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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Bebidas Diet: O Que a Ciência Revela Sobre Seu Consumo



Bebidas adoçadas artificialmente: realmente seguras?


O consumo de refrigerantes e bebidas adoçadas artificialmente (diet ou light) tem crescido muito nas últimas décadas, principalmente entre pessoas que buscam reduzir calorias. No entanto, a literatura científica aponta que o uso frequente dessas bebidas pode estar associado a potenciais riscos à saúde. Estudos observacionais sugerem aumento discreto do risco de mortalidade geral e por doenças cardiovasculares, ainda que com baixo grau de certeza. Isso mostra que o tema precisa ser analisado com cautela.

Riscos cardiovasculares associados às bebidas diet


Pesquisas em grandes coortes europeias identificaram que um consumo diário elevado de bebidas dietéticas está relacionado a maior risco de morte por doenças circulatórias. O aumento médio observado foi de 4% no risco de mortalidade a cada 250 mL ingeridos por dia. Apesar do impacto absoluto ser pequeno, os resultados chamam atenção para o uso contínuo dessas bebidas. Isso reforça a importância de repensar estratégias de prevenção em saúde pública.

Síndrome metabólica e alterações no metabolismo


Outra preocupação frequente é a associação entre bebidas adoçadas artificialmente e síndrome metabólica. Estudos indicam que consumidores regulares apresentam maior circunferência abdominal, glicemia de jejum mais elevada e maior prevalência de resistência insulínica. Ainda assim, há a possibilidade de causalidade reversa: pessoas já em risco metabólico tendem a optar pelas versões diet como forma de prevenção. Mesmo assim, a dúvida sobre um efeito negativo independente persiste.

Bebidas diet e risco de câncer: o que sabemos até agora?


No campo oncológico, os dados ainda são limitados. Algumas meta-análises sugerem associação discreta entre o consumo de refrigerantes dietéticos e maior risco de leucemia. No entanto, não há consistência em relação a outros tipos de câncer. A certeza dessas evidências é considerada baixa, e não se observou aumento significativo da mortalidade por câncer em estudos de larga escala. Portanto, o risco oncológico permanece incerto e precisa de mais investigação.

Bebidas diet ajudam a emagrecer?


Muitas pessoas substituem refrigerantes tradicionais por versões dietéticas com o objetivo de emagrecer. De fato, ensaios clínicos apontam que essa troca pode auxiliar na redução da ingestão calórica e contribuir para evitar ganho de peso. No entanto, faltam evidências de longo prazo sobre os efeitos do consumo contínuo de adoçantes artificiais. O que sabemos é que, isoladamente, a mudança não garante emagrecimento duradouro, pois o contexto alimentar como um todo é determinante.

Devemos evitar ou moderar o consumo?


O conjunto das evidências aponta que o consumo frequente de bebidas adoçadas artificialmente pode trazer riscos à saúde, ainda que em pequena magnitude. Por outro lado, substituir refrigerantes açucarados por versões diet pode representar uma escolha menos nociva. A recomendação mais equilibrada é a moderação: reduzir o consumo de todas as bebidas adoçadas, sejam elas açucaradas ou artificiais, priorizando sempre água, chás e sucos naturais sem adição de adoçantes.

Conclusão: equilíbrio e escolhas conscientes


As bebidas diet não devem ser vistas como soluções inofensivas. A ciência mostra que, embora possam ser menos calóricas, ainda carregam potenciais riscos metabólicos, cardiovasculares e, possivelmente, oncológicos. O ideal é utilizá-las com parcimônia e não como parte da rotina diária. A melhor estratégia para saúde a longo prazo é adotar um padrão alimentar equilibrado, com foco em alimentos naturais, evitando tanto bebidas açucaradas quanto as adoçadas artificialmente.

Bibliografia

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Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.