terça-feira, 29 de agosto de 2023

Óleos essenciais durante o sono talvez possam melhorar a cognição (memória verbal) de idosos saudáveis



Em uma pesquisa controlada randomizada, os pesquisadores constataram que a exposição de idosos com função cognitiva normal ao aroma de óleos essenciais durante duas horas por noite ao longo de seis meses levou a uma melhora de 226% na memória, em comparação com um grupo controle que foi exposto a apenas uma quantidade ínfima do aroma.

Além disso, imagens de ressonância magnética funcional mostraram que os participantes submetidos ao "estímulo olfativo" apresentam uma melhora do funcionamento do fascículo uncinado esquerdo, uma área cerebral ligada à memória e à cognição, que normalmente passa por uma perda funcional gradual com o avançar da idade.

"Até onde sei, esse nível de melhora [da memória] é muito maior do que o observado em qualquer intervenção em idosos saudáveis. Além disso, também identifcamos a melhora significativa de uma via cerebral relacionada à memória em comparação com os idosos que não foram submetidos ao estímulo olfativo", disse ao Medscape o pesquisador sênior Dr. Michael Leon, Ph.D., professor emérito da University of California, nos EUA.

O estudo foi publicado on-line em 24 de julho no periódico Frontiers of Neuroscience: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnins.2023.1200448/full

A ‘supervia’ cerebral

O estímulo olfativo "é a exposição diária de indivíduos a vários aromas". Estudos com camundongos indicam que a técnica melhora a memória e a neurogênese, segundo os pesquisadores.

Um estudo anterior demonstrou que a exposição diária a óleos essenciais por 30 minutos durante três meses induziu a neurogênese no bulbo olfatório e no hipocampo.

"O sistema olfatório é o único sentido com uma 'supervia' direta [desde os receptores de estímulos olfativos] até as áreas cerebrais relacionadas aos centros de memória. Todos os outros sentidos só conseguem acessar essas áreas cerebrais através do que podemos chamar de 'vias cerebrais secundárias', e, portanto, têm muito menos impacto na manutenção da saúde desses centros de memória."

Quando o olfato é comprometido, "os centros de memória do cérebro começam a se deteriorar e, de forma oposta, quando alguém é submetido ao enriquecimento olfativo, suas áreas de memória se tornam maiores e mais funcionais", acrescentou o pesquisador.

A disfunção olfatória é o primeiro sintoma da doença de Alzheimer e também é encontrada em praticamente todos os distúrbios neurológicos e transtornos psiquiátricos.

"Contabilizei 68 entidades clínicas [relacionadas a alterações olfatórias], como anorexia, ansiedade, [transtorno de déficit de atenção/hiperatividade], depressão, epilepsia e acidente vascular cerebral. Na verdade, quando um indivíduo chega à meia-idade, podemos predizer a mortalidade por todas as causas desse paciente apenas com base na sua capacidade olfatória", disse o Dr. Michael.

Ele e sua equipe desenvolveram um tratamento eficaz para o autismo usando um enriquecimento ambiental focado na estimulação com aromas, além de estimular outros sentidos. "A partir desse momento, passamos a considerar a possibilidade de que o enriquecimento olfativo isolado pudesse melhorar a função cerebral."


Rosa, laranja, eucalipto e muito mais

No estudo, os pesquisadores selecionaram aleatoriamente 43 idosos de 60 a 85 anos para serem expostos no período noturno a aromas de óleos essenciais por meio de um difusor (n = 20; média de idade [desvio padrão] de 70,1 [6,6] anos) ou para participarem de um grupo controle com apenas uma quantidade mínima de aromas (n = 23; média de idade de 69,2 [7,1] anos) durante um período de seis meses.

O grupo experimental foi exposto a um único aroma por noite, dispersado no ambiente por meio de um difusor, durante duas horas todas as noites. Foram utilizados sete aromas agradáveis, alternados semanalmente: 
  • Óleo essencial de rosas
  • Óleo essencial de laranja
  • Óleo essencial de eucalipto
  • Óleo essencial de limão
  • Óleo essencial de hortelã-pimenta
  • Óleo essencial de alecrim
  • Óleo essencial de lavanda
Todos os participantes foram submetidos a uma bateria de testes no início do estudo, dentre eles o Miniexame do Estado Mental, que confirmou a normalidade da função cognitiva. 

No início do estudo e após um acompanhamento de seis meses, os participantes foram submetidos ao Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (TAAVR) e a três subconjuntos da terceira edição da Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (EIWA-III).

A função do sistema olfatório foi avaliada por meio de um teste padronizado de avaliação do olfato (também conhecido como " Sniffin Sticks "), possibilitando que os pesquisadores determinassem se o estímulo olfativo teria melhorado o desempenho olfativo.

Os participantes foram submetidos à ressonância magnética funcional no início do estudo e após seis meses.

As imagens de ressonância magnética cerebral demonstraram uma "diferença clara e estatisticamente significativa de 226% entre os idosos submetidos ao enriquecimento olfativo e os idosos do grupo controle no desempenho no TAAVR, que avalia o aprendizado e a memória (interação grupo x ponto temporal; F = 6,63; P = 0,02; d de Cohen = 1,08; com um "grande tamanho de efeito").

Também foi detectada uma mudança significativa na difusividade média do fascículo uncinado esquerdo no grupo experimental em comparação com o controle (interação grupo x ponto temporal; F = 4,39; P = 0,043; h2p = 0,101; com um "tamanho de efeito médio").

O fascículo uncinado é considerado uma "via neural principal", conectando a amígdala basolateral e o córtex entorrinal ao córtex pré-frontal. Essa via se deteriora com o envelhecimento e em pacientes com Alzheimer. Além disso, "existem indícios de que ela desempenhe um papel na mediação da memória episódica, da linguagem e do processamento socioemocional, além da seleção de memórias concorrentes durante a evocação".

Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos com relação à capacidade olfativa.

Uma das limitações do estudo foi o tamanho reduzido da amostra. Os pesquisadores esperam que os achados "estimulem [a realização de] ensaios clínicos de grande porte para testar sistematicamente a eficácia terapêutica do enriquecimento olfativo no tratamento da perda de memória em idosos".

Resultados animadores, mas ainda preliminares 

Convidado a comentar o estudo pelo Medscape, o Dr. Donald Wilson, Ph.D., professor de psiquiatria pediátrica, neurociência e fisiologia, vinculado ao Child Study Center do NYU Langone Medical Center, nos EUA, disse que vários estudos "demonstraram que problemas relacionados ao olfato estão associados a alterações neurológicas/psiquiátricas e em alguns casos podem preceder outros sintomas de diversos distúrbios/transtornos, como o Alzheimer, a doença de Parkinson e a depressão”.

Pesquisas recentes sugeriram que essa relação possa ser "bidirecional", ou seja, a perda do olfato pode estimular a depressão e o transtorno depressivo pode levar a prejuízos no olfato, disse o Dr. Donald, que também é diretor e pesquisador sênior do Emotional Brain Institute, parte do Nathan Kline Institute for Psychiatric Research, nos EUA, e não participou do estudo.

Essa "interação bidirecional" pode levantar a possibilidade de que "a melhora do olfato possa repercutir em distúrbios não olfativos".

O artigo “agrega” achados de pesquisas anteriores para mostrar que o uso de aromas durante o sono pode melhorar alguns aspectos da função cognitiva e de circuitos cognitivos sabidamente importantes para a memória e a cognição, o que o Dr. Donald chamou de “um achado muito animador, embora ainda relativamente preliminar”.

Uma ressalva é que várias medidas da função cognitiva foram avaliadas e apenas uma (memória verbal) apresentou melhora substancial.

No entanto, existe "um interesse atual muito forte nos aspectos olfativos e não olfativos do treinamento olfatório, e a intervenção mostrada no estudo expande as possibilidades de treinamento durante o sono. Essa pode ser uma ferramenta poderosa na melhora e/ou na recuperação da função cognitiva se estudos longitudinais confirmarem esses achados", disse o Dr. Donald.

Treinei hoje, em quanto tempo vou começar a ver resultado?


Você com certeza já ouviu a frase de que "a pressa é inimiga da perfeição" e, atualmente, a ansiedade e a vontade de se alcançar resultados rápidos são os grandes vilões da evolução clínica positiva das pessoas (com relação à saúde em geral e composição corporal).

A evolução decorrente da prática de exercícios físicos leva tempo, principalmente se o foco principal for a composição corporal (perda de gordura e ganho de massa muscular). E para ver resultados de forma mais nítida, é provável que no primeiro mês você já perceba uma melhora significativa na sua disposição, sono, mobilidade, força muscular e resistência relacionada ao desempenho aeróbio.

Já com relação à massa muscular e gordura corporal, visualmente, as mudanças são mais visíveis a partir ali do terceiro mês, em que o volume e a intensidade da prática de exercícios já estão evoluindo.

Mas tem um ponto extremamente importante, a prática de exercícios trará inúmeros benefícios relacionados a sua saúde como um todo, inclusive que citei um pouco mais acima. Porém, se você quiser ver realmente a mudança na sua composição corporal relacionada à gordura, tenha plena certeza que sua alimentação deverá estar nutricionalmente adequada e com um déficit calórico presente.

Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416


domingo, 27 de agosto de 2023

Grãos integrais e Diabetes Mellitus tipo 2


Os grãos integrais são verdadeiros aliados na proteção contra o Diabetes tipo 2. É muito comum no consultório e no ambulatório, pacientes recém diagnosticados com pré-diabetes ou diabetes mellitus tipo 2, demonizarem os grãos pelo fato de serem carboidratos. No imaginário popular os carboidratos são açúcares e todo açúcar elevaria a glicemia. Ao longo das ultimas décadas esse tipo de mito vem sendo quebrado. 

Grãos são carboidratos? Sim. 

Carboidratos elevam a glicemia e podem favorecer um mau controle glicêmico? Sim, assim como proteínas e gorduras. Tudo dependerá da quantidade e da composição da refeição. Ou seja, da combinação entre os macronutrientes. 

Carboidratos são riscos em fibras? Sim e esse é o diferencial em auxiliar no melhor controle da glicemia. Além de ricos em fibras, também possuem vitaminas e minerais, favorecendo uma "desaceleração" na absorção de glicose, auxiliando no controle dos níveis de açúcar no sangue.

Ao contrário dos grãos refinados, os integrais mantêm suas partes nutritivas intactas, o que contribui para uma digestão mais lenta e uma sensação de saciedade prolongada, evitando picos de glicemia. 

Opções como aveia, quinoa, arroz integral e trigo integral são algumas das valiosas escolhas para compor uma alimentação equilibrada e saudável. Principalmente se combinados a vegetais folhosos, frutas com baixo índice glicêmico e combinados a fontes proteicas. 

Exerça a criatividade na cozinha e inclua esses alimentos em suas receitas diárias. Cuidar da saúde nunca foi tão saboroso e acessível. Cuide-se, alimente-se bem e desfrute de uma vida plena e equilibrada!

No Site da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) há várias receitas, porém, o profissional mais habilitado para te ajudar nas receitas que se adequam ao seu caso é o Nutricionista.

[Conteúdo exclusivo para médicos] Desnutrição, Caquexia e Sarcopenia - Dr. Pedro Dal Bello

 


Aula que meu amigo Dr. Pedro Dal Bello ministrou no curso de Nutrologia para acadêmicos de medicina.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Fórum EAS

 

O uso de esteroides anabolizantes e similares (EAS) constitui um grave problema mundial de saúde pública, tendo em vista sua grande prevalência, os potenciais danos que essas drogas podem causar ao organismo, a faixa etária jovem dos usuários e o mercado clandestino envolvido.

A perspectiva de ganho de massa magra, perda de massa gorda e/ou aumento de performance induz os indivíduos ao uso ilícito disseminado de EAS, independente de sexo, idade e condição cultural e social.

No entanto, o abuso disseminado dentro e fora do esporte de elite, mas especialmente por jovens que querem melhorar a aparência física, é alarmante e carece de programas específicos de educação, prevenção, tratamento e reabilitação, especialmente no Brasil.

O Fórum EAS se propõe a abordar o tema de forma ampla, envolvendo a ciência, o esporte, a comunidade e o Estado na discussão das evidências científicas e no estabelecimento de estratégias para o uso ético de EAS e para que o uso ilícito de esteroides anabolizantes e similares seja minimizado, a população esclarecida e os usuários adequadamente atendidos e reabilitados. Alternativas para ganho de massa magra e melhora de performance por meio da nutrição, incluindo suplementação, e do treinamento físico serão estabelecidas como opções para evitar o abuso de EAS.

https://www.forumeas.com.br/


terça-feira, 22 de agosto de 2023

Obesidade’ deveria mudar de nome?


A percepção pública de uma doença é uma questão essencial. Os “diabéticos” são agora chamados de “pessoas que vivem com diabetes”; uma “pessoa obesa” agora é um “indivíduo que vive com obesidade”.

Mas qual é a definição de obesidade? Refere-se a uma doença ou a um fator de risco? E será que o termo está tão contaminado com negatividade, culpa e preconceito que a única solução é descartá-lo e substituí-lo completamente? A sociedade (e a medicina) mudou significativamente desde quando a palavra latina obesitas foi adotada, em 1600.

Embora haja tanto em jogo quando se fala em “obesidade”, é incrível que o estigma persista apesar de os conceitos subjacentes terem evoluído tanto. Então, talvez seja mais uma questão de encontrar a opção “menos pior” do que perseguir uma solução impossível que sirva para todos?

Este é o desafio da Comissão de Definição e Diagnóstico da Obesidade Clínica do periódico The Lancet Diabetes & Endocrinology, que deve publicar seus achados iniciais nos próximos meses. A força-tarefa mundial tem 60 líderes no tratamento clínico da obesidade, entre eles representantes com experiência pessoal de obesidade. O líder do projeto é o Dr. Francesco Rubino, médico e chefe de cirurgia bariátrica e metabólica no King's College London, no Reino Unido.

“Dar um novo nome à ‘obesidade’ é muito importante”, afirmou o Dr. Francesco. “A palavra é tão estigmatizada, com tantos mal-entendidos e percepções errôneas, que há quem diga que a única solução é mudar o nome.”

Um possível novo nome foi proposto pela American Association of Clinical Endocrinology e pelo American College of Endocrinology em 2016, em uma tentativa de definir a doença com base na sua característica central de adiposidade: ABCD, sigla em inglês para adiposity-based chronic disease (cuja tradução em português pode ser doença crônica baseada na adiposidade).

O Dr. Francesco é favorável ao termo “ABCD”, mas com algumas ressalvas: “É bom do ponto de vista fisiológico, mas o problema é que seria mais bem compreendido por cientistas e médicos. Não sei o quanto o termo agradaria o público em geral. ‘ABCD’ ainda fica aquém de uma boa definição da doença.”

O médico acrescentou que a abordagem da comissão do periódico The Lancet é chamá-la de “obesidade clínica”. "A ‘obesidade’ em si não transmite necessariamente a mensagem de que você tem um distúrbio ou uma doença”, observou. “É como a diferença de significado entre depressão e depressão clínica, que comunicam duas coisas diferentes.”

Mas o que justifica qualquer renomeação é um maior esclarecimento da definição e do diagnóstico de obesidade. Em 1997, a Organização Mundial da Saúde reconheceu a obesidade como uma doença crônica; em 2013, a American Medical Association (AMA) fez o mesmo, acrescentando que merecia atenção médica; por outro lado, somente em 2021 a Comissão Europeia definiu a obesidade como uma “doença crônica com recidivas, que por sua vez atua como uma porta de entrada para uma série de outras doenças não transmissíveis”.

No entanto, 25 anos após o reconhecimento inicial da obesidade como uma doença, o conceito ainda está repleto de negatividade, seja de forma explícita ou implícita. Esse estigma denigre as pessoas com sobrepeso e obesidade, taxando-as de “preguiçosas, desleixadas, pouco inteligentes e pouco atraentes”.

O Dr. Francesco explicou que, em primeiro lugar, é importante estabelecer e definir os componentes e as características essenciais da doença obesidade. Isso é fundamental para melhorar o acesso ao tratamento clínico, reduzir a culpa pessoal e fomentar um ambiente de pesquisa mais favorável para nortear a tomada de decisões clínicas e políticas.

“Esta é a questão que está no centro da nossa comissão. Temos um problema com a definição atual de obesidade, e a forma como a avaliamos não nos permite definir com precisão quando a obesidade é uma doença”, explicou.

Os rótulos moldam a percepção pública da doença, e a ‘obesidade’ é um exemplo disso

Outra especialista que defende a necessidade de um nome que reflita melhor a definição – seja lá qual for – é a Dra. Margaret Steele, Ph.D., vinculada à School of Public Health da University College Cork, na Irlanda, que, de acordo com a página da universidade, tem um interesse especial em “‘Gordura’ como um fenômeno cultural, social e político”.

Ela acredita que os rótulos — inclusive “obesidade” — têm um papel fundamental na formação das percepções do público. Na era digital e repleta de informações em que vivemos, os limites da medicina e da sociedade se sobrepõem, sendo que a percepção pública está influenciando as decisões de natureza médica de uma forma sem precedentes, gerando controvérsia e divisão – o tratamento da obesidade é um exemplo.

Especificamente, a palavra “obesidade” é amplamente associada a conotações negativas, diz ela, e, portanto, acolhe o diálogo sobre sua redefinição e renomeação. Apesar do amplo apoio geral a um nome e uma definição que reflitam a adiposidade, devido ao seu papel fisiológico central nas complicações da obesidade, a Dra. Margaret acredita que os “efeitos no tecido adiposo são decorrentes de problemas cerebrais e do ambiente alimentar”, e ela deseja que mais atenção seja dada a esses aspectos.

Referindo-se à maioria das sociedades ocidentalizadas, ela descreve como as pessoas que cresceram em tempos de escassez de alimentos, antes que os alimentos processados se tornassem amplamente disponíveis, têm um perfil de paladar diferente daqueles que cresceram depois. “As pessoas que foram criadas na Irlanda dos anos 1940 e 1950 se lembram de ganhar uma laranja como presente no Natal, porque a ideia de que você poderia ter comida o ano todo – qualquer fruta ou vegetal que quisesse e quando quisesse – simplesmente não existia.”

Em comparação, as mudanças sociais que levaram a mais pressão financeira e de tempo nas décadas posteriores fizeram com que alimentos rápidos, com alto teor de gordura, alto teor de açúcar e processados se tornassem mais desejáveis, apontou ela. “A maioria das crianças agora reconhece o nome da empresa e até mesmo a marca específica de fast-food [de que gostam] antes de conhecer o alfabeto.”

O ambiente atual cultivou “uma reação física muito diferente aos alimentos, talvez um tipo diferente de resposta emocional”, acredita ela, destacando a relação estreita entre obesidade, sociedade, saúde mental e opções alimentares.

A Dra. Margaret quer estimular o diálogo sobre o termo usado para descrever os indivíduos convencionalmente descritos como “obesos” ou usando a palavra “obesidade”. “Estamos pensando em termos como, talvez, apetite crônico, ingestão crônica de alimentos ou desregulação da ingestão alimentar.”

Mudar a terminologia médica quando ela se torna obsoleta ou prejudicial não é novidade, argumentou ela em um artigo recente sobre o assunto publicado em  coautoria com o Dr. Francis Finucane, médico endocrinologista consultor dos Galway University Hospitals, na Irlanda.

“No século 20, os termos ‘débil mental’ e ‘mongol’ passaram a ser usados de forma pejorativa na cultura em geral e foram banidos do vocabulário médico”, apontou a Dra. Margaret. Ela acrescentou que mudar o termo “obesidade” pode facilitar a busca dos objetivos estratégicos da medicina clínica “sem causar polêmica desnecessária com aqueles que, dados seus objetivos e contextos pessoais, entendem o índice de massa corporal (IMC) ou peso corporal de maneira radicalmente diferente”.

Obesidade: doença, fator de risco ou ambos?

O Dr. Francesco ressaltou que, antes de qualquer renomeação, é preciso estabelecer e definir os componentes e as características essenciais da doença obesidade. “Esta questão está no centro de nossa comissão e não é uma conversa fácil de se ter.” Ele explicou ainda que o problema com a definição atual de obesidade, e a forma como ela é concebida, concentra-se em grande parte no fato de ela ainda ser considerada um fator de risco para outras doenças.

Segundo o Dr. Francesco, a doença é caracterizada por três fatores: o fenômeno de ter uma causa patogênica, que leva a alterações fisiopatológicas (dos órgãos) e causa manifestações clínicas.

Ele acrescentou que a obesidade é atualmente descrita pelo que pode causar – por exemplo, diabetes tipo 2, câncer ou hipertensão. “Cada uma dessas doenças tem suas próprias manifestações clínicas, mas a obesidade não. [Como doença], não temos uma definição das manifestações clínicas da obesidade além do excesso de adiposidade.”

“O uso do IMC não prediz excesso de adiposidade, nem determina uma doença aqui e agora. Não existe doença sem doença, que é a manifestação clínica e a percepção do paciente de que é uma doença”, explicou o Dr. Francesco, apontando que a comissão do periódico The Lancet está preenchendo essa lacuna de conhecimento ao perguntar: “Se a obesidade é uma doença, então como ela é definida?”.

O médico acrescentou que a circunferência da cintura provavelmente fornece uma medida melhor do que o IMC para indicar diretamente a distribuição anormal da adiposidade, que sabidamente está associada a desfechos cardiometabólicos ruins, “mas não diz se o paciente tem uma doença aqui e agora – apenas que corre o risco de apresentar doenças cardiovasculares no futuro. A maioria das pessoas com acúmulo de gordura abdominal é perfeitamente funcional e não se sente doente”.

Ele também explicou que persiste a confusão sobre se a obesidade – ou excesso de adiposidade – é um fator de risco ou um sintoma de outra doença. “A imagem está borrada e não sabemos como diferenciá-los. Temos apenas um nome, que se aplica a todas essas coisas, e temos um critério – IMC – para diagnosticá-lo!”

O Dr. Francesco acrescentou: “Então, o que define a obesidade? É o diabetes? Não, porque é outra doença. Você não define uma doença como outra doença. Ela tem que ser independente.”

Recentemente, a AMA recomendou que o IMC agora seja usado em conjunto com outras medidas válidas de risco, como, entre outras, gordura visceral, índice de adiposidade corporal, composição corporal, massa de gordura relativa, circunferência da cintura e fatores genéticos e metabólicos.


O Dr. Aayush Visaria, médico residente em medicina interna da Rutgers University, nos Estados Unidos, concorda que um novo nome possa ajudar a mudar a percepção pública da obesidade para melhor. Um estudo que ele apresentou na Endocrine Society Meeting de 2023 constatou que o IMC “subestima muito” a obesidade, conforme publicado pelo Medscape.

Ele concorda com o Dr. Francesco que o desafio está na falta de compreensão precisa dos mecanismos que levam à obesidade: “É multifatorial, não apenas apetite ou ingestão de alimentos. Colocar isso em uma expressão é difícil”.

No entanto, se um novo termo puder incorporar as várias facetas da doença, “no geral, reduzirá o estigma porque passaremos a pensar na obesidade como um processo patológico, não como algo pessoal relacionado à culpa”, disse o Dr. Aayush.

Mas ao mesmo tempo, ele expressou cautela em relação a possíveis conotações negativas associadas à classificação da obesidade como uma doença. A Dra. Margaret também refletiu sobre esse risco, destacando que medicalizar o tamanho corporal pode ser contraproducente ao alimentar o estigma do peso e a gordofobia.

“Medicalizar a obesidade pode desencorajar em vez de fortalecer, mas ao especificar mais claramente que estamos falando sobre um conjunto específico de doenças metabólicas inter-relacionadas, isso tornaria muito mais claro, e que... não se trata de tornar as pessoas magras, não é uma questão estética”, observou a Dra. Margaret.

A palavra ‘obesidade’ dificulta explicações sobre doenças

A Dra. Margaret explicou que seu objetivo é superar a ambiguidade em torno da palavra “obesidade” que dificulta as explicações sobre a obesidade como doença para o público em geral.

“Muita confusão e controvérsia poderiam ser evitadas se esclarecêssemos que quando os médicos dizem que a obesidade é uma doença, eles não querem dizer que ser ‘gordo’ é uma doença”.

No entanto, o tecido adiposo é um órgão endócrino ativo, produzindo hormônios que não funcionam tão bem em pessoas com obesidade, ela observou. “Esse novo conhecimento levou a melhores tratamentos, como medicamentos como semaglutida e tirzepatida. Esses medicamentos, como a cirurgia bariátrica, geralmente levam a uma perda ponderal significativa e a melhoras na saúde metabólica geral.”

O Dr. Francesco também expressou preocupação com a medicalização, conforme determinado pela definição e o diagnóstico e pela disponibilidade de tratamento medicamentoso que poderia levar ao tratamento excessivo. “Atualmente, quando todos com um IMC > 30 kg/m2 têm acesso a todos os tratamentos para obesidade existentes, temos observado escassez de medicamentos. Devemos priorizar esse tratamento.”

Em última análise, o diagnóstico da obesidade como doença precisa de um biomarcador antropométrico que forneça, em nível individual, a confiança de que uma pessoa tem uma doença hoje, ou pelo menos perto de 100% de probabilidade de evoluir com essa doença, afirmou o Dr. Francesco.

“Se usarmos o IMC, ou mesmo a circunferência da cintura, isso pode diagnosticar a doença; mas se a pessoa viver até os 90 anos, qual é o sentido de rotulá-la como doente?” apontou.

“Como médicos, temos que ser cautelosos. Dizemos que isso é uma doença, mas você deve pensar nas implicações para a pessoa que recebe o diagnóstico de uma doença crônica que é substancialmente incurável. Quando dizemos isso, precisamos para ter a certeza.”

A Dra. Margaret Steele e o Dr. Aayush Visaria informaram não ter conflitos de interesses. O Dr. Francesco Rubino informou que recebeu subsídios de pesquisa da Novo Nordisk, Medtronic e Johnson & Johnson. Também realizou trabalho remunerado de consultoria para a GI Dynamics e recebeu honorários por palestras da Medtronic, Novo Nordisk e Johnson & Johnson. É membro do comitê de monitoramento de segurança de dados da GT Metabolic Solutions e prestou consultoria científica não remunerada para a Keyron, Metadeq, GHP Scientific e ViBo Health.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Quanto procurar um Nutrólogo pode ser essencial?

 


domingo, 20 de agosto de 2023

Minimizando os danos do álcool no processo de emagrecimento


Na nossa consulta sempre perguntamos sobre a ingestão de álcool, quantidade e frequência de consumo. Não obstante, os pacientes sempre se surpreendem quando explicamos que 1g de álcool possui 7kcal. Ou seja, são calorias vazias, que vão atrapalhar de forma indireta o emagrecimento, reduzir alguns nutrientes do corpo e reduzir os níveis de testosterona. 

Aí perguntamos para vocês: será que a grande maioria conseguirá se abster de algo que é cultural, que favorece a socialização? Não ingerimos álcool, não estimulamos o consumo, mas somos bem realista com relação à nossa realidade. 

As pessoas não vão parar de beber, sejamos realistas. Alguns sim, enxergam malefícios do álcool, mas a grande maioria não. Ou seja, aqui entra a política de redução de danos.

Existe uma diferença gritante entre o mundo ideal da Medicina e o nosso mundo real. Sempre frisamos isso para os pacientes no consultório, pois isso é causa de muito sofrimento psíquico para alguns indivíduos mais rígidos. 

Alguns leitores falarão que há pesquisas mostrando os benefícios do álcool. Sim, há trabalhos mostrando que o consumo moderado de álcool pode ter impacto positivo na saúde. Eu acredito que há bastante vieses nesses estudos. Alguns trabalhos afirmam que o álcool tem:
1) Efeito na prevenção de Infarto agudo do miocárdio (IAM): por atuar no metabolismo das lipoproteínas, aumentando o percentual de HDL. 
2) Ação antitrombótica: inibindo a agregação de plaquetas, reduzindo o fibrinogênio e melhorando a fibrinólise.
3) Ação no mecanismo de ação da insulina: melhorando o metabolismo de carboidratos.
4) Aumento do estradiol o que de forma indireta eleva o HDL

Mas o que seria consumo moderado de álcool:
30 a 40g de álcool por dia para Homens
15 a 20g de álcool por dia para Mulheres
Em média 0,102g/kg/hora (variando de 0,070-0,185)

Traduzindo: 1 long Neck/dia para Mulheres e 2 Long Necks/dia para Homens. 
O teor alcoólico deve ser considerado quando optar-se por ingerir bebida alcoólica. 
Por exemplo:
Cerveja 5% de teor alcoólico
Champanhe 11,5%
Vinho 12%
Licor 20%
Vodca 37,5%
Whisky 40%

Deve-se levar em conta também que para uma mesma qualidade de álcool, a absorção pelo organismo é menor quando proveniente da cerveja do que quando oriundo de bebidas destiladas. 

Então sabe aquela cervejinha do happy hour? Ela pode ser um "problema" se o seu objetivo for perder peso. Além dos efeitos nocivos que o álcool em excesso traz ao organismo, a grande tolerância que parte das pessoas têm em beber grandes volumes resulta em uma ingestão significativa de calorias.
 
Por exemplo:
1 cerveja long neck comum (355ml) tem aproximadamente 170kcal. 
Vamos supor que você decida aproveitar para tomar 10 unidades para passar o tempo. 
Só nessas 10 unidades você já vai ingerir 1700kcal. Agora acrescente nessa conta alguns petiscos. Aí a situação já dá uma "baqueada" e a perda de peso então... 
 
Mas, será que existe cerveja que engorda menos?
 
Avaliamos várias marcas dos produtos COMUNS com álcool, inclusive aquela "verdinha" que o pessoal fala que engorda menos. A faixa de calorias de todas as cervejas comuns estão na média de 120 a 180 kcal por long neck. 
 
Por outro lado, cervejas do tipo "light" OU sem álcool, possuem entre 100 e 130 calorias por long neck, o que acaba não sendo uma "solução" ideal.
 
Logo, mesmo tendo essas diferenças calóricas mínimas entre as bebidas, não vejo que haja uma cerveja que engorde MENOS.
 
"Ah, mas então eu preciso parar totalmente de beber para perder peso?" Não necessariamente, mas é preciso que esse volume calórico seja considerado no cálculo do seu plano alimentar, para que seja realizada uma redução gradativa do volume e da frequência em que se bebe, principalmente quando as quantidades ingeridas são MUITO excessivas.
 
Viu só? Não precisa parar de beber 100% para conseguir perder peso, mas sim adequar a frequência e quantidade que essa "gelada" será consumida.
 
Uma outra estratégia é o intercalamento entre tipos de cerveja
 
Exemplo: 10 copos de cerveja (300ml cada = 130kcal) totaliza em 1.300Kcal. Se adotarmos uma política de redução de danos, a pessoa ingeriria: 6 copos de cerveja (300ml cada = 780cal) + 4 cervejas zero álcool (1 litro = 420kcal). O Álcool apresenta a segunda maior densidade calórica, 1 grama de álcool fornece 7kcal. 1 grama de gordura fornece 9kcal. Ao passo que 1grama de carboidratos ou proteínas fornecem 4kcal. 
 
Sendo assim, quando você bebe álcool, as duas variáveis mais importantes são:
1) Frequência (número de vezes que você beberá) e;
2) Volume (quantidade de bebida que você ingerirá). 
 
Outra estratégia é o intercalamento com copos de água, pois o álcool por si só, tem ação inibindo o ADH (hormônio antidiurético = que inibe que você urina). Ou seja, além de estar bebendo líquido (o que por si só já estimula a diurese = fazer xixi) há também a ação na inibição do hormônio.

Resultado: você fará mais xixi e se desidratará. Portanto, intercale com 1 copo de água (200ml) a cada 200ml de álcool. 
 
Por último é importante lembrar que o álcool pode causar hipoglicemia. Então consuma carboidratos enquanto estiver bebendo. A ingestão alimentar em conjunto, tende a reduzir o volume de álcool ingerido. Se está em um churrasco: vinagrete, arroz ou mandioca ou pão com alho, tropeiro sem bacon/torresmo/linguiça, salada. 
 
Autores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

[Conteúdo exclusivo para médicos] Introdução à Nutrologia esportiva - Dr. Fellipe Savioli

 


Aula que meu amigo Dr. Fellipe Savioli ministrou no Curso de Nutrologia para acadêmicos de Medicina.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Ser vegetariano faz mal para a saúde?



Ao contrário do que muitos pensam, pacientes vegetarianos (ovolactovegetarianos e veganos) quando bem orientados pelo Nutricionista NÃO apresentam NENHUM impacto negativo na saúde!

E inclusive, alguns trabalhos já demonstraram que até mesmo com relação ao ganho de massa muscular, NÃO há diferenças entre o consumo de proteínas de origem animal e vegetal, desde que as quantidades sejam ajustadas/adequadas ao indivíduo.

Além do mais, quando o cardápio é seguido de forma adequada, com limitação dos produtos processados/ultraprocessado e quantidades ideais das proteínas de origem vegetal, há vários benefícios relacionados à saúde intestinal, perfil lipídico e glicêmico (o que também acontece em uma estratégia alimentar tradicional bem prescrita).

Alguns nutrientes merecem um pouco mais de atenção no vegetarianismo, principalmente em um cardápio vegano, incluindo o zinco, cálcio, selênio, vitamina B12 e a vitamina D. Mas, com o acompanhamento adequado e os ajustes nutricionais individualizados, muito improvavelmente os pacientes apresentarão algum sinal clínico relacionado ao déficit desses nutrientes.

Aqueles que desejarem, temos um e-book sobre Vegetarianismo e disponibilizamos ele para nossos pacientes. Caso queira ter acesso gratuitamente, basta me solicitar via instagram: @rodrigolamoniernutri

Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

O final de semana pode sabotar a sua dieta



Antes de procurar um Nutricionista, a maioria dos pacientes fazem inúmeras tentativas sem a orientação adequada para atingir seus objetivos nutricionais. E após avaliar esse comportamento de centenas de pacientes em consulta, principalmente quando o objetivo é o emagrecimento, é nítido que o fator mais SABOTADOR de resultados passa quase sempre batido: O FINAL DE SEMANA.

Muitos reduzem os carboidratos eliminando o pão, arroz, batata da dieta. Reduzem o consumo de frutas. Iniciam protocolos inimagináveis de jejum. Fazem supercompensações absurdas nos exercícios... E, no final, acabam ganhando ainda mais peso após algumas semanas.

E sabe qual o motivo disso ocorrer?

É porque o problema não é o carboidrato isolado e não tem nada a ver com o pãozinho do café da manhã ou o almoço. O problema mora no final de semana, quando há o consumo de grandes quantidades de bebidas alcoólicas, acompanhamentos diversos (queijos, embutidos, frituras) e ausência total de uma rotina alimentar.

Então, não adianta você ter um déficit calórico diário de 500kcal de segunda a sexta-feira, se no final de semana você jogar tudo para o ar. Pense comigo, você restringe 500kcal por dia na sua dieta, eliminando cerca de 2.500kcal fazendo dieta de segunda a sexta (lembrando que 1kg de gordura é aproximadamente 7.700kcal). Se você não equilibra seu final de semana e come 1.000kcal a mais na sexta, repete no sábado e também domingo, você anulou tudo que fez e ainda ganhou 500kcal a mais.

A imagem abaixo faz parte do WebDiet, o prontuário eletrônico que utilizamos na clínica. Ela exemplifica de forma bem didática isso.


Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos e Nutricionistas] - Tratamento dietético da obesidade

 


Exame HLB é confiável ?


Na semana passada várias pessoas vieram me perguntar no instagram o que eu achava do método H.L.B. Se eu utilizava, solicitava e se confiava. Só então percebi que nunca falei dele aqui no blog. Então vamos lá... 

Sempre deixei claro para os meus leitores e pacientes que só utilizo, solicito ou prescrevo coisas que tem o aval do Conselho Federal de Medicina (CFM). Como não existe resolução do CFM proibindo a utilização, vamos ao que o CREMESP fala sobre o método através do seguinte parecer:

PARECER
Órgão: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
Número: 44702
Data Emissão: 2010

Ementa: O exame HLB, também conhecido como exame da gota de sangue, assim como do resto, toda a prática ortomolecular encontra-se ainda em fase experimental, não acumulando evidências científicas que permitam seu uso na prática médica rotineira. A universidade é no momento o local onde podem ser exercidas as práticas ortomoleculares mediante protocolos de pesquisa devidamente aprovados.

Consulta    nº 44.702/10
Assunto:  Se o exame HLB (Heitan-Lagarde-Bradford) pode ser feito por médico.
Relator:  Conselheiro Antonio Pereira Filho.

Ementa:  O exame HLB, também conhecido como exame da gota de sangue, assim como do resto, toda a prática ortomolecular encontra-se ainda em fase experimental, não acumulando evidências científicas que permitam seu uso na prática médica rotineira. A universidade é no momento o local onde podem ser exercidas as práticas ortomoleculares mediante protocolos de pesquisa devidamente aprovados.

O consulente Dr. R.G., formula pergunta ao CREMESP em relação ao exame Heitan-Lagarde-Bradford (HLB) utilizado na prática ortomolecular. Se o referido exame pode ser realizado por médico.

PARECER

O exame HLB, também conhecido como exame da gota de sangue, assim como do resto, toda a prática ortomolecular encontra-se ainda em fase experimental, não acumulando evidências científicas que permitam seu uso na prática médica rotineira.

A universidade é no momento o local onde podem ser exercidas as práticas ortomoleculares, mediante protocolos de pesquisa devidamente aprovados.

Este é o nosso parecer, s.m.j.

Conselheiro Antonio Pereira Filho

Aprovado na 4.204ª reunião plenária, realizada em 21.05.2010
Homologado na 4.207ª reunião plenária, realizada em 25.05.2010

Ou seja, não solicito e nem confiável, pois de acordo com o parecer do CREMESP não há evidências que permitam o seu uso na prática médica rotineira. Considerando como algo experimental.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Como pouco e mesmo assim estou engordando, por que?

Você acha que o volume de alimentos que ingere não está condizente com o ganho de peso dos últimos anos? Veja esse vídeo e observe se seus hábitos alimentares estão realmente adequados! 

A publicidade influenciando nas nossas escolhas alimentares


É muito comum no consultório o relato de pacientes que não gostam do sabor e que não colocam vegetais em seus pratos. E uma coisa é certa, os vegetais precisarão fazer parte do seu cardápio de uma forma ou de outra, principalmente se o seu objetivo for alcançar os melhores resultados possíveis relacionados à saúde e composição corporal.

A seletividade alimentar e a falta de vontade de ingerir folhas e legumes está intimamente associada à publicidade dos alimentos industrializados, que foi construída ao longo de vários anos e que influenciou muito os gostos alimentares atuais (crianças e adultos).

Por exemplo: publicidades de alimentos divulgadas na TV, internet e revistas, com propagandas de fast-foods vinculadas a brinquedos, bebidas açucaradas que mostram que você será "descolado" caso tenha aquele produto na sua mesa, e os salgadinhos, que apresentam os mascotes legais, tudo isso associado a cores "quentes" que despertam seu interesse de forma inconsciente.

Pensa comigo, o que é visualmente mais bonito, aquele sanduiche, quitanda, torta preparada ou os alimentos in natura?

Portanto, para melhorar seus hábitos alimentares, se dê a oportunidade de experimentar todas as folhas e legumes. Use a abuse de receitas, use molhos que sejam nutricionalmente bons, invista na apresentação e no preparo dos vegetais e, caso você seja pai/mãe, prepare e também consuma esses alimentos! Não dá para exigir algo dos filhos caso você não seja um exemplo para que ele siga. Ele não comerá folhas e legumes se esses alimentos não aparecerem no seu prato!

O acompanhamento nutricional é muito importante nesse processo de reeducação alimentar.

Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

sábado, 12 de agosto de 2023

Perda de peso clinicamente significativa incomum para a maioria dos adultos com sobrepeso: somente 1 em 10 com sobrepeso ou obesidade atinge 5% ou mais de perda de peso a cada ano

A perda de peso clinicamente significativa não era muito comum em adultos americanos com sobrepeso ou obesidade, sugeriu um estudo de coorte.

Em uma amostra de quase 18,5 milhões de adultos ambulatoriais acompanhados por 3 a 14 anos, a probabilidade anual de atingir uma perda de peso clinicamente significativa - definida como 5% ou mais - entre aqueles com sobrepeso e obesidade foi baixa, em apenas um em 10, relatou Lyudmyla Kompaniyets, PhD, do Centro Nacional de Prevenção de Doenças Crônicas e Promoção da Saúde do CDC em Atlanta, e colegas.

Essa probabilidade aumentou com a categoria de índice de massa corporal (IMC) inicial, de uma em 12 pessoas com sobrepeso inicial (uma em 14 homens e uma em 11 mulheres) para uma em seis homens e mulheres com um IMC inicial de 45 ou superior, observaram em JAMA Network Open.

A probabilidade anual ajustada de reduzir o IMC para a categoria de peso saudável foi alcançada em um em 19 indivíduos com sobrepeso e um em 1.667 pessoas com IMC de 45 ou superior.

Essa probabilidade foi maior entre as mulheres do que entre os homens (uma em 1.201 vs uma em 2.870).

Durante o período do estudo, 33,4% das pessoas com sobrepeso e 41,8% das pessoas com obesidade alcançaram uma perda de peso clinicamente significativa, enquanto apenas 23,2% e 2,0% desses adultos reduziram o IMC para a categoria de peso saudável, respectivamente, disseram os autores.

“Dados os benefícios para a saúde da redução de peso clinicamente significativa em qualquer nível de excesso de peso, 5% ou mais de perda de peso pode ser uma meta razoável para os esforços de controle da obesidade”, escreveram eles. “Os médicos e os esforços de saúde pública podem se concentrar em mensagens e encaminhamentos para intervenções que apoiem adultos com excesso de peso a alcançar e manter uma perda de peso clinicamente significativa”.

Kompaniyets e sua equipe notaram que não ficaram necessariamente surpresos ao ver que as mulheres tiveram uma maior incidência de perda de peso em qualquer peso inicial do que os homens, pois isso é consistente com pesquisas anteriores. Não apenas as mulheres tentam perder peso com mais frequência do que os homens, mas a cirurgia metabólica é historicamente muito mais comum em mulheres. Da mesma forma, medicamentos para perda de peso, como os agonistas do receptor GLP-1, tendem a induzir maior perda de peso em mulheres.

No entanto, Kompaniyets e seus colegas apontaram que os dados neste estudo em particular refletem uma "população que procura atendimento médico com sobrepeso ou obesidade, independentemente da intenção de qualquer indivíduo de perder peso" e, portanto, as pessoas que estão tentando ativamente perder peso podem experimentar maior reduções de peso.

Os dados para este estudo vieram do banco de dados de registros médicos eletrônicos ambulatoriais IQVIA e incluíram 18.461.623 pacientes com idades entre 17 e 70 anos (idade média de 54 anos); 56,7% eram mulheres, 72,3% eram brancos e 7,7% eram negros.

Todos os pacientes tinham no mínimo 3 anos de dados de IMC e foram acompanhados de janeiro de 2009 a fevereiro de 2022.

A probabilidade anual de uma perda de peso de 5% ou mais foi ligeiramente menor entre mulheres negras versus mulheres brancas, e ligeiramente maior entre homens negros versus homens brancos após o sobrepeso inicial, mas menor após obesidade grave inicial.

Não havia dados disponíveis sobre fatores que influenciam a perda de peso, como envolvimento em comportamentos intensivos de saúde e intervenções no estilo de vida, nível de atividade física, acesso a alimentos saudáveis ​​ou nutritivos, dieta ou determinantes socioeconômicos da saúde, o que foi uma limitação do estudo, os autores observado. 

Eles também disseram que não conseguiram diferenciar entre perda de peso intencional e não intencional.

“Compartilhar é se importar”
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
twitter: @albertodiasf instagram: diasfilhoalberto
Embaixador da Comunidade Médica de Endocrinologia - EndócrinoGram

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Doenças psiquiátricas e tempo após cirurgia bariátrica impactam no reganho de peso

A compulsão alimentar – ingestão descontrolada de grande quantidade de alimentos, sem apetite e quase sem mastigar, seguida por um sentimento de culpa e angústia – foi o transtorno psicológico mais associado ao reganho de peso em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, como mostra uma pesquisa de doutorado do Instituto de Psicologia (IP) da USP realizada em um hospital privado na cidade de João Pessoa (Paraíba).

O estudo envolveu 121 pacientes entre 18 e 65 anos, submetidos à cirurgia bariátrica no Centro de Tratamento Médico e Obesidade do Hospital Samaritano, na capital paraibana. Mais de 90% deles voltaram a engordar depois do procedimento cirúrgico, sendo que 16% apresentaram transtorno de compulsão alimentar leve e 6%, a forma grave. A coleta de dados foi obtida de forma on-line entre 2020 e 2022. A pesquisa ainda contou com uma revisão da literatura científica sobre o tema a partir de bases de dados nacionais e internacionais.

“A cirurgia bariátrica é considerada padrão ouro para o tratamento da obesidade mórbida, mas a recidiva de peso observada em alguns pacientes é preocupante sob o aspecto do desfecho em relação ao controle metabólico e nutricional”, explica ao Jornal da USP a autora do estudo, a enfermeira especialista no pós-cirúrgico de obesos mórbidos, Jogilmira Macedo Silva Mendes.

A obesidade é classificada de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado a partir da divisão do peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metros). Se o resultado for entre 25 e 29, a pessoa é considerada com sobrepeso; entre 30 e 34, é obesidade grau I; entre 35 e 39, é obesidade grau II; e igual ou superior a 40, é obesidade grau III. Os pacientes avaliados por Jogilmira Macedo haviam passado pelo procedimento cirúrgico há, pelo menos, três anos; sofriam de obesidade graus II e III (os tipos mais graves); e apresentavam reganho de peso de mais de 10% do valor perdido logo após a cirurgia.

O cálculo para o reganho de peso foi obtido por meio da diferença entre a maior perda alcançada pelo paciente após a cirurgia (denominado nadir) e o peso que ele voltou a ter (a recidiva). “É o momento ‘lua-de-mel’ pós-bariátrica, que corresponde a um período de mais ou menos 18 meses após a realização do procedimento cirúrgico, quando a pessoa perde mais peso, está mais motivada e disposta a seguir as recomendações médicas e nutricionais. Passado esse momento, o apetite, que estava reduzido, volta a crescer; o peso se estabiliza e depois passa a aumentar”, diz.

A pesquisa

Para avaliar os pacientes, Jogilmira Macedo utilizou questionários contendo perguntas relacionadas aos dados sociodemográficos e clínicos dos pacientes e três escalas – a de Compulsão Alimentar Periódica (Ecap), para avaliar a compulsão alimentar; a Ehad, para medir o nível de ansiedade e a depressão; e a Audit, para medir o consumo e provável dependência de álcool.

A Ecap é composta de 16 itens que avaliam a gravidade da compulsão alimentar dos pacientes levando em conta as manifestações comportamentais e os sentimentos e cognições envolvidos num episódio de compulsão alimentar. A classificação é feita de acordo com a pontuação obtida, sendo indivíduos com pontuação menor ou igual a 17 considerados sem compulsão; com pontuação entre 18 e 26, com compulsão moderada; e aqueles com pontuação maior ou igual a 27, com compulsão grave.

Também foram feitos cálculos porcentuais com o excesso de peso (EP) antes da cirurgia, da perda de excesso de peso (PEP) e do reganho de peso (RP), cruzando os dados referentes ao três momentos distintos: o peso pré-operatório (até 30 dias antes da cirurgia), o peso nadir (menor peso atingido pós-cirurgia) e o peso recidiva (peso recuperado em relação ao nadir).

Resultados

Feitas as correlações entre comorbidades psíquicas e reganho de peso, Jogilmira Macedo relata que, embora os pacientes apresentassem níveis variados de transtornos psíquicos (como ansiedade, depressão e alcoolismo), o que apresentou uma maior associação ao reganho de peso foi o transtorno de compulsão alimentar. De acordo com a escala Ecap, 16% tiveram a forma mais leve desse transtorno e 6% a forma grave. O porcentual de pessoas que voltaram a engordar após a cirurgia bariátrica (cálculo feito entre o menor peso atingido pelo paciente depois da cirurgia e a recidiva) foi de 92,4%.

A pesquisadora reforça a importância de um acompanhamento médico multidisciplinar dos pacientes antes, durante e após a cirurgia bariátrica, o que, em sua opinião, garantiria melhores resultados do procedimento.

“A cirurgia bariátrica controla a obesidade, mas não trata da dinâmica psíquica que leva a pessoa a usar a comida como mediadora para lidar com os seus conflitos. O corpo foi cuidado, mas as questões emocionais que levaram ao comportamento alimentar disfuncional podem persistir”, diz.

Tempo pós-cirúrgico e impacto na manutenção do peso
Para Leorides Severo Duarte Guerra, psicóloga e pós-doutoranda da Faculdade de Medicina (FMUSP), os transtornos psiquiátricos são comuns em pacientes com obesidade grave e podem afetar os resultados de perda de peso após a cirurgia bariátrica. No entanto, ela diz que a relação de longo prazo entre transtornos psiquiátricos e mudanças de peso ainda não está clara.

Em uma pesquisa que fez com 189 pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, a psicóloga investigou essa associação ao longo de um período de oito anos (2011 a 2019). Segundo a pesquisadora, neste estudo, o aumento de peso após a cirurgia não ficou associado à presença dos transtornos psiquiátricos. “Observamos que os transtornos psiquiátricos – incluindo depressão e compulsão alimentar – tiveram uma tendência a aumentar após a cirurgia bariátrica, porém, o tempo decorrido pós-cirúrgico teve maior impacto na manutenção do peso do que os transtornos psiquiátricos. O aumento de peso ocorreu ao longo do tempo, independentemente dos transtornos psiquiátricos”, relata.

A pesquisa com os pacientes do HC foi orientada pelo professor Wang Yana Pang, médico psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital da Clínicas da FMUSP, e supervisão do professor Francisco Lotufo Neto, do Instituto de Psicologia.

Comorbidades psiquiátricas

Sobre o resultado do estudo realizado com pacientes no hospital na Paraíba, a psicóloga diz que, apesar da compulsão alimentar ser frequente entre pacientes com reganho de peso, ela não responde sozinha pelo problema porque os transtornos psiquiátricos são comórbidos.

“A compulsão alimentar é uma condição complexa e multifatorial e pode incluir diversos fatores, como emocionais, biológicos, ambientais, sociais, padrões alimentares disfuncionais e dietas restritivas. Cada indivíduo pode ter uma combinação única de causas subjacentes à sua compulsão alimentar”, diz.

“O acompanhamento de longo prazo e o suporte são cruciais para otimizar os resultados de perda de peso e tratar as comorbidades psiquiátricas em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica”, reforça.

A tese de doutorado Aspectos psicológicos associados ao reganho e excesso de peso tardios em pessoas submetidas a cirurgia bariátrica teve orientação do professor Francisco Lotufo Neto, do Instituto de Psicologia da USP, e foi defendida em julho deste ano. Um artigo de revisão foi publicado na Research Society and Development. Outro artigo, sobre perfil clínico de pacientes bariátricos, foi submetido à revista ABCD Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva.

domingo, 6 de agosto de 2023

Salada 8: Salada de frango com molho de pesto de abacate

Estamos na época do abacate e quando temos abundância de determinado alimento, devemos aumentar o consumo dos mesmo, já que isso respeita a sazonalidade e a oferta pela natureza. Além disso, tendem a ter menos agrotóxicos e o preço ser menor.  

O Abacate é um fruto altamente versátil e que pode ser utilizado em inúmeras receitas. Consumido puro (com pouco açúcar), na forma de vitamina, em pedaços na salada, molhos e até pesto.

Ele contém na sua composição vitaminas A e E, potássio, magnésio, glutationa e luteína. Há estudos que relacionam o consumo de abacate à melhora da biodisponibilidade de vitamina A.

O abacate (Persea americana) é uma fruta nativa do México e está cada vez mais presente na mesa do brasileiro em preparações doces e salgadas. Dessa maneira, pesquisadores avaliaram a ingestão do abacate junto com hambúrguer e seus efeitos no perfil lipídico e inflamatório de 11 voluntários saudáveis, que foram divididos em dois grupos. No grupo que ingeriu apenas um hambúrguer de 250 g houve aumento de substâncias inflamatórias (NFkB, fator nuclear kappa B e IL-6, interleucina 6) e triglicérides. No grupo que adicionou 68 g de abacate (na forma de molho) ao hambúrguer, não houve aumento de nenhuma dessas substâncias. Os autores concluíram que apesar de proporcionar um aumento de calorias, o abacate exerceu efeito protetor. Consiste em um estudo fraco, com um número baixo de participantes.

Além disso, essa fruta é rica em ácidos graxos monoinsaturados, motivo pelo qual protege a saúde cardiovascular, por proporcionar diminuição na concentração de lipoproteínas de baixa densidade (LDL colesterol) e um aumento na concentração de lipoproteínas de alta densidade (HDL colesterol).

Alguns estudos também demonstram que o consumo de abacate associado a carboidratos proporciona um menor índice glicêmico da refeição, auxiliando assim no controle da glicemia em pacientes diabéticos. Outro benefício é a capacidade dessa fruta em melhorar a biodisponibilidade de vitaminas lipossolúveis.


Salada de frango com molho de pesto de abacate

Ingredientes
  • 1 unidade de avocado ou 1/2 abacate 
  • 2 ramos de manjericão fresco 
  • 3 dentes de alho 
  • Sumo de 1/2 limão 
  • 1 colher (sopa) rasa de mostarda dijon ou mostarda escura 
  • 1/2 xicara (chá) de azeite 
  • 1/2 xicara (chá) de castanha-de-caju 
  • 1 colher (chá) de sal 
  • Pimenta-preta a gosto
  • Alface rasgadas (1 prato raso)
  • 10 folhas de rúcula (sem o caule), rasgadas
  • 10 tomates cereja cortados em 4 partes
  • 100g de filé de frango grelhado cortado em tiras finas
  • 1/2 cenoura ralada
  • Pimenta calabresa a gosto
Modo de Preparo

Coloque todos os ingredientes no liquidificador, reservando apenas o azeite. Use o liquidificador na potência baixa e vá adicionando o azeite em fio até acabar. Desligue e reserve a mistura em um pote de vidro na geladeira por 30 minutos. 

Misture as folhas de alface e rúcula  rasgadas com o tomate cereja e a cenoura, vá adicionando o molho para ele entrar em contato com a superfície dos vegetais. Por fim coloque as tiras de filé de frango ainda quente. Se desejar, salpique  pimenta calabresa.

É uma salada bastante nutritiva, rica em proteína, porém calórica devido a quantidade de azeite utilizado. 

Espero que gostem.

Quem fizer poste nas redes sociais e me marque (@drfredericolobo). 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416
Revisores: 
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição.
Dra. Lia Bataglini - Médica residente de Nutrologia (HCFMUSP)


Esse post faz parte de uma série que estou montando com alguns amigos. Os posts anteriores são:

sábado, 5 de agosto de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos] Aula sobre Constipação intestinal com a Dra. Beth Hong

 


Quanto devo consumir de proteína?

Nesse vídeo, o meu nutricionista fala sobre a quantidade necessária de proteína, independente de ser vegetariano ou não. Para mais dicas, siga o instagram dele @rodrigolamoniernutri

Além de atender comigo na clínica, ele atende por Telenutrição (on-line) pacientes de todo o país. 



Aula sobre Obesidade: O baralho: Obesidade, cartas sobre a mesa

 


Esse baralho, elaborei em parceria com o meu nutricionista (Rodrigo Lamonier) e utilizamos na primeira consulta, dos pacientes portadores de obesidade. Espero que gostem das explicações sobre as cartas. 

[Conteúdo exclusivo para médicos e nutricionistas] Aula - Whey, Creatina e Cafeína - Dr. Limiro Silveira

 


quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Preciso emagrecer: Nutrólogo ou Nutricionista qual devo procurar ?


Frequentemente amigos, colegas de profissão, seguidores e até familiares questionam: Preciso emagrecer, quem eu devo procurar primeiro? Nutrólogo ou Nutricionista? Por ser uma pergunta rotineira resolvi responder na forma de texto, assim facilito para todos e exponho a minha opinião.

Primeiramente devemos entender a diferença entre o Nutrólogo e Nutricionista. A compreensão da diferença já responde parte da pergunta, pois o âmbito de atuação é diferente, o tipo de diagnóstico é diferente e a abordagem terapêutica é diferente.

O  Nutrólogo é o médico que se especializou em Transtornos relacionados a Alimentação. Ou seja, doenças nutricionais, doenças que sofrem influência da alimentação. Precisou cursar 6 anos de Medicina, depois fazer residência de clínica médica ou cirúrgica por 2 anos e posteriormente 2 anos de residência de Nutrologia. Totalizando, no mínimo 10 anos de estudo. 6 de graduação e 4 de especialização. Pode ser que esse médico tenha feito a graduação em Medicina, posteriormente fez uma pós-graduação em Nutrologia  e comprovado o tempo de atuação na área, recebeu o aval para prestar a prova de título (geralmente 8 anos de formado, sendo 4 anos de atuação em Clínica Médica ou cirúrgica e 4 de atuação em Nutrologia). Uma vez aprovado na prova de título, ele pode se intitular Nutrólogo e tirar no conselho um número chamado Registro de Qualificação de Especialista (RQE), referente à Nutrologia. 

O foco do médico é no diagnóstico da situação (sinais/sintomas) relatada pelo paciente, escolha do tipo de tratamento (Clínico/cirúrgico), melhora do prognóstico, reabilitação e prevenção. Uma abordagem bem ampla. Mas gravem esse termo: "Diagnóstico". 

Na parte de tratamento, o nutrólogo pode prescrever nutrientes (alimentos, macronutrientes, vitaminas, minerais, fibras), pela via oral, enteral e se necessário por via parenteral (endovenosa ou intramuscular), além de medicamentos. 

Pode prescrever dieta? Sim, de acordo com o Conselho Federal de Medicina sim, de acordo com o Conselho Federal de Nutrição não. Isso é um tema polêmico e espinhoso, o qual já escrevi aqui. 

E o Nutricionista?

De acordo com o Conselho Federal de Nutrição (CFN), a Nutrição é definida como o conjunto de competências específicas resultante do aprofundamento da Ciência da Nutrição (Ciências Nutricionais) na dimensão biopsicossocial do indivíduo e da coletividade, que caracteriza o núcleo de exercício profissional de nutricionista em caráter não generalista. A nutrição consiste em uma ciência da saúde que estuda:
1) Os alimentos,
2) Os nutrientes presentes nos alimentos,
3) A ação dos alimentos na nossa saúde (o que o alimento faz com o nosso corpo),
4) O que o nosso corpo faz com os alimentos,
5) Interação entre nosso corpo e os nutrientes, bem como interação entre os alimentos,
6) Os processos pelos quais o organismo ingere, absorve, transporta, utiliza e elimina os nutrientes.

Muitos querem atuar na Nutrição no Brasil e ter a prerrogativa de prescrever um plano alimentar e/ou suplementos. Mas poucos querem sentar em uma cadeira de faculdade e estudar ao longo de no mínimo 4 anos, posteriormente fazer residência e/ou pós-graduações, mestrado, doutorado. Para se tornar Nutricionista, o indivíduo deve cursar uma faculdade (graduação) em Nutrição. No Brasil, o curso de graduação em Nutrição tem uma duração média de 4 anos, em período integral (nas Universidades Federais). Durante esse período, os futuros nutricionistas adquirem conhecimentos teóricos e práticos relacionados à ciência da nutrição, dietética, saúde, alimentação e outras áreas afins. O currículo inclui aulas teóricas, práticas em laboratórios, estágios e atividades complementares. Estudará matérias comuns ao ciclo básico da área da saúde (Anatomia, Histologia, Fisiologia, Bioquímica), posteriormente disciplinas do ciclo clínico.

É importante ressaltar que a duração do curso pode variar em algumas instituições de ensino, podendo ser um pouco mais curto (4 anos) ou mais longo (5 anos) dependendo da grade curricular específica adotada pela universidade. Após terminar a graduação, o Nutricionista pode fazer residência multiprofissional em diversas áreas, dentre as reconhecidas pelo CFN como especialidades da Nutrição.

I. Educação Alimentar e Nutricional
II. Gestão de Políticas Públicas e Programas em Alimentação e Nutrição;
III. Nutrição Clínica;
IV. Nutrição Clínica em Cardiologia;
V. Nutrição Clínica em Cuidados Paliativos;
VI. Nutrição Clínica em Endocrinologia e Metabologia;
VII. Nutrição Clínica em Gastroenterologia;
VIII. Nutrição Clínica em Gerontologia;
IX. Nutrição Clínica em Nefrologia;
X. Nutrição Clínica em Oncologia;
XI. Nutrição Clínica em Terapia Intensiva;
XII. Nutrição de Precisão;
XIII. Nutrição e Alimentos funcionais;
XIV. Nutrição e Fitoterapia;
XV. Nutrição em Alimentação Coletiva;
XVI. Nutrição em Alimentação Coletiva Hospitalar;
XVII. Nutrição em Alimentação Escolar;
XVIII. Nutrição em Atenção Primária e Saúde da Família e Comunidade;
XIX. Nutrição em Esportes e Exercício Físico;
XX. Nutrição em Estética;
XXI. Nutrição em Marketing;
XXII. Nutrição em Saúde Coletiva;
XXIII. Nutrição em Saúde da Mulher;
XXIV. Nutrição em Saúde de Povos e Comunidades Tradicionais;
XXV. Nutrição em Saúde Indígena;
XXVI. Nutrição em Saúde Mental;
XXVII. Nutrição em Transtornos Alimentares;
XXVIII. Nutrição em Vegetarianismo e Veganismo;
XXIX. Nutrição Materno-Infantil;
XXX. Nutrição na Produção de Refeições Comerciais;
XXXI. Nutrição na Produção e Tecnologia de Alimentos e Bebidas;
XXXII. Qualidade e Segurança dos Alimentos;
XXXIII. Segurança Alimentar e Nutricional; e
XXXIV. Terapia de Nutrição Parenteral e Enteral.

O nutricionista também pode fazer pós-graduação em alguma dessas áreas e posteriormente fazer a prova de título de especialista pela Associação Brasileira dos Nutricionistas (ASBRAN). Atuar em qualquer uma dessas áreas, já que diferente do CFM, o CFN não obriga que a pessoa tenha título de especialista para atuar.

Agora que entendemos a diferença entre o Nutricionista e o Nutrólogo, esmiuçarei a resposta para a pergunta: Qual devo procurar.

O Nutrólogo ele é responsável pelo diagnóstico nosológico, ou seja, diagnóstico da Doença. O Nutricionista dá o diagnóstico Nutricional, ou seja, ele não pode dar diagnóstico de doença de acordo com o Conselho Federal de Nutrição. O Diagnóstico de doença é uma prerrogativa médica. Mas por que? Pelo simples fato de que para se diagnosticar é preciso entender de inúmeras disciplinar que os Nutricionistas não possuem durante a graduação. Exemplo: 
1) Exames laboratoriais mais complexos
2) Holter, MAPA, Teste ergométrico, Cintilografia, Densitometria óssea, Ultrassonografia, Ressonância magnética, Raio X, Polissonografia e outras dezenas de exames.

Ora, se o paciente apresenta um sintoma ou sinal, este deve ser investigado a fim de que se faça um DIAGNÓSTICO correto. Quem faz essa investigação? O Médico. No caso de doenças nutricionais, o Nutrólogo. 

O primeiro passo é dar o diagnóstico, então o primeiro passo é passar pelo médico.

- Mas Dr. Frederico eu já fui ao médico e ele diagnosticou, não posso ir direto ao Nutricionista? 

Sim, você é livre, tem o direito constitucional de ir e vir. Ir ao nutricionista está dentro do seus direitos.
Ele fará uma anamnese, exame físico, as vezes solicitação alguns exames adicionais e instituirá um tratamento. Tratamento este que pode ser apenas com um plano dietético, mas que também pode incluir prescrição de suplementos alimentares, vitaminas, minerais, fibras, probióticos e até mesmo fitoterápicos. Aqui cabe um adendo, a prescrição feita por nutricionistas tem limites. Ou seja, doses mais elevadas de nutrientes (Ex. Doses altas de ferro, B12, Zinco, etç) exigem prescrição médica. Alguns fitoterápicos são de prescrição exclusiva de médicos:
  • Actaea racemosa L (Cimicífuga); 
  • Ginkgo biloba L. (Ginkgo)
  • Hypericum perforatum L. (Hipérico)
  • Piper methysticum G. Forst. (Kava-kava)
  • Valeriana officinalis L. (Valeriana) 
Ou seja, esses o nutricionista não pode prescrever. Além disso, diferente do médico nutrólogo, medicamentos alopáticos de nenhum tipo o nutricionista pode prescrever. Em relação à via: só pode prescrever por via oral ou enteral (sonda). A prescrição via parenteral é exclusiva de médicos. Ou seja, nutricionista não pode prescrever nada endovenoso ou intramuscular. 

- Mas Dr. Frederico eu já sei que estou acima do peso, já sei o meu IMC, sei que estou com quadro de obesidade grau II, não posso ir diretamente ao nutricionista?

Sim, lembra da constituição? Do seu direito de ir e vir? Sim, pode ir, mas não é o que recomendo e abaixo te explicarei os motivos. 

A obesidade é uma DOENÇA, incurável, crônica, com várias etiologias (multifatorial), vários fatores agravantes, com forte componente genético e que necessita de intervenção multidisciplinar. Se você focar somente no percentual de gordura corporal, deixará passar várias doenças que somente o médico é capaz de diagnosticar. Exemplo: Síndrome de Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS). Durante a consulta com o Nutrólogo, ele medirá a sua circunferência do pescoço, ele aplicará questionários que podem indicar privação de sono, avaliará exames que podem indicar que você esteja fazendo apnéia (ficando sem respirar), como por exemplo o MAPA ou HOLTER. E muitas vezes, se essa apnéia não for tratada, você terá muito mais dificuldade para perder gordura. Sentirá cansaço crônico pela privação de sono promovida pelos vários microdespertares no período do sono. A Apnéia associada a privação promoverá um aumento de substâncias como a Grelina, que promove aumento do apetite e predileção por carboidratos e gorduras. Se for homem, promoverá redução dos níveis de testosterona. Se existir resistência insulínica (o que provavelmente existe) terá maiores níveis de insulina e de glicemia. 

Entende a complexidade?

Além disso, temos que ser realistas quando se trata de obesidade (doença). A maioria dos pacientes não conseguirão perder peso e SUSTENTAR essa perda de peso apenas com mudança de estilo de vida (dieta e atividade física). Isso quem afirma não sou eu e sim inúmeros estudos. Cerca de 90% dos pacientes não conseguirão, 10% consegue e sustenta a perda de peso após 5 anos. 5% sustenta após 10 anos. Ou seja, altíssima taxa de falha, péssimo prognóstico. Quanto mais precoce a intervenção melhores os desfechos. Resumindo, na maioria das vezes o tratamento medicamentoso ou até cirúrgico se faz necessário. Reflita sobre quantas pessoas portadoras de obesidade você conheceu ao longo de toda a sua vida. Quantas conseguiram perder peso somente com dieta e atividade física e conseguiram sustentar essa perda de peso por 5, 10 ou mais anos? Estou a frente de um ambulatório de Nutrologia no SUS, mais de 8 mil pacientes atendidos e ao longo de quase 10 anos, afirmo categoricamente que é uma situação delicada, com altas taxas de falha, abandono do tratamento e desesperança, mesmo com profissionais capacitados. No consultório a situação não é diferente, mesmo os pacientes tendo melhores condições financeiras e disponibilidade de acesso a abordagem mais modernas (Fármacos de custo elevado, personal trainer, nutricionista, psicoterapia). 

Então, se eu pudesse te dar uma dica seria: Quer emagrecer? Procure um Médico, especialista na área (com RQE de Nutrlogia). Você merece um olhar amplo, uma abordagem mais ampla. O bom nutrólogo não exclui o Nutricionista do tratamento, muito menos o profissional da Educação física e principalmente o Psicólogo. Ele tem discernimento que a obesidade é uma Doença Crônica, incurável, com forte componente genético, multifatorial, de difícil tratamento e que os melhores resultados são alcançados através de uma intervenção multidisciplinar. 

- OK, eu irei ao médico, mas precisa ser mesmo o Nutrólogo? Não pode ser um Endócrino?

Isso é tema para um outro post. 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416