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domingo, 28 de maio de 2023

Dietas vegetarianas são seguras durante a gravidez?

 A gestação é um período único e especial tanto para a família quanto para o bebê. Durante os famosos 1000 dias, que contemplam os nove meses de gestação e os dois primeiros anos de vida da criança, ocorrem importantes eventos de desenvolvimento e programação metabólica.

Nesse sentido, os cuidados nutricionais desempenham um papel crucial em cada etapa, inclusive no preparo da gestação (idealmente iniciada cerca de três meses antes).

A opção pela alimentação vegetariana é uma escolha pessoal da gestante, e essa decisão deve ser respeitada pelos nutricionistas e/ou profissionais que a acompanham. É fundamental ressaltar que, apesar da exclusão de carnes da dieta, as recomendações nutricionais básicas não se alteram.

“Com planejamento e orientação adequados, a alimentação vegetariana pode ser considerada segura e saudável durante a gestação e lactação, seguindo os mesmos protocolos de suplementação necessária nesses ciclos da vida” (Parecer Técnico de Alimentação Vegetariana do CFN, n. 9/2022).

Acompanhando a gestante

Alguns aspectos nutricionais importantes nesta fase e no acompanhamento da gestante vegetariana e vegana são:
  • Grupos alimentares: Durante a gestação, é fundamental fornecer orientações nutricionais adequadas para garantir a variedade e o aporte nutricional necessário para a gestante., levando em consideração os acréscimos calóricos recomendados em cada trimestre da gravidez.
  • Proteínas: As proteínas desempenham um papel crucial no suporte ao crescimento e desenvolvimento adequado do feto. As recomendações variam de acordo com diferentes orientações:
  • RDA: de 1,1-1,2g/kg/dia, podendo chegar a 1,5g/kg/peso por dia no terceiro trimestre, quando as necessidades são aumentadas.
  • IOM: 71g por dia durante toda a gestação e lactação.
  • É importante destacar que essas recomendações podem ser facilmente atingidas por meio de uma alimentação adequada, especialmente ao garantir o consumo de leguminosas pelo menos duas vezes ao dia e em quantidade suficiente. O acompanhamento individualizado do nutricionista permite ajustes personalizados para atender às necessidades específicas de cada gestante.
  • Ferro: A recomendação de ingestão de ferro passa para 27mg/dia na gestação. A suplementação de ferro é recomendada para todas as gestantes, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Geralmente inicia-se no segundo trimestre da gestação.
  • Ômega-3: A suplementação de ômega 3 é amplamente recomendada para gestantes e lactantes, fornecendo nutrientes essenciais para o desenvolvimento adequado do feto e para a saúde materna. No caso de gestantes vegetarianas, a prescrição desse suplemento é geralmente feita na forma de DHA, derivado de microalgas, e as recomendações variam entre 100 a 300mg por dia durante esse período.
  • Vitamina B12: A vitamina B12 desempenha um papel essencial em diversos processos fisiológicos, desde a implantação e embriogênese até a formação de células vermelhas e o desenvolvimento neurológico do bebê. Sua suplementação é necessária para todas as gestantes vegetarianas e veganas, e idealmente deve ser iniciada antes da concepção, durante o período de preparação para a gestação. Na fase de amamentação, a suplementação também tem sua importância, para garantir boas fontes da vitamina no leite materno. Embora o acompanhamento seja importante em gestantes vegetarianas e veganas, a deficiência de vitamina B12 pode acometer tanto indivíduos vegetarianos quanto onívoros, ou seja, trata-se de um nutriente fundamental para todas as gestantes, independentemente de sua escolha alimentar.
A gestação vegetariana é segura?

Estudo conduzido por Piscollato et al. (2015) revelou resultados promissores sobre a gestação vegetariana e vegana. Segundo a pesquisa, gestantes que adotaram esse padrão alimentar, apresentaram um ganho de peso adequado e um menor risco de complicações, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. Além disso, observou-se uma redução nas taxas de cesárea entre as gestantes vegetarianas.

A Academy of Nutrition and Dietetics (AND) também reconhece a segurança nutricional da gestação vegetariana e enfatiza a importância da suplementação de vitamina B12, ferro e vitamina D, além de recomendar o consumo de alimentos vegetais ricos em cálcio ou enriquecidos com esse mineral.

Considerações

Com base nas evidências apresentadas, fica claro que a gestação vegetariana pode ser uma escolha segura e saudável desde que seja acompanhada de uma dieta equilibrada e orientação adequada. No entanto, é fundamental ressaltar a importância do suporte nutricional e do acompanhamento médico durante toda a gestação para fornecer todos os nutrientes necessários, tanto para a mãe quanto para o desenvolvimento adequado do feto. Com os cuidados nutricionais e médicos apropriados, é possível desfrutar de uma gestação vegetariana saudável e segura.

Conselho Federal de Nutricionistas. Parecer Técnico n. 9/2022: Alimentação Vegetariana na atuação do nutricionista. 30 set, 2022.

NAVOLAR. T.S. (Org.). Nutrição vegetariana e plant-based diet. São Paulo, 2022. 496p.

Baroni L, Rizzo G, Goggi S, Giampieri F, Battino M. Vegetarian diets during pregnancy: effects on the mother’s health. A systematic review. Food Funct. 2021;12(2):466–93.

Melina V, Craig W, Levin S. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Vegetarian Diets. J Acad Nutr Diet. 2015;115(5):801–10.

Pistollato F, Cano SS, Elio I, Vergara MM, Giampieri F, Battino M. Plant-Based and Plant-Rich Diet Patterns during Gestation: Beneficial Effects and Possible Shortcomings. Adv Nutr. 2015;6(5):581–91.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Temas mais buscados em novembro de 2022 no Medscape: Vitamina B12


O potencial benefício das vitaminas é um tema sempre em alta. Novos achados sugerindo que a vitamina B12 possa ter um papel protetor contra a doença de Parkinson, a progressão da esclerose lateral amiotrófica e a gravidade da esteatose hepática, recentemente aumentou o interesse dos leitores do Medscape sobre o tema.

No International Congress of Parkinson's Disease and Movement Disorders (MDS) 2022, pesquisadores apresentaram resultados de um estudo feito com mais de 80.000 mulheres e quase 50.000 homens. A análise avaliou informações sobre alimentação, suplementação e ingestão total de ácido fólico, vitamina B6 e vitamina B12 ao longo de cerca de 30 anos, até 2012 (ver infográfico). 

Durante o acompanhamento, 495 mulheres e 621 homens foram diagnosticados com doença de Parkinson. Os pesquisadores ajustaram por possíveis fatores de confusão como idade, ano, tabagismo, atividade física, ingestão de bebidas alcoólicas ou cafeína, uso de hormônios (mulheres), ingestão de laticínios e flavonoides, e pontuação na dieta mediterrânea.

Os participantes com maior ingestão total de vitamina B12 tiveram menor risco de doença de Parkinson (razão de risco agrupado para quintil superior versus inferior de 0,74; intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,60 a 0,89; p da tendência = 0,001). A ingestão alimentar e de suplementos contribuiu para essa associação inversa.

Na tentativa de superar o risco de causalidade reversa, os pesquisadores examinaram a ingestão de vitamina B12 durante quatro períodos de exposição, com intervalos: 8, 12, 16 e 20 anos. Eles encontraram uma relação significativa entre o consumo durante o intervalo de 20 anos e o diagnóstico da doença de Parkinson. De modo geral, os resultados respaldam um possível efeito protetor do consumo precoce de vitamina B12 em termos da ocorrência da doença de Parkinson.

Em outro estudo do início de 2022, foi considerado que a administração de uma dose ultra-alta de metilcobalamina (uma forma ativa de análogo da vitamina B12) diminuiu em 43% o declínio funcional de pacientes com esclerose lateral amiotrófica em estágio inicial. A dose de 50 mg foi administrada duas vezes por semana por via intramuscular. No estudo de fase 3, a eficácia foi maior para os participantes que também estavam tomando riluzol, que foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA para tratar a esclerose lateral amiotrófica. 

O estudo foi feito com pacientes ambulatoriais de 25 centros de neurologia no Japão com diagnóstico (definitivo ou provável) de esclerose lateral amiotrófica e cujos sinais e sintomas haviam iniciado no ano anterior. Após 12 semanas de observação, os 130 participantes que permaneceram ambulatoriais e tiveram apenas uma redução de um ou dois pontos na pontuação total da Revised Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale (ALSFRS-R) foram designados para um tratamento com 16 semanas de duração.

Esses pacientes (média de idade: 61 anos; 56,9% homens) foram randomizados para receber 50 mg de metilcobalamina ou placebo.

O desfecho primário foi a alteração na pontuação total da Revised Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale. Na 16ª semana, a pontuação total foi -2,66 no grupo da metilcobalamina e -4,63 no grupo do placebo (IC 95% de 0,44 a 3,50; p = 0,01). 

Dentre os 90% dos pacientes que também tomaram riluzol, a diferença em favor da metilcobalamina foi ainda maior (-2,11; IC 95% de 0,46 a 3,76; p = 0,01). A diferença na escala de classificação funcional da esclerose lateral amiotrófica revista entre o medicamento ativo e o placebo foi de 43% em todos os pacientes e de 45% nos pacientes em uso de riluzol. 

Em termos de eventos adversos, 62% dos pacientes que receberam o medicamento tiveram eventos adversos e 66% dos que receberam placebo, e os eventos adversos descritos por pelo menos 5% dos pacientes dos dois grupos foram constipação, nasofaringite, contusão, quedas, lombalgia e insônia. Nenhum efeito adverso exigiu a suspensão da vitamina.

Outro estudo constatou que a vitamina B12 e o ácido fólico também podem desempenhar algum papel na prevenção ou no retardo da progressão da doença na esteatoepatite não alcoólica (NASH, do inglês NonAlcoholic SteatoHepatitis). 

Os pesquisadores descobriram que altos níveis de homocisteína se correlacionaram fortemente com a gravidade da esteatoepatite não alcoólica. Entretanto, a relação precisa entre a hiper-homocisteinemia e a esteatoepatite não alcoólica é mal compreendida. Em seu novo estudo, Singh et al., determinaram que, à medida que os níveis hepáticos de homocisteína aumentam, o aminoácido se conecta a várias proteínas hepáticas, alterando a sua estrutura e impedindo o seu funcionamento.

Os pesquisadores constataram que, quando a homocisteína se liga à proteína sintaxina 17, bloqueia o processo de transporte e digestão de gordura da proteína (processo conhecido como autofagia). Isso, por sua vez, induz a ocorrência e a evolução da esteatose hepática para esteatoepatite não alcoólica. 

Em modelos pré-clínicos, os pesquisadores descobriram que complementar a alimentação com vitamina B12 e ácido fólico aumenta os níveis de sintaxina hepática 17, restaura o seu papel na autofagia e diminui a progressão da esteatoepatite não alcoólica, revertendo a inflamação e a fibrose hepáticas.

Desde a doença de Parkinson até a esteatoepatite não alcoólica, passando pela esclerose lateral amiotrófica, estudos recentes sugerindo a importância da vitamina B12 ganharam muita atenção recentemente, que tornou-se o tema clínico mais buscado da semana.

Retirado de: Temas mais buscados em novembro de 2022: Vitamina B12 - Medscape - 11 de novembro de 2022.

domingo, 24 de outubro de 2021

Doutor qual o nível recomendado de vitamina B12?

Essa é uma pergunta frequente, que ouço tanto de colegas, quanto de pacientes.  Para introduzir o assunto contarei um pouco da minha história e como conheci o autor do vídeo. 

Durante a faculdade de Medicina temos muito pouco contato com a parte nutricional. Eu particularmente tive muito contato, mas foi por puro autodidatismo pois, já sabia que gostaria de trabalhar com nutrientes. Sempre vi os nutrientes como moléculas da vida. Por volta do 6º ano (2007) decidi que viraria ovolactovegetariano, ou seja, consumiria ovos, lácteos mas não comeria carne. Foi então que conheci o Dr. Eric Slywitch. Na época não existia instagram, somente Orkut e YouTube. 

Entrei em uma comunidade de Vegetarianismo no Orkut e o pessoal me indicou o Dr. Eric e as coisas que ele escrevia. Em 2010 ele lançou o livro Alimentação Sem carne e utilizei-o para preparar os protocolos de atendimentos dos pacientes vegetarianos. Ou seja, quase tudo que sei sobre vegetarianismo foi graças ao Dr. Eric Slywitch. 

Sendo assim, os valores de B12 que utilizo como recomendado, são baseados nas aulas e cursos que fiz dele. 

Sei que boa parte dos meus seguidores são da área da saúde, então fica a dica, quem quiser aprender sobre B12 e alimentação vegetariana, o Eric é o maior especialista no assunto no Brasil. Sugiro então que assista o vídeo abaixo e saiba a resposta para a pergunta do título.