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sábado, 5 de agosto de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos e nutricionistas] Aula - Whey, Creatina e Cafeína - Dr. Limiro Silveira

 


quarta-feira, 19 de abril de 2023

Aspectos nutricionais da doença de Parkinson

O Parkinson ou Doença de Parkinson (DP) é a segunda patologia neurodegenerativa mais comum na Neurologia. Em primeiro lugar é a Doença de Alzheimer (DA).

Estima-se que 1% da população acima dos 60 anos possua DP cuja prevalência aumenta conforme o decorrer da idade. Com causas multifatoriais, numerosos estudos examinaram o impacto de fatores ambientais no risco de DP, incluindo fatores dietéticos. Neste artigo, veremos os principais cuidados nutricionais que devem ser oferecidos para prevenir ou tratar o paciente com Parkinson.

Doença de Parkinson: fisiopatologia e sintomas

Em termos fisiopatológicos, a DP é caracterizada pela perda progressiva de neurônios produtores de dopamina na substância negra do cérebro. Como consequência, há uma progressão sequencial de danos neuronais em todo o sistema nervoso.

A deficiência da dopamina está associada à sintomas que envolvem o controle motor, tais como tremores, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. Além disso, o Parkinson também pode ocasionar sintomas não motores, como distúrbios do sono, anosmia, depressão e ansiedade.

Supõe-se que as manifestações iniciais da doença de Parkinson podem estar localizadas no intestino, e só depois afetam o cérebro. Evidências crescentes apontam para um fenótipo de inflamação intestinal de baixo grau em indivíduos com DP, com ruptura das junções intestinais e redução da permeabilidade intestinal.

De fato, o supercrescimento bacteriano do intestino delgado – que aumenta a densidade bacteriana e a disbiose – foi relatado como mais prevalente no Parkinson do que em indivíduos saudáveis.

Como deve ser a alimentação de quem tem Parkinson?

Sabendo da relação entre o desequilíbrio intestinal e a neurodegeneração, algumas estratégias dietéticas podem influenciar o risco de Parkinson ou modificar seu curso.

Embora o papel de alimentos probióticos não tenha sido totalmente elucidado, outros alimentos, nutrientes ou padrões alimentares são associados com a prevenção e melhora da doença. Veja a seguir os principais cuidados nutricionais a serem oferecidos para o paciente com Parkinson.

Vitaminas e minerais da Doença de Parkinson
O estresse oxidativo desempenha um papel importante na doença de Parkinson. Sendo assim, a ingestão adequada de vitaminas e minerais antioxidantes pode reduzir os danos celulares causados pelos radicais livres.

As vitaminas do complexo B, por exemplo, são grandes conhecidas pelo seu papel antioxidante e anti-inflamatório. Particularmente, um risco reduzido de Parkinson foi relatado com uma maior ingestão de vitamina B6. Esta vitamina também é capaz de reduzir os níveis de homocisteína, que pode estar aumentada em pacientes com DP.

Em um estudo de coorte com mais de 120.000 indivíduos, a ingestão moderada de vitamina E (tocoferol) também reduziu o risco de Parkinson. Além disso, níveis baixos de vitamina D podem explicar parcialmente a pior saúde musculoesquelética destes pacientes.

Em contrapartida, a ingestão de ferro não-heme foi associada a uma maior risco de doença de Parkinson, mas somente em pacientes com baixa ingestão de vitamina C.

Compostos bioativos

Alguns compostos bioativos também exercem um papel positivo na doença de Parkinson.

Os polifenóis, por exemplo, são elementos com possíveis efeitos neuroprotetores, devido ao efeito antioxidantes, quelantes de ferro e modulação das vias de sinalização intracelular.

Em um estudo de coorte com 130.000 indivíduos, a ingestão dos polifenóis flavonóides (presentes em chás, frutas, maçãs, vinho tinto e suco de laranja) diminuiu em 40% o risco de homens desenvolverem a doença de Parkinson.

PUFAs e peixes

Os ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) de cadeia longa são nutrientes essenciais no desenvolvimento e funcionamento do cérebro. Em idosos, os PUFA podem atuar como mediadores neuroprotetores, e intervirem nos mecanismos que resultam em comprometimento cognitivo.

Por exemplo, o ácido docosahexaenóico (DHA) atua como um fator neurotrófico, aumentando o nível do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) – que pode estar diminuído em pacientes com Parkinson. Além disso, em modelos experimentais, a suplementação de DHA protegeu os neurônios dopaminérgicos.

As evidências sobre a ingestão de PUFA em pacientes com doença de Parkinson são limitadas e inconclusivas. Entretanto, pode-se recomendar um aumento da ingestão de peixes gordurosos, cuja indicação é de ao menos 2 porções/semana, segundo os órgãos de nutrição.

Cafeína

A cafeína é um estimulante do SNC, atuando por meio de um bloqueio reversível dos receptores de adenosina. Sendo assim, algumas evidências sugerem que o consumo de cafeína pode retardar a taxa de progressão da doença de Parkinson, com efeitos neuroprotetores.

Em um estudo prospectivo com mais de 8.000 indivíduos por 30 anos, a ingestão de cafeína proveniente de várias fontes (café, chá verde, chá preto e outros) reduziu a incidência de DP, mesmo após o ajuste para fatores de confusão (tabagismo e idade).

Dieta mediterrânea

A dieta mediterrânea tradicional é definida pelo alto consumo de azeite, leguminosas, hortaliças e frutas, juntamente com o menor consumo de carnes, aves e gorduras animais.

Este padrão alimentar já foi associado à redução da atrofia cerebral em idosos. Além disso, em uma população grega, a adesão à dieta mediterrânea melhorou o desempenho cognitivo e as taxas de demência, além de reduzi sintomas precursores de doença de Parkinson.

Sendo assim, aderir à dieta mediterrânea, ou a um padrão semelhante, pode ser uma boa estratégia para promover o cuidado nutricional do paciente com Parkinson.

Investigações sobre o papel da dieta cetogênica, vegetariana e vegana também são conduzidas. Entretanto, as evidências são limitadas.

Conclusão
Embora importante, a nutrição é um fator muitas vezes negligenciado no manejo da doença de Parkinson. Para o cuidado nutricional destes pacientes, um padrão alimentar diverso deve ser indicado, e a dieta mediterrânea pode servir de exemplo.

Apesar disso, as evidências sobre a relação entre a alimentação e a doença de Parkinson são limitadas. Mais estudos ainda são necessários para confirmar o papel benéfico de nutrientes e alimentos na DP. Deste modo, será possível melhorar os sintomas daqueles que lidam com esta enfermidade complexa e multifatorial.

Referências:

Breasail, M. Ó., Smith, M. D., Tenison, E., Henderson, E. J., & Lithander, F. E. (2022). Parkinson’s disease: the nutrition perspective. Proceedings of the Nutrition Society, 81(1), 12-26.

Erro, R., Brigo, F., Tamburin, S., Zamboni, M., Antonini, A., & Tinazzi, M. (2018). Nutritional habits, risk, and progression of Parkinson disease. Journal of neurology, 265, 12-23.

Ross, G. W., Abbott, R. D., Petrovitch, H., Morens, D. M., Grandinetti, A., Tung, K. H., … & White, L. R. (2000). Association of coffee and caffeine intake with the risk of Parkinson disease. Jama, 283(20), 2674-2679.

Umeno, A., Horie, M., Murotomi, K., Nakajima, Y., & Yoshida, Y. (2016). Antioxidative and antidiabetic effects of natural polyphenols and isoflavones. Molecules, 21(6), 708.

Zhang, S. M., Hernan, M. A., Chen, H., Spiegelman, D., Willett, W. C., & Ascherio, A. (2002). Intakes of vitamins E and C, carotenoids, vitamin supplements, and PD risk. Neurology, 59(8), 1161-1169.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Você precisa de um pré-treino (refeição ou suplemento) ?


A utilização ou não do pré-treino é um questionamento bem frequente na prática clínica, principalmente entre os iniciantes na prática de musculação. E aqui nesse texto, consideraremos tanto o pré-treino suplemento (cafeína, por exemplo ou qualquer outro recurso nutricional com ação na melhora da performance, como termogênicos, maltodextrina, palatinose, bicarbonato de sódio, nitratos), quanto a refeição pré-treino (comida).

Mas será que você precisa de pré-treino?

Depende! 

Refeição

Por exemplo, no caso da refeição pré-treino, se o seu objetivo for emagrecimento e a prática de exercícios não durar acima de 60 - 90 minutos, e o treino não for de alta intensidade, é provável que as refeições realizadas no dia (café da manhã, almoço, lanche da tarde e/ou jantar) já sejam suficientes para suprir a demanda energética e garantir o desempenho.

Já se o treino for mais duradouro e a intensidade elevada, é possível ajustar um pré-treino com carboidratos de rápida absorção/metabolização, em que as quantidades podem variar entre 30 e 90g de carboidrato.

E os suplementos?

No caso do suplemento pré-treino, saiba que é a presença da cafeína que confere efeito significativo no desempenho do exercício. Várias outras substâncias ali presentes exercem pouco ou nenhum efeito na performance, logo, é questionável o uso dos produtos caros e complexos.

Além disso, essas substâncias podem conferir riscos potenciais à saúde, como por exemplo: aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, da frequência respiratória, diarreia, gastrite, agravamento ou precipitação de transtornos psiquiátricos, dentre outros. Portanto, até mesmo com a cafeína, todo cuidado é pouco. Só use pré-treino se ele for prescrito por um profissional que te avaliou e questionou na anamnese se:

  1. Você tem pressão alta (hipertensão arterial) e está tratando, fazendo uso de antihipertensivos
  2. Você tem histórico de arritmia cardíaca ou se usa medicação para controle da frequência cardíaca como: propranolol, atenolol, metoprolol, nebivolol, amiodarona
  3. Você é portador de insuficiência cardíaca
  4. Você é portador de asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (geralmente as xantinas do café podem melhorar os sintomas e depois piorar) e faz uso de beta-2-agonista ou corticoide inalatório ou via oral
  5. Você tem enxaqueca que pode piorar ou ser desencadeada pelo consumo de psicoestimulantes
  6. Você é portador de qualquer um dos transtornos de ansiedade (em tratamento ou não): Transtorno de ansiedade generalizada, transtorno bipolar, depressão, esquizofrenia, síndrome do pânico, déficit de atenção, insônia
  7. Você apresenta sintomas digestivos como diarreia crônica, gastrite, refluxo, doença inflamatória intestinal. 
Infelizmente, muitos desses pré-treinos vendidos em casas de suplementos e até mesmo farmácias, possuem substâncias "batizadas" e que podem desencadear vários sintomas, agravar quadros pré-existentes. Por isso pedimos sempre cautela aos pacientes. Com os importados é pior ainda, a ANVISA ainda tenta ter um controle rigoroso sobre as substâncias comercializadas sem prescrição médica. Mas os importados geralmente são "contaminados" com substâncias com potencial para desencadear o que já citamos acima. Já viu que no rótulo eles tentam se proteger indicando que tais produtos não devem ser utilizados por cardiopatas, pessoas com transtornos psiquiátricos ? Pois é! Além disso é um risco para atletas, pois pode ser uma fonte de doping não intencional.

Algumas pessoas até podem se beneficiar com o uso do pré-treino quando o objetivo é aumentar o rendimento, entretanto, é importante que ele seja prescrito por um profissional habilitado (Nutrólogo, Endocrinologista, Médico do esporte ou Nutricionista). 

Um adendo, se você treina a partir das 16 horas, evite utilizar os pré-treinos (suplementos), já que seu sono poderá ser alterado.

E se faz uso de algum pré-treino e tem algumas das patologias acima, informe ao seu médico assistente. 

Autores:
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Dra. Edite Magalhães - Médica especialista em Clínica Médica - CRM-PE 23994 RQE 9351
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Profissional da Educação física e graduando em Nutrição

Fontes: