.foodproductiondaily.com/Quality-Safety/Current-approaches-underestimate-contaminant-exposure-from-FCMs-study em 09 de fevereiro de 2011.
Por Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do site Tao do Consumo.
Um estudo publicado essa semana na revista científica Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology concluiu que a exposição à substâncias tóxicas que migram para os alimentos de populações inteiras foi subestimada. O estudo denominado Químicos Desreguladores Endócrinos e outras substâncias preocupantes que entram em contato com alimentos: Uma análise atualizada da exposição, efeito e avaliação de risco questiona a precisão de métodos usados para medir o desprendimento das substâncias que compõem as embalagens e sugere ainda que a exposição de crianças não é sempre estimada realisticamente. De acordo com os pesquisadores, liderados por Jane Muncke, os efeitos de contaminantes químicos devem ser avaliados não só de acordo com os critérios atuais, mas também a desregulação endócrina, mix de contaminantes e desenvolvimento da toxicidade.
Jane afirmou que a avaliação de exposição de químicos que se desprendem de embalagens é estimada com uma incerteza aparente. “Dada a natureza complexa dos polímeros modernos, não é sempre possível saber quais substâncias foram incorporadas no material plástico que poderiam migrar para o alimento”, explica. Ela disse também que testes atuais da maneira que são feitos podem subestimar ou superestimar os níveis de exposição.
O estudo também demonstra preocupação com as análises atuais que somente avaliam monômeros e aditivos individualmente ao invés de questionarem todo o processo de migração. Ao considerar a tinta e adesivos de embalagens “pode se dizer que atualmente não há uma avaliação sistemática de tudo o que migra da embalagem para o alimento e que pode ser tóxico”, diz Jane.
A exposição de crianças está subestimada?
Jane diz que a exposição de crianças com contaminantes pode ser maior do que se acredita já que o montante de comida que elas consomem que é afetada pela migração de químicos tóxicos é muito maior do que as estimativas atuais. Um estudo britânico revelou que crianças consomem em média 1.6 vezes mais comida que teve contato com embalagens plásticas do que a abordagem de estimativa da União Europeia prevê.
Além disso, os pequenos pacotes que crianças compram na maioria das vezes possuem uma superfície maior em relação ao volume e por isso uma maior migração de por kg de alimento. Esses fatores podem significar que crianças estão sendo expostas a níveis de contaminantes maiores do que os considerados seguros atualmente.
Texto originalmente publicado nosite Food Production Daily – www.foodproductiondaily.com/Quality-Safety/Current-approaches-underestimate-contaminant-exposure-from-FCMs-study em 09 de fevereiro de 2011.
Por Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do site Tao do Consumo.
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Dr. Frederico Lobo
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contaminação de alimentos
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Comunidade usa água contaminada por agrotóxicos no interior do Ceará
Incolor, inodora, insípida. Assim é a água que a comunidade de Tomé, no alto da Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte (a 198 km de Fortaleza), recebe nas torneiras de todas as suas casas. Contudo, ao analisar 46 amostras dessa água retiradas de diferentes pontos de distribuição, um estudo da Faculdade de Medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará) constatou que em todas há resquícios de diferentes tipos de defensivos agrícolas, o que faz dessa água uma ameaça à saúde de todos que a ingerem.
Supostamente por denunciar esse fato, o líder comunitário José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, foi morto com 19 tiros em abril do ano passado, crime até hoje impune. E agora, o Ministério Público do Estado do Ceará ingressou na Justiça uma ação civil pública para pedir a suspensão imediata da entrega dessa água aos moradores do local e sua substituição por água potável, própria para o consumo, nem que seja por carros-pipa.
A água, distribuída pelo SAAE (Sistema Autônomo de Água e Esgoto) de Limoeiro do Norte, é retirada de canais do projeto de irrigação Jaguaribe-Apodi, do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas). Nesse projeto, estão instaladas empresas nacionais e multinacionais que produzem frutas e grãos e que pulverizam agrotóxicos nas plantações, tanto com o auxílio de tratores como de aviões. Da mesma forma que atingem as lavouras, esses defensivos caem na água, que corre a céu aberto entre os lotes irrigados, até chegar nas casas das famílias de Tomé.
A água é cobrada regularmente pelo SAAE. “Em síntese, o SAAE de Limoeiro do Norte cobra pelo serviço de fornecimento de água, o qual vem prestando de forma absolutamente ineficiente, pois fornece água imprópria ao consumo humano aos consumidores residentes na comunidade do Tomé”, diz a ação civil pública assinada pela promotora Bianca Leal Mello da Silva Sampaio.
A permissão para o uso da água é dada pela Fapija (Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi), que, em troca, recebe do SAAE o equivalente aos custos da energia elétrica do projeto de irrigação, cerca de R$ 350 mil por mês. Apesar de fornecer a água, o próprio presidente da Fapija, Raimundo César dos Santos, não garante que ela é potável. “Essa é uma água de uso exclusivo para irrigação. A gente não se responsabiliza por ela”, afirmou, minimizando, em seguida, o tom de alerta da própria fala. “Fizemos um estudo de R$ 1.500 nessa água e não encontramos nada de errado. E lá está disponível para qualquer cidadão atestar isso também.”
Em frente a um das piscinas do projeto que funcionam como reservatório, porém, a própria entidade mandou instalar placas com os seguintes dizeres: “Atenção, água não potável” e “Atenção, proibido banho e pesca”.
Santos justifica a permissão para o uso da água para abastecimento humano como uma forma de viabilizar o uso da energia elétrica para o bombeamento para irrigação. “Estamos no alto da Chapada do Apodi, a 110 metros de altitude, e toda a água que passa pelos 40 quilômetros de canais precisa ser bombeada o tempo todo. São 4.800 metros cúbicos de água por hora e sete bombas. Se não for assim, não dá para ter plantação de nada”, afirmou.
Danos à saúde
O estudo do grupo Tramas, da Faculdade de Medicina da UFC, constatou a presença de 22 princípios ativos de agrotóxicos na água consumida pela comunidade de Tomé, assim como em outras quatro localizadades. Entre os defensivos há inseticidas, fungicidas, herbicidas e acaricidas. Eles são usados, segundo o geógrafo Diego Gadelha, do curso de Saneamento Ambiental do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), especialmente para combater uma praga das plantações de banana, a sigatoka-amarela, um fungo que aparece nos bananais em períodos chuvosos, por causa da umidade.
Quando há pulverização aérea, o veneno não atinge só a água. As casas dos moradores da região também são afetadas, além dos próprios moradores. A pulverização com trator também não evita estragos. “Há um estudo da Cogerh (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará) que mostra que água subterrânea, de poços, também está contaminada. Com isso, os animais, os alimentos, as pessoas, tudo está sendo atingido. E os danos vão aparecer principalmente a longo prazo, já que o veneno fica se acumulando no organismo”, disse.
Para alguns que trabalham na agricultura, os sintomas, porém, já são visíveis. Pelo menos 17 pessoas na comunidade tiveram câncer, doença que pode estar relacionada à exposição prolongada aos agrotóxicos. Outros apresentaram doenças como dermatites, desregulação hormonal, dificuldades respiratórias e insuficiência do fígado e dos rins. Um agricultor de 29 anos morreu por uma doença crônica no fígado. Em todos esses casos, percebeu-se a influência de substâncias usadas nos defensivos agrícolas.
Depois da morte de Zé Maria com 19 tiros, bem na época em que foi divulgado o estudo da UFC comprovando a existência de agrotóxicos na água entregue no Tomé, a população dali – cerca de 2.000 pessoas - ficou assustada. Ainda assim, todo dia 21, data em que o líder da comunidade foi morto, acontece uma manifestação na região.
A constatação de que a água está imprópria para o consumo humano, porém, não fez com que a maioria parasse de usá-la. “Há uns três meses, a prefeitura começou a mandar água em carros-pipa para abastecer caixas d'água da localidade. Só que, aos poucos, como não é nada simples sair de casa com o balde para buscar água, as pessoas voltaram a usar a da torneira. E a própria prefeitura, há um mês, deixou de abastecer de novo os reservatórios com água potável”, disse o geógrafo Gadelha. “Como os problemas não surgem do dia para a noite, todos vão usando”, completou.
Para o presidente do SAAE, Antônio Mauro da Costa, as pessoas querem a água ali, e não há agora outra forma de levar se não retirando do projeto de irrigação. A única alternativa seria a construção de uma adutora, no valor de R$ 7,5 milhões, dinheiro que ainda não tem previsão de ser conseguido. Costa afirma que também tem estudos que mostram que a água é boa para o consumo, apesar de a Fapija ter instalado placas informando que ali a água não é potável.
“Se ali a água é contaminada, a do rio Jaguaribe também é, e a dos outros afluentes e de toda região do Vale do Jaguaribe também são, porque aqui existe a maior empresa a céu aberto do Nordeste, onde mais de 10 mil pessoas são empregadas. E a luta é para se aumentar a área irrigada. Se não puder mais usar os defensivos, tudo isso vai acabar”, disse Costa.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/02/13/sem-alternativa-comunidade-usa-agua-contaminada-por-agrotoxicos-no-interior-do-ceara.jhtm
Supostamente por denunciar esse fato, o líder comunitário José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, foi morto com 19 tiros em abril do ano passado, crime até hoje impune. E agora, o Ministério Público do Estado do Ceará ingressou na Justiça uma ação civil pública para pedir a suspensão imediata da entrega dessa água aos moradores do local e sua substituição por água potável, própria para o consumo, nem que seja por carros-pipa.
A água, distribuída pelo SAAE (Sistema Autônomo de Água e Esgoto) de Limoeiro do Norte, é retirada de canais do projeto de irrigação Jaguaribe-Apodi, do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas). Nesse projeto, estão instaladas empresas nacionais e multinacionais que produzem frutas e grãos e que pulverizam agrotóxicos nas plantações, tanto com o auxílio de tratores como de aviões. Da mesma forma que atingem as lavouras, esses defensivos caem na água, que corre a céu aberto entre os lotes irrigados, até chegar nas casas das famílias de Tomé.
A água é cobrada regularmente pelo SAAE. “Em síntese, o SAAE de Limoeiro do Norte cobra pelo serviço de fornecimento de água, o qual vem prestando de forma absolutamente ineficiente, pois fornece água imprópria ao consumo humano aos consumidores residentes na comunidade do Tomé”, diz a ação civil pública assinada pela promotora Bianca Leal Mello da Silva Sampaio.
A permissão para o uso da água é dada pela Fapija (Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi), que, em troca, recebe do SAAE o equivalente aos custos da energia elétrica do projeto de irrigação, cerca de R$ 350 mil por mês. Apesar de fornecer a água, o próprio presidente da Fapija, Raimundo César dos Santos, não garante que ela é potável. “Essa é uma água de uso exclusivo para irrigação. A gente não se responsabiliza por ela”, afirmou, minimizando, em seguida, o tom de alerta da própria fala. “Fizemos um estudo de R$ 1.500 nessa água e não encontramos nada de errado. E lá está disponível para qualquer cidadão atestar isso também.”
Em frente a um das piscinas do projeto que funcionam como reservatório, porém, a própria entidade mandou instalar placas com os seguintes dizeres: “Atenção, água não potável” e “Atenção, proibido banho e pesca”.
Santos justifica a permissão para o uso da água para abastecimento humano como uma forma de viabilizar o uso da energia elétrica para o bombeamento para irrigação. “Estamos no alto da Chapada do Apodi, a 110 metros de altitude, e toda a água que passa pelos 40 quilômetros de canais precisa ser bombeada o tempo todo. São 4.800 metros cúbicos de água por hora e sete bombas. Se não for assim, não dá para ter plantação de nada”, afirmou.
Danos à saúde
O estudo do grupo Tramas, da Faculdade de Medicina da UFC, constatou a presença de 22 princípios ativos de agrotóxicos na água consumida pela comunidade de Tomé, assim como em outras quatro localizadades. Entre os defensivos há inseticidas, fungicidas, herbicidas e acaricidas. Eles são usados, segundo o geógrafo Diego Gadelha, do curso de Saneamento Ambiental do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), especialmente para combater uma praga das plantações de banana, a sigatoka-amarela, um fungo que aparece nos bananais em períodos chuvosos, por causa da umidade.
Quando há pulverização aérea, o veneno não atinge só a água. As casas dos moradores da região também são afetadas, além dos próprios moradores. A pulverização com trator também não evita estragos. “Há um estudo da Cogerh (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará) que mostra que água subterrânea, de poços, também está contaminada. Com isso, os animais, os alimentos, as pessoas, tudo está sendo atingido. E os danos vão aparecer principalmente a longo prazo, já que o veneno fica se acumulando no organismo”, disse.
Para alguns que trabalham na agricultura, os sintomas, porém, já são visíveis. Pelo menos 17 pessoas na comunidade tiveram câncer, doença que pode estar relacionada à exposição prolongada aos agrotóxicos. Outros apresentaram doenças como dermatites, desregulação hormonal, dificuldades respiratórias e insuficiência do fígado e dos rins. Um agricultor de 29 anos morreu por uma doença crônica no fígado. Em todos esses casos, percebeu-se a influência de substâncias usadas nos defensivos agrícolas.
Depois da morte de Zé Maria com 19 tiros, bem na época em que foi divulgado o estudo da UFC comprovando a existência de agrotóxicos na água entregue no Tomé, a população dali – cerca de 2.000 pessoas - ficou assustada. Ainda assim, todo dia 21, data em que o líder da comunidade foi morto, acontece uma manifestação na região.
A constatação de que a água está imprópria para o consumo humano, porém, não fez com que a maioria parasse de usá-la. “Há uns três meses, a prefeitura começou a mandar água em carros-pipa para abastecer caixas d'água da localidade. Só que, aos poucos, como não é nada simples sair de casa com o balde para buscar água, as pessoas voltaram a usar a da torneira. E a própria prefeitura, há um mês, deixou de abastecer de novo os reservatórios com água potável”, disse o geógrafo Gadelha. “Como os problemas não surgem do dia para a noite, todos vão usando”, completou.
Para o presidente do SAAE, Antônio Mauro da Costa, as pessoas querem a água ali, e não há agora outra forma de levar se não retirando do projeto de irrigação. A única alternativa seria a construção de uma adutora, no valor de R$ 7,5 milhões, dinheiro que ainda não tem previsão de ser conseguido. Costa afirma que também tem estudos que mostram que a água é boa para o consumo, apesar de a Fapija ter instalado placas informando que ali a água não é potável.
“Se ali a água é contaminada, a do rio Jaguaribe também é, e a dos outros afluentes e de toda região do Vale do Jaguaribe também são, porque aqui existe a maior empresa a céu aberto do Nordeste, onde mais de 10 mil pessoas são empregadas. E a luta é para se aumentar a área irrigada. Se não puder mais usar os defensivos, tudo isso vai acabar”, disse Costa.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/02/13/sem-alternativa-comunidade-usa-agua-contaminada-por-agrotoxicos-no-interior-do-ceara.jhtm
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Dr. Frederico Lobo
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sábado, 12 de fevereiro de 2011
‘Há muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde’, entrevista com a pesquisadora Lia Giraldo
‘Há muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde’, entrevista com a pesquisadora Lia Giraldo
Publicado em fevereiro 11, 2011 por HC
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A pesquisadora Lia Giraldo explica como os agrotóxicos foram introduzidos no Brasil a ponto de o país ser hoje o campeão mundial no uso de venenos. Lia é pesquisadora do departamento de saúde coletiva, do laboratório Saúde, Ambiente e Trabalho, da Fiocruz Pernambuco. Ela coordena um grupo de pesquisadores responsáveis por revisar os estudos científicos existentes sobre onze agrotóxicos que estão em processo de revisão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O uso de agrotóxicos no Brasil vem crescendo ano após ano. O país lidera o ranking dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo. Por que consumimos tanto veneno?
Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os governos, através das agências internacionais, para facilitar a entrada desse pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente obrigados a adquirir esse pacote tecnológico. E também com muita rapidez foi formatado um modelo tecnológico de produção que ficou dependente desses insumos, e isso aliado ainda a uma concentração de terras, mecanização, com a utilização de muito menos mão de obra. Tivemos um grande êxodo rural: de lá para cá o Brasil mudou completamente, era um país rural e virou um país urbano, seguindo um fenômeno que aconteceu também em outros países. Então, o Brasil se rendeu às pressões econômicas internacionais na defesa desse modelo. Depois disso houve muito lobby político, e, inclusive, tivemos ministro ligado a empresas produtoras de agrotóxicos. E isso fez com que o Brasil não só passasse a ser consumidor, mas também produtor desses produtos. As cinco maiores produtoras de agrotóxicos tem fábricas no Brasil – Basf, Bayer, Syngenta, DuPont e Monsanto. E depois, dentro dessa linha, e associado ao ciclo de algumas monoculturas como a soja, o algodão, o café e a cana de açúcar, esse modelo casou bem com o modelo de produção de monocultura extensiva , demandando cada vez mais terras, cada vez mais expulsando o pessoal do campo para a cidade. Na divisão internacional do capital, o Brasil ficou com esse perfil de exportador de commodities , com um modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio e essa é a explicação para sermos os campeões no uso de agrotóxicos.
A pressão para que os agricultores passassem a usar agrotóxicos também foi colocada em prática nos outros países do hemisfério sul?
Sim. Se analisarmos países da América Latina, como a Argentina e o Uruguai, cada um com suas características, perceberemos que isso se repete. Mas no Brasil esse quadro ganha proporções maiores com o nosso gigantismo territorial e também facilidades e estratégias de abertura para o capital externo, com um governo absolutamente permeável. O Brasil estranhamente tem dois ministérios da agricultura, um para o agronegócio, que é o ‘gordão’, com bastante dinheiro, e outro para a agricultura familiar, que é magrinho e com pouquinho dinheiro. São dois ministérios da agricultura com políticas completamente divergentes. E por onde a bancada ruralista consegue pressionar a casa civil? Por dentro. Criaram uma estrutura por dentro do governo, que é o Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento], onde passam os interesses do agronegócio. A bancada ruralista tem total trânsito no governo através do Mapa. E a agricultura familiar fica na depêndencia do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MDA. Isso é uma boa evidência para mostrar como tem sido a política do Brasil: uma política ambígua para dar resposta às pressões da globalização.
E quais são as características destes agrotóxicos hoje. Eles são mais tóxicos do que nos anos 70?
A evolução da toxidade tem mais a ver com a resistência das pragas aos produtos. A motivação da evolução não é para produzir produtos menos tóxicos para a saúde ou o meio ambiente. Mas sim porque a natureza reage e as pragas se tornam mais resistentes, e as empresas são obrigadas a produzir novas moléculas para os agrotóxicos serem efetivos. Isso está aliado também com o aumento da quantidade de uso, porque enquanto eles não conseguem produzir uma nova molécula a qual a praga seja mais sensível, eles aumentam a carga de agrotóxico. Então, existe uma toxidade e um perigo com a introdução de novas moléculas, que são mais tóxicas para os seres vivos, portanto para nós, seres humanos também – para as células, para o DNA, para as estruturas biológicas. Mas também há um grande perigo quando se aumenta a concentração de um produto que está tendo baixa eficácia e se aplica esse produto sozinho ou associado a outro ou a um coquetel de outros produtos tóxicos. Se, aumentando a concentração de determinado produto, ele já começar a ameaçar a saúde pública, esse produto já não pode mais ser usado. Aí inventam uma outra molécula, e assim vai. E como as experiências feitas para o registro são baseadas apenas em efeitos agudos – ou seja, a morte – e não há testes de longo prazo principalmente para a saúde humana, a nova molécula é registrada. Mas uma coisa é ver se um ratinho desenvolve câncer em seis meses ou um ano e outra coisa é uma pessoa ficar exposta durante muitos anos. Então, esses aspectos não são levados em consideração para o registro de novos produtos e, com isso, eles têm conseguido registrá-los, até que nós comecemos a registrar novamente danos à saude e ao meio ambiente e uma série de efeitos negativos que vão então permitir que a agência reguladora casse o registro ou restrinja os produtos.
E quais as consequências disso para o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais e também para a população de modo geral?
Muitas vezes tudo é feito para ocultar o risco. Se a saúde pública não tem um sistema de informação capaz de monitorar as populações expostas, sejam elas de trabalhadores que trabalham com os produtos, sejam elas de consumidores que consomem os produtos com resíduos, acaba-se não tendo a informação que permitiria a restrição do uso. Então, a falta de informação muitas vezes tem sido utilizada para manter os produtos no mercado. Não existe, portanto, um monitoramento adequado. O Brasil investe muito pouco em monitoramento e essa falta de informação é o grande álibi das indústrias. As consequências vistas em estudos experimentais são evidências importantes, mas não são suficientes. Porque pode-se alegar que foi em determinado contexto, que é para uma determinada espécie e não para outra, então cria-se sempre uma flexibilidade na hora de extrapolar os dados para a sáude humana. É muito dificil estabelecer essas regras de consumo e de proteção baseando-se nos parâmetros que são adotados, porque eles são criados justamente para proteger o capital. É necessário, portanto, que tenhamos outros indicadores de vigilância da saúde que não sejam apenas esses restritos a estudos experimentais animais, mas sim baseados em estudos clínicos e epidemiológicos. Há uma resistência quanto a esses estudos serem internalizados como parâmetros para tomar as decisões de registro ou de captação de uma molécula, porque ou os estudos não existem, ou são muito restritos. O governo, as universidades e mesmo as empresas não incentivam esses estudos e a falta desse tipo de informação é uma politica para manter a outra política, porque obviamente favorece a manutenção do modelo. Mas existem muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde, só que, infelizmente, pelos protocolos que são estabelecidos, esses danos não são reconhecidos para a tomada de decisão.
Como aparecem essas evidências?
São evidências clínicas através de doenças, agravos, sintomas, efeitos como abortamento, distúrbios cognitivos, de comportamento, morte, manifestações de neoplasias, tumores, distúrbios endócrinos. E muitas vezes os médicos não associam essas evidências com a exposição aos agrotóxicos, não registram isso, não informam, e os sistemas de informação não incentivam e não capacitam os profissionais. Então, há todo um sistema de ocultamento de risco. Dessa forma, quando se consegue fazer o diagnóstico e documentar, acaba ficando como um caso isolado. O próprio pessoal da saúde pública chama veneno de remédio, ‘remédio para barata, para mosquito’, quando, na verdade, remédio é um conceito farmacológico de cura e não para ser utilizado no lugar da palavra veneno, veneno é para matar uma praga que está atrapalhando a lavoura, não tem nada que ver com a sáude. Então, as confusões conceituais fazem parte desse processo de ocultamento de risco. Antigamente esses produtos todos vinham com uma caveirinha para mostrar que era perigoso, hoje as embalagens vêm com mensagens ecológicas, um bulário com uma linguagem muito sofisticada e de difícil interpretação que as pessoas não conseguem entender. Boa parte dos nossos trabalhadores rurais é analfabeta ou semi-analfabeta e não tem capacidade de entender o que está escrito. Tudo isso faz parte também desse modelo de favorecimento dessa tecnologia que gera muito dinheiro para as empresas produtoras.
Recentemente a Anvisa decidiu pelo banimento de dois agrotóxicos – o endosulfan e o metamidofós. Como a senhora avalia a atitude do país no monitoramento desses agrotóxicos?
Ambos são muito toxicos, têm efeitos adversos muito importantes e esses efeitos são proibitivos. A nossa legislação é muito clara: se o produto tiver evidências de efeitos carcinogênicos, mutagênicos, que podem afetar o desenvolvimento embrionário, etc, tem que ser proibido. Então, o que fazemos é buscar se existem essas evidências para poder manter ou não o produto autorizado.
E hoje há muita pesquisa sobre os efeitos dos agrotóxicos?
A maior parte dos estudos são experimentais, em laborátorios, com animais, com os protocolos que são estabelecidos pelas agências internacionais, e com esses estudos as evidências são muito fortes. Agora, também procuramos levantar evidências clínicas e epidemiológicas, que embora em menor quantidade, também encontramos bastantes informações que mostram efeitos em populações expostas, em situações de pessoas que tiveram agravos e, nesses casos, o profissional que atendeu conseguiu estabelecer relações entre o agravo e a exposição ao agrotóxico. Esse material foi todo usado para orientar a decisão da Anvisa de propor o banimento do Endossulfan e do Metamidofós.
E em que aspectos é preciso avançar para que se tenha mais pesquisa e se consiga avaliar melhor os efeitos desses produtos?
Primeiro, as empresas não poderiam ter o registro apenas com estudos dirigidos pela empresa, porque a maioria desses estudos tem conflitos de interesse. Deveria haver um fundo setorial dessas empresas para que o governo induzisse pesquisas nas universidades públicas; para que as universidades e os institutos de pesquisa públicos pudessem ampliar a capacidade de pesquisas nestas áreas, porque a maior parte das pesquisas que as empresas colocam para defender o interesse da molécula [componente base do agrotóxico], são os estudos que eles promoveram e que não tiveram o controle do setor público.
A autorização dos agrotóxicos é feita apenas com base nesses estudos?
As moléculas que estão em processo de reavaliação pela Anvisa hoje, no passado foram autorizadas apenas com base nesses estudos das empresas. Hoje já temos um papel um pouco mais cuidadoso das agências, basicamente da Anvisa, porém quem ainda tem a obrigação de apresentar as evidências de que a molécula não traz agressividade à saúde é a empresa. Portanto, não temos contra-povas e poderíamos ter contra-provas feitas por órgãos públicos. A reprodução da pesquisa poderia ser feita por um instituto de pesquisa público, com uma certificação de que de fato aquele resultado foi obtido. E não ser baseado apenas em estudos experimentais, mas também de ordem clínica e epidemiológica, porque não se reproduzem os mesmos efeitos de uma espécie para outra.
Mas e no caso de produtos novos, já que não haveria ainda evidências clínicas?
Por serem novos teriam que passar por todos os estudos experimentais os mais precaucionários possíveis, inclusive utilizando células humanas experimentalmente, por exemplo. Isso se pode fazer com amostras de sangue, não precisa explorar a pessoa, pode-se fazer cultura de células humanas para fazer certos testes. E depois, se não tiver nenhuma evidência de mutagenicidade nem outras evidências, a molécula deveria ser utilizada com muita parcimônia, de forma que as pessoas que fossem expostas no trabalho pudessem ser acompanhadas com o tempo, para ver se de fato não houve nenhum problema. Porque após a concessão do registro, não há a previsão de nenhuma reavaliação periódica. A molécula deveria passar a cada cinco anos obrigatoriamente por uma reavaliação a partir de dados coletados em função de monitoramento, mas não há monitoramento nenhum. É questão de ter uma política para isso, que implicaria novos procedimentos dos três orgãos – Anvisa, Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente -, porque o registro passa pela concordância dos três orgãos.
E a política existente hoje foi concordada com os três órgãos?
Os órgãos são mais ou menos independentes, mas quem faz o registro é o Ministério da Agricultura, com base nos pareceres da Anvisa e do Ibama e no seu próprio. Mas do ponto de vista legal, quem dá o registro para a utilização é o Ministério da Agricultura. Mas a Anvisa pode pedir a reavaliação no caso de danos à saúde. Mas a saúde teria que ter não só esse processo. Se os estudos mostram, depois de comprovados, que foram bem feitos, que não há nenhum efeito proibitivo, então, o produto deveria entrar numa quarentena e ficar sob observação. Ao mesmo tempo a população potencialmente exposta deveria ser monitorada e, a cada cinco anos, reveríamos o registro. Essa seria a conduta certa da saúde, mas não existe isso. Cada vez que a Anvisa chama um produto para reavaliar porque na literatura internacional aparecem publicações afirmando que o produto é toxico para a saúde humana, o lobby econômico tenta impedir. Por isso todo o processo é judicializado e o Ministério da Agricultura está direto contra a reavaliação e a favor da manutenção da molécula. Então, é difícil porque além do lobby do agronegócio, há também a própria parte do governo que pressiona a favor de manter a molécula no mercado.
A senhora considera que este lobby seria dificultado com os estudos mais eficientes?
O conflito de interesses existe, mas o que não pode é esse escancaramento das agências governamentais em receber e aceitar esse tipo de pressão. As empresas têm o direito de defender os seus negócios, mas sem que obviamente a saúde pública e o meio ambiente sofram danos. Elas têm que provar que não causam danos para saúde, mas elas não só não provam que não causam danos, como também usam de artícficios cientificistas para obter o registro. Por outro lado, as instituições públicas de pesquisa não estudam, então fica difícil. O governo deve ter uma política de ciência, tecnologia, inovação tecnológica e de resguardo da saúde e do meio ambiente contra a introdução de novas tecnologias que não estão devidamente asseguradas.
E de que forma podemos pensar no fim do uso dessas substâncias tóxicas?
Essa é uma pergunta que fazemos o tempo todo. Até o final da década de 60, a produção agrícola era feita sem o uso dessas substâncias. Na história da humanidade, a agricultura é a primeira grande revolução produtiva e a maior parte do tempo foi feita sem isso. E existe toda uma ciência da tecnologia, do que chamamos hoje de agroecologia, que é o que o pessoal fazia antigamente. Agora, na medida em que se muda o modelo de produção na base da monocultura extensiva e em agroquímico, se condiciona e se cria um empobrecimento do solo. E à medida que existem mais agroquímicos, mais pragas resistentes exigem mais química, e, assim, cria-se um círculo vicioso de dependência química. E aí é preciso desmamar, como acontece com uma pessoa com dependência química, mas para desmamar é preciso primeiro garantir aos produtores que passarão para uma agricultura tipo agroecológica ou orgânica, incentivos e segurança, para que eles possam produzir. Como aconteceu antes, quando o crédito rural foi condicionado ao uso do agrotóxico, agora pode acontecer o contrário: ser dado o crédito para aqueles que não usarão agrotóxicos, fazer o inverso e criar uma nova escola de agricultura. As indústrias de agrotóxicos ganharam as universidades e as escolas de agronomia, que passaram a ensinar os agrônomos a só produzirem com química. Então, é preciso reformular o ensino da agronomia também.
E a sociedade em geral e os trabalhadores rurais estão convencidos da importância desta mudança?
Eu acho que a consciência cresceu muito, porque esse modelo é insustentável e se torna cada vez mais caro e cada vez mais dependente de tecnologias pelas quais se terá que pagar royalties e etc. Com isso, a soberania alimentar e a soberania produtiva também vão se perdendo. Esses conflitos permitem espaço para que essas outras alternativas se coloquem. Hoje no Brasil está muito vivo o movimento pela agroecologia, cada vez mais está havendo espaço e interesse por esse outro modelo. Mas não é facil porque não há incentivo por parte do governo. Então, precisaríamos politizar mais essa discussão para que possamos ter, por parte do Estado, outra postura pública perante essas questões.
Ainda existem muito agrotóxicos que são proibidos em outros países e ainda permitidos no Brasil?
Há vários. Esses onze agrotóxicos que estamos no processo de revisão junto à Anvisa estão sendo revistos justamente porque já foram denunciados os efeitos proibitivos deles. E a Anvisa tem uma lista de cerca de 60 produtos já proibidos em outros países. É muito lento esse processo porque infelizmente não temos uma conjuntura política e jurídica favorável à proteção da sáude, mas sim favorável à produção.
Entrevista da Escola Politécnica de Sáude Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), publicada pelo EcoDebate, 11/02/2011
Publicado em fevereiro 11, 2011 por HC
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A pesquisadora Lia Giraldo explica como os agrotóxicos foram introduzidos no Brasil a ponto de o país ser hoje o campeão mundial no uso de venenos. Lia é pesquisadora do departamento de saúde coletiva, do laboratório Saúde, Ambiente e Trabalho, da Fiocruz Pernambuco. Ela coordena um grupo de pesquisadores responsáveis por revisar os estudos científicos existentes sobre onze agrotóxicos que estão em processo de revisão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O uso de agrotóxicos no Brasil vem crescendo ano após ano. O país lidera o ranking dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo. Por que consumimos tanto veneno?
Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os governos, através das agências internacionais, para facilitar a entrada desse pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente obrigados a adquirir esse pacote tecnológico. E também com muita rapidez foi formatado um modelo tecnológico de produção que ficou dependente desses insumos, e isso aliado ainda a uma concentração de terras, mecanização, com a utilização de muito menos mão de obra. Tivemos um grande êxodo rural: de lá para cá o Brasil mudou completamente, era um país rural e virou um país urbano, seguindo um fenômeno que aconteceu também em outros países. Então, o Brasil se rendeu às pressões econômicas internacionais na defesa desse modelo. Depois disso houve muito lobby político, e, inclusive, tivemos ministro ligado a empresas produtoras de agrotóxicos. E isso fez com que o Brasil não só passasse a ser consumidor, mas também produtor desses produtos. As cinco maiores produtoras de agrotóxicos tem fábricas no Brasil – Basf, Bayer, Syngenta, DuPont e Monsanto. E depois, dentro dessa linha, e associado ao ciclo de algumas monoculturas como a soja, o algodão, o café e a cana de açúcar, esse modelo casou bem com o modelo de produção de monocultura extensiva , demandando cada vez mais terras, cada vez mais expulsando o pessoal do campo para a cidade. Na divisão internacional do capital, o Brasil ficou com esse perfil de exportador de commodities , com um modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio e essa é a explicação para sermos os campeões no uso de agrotóxicos.
A pressão para que os agricultores passassem a usar agrotóxicos também foi colocada em prática nos outros países do hemisfério sul?
Sim. Se analisarmos países da América Latina, como a Argentina e o Uruguai, cada um com suas características, perceberemos que isso se repete. Mas no Brasil esse quadro ganha proporções maiores com o nosso gigantismo territorial e também facilidades e estratégias de abertura para o capital externo, com um governo absolutamente permeável. O Brasil estranhamente tem dois ministérios da agricultura, um para o agronegócio, que é o ‘gordão’, com bastante dinheiro, e outro para a agricultura familiar, que é magrinho e com pouquinho dinheiro. São dois ministérios da agricultura com políticas completamente divergentes. E por onde a bancada ruralista consegue pressionar a casa civil? Por dentro. Criaram uma estrutura por dentro do governo, que é o Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento], onde passam os interesses do agronegócio. A bancada ruralista tem total trânsito no governo através do Mapa. E a agricultura familiar fica na depêndencia do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MDA. Isso é uma boa evidência para mostrar como tem sido a política do Brasil: uma política ambígua para dar resposta às pressões da globalização.
E quais são as características destes agrotóxicos hoje. Eles são mais tóxicos do que nos anos 70?
A evolução da toxidade tem mais a ver com a resistência das pragas aos produtos. A motivação da evolução não é para produzir produtos menos tóxicos para a saúde ou o meio ambiente. Mas sim porque a natureza reage e as pragas se tornam mais resistentes, e as empresas são obrigadas a produzir novas moléculas para os agrotóxicos serem efetivos. Isso está aliado também com o aumento da quantidade de uso, porque enquanto eles não conseguem produzir uma nova molécula a qual a praga seja mais sensível, eles aumentam a carga de agrotóxico. Então, existe uma toxidade e um perigo com a introdução de novas moléculas, que são mais tóxicas para os seres vivos, portanto para nós, seres humanos também – para as células, para o DNA, para as estruturas biológicas. Mas também há um grande perigo quando se aumenta a concentração de um produto que está tendo baixa eficácia e se aplica esse produto sozinho ou associado a outro ou a um coquetel de outros produtos tóxicos. Se, aumentando a concentração de determinado produto, ele já começar a ameaçar a saúde pública, esse produto já não pode mais ser usado. Aí inventam uma outra molécula, e assim vai. E como as experiências feitas para o registro são baseadas apenas em efeitos agudos – ou seja, a morte – e não há testes de longo prazo principalmente para a saúde humana, a nova molécula é registrada. Mas uma coisa é ver se um ratinho desenvolve câncer em seis meses ou um ano e outra coisa é uma pessoa ficar exposta durante muitos anos. Então, esses aspectos não são levados em consideração para o registro de novos produtos e, com isso, eles têm conseguido registrá-los, até que nós comecemos a registrar novamente danos à saude e ao meio ambiente e uma série de efeitos negativos que vão então permitir que a agência reguladora casse o registro ou restrinja os produtos.
E quais as consequências disso para o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais e também para a população de modo geral?
Muitas vezes tudo é feito para ocultar o risco. Se a saúde pública não tem um sistema de informação capaz de monitorar as populações expostas, sejam elas de trabalhadores que trabalham com os produtos, sejam elas de consumidores que consomem os produtos com resíduos, acaba-se não tendo a informação que permitiria a restrição do uso. Então, a falta de informação muitas vezes tem sido utilizada para manter os produtos no mercado. Não existe, portanto, um monitoramento adequado. O Brasil investe muito pouco em monitoramento e essa falta de informação é o grande álibi das indústrias. As consequências vistas em estudos experimentais são evidências importantes, mas não são suficientes. Porque pode-se alegar que foi em determinado contexto, que é para uma determinada espécie e não para outra, então cria-se sempre uma flexibilidade na hora de extrapolar os dados para a sáude humana. É muito dificil estabelecer essas regras de consumo e de proteção baseando-se nos parâmetros que são adotados, porque eles são criados justamente para proteger o capital. É necessário, portanto, que tenhamos outros indicadores de vigilância da saúde que não sejam apenas esses restritos a estudos experimentais animais, mas sim baseados em estudos clínicos e epidemiológicos. Há uma resistência quanto a esses estudos serem internalizados como parâmetros para tomar as decisões de registro ou de captação de uma molécula, porque ou os estudos não existem, ou são muito restritos. O governo, as universidades e mesmo as empresas não incentivam esses estudos e a falta desse tipo de informação é uma politica para manter a outra política, porque obviamente favorece a manutenção do modelo. Mas existem muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde, só que, infelizmente, pelos protocolos que são estabelecidos, esses danos não são reconhecidos para a tomada de decisão.
Como aparecem essas evidências?
São evidências clínicas através de doenças, agravos, sintomas, efeitos como abortamento, distúrbios cognitivos, de comportamento, morte, manifestações de neoplasias, tumores, distúrbios endócrinos. E muitas vezes os médicos não associam essas evidências com a exposição aos agrotóxicos, não registram isso, não informam, e os sistemas de informação não incentivam e não capacitam os profissionais. Então, há todo um sistema de ocultamento de risco. Dessa forma, quando se consegue fazer o diagnóstico e documentar, acaba ficando como um caso isolado. O próprio pessoal da saúde pública chama veneno de remédio, ‘remédio para barata, para mosquito’, quando, na verdade, remédio é um conceito farmacológico de cura e não para ser utilizado no lugar da palavra veneno, veneno é para matar uma praga que está atrapalhando a lavoura, não tem nada que ver com a sáude. Então, as confusões conceituais fazem parte desse processo de ocultamento de risco. Antigamente esses produtos todos vinham com uma caveirinha para mostrar que era perigoso, hoje as embalagens vêm com mensagens ecológicas, um bulário com uma linguagem muito sofisticada e de difícil interpretação que as pessoas não conseguem entender. Boa parte dos nossos trabalhadores rurais é analfabeta ou semi-analfabeta e não tem capacidade de entender o que está escrito. Tudo isso faz parte também desse modelo de favorecimento dessa tecnologia que gera muito dinheiro para as empresas produtoras.
Recentemente a Anvisa decidiu pelo banimento de dois agrotóxicos – o endosulfan e o metamidofós. Como a senhora avalia a atitude do país no monitoramento desses agrotóxicos?
Ambos são muito toxicos, têm efeitos adversos muito importantes e esses efeitos são proibitivos. A nossa legislação é muito clara: se o produto tiver evidências de efeitos carcinogênicos, mutagênicos, que podem afetar o desenvolvimento embrionário, etc, tem que ser proibido. Então, o que fazemos é buscar se existem essas evidências para poder manter ou não o produto autorizado.
E hoje há muita pesquisa sobre os efeitos dos agrotóxicos?
A maior parte dos estudos são experimentais, em laborátorios, com animais, com os protocolos que são estabelecidos pelas agências internacionais, e com esses estudos as evidências são muito fortes. Agora, também procuramos levantar evidências clínicas e epidemiológicas, que embora em menor quantidade, também encontramos bastantes informações que mostram efeitos em populações expostas, em situações de pessoas que tiveram agravos e, nesses casos, o profissional que atendeu conseguiu estabelecer relações entre o agravo e a exposição ao agrotóxico. Esse material foi todo usado para orientar a decisão da Anvisa de propor o banimento do Endossulfan e do Metamidofós.
E em que aspectos é preciso avançar para que se tenha mais pesquisa e se consiga avaliar melhor os efeitos desses produtos?
Primeiro, as empresas não poderiam ter o registro apenas com estudos dirigidos pela empresa, porque a maioria desses estudos tem conflitos de interesse. Deveria haver um fundo setorial dessas empresas para que o governo induzisse pesquisas nas universidades públicas; para que as universidades e os institutos de pesquisa públicos pudessem ampliar a capacidade de pesquisas nestas áreas, porque a maior parte das pesquisas que as empresas colocam para defender o interesse da molécula [componente base do agrotóxico], são os estudos que eles promoveram e que não tiveram o controle do setor público.
A autorização dos agrotóxicos é feita apenas com base nesses estudos?
As moléculas que estão em processo de reavaliação pela Anvisa hoje, no passado foram autorizadas apenas com base nesses estudos das empresas. Hoje já temos um papel um pouco mais cuidadoso das agências, basicamente da Anvisa, porém quem ainda tem a obrigação de apresentar as evidências de que a molécula não traz agressividade à saúde é a empresa. Portanto, não temos contra-povas e poderíamos ter contra-provas feitas por órgãos públicos. A reprodução da pesquisa poderia ser feita por um instituto de pesquisa público, com uma certificação de que de fato aquele resultado foi obtido. E não ser baseado apenas em estudos experimentais, mas também de ordem clínica e epidemiológica, porque não se reproduzem os mesmos efeitos de uma espécie para outra.
Mas e no caso de produtos novos, já que não haveria ainda evidências clínicas?
Por serem novos teriam que passar por todos os estudos experimentais os mais precaucionários possíveis, inclusive utilizando células humanas experimentalmente, por exemplo. Isso se pode fazer com amostras de sangue, não precisa explorar a pessoa, pode-se fazer cultura de células humanas para fazer certos testes. E depois, se não tiver nenhuma evidência de mutagenicidade nem outras evidências, a molécula deveria ser utilizada com muita parcimônia, de forma que as pessoas que fossem expostas no trabalho pudessem ser acompanhadas com o tempo, para ver se de fato não houve nenhum problema. Porque após a concessão do registro, não há a previsão de nenhuma reavaliação periódica. A molécula deveria passar a cada cinco anos obrigatoriamente por uma reavaliação a partir de dados coletados em função de monitoramento, mas não há monitoramento nenhum. É questão de ter uma política para isso, que implicaria novos procedimentos dos três orgãos – Anvisa, Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente -, porque o registro passa pela concordância dos três orgãos.
E a política existente hoje foi concordada com os três órgãos?
Os órgãos são mais ou menos independentes, mas quem faz o registro é o Ministério da Agricultura, com base nos pareceres da Anvisa e do Ibama e no seu próprio. Mas do ponto de vista legal, quem dá o registro para a utilização é o Ministério da Agricultura. Mas a Anvisa pode pedir a reavaliação no caso de danos à saúde. Mas a saúde teria que ter não só esse processo. Se os estudos mostram, depois de comprovados, que foram bem feitos, que não há nenhum efeito proibitivo, então, o produto deveria entrar numa quarentena e ficar sob observação. Ao mesmo tempo a população potencialmente exposta deveria ser monitorada e, a cada cinco anos, reveríamos o registro. Essa seria a conduta certa da saúde, mas não existe isso. Cada vez que a Anvisa chama um produto para reavaliar porque na literatura internacional aparecem publicações afirmando que o produto é toxico para a saúde humana, o lobby econômico tenta impedir. Por isso todo o processo é judicializado e o Ministério da Agricultura está direto contra a reavaliação e a favor da manutenção da molécula. Então, é difícil porque além do lobby do agronegócio, há também a própria parte do governo que pressiona a favor de manter a molécula no mercado.
A senhora considera que este lobby seria dificultado com os estudos mais eficientes?
O conflito de interesses existe, mas o que não pode é esse escancaramento das agências governamentais em receber e aceitar esse tipo de pressão. As empresas têm o direito de defender os seus negócios, mas sem que obviamente a saúde pública e o meio ambiente sofram danos. Elas têm que provar que não causam danos para saúde, mas elas não só não provam que não causam danos, como também usam de artícficios cientificistas para obter o registro. Por outro lado, as instituições públicas de pesquisa não estudam, então fica difícil. O governo deve ter uma política de ciência, tecnologia, inovação tecnológica e de resguardo da saúde e do meio ambiente contra a introdução de novas tecnologias que não estão devidamente asseguradas.
E de que forma podemos pensar no fim do uso dessas substâncias tóxicas?
Essa é uma pergunta que fazemos o tempo todo. Até o final da década de 60, a produção agrícola era feita sem o uso dessas substâncias. Na história da humanidade, a agricultura é a primeira grande revolução produtiva e a maior parte do tempo foi feita sem isso. E existe toda uma ciência da tecnologia, do que chamamos hoje de agroecologia, que é o que o pessoal fazia antigamente. Agora, na medida em que se muda o modelo de produção na base da monocultura extensiva e em agroquímico, se condiciona e se cria um empobrecimento do solo. E à medida que existem mais agroquímicos, mais pragas resistentes exigem mais química, e, assim, cria-se um círculo vicioso de dependência química. E aí é preciso desmamar, como acontece com uma pessoa com dependência química, mas para desmamar é preciso primeiro garantir aos produtores que passarão para uma agricultura tipo agroecológica ou orgânica, incentivos e segurança, para que eles possam produzir. Como aconteceu antes, quando o crédito rural foi condicionado ao uso do agrotóxico, agora pode acontecer o contrário: ser dado o crédito para aqueles que não usarão agrotóxicos, fazer o inverso e criar uma nova escola de agricultura. As indústrias de agrotóxicos ganharam as universidades e as escolas de agronomia, que passaram a ensinar os agrônomos a só produzirem com química. Então, é preciso reformular o ensino da agronomia também.
E a sociedade em geral e os trabalhadores rurais estão convencidos da importância desta mudança?
Eu acho que a consciência cresceu muito, porque esse modelo é insustentável e se torna cada vez mais caro e cada vez mais dependente de tecnologias pelas quais se terá que pagar royalties e etc. Com isso, a soberania alimentar e a soberania produtiva também vão se perdendo. Esses conflitos permitem espaço para que essas outras alternativas se coloquem. Hoje no Brasil está muito vivo o movimento pela agroecologia, cada vez mais está havendo espaço e interesse por esse outro modelo. Mas não é facil porque não há incentivo por parte do governo. Então, precisaríamos politizar mais essa discussão para que possamos ter, por parte do Estado, outra postura pública perante essas questões.
Ainda existem muito agrotóxicos que são proibidos em outros países e ainda permitidos no Brasil?
Há vários. Esses onze agrotóxicos que estamos no processo de revisão junto à Anvisa estão sendo revistos justamente porque já foram denunciados os efeitos proibitivos deles. E a Anvisa tem uma lista de cerca de 60 produtos já proibidos em outros países. É muito lento esse processo porque infelizmente não temos uma conjuntura política e jurídica favorável à proteção da sáude, mas sim favorável à produção.
Entrevista da Escola Politécnica de Sáude Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), publicada pelo EcoDebate, 11/02/2011
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
14:45
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