William Waissmann
Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. waissman@ensp.fiocruz.br
A agricultura intensiva é um dos esteios históricos da lógica exportadora do estado brasileiro. Mais que significar um espaço produtivo gerador de bens populares, vem significando, ao longo dos séculos, momento perpetuador do uso abusivo e exclusivo do solo, a permitir desde a utilização da força de trabalho escrava até a expulsão da terra de levas intermináveis de migrantes que acabam por fluir aos grandes centros.
A violência do trabalho em meio rural mal era abordada nas primeiras normas acidentárias brasileiras (Lei nº 3.724/19191), quando só se admitia haver lesão indenizável oriunda de trabalho agrícola quando este fosse relacionado a máquinas à combustão, como se estas fossem freqüentes em um país ainda pouco urbanizado e pobre no início do século XX.
Mas, se houve melhorias normativas com as décadas, as mazelas também se diferenciaram qualitativamente. Os agrotóxicos, subprodutos da tecnologia de guerra, tiveram seu uso fortemente estimulado por política de estado a partir da década de 1970, com a concessão de crédito agrícola naquele período sendo vinculada à sua aquisição, e por oferta que exaltava suas propriedades de reduzir trabalho com pragas e de beneficiar alimentos, população e trabalhadores. Passaram os agrotóxicos a compor a vida diária de milhões de trabalhadores do campo, que a eles se expõem ocupacionalmente com suas famílias, assim como também se incorporaram à dieta dos brasileiros do campo e das cidades, presentes que estão nos alimentos.
De fato, os quase 4,5 bilhões de dólares que se estima terem sido as vendas brasileiras de agrotóxicos em 20042 estão ao alcance dos pratos e das implicações relacionadas à saúde. Consulta ao Sistema Integrado de Informações sobre Agrotóxicos (SIA), mantido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), revela, como exemplo, que para a cana-de-açúcar e a soja, duas das grandes culturas agrícolas nacionais, há autorização de utilização de 61 e 127 ingredientes ativos diferentes de agrotóxicos, respectivamente, dos mais variados grupos químicos e classificações toxicológicas3.
De mais de 4.000 amostras de vegetais coletadas em supermercados de doze capitais, entre 2001 e 2004, analisadas em programa de monitoramento coordenado pela ANVISA, detectou-se resíduos de agrotóxicos em mais de 50%, sendo que, destas, quase um terço apresentavam resíduos irregulares, ou seja, acima de quantidades permitidas ou oriundos de agrotóxicos de uso não autorizado para os vegetais onde foram encontrados4.
Fato lembrado por Miranda et al.5, no artigo que serve de base a estas observações, e que aqui se ressalta, é a possibilidade de associação entre exposição a agrotóxicos e doenças crônicas não transmissíveis como cânceres, endocrinopatias, neuropatias e outras. A prevalência de algumas destas afecções tem se elevado e contaminantes ambientais, como é o caso dos agrotóxicos, podem estar associados às suas gêneses muitas vezes multifatoriais. Reconhecer essa possibilidade associativa é importante para o sistema de vigilância em saúde, que deve estar alerta para potenciais efeitos advindos de contaminações ambientais e ocupacionais e buscar a pesquisa de causas ambientais, como os agrotóxicos, na gênese de agravos de natureza crônica.
É assim que, ao lado de se reconhecer o potencial carcinogênico de alguns agrotóxicos em animais, estudos epidemiológicos em humanos apontam a possibilidade de associação entre vários tipos de cânceres e exposição a agrotóxicos. Dentre os cânceres mais proeminentes encontram-se os linfohematopoiéticos6,7,8, com destaque para exposição ocupacional e infantil, e os hormônio-dependentes9,10, havendo ainda, em nosso meio, possível relevância para os cânceres gastroesofágicos11.
Vários agrotóxicos possuem efeitos estrogênicos e/ou anti-estrogênicos e/ou anti-androgênicos ou sobre outros segmentos do sistema endócrino na dependência de suas características físico-químicas, dose, afinidade por receptores, espécie atingida etc12. Apesar da maioria das alterações endócrinas terem sido detectadas em estudos animais, é relevante que se destaque as potenciais associações com alterações hipofisárias, tiroideanas, do metabolismo lipídico e glicídico, do ciclo menstrual, testiculares, espermáticas, e com queixas de impotência sexual, dentre outras13.
Agrotóxicos de vários grupos, como organofosforados, carbamatos, organoclorados, piretróides e outros, associam-se a efeitos neurológicos agudos quando em exposições em altas doses. Podem haver seqüelas tanto sensitivas quanto motoras, além de déficits cognitivos transitórios ou permanentes. Exposições crônicas a baixas doses também têm sido associadas à presença de sintomas neuropsíquicos, assim como cabe destaque à possível inter-relação entre exposição crônica a agrotóxicos e o desenvolvimento de doenças degenerativas do sistema nervoso central14,15,16,17.
Agrotóxicos são produtos de alto risco que se tornaram parte da vida diuturna rural e urbana. Assim, se o incentivo ao conhecimento pormenorizado de seus efeitos crônicos é importante, já que muitos dos efeitos permaneceriam mesmo que todos os agrotóxicos fossem banidos de uma só vez pela meia vida longa no corpo que muitos apresentam, é fundamental que se estimulem de forma prioritária as restrições aos seus usos pelos riscos que oferecem. Como um estímulo à promoção da saúde, projetos que visem, como exemplo, a substituição dos produtos mais tóxicos e alternativas de produção não geradoras de patologias deveriam estar entre aqueles que recebem estímulos e fomentos para pesquisas dos órgãos governamentais responsáveis pela saúde das populações.
Referências
1. Lei nº 3.724 de 15 de janeiro de 1919. Regula as obrigações resultantes dos acidentes do trabalho. Coleções das Leis do Brasil 1919:166.
2. Camargo MLB, Ferreira CRRPT, Frozaglia T, Ângelo JA, Freitas BB, Ferreira TT. Dispêndio com defensivos agrícolas na agricultura da cana-de-açúcar, Estado de São Paulo e Brasil 2005. [acessado 2006 Ago 12]. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto. php?codTexto=4258
3. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Sistema de Informações sobre Agrotóxicos. Módulo Pós-Registro. Pesquisa de Princípio Ativo. [acessado 2006 Ago 12]. Disponível em: http://www4.anvisa.gov.br/AGROSIA/asp/frm_pesquisa_ingrediente.asp; 2005a
4. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Controlando Agrotóxicos nos Alimentos: o trabalho desenvolvido pela ANVISA com as vigilâncias dos Estados do AC, ES, GO, MG, MS, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SP, TO, a FIOCRUZ/INCQS e os laboratórios IAL/SP, IOM/FUNED, LACEN/PR E ITEP/PE . Relatório de atividades 2001 2004. [acessado 2006 Ago 12]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/residuos/rel_anual_ 2004.pdf; 2005b
5. Miranda AC, Moreira JC, Carvalho R, Peres F. Neoliberalismo. Uso de agrotóxicos e a crise da soberania alimentar no Brasil. Rev C S Col. No prelo 2006.
6. Lee WJ, Hoppin JA, Blair A, Lubin JH, Dosemeci M, Sandler DP, et al. Cancer incidence among pesticide applicators exposed to alachlor in the Agricultural Health Study. Am J Epid 2004; 159(4):373-80.
7. Mills PK, Yang R, Riordan D. Lymphohematopoietic cancers in the United Farm Workers of America (UFW), 1988-2001. Cancer Causes Control 2005; 16(7):823-30.
8. Reynolds P, Von Behren J, Gunier RB, Goldberg DE, Hertz A, Harnly ME. Childhood cancer and agricultural pesticide use: an ecologic study in California. Environ Health Perspec 2002; 110(3):319-24.
9. Ejaz S, Akram W, Lim CW, Lee JJ, Hussain I. Endocrine disrupting pesticides: aleading cause of cancer among rural people in Pakistan. Exp Oncol 2004; 26(2): 98-105.
10. Van Maele-Fabry G, Willems JL. Prostate cancer among pesticide applicators: a meta-analysis. Int Arch Occup Environ Health 2004; 77(8):559-70.
11. Meyer A, Chrisman J, Moreira JC, Koifman S. Cancer mortality among agricultural workers from Serrana Region, state of Rio de Janeiro, Brazil. Environ Res 2003; 93(3):264-71.
12. U.S. Environmental Protection Agency. Endocrine Disruptor Screening Program. Second Interim Report of the Screening and testing Work Group. [acessado 2006 Ago 18]. Disponível em: http://www.epa.gov/scipoly/oscpendo/edsparchive/2ndinter.htm
13. Waissmann W. Endocrinopatologia associada ao trabalho. In: Mendes R, organizador. Patologia do Trabalho. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2003, v. 02, p. 1094-1139.
14. Kamel F, Hoppin JA. Association of Pesticide Exposure with Neurologic Dysfunction and Disease. Environ Health Perspec 2004; 112(9):950-958, 2004.
15. Lotti M, Moretto A. Organophosphate-induced delayed polyneuropathy. Toxicol Review 2005; 24(1):37-49.
16. Meggs WJ. Permanent paralysis at sites of dermal exposure to chlorpyrifos. J Toxicol Clin Toxicol 2003; 41(6):883-6.
17. Secretaria de Vigilância Sanitária. Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. Brasília: OPAS/OMS; 1996.
FONTE: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000100005&lng=pt
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Agrotóxicos e doenças não transmissíveis
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Dr. Frederico Lobo
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domingo, 28 de novembro de 2010
Agrotóxicos, Saúde e Meio Ambiente - Utilizando o Mato Grosso como exemplo
No fim de setembro, no Mato Grosso, realizou-se um importante evento de debate: o “Congresso Nacional Agrotóxicos, Saúde e Meio Ambiente – Direito à Informação”. O tema é totalmente atual e imprescindível, já que o Brasil é hoje o maior consumidor mundial de agrotóxicos, e no Mato Grosso o uso destes produtos químicos é intenso e perigoso. Não por acaso, já que se trata de um dos estados brasileiros onde o agronegócio (novo nome para a velha elite rural) é mais forte. Agrotóxicos são um tema envolto em polêmica: representantes do agronegócio defendem seu uso de forma ameaçadora, dizendo que sem eles não se produz alimentos em quantidade suficiente para alimentar a todos; enquanto a realidade mostra um lado mais cruel desta suposta verdade.
Segundo Franciléia de Castro, engenheira agrônoma da Fase Mato Grosso que participou do evento, foram dados exemplos de como o abuso de agrotóxicos traz prejuízos à saúde humana. O caso do município de Lucas do Rio Verde é um destes exemplos. Situada numa área de cultivo de soja, a população deste lugar foi pulverizada por agrotóxicos em 2006, porque um pequeno avião de aspersão jogou químicos demais e de forma imprudente. O vento se encarregou de levar as gotículas do veneno para as casas das pessoas, caixas d’água, mananciais, plantas e solo. Não demorou para que pessoas começassem a aparecer com sintomas de contaminação, às vezes graves. Quase quatro anos depois, o professor Vanderlei Pignati pesquisou, em parceria com a Fiocruz, este mesmo caso. E descobriu que a contaminação continua: os venenos estão presentes na urina e no sangue dos moradores, na água de poços artesianos, em amostras do ar e da água de chuva. Lucas do Rio Verde é um município contaminado pelos agrotóxicos. Franciléia diz que em Mato Grosso há um dito popular recente que afirma: “se for a Lucas do Rio Verde, não tome banho nem beba água”.
É verdade que em 2006 a Fase Mato Grosso e outras entidades já haviam alertado a Superintendência Federal de Agricultura do Mato Grosso, mas de nada adiantou. O poder do agronegócio e suas alianças geralmente bloqueiam ações sociais contra seus interesses, mesmo quando estes trazem prejuízos coletivos. Por isso, foi essencial que este congresso tenha sido pautado pela idéia do direito à informação. “Foi muito bem pensado o tema do direito à informação sobre agrotóxicos, é essa nossa luta agora”, diz Franciléia. “A sociedade precisa saber do mal que os agrotóxicos representam para nossa vida, e de como todos os dias somos contaminados, seja pelo ar e pela água ou pelos alimentos que consumimos. Essa tomada de consciência deve fortalecer o controle social sobre o uso de agrotóxicos”.
Controle social. Palavras que causam arrepios no agronegócio. Um exemplo do próprio debate dos agrotóxicos explica o porquê. De mais ou menos um ano para cá, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária decidiu que iria rever a permissão de uso de certos produtos químicos para agricultura. O motivo: novos estudos comprovavam que eles eram muito mais tóxicos do que se pensava, e além do mais, os produtos haviam sido proibidos em diversos outros países. Associações do agronegócio, avessas a qualquer tipo de controle que prime pelos interesses da população, vêm usando de seu poder político para impedir a ANVISA de fazer seu trabalho. E por enquanto, a sociedade brasileira ainda tem que ingerir químicos altamente tóxicos, proibidos em seus próprios países de origem, e em quantidades geralmente muito maiores do que o limite.
Outro problema que aponta para a questão do direito à informação é a relação entre agrotóxicos e transgênicos. As empresas que vendem sementes transgênicas costumavam dizer ao público que suas plantas geneticamente modificadas dispensavam o uso de agrotóxicos. Mentira deslavada. “A introdução da soja transgênica elevou a aplicação de agrotóxicos no país. O aumento se deu pelo maior uso de herbicidas à base de glifosato, um princípio ativo recomendado para a soja transgênica Roundup Ready, da multinacional Monsanto. Segundo o Ibama, no Mato Grosso, que é o maior produtor nacional de soja, a utilização dos 15 principais herbicidas usados no grão cresceu 67% no período de 2000 a 2004, e a de glifosato, 93%. Nesses quatro anos, a área plantada registrou salto de 95%, para 6,1 milhões de hectares. Isso em relação à soja, mas também vemos no estado o avanço nos cultivos transgênicos de milho e algodão, que contribuem ainda mais para os consumos dos agrotóxicos”, diz a engenheira agrônoma. Franciléia também nota que, pouco a pouco, a informação sobre a relação entre agrotóxicos e transgênicos vai se difundindo. “Pesquisas recentes mostram que o glifosato provoca malformação e defeitos de nascimento em animais de laboratório, mesmo em dosagens muito inferiores às usadas na pulverização agrícola”.
Informação difundida é mais defesa para a população contra as liberdades empresariais que comprometem a saúde pública. Facilita e estimula a organização cidadã para resistir às tentativas de reduzir o direito à alimentação adequada a nada. Somente com mais organização social e práticas políticas ativas pode-se abordar a questão dos agrotóxicos para além do banimento de produtos químicos prejudiciais à saúde. Trata-se, afinal, de questionar um modelo de produção agrícola que é concentrador de terra e riquezas, e que também deixa um rastro de contaminações e prejuízos tanto para os trabalhadores rurais como para todos aqueles que consomem os alimentos cheios de agrotóxicos.
Cresce no Brasil a organização de pessoas em associações, movimentos, ONGs e outros tipos de grupo que estão preocupados em mudar o modelo de produção de alimentos. O congresso realizado no Mato Grosso, puxado pelo Fórum Nacional de Combate ao Uso de Agrotóxicos, já deu sua contribuição para termos mais organização política no campo. Foi criado o Fórum Estadual para a mesma finalidade. Em pleno Mato Grosso, no coração do agronegócio brasileiro. Mais um passo de volta a uma agricultura saudável, limpa e que privilegie o alimento para consumo das pessoas.
FONTE: http://observatoriodamulher.org.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1825&Itemid=133
Segundo Franciléia de Castro, engenheira agrônoma da Fase Mato Grosso que participou do evento, foram dados exemplos de como o abuso de agrotóxicos traz prejuízos à saúde humana. O caso do município de Lucas do Rio Verde é um destes exemplos. Situada numa área de cultivo de soja, a população deste lugar foi pulverizada por agrotóxicos em 2006, porque um pequeno avião de aspersão jogou químicos demais e de forma imprudente. O vento se encarregou de levar as gotículas do veneno para as casas das pessoas, caixas d’água, mananciais, plantas e solo. Não demorou para que pessoas começassem a aparecer com sintomas de contaminação, às vezes graves. Quase quatro anos depois, o professor Vanderlei Pignati pesquisou, em parceria com a Fiocruz, este mesmo caso. E descobriu que a contaminação continua: os venenos estão presentes na urina e no sangue dos moradores, na água de poços artesianos, em amostras do ar e da água de chuva. Lucas do Rio Verde é um município contaminado pelos agrotóxicos. Franciléia diz que em Mato Grosso há um dito popular recente que afirma: “se for a Lucas do Rio Verde, não tome banho nem beba água”.
É verdade que em 2006 a Fase Mato Grosso e outras entidades já haviam alertado a Superintendência Federal de Agricultura do Mato Grosso, mas de nada adiantou. O poder do agronegócio e suas alianças geralmente bloqueiam ações sociais contra seus interesses, mesmo quando estes trazem prejuízos coletivos. Por isso, foi essencial que este congresso tenha sido pautado pela idéia do direito à informação. “Foi muito bem pensado o tema do direito à informação sobre agrotóxicos, é essa nossa luta agora”, diz Franciléia. “A sociedade precisa saber do mal que os agrotóxicos representam para nossa vida, e de como todos os dias somos contaminados, seja pelo ar e pela água ou pelos alimentos que consumimos. Essa tomada de consciência deve fortalecer o controle social sobre o uso de agrotóxicos”.
Controle social. Palavras que causam arrepios no agronegócio. Um exemplo do próprio debate dos agrotóxicos explica o porquê. De mais ou menos um ano para cá, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária decidiu que iria rever a permissão de uso de certos produtos químicos para agricultura. O motivo: novos estudos comprovavam que eles eram muito mais tóxicos do que se pensava, e além do mais, os produtos haviam sido proibidos em diversos outros países. Associações do agronegócio, avessas a qualquer tipo de controle que prime pelos interesses da população, vêm usando de seu poder político para impedir a ANVISA de fazer seu trabalho. E por enquanto, a sociedade brasileira ainda tem que ingerir químicos altamente tóxicos, proibidos em seus próprios países de origem, e em quantidades geralmente muito maiores do que o limite.
Outro problema que aponta para a questão do direito à informação é a relação entre agrotóxicos e transgênicos. As empresas que vendem sementes transgênicas costumavam dizer ao público que suas plantas geneticamente modificadas dispensavam o uso de agrotóxicos. Mentira deslavada. “A introdução da soja transgênica elevou a aplicação de agrotóxicos no país. O aumento se deu pelo maior uso de herbicidas à base de glifosato, um princípio ativo recomendado para a soja transgênica Roundup Ready, da multinacional Monsanto. Segundo o Ibama, no Mato Grosso, que é o maior produtor nacional de soja, a utilização dos 15 principais herbicidas usados no grão cresceu 67% no período de 2000 a 2004, e a de glifosato, 93%. Nesses quatro anos, a área plantada registrou salto de 95%, para 6,1 milhões de hectares. Isso em relação à soja, mas também vemos no estado o avanço nos cultivos transgênicos de milho e algodão, que contribuem ainda mais para os consumos dos agrotóxicos”, diz a engenheira agrônoma. Franciléia também nota que, pouco a pouco, a informação sobre a relação entre agrotóxicos e transgênicos vai se difundindo. “Pesquisas recentes mostram que o glifosato provoca malformação e defeitos de nascimento em animais de laboratório, mesmo em dosagens muito inferiores às usadas na pulverização agrícola”.
Informação difundida é mais defesa para a população contra as liberdades empresariais que comprometem a saúde pública. Facilita e estimula a organização cidadã para resistir às tentativas de reduzir o direito à alimentação adequada a nada. Somente com mais organização social e práticas políticas ativas pode-se abordar a questão dos agrotóxicos para além do banimento de produtos químicos prejudiciais à saúde. Trata-se, afinal, de questionar um modelo de produção agrícola que é concentrador de terra e riquezas, e que também deixa um rastro de contaminações e prejuízos tanto para os trabalhadores rurais como para todos aqueles que consomem os alimentos cheios de agrotóxicos.
Cresce no Brasil a organização de pessoas em associações, movimentos, ONGs e outros tipos de grupo que estão preocupados em mudar o modelo de produção de alimentos. O congresso realizado no Mato Grosso, puxado pelo Fórum Nacional de Combate ao Uso de Agrotóxicos, já deu sua contribuição para termos mais organização política no campo. Foi criado o Fórum Estadual para a mesma finalidade. Em pleno Mato Grosso, no coração do agronegócio brasileiro. Mais um passo de volta a uma agricultura saudável, limpa e que privilegie o alimento para consumo das pessoas.
FONTE: http://observatoriodamulher.org.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1825&Itemid=133
Postado por
Dr. Frederico Lobo
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Congresso Nacional sobre Agrotóxicos, saúde e meio ambiente: pelo direito à informação
Aconteceu nos últimos dias 25 e 26/11/210 um congresso promovido pelo Ministério do Trabalho sobre agrotóxicos, saúde e meio ambiente.
O evento contou com a presença da professora Lia Giraldo, ex-membro da CTNBio, falando sobre agrotóxicos. Lia, como se sabe, não aguentou a submissão do Conselho às exigências das empresas e o descaso da mesma com o princípio da precaução, saúde das pessoas e do meio ambiente e terminou pedindo pra deixar a entidade. (vide abaixo, a cópia da carta).
Enfim, além dos agrotóxicos se falou bastante de transgênicos. Que, obviamente, ao contrário do que diziam as empresas, o uso de agrotóxicos aumentou após sua liberação comercial. Falou-se numa variedade transgênica de cana-de-açúcar que é mais leve e tem mais açúcar.
A CTNBio vista de dentro.
Durante 15 meses a dra. Lia Giraldo, médica e pesquisadora da Fiocruz, participou da CTNBio na qualidade de representante das organizações do campo socioambiental. Na última reunião da Comissão ela comunicou seu desligamento e fez um balanço sobre o funcionamento da CTNBio. A carta de Lia Giraldo é leitura indispensável para entendermos como decisões políticas de governo são transformadas em "decisões técnicas".
Brasília, 17 de maio de 2007.
Excelentíssimo Senhor Ministro da Ciência e Tecnologia
Excelentíssima Senhora Ministra do Meio Ambiente
Ilustríssimo Senhor Presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
Referente: Notificação de desligamento da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e declaração de motivos.
Há 31 anos sou servidora pública dedicada à Saúde Coletiva, dos quais 20 anos como médica sanitarista, tendo por esse período trabalhado na região siderúrgica-petroquímica de Cubatão - SP, promovendo a saúde dos trabalhadores e ambiental. Fiz meu mestrado e doutorado investigando biomarcadores para análise de risco. Há dez anos sou pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz e docente do programa de Pós-Graduação do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, onde sou responsável pelas disciplinas obrigatórias de “Filosofia da Ciência e Bioética” e de “Seminários Avançados de Pesquisa”.
Como técnica, gestora, cientista e professora tive que lidar com diversas situações de conflitos de interesses que muitas vezes emergiam de forma aguda e tenho claro que os conflitos são parte do processo social e por isso mesmo devem estar subordinados a regras de convivência civilizada, em respeito ao estado de direito e à democracia.
Sou membro titular na CTNBio como Especialista em Meio Ambiente indicada pelo Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais, a partir de uma lista tríplice à Ministra do Meio Ambiente, a quem coube a escolha. Hoje, após quinze meses de minha nomeação, peço o desligamento formal dessa Comissão e apresento a titulo de reflexão algumas opiniões críticas no sentido de colaborar com o aprimoramento da biossegurança no país.
Na minha opinião, a lei 11.105/2005 que criou a CTNBio fez um grande equívoco ao retirar dos órgãos reguladores e fiscalizadores os poderes de analisar e decidir sobre os pedidos de interesse comercial relativos aos transgênicos, especialmente sobre as liberações comerciais.
A CTNBio está constituída por pessoas com título de doutorado, a maioria especialistas em biotecnologia e interessados diretamente no seu desenvolvimento. Há poucos especialistas em biossegurança, capazes de avaliar riscos para a saúde e para o meio ambiente.
Os membros da CTNBio têm mandato temporário e não são vinculados diretamente ao poder público com função específica, não podendo responder a longo prazo por problemas decorrentes da aprovação ou do indeferimento de processos.
A CTNBio não é um órgão de fomento à pesquisa ou de pós-graduação ou conselho editorial de revista acadêmica. O comportamento da maioria de seus membros é de crença em uma ciência da monocausalidade. Entretanto, estamos tratando de questões complexas, com muitas incertezas e com conseqüências sobre as quais não temos controle, especialmente quando se trata de liberações de OGMs no ambiente.
Nem mesmo o Princípio da Incerteza, que concedeu o Prêmio Nobel à Werner Heisenberg (1927), é considerado pela maioria dos denominados cientistas que compõe a CTNBio. Assim, também na prática da maioria, é desconsiderado o Princípio da Precaução, um dos pilares mais importantes do Protocolo de Biossegurança de Cartagena que deve nortear as ações políticas e administrativas dos governos signatários.
O que vemos na prática cotidiana da CTNBio são votos pré-concebidos e uma série de artimanhas obscurantistas no sentido de considerar as questões de biossegurança como dificuldades ao avanço da biotecnologia.
A razão colocada em jogo na CTNBio é a racionalidade do mercado e que está protegida por uma racionalidade científica da certeza cartesiana, onde a fragmentação do conhecimento dominado por diversos técnicos com título de doutor, impede a priorização da biossegurança e a perspectiva da tecnologia em favor da qualidade da vida, da saúde e do meio ambiente.
Não há argumentos que mobilizem essa racionalidade cristalizada como a única “verdade científica”. Além da forma desairosa no tratamento daqueles que exercem a advocacy no strito interesse público.
Participar desta Comissão requereu um esforço muito grande de tolerância diante das situações bizarras por mim vivenciadas, como a rejeição da maioria em assinar o termo de conflitos de interesse; de sentir-se constrangida com a presença nas reuniões de membro do Ministério Público ou de representantes credenciados da sociedade civil; de não atender pedido de audiência pública para debater a liberação comercial de milho transgênico, tendo o movimento social de utilizar-se de recurso judicial para garantia desse direito básico; além de outros vícios nas votações de processos de interesse comercial.
Também a falta de estrutura da Secretaria Geral da CTNBio é outra questão que nos faz pensar como é que é possível ter sido transferido para essa Comissão tanta responsabilidade sem os devidos meios para exerce-la? Assistimos a inúmeros problemas relacionados com a instrução e a tramitação de processos pela falta de condições materiais e humanas da CTNBio.
Para ilustrar cito o processo No. 01200.000782/2006-97 da AVIPE que solicitava a revisão de uma decisão da CNBS. O mesmo foi distribuído para um único parecerista pela Secretaria Geral como um processo de simples importação de milho GM para alimentar frangos. Graças à interpretação de um membro de que haveria necessidade de nomear mais um parecerista, em função dos problemas antigos deste processo que sofrera recurso da ANVISA e do MMA junto ao CNBS, é que se descobriu que este processo estava equivocado. Mesmo porque a CTNBio só poderia dar parecer a pedidos de importação de sementes para experimentos científicos. Importação de sementes para comercialização para ração animal, por exemplo, não é uma atribuição da CTNBio.
Outro fato ilustrador é o caso da apreciação do pedido de liberação comercial da vacina contra a doença de Aujeski (em que também fui um dos relatores). Os únicos quatro votos contra a liberação não seriam suficientes para a sua rejeição. No entanto, o fato de não se ter 18 votos favoráveis impediu a sua aprovação e este fato foi utilizado amplamente para justificar a redução de quorum de 2/3 para maioria simples nas votações de liberação comercial de OGM. Ocorre que o parecer contrário à aprovação desse processo trouxe uma série de argumentos que sequer foram observados por aqueles que já tinham decidido votar em favor de sua liberação.
Essa vacina está no mercado internacional há quinze anos e só é comercializada em cinco países, nenhum da comunidade européia. Esta observação levou-me a investigar as razões para tal e encontrei uma série de questões que contraindicam o seu uso na vigilância sanitária de suínos frente aos riscos de contrair a doença de Aujeski e que também são seguidas pelo Brasil.
Infelizmente este fato foi utilizado politicamente no Congresso Nacional como um argumento para justificar a redução do quorum para liberação comercial, mostrando que os interesses comerciais se sobrepujam aos interesses de biossegurança com o beneplácido da CTNBio.
Desta forma, em respeito à cidadania e a minha trajetória profissional de cientista e de formadora de recursos humanos, não poderei mais permanecer como membro de uma Comissão Técnica Nacional de Biossegurança que, a meu ver, não tem condições de responder pelas atribuições que a lei lhe confere.
Faço votos que uma profunda reflexão inspire todos aqueles que têm responsabilidade pública para que os órgãos com competência técnica e isenção de interesses possam de fato assumir o papel que o Estado deve ter na proteção da saúde, do ambiente, da sociedade, da democracia e do desenvolvimento sustentável.
Brasília, 17 de maio de 2007.
Profa. Dra. Lia Giraldo da Silva Augusto
Membro Titular da CTNBio
Especialista em Meio Ambiente
FONTE: http://greenrecife.blogspot.com/2010/11/congresso-agrotoxicos-saude-e-meio.html
O evento contou com a presença da professora Lia Giraldo, ex-membro da CTNBio, falando sobre agrotóxicos. Lia, como se sabe, não aguentou a submissão do Conselho às exigências das empresas e o descaso da mesma com o princípio da precaução, saúde das pessoas e do meio ambiente e terminou pedindo pra deixar a entidade. (vide abaixo, a cópia da carta).
Enfim, além dos agrotóxicos se falou bastante de transgênicos. Que, obviamente, ao contrário do que diziam as empresas, o uso de agrotóxicos aumentou após sua liberação comercial. Falou-se numa variedade transgênica de cana-de-açúcar que é mais leve e tem mais açúcar.
A CTNBio vista de dentro.
Durante 15 meses a dra. Lia Giraldo, médica e pesquisadora da Fiocruz, participou da CTNBio na qualidade de representante das organizações do campo socioambiental. Na última reunião da Comissão ela comunicou seu desligamento e fez um balanço sobre o funcionamento da CTNBio. A carta de Lia Giraldo é leitura indispensável para entendermos como decisões políticas de governo são transformadas em "decisões técnicas".
Brasília, 17 de maio de 2007.
Excelentíssimo Senhor Ministro da Ciência e Tecnologia
Excelentíssima Senhora Ministra do Meio Ambiente
Ilustríssimo Senhor Presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
Referente: Notificação de desligamento da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e declaração de motivos.
Há 31 anos sou servidora pública dedicada à Saúde Coletiva, dos quais 20 anos como médica sanitarista, tendo por esse período trabalhado na região siderúrgica-petroquímica de Cubatão - SP, promovendo a saúde dos trabalhadores e ambiental. Fiz meu mestrado e doutorado investigando biomarcadores para análise de risco. Há dez anos sou pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz e docente do programa de Pós-Graduação do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, onde sou responsável pelas disciplinas obrigatórias de “Filosofia da Ciência e Bioética” e de “Seminários Avançados de Pesquisa”.
Como técnica, gestora, cientista e professora tive que lidar com diversas situações de conflitos de interesses que muitas vezes emergiam de forma aguda e tenho claro que os conflitos são parte do processo social e por isso mesmo devem estar subordinados a regras de convivência civilizada, em respeito ao estado de direito e à democracia.
Sou membro titular na CTNBio como Especialista em Meio Ambiente indicada pelo Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais, a partir de uma lista tríplice à Ministra do Meio Ambiente, a quem coube a escolha. Hoje, após quinze meses de minha nomeação, peço o desligamento formal dessa Comissão e apresento a titulo de reflexão algumas opiniões críticas no sentido de colaborar com o aprimoramento da biossegurança no país.
Na minha opinião, a lei 11.105/2005 que criou a CTNBio fez um grande equívoco ao retirar dos órgãos reguladores e fiscalizadores os poderes de analisar e decidir sobre os pedidos de interesse comercial relativos aos transgênicos, especialmente sobre as liberações comerciais.
A CTNBio está constituída por pessoas com título de doutorado, a maioria especialistas em biotecnologia e interessados diretamente no seu desenvolvimento. Há poucos especialistas em biossegurança, capazes de avaliar riscos para a saúde e para o meio ambiente.
Os membros da CTNBio têm mandato temporário e não são vinculados diretamente ao poder público com função específica, não podendo responder a longo prazo por problemas decorrentes da aprovação ou do indeferimento de processos.
A CTNBio não é um órgão de fomento à pesquisa ou de pós-graduação ou conselho editorial de revista acadêmica. O comportamento da maioria de seus membros é de crença em uma ciência da monocausalidade. Entretanto, estamos tratando de questões complexas, com muitas incertezas e com conseqüências sobre as quais não temos controle, especialmente quando se trata de liberações de OGMs no ambiente.
Nem mesmo o Princípio da Incerteza, que concedeu o Prêmio Nobel à Werner Heisenberg (1927), é considerado pela maioria dos denominados cientistas que compõe a CTNBio. Assim, também na prática da maioria, é desconsiderado o Princípio da Precaução, um dos pilares mais importantes do Protocolo de Biossegurança de Cartagena que deve nortear as ações políticas e administrativas dos governos signatários.
O que vemos na prática cotidiana da CTNBio são votos pré-concebidos e uma série de artimanhas obscurantistas no sentido de considerar as questões de biossegurança como dificuldades ao avanço da biotecnologia.
A razão colocada em jogo na CTNBio é a racionalidade do mercado e que está protegida por uma racionalidade científica da certeza cartesiana, onde a fragmentação do conhecimento dominado por diversos técnicos com título de doutor, impede a priorização da biossegurança e a perspectiva da tecnologia em favor da qualidade da vida, da saúde e do meio ambiente.
Não há argumentos que mobilizem essa racionalidade cristalizada como a única “verdade científica”. Além da forma desairosa no tratamento daqueles que exercem a advocacy no strito interesse público.
Participar desta Comissão requereu um esforço muito grande de tolerância diante das situações bizarras por mim vivenciadas, como a rejeição da maioria em assinar o termo de conflitos de interesse; de sentir-se constrangida com a presença nas reuniões de membro do Ministério Público ou de representantes credenciados da sociedade civil; de não atender pedido de audiência pública para debater a liberação comercial de milho transgênico, tendo o movimento social de utilizar-se de recurso judicial para garantia desse direito básico; além de outros vícios nas votações de processos de interesse comercial.
Também a falta de estrutura da Secretaria Geral da CTNBio é outra questão que nos faz pensar como é que é possível ter sido transferido para essa Comissão tanta responsabilidade sem os devidos meios para exerce-la? Assistimos a inúmeros problemas relacionados com a instrução e a tramitação de processos pela falta de condições materiais e humanas da CTNBio.
Para ilustrar cito o processo No. 01200.000782/2006-97 da AVIPE que solicitava a revisão de uma decisão da CNBS. O mesmo foi distribuído para um único parecerista pela Secretaria Geral como um processo de simples importação de milho GM para alimentar frangos. Graças à interpretação de um membro de que haveria necessidade de nomear mais um parecerista, em função dos problemas antigos deste processo que sofrera recurso da ANVISA e do MMA junto ao CNBS, é que se descobriu que este processo estava equivocado. Mesmo porque a CTNBio só poderia dar parecer a pedidos de importação de sementes para experimentos científicos. Importação de sementes para comercialização para ração animal, por exemplo, não é uma atribuição da CTNBio.
Outro fato ilustrador é o caso da apreciação do pedido de liberação comercial da vacina contra a doença de Aujeski (em que também fui um dos relatores). Os únicos quatro votos contra a liberação não seriam suficientes para a sua rejeição. No entanto, o fato de não se ter 18 votos favoráveis impediu a sua aprovação e este fato foi utilizado amplamente para justificar a redução de quorum de 2/3 para maioria simples nas votações de liberação comercial de OGM. Ocorre que o parecer contrário à aprovação desse processo trouxe uma série de argumentos que sequer foram observados por aqueles que já tinham decidido votar em favor de sua liberação.
Essa vacina está no mercado internacional há quinze anos e só é comercializada em cinco países, nenhum da comunidade européia. Esta observação levou-me a investigar as razões para tal e encontrei uma série de questões que contraindicam o seu uso na vigilância sanitária de suínos frente aos riscos de contrair a doença de Aujeski e que também são seguidas pelo Brasil.
Infelizmente este fato foi utilizado politicamente no Congresso Nacional como um argumento para justificar a redução do quorum para liberação comercial, mostrando que os interesses comerciais se sobrepujam aos interesses de biossegurança com o beneplácido da CTNBio.
Desta forma, em respeito à cidadania e a minha trajetória profissional de cientista e de formadora de recursos humanos, não poderei mais permanecer como membro de uma Comissão Técnica Nacional de Biossegurança que, a meu ver, não tem condições de responder pelas atribuições que a lei lhe confere.
Faço votos que uma profunda reflexão inspire todos aqueles que têm responsabilidade pública para que os órgãos com competência técnica e isenção de interesses possam de fato assumir o papel que o Estado deve ter na proteção da saúde, do ambiente, da sociedade, da democracia e do desenvolvimento sustentável.
Brasília, 17 de maio de 2007.
Profa. Dra. Lia Giraldo da Silva Augusto
Membro Titular da CTNBio
Especialista em Meio Ambiente
FONTE: http://greenrecife.blogspot.com/2010/11/congresso-agrotoxicos-saude-e-meio.html
Postado por
Dr. Frederico Lobo
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22:58
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Criação de Gado Confinado – Em que isso nos afeta ?
Quem leu o livro O Dilema do Onívoro, do jornalista Michael Pollan, sabe o que significa uma fazenda de confinamento de gado nos EUA. Gostaria de visitar uma aqui no Brasil, para poder falar mal é claro, mas felizmente não há nenhuma perto de mim.
Digo felizmente, porque tal prática ainda é incipiente no Brasil. Obtive dados que informam que menos de 6% da carne de gado brasileira é de gado confinado. Mas este quadro pode mudar rapidamente: já temos associação de confinadores e a EMBRAPA está dando o maior apoio. Há vezes, e elas têm sido cada vez mais frequentes, em que a eficiência da EMBRAPA vai contra a gente. Tomara que isso seja transitório, ou seja, esperamos sinceramente que a EMBRAPA passe a considerar outros fatores, além do meramente econômico e eventualmente ambiental, nas suas decisões de pesquisa e fomento.
No site da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) há um texto da nutricionista Licínia de Campos no qual ela afirma que “A carne bovina proveniente de animais criados a pasto tem sido cotada como uma das mais nutritivas. Várias pesquisas concluíram que o produto contém concentrações elevadas de betacaroteno e α-tocoferol, níveis maiores de ácidos graxos Omega 3, proporção maior e mais desejável de Omega-3 : Omega-6, e níveis altos de ácido linoléico conjugado, todas estas substâncias sabidamente de efeitos favoráveis à saúde humana.”
E nós acrescentamos que isso não vale só para a carne do gado de corte, vale para o leite das vacas que pastam, para os ovos e a carne das galinhas criadas soltas, e todos os animais que se alimentam da forma como foram naturalmente moldados.
A autora do texto cita um estudo que mostra que o teor de betacaroteno, que se converte em vitamina A no organismo, é 10 vezes maior na carne do gado criado a pasto do que no gado confinado. Quanto ao alfa-tocoferol, uma das formas de apresentação da vitamina E, de alta importância antioxidante, o texto refere a uma quantidade 3 vezes maior na carne do boi criado a pasto, sempre em comparação ao confinado. Com uma vantagem adicional: o maior teor de alfa-tocoferol ajuda a conservar a carne do gado depois do corte. Isso é, aumenta a “vida na prateleira”, frase esta capaz de emocionar a retalhistas e varejistas.
Na continuidade do estudo, a autora fala da relação ômega 3 / ômega 6 da carne, lembrando que o ácido graxo ômega 6 promove a inflamação, o bloqueio sanguíneo e o crescimento de tumores enquanto que o ômega 3 age na direção inversa, embora ambos sejam necessários no equilíbrio de um organismo são. Os dados citados por Licínia mostram uma relação ômega 3 / ômega 6 de 1 / 2 no gado criado a pasto e de 1 / 4 no gado confinado, o que significa uma degradação de 2 vezes. David Servan-Schreiber, no seu livro Anticâncer – página 87, cita uma degradação de 4 vezes nesta relação ômega 3 / ômega 6, ocorrida nos últimos 40 anos, na carne do gado norte-americano, também em função da alteração na dieta dos animais decorrente do confinamento.
Ainda citando informações do texto da ABIEC, quanto ao ácido linoléico conjugado (usualmente denominado CLA, sigla em inglês), um ácido graxo polinsaturado de grandes benefícios ao organismo humano, os animais de pasto apresentam teores 2 a 3 vezes maiores que seus semelhantes confinados. No leite de vacas alimentadas a pasto esta vantagem proporcional sobe para 5.
Entretanto, o fato de o Brasil ter relativamente pouco gado confinado e de a ABIEC enaltecer a qualidade da carne do gado criado solto no pasto, não significa que o confinamento não vá crescer. Como toda indústria, a pecuária “busca a melhor relação custo / benefício possível”, o que é uma maneira suavizada de dizer que ela “busca o maior lucro possível”. O que significa que se que o que ela ganhar a mais com o gado confinado pagar os custos adicionais do confinamento e sobrar alguma coisa, é nesta direção que a indústria se desloca. Sobre isso, você pode dar uma lida no texto sobre os Os Direcionadores da Indústria de Alimentos.
Porém determinar a velocidade com que a pecuária se deslocará nesta direção (a do confinamento), é coisa difícil de prever. Há mil variáveis envolvidas. Em épocas de seca, confinar é boa solução. Em épocas de chuva, desde que não demasiadas, não. Em épocas de baixa da soja e do milho no mercado internacional, é hora de confinar. Em algumas regiões, se há maior exportação de suco de laranja ou maior produção de cerveja, significa mais refugos baratos para alimentar o gado, logo é hora de confinar.
Vamos a uma situação limite no que se refere ao direcionamento que o mercado pode dar ou não ao confinamento: inventaram o “plástico verde”. Mera propaganda industrial para nos empurrar um plástico, como outro qualquer em termos de demora na degradação ambiental, que seria ecologicamente mais correto, só porque parte dele (em torno de uns 20%) é feita com derivados do álcool da cana de açúcar e não do petróleo. Se a moda pega, teremos ainda mais demanda por cana, maior preço da cana, maior avanço sobre pastagens por encarecimento da terra, logo maiores vantagens do confinamento. Ou seja, a pseudo solução de um problema ambiental pode acabar nos gerando um problema maior, nutricional, de saúde.
A EMBRAPA, em um texto usado num curso de confinamento de bovinos, define confinamento como “o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com área restrita, e onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos“.
O texto, muito didático, cita sempre o enfoque econômico como opção pelo confinamento ou não. Era de se esperar, de uma empresa pública, que houvesse alertas ou ressalvas quanto à perda da qualidade nutricional do produto. Não há. Só haveria, e isso pode ser visto alguns parágrafos adiante, se esta perda de qualidade afetasse a rentabilidade.
Em contra-partida, há uma grande preocupação com as “doenças do confinamento”, não ditas desta forma, é claro, mas colocadas assim “Por exemplo, o resíduo da pré-limpeza do grão de soja, que chega a ter 16% de proteína bruta na MS, não deve ser incluído nas rações em proporção superior a 25% da MS, porque causará diarréia e timpanismo.”, ou assim “É importante que os animais sejam adaptados gradativamente à dieta do confinamento, em especial aqueles antes mantidos exclusivamente em pastagens. A não adaptação à dieta tem sido responsável por distúrbios, como acidose e timpanismo nos confinamentos”. (MS = matéria seca.)
A autora, Esther Guimarães Cardoso, descreve os problemas existentes no confinamento do gado de corte,condicionando-os só e exclusivamente, aos resultados econômicos: “Podem ser considerados como problemas no/do confinamento do gado de corte aqueles fatores ou condições que contribuem para o insucesso ou diminuição do rendimento da atividade”.
Esquecendo de que se trata de ruminantes, o texto fala que “Dentre os problemas que podem afetar os animais no confinamento, está a acidose, caracterizada pelo aumento do ácido lático no rúmen, geralmente em conseqüência do consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos facilmente fermentescíveis (do concentrado da ração).”
Citando mais um parágrafo doloroso (para mim, imagine para o gado confinado): “O timpanismo também pode acometer bovinos em confinamento. Alguns alimentos, como leguminosas e resíduo da pré-limpeza do grão de soja, podem favorecer seu aparecimento. O timpanismo pode ainda ocorrer quando a freqüência de alimentação não é adequada ou há alternância de super e subfornecimento de concentrados, especialmente os finamente moídos (pode haver evolução até o aparecimento de paraqueratose)”. Fiz um destaque em “resíduo da pré-limpeza do grão de soja” porque isso não deveria ser alimento nem de bactérias.
Pegamos animais que pastavam lenta e calmamente ao longo do dia, buscando o capim mais fresco possível, em áreas abertas, deitando para ruminar sob alguma sombra disponível, e os aglomeramos em pequenos espaços confinados. Fornecemos o alimento que nos convém economicamente, fazendo-os engordar por ter que comer mais e mais para buscar os nutrientes que o pasto lhe dava e agora não têm mais, fazendo-os adoecer e disputar ombro a ombro (ou, mais adequadamente falando, paleta a paleta) um espaço no cocho para ver se hoje “serviram trevo fresco” e depois nos surpreendemos com a seguinte frase no trabalho da EMBRAPA “Montas e brigas entre animais, se freqüentes, podem trazer prejuízo tanto para aqueles dominados (lesões) quanto para os dominantes (gasto energético superior). As causas para tais comportamentos anormais não estão bem definidas. Há casos em que é preciso retirar animais do lote para amenizar o problema.” O negrito acima é auto explicativo.
Se você quiser saber mais, já que este texto está “comprido demais da conta”, há uma reportagem na Revista Rural (de 20/08/2010), na qual dirigentes da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores) falam das vantagens econômicas do confinamento e preconizam aquilo que tememos: “Pode-se dizer que confinamento é o futuro. O processo vai demorar, mas a tendência é essa mesmo, aqui no Brasil.” Inventaram até o “boitel”, um sistema no qual o pecuarista coloca seu gado no confinamento pagando uma diária que há dois anos atrás era de R$ 4,50.
Ou seja, aquilo que já fizeram com nossas galinhas e ovos, e com nossos porcos, principalmente os destinados a lingüiças, salames e congêneres, estão querendo, e vão fazer, com o nosso gado.
Comeremos cada vez mais alimentos de qualidade nutricional inferior, adoeceremos mais, daremos sobrecarga aos nossos planos de saúde ou ao SUS, que subsidiarão, desta forma, o lucro da agropecuária de confinamento.
FONTE: http://alimentacaoesaude.org/criacao-de-gado-confinado-em-que-isso-nos-afeta/
Digo felizmente, porque tal prática ainda é incipiente no Brasil. Obtive dados que informam que menos de 6% da carne de gado brasileira é de gado confinado. Mas este quadro pode mudar rapidamente: já temos associação de confinadores e a EMBRAPA está dando o maior apoio. Há vezes, e elas têm sido cada vez mais frequentes, em que a eficiência da EMBRAPA vai contra a gente. Tomara que isso seja transitório, ou seja, esperamos sinceramente que a EMBRAPA passe a considerar outros fatores, além do meramente econômico e eventualmente ambiental, nas suas decisões de pesquisa e fomento.
No site da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) há um texto da nutricionista Licínia de Campos no qual ela afirma que “A carne bovina proveniente de animais criados a pasto tem sido cotada como uma das mais nutritivas. Várias pesquisas concluíram que o produto contém concentrações elevadas de betacaroteno e α-tocoferol, níveis maiores de ácidos graxos Omega 3, proporção maior e mais desejável de Omega-3 : Omega-6, e níveis altos de ácido linoléico conjugado, todas estas substâncias sabidamente de efeitos favoráveis à saúde humana.”
E nós acrescentamos que isso não vale só para a carne do gado de corte, vale para o leite das vacas que pastam, para os ovos e a carne das galinhas criadas soltas, e todos os animais que se alimentam da forma como foram naturalmente moldados.
A autora do texto cita um estudo que mostra que o teor de betacaroteno, que se converte em vitamina A no organismo, é 10 vezes maior na carne do gado criado a pasto do que no gado confinado. Quanto ao alfa-tocoferol, uma das formas de apresentação da vitamina E, de alta importância antioxidante, o texto refere a uma quantidade 3 vezes maior na carne do boi criado a pasto, sempre em comparação ao confinado. Com uma vantagem adicional: o maior teor de alfa-tocoferol ajuda a conservar a carne do gado depois do corte. Isso é, aumenta a “vida na prateleira”, frase esta capaz de emocionar a retalhistas e varejistas.
Na continuidade do estudo, a autora fala da relação ômega 3 / ômega 6 da carne, lembrando que o ácido graxo ômega 6 promove a inflamação, o bloqueio sanguíneo e o crescimento de tumores enquanto que o ômega 3 age na direção inversa, embora ambos sejam necessários no equilíbrio de um organismo são. Os dados citados por Licínia mostram uma relação ômega 3 / ômega 6 de 1 / 2 no gado criado a pasto e de 1 / 4 no gado confinado, o que significa uma degradação de 2 vezes. David Servan-Schreiber, no seu livro Anticâncer – página 87, cita uma degradação de 4 vezes nesta relação ômega 3 / ômega 6, ocorrida nos últimos 40 anos, na carne do gado norte-americano, também em função da alteração na dieta dos animais decorrente do confinamento.
Ainda citando informações do texto da ABIEC, quanto ao ácido linoléico conjugado (usualmente denominado CLA, sigla em inglês), um ácido graxo polinsaturado de grandes benefícios ao organismo humano, os animais de pasto apresentam teores 2 a 3 vezes maiores que seus semelhantes confinados. No leite de vacas alimentadas a pasto esta vantagem proporcional sobe para 5.
Entretanto, o fato de o Brasil ter relativamente pouco gado confinado e de a ABIEC enaltecer a qualidade da carne do gado criado solto no pasto, não significa que o confinamento não vá crescer. Como toda indústria, a pecuária “busca a melhor relação custo / benefício possível”, o que é uma maneira suavizada de dizer que ela “busca o maior lucro possível”. O que significa que se que o que ela ganhar a mais com o gado confinado pagar os custos adicionais do confinamento e sobrar alguma coisa, é nesta direção que a indústria se desloca. Sobre isso, você pode dar uma lida no texto sobre os Os Direcionadores da Indústria de Alimentos.
Porém determinar a velocidade com que a pecuária se deslocará nesta direção (a do confinamento), é coisa difícil de prever. Há mil variáveis envolvidas. Em épocas de seca, confinar é boa solução. Em épocas de chuva, desde que não demasiadas, não. Em épocas de baixa da soja e do milho no mercado internacional, é hora de confinar. Em algumas regiões, se há maior exportação de suco de laranja ou maior produção de cerveja, significa mais refugos baratos para alimentar o gado, logo é hora de confinar.
Vamos a uma situação limite no que se refere ao direcionamento que o mercado pode dar ou não ao confinamento: inventaram o “plástico verde”. Mera propaganda industrial para nos empurrar um plástico, como outro qualquer em termos de demora na degradação ambiental, que seria ecologicamente mais correto, só porque parte dele (em torno de uns 20%) é feita com derivados do álcool da cana de açúcar e não do petróleo. Se a moda pega, teremos ainda mais demanda por cana, maior preço da cana, maior avanço sobre pastagens por encarecimento da terra, logo maiores vantagens do confinamento. Ou seja, a pseudo solução de um problema ambiental pode acabar nos gerando um problema maior, nutricional, de saúde.
A EMBRAPA, em um texto usado num curso de confinamento de bovinos, define confinamento como “o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com área restrita, e onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos“.
O texto, muito didático, cita sempre o enfoque econômico como opção pelo confinamento ou não. Era de se esperar, de uma empresa pública, que houvesse alertas ou ressalvas quanto à perda da qualidade nutricional do produto. Não há. Só haveria, e isso pode ser visto alguns parágrafos adiante, se esta perda de qualidade afetasse a rentabilidade.
Em contra-partida, há uma grande preocupação com as “doenças do confinamento”, não ditas desta forma, é claro, mas colocadas assim “Por exemplo, o resíduo da pré-limpeza do grão de soja, que chega a ter 16% de proteína bruta na MS, não deve ser incluído nas rações em proporção superior a 25% da MS, porque causará diarréia e timpanismo.”, ou assim “É importante que os animais sejam adaptados gradativamente à dieta do confinamento, em especial aqueles antes mantidos exclusivamente em pastagens. A não adaptação à dieta tem sido responsável por distúrbios, como acidose e timpanismo nos confinamentos”. (MS = matéria seca.)
A autora, Esther Guimarães Cardoso, descreve os problemas existentes no confinamento do gado de corte,condicionando-os só e exclusivamente, aos resultados econômicos: “Podem ser considerados como problemas no/do confinamento do gado de corte aqueles fatores ou condições que contribuem para o insucesso ou diminuição do rendimento da atividade”.
Esquecendo de que se trata de ruminantes, o texto fala que “Dentre os problemas que podem afetar os animais no confinamento, está a acidose, caracterizada pelo aumento do ácido lático no rúmen, geralmente em conseqüência do consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos facilmente fermentescíveis (do concentrado da ração).”
Citando mais um parágrafo doloroso (para mim, imagine para o gado confinado): “O timpanismo também pode acometer bovinos em confinamento. Alguns alimentos, como leguminosas e resíduo da pré-limpeza do grão de soja, podem favorecer seu aparecimento. O timpanismo pode ainda ocorrer quando a freqüência de alimentação não é adequada ou há alternância de super e subfornecimento de concentrados, especialmente os finamente moídos (pode haver evolução até o aparecimento de paraqueratose)”. Fiz um destaque em “resíduo da pré-limpeza do grão de soja” porque isso não deveria ser alimento nem de bactérias.
Pegamos animais que pastavam lenta e calmamente ao longo do dia, buscando o capim mais fresco possível, em áreas abertas, deitando para ruminar sob alguma sombra disponível, e os aglomeramos em pequenos espaços confinados. Fornecemos o alimento que nos convém economicamente, fazendo-os engordar por ter que comer mais e mais para buscar os nutrientes que o pasto lhe dava e agora não têm mais, fazendo-os adoecer e disputar ombro a ombro (ou, mais adequadamente falando, paleta a paleta) um espaço no cocho para ver se hoje “serviram trevo fresco” e depois nos surpreendemos com a seguinte frase no trabalho da EMBRAPA “Montas e brigas entre animais, se freqüentes, podem trazer prejuízo tanto para aqueles dominados (lesões) quanto para os dominantes (gasto energético superior). As causas para tais comportamentos anormais não estão bem definidas. Há casos em que é preciso retirar animais do lote para amenizar o problema.” O negrito acima é auto explicativo.
Se você quiser saber mais, já que este texto está “comprido demais da conta”, há uma reportagem na Revista Rural (de 20/08/2010), na qual dirigentes da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores) falam das vantagens econômicas do confinamento e preconizam aquilo que tememos: “Pode-se dizer que confinamento é o futuro. O processo vai demorar, mas a tendência é essa mesmo, aqui no Brasil.” Inventaram até o “boitel”, um sistema no qual o pecuarista coloca seu gado no confinamento pagando uma diária que há dois anos atrás era de R$ 4,50.
Ou seja, aquilo que já fizeram com nossas galinhas e ovos, e com nossos porcos, principalmente os destinados a lingüiças, salames e congêneres, estão querendo, e vão fazer, com o nosso gado.
Comeremos cada vez mais alimentos de qualidade nutricional inferior, adoeceremos mais, daremos sobrecarga aos nossos planos de saúde ou ao SUS, que subsidiarão, desta forma, o lucro da agropecuária de confinamento.
FONTE: http://alimentacaoesaude.org/criacao-de-gado-confinado-em-que-isso-nos-afeta/
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Dr. Frederico Lobo
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sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa
Um dos palestrantes do Fórum Peter Rembischevski adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.
‘”Proibir totalmente a utilização ou estabelecer um outro parâmetro de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA) composto encontrado na fabricação de policarbonato, um tipo de resina utilizada na produção da maioria dos plásticos – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária.
Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania que acontece dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo(CREMESP), Peter abordará o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela SBEM-SP.
Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo porque cada uma delas interpreta os resultados das pesquisas científicas em animais por meio intra-venoso, de maneiras distintas causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A ingestão de Bisfenol-A por meio intra-venoso é absorvida pelo organismo de modo diferente se comparada com a ingestão via oral, como acontece na maioria das vezes, por humanos. A reação do organismo é diferente dependendo da maneira que o Bisfenol-A é absorvido. O organismo dos animais e dos seres humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie é também para a outra. É o princípio da correlação inter-espécies. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não é capaz de sustentar sua proibição”.
Ele reforça que talvez a discussão fique sobre o limiar da dose, abaixo da qual não produz efeito negativo, como é o caso do ferro. Afinal, a dose faz o veneno – uma dose baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.
Nova Era
Peter ressalta que apesar de ainda não haver um consenso, as agências reguladoras mudaram a postura e, hoje, não esperam ter a certeza se uma substância é noviça ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, as agências utilizam o princípio da precaução – o que significa que mesmo antes de ter uma certeza, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro. Antigamente, esperava-se anos até que se comprovasse a veracidade das pesquisas. Hoje, as agências incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto .
Peter ainda reforça que o mercado mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras já está mudando. Os produtos com Bisfenol-A estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, os produtos com BPA perderam 50% do mercado no Japão, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.
FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/
‘”Proibir totalmente a utilização ou estabelecer um outro parâmetro de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA) composto encontrado na fabricação de policarbonato, um tipo de resina utilizada na produção da maioria dos plásticos – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária.
Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania que acontece dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo(CREMESP), Peter abordará o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela SBEM-SP.
Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo porque cada uma delas interpreta os resultados das pesquisas científicas em animais por meio intra-venoso, de maneiras distintas causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A ingestão de Bisfenol-A por meio intra-venoso é absorvida pelo organismo de modo diferente se comparada com a ingestão via oral, como acontece na maioria das vezes, por humanos. A reação do organismo é diferente dependendo da maneira que o Bisfenol-A é absorvido. O organismo dos animais e dos seres humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie é também para a outra. É o princípio da correlação inter-espécies. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não é capaz de sustentar sua proibição”.
Ele reforça que talvez a discussão fique sobre o limiar da dose, abaixo da qual não produz efeito negativo, como é o caso do ferro. Afinal, a dose faz o veneno – uma dose baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.
Nova Era
Peter ressalta que apesar de ainda não haver um consenso, as agências reguladoras mudaram a postura e, hoje, não esperam ter a certeza se uma substância é noviça ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, as agências utilizam o princípio da precaução – o que significa que mesmo antes de ter uma certeza, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro. Antigamente, esperava-se anos até que se comprovasse a veracidade das pesquisas. Hoje, as agências incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto .
Peter ainda reforça que o mercado mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras já está mudando. Os produtos com Bisfenol-A estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, os produtos com BPA perderam 50% do mercado no Japão, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.
FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/
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Dr. Frederico Lobo
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16:26
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Europa proíbe bisfenol A e no Brasil médicos se mobilizam
Comissão do Senado brasileiro aprovou projeto de lei que proíbe a venda de mamadeiras e chupetas com a substância, suspeita de causar problemas como câncer, diabete e infertilidade; alguns fabricantes nacionais já começam a substituir o material
A União Europeia vai banir o uso de bisfenol A (BPA) na produção de mamadeiras a partir de 2011. A substância é suspeita de causar problemas como câncer, diabete e infertilidade. No Brasil, um projeto de lei que proíbe a venda de mamadeiras e chupetas com BPA tramita em fase avançada no Congresso e entidades médicas se mobilizam para alertar a população e os profissionais de saúde sobre os potenciais riscos do composto químico.
Presente no policarbonato, um tipo de plástico rígido e transparente, e também na resina que reveste latas de alimentos, o BPA simula no organismo a ação do hormônio estrogênio, podendo causar desequilíbrio no sistema endócrino. Estudos em animais mostram inúmeros efeitos danosos, mas os resultados em humanos ainda são inconclusivos. Não se sabe ao certo até que ponto a substância consegue migrar do plástico para o alimento e se, nas quantidades permitidas pela legislação, ela é prejudicial à saúde. Especialistas concordam, porém, que a gestação e os primeiros dois anos de vida são os períodos de maior vulnerabilidade, pois os bebês estão em rápido desenvolvimento, têm pouca massa e maior dificuldade para metabolizar agentes tóxicos.
No início do mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu um encontro com especialistas para avaliar as evidências científicas sobre o tema e concluiu que os alimentos são, de fato, a principal fonte de exposição ao BPA. Produtos como brinquedos, resina dentária e papel de nota fiscal teriam importância menor. Os especialistas afirmaram, porém, que os níveis de BPA encontrados em humanos são baixos, indicando que o químico é rapidamente metabolizado e eliminado pela urina.
“O problema é que estamos expostos a uma contaminação contínua e há uma ação combinada do bisfenol com outros desreguladores endócrinos presentes no cotidiano, como agrotóxicos e até o fitoestrógeno da soja. Não se sabe até que ponto um pode potencializar o outro”, afirma a médica Ieda Verreschi, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo. A entidade promoveu ontem um fórum sobre o assunto e lançou no início do mês a campanha Diga Não ao Bisfenol A, a Vida Não Tem Plano B.
Segundo Ieda, há indícios de que os desreguladores endócrinos são perigosos mesmo em concentrações inferiores ao limite permitido pela legislação. “Nesse caso, vale o princípio da precaução. Devemos considerar o bisfenol como potencialmente perigoso até provar o contrário.”
Seguindo esse raciocínio, o governo canadense foi o primeiro a criar leis restringindo o uso do BPA. A iniciativa foi seguida pela França, Dinamarca, Costa Rica e sete Estados americanos. Na maioria dos casos, a proibição vale apenas para mamadeiras e produtos infantis. No Brasil, projeto de lei semelhante foi aprovado anteontem na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. Agora deve ser avaliado na Comissão de Assuntos Sociais e então seguir para a Câmara dos Deputados, onde será votada em caráter terminativo.
Marcelo Kós, diretor de assuntos industriais e regulatórios da Abiquim, entidade que representa a indústria química no Brasil, afirma que, se houver comprovação científica do risco do BPA, a substância será substituída voluntariamente pela indústria. “Por enquanto o debate está muito emocional”, opina.
Mas alguns fabricantes de mamadeiras já começam a substituir o material. Claudio Paiva, diretor comercial da fabricante Kuka, conta que metade das mamadeiras que a empresa coloca no mercado são de polipropileno, resina que não contém moléculas do BPA. “Estamos observando uma tendência forte de questionamento do material.” Segundo ele, hoje os custos das resinas estão equiparados e uma total substituição do policarbonato pelo polipropileno não custaria mais ao consumidor.
O grande problema que assombra os consumidores, principalmente aqueles que têm filhos pequenos, é a falta de informação sobre a presença ou não de BPA nos produtos. O procurador regional dos Direitos do Cidadão de São Paulo, Jefferson Dias, afirmou que vai pedir a abertura de uma ação civil pública para obrigar a Anvisa a editar norma determinando que as empresas informem a presença do BPA em seus produtos. /COLABOROU ANDREA VIALLI
FIQUE ATENTO
Enlatados: Não consuma enlatados quando a embalagem estiver amassada ou a data de validade vencida.
Plástico: Não aqueça ou congele alimentos e bebidas em embalagens plásticas. Evite armazenar comida em plástico, mesmo em temperatura ambiente. Evite usar potes lascados ou arranhados.
Vidro, metal ou madeira: Sempre que possível, substitua os utensílios de plásticos pelos de vidro, metal ou madeira, principalmente aqueles que entram em contato com alimentos.
Certificação: Compre apenas produtos de plástico certificados pelo Inmetro e pela Anvisa. Desconfie dos potes coloridos e muito baratos, pois costumam ter maior quantidade de BPA e outros tóxicos.
Como identificar: Geralmente o BPA está presente em plásticos rígidos e transparentes. Alguns produtos possuem um número na parte debaixo que indica sua composição. Aqueles que possuem os números 3 e 7 podem conter bisfenol.
Problemas
Estudos sugerem que o BPA está associado à maior incidência de obesidade, problemas cardíacos, diabete, câncer na próstata e na mama, puberdade precoce e tardia, abortos, anormalidades no fígado e problemas cerebrais.
Canadá terá lei para punir contaminação do meio ambiente
O Canadá anunciou neste mês que vai criar uma nova legislação para penalizar as empresas que liberam o BPA no meio ambiente. As empresas terão 60 dias para desenvolver planos que previnam a contaminação. Em comunicado, o ministro do Meio Ambiente, Jim Prentice, afirmou que o BPA ‘é persistente, não degrada no meio ambiente e pode ser liberado em quantidades que prejudicam peixes e outros animais’.
Segundo a bioquímica Luciane Ribeiro Neto, da Universidade Federal de São Paulo, estudos feitos no Canadá e nos EUA mostraram que os níveis de BPA são altos na água do sistema de abastecimento. ‘Aqui no Brasil não temos dados oficiais, mas a situação não deve ser diferente.’
A contaminação ocorre pelo descarte de resíduos das indústrias que manipulam o bisfenol, como as produtoras de plástico, e pelo descarte inadequado dos produtos no lixões, que infectam o solo e os lençóis freáticos.
FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/
A União Europeia vai banir o uso de bisfenol A (BPA) na produção de mamadeiras a partir de 2011. A substância é suspeita de causar problemas como câncer, diabete e infertilidade. No Brasil, um projeto de lei que proíbe a venda de mamadeiras e chupetas com BPA tramita em fase avançada no Congresso e entidades médicas se mobilizam para alertar a população e os profissionais de saúde sobre os potenciais riscos do composto químico.
Presente no policarbonato, um tipo de plástico rígido e transparente, e também na resina que reveste latas de alimentos, o BPA simula no organismo a ação do hormônio estrogênio, podendo causar desequilíbrio no sistema endócrino. Estudos em animais mostram inúmeros efeitos danosos, mas os resultados em humanos ainda são inconclusivos. Não se sabe ao certo até que ponto a substância consegue migrar do plástico para o alimento e se, nas quantidades permitidas pela legislação, ela é prejudicial à saúde. Especialistas concordam, porém, que a gestação e os primeiros dois anos de vida são os períodos de maior vulnerabilidade, pois os bebês estão em rápido desenvolvimento, têm pouca massa e maior dificuldade para metabolizar agentes tóxicos.
No início do mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu um encontro com especialistas para avaliar as evidências científicas sobre o tema e concluiu que os alimentos são, de fato, a principal fonte de exposição ao BPA. Produtos como brinquedos, resina dentária e papel de nota fiscal teriam importância menor. Os especialistas afirmaram, porém, que os níveis de BPA encontrados em humanos são baixos, indicando que o químico é rapidamente metabolizado e eliminado pela urina.
“O problema é que estamos expostos a uma contaminação contínua e há uma ação combinada do bisfenol com outros desreguladores endócrinos presentes no cotidiano, como agrotóxicos e até o fitoestrógeno da soja. Não se sabe até que ponto um pode potencializar o outro”, afirma a médica Ieda Verreschi, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo. A entidade promoveu ontem um fórum sobre o assunto e lançou no início do mês a campanha Diga Não ao Bisfenol A, a Vida Não Tem Plano B.
Segundo Ieda, há indícios de que os desreguladores endócrinos são perigosos mesmo em concentrações inferiores ao limite permitido pela legislação. “Nesse caso, vale o princípio da precaução. Devemos considerar o bisfenol como potencialmente perigoso até provar o contrário.”
Seguindo esse raciocínio, o governo canadense foi o primeiro a criar leis restringindo o uso do BPA. A iniciativa foi seguida pela França, Dinamarca, Costa Rica e sete Estados americanos. Na maioria dos casos, a proibição vale apenas para mamadeiras e produtos infantis. No Brasil, projeto de lei semelhante foi aprovado anteontem na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. Agora deve ser avaliado na Comissão de Assuntos Sociais e então seguir para a Câmara dos Deputados, onde será votada em caráter terminativo.
Marcelo Kós, diretor de assuntos industriais e regulatórios da Abiquim, entidade que representa a indústria química no Brasil, afirma que, se houver comprovação científica do risco do BPA, a substância será substituída voluntariamente pela indústria. “Por enquanto o debate está muito emocional”, opina.
Mas alguns fabricantes de mamadeiras já começam a substituir o material. Claudio Paiva, diretor comercial da fabricante Kuka, conta que metade das mamadeiras que a empresa coloca no mercado são de polipropileno, resina que não contém moléculas do BPA. “Estamos observando uma tendência forte de questionamento do material.” Segundo ele, hoje os custos das resinas estão equiparados e uma total substituição do policarbonato pelo polipropileno não custaria mais ao consumidor.
O grande problema que assombra os consumidores, principalmente aqueles que têm filhos pequenos, é a falta de informação sobre a presença ou não de BPA nos produtos. O procurador regional dos Direitos do Cidadão de São Paulo, Jefferson Dias, afirmou que vai pedir a abertura de uma ação civil pública para obrigar a Anvisa a editar norma determinando que as empresas informem a presença do BPA em seus produtos. /COLABOROU ANDREA VIALLI
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Enlatados: Não consuma enlatados quando a embalagem estiver amassada ou a data de validade vencida.
Plástico: Não aqueça ou congele alimentos e bebidas em embalagens plásticas. Evite armazenar comida em plástico, mesmo em temperatura ambiente. Evite usar potes lascados ou arranhados.
Vidro, metal ou madeira: Sempre que possível, substitua os utensílios de plásticos pelos de vidro, metal ou madeira, principalmente aqueles que entram em contato com alimentos.
Certificação: Compre apenas produtos de plástico certificados pelo Inmetro e pela Anvisa. Desconfie dos potes coloridos e muito baratos, pois costumam ter maior quantidade de BPA e outros tóxicos.
Como identificar: Geralmente o BPA está presente em plásticos rígidos e transparentes. Alguns produtos possuem um número na parte debaixo que indica sua composição. Aqueles que possuem os números 3 e 7 podem conter bisfenol.
Problemas
Estudos sugerem que o BPA está associado à maior incidência de obesidade, problemas cardíacos, diabete, câncer na próstata e na mama, puberdade precoce e tardia, abortos, anormalidades no fígado e problemas cerebrais.
Canadá terá lei para punir contaminação do meio ambiente
O Canadá anunciou neste mês que vai criar uma nova legislação para penalizar as empresas que liberam o BPA no meio ambiente. As empresas terão 60 dias para desenvolver planos que previnam a contaminação. Em comunicado, o ministro do Meio Ambiente, Jim Prentice, afirmou que o BPA ‘é persistente, não degrada no meio ambiente e pode ser liberado em quantidades que prejudicam peixes e outros animais’.
Segundo a bioquímica Luciane Ribeiro Neto, da Universidade Federal de São Paulo, estudos feitos no Canadá e nos EUA mostraram que os níveis de BPA são altos na água do sistema de abastecimento. ‘Aqui no Brasil não temos dados oficiais, mas a situação não deve ser diferente.’
A contaminação ocorre pelo descarte de resíduos das indústrias que manipulam o bisfenol, como as produtoras de plástico, e pelo descarte inadequado dos produtos no lixões, que infectam o solo e os lençóis freáticos.
FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
16:09
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Mais proteínas e menos carboidratos refinados - New England Journal Of Medicine
Um grupo de pesquisadores europeus descobriram que comer mais proteínas e menos carboidratos refinados ajuda a ficar dentro do peso normal. A equipe mostrou que homens e mulheres que perderam pelo menos oito por cento do seu peso em uma dieta de baixas calorias foram mantidos em uma dieta de alimentos ricos em proteínas e pobre em carboidratos refinados por seis meses. Eles tinham menor probabilidade de recuperar qualquer peso, e também foram os menos propensos a abandonar o estudo. Talvez pelo fato da regulação dos níveis glicêmicos, já que uma dieta do tipo evita variações abruptas nos níveis de insulina, comum em quem ingere muito carboidrato refinado.
Os participantes foram divididos em grupos alimentares: diferentes quantidades de proteína, uma quantidade moderada de gordura, e diferentes quantidades de carboidratos classificados como de alto ou baixo índice glicêmico.
O Índice glicêmico (IG) é uma medida de quão rápido um alimento é convertido em açúcar no sangue. Alto-GI alimentos, como pão branco e outros alimentos que contenham carboidratos refinados, produzem um aumento rápido da glicose no sangue, enquanto os alimentos de baixo índice glicêmico, como pães integrais, causa um aumento mais lento do açúcar no sangue e com isso solicita menos insulina do pâncreas. Acredita-se que esse mecanismo auxilie na saciedade.
O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine. Elaborado pelo Dr. Thomas Meinert Larsen e seus colaboradores da Universidade de Copenhague.
O autor relatou que os resultados "traduzir em recomendações dietéticas diferentes para uma utilização mais ampla, provavelmente, ainda tem que ser descoberto porque o índice glicêmico não é realmente uma ferramenta fácil e simples de usar para a maioria pessoas "
Larsen e os seus colegas selecionaram inicialmente 773 homens e mulheres e suas famílias em oito diferentes países da Europa Ocidental. Essas famílias foram distribuídas aleatoriamente em um dos cinco diferentes dietas de manutenção de peso por 26 semanas. Nenhum calorias restritas, mas quatro das dietas que ditam a proporção de proteínas, gorduras e carboidratos refinados que deveriam fazer parte da alimentação diária. Um grupo que comeu sem restrições serviram como controle. Resto dos grupos foram:
• de baixa proteína, dieta de baixo IG
• de baixa proteína, dieta de alto IG
• de alta proteína e dieta com IG baixo
• de alta proteína e dieta com IG alto
Os grupos de baixa proteína consumida 13 por cento das calorias como proteína, nos grupos de alta proteína, 25 por cento da energia total consumida foi de proteína.
Pessoas em todos os grupos puderam comer o quanto quisessem. Para se certificar de que eles seguiram suas dietas, os participantes do estudo eram orientadas sobre o que os alimentos para preparar, diários alimentares apresentados e submetidos a testes de urina para verificar a quantidade de proteína que consumiu. Uma pequena parcela dos participantes tiveram suas refeições preparadas por eles.
Os resultados mostraram que 71% completaram o estudo.
26 por cento das pessoas no grupo de alta proteína ou de grupos de baixo IG abandonaram o estudo.
As 548 pessoas que mantiveram a dieta comendo pouca proteína e e ingerindo alimentos com alto índice glicêmico ganharam uma quantidade significativa de peso (1,67 kg, em média).
Dr. David Ludwig, diretor do "Peso ideal para a Vida" Programa do Hospital Infantil de Boston, disse que a perda de peso a curto prazo é mais fácil do que mantê-lo ao longo do tempo. Ludwig co-autor de um editorial que acompanha o estudo.
Ele disse: "A natureza da dieta e como essa dieta afeta nossa biologia subjacente pode ter muito a ver com a probabilidade de que estamos a cumprir, para permanecer na dieta." Pessoas que etsavam ingerindo mais proteína alimentos com baixo IG parecem gostar deste tipo de dieta, talvez porque eles estavam sentindo menos fome e mais energia ... ou apenas de perceber que eles estavam fazendo melhor e tendo mais resultados".
"Não há nada que motive mais que o sucesso quando se trata de perda de peso ", acrescentou.
Ele disse que esta poderia ser uma dieta fácil de seguir. "Adicionando uma porção de nozes e feijão na dieta diária e abolindo os grãos refinados, associado a mudanças nos hábitos alimentares, teríamos um impacto potencialmente enorme na saúde pública, e isso é uma alteração ao alcance de todos. "
James O. Hill, diretor do Centro para Nutrição Humana da Universidade do Colorado, que não fazia parte da equipe observou: "Não há muita diferença entre os grupos agora." Mas ele elogiou a equipe para focar no peso manutenção, um aspecto muitas vezes negligenciado da perda de peso. "Este é o tipo de pesquisa que deve ser feito", disse ele.
Artigo: Diets with High or Low Protein Content and Glycemic Index for Weight-Loss Maintenance
Autores: Thomas Meinert Larsen, et al.
Ano: 2010
Periódico: New England Journal Of Medicine
Disponível em: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1007137?query=TOC
Os participantes foram divididos em grupos alimentares: diferentes quantidades de proteína, uma quantidade moderada de gordura, e diferentes quantidades de carboidratos classificados como de alto ou baixo índice glicêmico.
O Índice glicêmico (IG) é uma medida de quão rápido um alimento é convertido em açúcar no sangue. Alto-GI alimentos, como pão branco e outros alimentos que contenham carboidratos refinados, produzem um aumento rápido da glicose no sangue, enquanto os alimentos de baixo índice glicêmico, como pães integrais, causa um aumento mais lento do açúcar no sangue e com isso solicita menos insulina do pâncreas. Acredita-se que esse mecanismo auxilie na saciedade.
O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine. Elaborado pelo Dr. Thomas Meinert Larsen e seus colaboradores da Universidade de Copenhague.
O autor relatou que os resultados "traduzir em recomendações dietéticas diferentes para uma utilização mais ampla, provavelmente, ainda tem que ser descoberto porque o índice glicêmico não é realmente uma ferramenta fácil e simples de usar para a maioria pessoas "
Larsen e os seus colegas selecionaram inicialmente 773 homens e mulheres e suas famílias em oito diferentes países da Europa Ocidental. Essas famílias foram distribuídas aleatoriamente em um dos cinco diferentes dietas de manutenção de peso por 26 semanas. Nenhum calorias restritas, mas quatro das dietas que ditam a proporção de proteínas, gorduras e carboidratos refinados que deveriam fazer parte da alimentação diária. Um grupo que comeu sem restrições serviram como controle. Resto dos grupos foram:
• de baixa proteína, dieta de baixo IG
• de baixa proteína, dieta de alto IG
• de alta proteína e dieta com IG baixo
• de alta proteína e dieta com IG alto
Os grupos de baixa proteína consumida 13 por cento das calorias como proteína, nos grupos de alta proteína, 25 por cento da energia total consumida foi de proteína.
Pessoas em todos os grupos puderam comer o quanto quisessem. Para se certificar de que eles seguiram suas dietas, os participantes do estudo eram orientadas sobre o que os alimentos para preparar, diários alimentares apresentados e submetidos a testes de urina para verificar a quantidade de proteína que consumiu. Uma pequena parcela dos participantes tiveram suas refeições preparadas por eles.
Os resultados mostraram que 71% completaram o estudo.
26 por cento das pessoas no grupo de alta proteína ou de grupos de baixo IG abandonaram o estudo.
As 548 pessoas que mantiveram a dieta comendo pouca proteína e e ingerindo alimentos com alto índice glicêmico ganharam uma quantidade significativa de peso (1,67 kg, em média).
Dr. David Ludwig, diretor do "Peso ideal para a Vida" Programa do Hospital Infantil de Boston, disse que a perda de peso a curto prazo é mais fácil do que mantê-lo ao longo do tempo. Ludwig co-autor de um editorial que acompanha o estudo.
Ele disse: "A natureza da dieta e como essa dieta afeta nossa biologia subjacente pode ter muito a ver com a probabilidade de que estamos a cumprir, para permanecer na dieta." Pessoas que etsavam ingerindo mais proteína alimentos com baixo IG parecem gostar deste tipo de dieta, talvez porque eles estavam sentindo menos fome e mais energia ... ou apenas de perceber que eles estavam fazendo melhor e tendo mais resultados".
"Não há nada que motive mais que o sucesso quando se trata de perda de peso ", acrescentou.
Ele disse que esta poderia ser uma dieta fácil de seguir. "Adicionando uma porção de nozes e feijão na dieta diária e abolindo os grãos refinados, associado a mudanças nos hábitos alimentares, teríamos um impacto potencialmente enorme na saúde pública, e isso é uma alteração ao alcance de todos. "
James O. Hill, diretor do Centro para Nutrição Humana da Universidade do Colorado, que não fazia parte da equipe observou: "Não há muita diferença entre os grupos agora." Mas ele elogiou a equipe para focar no peso manutenção, um aspecto muitas vezes negligenciado da perda de peso. "Este é o tipo de pesquisa que deve ser feito", disse ele.
Artigo: Diets with High or Low Protein Content and Glycemic Index for Weight-Loss Maintenance
Autores: Thomas Meinert Larsen, et al.
Ano: 2010
Periódico: New England Journal Of Medicine
Disponível em: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1007137?query=TOC
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
07:34
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Alzheimer: prevenção baseada na combinação de alimentos antioxidantes
Azeite de oliva, castanhas, peixes, aves, frutas, saladas, vegetais crucíferos (couve, couve-flor, couve-de-bruxela, repolho, brócolis) e vegetais folhosos verde-escuros: se esses itens costumam entrar no seu prato em porções generosas, ótimo.
Entre outros benefícios o consumo combinado (não isolado) diário pode diminuir o risco de progressão e surgimento da Doença de Alzheimer. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, publicada na revista científica Archives of Neurology.
Tais nutrientes possuem potencial antioxidante, sendo assim, diminuem o estresse oxidativo cerebral e com isso evita a progressão da doença.
Hoje alguns sites noticiaram que um grupo de cientistas suecos da Universidade Dundee criaram uma fórmula barata e eficaz na prevenção do Alzheimer. Encontrei artigos isolados sobre o tema na revista " Proceedings of the National Academy of Sciences". A fórmula consiste na combinação de um antidiabético chamado Metformina e de um polifenol denominado Resveratrol, encontrado na semente e casca de uvas, principalmente as mais escuras. Como não encontrei o artigo, apenas cito a combinação do estudo.
Autores: Yian Gu; Jeri W. Nieves; Yaakov Stern; Jose A. Luchsinger; Nikolaos Scarmeas.
Ano: 2010
Periódico: Archives of Neurology
Disponível em: http://archneur.ama-assn.org/cgi/content/abstract/67/6/699
Entre outros benefícios o consumo combinado (não isolado) diário pode diminuir o risco de progressão e surgimento da Doença de Alzheimer. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, publicada na revista científica Archives of Neurology.
A explicação do estudo é que tais alimentos são ricos em: Gordura monoinsaturada; Gordura polinsaturada (omega 3 e 6); Vitamina E; Vitamina B12; Folato.
Tais nutrientes possuem potencial antioxidante, sendo assim, diminuem o estresse oxidativo cerebral e com isso evita a progressão da doença.
Hoje alguns sites noticiaram que um grupo de cientistas suecos da Universidade Dundee criaram uma fórmula barata e eficaz na prevenção do Alzheimer. Encontrei artigos isolados sobre o tema na revista " Proceedings of the National Academy of Sciences". A fórmula consiste na combinação de um antidiabético chamado Metformina e de um polifenol denominado Resveratrol, encontrado na semente e casca de uvas, principalmente as mais escuras. Como não encontrei o artigo, apenas cito a combinação do estudo.
Artigo:
Título: Food Combination and Alzheimer Disease Risk: A Protective DietAutores: Yian Gu; Jeri W. Nieves; Yaakov Stern; Jose A. Luchsinger; Nikolaos Scarmeas.
Ano: 2010
Periódico: Archives of Neurology
Disponível em: http://archneur.ama-assn.org/cgi/content/abstract/67/6/699
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
15:12
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Garçom! Tem um potencial carcinogênico na minha sopa!
Yolande Sprague pode ser perdoada por se sentir virtuosa. Quatro anos atrás depois de ter seu segundo filho, a dona de casa ouviu falar pela primeira vez sobre o BPA, um químico presente em plásticos que pode migrar para a água ou alimento, potencialmente causando sérios problemas de saúde como o câncer. Ela não estava disposta a arriscar e correu para a loja Babies “R”Us, que tinha um programa de troca de mamadeiras com BPA, e saiu de lá com $100 de crédito.
Seria bom se fosse fácil assim.
O que Sprague não se deu conta é que o BPA, ou bisfenol A, é onipresente, isso quer dizer, que quase tudo o que você come, que vem de uma lata, contem o químico.
A exposição ao BPA de enlatados “é muito mais extensiva” do que de garrafas plásticas, disse Shanna Swan, professora e pesquisadora da Universidade de Rochester em Nova York. “É principalmente preocupante nas latas de fórmula para crianças.”
O BPA é um componente essencial no revestimento de resina epóxi que mantem alimentos frescos por mais tempo e previne que interajam com o metal alterando o sabor. Já foi associado em pesquisas com ratos ao câncer, obesidade, diabetes e problemas cardíacos.
A indústria de enlatados diz que apoia o uso do químico e que alguns estudos feitos por agências governamentais consideraram o BPA seguro para o contato com alimentos. Eles também mencionam que seu uso reduziu significativamente o número de mortes de intoxicação alimentar.
Mas em janeiro, a FDA (Food and Drug Administration), correspondente a Anvisa nos Estados Unidos, pela primeira vez expressou “alguma preocupação” com o BPA. Motivada em parte por estudos recentes e também por uma crescente preocupação do público e de grupos de defesa ao consumidor, a agência anunciou que investirá 30 milhões de dólares em pesquisas que estudem os potenciais efeitos do químico no corpo humano.
Embora não esteja claro como esse estímulo econômico vai se dar, seus resultados estão sendo esperados ansiosamente pela indústria e consumidores. O relatório, previsto para o fim de 2011 está sendo feito em colaboração com o Instituto Nacional da Saúde (National Institutes of Health).
“Ainda não foi provado categoricamente que o BPA prejudica crianças ou adultos, mas como crianças no início de seu desenvolvimento estão expostas ao BPA, a informação que estamos buscando merece uma maior atenção”, disse o vice secretário do Health and Human Services, Bill Corr no começo do ano.
O que é claro no entanto é que ao contrário do plástico não existem ainda no momento alternativas à resina epóxi viáveis.
“Se está presente em mamadeiras, imagino então que está em muitos outros produtos também,” diz Sprague, que tem um histórico de partos prematuros. O nascimento de seu próximo filho está previsto para setembro.” Todo mundo está tendo câncer de mama agora. É assustador. Será que é por causa do BPA? Eu não sei.”
BPA x DNA
Um cientista que está envolvido na luta contra o BPA é o médico e professor da Universidade de Yale, Hugh Taylor. Sua pesquisa revelou que o químico altera como os genes reagem ao estrogênio, e que isso pode levar as crianças a desenvolver o câncer na fase adulta.
“Eu digo às minhas pacientes grávidas que evitem produtos com bisfenol A”, ele disse. “Mesmo uma pequena exposição durante a gravidez pode causar danos a longo prazo.”
Os estudos de Taylor são certamente surpreendentes. Eles revelaram que o químico altera como o DNA trabalha, um processo conhecido como mudança epigenética.
Em cada filamento do DNA um grupo de moléculas de carbono se liga a receptores que ajudam a determinar que genes serão acionados ou não. Na presença do BPA, no entanto, muitas dessas moléculas de carbono podem ser removidas do DNA, e com elas a definição do acionamento.
Imagine que os grupos de carbono são um tipo de fechadura e os receptores de DNA são o portão. Quando a fechadura é removida, o portão fica permanentemente aberto, aumentando significativamente o risco do estrogênio entrar na fase adulta, interagir com o DNA e causar câncer.
“Os efeitos são permanentes e duradouros,” disse Taylor. A exposição de adultos é preocupante, mas acho que a exposição de fetos é pior.”
Para estudar como o BPA pode afetar bebês no útero, Taylor injetou ratas grávidas com altas doses de bisfenol A por 5 dias. Ele descobriu que as ratas expostas ao BPA no útero não tinham o “portão” nos receptores de DNA e se tornaram mais suscetíveis ao estrogênio durante o resto de suas vidas.
Como muitos alimentos possuem estrogênio natural – soja, por exemplo – Taylor acredita que seus estudos sugerem que complicações podem aparecer mais para frente simplesmente como resultado de uma alimentação básica, sem falar de suplementos de estrogênio que muitas mulheres tomam ao entrar na menopausa. “Nos modelos com ratas, elas são mais suscetíveis ao câncer,”diz Taylor.
Por ser ginecologista, Taylor estudou os efeitos primariamente em ratas. O impacto a longo prazo do BPA em receptores de DNA em machos, ele disse, ainda é desconhecido. Sua pesquisa também é limitada porque ele não pode testar o BPA em humanos não contaminados. “Todos temos o BPA em nossos corpos, então não existe uma maneira de testar uma população não contaminada,”ele disse. Você nunca terá o perfeito experimento com humanos para uma prova definitiva.”
Atualmente Taylor está estudando como o BPA remove os grupos de carbono do DNA – o processo específico pelo qual o BPA remove as “fechaduras”- e espera que essa pesquisa traga uma maior compreensão de como o químico interage com o corpo.
Ele reconhece o papel do BPA na segurança de alimentos mas diz que as pessoas devem estar conscientes do perigo em potencial. “Sempre equilibramos em nossas vidas os riscos com os benefícios que trazem”, ele disse. “Pagamos um preço pela sociedade moderna e conveniente.”
Frederick vom Saal, professor da Universidade de Missouri que também estuda o BPA é muito menos diplomático. Conhecido com um intenso ativista contra o químico, ele disse que se o BPA fosse considerado um remédio, “ele seria proibido imediatamente”.
Uma descoberta
Dentro de enlatados, a fina camada de resina epóxi separa o alimento do metal da lata, evitando que os dois interajam e prevenindo a ferrugem.
A resina é pulverizada na lata e seca quase que instantaneamente. Milhares de empresas, como a Campbell Soup e Coca-Cola, utilizam a resina como revestimento interno. Sem essa proteção, o alimento estragaria mais rápido. Latas sem o químico explodiriam nas prateleiras de lojas quando o alimento reagisse com o metal.
O BPA foi sintetizado pela primeira vez em 1891, o BPA endurece o plástico, possibilitando sua utilização em vários produtos, de canoas plásticas a recibos. É um componente essencial da resina epóxi agindo como parte da base do polímero e foi usado pela primeira vez em uma lata em 1940.
Foi um produto revolucionário e sua utilização só cresceu. “Ele é especial”, disse Steve Russel, líder da divisão de plástico do Conselho Americano de Química (American Chemistry Council). “Quando se deram conta foi um daqueles momentos ‘eureka’.
Como o BPA foi considerado seguro sem ser questionado por tanto tempo, poucas pesquisas foram feitas na busca de alternativas comerciais viáveis para enlatados. “ No momento não existe uma resina única que ofereça o mesmo grau de segurança para recipientes de alimentos, tempo de prateleira e custo benefício para o acondicionamento de frutas e vegetais,”disse Russel.
O mesmo não aconteceu com as garrafas plásticas. Nessa indústria, substituições foram muito mais fáceis de achar. Alternativas ao plástico com BPA incluem polietileno, mais usado na fabricação de sacolas plásticas e o polipropileno, que é utilizado em squeezes (garrafas plásticas reutilizáveis destinadas a esportistas).
É certo que resinas sem BPA já existem, mas são muito mais caras. Este é um desafio para a indústria que é sensível a mudanças de preço em frações de centavos.
A empresa Eden Foods que está localizada em Michigan, por exemplo, comercializa feijão e arroz em latas sem BPA feitas pela Ball Corp, mas elas custam 14% a mais do que as tradicionais. As latas representam um dos maiores custos para a indústria de alimentos enlatados e a mudança para uma resina mais cara provavelmente acarretaria em um aumento de preços e prejudicaria os consumidores, especialmente os que compram cestas básicas e têm baixo poder aquisitivo.
A fábrica Ball utiliza um mix de esmalte que contem resinas naturais de pinho e balsamo, uma mistura que era utilizada antes do BPA se tornar tão popular, mais de 50 anos atrás. “Quando falamos que a lata corresponde a metade do preço de um enlatado isso significa que é um mercado altamente competitivo,”afirmou Michael Potter, presidente da Eden Foods.
Mesmo assim, a empresa conseguiu sobreviver graças ao interesse crescente em alimentos naturais, ele comentou. Eden ainda comercializa produtos que contêm BPA. É importante salientar que o FDA (Federal Drug Administration) ainda não aprovou nenhum outro tipo de revestimento para alimentos ácidos. Mas Potter diz que ele está trabalhando juntamente com Ball em uma alternativa a qual ele espera colocar nas prateleiras nos próximos anos.
Outras alternativas estão sendo desenvolvidas. No começo do ano, Michal Jafffe, um pesquisador e professor do Instituto de Tecnologia de New Jersey, recebeu uma patente para uma resina a base de açúcar de milho que imita a estrutura do BPA mas não tem seus efeitos negativos.
No entanto, a resina ainda está a anos de ser comercializada e o preço da mudança ainda é desconhecido. “O custo final será claramente dependente do volume,”disse Jaffe. “Mas não vejo razão para que essa resina não seja competitiva em relação ao BPA.”
De volta à Universidade de Rochester, Swan e sua equipe estão estudando o quanto o BPA é absorvido pelo corpo dependendo da quantidade de alimentos enlatados consumidos. O resultado da pesquisa está previsto para ser divulgado até o final do ano.
Ratos e metabolismo
No momento, a indústria química não só continua promovendo o BPA como também alerta consumidores para que fiquem atentos a substitutos que não foram ainda rigorosamente testados.
Também somos pais e entendemos que todos querem o melhor para seus filhos,” disse Russel do Conselho Químico Americano. “Mas temos que entender que ao buscar evitar o BPA, fazemos isso não porque agências governamentais dizem que ele não é seguro mas porque algumas pessoas querem ser muito cautelosas. Isso se resume no grau de incerteza que é aceitável para cada um.”
Parte da preocupação que muitos da indústria química têm está nos estudos realizados como o de Taylor que tendem a usar altas doses de BPA. Taylor injetou ratos com 5 miligramas do químico – muito mais do que qualquer um estaria exposto ao comer somente um enlatado.
A indústria química afirma que o BPA é metabolizado rapidamente pelo corpo e que é excretado antes que possa interagir com células. “Os níveis do químico aos quais uma pessoa poderia estar exposta ao usar produtos que contenham o BPA, incluindo a resina epóxi em recipientes alimentares, são tão pequenos que agências governamentais que avaliaram o BPA disseram, “Sim, mesmo que todas essas coisas horríveis que dizem que o BPA causa fossem verdadeiras, os níveis de exposição são tão pequenos que não estamos convencidos que exista um risco real,” disse Russel. “É por isso que continuam a permitir o seu uso.”
Para Taylor (Yale), qualquer quantidade do químico tóxico é muita para alguns. “Podemos argumentar sobre qual é a dose segura, mas se eu fosse mulher e estivesse grávida, evitaria o consumo de BPA,” ele disse. “A exposição de adultos é preocupante, mas eu acho que a exposição de fetos é pior.”
Considerando a polêmica, todos estão de olho no FDA. A agência insiste, faz tempo, que o químico é seguro, então não passou desapercebido quando afirmou que usaria fundos do Ato de Recuperação e Reinvestimento de 2009 para estudar o que o BPA causa no corpo humano. “Precisamos saber mais,” disse a jornalistas no começo do ano Dr. Josh Sharfstein, representante do FDA.
Para aumentar a confusão, a agência reguladora do Canadá que proibiu o uso de BPA em mamadeiras, no início de junho divulgou que os níveis de BPA em enlatados “não representam um risco à saúde.”
Empresas líderes e organizações de indústrias usam como referência a posição atual tanto do FDA quanto da agência canadense, e diz que concordam com essas e outras agências que afirmam que o químico é seguro. “Nós apoiamos as novas pesquisas do FDA com o BPA,”disse Scott Openshaw da Associação de Fabricantes de Produtos de Supermercados. “Nós confiamos nas autoridades para determinar quando uma substância não é segura.”
A Aliança de Embalagens Metálicas Norte Americana afirma que o BPA oferece “benefícios importantes, reais e quantitativos para a saúde,”disse John Rost, que é um Ph.D. em química e é presidente da aliança. “Com o uso da resina epóxi em recipientes alimentares de metal, não tivemos nenhuma intoxicação alimentar relacionada às embalagens nos últimos 33 anos.”
Mesmo assim, a onda contra o BPA chegou no mundo corporativo americano. Em abril, acionistas da Coca-Cola rejeitaram uma proposta que pedia à empresa que divulgasse um relatório sobre possíveis alternativas ao BPA e como o químico poderia afetar o valor das ações. Executivos insistiram que um relatório não ofereceria “nenhuma informação útil adicional.”
Uma pessoa que pesa 61 kg precisaria ingerir mais de 14,400 de bebidas em lata em um só dia para se aproximar do limite diário aceitável estabelecido pelo FDA, disse a Coca-Cola.
Para os fabricantes de BPA, que incluem Dow Chemical e Hexion Specialty Chemicals, o químico não representa grande parte do lucro. Se fosse proibido hoje, as duas empresas continuariam seus negócios sem maiores problemas.
De acordo com consultoria SRI, foram utilizadas 4.1 milhões de toneladas de resina no mundo em 2006 (dados mais recentes disponíveis). A indústria tem capacidade para produzir 4.6 milhões de toneladas e o Oeste Europeu atualmente consome mais BPA do que os Estados Unidos.
A sopa está pronta
De volta à casa de Sprague em Dover, New Hampshire, seu filho de cinco anos, Eddie está procurando um lanche na despensa.
Seus pais não querem enlouquecer com o BPA; eles sabem que estatisticamente o BPA já salvou vidas evitando intoxicações alimentares. É certo que a chance de Eddie fazer 6 anos é muito maior porque ele nasceu em 2004 ao invés de 1804, quando era comum crianças morrerem por intoxicação alimentar.
Mesmo assim, muitos pais estão preocupados. Qual a quantidade segura de BPA que pode ser ingerida? Será que devemos conscientemente ingerir um carcinogênico em potencial mesmo que em doses mínimas? Por que não existem alternativas mais baratas?
No momento, famílias como a de Sprague começam a pensar se vale a pena ou não comer alimentos enlatados. E de acordo com a Taylor (Yale), se isso os levar a comer mais frutas e verduras frescas, o esforço terá valido a pena.
Eu não uso enlatados todos os dias,” disse Sprague (26 anos). “Mas se eu comesse, eu diminuiria a quantidade.”
O vento bate levemente na porta de tela da casa de Sprague. Papéis saem voando dos imãs da geladeira. Seu filho, Eddie, corre para a cozinha, pega uma lata e pergunta à mãe:
“Mãe, que tipo de sopa é essa?”
Fonte – Ernest Schneyder; Edição de Jim Impoco e Claudia Parsons, Tradução: Fabiana Dupont, Reuters EUA de 09 de junho de 2010 / O Tao do Consumo
http://www.funverde.org.br/blog/archives/7897
Seria bom se fosse fácil assim.
O que Sprague não se deu conta é que o BPA, ou bisfenol A, é onipresente, isso quer dizer, que quase tudo o que você come, que vem de uma lata, contem o químico.
A exposição ao BPA de enlatados “é muito mais extensiva” do que de garrafas plásticas, disse Shanna Swan, professora e pesquisadora da Universidade de Rochester em Nova York. “É principalmente preocupante nas latas de fórmula para crianças.”
O BPA é um componente essencial no revestimento de resina epóxi que mantem alimentos frescos por mais tempo e previne que interajam com o metal alterando o sabor. Já foi associado em pesquisas com ratos ao câncer, obesidade, diabetes e problemas cardíacos.
A indústria de enlatados diz que apoia o uso do químico e que alguns estudos feitos por agências governamentais consideraram o BPA seguro para o contato com alimentos. Eles também mencionam que seu uso reduziu significativamente o número de mortes de intoxicação alimentar.
Mas em janeiro, a FDA (Food and Drug Administration), correspondente a Anvisa nos Estados Unidos, pela primeira vez expressou “alguma preocupação” com o BPA. Motivada em parte por estudos recentes e também por uma crescente preocupação do público e de grupos de defesa ao consumidor, a agência anunciou que investirá 30 milhões de dólares em pesquisas que estudem os potenciais efeitos do químico no corpo humano.
Embora não esteja claro como esse estímulo econômico vai se dar, seus resultados estão sendo esperados ansiosamente pela indústria e consumidores. O relatório, previsto para o fim de 2011 está sendo feito em colaboração com o Instituto Nacional da Saúde (National Institutes of Health).
“Ainda não foi provado categoricamente que o BPA prejudica crianças ou adultos, mas como crianças no início de seu desenvolvimento estão expostas ao BPA, a informação que estamos buscando merece uma maior atenção”, disse o vice secretário do Health and Human Services, Bill Corr no começo do ano.
O que é claro no entanto é que ao contrário do plástico não existem ainda no momento alternativas à resina epóxi viáveis.
“Se está presente em mamadeiras, imagino então que está em muitos outros produtos também,” diz Sprague, que tem um histórico de partos prematuros. O nascimento de seu próximo filho está previsto para setembro.” Todo mundo está tendo câncer de mama agora. É assustador. Será que é por causa do BPA? Eu não sei.”
BPA x DNA
Um cientista que está envolvido na luta contra o BPA é o médico e professor da Universidade de Yale, Hugh Taylor. Sua pesquisa revelou que o químico altera como os genes reagem ao estrogênio, e que isso pode levar as crianças a desenvolver o câncer na fase adulta.
“Eu digo às minhas pacientes grávidas que evitem produtos com bisfenol A”, ele disse. “Mesmo uma pequena exposição durante a gravidez pode causar danos a longo prazo.”
Os estudos de Taylor são certamente surpreendentes. Eles revelaram que o químico altera como o DNA trabalha, um processo conhecido como mudança epigenética.
Em cada filamento do DNA um grupo de moléculas de carbono se liga a receptores que ajudam a determinar que genes serão acionados ou não. Na presença do BPA, no entanto, muitas dessas moléculas de carbono podem ser removidas do DNA, e com elas a definição do acionamento.
Imagine que os grupos de carbono são um tipo de fechadura e os receptores de DNA são o portão. Quando a fechadura é removida, o portão fica permanentemente aberto, aumentando significativamente o risco do estrogênio entrar na fase adulta, interagir com o DNA e causar câncer.
“Os efeitos são permanentes e duradouros,” disse Taylor. A exposição de adultos é preocupante, mas acho que a exposição de fetos é pior.”
Para estudar como o BPA pode afetar bebês no útero, Taylor injetou ratas grávidas com altas doses de bisfenol A por 5 dias. Ele descobriu que as ratas expostas ao BPA no útero não tinham o “portão” nos receptores de DNA e se tornaram mais suscetíveis ao estrogênio durante o resto de suas vidas.
Como muitos alimentos possuem estrogênio natural – soja, por exemplo – Taylor acredita que seus estudos sugerem que complicações podem aparecer mais para frente simplesmente como resultado de uma alimentação básica, sem falar de suplementos de estrogênio que muitas mulheres tomam ao entrar na menopausa. “Nos modelos com ratas, elas são mais suscetíveis ao câncer,”diz Taylor.
Por ser ginecologista, Taylor estudou os efeitos primariamente em ratas. O impacto a longo prazo do BPA em receptores de DNA em machos, ele disse, ainda é desconhecido. Sua pesquisa também é limitada porque ele não pode testar o BPA em humanos não contaminados. “Todos temos o BPA em nossos corpos, então não existe uma maneira de testar uma população não contaminada,”ele disse. Você nunca terá o perfeito experimento com humanos para uma prova definitiva.”
Atualmente Taylor está estudando como o BPA remove os grupos de carbono do DNA – o processo específico pelo qual o BPA remove as “fechaduras”- e espera que essa pesquisa traga uma maior compreensão de como o químico interage com o corpo.
Ele reconhece o papel do BPA na segurança de alimentos mas diz que as pessoas devem estar conscientes do perigo em potencial. “Sempre equilibramos em nossas vidas os riscos com os benefícios que trazem”, ele disse. “Pagamos um preço pela sociedade moderna e conveniente.”
Frederick vom Saal, professor da Universidade de Missouri que também estuda o BPA é muito menos diplomático. Conhecido com um intenso ativista contra o químico, ele disse que se o BPA fosse considerado um remédio, “ele seria proibido imediatamente”.
Uma descoberta
Dentro de enlatados, a fina camada de resina epóxi separa o alimento do metal da lata, evitando que os dois interajam e prevenindo a ferrugem.
A resina é pulverizada na lata e seca quase que instantaneamente. Milhares de empresas, como a Campbell Soup e Coca-Cola, utilizam a resina como revestimento interno. Sem essa proteção, o alimento estragaria mais rápido. Latas sem o químico explodiriam nas prateleiras de lojas quando o alimento reagisse com o metal.
O BPA foi sintetizado pela primeira vez em 1891, o BPA endurece o plástico, possibilitando sua utilização em vários produtos, de canoas plásticas a recibos. É um componente essencial da resina epóxi agindo como parte da base do polímero e foi usado pela primeira vez em uma lata em 1940.
Foi um produto revolucionário e sua utilização só cresceu. “Ele é especial”, disse Steve Russel, líder da divisão de plástico do Conselho Americano de Química (American Chemistry Council). “Quando se deram conta foi um daqueles momentos ‘eureka’.
Como o BPA foi considerado seguro sem ser questionado por tanto tempo, poucas pesquisas foram feitas na busca de alternativas comerciais viáveis para enlatados. “ No momento não existe uma resina única que ofereça o mesmo grau de segurança para recipientes de alimentos, tempo de prateleira e custo benefício para o acondicionamento de frutas e vegetais,”disse Russel.
O mesmo não aconteceu com as garrafas plásticas. Nessa indústria, substituições foram muito mais fáceis de achar. Alternativas ao plástico com BPA incluem polietileno, mais usado na fabricação de sacolas plásticas e o polipropileno, que é utilizado em squeezes (garrafas plásticas reutilizáveis destinadas a esportistas).
É certo que resinas sem BPA já existem, mas são muito mais caras. Este é um desafio para a indústria que é sensível a mudanças de preço em frações de centavos.
A empresa Eden Foods que está localizada em Michigan, por exemplo, comercializa feijão e arroz em latas sem BPA feitas pela Ball Corp, mas elas custam 14% a mais do que as tradicionais. As latas representam um dos maiores custos para a indústria de alimentos enlatados e a mudança para uma resina mais cara provavelmente acarretaria em um aumento de preços e prejudicaria os consumidores, especialmente os que compram cestas básicas e têm baixo poder aquisitivo.
A fábrica Ball utiliza um mix de esmalte que contem resinas naturais de pinho e balsamo, uma mistura que era utilizada antes do BPA se tornar tão popular, mais de 50 anos atrás. “Quando falamos que a lata corresponde a metade do preço de um enlatado isso significa que é um mercado altamente competitivo,”afirmou Michael Potter, presidente da Eden Foods.
Mesmo assim, a empresa conseguiu sobreviver graças ao interesse crescente em alimentos naturais, ele comentou. Eden ainda comercializa produtos que contêm BPA. É importante salientar que o FDA (Federal Drug Administration) ainda não aprovou nenhum outro tipo de revestimento para alimentos ácidos. Mas Potter diz que ele está trabalhando juntamente com Ball em uma alternativa a qual ele espera colocar nas prateleiras nos próximos anos.
Outras alternativas estão sendo desenvolvidas. No começo do ano, Michal Jafffe, um pesquisador e professor do Instituto de Tecnologia de New Jersey, recebeu uma patente para uma resina a base de açúcar de milho que imita a estrutura do BPA mas não tem seus efeitos negativos.
No entanto, a resina ainda está a anos de ser comercializada e o preço da mudança ainda é desconhecido. “O custo final será claramente dependente do volume,”disse Jaffe. “Mas não vejo razão para que essa resina não seja competitiva em relação ao BPA.”
De volta à Universidade de Rochester, Swan e sua equipe estão estudando o quanto o BPA é absorvido pelo corpo dependendo da quantidade de alimentos enlatados consumidos. O resultado da pesquisa está previsto para ser divulgado até o final do ano.
Ratos e metabolismo
No momento, a indústria química não só continua promovendo o BPA como também alerta consumidores para que fiquem atentos a substitutos que não foram ainda rigorosamente testados.
Também somos pais e entendemos que todos querem o melhor para seus filhos,” disse Russel do Conselho Químico Americano. “Mas temos que entender que ao buscar evitar o BPA, fazemos isso não porque agências governamentais dizem que ele não é seguro mas porque algumas pessoas querem ser muito cautelosas. Isso se resume no grau de incerteza que é aceitável para cada um.”
Parte da preocupação que muitos da indústria química têm está nos estudos realizados como o de Taylor que tendem a usar altas doses de BPA. Taylor injetou ratos com 5 miligramas do químico – muito mais do que qualquer um estaria exposto ao comer somente um enlatado.
A indústria química afirma que o BPA é metabolizado rapidamente pelo corpo e que é excretado antes que possa interagir com células. “Os níveis do químico aos quais uma pessoa poderia estar exposta ao usar produtos que contenham o BPA, incluindo a resina epóxi em recipientes alimentares, são tão pequenos que agências governamentais que avaliaram o BPA disseram, “Sim, mesmo que todas essas coisas horríveis que dizem que o BPA causa fossem verdadeiras, os níveis de exposição são tão pequenos que não estamos convencidos que exista um risco real,” disse Russel. “É por isso que continuam a permitir o seu uso.”
Para Taylor (Yale), qualquer quantidade do químico tóxico é muita para alguns. “Podemos argumentar sobre qual é a dose segura, mas se eu fosse mulher e estivesse grávida, evitaria o consumo de BPA,” ele disse. “A exposição de adultos é preocupante, mas eu acho que a exposição de fetos é pior.”
Considerando a polêmica, todos estão de olho no FDA. A agência insiste, faz tempo, que o químico é seguro, então não passou desapercebido quando afirmou que usaria fundos do Ato de Recuperação e Reinvestimento de 2009 para estudar o que o BPA causa no corpo humano. “Precisamos saber mais,” disse a jornalistas no começo do ano Dr. Josh Sharfstein, representante do FDA.
Para aumentar a confusão, a agência reguladora do Canadá que proibiu o uso de BPA em mamadeiras, no início de junho divulgou que os níveis de BPA em enlatados “não representam um risco à saúde.”
Empresas líderes e organizações de indústrias usam como referência a posição atual tanto do FDA quanto da agência canadense, e diz que concordam com essas e outras agências que afirmam que o químico é seguro. “Nós apoiamos as novas pesquisas do FDA com o BPA,”disse Scott Openshaw da Associação de Fabricantes de Produtos de Supermercados. “Nós confiamos nas autoridades para determinar quando uma substância não é segura.”
A Aliança de Embalagens Metálicas Norte Americana afirma que o BPA oferece “benefícios importantes, reais e quantitativos para a saúde,”disse John Rost, que é um Ph.D. em química e é presidente da aliança. “Com o uso da resina epóxi em recipientes alimentares de metal, não tivemos nenhuma intoxicação alimentar relacionada às embalagens nos últimos 33 anos.”
Mesmo assim, a onda contra o BPA chegou no mundo corporativo americano. Em abril, acionistas da Coca-Cola rejeitaram uma proposta que pedia à empresa que divulgasse um relatório sobre possíveis alternativas ao BPA e como o químico poderia afetar o valor das ações. Executivos insistiram que um relatório não ofereceria “nenhuma informação útil adicional.”
Uma pessoa que pesa 61 kg precisaria ingerir mais de 14,400 de bebidas em lata em um só dia para se aproximar do limite diário aceitável estabelecido pelo FDA, disse a Coca-Cola.
Para os fabricantes de BPA, que incluem Dow Chemical e Hexion Specialty Chemicals, o químico não representa grande parte do lucro. Se fosse proibido hoje, as duas empresas continuariam seus negócios sem maiores problemas.
De acordo com consultoria SRI, foram utilizadas 4.1 milhões de toneladas de resina no mundo em 2006 (dados mais recentes disponíveis). A indústria tem capacidade para produzir 4.6 milhões de toneladas e o Oeste Europeu atualmente consome mais BPA do que os Estados Unidos.
A sopa está pronta
De volta à casa de Sprague em Dover, New Hampshire, seu filho de cinco anos, Eddie está procurando um lanche na despensa.
Seus pais não querem enlouquecer com o BPA; eles sabem que estatisticamente o BPA já salvou vidas evitando intoxicações alimentares. É certo que a chance de Eddie fazer 6 anos é muito maior porque ele nasceu em 2004 ao invés de 1804, quando era comum crianças morrerem por intoxicação alimentar.
Mesmo assim, muitos pais estão preocupados. Qual a quantidade segura de BPA que pode ser ingerida? Será que devemos conscientemente ingerir um carcinogênico em potencial mesmo que em doses mínimas? Por que não existem alternativas mais baratas?
No momento, famílias como a de Sprague começam a pensar se vale a pena ou não comer alimentos enlatados. E de acordo com a Taylor (Yale), se isso os levar a comer mais frutas e verduras frescas, o esforço terá valido a pena.
Eu não uso enlatados todos os dias,” disse Sprague (26 anos). “Mas se eu comesse, eu diminuiria a quantidade.”
O vento bate levemente na porta de tela da casa de Sprague. Papéis saem voando dos imãs da geladeira. Seu filho, Eddie, corre para a cozinha, pega uma lata e pergunta à mãe:
“Mãe, que tipo de sopa é essa?”
Fonte – Ernest Schneyder; Edição de Jim Impoco e Claudia Parsons, Tradução: Fabiana Dupont, Reuters EUA de 09 de junho de 2010 / O Tao do Consumo
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Dr. Frederico Lobo
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Redes Wi-Fi podem adoecer árvores, releva estudo
Uma tecnologia cada dia mais frequente nos grandes centros urbanos pode estar causando o adoecimento de centenas de árvores em todo o mundo: a rede Wi-Fi. É o que indica um estudo realizado pela Universidade Wagenigen, na Holanda. Segundo os pesquisadores, a radiação emitida pela tecnologia está ligada a fatores como problemas no crescimento de árvores, morte de algumas camadas de tecidos e diversas fissuras e sangramentos nas cascas.
O estudo foi iniciado há cinco anos na cidade de Alphen ann den Rijn, quando os especialistas detectaram anormalidades nas plantas que não poderiam ser explicadas por nenhum tipo de infecção por vírus ou bactérias.
Os resultados da pesquisa mostraram que 70% das árvores em ambientes urbanos apresentam os mesmos sintomas, 60% a mais que os indicadores de 2005. Os pesquisadores também descobriram que as florestas densas são menos propensas a serem afetadas pelo sinal do que aquelas que possuem grande distância entre as árvores.
Para chegarem a essa conclusão, a equipe realizou uma série de testes para identificar o grau de influencia da rede sem fio nas árvores. Entre elas, os pesquisadores expuseram 20 árvores de carvalho a diversos tipos de radiação por um período de três meses, revelando que aquelas colocadas perto dos sinais apresentaram um brilho semelhante ao chumbo, causado pela morte das camadas superior e inferior da epiderme das folhas.
O alerta dos pesquisadores é para as grandes cidades ocidentais, que podem estar sendo infectadas pelo problema – especialmente nas regiões com maior concentração da tecnologia.
Além dos campos electromagnéticos criados pelas redes de telefonia móvel e sem fio, as partículas ultrafinas emitidas por carros e caminhões também pode ser culpadas, já que são tão pequenas que podem penetrar nos organismos.
Os investigadores afirmaram também que são necessários mais estudos para confirmar os resultados atuais e determinar os efeitos em longo prazo das radiações de redes sem fios em árvores.
FONTE: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/redes-wi-fi-podem-adoecer-arvores-releva-estudo
O estudo foi iniciado há cinco anos na cidade de Alphen ann den Rijn, quando os especialistas detectaram anormalidades nas plantas que não poderiam ser explicadas por nenhum tipo de infecção por vírus ou bactérias.
Os resultados da pesquisa mostraram que 70% das árvores em ambientes urbanos apresentam os mesmos sintomas, 60% a mais que os indicadores de 2005. Os pesquisadores também descobriram que as florestas densas são menos propensas a serem afetadas pelo sinal do que aquelas que possuem grande distância entre as árvores.
Para chegarem a essa conclusão, a equipe realizou uma série de testes para identificar o grau de influencia da rede sem fio nas árvores. Entre elas, os pesquisadores expuseram 20 árvores de carvalho a diversos tipos de radiação por um período de três meses, revelando que aquelas colocadas perto dos sinais apresentaram um brilho semelhante ao chumbo, causado pela morte das camadas superior e inferior da epiderme das folhas.
O alerta dos pesquisadores é para as grandes cidades ocidentais, que podem estar sendo infectadas pelo problema – especialmente nas regiões com maior concentração da tecnologia.
Além dos campos electromagnéticos criados pelas redes de telefonia móvel e sem fio, as partículas ultrafinas emitidas por carros e caminhões também pode ser culpadas, já que são tão pequenas que podem penetrar nos organismos.
Os investigadores afirmaram também que são necessários mais estudos para confirmar os resultados atuais e determinar os efeitos em longo prazo das radiações de redes sem fios em árvores.
FONTE: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/redes-wi-fi-podem-adoecer-arvores-releva-estudo
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Dr. Frederico Lobo
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Alemanha em alerta: produtores de bisfenol A devem encontrar alternativa ao químico
Agência Federal do Meio Ambiente apresenta relatório histórico questionando a segurança do bisfenol A
Uma semana após a proibição do bisfenol A no estado americano de Vermont, é a vez do bisfenol A retornar aos holofotes mundiais. Desta vez, a Alemanha entra em alerta contra o químico. Relatório sobre químicos tóxicos da Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha, publicado nesta quarta-feira, destaca a periculosidade do bisfenol A.
O relatório contempla o que é uma substância química, onde ela acontece e quais são os riscos para a saúde humana e o meio ambiente. O bisfenol A recebeu destaque pelas novas pesquisas realizadas e a crescente preocupação dos consumidores em relação ao químico. No documento, a Agência Federal do Meio Ambiente explica os riscos do BPA e aponta as opções políticas para o futuro.
O presidente da Agência, Jochen Flasbarth, recomenda aos produtores e usuários de produtos químicos que busquem substâncias alternativas e pede que o princípio de precaução seja aplicado para proteção dos seres humanos e do meio ambiente.
O bisfenol A está presente em muitos objetos do cotidiano: alimentos enlatados, mamadeiras, garrafas e recipientes plásticos, DVDs, papel térmico e embalagens de alimentos. O químico migra do plástico, já que possui moléculas instáveis, contaminando alimentos e seres humanos. A produção, transformação e reciclagem do bisfenol A pode também contaminar rios e lagos. A produção mundial anual do BPA, matéria-prima para a fabricação de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, é de 3,8 milhões de toneladas.
Como já foi demonstrado por muitas pesquisas com animais, o bisfenol A age como o hormônio sexual feminino estrogênio. O produto químico é menos potente que o hormônio sexual natural, mas há evidências de que interfere principalmente na reprodução. O bisfenol A já foi associado em pesquisas ao câncer de mama, de próstata, diabetes, obesidade, síndrome de hiperatividade, infertilidade, aborto e puberdade precoce e tardia.
A EFSA, correspondente a Anvisa na Europa está reavaliando a utilização do bisfenol A e tem a previsão de publicação de um novo relatório ainda este ano. O Canadá, Dinamarca, Costa Rica e França, no entanto, já proibiram, como medida de precaução, o bisfenol A em mamadeiras e outros produtos infantis. Segundo Jochen Flasbarth, ainda há alguma lacunas em relação ao bisfenol A, no entanto, como precaução, as evidências disponíveis são suficientes para limitar o uso de certos produtos contendo o químico.
A agência que regula produtos químicos na Europa – REACH (Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas)- reforça a responsabilidade da indústria química. As empresas que fabricam o bisfenol A, ou que utilizam a substância, são responsáveis pela avaliação dos riscos do químico em todo seu ciclo de vida e devem minimizá-los. A Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha vai analisar a questão cuidadosamente para decidir quais medidas adicionais serão tomadas para proteger os seres humanos e o meio ambiente.
Como precaução, a Agência recomenda aos fabricantes, importadores e usuários de bisfenol A que substituam o químico imediatamente.
Fonte – umweltbundesamt.de / dw-online.de / O Tao do Consumo
Uma semana após a proibição do bisfenol A no estado americano de Vermont, é a vez do bisfenol A retornar aos holofotes mundiais. Desta vez, a Alemanha entra em alerta contra o químico. Relatório sobre químicos tóxicos da Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha, publicado nesta quarta-feira, destaca a periculosidade do bisfenol A.
O relatório contempla o que é uma substância química, onde ela acontece e quais são os riscos para a saúde humana e o meio ambiente. O bisfenol A recebeu destaque pelas novas pesquisas realizadas e a crescente preocupação dos consumidores em relação ao químico. No documento, a Agência Federal do Meio Ambiente explica os riscos do BPA e aponta as opções políticas para o futuro.
O presidente da Agência, Jochen Flasbarth, recomenda aos produtores e usuários de produtos químicos que busquem substâncias alternativas e pede que o princípio de precaução seja aplicado para proteção dos seres humanos e do meio ambiente.
O bisfenol A está presente em muitos objetos do cotidiano: alimentos enlatados, mamadeiras, garrafas e recipientes plásticos, DVDs, papel térmico e embalagens de alimentos. O químico migra do plástico, já que possui moléculas instáveis, contaminando alimentos e seres humanos. A produção, transformação e reciclagem do bisfenol A pode também contaminar rios e lagos. A produção mundial anual do BPA, matéria-prima para a fabricação de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, é de 3,8 milhões de toneladas.
Como já foi demonstrado por muitas pesquisas com animais, o bisfenol A age como o hormônio sexual feminino estrogênio. O produto químico é menos potente que o hormônio sexual natural, mas há evidências de que interfere principalmente na reprodução. O bisfenol A já foi associado em pesquisas ao câncer de mama, de próstata, diabetes, obesidade, síndrome de hiperatividade, infertilidade, aborto e puberdade precoce e tardia.
A EFSA, correspondente a Anvisa na Europa está reavaliando a utilização do bisfenol A e tem a previsão de publicação de um novo relatório ainda este ano. O Canadá, Dinamarca, Costa Rica e França, no entanto, já proibiram, como medida de precaução, o bisfenol A em mamadeiras e outros produtos infantis. Segundo Jochen Flasbarth, ainda há alguma lacunas em relação ao bisfenol A, no entanto, como precaução, as evidências disponíveis são suficientes para limitar o uso de certos produtos contendo o químico.
A agência que regula produtos químicos na Europa – REACH (Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas)- reforça a responsabilidade da indústria química. As empresas que fabricam o bisfenol A, ou que utilizam a substância, são responsáveis pela avaliação dos riscos do químico em todo seu ciclo de vida e devem minimizá-los. A Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha vai analisar a questão cuidadosamente para decidir quais medidas adicionais serão tomadas para proteger os seres humanos e o meio ambiente.
Como precaução, a Agência recomenda aos fabricantes, importadores e usuários de bisfenol A que substituam o químico imediatamente.
Fonte – umweltbundesamt.de / dw-online.de / O Tao do Consumo
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Dr. Frederico Lobo
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Nova pesquisa revela que exposição ao bisfenol A é gravemente subestimada
Americanos estão expostos a quantidade oito vezes superior que a permitida por lei; químico presente no plástico e em latas é associado a câncer e diabetes infantil
Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) afirma que a ingestão diária de até 50 microgramas de bisfenol A (BPA) por peso corporal não traza problemas para a saúde. Mas uma nova pesquisa publicada no jornal científico Environmental Health Perspectives sugere que diariamente estamos expostos a uma quantidade no mínimo oito vezes superior. “Os números encontrados na pesquisa são assustadores porque indicam que as agências reguladoras subestimaram substancialmente o nível atual de exposição humana”, afirma o estudo. A pesquisa também confirma que o BPA é processado de maneira similar por ratos, macacos e humanos, o que torna possível extrapolar estudos feitos com animais para humanos.
Embora o bisfenol A venha sendo bastante pesquisado nas últimas décadas ainda é considerado um assunto polêmico entre cientistas e políticos. A senadora democrata Dianne Feistein está preparando uma emenda proibindo o químico em embalagens alimentares infantis para o “Ato de Modernização na Segurança Alimentar”, que está no Senado a espera de aprovação. Republicanos e representantes da indústria plástica e alimentar se opõem à emenda. Afirmam que as pesquisas ainda não são conclusivas.
O bisfenol A é um composto químico e seu uso foi associado a uma maior incidência de problemas cardíacos, diabetes, anormalidades no fígado e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. Alguns estudos também provam que o bisfenol é responsável pelo crescimento de células cancerígenas, diminuição de esperma e micropenia.
Atualmente, o bisfenol A é proibido em quatro países: França, Canadá, Costa Rica e Dinamarca. Nos Estados Unidos, pelo menos sete estados também já proibiram a fabricação de mamadeiras com o policarbonato. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as determinações de produtos devem ser adotadas pelo Mercosul e, portanto, precisam ser aceitas dentro do bloco econômico antes de serem incorporadas na legislação de cada país.
Hormônios são essenciais durante o desenvolvimento de fetos e bebês e podem determinar entre outras coisas o sexo do bebê. Como o BPA imita o funcionamento do estrogênio, ele é um interferente endócrino. De acordo com Thomas Zoeller, professor de biologia na Universidade de Massachusetts, o bisfenol A não se limita a interagir com um receptor. “Ele tem a habilidade de se ligar a três receptores, o estrogênio, o hormônio masculino e receptores de hormônios da tireoide”, disse Zoeller.
Método – Alguns cientistas não têm certeza se a habilidade do BPA de se ligar a receptores pode mesmo acarretar danos à saúde. Todos concordam, porém, que o BPA é parecido com o estrogênio e de fato, foi primeiro sintetizado com o objetivo de ser utilizado com um substituto do estrogênio antes de ser usado como revestimento interno de latas e em plásticos de policarbonato.
Dentro da esfera científica, a controvérsia é a seguinte: Será que o fígado processa o químico e o expele quase completamente pela urina ou será que o BPA entra para a corrente sanguínea onde pode agir como hormônio?
De acordo com Zoeller para responder essa pergunta seria necessário realizar uma pesquisa onde humanos recebessem uma dose de BPA conhecida e tivessem seu sangue analisado, mas um experimento assim levantaria questões éticas. O único estudo com humanos foi feito em 2002 pelo pesquisador alemão Wolfgang Völkel, da Universidade de Würzburg.
Segundo Völkel, o fígado remove mais de 99% do BPA da corrente sanguínea e humanos o excretam dentro de seis horas. Ele registrou a presença de BPA no sangue depois das seis horas em alguns voluntários, mas considerou a quantidade insignificante.
Esse é um dos pontos da controvérsia. Alguns pesquisadores dizem que o método que Völkel usou para medir o BPA no sangue não era sensível o suficiente e que ele superestimou a habilidade do químico passar por nosso sistema sem causar danos.
O novo estudo, liderado por Julia Taylor, uma bióloga da Universidade de Missouri, utiliza um tipo de teste mais sensível. Ela alimentou os ratos e macacos com uma quantidade fixa de BPA por dia. E então analisou o sangue dos animais e achou quantidades “biologicamente ativas”do BPA.
O estudo sugere que o bisfenol A não é completamente removido pelo fígado e que circula no sangue em quantidades que são preocupantes, diz Taylor. “Foi a primeira vez que se comparou em um estudo ratos e macacos e macacos e humanos”, disse Taylor. “Para nós cientistas, pelo menos no senso acadêmico, o resultado da pesquisa é uma confirmação do que já pensávamos.” O estudo também possibilita extrapolar os resultados de ratos e macacos para humanos, já que todos processam o bisfenol A de maneira similar.
O estudo sugere que nem todas as formas de exposição ao bisfenol A são conhecidas. “Os dados provam que é preciso reconsiderar hipóteses anteriores sobre o BPA, como por exemplo que o químico é rapidamente excretado do corpo e a diferença do metabolismo entre espécies,” disse Linda Birnbaum, diretora do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental. “O artigo destaca a necessidade de compreender melhor todas as possíveis fontes de exposição humana.”
O que fazer?
Mas e os consumidores que continuam se preocupando com sua própria exposição diária a esse polêmico químico? Como podem reduzir a exposição? O Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental recomenda os seguintes passos:
• Utilizar mamadeiras sem bisfenol A (BPA free);
• Não aquecer no microondas embalagens que sejam feitas com plástico de policarbonato;
• Reduzir o consumo de enlatados;
• Utilizar recipientes para guardar e armazenar alimentos feitos de vidro, porcelana ou aço inox sempre que possível, especialmente para alimentos ainda quentes;
• Evitar comprar produtos de plástico feitos com BPA.
FONTE: http://www.funverde.org.br/blog/archives/7867
Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) afirma que a ingestão diária de até 50 microgramas de bisfenol A (BPA) por peso corporal não traza problemas para a saúde. Mas uma nova pesquisa publicada no jornal científico Environmental Health Perspectives sugere que diariamente estamos expostos a uma quantidade no mínimo oito vezes superior. “Os números encontrados na pesquisa são assustadores porque indicam que as agências reguladoras subestimaram substancialmente o nível atual de exposição humana”, afirma o estudo. A pesquisa também confirma que o BPA é processado de maneira similar por ratos, macacos e humanos, o que torna possível extrapolar estudos feitos com animais para humanos.
Embora o bisfenol A venha sendo bastante pesquisado nas últimas décadas ainda é considerado um assunto polêmico entre cientistas e políticos. A senadora democrata Dianne Feistein está preparando uma emenda proibindo o químico em embalagens alimentares infantis para o “Ato de Modernização na Segurança Alimentar”, que está no Senado a espera de aprovação. Republicanos e representantes da indústria plástica e alimentar se opõem à emenda. Afirmam que as pesquisas ainda não são conclusivas.
O bisfenol A é um composto químico e seu uso foi associado a uma maior incidência de problemas cardíacos, diabetes, anormalidades no fígado e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. Alguns estudos também provam que o bisfenol é responsável pelo crescimento de células cancerígenas, diminuição de esperma e micropenia.
Atualmente, o bisfenol A é proibido em quatro países: França, Canadá, Costa Rica e Dinamarca. Nos Estados Unidos, pelo menos sete estados também já proibiram a fabricação de mamadeiras com o policarbonato. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as determinações de produtos devem ser adotadas pelo Mercosul e, portanto, precisam ser aceitas dentro do bloco econômico antes de serem incorporadas na legislação de cada país.
Hormônios são essenciais durante o desenvolvimento de fetos e bebês e podem determinar entre outras coisas o sexo do bebê. Como o BPA imita o funcionamento do estrogênio, ele é um interferente endócrino. De acordo com Thomas Zoeller, professor de biologia na Universidade de Massachusetts, o bisfenol A não se limita a interagir com um receptor. “Ele tem a habilidade de se ligar a três receptores, o estrogênio, o hormônio masculino e receptores de hormônios da tireoide”, disse Zoeller.
Método – Alguns cientistas não têm certeza se a habilidade do BPA de se ligar a receptores pode mesmo acarretar danos à saúde. Todos concordam, porém, que o BPA é parecido com o estrogênio e de fato, foi primeiro sintetizado com o objetivo de ser utilizado com um substituto do estrogênio antes de ser usado como revestimento interno de latas e em plásticos de policarbonato.
Dentro da esfera científica, a controvérsia é a seguinte: Será que o fígado processa o químico e o expele quase completamente pela urina ou será que o BPA entra para a corrente sanguínea onde pode agir como hormônio?
De acordo com Zoeller para responder essa pergunta seria necessário realizar uma pesquisa onde humanos recebessem uma dose de BPA conhecida e tivessem seu sangue analisado, mas um experimento assim levantaria questões éticas. O único estudo com humanos foi feito em 2002 pelo pesquisador alemão Wolfgang Völkel, da Universidade de Würzburg.
Segundo Völkel, o fígado remove mais de 99% do BPA da corrente sanguínea e humanos o excretam dentro de seis horas. Ele registrou a presença de BPA no sangue depois das seis horas em alguns voluntários, mas considerou a quantidade insignificante.
Esse é um dos pontos da controvérsia. Alguns pesquisadores dizem que o método que Völkel usou para medir o BPA no sangue não era sensível o suficiente e que ele superestimou a habilidade do químico passar por nosso sistema sem causar danos.
O novo estudo, liderado por Julia Taylor, uma bióloga da Universidade de Missouri, utiliza um tipo de teste mais sensível. Ela alimentou os ratos e macacos com uma quantidade fixa de BPA por dia. E então analisou o sangue dos animais e achou quantidades “biologicamente ativas”do BPA.
O estudo sugere que o bisfenol A não é completamente removido pelo fígado e que circula no sangue em quantidades que são preocupantes, diz Taylor. “Foi a primeira vez que se comparou em um estudo ratos e macacos e macacos e humanos”, disse Taylor. “Para nós cientistas, pelo menos no senso acadêmico, o resultado da pesquisa é uma confirmação do que já pensávamos.” O estudo também possibilita extrapolar os resultados de ratos e macacos para humanos, já que todos processam o bisfenol A de maneira similar.
O estudo sugere que nem todas as formas de exposição ao bisfenol A são conhecidas. “Os dados provam que é preciso reconsiderar hipóteses anteriores sobre o BPA, como por exemplo que o químico é rapidamente excretado do corpo e a diferença do metabolismo entre espécies,” disse Linda Birnbaum, diretora do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental. “O artigo destaca a necessidade de compreender melhor todas as possíveis fontes de exposição humana.”
O que fazer?
Mas e os consumidores que continuam se preocupando com sua própria exposição diária a esse polêmico químico? Como podem reduzir a exposição? O Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental recomenda os seguintes passos:
• Utilizar mamadeiras sem bisfenol A (BPA free);
• Não aquecer no microondas embalagens que sejam feitas com plástico de policarbonato;
• Reduzir o consumo de enlatados;
• Utilizar recipientes para guardar e armazenar alimentos feitos de vidro, porcelana ou aço inox sempre que possível, especialmente para alimentos ainda quentes;
• Evitar comprar produtos de plástico feitos com BPA.
FONTE: http://www.funverde.org.br/blog/archives/7867
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Dr. Frederico Lobo
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
Produtos químicos no ambiente levam a problemas de saúde, afirmam médicos
Puberdade e menopausa precoces, esterilidade... Médicos norte-americanos suspeitam que os produtos químicos, onipresentes em nosso ambiente, são a causa de vários problemas de saúde, sobretudo reprodutivos, e querem mudar a legislação.
"Tenho tratado milhares de pacientes (...), entre os quais homens jovens com uma taxa de espermatozóides muito abaixo da normal ou com câncer de testículos; mulheres jovens, de 17 anos, já na menopausa, e meninas pequenas com sinais de puberdade aos seis ou oito anos" de idade, enumerou na semana passada a médica Linda Giudice, durante entrevista a jornalistas.
"Cada vez há mais provas que mostram que contaminantes presentes no meio influem nestes problemas", disse Giudice, que chefia o departamento de obstetrícia e técnicas reprodutivas da Universidade da Califórnia, em San Francisco (EUA).
Junto com Tracey Woodruff, diretora do programa de saúde reprodutiva e ambiente da universidade, e Andy Igrejas, diretor da campanha da associação Safer Chemicals Healthy Families, Giudice faz um apelo à revisão da legislação americana sobre os produtos químicos, que data de 1976.
Controle insuficiente
Segundo a associação, o ato de Controle de Substâncias Tóxicas (TSCA, na sigla em inglês) não é suficiente para impedir que os produtos químicos invadam os bens de consumo, mesmo quando existe uma relação comprovada com o aparecimento de câncer, asma, atrasos no aprendizado ou problemas reprodutivos.
De acordo com Giudice, a legislação não acompanhou a presença de produtos químicos no entorno, que se multiplicou por 20 desde 1945.
"Hoje, a exposição aos contaminantes está em todas as partes: no ar, na água, na comida, na bebida, nos cosméticos ou em artigos de farmácia, pesticidas, herbicidas e produtos cotidianos do lar", enumerou.
Alguns produtos foram proibidos há décadas, mas "permanecem na cadeia alimentar", explicou Woodruff. Outros estão presentes nos produtos de limpeza domésticos ou em outros produtos com os quais os consumidores têm contato diário.
Entre as mulheres estudadas, a grande maioria --cujos seios começaram a se desenvolver e tiveram a menarca (primeira menstruação) ainda muito jovens, algumas aos sete anos-- apresentaram um nível elevado de substâncias químicas no organismo.
Outros estudos já estabeleceram vínculos entre os produtos químicos e uma série de doenças, da asma ao câncer, passando por problemas cardiovasculares.
Um estudo publicado em setembro na revista "Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine", da Associação Médica americana, estabeleceu um vínculo entre taxas elevadas de colesterol nas crianças e um produto usado em antiaderentes por fabricantes de panelas e frigideiras para que a comida não grude.
Apesar de tantos indícios, em 34 anos de existência do ato TSCA, apenas cinco produtos químicos foram objeto de uma regulamentação e os projetos de lei apresentados este ano no Congresso para atualizá-la não tiveram continuidade, disse Igrejas.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/834358-produtos-quimicos-no-ambiente-levam-a-problemas-de-saude-afirmam-medicos.shtml
"Tenho tratado milhares de pacientes (...), entre os quais homens jovens com uma taxa de espermatozóides muito abaixo da normal ou com câncer de testículos; mulheres jovens, de 17 anos, já na menopausa, e meninas pequenas com sinais de puberdade aos seis ou oito anos" de idade, enumerou na semana passada a médica Linda Giudice, durante entrevista a jornalistas.
"Cada vez há mais provas que mostram que contaminantes presentes no meio influem nestes problemas", disse Giudice, que chefia o departamento de obstetrícia e técnicas reprodutivas da Universidade da Califórnia, em San Francisco (EUA).
Junto com Tracey Woodruff, diretora do programa de saúde reprodutiva e ambiente da universidade, e Andy Igrejas, diretor da campanha da associação Safer Chemicals Healthy Families, Giudice faz um apelo à revisão da legislação americana sobre os produtos químicos, que data de 1976.
Controle insuficiente
Segundo a associação, o ato de Controle de Substâncias Tóxicas (TSCA, na sigla em inglês) não é suficiente para impedir que os produtos químicos invadam os bens de consumo, mesmo quando existe uma relação comprovada com o aparecimento de câncer, asma, atrasos no aprendizado ou problemas reprodutivos.
De acordo com Giudice, a legislação não acompanhou a presença de produtos químicos no entorno, que se multiplicou por 20 desde 1945.
"Hoje, a exposição aos contaminantes está em todas as partes: no ar, na água, na comida, na bebida, nos cosméticos ou em artigos de farmácia, pesticidas, herbicidas e produtos cotidianos do lar", enumerou.
Alguns produtos foram proibidos há décadas, mas "permanecem na cadeia alimentar", explicou Woodruff. Outros estão presentes nos produtos de limpeza domésticos ou em outros produtos com os quais os consumidores têm contato diário.
Entre as mulheres estudadas, a grande maioria --cujos seios começaram a se desenvolver e tiveram a menarca (primeira menstruação) ainda muito jovens, algumas aos sete anos-- apresentaram um nível elevado de substâncias químicas no organismo.
Outros estudos já estabeleceram vínculos entre os produtos químicos e uma série de doenças, da asma ao câncer, passando por problemas cardiovasculares.
Um estudo publicado em setembro na revista "Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine", da Associação Médica americana, estabeleceu um vínculo entre taxas elevadas de colesterol nas crianças e um produto usado em antiaderentes por fabricantes de panelas e frigideiras para que a comida não grude.
Apesar de tantos indícios, em 34 anos de existência do ato TSCA, apenas cinco produtos químicos foram objeto de uma regulamentação e os projetos de lei apresentados este ano no Congresso para atualizá-la não tiveram continuidade, disse Igrejas.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/834358-produtos-quimicos-no-ambiente-levam-a-problemas-de-saude-afirmam-medicos.shtml
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Dr. Frederico Lobo
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19:35
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domingo, 21 de novembro de 2010
TEDxSP 2009 - Paulo Saldiva: Exclusão e racismo ambiental
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Dr. Frederico Lobo
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15:57
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Instituto Saúde e Sustentabilidade
Excelente vídeo elaborado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade. Vale a pena assistir.
O que o vídeo relata não acontece apenas em São Paulo, mas sim em todas as cidades em que seus governantes não possuem uma visão ecossustentável e acreditam que o correto é o "Progresso" a qualquer custo !
No site do Instituto está disponível um Sumário de evidências criado num Workshop que aconteceu ano passado na USP. O sumário intitulado: Sumário de evidências: Saúde, sustentabilidade e cidadania - um observatório de caso urbano tendo como cénário a região metropolitana de São Paulo está disponível no seguinte link e vale a pena ser lido.
Os exemplos utilizados valem para todas as cidades que enfrentam diversos problemas relacionados à alterações ambientais e que geram impacto em todo ecossistema. Isso inclui impacto na saúde humana com perda de qualidade de vida, diversas doenças relacionadas às múltiplas poluições (água, solo, atmosférica, sonora, eletromagnética), rombos nos cofres públicos (internação hospitalar, medicações)...
É como o Dr. Paulo Saldiva disse em uma entrevista: os nossos governantes deveriam receber Formação para gerir cidades, pensando sempre em impactos ambientais a curto, médio e longo prazo.
Acredito que deveriam utilizar a cabecinha e perceber que gastos inteligentes no presente podem evitar rombos futuros. Porém, infelizmente não é assim que a banda toca. Tem palhaço querendo descobri o que faz um deputado federal...
Para conhecer mais sobre o trabalho do Instituto Saúde e Sustentabilidade visite o site: http://www.saudeesustentabilidade.org.br/
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Dr. Frederico Lobo
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15:23
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Novo livro de Ecologia médica: “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.
No Brasil, 80% da população reside em áreas urbanas, mas será que fazemos ideia dos problemas que a falta de cuidados com o meio ambiente nas metrópoles pode causar para a nossa saúde física e mental? Alertar para os possíveis malefícios da vida na cidade é a intenção do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.
Na obra, que está sendo lançada pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, o autor pretende mostrar como os problemas de mobilidade, a constante exposição à poluição do ar, a contaminação das águas, a grande quantidade de ruídos, a falta de saneamento, as inundações e as ilhas de calor, entre outros malefícios da vida moderna, afetam a nossa saúde.
A intenção do livro não é causar pânico nas pessoas, mas sim alertar para o fato de que, habituados à vida na cidade, nos acostumamos com uma porção de problemas que, pouco a pouco, destroem nossa saúde. A partir da leitura da obra, o autor espera despertar nas pessoas a consciência a respeito da importância de darmos mais atenção a ecologia urbana.
Para ser produzido, o livro contou com a contribuição de pesquisadores e estudiosos de renome na área de saúde ambiental, como o ex-diretor da Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Alfred Szwarc. O lançamento da obra acontecerá em São Paulo, no dia 23 de novembro. Na ocasião, além de sessão de autógrafos, o autor ministrará a palestra “O homem e a questão ambiental: vilão ou vítima?”, que fala de um dos temas do livro. Os interessados em participar não precisam fazer inscrição prévia e, após o lançamento, o livro estará disponível para compra no site do Instituto Saúde e Sustentabilidade.
Lançamento e palestra do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”
Data: 23 de novembro
Horário: a partir das 19h
Local: Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos
Endereço: Av. das Nações Unidas, nº 4777, Pinheiros – São Paulo/SP
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Dr. Frederico Lobo
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14:37
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sábado, 20 de novembro de 2010
Antioxidantes
Muito tem-se falado na mídia sobre alimentos funcionais e suas propriedades antioxidantes. Mas afinal o que é um Antioxidante?
Para responder à esta pergunta, faz-se necessário compreender primeiramente o que é a Oxidologia. A oxidologia é o ramo da ciência que estuda a formação dos radicais livres, seus efeitos no organismo e o modo de eliminá-los.
Mas afinal, quem são os radicais livres?
Radicais livres são moléculas ou átomos (toda a matéria é formada por átomos) com um número ímpar de elétrons (elétron livres ou também denominados de elétrons desemparelhados). Tal elétron livre tornará o radical livre altamente reativo e com isso ele poderá reagir entre si, visando tornar o número de elétrons par, ou seja, emparelhar o elétron, torna-lo mais ESTÁVEL.
No nosso organismo, a todo instante são formados radicais livres. São produzidos por inúmeros tipos de células durante o processo de combustão do oxigênio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia.
Como são reativos (precisam emparelhar seus elétrons livres) podem danificar (oxidar) células sadias do nosso corpo, ocasionando lesão de células/tecidos, com isso surgindo inúmera doenças. Os principais radicais livres são: Hidroxila, Superóxido, Peróxido de hidrogênio, Oxigênio Singlet, Peroxila, Alcoxila.
Mas nesta batalha, não estamos desprovidos de defesas, o nosso sábio organismo possui um sistema de enzimas protetoras (antioxidantes) que REPARAM uma grande parcela dos danos causados pela oxidação, ou seja, nosso organismo consegue controlar a quantidade desses radicais livres produzidos através de nosso metabolismo.
Falamos sobre um processo endógeno de formação de radicais livres, ou seja, processos metabólicos como fonte de geração dos mesmos. Porém, fatores externos podem contribuir para o aumento da formação de radicais livres. Entre esses fatores temos:
1) Poluição ambiental;
2) Raio-X e radiação ultravioleta;
3) Radiação eletromagnética;
4) Tabagismo;
5) Álcool;
6) Agrotóxicos;
7) Substâncias presentes em alimentos e bebidas (aditivos químicos, conservantes, hormônios)
8)Estresse;
9) Consumo de alimentos pró-oxidantes como gorduras saturadas;
Tais fatores além de favorecerem a formação de diversos tipos de radicais livres (com reatividade variável), podem induzir a:
1) Peroxidação lipídica da membrana celular;
2) Ligações covalentes de múltiplos metabólitos reativos;
3) Depleção e/ou alteração de Antioxidantes endógenos (naturais) como o Glutation;
4) Alterações de potencial na membrana mitocondrial;
5) Alterações na homeostase do Cálcio intracelular
6) Danos ao DNA e favorecendo surgimento de diversos tipos de cânceres.
O sistema antioxidante é dividido em 2 grupos:
1) Sistema antioxidante endógeno (produzido pelo organismo)
2) Sistema antioxidante exógeno (adquirido pela ingestão de nutrientes antioxidantes ou introdução intravenosa de antioxidantes).
Estes antioxidantes agirão da seguinte maneira: 1) Reagindo com o radical livre e formando oxigênio (oxidação); 2) Reagindo com o radical livre e formando água (H2O - redução)
Quando há um desequilíbrio entre a produção radicais livres e a sua antioxidação denominamos de Estresse oxidativo. Sendo que este pode decorrer devido 2 situações:
1) Produção excessiva de radicais livres (ex.: fumantes, pessoas que dormem pouco, que são estressados mentalmente e emocionalmente, pessoas expostas à produtos tóxicos);
OU
2) Porque não estamos produzindo, ingerindo e absorvendo os antioxidantes (ex.: alcoólatras, pessoas que se alimentam mal, não comem verduras, não bebem água, ingerem muitas toxinas, não ingerem fibras etc.).
Temos então alguns Sistemas de proteção contra radicais livres e cada um agirá de maneira individualizada, de acordo com a sua morfologia (constituição bioquímica), local de produção e capacidade antioxidante:
1) Sistema Enzimático: Faz parte do Sistema antioxidante endógeno, age eliminando os Radicais livres antes que estes ataquem os componentes biológicos. Ex: Superóxido dismutase (SODc - citoplasmática e SODm - mitocondrial), catalase, glutation peroxidase e metaloenzimas (Zinco)
2) Pequenas moléculas advindas da nossa alimentação ou do próprio sistema antioxidante endógeno: Atuam como quelantes,interferindo nos estágios iniciais de propagação . Ex:Vit. C, E,Selênio, Zinco, Ácido alfa lipóico, DMSO.
3) Antioxidantes ocasionais: Sacrificam sua integridade molecular e funcional bloqueando os radicais livres. Ex: Ômega 3, 6 9, enzimas com grupo SH (sulfidrilas). Alguns antioxidantes etracelulares que previnem a formação de radicais livres: albumina, bilirrubina, ceruloplasmina, ferritina, mioglobina, metalotioneína, haptoglobina. Dentre os antioxidantes intracelulares ocasionais que agem na prevenção temos: ácido úrico, coenzima Q10.
É importante salientar que estes antioxidantes muitas vezes não agem de forma isolada, cada um fazendo seu papel. Existe um Sistema, chamado Sistema REDOX no qual um interfere re-utilização do outro. Eles se "regeneram" mutuamente.
A seguir serão listados os principais antioxidantes e outras vitaminas e minerais que são antioxidantes indiretos:
Vitamina C
Vitamina lipossolúvel, age bem em meio aquoso. O ácido ascórbico é um excelente agente redutor (doador de elétrons), reduzindo Ferro ³+ (férrico) a Ferro²+(ferroso). Reage rapidamente com O2¯ (radical livre superóxido) e OH° (radical livre hidroxila) formando semidehidroascorbato e assim evitando ações deletérias destes radicais livres. Detoxifica vários radicais orgânicos por redução.
Tem importante papel na cicatrização, aumenta a resistência às infecções, potencializa a absorção de ferro.
É fundamental para a formação de colágeno, principal componente das articulções, pele.
São fontes de vitamina C: frutas cítricas, vegetais folhosos, legumes.
Sua deficiência provoca Escorbuto, uma doença caracterizada por feridas que não cicatrizam, gengivas que sangram, pele áspera e atrofia muscular.
Vitamina E
Vitamina Lipossolúvel, agindo bem em meio lipídico. Existem 8 isômeros da vitamina E, 4 tocoferóis e 4 tocotrienóis, sendo o alfa-tocoferol o mais conhecido e com maior potência antioxidante. É o mais importante destruidor de radicais livres em meio lipídico (principalmente na membrana celular, evitando a peroxidação lipídica). Reage contra os radicais peroxil e alcoxil.
É um excelente antioxidante por agir bem em membrana celular, com isso previne danos celulares. Mantém a integridade da pele.
São fontes de vitamina E: gérmen de trigo, óleo de soja, de algodão, de milho, de girassol, gema de ovo, vegetais folhosos e legumes.
Vitamina A
Também denominada retinol e é facilmente transformada no corpo humano em ácido retinóico, que é a forma ativa. Este existe em duas formas principais: all-trans retinoic acid (ATRA, o mais importante) e 9-cis retinoic acid (9-cis RA). A maior parte das funções da vitamina A são realizada por seus receptores, que são fatores de transcrição da família de receptores nucleares. Por estes receptores, o ácido retinóico pode afetar quase todas as funções na célula humana. Sabendo isso, é simples entender porque a vitamina A deve ser consumida em quantidades normais. Essencial para visão, desenvolvimento dos ossos e formação da pele. Atua no sistema de defesa do organismo e no processo de reprodução.
São fontes de vitamina A: Óleo de fígado de bacalhau, carnes e alimentos ricos em betacaroteno como cenoura, batata doce, brócolis, espinafre, tomate, mamão, abóbora e melão.
Sua deficiência pode causar atraso no crescimento, cegueira noturna, manchas brancas nos olhos e lesões na pele.
Devido a toxicidade hepática, tem se preferido prescrever os precurssores da vitamina A (catorenóides). Carotenóide é qualquer substância química de um grupo de substâncias tetraterpênicas relacionadas ao caroteno, que são pigmentos amplamente difundidos na natureza. Caracterizam-se por apresentar moléculas oxidáveis, exibir cores que vão do amarelo ao vermelho, ser lipossolúveis, encontradiças em vegetais. Dividem-se em carotenos e xantofilas. Sendo que os carotenos diferente das xantofilas, não possuem oxigênio na sua fórmula química. O Beta-caroteno é o mais conhecido e estudo entre os carotenóides, sabe-se que ele é eficiente contra a peroxidação lipídica,através de um processo de "quenching” (saciedade) dos RL,especialmente Oxigênio “singlet”. Sua eficácia na varredura parece ser devido à presença de duplas ligações em sua longa cadeia.
Glutation (GSH)
Glutationa, glutationo ou glutatião (γ-glutamilcisteinilglicina) é um antioxidante hidrossolúvel, reconhecido como o tiol não-protéico mais importante nos sistemas vivos. Trata-se de um tripéptido linear, constituído por três aminoácidos: ácido glutâmico, cisteína e glicina, sendo o grupo tiol da cisteína o local activo responsável pelas suas propriedades bioquímicas. Existe, na maioria das células (com maior concentração no fígado). Pode encontrar-se na forma reduzida (GSH) ou oxidada (GSSG, forma dimerizada da GSH). A importância deste par é tal que a razão GSH/GSSG é normalmente utilizada para estimar o estado redox dos sistemas biológicos. É um marcador da saúde celular. Sua queda. indica lesão oxidante. É muito versátil, reduzindo H2O2,Superóxido e Hidroxila,além de anular os danos provocados pelos Peróxidos. Além disso tem importantíssima ação na metabolização de xenobióticos como co-factor da glutationa-S-transferase.
Existem outros antioxidantes, sendo que a cada dia a ciência desvenda mais e mais novas substâncias com poder antioxidante.
Para responder à esta pergunta, faz-se necessário compreender primeiramente o que é a Oxidologia. A oxidologia é o ramo da ciência que estuda a formação dos radicais livres, seus efeitos no organismo e o modo de eliminá-los.
Mas afinal, quem são os radicais livres?
Radicais livres são moléculas ou átomos (toda a matéria é formada por átomos) com um número ímpar de elétrons (elétron livres ou também denominados de elétrons desemparelhados). Tal elétron livre tornará o radical livre altamente reativo e com isso ele poderá reagir entre si, visando tornar o número de elétrons par, ou seja, emparelhar o elétron, torna-lo mais ESTÁVEL.
No nosso organismo, a todo instante são formados radicais livres. São produzidos por inúmeros tipos de células durante o processo de combustão do oxigênio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia.
Como são reativos (precisam emparelhar seus elétrons livres) podem danificar (oxidar) células sadias do nosso corpo, ocasionando lesão de células/tecidos, com isso surgindo inúmera doenças. Os principais radicais livres são: Hidroxila, Superóxido, Peróxido de hidrogênio, Oxigênio Singlet, Peroxila, Alcoxila.
Mas nesta batalha, não estamos desprovidos de defesas, o nosso sábio organismo possui um sistema de enzimas protetoras (antioxidantes) que REPARAM uma grande parcela dos danos causados pela oxidação, ou seja, nosso organismo consegue controlar a quantidade desses radicais livres produzidos através de nosso metabolismo.
Falamos sobre um processo endógeno de formação de radicais livres, ou seja, processos metabólicos como fonte de geração dos mesmos. Porém, fatores externos podem contribuir para o aumento da formação de radicais livres. Entre esses fatores temos:
1) Poluição ambiental;
2) Raio-X e radiação ultravioleta;
3) Radiação eletromagnética;
4) Tabagismo;
5) Álcool;
6) Agrotóxicos;
7) Substâncias presentes em alimentos e bebidas (aditivos químicos, conservantes, hormônios)
8)Estresse;
9) Consumo de alimentos pró-oxidantes como gorduras saturadas;
Tais fatores além de favorecerem a formação de diversos tipos de radicais livres (com reatividade variável), podem induzir a:
1) Peroxidação lipídica da membrana celular;
2) Ligações covalentes de múltiplos metabólitos reativos;
3) Depleção e/ou alteração de Antioxidantes endógenos (naturais) como o Glutation;
4) Alterações de potencial na membrana mitocondrial;
5) Alterações na homeostase do Cálcio intracelular
6) Danos ao DNA e favorecendo surgimento de diversos tipos de cânceres.
O sistema antioxidante é dividido em 2 grupos:
1) Sistema antioxidante endógeno (produzido pelo organismo)
2) Sistema antioxidante exógeno (adquirido pela ingestão de nutrientes antioxidantes ou introdução intravenosa de antioxidantes).
Estes antioxidantes agirão da seguinte maneira: 1) Reagindo com o radical livre e formando oxigênio (oxidação); 2) Reagindo com o radical livre e formando água (H2O - redução)
Quando há um desequilíbrio entre a produção radicais livres e a sua antioxidação denominamos de Estresse oxidativo. Sendo que este pode decorrer devido 2 situações:
1) Produção excessiva de radicais livres (ex.: fumantes, pessoas que dormem pouco, que são estressados mentalmente e emocionalmente, pessoas expostas à produtos tóxicos);
OU
2) Porque não estamos produzindo, ingerindo e absorvendo os antioxidantes (ex.: alcoólatras, pessoas que se alimentam mal, não comem verduras, não bebem água, ingerem muitas toxinas, não ingerem fibras etc.).
Temos então alguns Sistemas de proteção contra radicais livres e cada um agirá de maneira individualizada, de acordo com a sua morfologia (constituição bioquímica), local de produção e capacidade antioxidante:
1) Sistema Enzimático: Faz parte do Sistema antioxidante endógeno, age eliminando os Radicais livres antes que estes ataquem os componentes biológicos. Ex: Superóxido dismutase (SODc - citoplasmática e SODm - mitocondrial), catalase, glutation peroxidase e metaloenzimas (Zinco)
2) Pequenas moléculas advindas da nossa alimentação ou do próprio sistema antioxidante endógeno: Atuam como quelantes,interferindo nos estágios iniciais de propagação . Ex:Vit. C, E,Selênio, Zinco, Ácido alfa lipóico, DMSO.
3) Antioxidantes ocasionais: Sacrificam sua integridade molecular e funcional bloqueando os radicais livres. Ex: Ômega 3, 6 9, enzimas com grupo SH (sulfidrilas). Alguns antioxidantes etracelulares que previnem a formação de radicais livres: albumina, bilirrubina, ceruloplasmina, ferritina, mioglobina, metalotioneína, haptoglobina. Dentre os antioxidantes intracelulares ocasionais que agem na prevenção temos: ácido úrico, coenzima Q10.
Linhas de defesa contra radicais livres
Antioxidantes e local de ação
É importante salientar que estes antioxidantes muitas vezes não agem de forma isolada, cada um fazendo seu papel. Existe um Sistema, chamado Sistema REDOX no qual um interfere re-utilização do outro. Eles se "regeneram" mutuamente.
A seguir serão listados os principais antioxidantes e outras vitaminas e minerais que são antioxidantes indiretos:
Vitamina C
Vitamina lipossolúvel, age bem em meio aquoso. O ácido ascórbico é um excelente agente redutor (doador de elétrons), reduzindo Ferro ³+ (férrico) a Ferro²+(ferroso). Reage rapidamente com O2¯ (radical livre superóxido) e OH° (radical livre hidroxila) formando semidehidroascorbato e assim evitando ações deletérias destes radicais livres. Detoxifica vários radicais orgânicos por redução.
Tem importante papel na cicatrização, aumenta a resistência às infecções, potencializa a absorção de ferro.
É fundamental para a formação de colágeno, principal componente das articulções, pele.
São fontes de vitamina C: frutas cítricas, vegetais folhosos, legumes.
Sua deficiência provoca Escorbuto, uma doença caracterizada por feridas que não cicatrizam, gengivas que sangram, pele áspera e atrofia muscular.
Vitamina E
Vitamina Lipossolúvel, agindo bem em meio lipídico. Existem 8 isômeros da vitamina E, 4 tocoferóis e 4 tocotrienóis, sendo o alfa-tocoferol o mais conhecido e com maior potência antioxidante. É o mais importante destruidor de radicais livres em meio lipídico (principalmente na membrana celular, evitando a peroxidação lipídica). Reage contra os radicais peroxil e alcoxil.
É um excelente antioxidante por agir bem em membrana celular, com isso previne danos celulares. Mantém a integridade da pele.
São fontes de vitamina E: gérmen de trigo, óleo de soja, de algodão, de milho, de girassol, gema de ovo, vegetais folhosos e legumes.
Vitamina A
Também denominada retinol e é facilmente transformada no corpo humano em ácido retinóico, que é a forma ativa. Este existe em duas formas principais: all-trans retinoic acid (ATRA, o mais importante) e 9-cis retinoic acid (9-cis RA). A maior parte das funções da vitamina A são realizada por seus receptores, que são fatores de transcrição da família de receptores nucleares. Por estes receptores, o ácido retinóico pode afetar quase todas as funções na célula humana. Sabendo isso, é simples entender porque a vitamina A deve ser consumida em quantidades normais. Essencial para visão, desenvolvimento dos ossos e formação da pele. Atua no sistema de defesa do organismo e no processo de reprodução.
São fontes de vitamina A: Óleo de fígado de bacalhau, carnes e alimentos ricos em betacaroteno como cenoura, batata doce, brócolis, espinafre, tomate, mamão, abóbora e melão.
Sua deficiência pode causar atraso no crescimento, cegueira noturna, manchas brancas nos olhos e lesões na pele.
Devido a toxicidade hepática, tem se preferido prescrever os precurssores da vitamina A (catorenóides). Carotenóide é qualquer substância química de um grupo de substâncias tetraterpênicas relacionadas ao caroteno, que são pigmentos amplamente difundidos na natureza. Caracterizam-se por apresentar moléculas oxidáveis, exibir cores que vão do amarelo ao vermelho, ser lipossolúveis, encontradiças em vegetais. Dividem-se em carotenos e xantofilas. Sendo que os carotenos diferente das xantofilas, não possuem oxigênio na sua fórmula química. O Beta-caroteno é o mais conhecido e estudo entre os carotenóides, sabe-se que ele é eficiente contra a peroxidação lipídica,através de um processo de "quenching” (saciedade) dos RL,especialmente Oxigênio “singlet”. Sua eficácia na varredura parece ser devido à presença de duplas ligações em sua longa cadeia.
Glutation (GSH)
Glutationa, glutationo ou glutatião (γ-glutamilcisteinilglicina) é um antioxidante hidrossolúvel, reconhecido como o tiol não-protéico mais importante nos sistemas vivos. Trata-se de um tripéptido linear, constituído por três aminoácidos: ácido glutâmico, cisteína e glicina, sendo o grupo tiol da cisteína o local activo responsável pelas suas propriedades bioquímicas. Existe, na maioria das células (com maior concentração no fígado). Pode encontrar-se na forma reduzida (GSH) ou oxidada (GSSG, forma dimerizada da GSH). A importância deste par é tal que a razão GSH/GSSG é normalmente utilizada para estimar o estado redox dos sistemas biológicos. É um marcador da saúde celular. Sua queda. indica lesão oxidante. É muito versátil, reduzindo H2O2,Superóxido e Hidroxila,além de anular os danos provocados pelos Peróxidos. Além disso tem importantíssima ação na metabolização de xenobióticos como co-factor da glutationa-S-transferase.
Existem outros antioxidantes, sendo que a cada dia a ciência desvenda mais e mais novas substâncias com poder antioxidante.
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
10:10
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