Mostrando postagens com marcador suicídio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador suicídio. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Anabolizantes e risco de suicídio: sintomas, perigos e como buscar ajuda agora




O que são anabolizantes e quando são indicados


Os anabolizantes, também chamados esteroides androgênicos anabólicos (EAA), são hormônios sintéticos derivados da testosterona. Na medicina, sua indicação clássica é o hipogonadismo masculino, situação em que há deficiência comprovada na produção de testosterona. Fora desse contexto, o risco supera o benefício. O que promete força pode abrir portas para uma queda emocional profunda. É por isso que informação, avaliação e cautela salvam vidas.

E aqui faço um adendo, Nutrólogo NÃO É o profissional mais habilitado para prescrição de hormônios. Caso o paciente realmente precise fazer reposição, deve preferencialmente procurar um Endocrinologista para descobrir a causa da deficiência. 

Recentemente escrevi sobre saúde mental e anabolizantes, já que estou assustado com a quantidade de casos que estou recebendo no consultórios, de pacientes que viram a saúde mental ruir por prescrição iatrogênica de alguns "portadores de diplomas de Medicina". Para ler o texto acesse: https://www.ecologiamedica.net/2025/08/o-lado-sombrio-do-shape-perfeito.html

O uso estético e esportivo que adoece


Há uma crescente comercialização para fins estéticos, hipertrofia e melhora de desempenho. Em atletas, é doping; em não atletas, é proibido, impróprio e danoso. O marketing do “corpo perfeito” esconde custos físicos e psíquicos altos. O desejo de mudar o espelho não pode custar sua saúde mental. Nenhuma vaidade vale a sua vida.

“Modulação hormonal” sem diagnóstico: um falso atalho


Também entram nessa conta as chamadas prescrições de “modulação hormonal” sem hipogonadismo diagnosticado. Ajustar hormônios sem critério vira uma roleta com a sua mente e seu coração. O risco de colapsos emocionais aumenta. Lembre: hormônio não é suplemento. É medicamento com efeitos imprevisíveis fora da indicação correta.

Saúde física e saúde mental: dois lados do mesmo risco


Quando falamos de EAA, não é só o fígado ou o coração que sofrem. A mente também sangra. Além de inúmeras consequências físicas, existem impactos severos na saúde mental. O brilho do músculo pode vir acompanhado de noites sem dormir, impulsos agressivos e um vazio que assusta. O custo emocional costuma aparecer quando já é tarde.

Transtornos depressivos: a sombra que se aproxima


A literatura descreve maior prevalência de quadros depressivos entre usuários. O humor cai, a motivação some, a culpa aumenta. Projetos perdem cor, relações se desgastam. O espelho mostra volume, mas por dentro cresce a sensação de inutilidade. Depressão não é fraqueza: é doença que precisa de tratamento profissional.

Impulsividade suicida: quando o impulso vira perigo


O uso inadequado de EAA está associado à impulsividade suicida. É uma combinação perigosa: agitação emocional, redução do sono e tolerância ao risco. Uma discussão vira gatilho, uma frustração vira abismo. Sem ajuda, a pessoa pode tomar decisões irreversíveis em minutos. Reconhecer isso é prevenção.

Hipomania e instabilidade do humor


Os EAA podem precipitar quadros de hipomania, forma do transtorno bipolar. A pessoa fica eufórica, confiante, com necessidade reduzida de sono. Depois, vem a queda abrupta para a tristeza profunda. Essa montanha-russa corrói vínculos, trabalho e autoestima. A instabilidade contínua aumenta o perigo de comportamentos autodestrutivos.

Insônia e privação de sono: gasolina no fogo


Insônia não é apenas incômodo; é combustível para ansiedade, irritabilidade e impulsividade. Com EAA, dormir menos parece “normal”, mas o cérebro cobra a conta. A falta de sono piora julgamentos, aumenta riscos e desregula emoções. Dormir é tratamento, e ignorar o sono é se colocar no limite.

Agressividade e violência: rupturas que doem


Relatos citam impulsividade agressiva e violenta, com brigas, demissões e perdas afetivas. O que começa na academia termina em delegacia, isolamento e culpa. Famílias se desconstroem sob ataques de raiva que “não parecem seus”. Procure ajuda ao primeiro sinal: agressividade não é normalização de masculinidade.

Episódios psicóticos: quando a realidade racha


Também há episódios psicóticos descritos, com delírios e alterações de percepção. O corpo forte não protege a mente do colapso. A pessoa pode perder a noção do perigo e expor-se a situações letais. Psicose é urgência médica; não espere. Terapia e psiquiatria podem estabilizar o quadro e devolver segurança.

A armadilha da suspensão: abstinência que machuca


Os sintomas podem surgir durante o uso prolongado e na suspensão. Na abstinência, aparecem queda brusca de humor, irritabilidade, fadiga e desesperança. O corpo pede mais, a mente se desespera. Sem acompanhamento, esse período vira o pico do risco. Planeje a saída com profissionais qualificados.

Nem sempre dá para prever a predisposição


As publicações sugerem que sintomas psiquiátricos e conflitos decorrentes do uso prolongado podem contribuir para o suicídio em indivíduos predispostos. O problema: nem sempre é possível prever quem é vulnerável. Ao usar EAA sem indicação, você assume um risco que pode custar sua vida. Precaução é proteção.

A face mais dura: mortalidade em usuários


Estudos que investigaram mortes entre usuários de EAA encontraram maioria de homens jovens. As causas mais frequentes foram intoxicação acidental, suicídio e homicídio. São histórias interrompidas no auge, famílias em luto, sonhos abandonados. Treinar o corpo não pode treinar a roleta da morte. Escolha viver.

Fertilidade em xeque: o preço invisível


Quase metade dos usuários avaliados apresentaram atrofia testicular. Também foram observadas fibrose testicular e espermatogênese interrompida. O resultado é infertilidade, queda de libido e vergonha silenciosa. O shape do verão pode roubar a paternidade do futuro. Pense antes de arriscar.

Coração sob ataque: cardiomiopatia e artérias estreitas


Foram encontrados problemas na musculatura cardíaca e estreitamento moderado a grave das artérias coronárias. Isso significa menos sangue para o coração, mais arritmias e risco de eventos. Dor no peito não é “pump”; é alerta. Não ignore taquicardia, falta de ar e pressão alta. O coração também pede socorro.

Corpo forte, relações frágeis


Os EAA frequentemente destroem relações pessoais e trabalho. Agressividade, isolamento e conflitos crônicos levam a demissões, separações e perda de rede de apoio. Sem vínculos, o risco de depressão e suicídio aumenta. A vida não é só treino e dieta; é pertencimento e cuidado.

O ciclo da vergonha: calar aumenta o risco


Muitos escondem o uso por medo e estigma. Esse silêncio atrasa o diagnóstico e piora os desfechos. Vergonha não cura; conversa honesta sim. Profissionais de saúde não estão aqui para julgar, e sim para cuidar. Falar cedo diminui danos e salva histórias.

Sinais de alerta que pedem ajuda imediata


Procure ajuda se surgirem tristeza persistente, ideias de morte, impulsividade, insônia, paranoia ou agressividade fora do seu padrão. Amigos e familiares, levem a sério. Se houver risco, não deixem a pessoa sozinha. A vida tem prioridade absoluta. A intervenção precoce é decisiva.

Tratamento funciona: caminhos seguros


A saída passa por psicoterapia, avaliação psiquiátrica e manejo médico da suspensão quando necessário. O objetivo é estabilizar o humor, tratar comorbidades e reconstruir rotina e vínculos. Cada caso é único, mas há tratamento. Com orientação certa, é possível retomar o controle.

A decisão corajosa: pedir ajuda


Pedir ajuda é um ato de coragem e amor-próprio. O que está em jogo não é só estética; é o seu futuro. Procure nutrólogo, clínico, psicólogo e psiquiatra para um plano conjunto. Abandonar o ciclo sem suporte é arriscar recaídas. Com equipe, você não caminha sozinho(a).

Informação que protege: escolhas conscientes


Antes de aceitar “protocolos” prontos, questione indicação, dose, tempo e riscos. Não existe bioquímica mágica que cancele efeitos mentais. Se a promessa parece perfeita, desconfie. Informação séria, baseada em ciência, é o melhor suplemento. Conhecimento é prevenção.

Suporte à família e aos amigos


Quem convive com o usuário sofre junto. Aprenda a identificar mudanças bruscas de humor, isolamento e comentários de desesperança. Ofereça escuta, estimule atendimento profissional e ajude na adesão ao tratamento. A rede de apoio é um fator protetor fundamental.

Academia e saúde: parceria possível


Treinar é saúde; distorção corporal e atalho hormonal não são. Construa força com treino estruturado, nutrição adequada e descanso. Resultados reais levam tempo e preservam a mente. Respeite seus limites e procure acompanhamento qualificado. Seu corpo agradece; sua mente também.


Profissionais que realmente ajudam


Psicólogos e psiquiatras têm formação para escuta especializada e manejo de risco de suicídio. Endocrinologistas e Urologistas avaliam impactos orgânicos e planejam estratégias seguras. Personal trainner, Coachs, influenciadores e “protocolos” da internet não substituem equipe de saúde. Profissionalismo salva vidas.

O mito do controle


“Eu controlo” é frase comum antes do colapso. O corpo cria tolerância, a mente fica instável, e a vida desorganiza. Controle real é admitir o risco e buscar orientação. Não espere a crise bater. Agir agora é mais fácil do que reconstruir depois.

Planeje a saída com segurança


Se você decidiu parar, não faça sozinho(a). A suspensão exige plano terapêutico, monitorização e, às vezes, medicação. Sem isso, a chance de depressão e ideação suicida aumenta. Combine com sua equipe passos, prazos e sinais de alarme. Segurança primeiro, sempre.

Compromisso com a vida


Você vale muito mais do que um antes e depois. Há projetos, afetos e futuros esperando por você. O caminho exige paciência, mas há luz possível. Procure ajuda hoje e dê o primeiro passo. Viver bem é o melhor resultado.

Onde buscar ajuda agora


Se houver risco imediato, acione 190/192. Para apoio emocional, CVV – 188 (24h). Se precisar, posso indicar profissionais presenciais e on-line. Não minimize sinais; sua vida importa. Compartilhe este texto com quem precisa ouvir que há saída.

Mensagem final


Anabolizantes sem indicação médica custam caro: mente em frangalhos, coração em risco, laços rompidos. Transforme a preocupação em ação. Marque uma consulta, converse com quem você ama e priorize a sua saúde mental. O melhor shape é aquele que preserva sua vida.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui. 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Meta-análise evidencia que bebidas energéticas podem aumentar o risco de suicídio e café reduzir

Bebidas energéticas podem aumentar o risco de suicídio: o que perguntar aos seus pacientes

Uma meta-análise (https://www.mdpi.com/2072-6643/17/11/1911) com mais de 1,5 milhão de participantes sugeriu que café e bebidas energéticas têm efeitos opostos no risco de suicídio .

O alto consumo de café (mais de 60 xícaras por mês) foi associado a uma redução significativa nas tentativas de suicídio, provavelmente devido às suas propriedades estimulantes e de melhora do humor.

Em contraste, observou-se que mesmo uma única lata de bebida energética por mês aumenta o risco de pensamentos e tentativas de suicídio, com um efeito dose-dependente que pode triplicar o risco em níveis de consumo mais elevados.

Essa diferença pode ser explicada pela presença de outros ingredientes psicoativos nas bebidas energéticas como taurina , guaraná e ginseng juntamente com seu alto teor de açúcar, que pode desencadear ansiedade e alterações de humor, principalmente em homens jovens, que são os principais consumidores.

A edição francesa do Medscape conversou com Guillaume Davido, MD, psiquiatra especializado em estudos de dependência no Hospital Bichat-Claude Bernard, em Paris, sobre as descobertas deste estudo.

Por que você acha que esse estudo é de particular interesse?

Os resultados são bastante impressionantes: as tentativas de suicídio foram 30% menores entre os consumidores de café em comparação aos consumidores de bebidas energéticas.

Esta meta-análise também é interessante porque nos incentiva a ser mais criteriosos sobre os efeitos da cafeína e a distinguir claramente bebidas energéticas com cafeína do café. Parece que o café, apesar de ser um estimulante , não aumenta o risco de suicídio. Isso é, no mínimo, surpreendente. Para mim, é quase uma revelação.

Por que esse efeito protetor da cafeína surpreende você?

A ideia de que a cafeína pode melhorar o risco de suicídio é bastante contraintuitiva. Sem mencionar que muitas publicações discutem os efeitos da cafeína na psiquiatria, particularmente seu efeito na qualidade do sono : quanto menos dormimos, mais estressados ​​e impulsivos ficamos, e maior a probabilidade de desenvolver comorbidades depressivas. Comorbidades depressivas implicam risco de suicídio. Transtornos psiquiátricos seriam mais desestabilizados em pacientes que consomem cafeína. Pensávamos que era principalmente o aspecto “cafeína” das bebidas energéticas que poderia potencialmente aumentar esses tipos de distúrbios, mas este estudo conclui um efeito protetor da cafeína.

No entanto, não é surpreendente que bebidas energéticas estejam associadas a um maior risco de suicídio, visto que seu consumo está associado a mais comorbidades psiquiátricas e com maior probabilidade de dependência . Até o momento, não havia pesquisas específicas sobre suicídio, mas isso parece plausível.

Além da cafeína, como você explica a possível ligação entre risco de suicídio e consumo de bebidas energéticas?

A meta-análise cita publicações sobre fatores de risco de comorbidade psiquiátrica e risco de suicídio que são agravados pelo consumo de bebidas energéticas. Elas mencionam especificamente taurina, guaraná ou ginseng, que podem promover ansiedade. No entanto, a literatura atual permanece muito cautelosa quanto à real toxicidade dessas substâncias. Também parece importante ter em mente que o consumo de bebidas energéticas [às vezes] ocorre dentro de um estilo de vida de risco geral, o que provavelmente explica em parte as associações observadas.

E quanto aos efeitos no microbioma e no eixo intestino-cérebro?

É verdade que o café tem efeitos antioxidantes e benefícios para o microbioma. A cafeína pode afetar positivamente o humor. Em contraste, outros componentes das bebidas energéticas, principalmente o açúcar, têm um efeito prejudicial sobre o microbioma . Por exemplo, um estudo mostrou que o consumo regular de bebidas energéticas diminuiu a expressão de genes bacterianos benéficos para o humor e reduziu a diversidade microbiana no intestino.

Você considera a comparação entre café e bebida energética neste estudo sólida?

É interessante, mas tem seus limites. Na meta-análise, a quantidade de café e, por extensão, de cafeína é bem definida, com um limite de 60 xícaras por mês, enquanto para bebidas energéticas, as quantidades são menos claras, descritas como uma lata.

Uma xícara de café tem cerca de 200 mL, e uma lata de um energético representa aproximadamente duas xícaras de café. Sabemos que essas bebidas contêm mais cafeína do que o café ou outras bebidas convencionais à base de cola, com teores que variam de 75 a 300 mg por bebida. Além disso, os entusiastas de bebidas energéticas consomem grandes quantidades, muitas vezes desconhecendo a quantidade de cafeína que ingerem.

Isso levanta questões sobre os resultados da meta-análise: os consumidores de café são protegidos pela cafeína ou simplesmente consomem menos do que os consumidores de bebidas energéticas? Publicações que destacam os riscos psiquiátricos associados ao café indicam que o consumo moderado é geralmente seguro. Pode até haver um efeito neuroprotetor . Portanto, tomar duas xícaras de café por dia não parece problemático.

E a população que consome bebidas energéticas?

Esta também é uma limitação observada pelos autores da meta-análise. Sabemos que pessoas que consomem regularmente bebidas energéticas não têm o mesmo perfil dos consumidores de café "clássico". São, em sua maioria, homens jovens . O risco de suicídio é maior entre homens jovens, e os consumidores de bebidas energéticas às vezes também usam outras substâncias; há uma ligação bem estabelecida na literatura entre bebidas energéticas e substâncias viciantes. Pacientes com problemas de dependência também apresentam risco aumentado de suicídio. Portanto, é necessária uma exploração mais aprofundada dessa população.

Mas, para mim, este também é um dos principais interesses deste estudo: é importante entender essa ligação bidirecional entre consumidores de bebidas energéticas e pacientes suicidas. Em consultas, o uso de bebidas energéticas deve ser visto como um "sinal de alerta". Seja na medicina geral ou na psiquiatria, se um paciente consulta por preocupações psicológicas, é relevante avaliar o consumo de bebidas energéticas porque pode indicar outros problemas: eles também podem estar consumindo outras substâncias ou ter um estilo de vida arriscado, o que permite a discussão de hábitos de vida. Eles podem desejar grandes quantidades de açúcar ou ter um transtorno alimentar como compulsão alimentar. O açúcar é conhecido por ser depressogênico e causa complicações metabólicas, que por sua vez levam a complicações psiquiátricas. Identificar esses comportamentos ajuda a detectar outros riscos associados, como síndrome metabólica ou doença hepática gordurosa devido ao consumo excessivo de açúcar.

Você pergunta aos seus pacientes sobre o consumo de bebidas energéticas?

Não é suficiente! Em consultas focadas no sono, esta pergunta deve ser incluída sistematicamente para avaliar a ingestão geral de cafeína. Na minha prática no hospital e na unidade de emergência psiquiátrica, não costumo perguntar durante a consulta inicial, pois lidamos principalmente com crises agudas. No entanto, torna-se relevante durante o acompanhamento ou ao final do tratamento. O objetivo não é demonizar a cafeína, mas abordá-la adequadamente. Em pacientes ansiosos, recomendamos limitar o consumo de estimulantes e evitar o consumo após as 16h, pois pode agravar a ansiedade ou interromper o sono. De forma mais ampla, a triagem clínica geral para transtornos de ansiedade deve incluir perguntas detalhadas sobre a ingestão de cafeína e bebidas energéticas.

Existem interações potenciais entre bebidas energéticas e medicamentos psiquiátricos?

No nível molecular, as interações existem, mas são discutíveis. Se você consumir cafeína com um antidepressivo ou antipsicótico, não necessariamente sentirá efeitos nocivos, mas algumas publicações relatam interações com a clozapina , um antipsicótico usado como último recurso para esquizofrenia resistente ao tratamento . A cafeína pode aumentar modestamente os níveis de clozapina .

Além disso, a cafeína e a maioria dos psicotrópicos compartilham o metabolismo hepático, com enzimas como a CYP1A2 envolvidas no metabolismo da cafeína. No entanto, não é possível afirmar com certeza se isso resulta em efeitos mentais pela ingestão concomitante.

No entanto, os níveis de glicose no sangue e de clozapina podem ser afetados em grandes consumidores de bebidas energéticas, e o monitoramento pode ser necessário, embora as evidências do impacto na saúde ainda não sejam claras.

Não há interações conhecidas com antidepressivos.

Por fim, recomenda-se não consumir bebidas energéticas ou café enquanto estiver tomando sedativos, pois seria como pressionar o acelerador e o freio simultaneamente. Identificar esse consumo é importante em pacientes que tomam hipnóticos.

Concluindo, o que você tira deste estudo?

Acredito que os autores desta meta-análise não pretendiam necessariamente destacar um efeito protetor do café, mas sim avaliar se a cafeína, presente no café ou em bebidas energéticas, impacta o risco de suicídio. Eles encontraram, surpreendentemente, uma diferença significativa entre os dois grupos de consumidores.

Na prática, eu levo isso em consideração:

A cafeína pode oferecer um efeito protetor contra o risco de suicídio quando consumida com moderação. Em contraste, doses muito altas como as encontradas em grandes quantidades de bebidas energéticas, podem aumentar esse risco.

Por exemplo, alguém que consome 15 xícaras de café por dia provavelmente não experimentará os benefícios protetores, dado o impacto no sono e em outras funções metabólicas, incluindo os efeitos cardiovasculares.

Deve-se prestar muita atenção aos consumidores de bebidas energéticas, e os pacientes devem ser questionados, pois esse tipo de consumo pode estar associado a múltiplas comorbidades, incluindo substâncias viciantes, síndrome metabólica e suicídio.

Fonte: https://www.medscape.com/viewarticle/energy-drinks-may-triple-suicide-risk-coffee-does-opposite-2025a1000ne8

sábado, 30 de março de 2024

Anabolizantes e suicídio

A postagem abaixo foi feita por um amigo psiquiatra. Há muitos anos estamos trocando experiências sobre efeitos dos Esteróides anabolizantes (EAAs) na saúde mental humana. E o que tenho percebido me assusta, ano após ano. 

Quando comecei a atender em 2009, jamais imaginaria que a situação chegaria ao ponto atual. Consigo relatar pelo menos uns 50 casos de pacientes que tiveram a vida devastada após uso de anabolizantes. Vi, ouvi, acolhi:

  • Pacientes com depressão que tiveram sintomas agravados, principalmente ao final de ciclos ou quando a droga vai decaindo na circulação.
  • Pacientes com quadro de ansiedade generalizada que após uso de EAAs abriram quadro de síndrome do pânico ou ficaram extremamente hiper-reativos, agressivos.
  • Pacientes borderline que após uso tiveram exacerbação dos sintomas, com consequências legais/criminais. 
  • Pacientes com transtorno bipolar que fizeram mania psicótica após início do uso.
  • Pacientes com transtorno bipolar que desencadearam mania e foram a falência ou se endividaram.
  • Pacientes com transtorno ansioso que começaram a ter ideação suicida e outros até tentaram suicídio. 
  • Pacientes com transtorno bipolar que passaram a ter compulsão sexual após o uso, levando ao término de casamentos de décadas. 
  • Pacientes previamente saudáveis que após o uso abriram quadro de esquizofrenia. 
  • Pacientes com TDAH que pioraram os sintomas após o uso e passaram a ter comportamentos de risco.
  • Pacientes bipolares que passaram a ter comportamento de risco e contraíram DSTs.
  • Paciente que com o uso tornou-se totalmente agressivo, destruindo o seio familiar, seja por agressão aos filhos ou violência doméstica contra a esposa. 
  • Pacientes que sob uso de EAAs tornam-se um perigo para a vida em sociedade, devido agravamento de transtornos psiquiátricos de base, favorecendo brigas de trânsito, agressões físicas contra terceiros e até mesmo a praticar crimes.
Conseguiria ficar aqui por horas, exemplificando situações que já ouvi no consultório, além das que ouço de amigos psiquiatras e psicólogos. A situação é muito mais grave do que se pensa. Sempre falo que é um problema de saúde mental, altamente negligenciado pelas autoridades. Com repercussões inclusive criminais. Então falo um apelo: se você usa, tente realizar o desmame com o prescritor. Caso ele não queira, procure um endocrinologista sério, que saiba manejar o uso de EAAs. 

Caso você apresente (as vezes o paciente nem percebe, mas as pessoas que convivem percebem) sintomas ansiosos com uso de EAAs, ideação suicida, agitação psicomotora, irritabilidade, agressividade, comportamentos de risco, procure auxílio de um psiquiatra e seja transparente sobre o uso. 

Além do texto abaixo, sugiro que leia:


att

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

sábado, 3 de setembro de 2022

Setembro amarelo - A importância da escuta especializada

 


Por quase 15 anos relutei adentrar esse tema. Perdi meu pai no dia 10 de setembro de 2003, ironicamente ele suicidou no dia mundial de prevenção do suicídio. Assunto espinhoso e que por muitos anos foi tabu pra mim. 

O setembro amarelo começou nos Estados Unidos, quando Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Era um jovem muito habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo. Por conta disso, ficou conhecido como "Mustang Mike". Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte.

No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem "Se você precisar, peça ajuda.". A iniciativa foi o estopim para um movimento importante de prevenção ao suicídio, pois os cartões chegaram realmente às mãos de pessoas que precisavam de apoio. Em consequência dessa triste história, foi escolhido como símbolo da luta contra o suicídio, o laço amarelo.

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza, em todo o país a campanha do setembro amarelo. Na qual durante todo o mês procuramos conscientizar as pessoas sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento. Falar sobre suicídio é importante.

Ao longo dos anos fui sabendo de várias histórias de médicos que, assim como meu pai suicidaram. Pai e mães de colegas médicos, amigos, profissionais da área da saúde, familiares, professores e alguns pacientes. Baseado nesse histórico, ao longo de quase toda minha vida profissional sempre questionei na consulta sobre ideação suicida. As vezes durante a consulta, as vezes no questionário pós-consulta. E pasmem, é muito prevalente. Uma boa parte das pessoas tiveram alguma vez na vida ideação suicida e isso não quer dizer que elas um dia suicidarão. Porém, atenção deve ser dada!

De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde - OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas suicidam por dia no Brasil, o que significa que o suicídio mata mais brasileiros do que doenças como a AIDS e o câncer.

O assunto é envolto em tabus, por isso, a organização da campanha da ABP acredita que falar sobre o tema é uma forma de entender quem passa por situações que levem a ideias suicidas.

Com isso, podemos ajudá-las a partir do momento em que as ideações são identificadas. É por isso que “Falar é a melhor solução” é o slogan da campanha, cujos envolvidos na sua organização acreditam que conscientizando as pessoas poderemos prevenir 9 em cada 10 situações de atos suicidas.

Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países da América vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade. Pós-pandemia o cenário é ainda pior.

Falar importa?

Sim, falar importa, ouvir também, mas, quando falamos de ideação suicida devemos ter em mente que o mais adequado é uma escuta especializada. E o que seria isso? É a escuta feita por um profissional que entende do tema e que inclusive conhece técnicas para fazer o paciente falar e essa fala ser terapêutica. Competência técnica e científica.

Cansei de ver nos últimos anos pessoas totalmente despreparadas falando em redes sociais (no mês de setembro) que estavam abertas para conversar com quem estivesse em sofrimento psíquico. "Quem estiver mal me chame no direct para conversar", Isso é irresponsável. 

Os profissionais mais habilitados para isso são os psicólogos e psiquiatras. Eles tem estudo/formação na área, formas de manejar, técnicas para lidar com a prevenção do suicídio. Isso não quer dizer que essas pessoas não possam dar suporte, mas se realmente quer ajudar, oriente essa pessoa a ter um suporte especializado. Isso é o correto. O paciente com sofrimento psíquico precisa de escuta especializada. Saber ouvir também é uma arte.

Temos então vários entraves na prevenção do suicídio. O primeiro é que a maioria desses pacientes possuem alguma doença psiquiátrica de base e que na maioria das vezes não foi diagnosticada. Ou seja, devemos normalizar que se a pessoa apresenta algum sintoma psiquiátrico como rebaixamento do humor, oscilações, insônia, abuso de substância, ela obrigatoriamente deve buscar auxílio de um médico psiquiatra. Passou da hora de quebrarmos o estigma de que psiquiatra é "Médico de louco". É o médico que lida com a saúde mental, com o sofrimento psíquico. 

O segundo entrave consiste no fato de muitos brasileiros não conseguirem ter acesso a um médico psiquiatra. Ou seja, todas as esferas do governo precisam criar mais núcleos de saúde mental. Pelo menos nas cidades onde resido, é bastante difícil conseguir rapidamente vaga com psiquiatra no SUS e até mesmo por planos de saúde.  Caso não tenha a possibilidade de passar por um Médico Psiquiatra, uma avaliação psicológica torna-se uma boa estratégia.

Outro entrave é a pouca quantidade de serviços de psicologia ofertados pelo SUS. Lido com obesidade e a psicoterapia faz parte dos pilares no tratamento do portador de obesidade. Meus pacientes levam meses para conseguir acesso a um profissional na área. Se esse paciente que teve ideação suicida e está em sofrimento psíquico demora a ter acesso, pode ser que no meio do caminho ele suicide. Faz-se necessário um maior acesso a esses profissionais.

Essa dificuldade no acesso não ocorre somente no SUS. Por anos, os planos de saúde limitaram o número de consultas com psicólogos. A agência nacional de saúde suplementar (ANS) aprovou em 2022 o fim da limitação ao número de consultas e sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Agora, os planos de saúde terão que oferecer cobertura ilimitada para pacientes com qualquer doença ou condição de saúde listada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Acredito que isso auxiliará muito na prevenção do suicídio. 

Além desses entraves temos diversos outros fatores que podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. 

O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importantes. Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais o suicídio foi considerado um grande erro. Culpando aqueles que o querem  ou  que consumam o ato. O sofrimento psíquico do suicida em potencial é negligenciado. Ele não é acolhido e ouvido, pelo contrário, é recriminado. Como se ele tivesse culpa daquele anseio.

O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas. É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. Sendo assim, deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do paciente, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito. É a consequência final de um processo.

Pessoas que já tentaram suicídio tem de 5 a 6 vezes mais chance de tentar o ato novamente. A posvenção inclui as habilidades e estratégias para cuidar de si mesmo ou ajudar outra pessoa a se curar após a experiência de pensamentos suicidas, tentativas ou morte.

Fatores protetores: existem alguns fatores relacionados à vida de uma pessoa, que podem atuar como proteção para o suicídio.

  • Ausência de doença mental
  • Autoestima elevada
  • Bom suporte familiar
  • Capacidade de adaptação positiva
  • Capacidade de resolução de problemas
  • Estar empregado
  • Realização de pré-natal
  • Laços sociais bem estabelecidos com amigos e familiares
  • Relação terapêutica positiva
  • Frequência a atividades religiosas
  • Ter sentido existencial
  • Senso de responsabilidade com a família
  • Ter crianças em casa 

Fatores de risco: existem alguns fatores que aumentam o risco de suicídio: 


1) Abuso sexual na infância:

2) Maus tratos, abuso físico, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, entre outros fatores, podem aumentar o risco de suicídio. Na assistência ao adolescente, os médicos, os professores e os pais devem estar atentos para o abuso ou a dependência de substâncias associados à depressão, ao desempenho escolar pobre, aos conflitos familiares, à incerteza quanto à orientação sexual, à ideação suicida, ao sentimento de desesperança e à falta de apoio social. Um fator de risco adicional de adolescentes é o suicídio de figuras proeminentes ou de indivíduo que o adolescente conheça pessoalmente. Existe, também, o fenômeno dos suicidas em grupo ou comunidades semelhantes que emitem o estilo de vida.

3) Alta recente de internação psiquiátrica

4) Impulsividade/Agressividade

5) Isolamento Social: a pandemia favoreceu bastante o aumento do número de suicídios devido o isolamento social prolongado, mas fora da pandemia, a presença de comportamento antisocial é um fator de risco.

6) Suicídio na família: o risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio. Estudos de genética epidemiológica mostram que há componentes genéticos, assim como ambientais envolvidos. O risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou.

7) Tentativa prévia: esse é o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente. 

8) Doenças mentais: sabemos que quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada. Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas e transtornos de personalidade e esquizofrenia. Pacientes com múltiplas comorbidades psiquiátricas têm um risco aumentado, ou seja, quanto mais diagnósticos, maior o risco. o. Na figura abaixo temos os diagnósticos mais frequentemente associados ao suicídio.


9) Doenças clínicas não psiquiátricas e incapacitantes: diversas doenças são associadas ao suicídio de maneira independente de outros dois fatores de risco bem estabelecidos, como a depressão e o abuso de substâncias. As taxas de suicídio são maiores em pacientes com:
  • Câncer, HIV, doenças neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença de Huntington e epilepsia; doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. doença pulmonar obstrutiva crônica, além de doenças reumatológicas, como o lúpus eritematoso sistêmico.
Os sintomas não responsivos ao tratamento e os primeiros meses após o diagnóstico também constituem situações de risco. Pacientes com doenças clínicas crônicas apresentam comorbidades com transtornos psiquiátricos, com taxas variando de 52% a 88%. Portanto, é necessário rastrear sintomas depressivos e comportamento suicida nesses pacientes, especialmente diante de problemas de adesão ao tratamento.

Toda pessoa tem alguns fatores protetivos e alguns fatores de risco para o suicídio. Sendo assim, na prevenção ao suicídio, várias medidas podem ser tomadas para aumentar os fatores de proteção e diminuir os de risco:
  • Aumentar contato com familiares e amigos
  • Buscar e seguir tratamento adequado para doença mental
  • Envolvimento em atividades religiosas ou espirituais
  • iniciar atividades prazerosas ou que tenham significado para a pessoa, como trabalho voluntário e/ou hobbies
  • Reduzir ou evitar o uso de álcool e outras drogas 
É super comum que em situações de crises, especialmente se a pessoa tem uma doença mental, surjam pensamentos de morte e mesmo de suicídio. No entanto, felizmente, a imensa maioria das pessoas que pensa em suicídio encontra melhores modos de lidar com os problemas e superá-los. Para isso, é essencial identificar o problema e buscar os diversos modos saudáveis e construtivos de enfrentá-lo.

Mitos sobre o suicídio 

Erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos, contribuindo para formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida.  O estigma resulta de um processo em que pessoas são levadas a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas. A tabela 1 ilustra os mitos sobre o comportamento suicida. O conhecimento pode contribuir para a desconstrução deste estigma em torno do comportamento suicida.

Caso precise de indicação de Psiquiatra e/ou Psicólogo, tenho uma lista aqui. Todos atendem presencial e online. 

Se chegou a esse texto por estar apresentando ideação suicida (nesse momento), sugiro ligar para o CVV – Centro de Valorização da Vida. O CVV é um serviço de apoio emocional gratuito e realizado por voluntários. Em 2017, foram cerca de 2 milhões de atendimentos. O modelo é sigiloso e não diretivo, ou seja, não há aconselhamento ou julgamento. Realizam suporte emocional e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone (nº188), e-mail e chat. O serviço está disponível 24 horas por dia. Link: https://www.cvv.org.br/ 

Uma outra opção é procurar auxílio em algum pronto-socorro psiquiátrico. 


Fontes:
http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416