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sábado, 30 de agosto de 2025

Doutor, eu devo tomar testosterona ?


Entenda quando a TRT é indicada, exames necessários, contraindicações, efeitos adversos e opções naturais. Conteúdo médico com evidências e segurança

Antes de começar o texto, saliento que não prescrevo testosterona, sequer tenho receituário azul. Posso até investigar o déficit por ser médico, mas na minha concepção, quem deve prescrever e conduzir o caso é o Endocrinologista ou Urologista. 

O que é a terapia de reposição de testosterona?

A terapia de reposição de testosterona, conhecida como TRT, é um tratamento médico usado quando o corpo não produz esse hormônio em quantidades suficientes.


A testosterona é essencial para a energia, a força muscular, a saúde sexual e até o bem-estar emocional.
Muitos homens ouvem falar da TRT como solução rápida para melhorar a disposição e o físico, mas nem sempre isso é verdade.


Na prática, ela só é indicada em casos de deficiência comprovada. Por isso, não deve ser usada sem uma avaliação médica criteriosa. O uso indevido pode trazer mais riscos do que benefícios.

Por que a testosterona é importante para o corpo?

Esse hormônio influencia diretamente a massa muscular, a distribuição de gordura e a saúde óssea. Além disso, regula a libido, a função sexual e até a produção de espermatozoides. A testosterona também está ligada ao humor, à motivação e à memória. Quando ela está baixa, sintomas como cansaço, desânimo e perda de força podem aparecer. Ou seja, trata-se de um hormônio que impacta diversas áreas da vida. Por isso, qualquer alteração deve ser investigada de forma responsável.

Quando desconfiar de baixa testosterona?

Alguns sinais levantam a suspeita de que os níveis de testosterona podem estar baixos.
Entre eles estão a queda de libido, disfunção erétil e diminuição das ereções matinais.
Também são comuns o aumento da gordura abdominal, a redução da massa muscular e a fadiga persistente.
Mudanças no humor, como irritabilidade e tristeza, podem estar relacionadas.
Queda de pelos corporais e alterações no sono também chamam atenção.
Esses sintomas devem ser avaliados em conjunto e não isoladamente.

É verdade que todo homem mais velho precisa de reposição?

Não! Esse é um mito muito comum.
Com o passar da idade, é natural que os níveis de testosterona diminuam um pouco.
Mas isso não significa que todo homem mais velho precise de reposição hormonal.
A TRT só é indicada quando há sintomas associados a exames laboratoriais confirmando o déficit.
Muitos homens mais velhos mantêm bons níveis do hormônio sem precisar de tratamento.
Portanto, cada caso deve ser analisado individualmente.

Quais exames são necessários para investigar a testosterona?

O exame principal é a dosagem de testosterona total no sangue, coletada pela manhã.
Em alguns casos, também é importante avaliar a testosterona livre, que mostra a fração ativa do hormônio.
Além disso, o médico pode solicitar exames como LH, FSH, estradiol, prolactina e hormônios da tireoide.
Esses testes ajudam a entender se a baixa testosterona é causada por problemas nos testículos ou no cérebro.
Também pode ser necessário avaliar o PSA, importante para a saúde da próstata.
Ou seja, é uma investigação completa, que não pode ser feita às pressas.

Causas mais comuns da baixa testosterona

Entre os motivos estão doenças crônicas, obesidade, uso de certos medicamentos e o envelhecimento natural.
Infecções nos testículos, traumas e histórico de quimioterapia também podem estar envolvidos.
O uso de drogas como maconha, cocaína e álcool em excesso pode diminuir a produção do hormônio.
Outro fator importante é a falta de sono adequado, que reduz os pulsos naturais de testosterona.
O excesso de estresse também prejudica a saúde hormonal.
Muitas vezes, mudar o estilo de vida já ajuda a recuperar os níveis.

A obesidade pode diminuir a testosterona?

Sim, e isso é mais comum do que se imagina.
A gordura abdominal em excesso aumenta a transformação da testosterona em estrógeno, um hormônio feminino.
Além disso, o excesso de peso reduz os pulsos hormonais que estimulam a produção testicular.
Por isso, muitos homens obesos apresentam sintomas típicos de hipogonadismo.
A boa notícia é que perder peso ajuda a normalizar os níveis hormonais.
Muitas vezes, emagrecer é mais eficaz do que usar reposição.

O sono influencia nos níveis de testosterona?

Dormir bem é essencial para manter o equilíbrio hormonal.
Durante o sono profundo, o corpo libera os pulsos que estimulam a produção de testosterona.
Quem dorme mal ou tem apneia do sono tende a apresentar níveis mais baixos do hormônio.
Além disso, a falta de descanso aumenta o estresse e o cortisol, que competem com a testosterona.
Por isso, melhorar a qualidade do sono pode trazer benefícios significativos.
Antes de pensar em reposição, esse é um ponto a ser corrigido.

Quais riscos existem em usar testosterona sem necessidade?

Muitas pessoas acreditam que a testosterona só traz benefícios, mas isso é um grande engano.
O uso sem indicação pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, como infarto e AVC.
Também pode causar infertilidade, pois o corpo deixa de produzir espermatozoides naturalmente.
Outros efeitos incluem aumento do hematócrito, piora da queda de cabelo e ginecomastia (crescimento das mamas nos homens).
Além disso, pode prejudicar a próstata, aumentando risco de câncer ou hiperplasia.
Por isso, a automedicação nunca é uma opção segura.

Quem pode prescrever e acompanhar a TRT?

Somente médicos podem prescrever a reposição de testosterona.
Normalmente, essa função é de endocrinologistas ou urologistas.
O papel do nutrólogo ou do clínico é investigar sintomas, solicitar exames e encaminhar quando necessário.
É fundamental que o acompanhamento seja feito por um profissional capacitado.
O paciente deve ter consultas regulares e realizar exames de controle de forma periódica.
Isso garante que o tratamento seja eficaz e seguro ao mesmo tempo.

Medicamentos que podem reduzir a testosterona

Alguns remédios podem diminuir a produção ou a ação da testosterona no corpo.
Entre eles estão antidepressivos antigos, corticoides, opioides e certos medicamentos para pressão.
Até mesmo drogas comuns, como o álcool em excesso, podem afetar o equilíbrio hormonal.
Por isso, o médico sempre deve revisar a lista de medicamentos do paciente.
Em alguns casos, apenas trocar ou suspender um remédio já resolve o problema.
Isso mostra que nem sempre a solução está na reposição hormonal.

Hábitos de vida que afetam a testosterona

O estilo de vida moderno pode prejudicar bastante a saúde hormonal.
Dormir mal, ter má alimentação, usar álcool e tabaco são fatores que reduzem os níveis de testosterona.
A exposição a substâncias químicas chamadas de disruptores endócrinos também tem impacto negativo.
Essas substâncias estão em plásticos, pesticidas e alguns cosméticos.
A prática de atividade física regular ajuda a manter o equilíbrio hormonal.
Ou seja, cuidar do dia a dia já faz grande diferença para a saúde do homem.

O impacto da obesidade na produção hormonal

A obesidade é um dos principais inimigos da testosterona.
O excesso de gordura, especialmente na barriga, favorece a transformação desse hormônio em estrogênio.
Isso desequilibra ainda mais o metabolismo e gera sintomas de cansaço e baixa libido.
Além disso, a obesidade aumenta o risco de apneia do sono, que também reduz a testosterona.
Por isso, perder peso é uma estratégia fundamental antes de pensar em TRT.
Muitas vezes, só essa medida já traz melhora significativa.

Apneia do sono e baixa testosterona

A apneia do sono é caracterizada por pausas respiratórias durante a noite.
Esse distúrbio atrapalha o descanso profundo, que é essencial para a produção hormonal.
Homens com apneia tendem a ter níveis mais baixos de testosterona.
E se eles fazem reposição sem tratar a apneia, o problema respiratório pode piorar.
O diagnóstico é feito por exames específicos de sono, como a polissonografia.
Tratar a apneia pode melhorar não só o hormônio, mas também a qualidade de vida.

Reverter a causa ou repor o hormônio?

Antes de iniciar a reposição, é fundamental entender o motivo da queda da testosterona.
Se a causa for má qualidade do sono, obesidade ou uso de remédios, essas situações devem ser corrigidas.
Muitas vezes, só isso já é suficiente para normalizar os níveis.
A reposição é indicada apenas quando não há melhora mesmo após o tratamento da causa.
Isso evita que o paciente use hormônio sem necessidade e sofra os efeitos colaterais.
É sempre melhor atacar a raiz do problema do que apenas mascarar os sintomas.

Tratamentos que estimulam a produção natural

Em homens mais jovens, existem opções que estimulam o corpo a voltar a produzir testosterona sozinho. Entre elas está o uso de medicamentos como o citrato de clomifeno ou o hCG. Essas substâncias fazem o organismo retomar a produção natural do hormônio. Essa abordagem é especialmente útil para quem ainda deseja ter filhos. Isso porque a TRT pode reduzir ou até bloquear a produção de espermatozoides. Estimular a produção natural é uma forma mais segura nesses casos.

Formas de reposição de testosterona

Quando a reposição realmente é necessária, existem várias formas disponíveis.
As principais são: comprimidos, géis de uso diário, injeções e implantes subcutâneos.
Cada método tem vantagens e desvantagens em termos de praticidade e efeitos colaterais.
Por exemplo, os géis são mais fáceis de usar, mas podem passar hormônio para outras pessoas pelo contato da pele.
Já as injeções podem causar picos e quedas no humor e na disposição.
A escolha sempre deve ser feita junto com o médico.

A testosterona em comprimidos

As cápsulas ou comprimidos são uma opção de reposição, mas têm limitações.
Alguns tipos podem sobrecarregar o fígado e causar alterações no colesterol.
Por isso, não são a forma mais recomendada na maioria dos casos.
Existem versões mais modernas, como o undecanoato oral, que são menos agressivas.
Mesmo assim, elas exigem uso acompanhado de refeições ricas em gordura para melhor absorção.
Esse detalhe pode dificultar a adesão do paciente ao tratamento.

A testosterona em gel

O gel de testosterona é bastante usado porque mantém níveis mais estáveis no sangue.
A aplicação é feita todos os dias na pele, geralmente nos ombros ou abdômen.
Um dos principais cuidados é evitar o contato com crianças ou parceiros logo após o uso.
Isso porque o hormônio pode ser transferido pela pele e causar efeitos indesejados.
A adesão costuma ser boa, desde que o paciente siga corretamente as orientações.
É uma opção segura para muitos homens que necessitam de reposição.

A testosterona injetável

As injeções de testosterona são muito utilizadas por sua praticidade e baixo custo.
Existem opções de curta duração, aplicadas a cada 2 ou 3 semanas, e de longa duração, feitas a cada 3 meses.
O problema é que as de curta ação causam picos e quedas de humor e energia.
Já as de longa duração têm melhor estabilidade, mas custo mais alto.
Um dos riscos principais das injeções é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o acompanhamento médico regular é indispensável.

A testosterona em adesivos

Outra forma de reposição é o uso de adesivos transdérmicos.
Eles liberam o hormônio de forma contínua e estável na pele.
Apesar de práticos, podem causar irritações locais, como vermelhidão e coceira.
No Brasil, ainda não estão amplamente disponíveis, o que limita seu uso.
Além disso, costumam ter custo mais elevado em comparação a outras formas.
Mesmo assim, são uma alternativa válida em alguns casos específicos.

Implantes de testosterona (“chips”)

Os implantes, conhecidos popularmente como “chips”, ficam debaixo da pele e liberam testosterona por meses. Eles oferecem praticidade, pois não exigem aplicação frequente como os géis ou injeções.
Por outro lado, podem causar infecção no local ou serem expulsos pelo organismo.
Outra desvantagem é a dificuldade em ajustar a dose caso surjam efeitos colaterais. Por isso, só devem ser usados em situações muito bem indicadas. Porém, no Brasil não há produto disponível na indústria farmacêutica, ou seja, na minha visão não há segurança na prescrição de implantes manipulados. Por isso, endocrinologistas sérios não prescrevem.

Quem não pode usar testosterona?

A TRT não é indicada para todo mundo. Homens com câncer de próstata ou mama, nódulos suspeitos na próstata ou PSA alterado não devem usar. Também não é indicada em casos de apneia do sono não tratada, insuficiência cardíaca grave ou problemas no fígado. Outra contraindicação é o hematócrito muito elevado, que pode aumentar o risco de trombose. Essas situações precisam ser cuidadosamente avaliadas antes de iniciar o tratamento. A segurança do paciente deve vir sempre em primeiro lugar.

Exames antes de iniciar a reposição

Antes de começar a TRT, o médico deve pedir uma série de exames. Esses exames ajudam a identificar riscos e a garantir que o tratamento seja seguro. Também é importante fazer um exame físico completo e, se indicado, o toque retal. Em alguns casos, pode ser necessário avaliar a fertilidade com espermograma. Essa etapa de prevenção evita complicações futuras. O endocrinologista ou urologista saberão quais exames mais indicados para o seu caso. 

Acompanhamento durante o tratamento

Depois que a TRT é iniciada, o acompanhamento médico deve ser contínuo. Os exames precisam ser repetidos a cada 3 a 6 meses no início do tratamento. Esse controle serve para ajustar a dose e evitar efeitos colaterais graves.
Além disso, sintomas como mudanças no humor, acne ou queda de cabelo devem ser monitorados.
O acompanhamento é tão importante quanto o início do tratamento.

Efeitos colaterais mais comuns da testosterona

O uso de testosterona pode trazer alguns efeitos indesejados.
Entre eles estão oleosidade na pele, acne, aumento da queda de cabelo e ginecomastia.
Alguns homens também podem notar alterações no humor e maior irritabilidade.
A longo prazo, a TRT pode reduzir a produção natural do esperma, levando à infertilidade.
Outro risco é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o tratamento nunca deve ser feito sem supervisão médica.

Efeitos colaterais de acordo com a forma usada

Cada forma de reposição tem seus efeitos adversos específicos.
Os comprimidos podem prejudicar o fígado e alterar o colesterol.
Os implantes podem causar infecção no local da aplicação.
As injeções podem gerar dor local e oscilações de humor e energia.
Os géis apresentam risco de transferência do hormônio para outras pessoas.
Já os adesivos podem causar irritações de pele.

A relação da testosterona com o coração

Um dos temas mais discutidos é se a TRT aumenta o risco de problemas cardíacos. Alguns estudos sugerem que o uso pode elevar as chances de infarto e AVC. Por outro lado, a própria deficiência de testosterona também está associada a risco cardiovascular maior. Isso mostra que a relação é complexa e ainda não totalmente esclarecida. O mais seguro é individualizar a decisão, avaliando os fatores de risco de cada paciente. E sempre manter acompanhamento próximo com o médico.

O que dizem os estudos científicos

Pesquisas já mostraram resultados diferentes sobre os riscos da TRT.
Um estudo americano com idosos teve que ser interrompido por aumento de eventos cardíacos.
Por outro lado, outro trabalho mostrou que pacientes tratados tiveram menos problemas cardiovasculares.
Essas diferenças acontecem porque os estudos usam metodologias distintas.
Ainda faltam pesquisas grandes e de longo prazo para conclusões definitivas.
Por isso, a decisão deve ser sempre personalizada.

A testosterona afeta a fertilidade?

Sim, esse é um dos pontos mais importantes a serem discutidos antes da TRT.
A reposição pode reduzir a produção de espermatozoides, dificultando a fertilidade.
Isso acontece porque o corpo entende que já existe hormônio suficiente e reduz a produção natural.
Por isso, homens que desejam ter filhos devem conversar sobre alternativas antes do tratamento.
Em alguns casos, pode ser melhor estimular a produção natural em vez de repor diretamente.
Esse detalhe precisa ser esclarecido já na primeira consulta

Alternativas naturais para melhorar a testosterona

Nem sempre a solução está na reposição hormonal. Existem formas naturais de aumentar a testosterona ou pelo menos melhorar seus efeitos no corpo. O emagrecimento, a prática regular de exercícios de força e a melhora do sono são fundamentais. A alimentação equilibrada, rica em vitaminas e minerais, também ajuda. Reduzir o estresse e o consumo de álcool faz diferença nos níveis hormonais.
Essas medidas devem ser sempre o primeiro passo antes de pensar em TRT.

O papel da atividade física

O exercício físico é um dos maiores aliados da saúde hormonal. Treinos de força, como musculação, ajudam a aumentar naturalmente a testosterona. Além disso, diminuem a gordura corporal e melhoram a sensibilidade à insulina. O resultado é um corpo mais saudável, com mais energia e disposição. Atividades aeróbicas também são importantes para a saúde cardiovascular. O ideal é combinar ambos os tipos de treino para melhores resultados.

A importância da alimentação

Uma dieta equilibrada é essencial para manter os hormônios em ordem. Alimentos ricos em zinco, como castanhas e frutos do mar, favorecem a produção de testosterona. As gorduras boas, como azeite e peixes, também participam da síntese hormonal. Já o excesso de açúcar, frituras e ultraprocessados prejudica o equilíbrio do corpo. Beber água suficiente e evitar o álcool em excesso também ajuda. Ou seja, o prato do dia a dia pode ser um grande aliado da saúde hormonal.

O sono como regulador hormonal

Dormir bem é quase tão importante quanto se alimentar bem e se exercitar. Durante o sono profundo, o corpo libera hormônios que estimulam a produção de testosterona. Quem dorme pouco ou mal tende a ter queda significativa dos níveis hormonais. A apneia do sono, por exemplo, é uma das causas mais frequentes de déficit de testosterona. Cuidar da higiene do sono é uma estratégia simples e poderosa. Muitas vezes, basta regular o descanso para sentir melhora nos sintomas.

O impacto do estresse no corpo

O estresse crônico aumenta a produção de cortisol, o hormônio do “estado de alerta”. Quando o cortisol fica alto por muito tempo, ele atrapalha a produção de testosterona. Isso leva a sintomas como fadiga, queda da libido e dificuldade de ganhar massa muscular. Práticas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, ajudam a equilibrar. Atividades prazerosas também contribuem para reduzir a tensão do dia a dia. Controlar o estresse é essencial para manter o equilíbrio hormonal.

Fitoterápicos que podem auxiliar

Algumas plantas são estudadas por seus possíveis efeitos sobre a testosterona.
Entre elas estão o tribulus terrestris, o ginseng e a maca peruana.
Esses fitoterápicos podem ajudar na disposição, libido e energia.
No entanto, os estudos ainda são limitados e os resultados variam entre pessoas.
Eles podem ser usados como complemento, mas nunca substituem o acompanhamento médico.
Sempre é importante ter orientação profissional antes de iniciar o uso.

Tribulus terrestris: o mais famoso

O tribulus é uma planta tradicionalmente usada para melhorar a libido. Alguns estudos sugerem que pode aumentar a testosterona em certos casos. Ele também pode trazer ganhos na disposição e na performance física. Mas os resultados não são iguais para todos os homens. Em alguns, a melhora é perceptível; em outros, quase inexistente. De qualquer forma, é considerado seguro em doses adequadas.

O ginseng e seus efeitos

O ginseng é muito usado na medicina oriental como um tônico natural. Ele pode ajudar na energia, na memória e até na função sexual. Estudos indicam que pode melhorar a circulação e a ereção em alguns homens. Também pode trazer benefícios para a imunidade e reduzir a fadiga. Embora não aumente tanto a testosterona diretamente, melhora a vitalidade geral. Por isso, é visto como um aliado complementar no cuidado masculino.

A maca peruana

A maca é uma raiz cultivada nos Andes e usada há séculos para vitalidade. Ela é considerada um adaptógeno, ou seja, ajuda o corpo a lidar melhor com o estresse. Alguns estudos mostram melhora da libido e da fertilidade com seu uso. No entanto, assim como o tribulus, seus efeitos variam bastante entre indivíduos. É uma opção natural com poucos efeitos colaterais relatados. Pode ser incluída como parte de um estilo de vida saudável.

Outros nutrientes importantes

Além dos fitoterápicos, certos nutrientes também influenciam na produção de testosterona.
O zinco, o magnésio e a vitamina D são alguns dos mais relevantes. A deficiência deles pode levar à queda dos níveis hormonais e piora dos sintomas. A suplementação pode ser indicada em casos de carência confirmada. Mas, quando a dieta é equilibrada, muitas vezes já se consegue um bom aporte.
Por isso, a alimentação continua sendo a base de qualquer estratégia.

O risco do uso sem acompanhamento médico

Um dos maiores problemas atuais é o uso indiscriminado de testosterona. Muitos homens começam a aplicar injeções ou usar géis por conta própria. Sem exames e sem supervisão, os riscos aumentam de forma significativa. Isso pode levar a complicações graves, como infertilidade e problemas cardiovasculares. Além disso, a reposição mal indicada pode mascarar doenças importantes. Por isso, nunca é seguro iniciar o tratamento sem orientação médica.

Testosterona e risco cardiovascular

Existe um debate sobre a relação entre TRT e o coração. Alguns estudos mostram que a reposição pode aumentar o risco de infarto e AVC. Outros, no entanto, indicam que a deficiência também é prejudicial ao coração. Isso significa que cada caso deve ser avaliado individualmente. Homens com fatores de risco, como diabetes e hipertensão, exigem atenção redobrada. O médico é quem deve pesar riscos e benefícios antes da prescrição.

Testosterona e a saúde da próstata

A saúde da próstata é uma preocupação central no uso da testosterona. Pacientes com câncer de próstata não devem fazer reposição. Mesmo homens sem câncer precisam acompanhar o PSA regularmente. A reposição pode acelerar o crescimento de tumores já existentes. Por isso, exames preventivos são obrigatórios antes e durante a TRT. Esse cuidado protege a saúde masculina a longo prazo.

TRT e saúde óssea

A testosterona também tem impacto direto sobre os ossos. Níveis baixos aumentam o risco de osteopenia e osteoporose. Homens com deficiência podem ter mais fraturas e perda de densidade óssea. Nesses casos, a reposição pode ser uma aliada importante. Ela ajuda a preservar a estrutura óssea e reduzir riscos de quedas. No entanto, só deve ser feita quando realmente necessária.

TRT e saúde sexual

Um dos motivos que mais levam homens ao consultório é a queda da libido. A TRT pode melhorar a vida sexual quando a causa é realmente hormonal.  Ela aumenta o desejo, melhora a ereção e pode elevar a autoconfiança. No entanto, nem toda disfunção erétil é causada por testosterona baixa. Problemas psicológicos, diabetes e doenças vasculares também interferem. Por isso, é importante investigar todas as causas antes do tratamento.

TRT e humor

A testosterona também influencia o bem-estar mental. Homens com deficiência podem ter irritabilidade, tristeza e falta de motivação. Quando usada corretamente, a reposição pode melhorar esses sintomas. Mas se o problema for ansiedade ou depressão, a TRT não resolve sozinha. Nesses casos, o acompanhamento psicológico é fundamental. A saúde mental deve caminhar junto com a saúde hormonal.

TRT e composição corporal

Muitos associam a testosterona ao ganho de massa muscular. De fato, homens com deficiência podem melhorar força e massa magra com a reposição. Ela também ajuda a reduzir a gordura abdominal. Mas é preciso lembrar que a TRT não substitui treino e alimentação. Sem hábitos saudáveis, os resultados não aparecem. O hormônio é um aliado, mas não faz milagres. Importante salientar que a prescrição de testosterona para fins estéticos é PROIBIDA pelo Conselho Federal de Medicina. Também não encontra respaldo de segurança na literatura. 

TRT e infertilidade

Um ponto importante é que a TRT pode reduzir a fertilidade. Isso porque o corpo entende que já há hormônio suficiente e diminui a produção natural. Com isso, a produção de espermatozoides cai de forma significativa. Homens que planejam ter filhos devem conversar com o médico antes. Existem alternativas para estimular a produção natural sem afetar tanto a fertilidade. Essa decisão precisa ser individualizada.

Terapia pós-ciclo: o que é isso?

Muitos homens usam testosterona de forma irregular em “ciclos” para fins estéticos. Depois, procuram médicos pedindo ajuda para recuperar o equilíbrio hormonal. Essa prática pode trazer sérios prejuízos para o corpo e a mente. A chamada “terapia pós-ciclo” tenta reativar a produção natural do organismo. Na maioria das vezes, envolve medicamentos específicos e acompanhamento rigoroso. É mais um motivo para evitar o uso sem necessidade.

O papel da nutrologia e de outras especialidades

A avaliação de testosterona envolve várias áreas da medicina. O nutrólogo pode ajudar a identificar fatores ligados ao estilo de vida e à alimentação. O endocrinologista e o urologista são os principais responsáveis pela reposição. O cardiologista pode ser chamado quando existem riscos cardiovasculares. Já o psicólogo e o psiquiatra atuam nos sintomas emocionais relacionados. Essa visão integrada traz mais segurança e resultados melhores para o paciente.

O perigo da automedicação

Infelizmente a automedicação com testosterona tem crescido nos últimos anos. Muitos homens compram hormônios pela internet ou em academias, sem qualquer segurança. Esse hábito aumenta muito o risco de efeitos colaterais graves e irreversíveis. Além disso, a maioria desses produtos não tem controle de qualidade. Isso significa que podem estar contaminados ou até adulterados. Usar sem acompanhamento médico é colocar a saúde em risco.

Conclusão

Reposição de testosterona deve ser feita por Endocrinologista ou Urologista, destinada apenas para quem apresenta déficit laboratorial e sintomatologia compatível. 


REFERÊNCIAS


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Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Funcho e erva-doce são a mesma coisa?

Se você gosta de chás e estuda fitoterapia, é provável que você já tenha confundido o funcho com a erva-doce em algum momento! Também conhecida como funcho-doce, essa herbácea é considerada uma erva medicinal. 

A espécie Foeniculum vulgare é muito bem aproveitada por aqueles que a consomem, seja na culinária ou como bebida. Nativo da Europa e do Norte da África, o funcho é uma planta silvestre disseminada em larga escala no Mediterrâneo, mas também pelo mundo afora. A herbácea é extremamente aromática e muito bem aproveitada pela indústria farmacêutica e de cosméticos. Dela é possível extrair o óleo essencial de funcho, que tem efeito relaxante. Porém, além disso, a planta também é considerada um ótimo ingrediente para preparos culinários e receitas medicinais.

Mas qual a diferença entre funcho e erva-doce?

Apesar de ser muito confundido com a erva-doce (Pimpinella anisum), o funcho-doce possui aspectos que o diferencia fortemente da outra espécie. Ambas têm o talo e as folhas consumidas em receitas e apresentam sabor semelhante, mas possuem propriedades variantes. 

A Foeniculum vulgare se destaca pelas flores amarelas e rendadas, diferentemente da erva-doce, que tem flores brancas. Os motivos para consumir o chá de erva-doce são bem específicos, assim como no caso do chá de funcho.


Funcho: flores amarelas

Erva-doce


Planta medicinal melhora digestão e reduz gases

O funcho tem algumas propriedades medicinais para a saúde digestiva. O alimento conta com diversos nutrientes em sua composição, como fibras alimentares, vitaminas do tipo A, C e do complexo B, além de sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, sódio e zinco. Todos em quantidades muito pequenas. O funcho tem ações expectorantes e pode ajudar em sintomas gastrintestinais.

O consumo da planta medicinal é muito indicado para pessoas que sofrem com flatulências e dores abdominais constantes. Além disso, a erva apresenta efeitos positivos para o tratamento de outros tipos de problemas relacionados ao sistema digestivo, facilitando o processo de digestão - mesmo em casos de comidas mais pesadas - e a absorção dos nutrientes. O funcho também ajuda na redução do mau hálito.

Saiba para que serve chá de funcho e como fazê-lo

O chá de funcho é uma boa opção para pessoas de qualquer idade que estejam sofrendo de problemas digestivos ou intestinais (mas antes passe em consulta médica). A bebida é bem simples de ser preparada. Para fazer o chá, você deve utilizar 1 colher de sementes de funcho ou as folhas da planta trituradas. Coloque-as em uma xícara de água fervente, tampe e espere de 12 a 15 minutos para a infusão ser concluída e a bebida fique morna. Depois, coe para retirar os resíduos do alimento. Por fim, é só beber!

Abaixo algumas receitas que você pode fazer com a erva-doce.





Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE11915
Gostou do texto sobre Funcho e quer conhecer mais sobre o meu trabalho, clique aqui. 

domingo, 23 de junho de 2024

Lipedema - Conceito, diagnóstico, tratamento e como o nutrólogo pode te auxiliar?

 

Lipedema: muito além do hype

Que o tema está na moda, todo mundo sabe, o que não te contam é que pouco se sabe ainda, sobre o tratamento realmente eficaz para o Lipedema.

Mas o que é lipedema? Como diferenciar lipedema de obesidade? Como se faz o diagnóstico de lipedema? Quais os tratamentos disponíveis para o lipedema?

Antes de tudo, é preciso salientar que a doença não é nova, mas ganhou "fama" por conta de profissionais que querem vender soluções milagrosas. Se tem o esperto para vender solução, tem o bobo para comprá-la.

O lipedema (ou lipofilia membralis) é uma patologia inflamatória (de baixo grau) e crônica do sistema linfático e gorduroso. Nele há um acúmulo desproporcional de gordura, nas extremidades (membros, porém, especialmente nos membros inferiores). 

Além desse acúmulo de gordura, o paciente queixa-se de desconforto na região do acúmulo, como por exemplo sensação de peso nas pernas, inchaço, dor e hematomas que surgem facilmente.

Por ter uma característica inflamatória (quando a biópsia dessa gordura é vista pelo patologista), vários profissionais postularam que uma dieta antiinflamatória e uso de nutracêuticos (antiiflamatórios e antioxidantes) poderiam auxiliar no tratamento.

Prevalência e confusão no diagnóstico

Descrito pela primeira vez na medicina nos anos 1940 nos Estados Unidos, o lipedema afeta 1 a cada 10 mulheres, o que soma cerca de 5 milhões de brasileiras. Ou seja, é uma doença de alta prevalência, porém de baixo reconhecimento e diagnóstico, sendo frequentemente subdiagnosticado ou confundido com obesidade ginecoide, linfedema ou mesmo insuficiência venosa. No mundo todo, acredita-se que acometa mais de 10% das mulheres.

Por levar a alterações na silhueta corporal, o quadro é frequentemente rotulado de questão estética, o que não é, pois trata-se de uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua inclusão na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) passou a vigorar em janeiro de 2022:  EF02.2

Qual a fisiopatologia? Como surge?

Ainda não sabemos ao certo o mecanismo fisiopatológico do lipedema, porém, sabemos que há envolvimento de fatores hormonais e forte componente genético. Sendo mais comum em mulheres que em homens.

É comum o relato que o acúmulo iniciou na puberdade, após gravidez, uso de anticoncepcionais ou até mesmo após menopausa. Alguns pesquisadores correlacionam as alterações nos níveis de estrogênio e progesterona como gatilho para o desencadeamento. Esses hormônios estimulariam certos grupos de células de gordura a inflar de um modo anormal. Daí a condição ser praticamente exclusiva das mulheres. 
 
Sabe-se que além do acúmulo de gordura (hiperplasia e hipertrofia dos acipócitos), existe uma maior prevalência de substâncias (citocinas) pró-inflamatórias. Isso provavelmente leva a alteração nos capilares, tornando-os frágeis, o que pode facilitar o surgimento dos hematomas. A infiltração gordurosa acaba alterando os vasos linfáticos e com isso ocorre uma hiperpermeabilidade, levando a uma retenção de líquidos. Além disso ocorre uma privação de oxigênio o que ocasiona dor e posteriormente fibrose local, o que torna a doença progressiva. Também há uma redução da mobilidade do membro, o que perpetua o processo.

Diagnóstico 

Os critérios diagnósticos do lipedema, descritos por Wold et al. (1951) e modificados por Herbst, envolvem tendência a hematomas, aumento de volume dos membros simétrico e bilateral poupando pés e mãos e hipersensibilidade local.    É importante salientar, que diferente da obesidade, no lipedema a circunferência dos membros não reduz após a perda de peso.

Critérios clínicos para o diagnóstico de lipedema:
  • Distribuição DESPROPORCIONAL da gordura corporal. Ou seja, acumulando mais em membros superiores ou inferiores
  • Nenhuma ou limitada influência da perda de peso na distribuição da gordura nos membros
  • Hipertrofia dos adipócitos bilateral, simétrica e desproporcional nos membros
  • Poupa preservação das mãos e pés (fenômeno do manguito)
  • Envolvimento dos braços aproximadamente 30%
  • Sinal de Stemmer negativo
  • Sensação de peso e tensão nos membros afetados
  • Dor à pressão e ao toque nos membros
  • Edema sem depressões
  • Tendência acentuada para formação de hematomas
  • Piora dos sintomas ao longo do dia
  • Não é melhora da dor ou do desconforto com a elevação dos membros
  • Telangiectasias e marcas vasculares visíveis ao redor dos depósitos de gordura
  • Hipotermia da pele
Ao exame físico a paciente pode apresentar:
Parte proximal do membro inferior:
Distribuição desproporcional de gordura
Gordura cutânea circunferencialmente espessada
Parte distal do membro inferior: 
Espessamento proximal da gordura subcutânea
Espessamento distal da gordura subcutânea, acompanhado de peito do pé delgado (sinal do manguito)
Parte proximal do braço:
Gordura subcutânea significativamente espessada em comparação com a vizinhança
Parada repentina no cotovelo
Parte distal do braço: 
Gordura subcutânea espessada, acompanhada de dorso da mão delgado (sinal do manguito)

Alguns autores propuseram a criação de um questionário de rastreamento.

Doenças que podem coexistir com o Lipedema

Dentre as doenças associadas ao lipedema pode-se citar: linfedema, obesidade, doenças venosas,  doenças articulares e o Transtorno do espectro de hipermobilidade (hipermobilidade articular) ou TEh. 
Até 58% dos casos podem cursar com TEh Sendo muito comum em portadoras de Síndrome de Ehlers Danlos do tipo Hipermóvel. Essa coexistência reforça a contribuição de um distúrbio em tecido conectivo na fisiopatologia do lipedema. Para conhecer mais sobre a Síndrome de Ehlers Danlos (SEDh) clique aqui: https://www.ecologiamedica.net/2023/03/sindrome-de-ehlers-danlos.html

Classificação do lipedema e os estágios

Pode-se classificar o lipedema em 5 subtipos, a depender da distribuição de tecido adiposo: 
  • Tipo I (aumento da deposição em quadris e coxas), 
  • Tipo II (extensão até joelhos, principalmente em face interna), 
  • Tipo III (até tornozelo), t
  • Tipo IV (acometimento de membros superiores): 30% dos casos
  • Tipo V (apenas porção inferior das pernas é afetada). 

Também pode ser estratificado em 4 estágios considerando a gravidade: 
  • Estágio 1 (pequenos nódulos subcutâneos palpáveis sem alterações cutâneas), 
  • Estágio 2 (lipoesclerose nodular com irregularidades cutâneas), 
  • Estágio 3 (pele com textura irregular em aspecto “casca de laranja”  com macronodulações subcutâneas palpáveis),
  • Estágio 4 (lipolinfedema).  




E qual o tratamento?

Alguns médicos e nutricionistas alardeiam por aí que existem protocolos de dietas, suplementos e até tratamentos hormonais para o lipedema. Entretanto, até o presente momento, não há evidências científicas que recomendam um tratamento medicamentos ou suplementos específicos para a patologia.

Apesar de existir um componente inflamatório, não existe uma dieta do lipedema. 

As abordagens conservadoras (sem cirurgia), envolvem:
1) Controle do peso,
2) Alimentação saudável (nutricionalmente equilibrada, com boa ingestão de vegetais),
3) Medidas de alívio dos sintomas locais, 
4) Evitar os fatores que pioram como por exemplo o uso de pioglitazona e prevenir a progressão da doença.

Os grandes artigos mais recentes de revisão sobre o tema, os autores são unânimes em informar que não existe medicamentoso, suplemento específico para lipedema. 

Infelizmente, nem sempre a Medicina terá todas as respostas que precisamos para todas as doenças. Mas isso não significa que possamos inventar tratamentos e protocolos apenas para lucrar com o desespero alheio. Necessitamos de mais pesquisa na área. O que não precisamos é de profissionais que tentam lucrar em cima de uma patologia de difícil tratamento e que ainda não é bem elucidada.

Cirurgia redutora de lipedema é atualmente a  única técnica disponível para remover os tecidos anormais presentes no lipedema como: adipócitos, nódulos, matriz extra celular fibrótica e outros componentes não adipócitos. Ele também é o único  tratamento que reduz a progressão da doença e idealmente deve ser instituído antes das complicações do lipedema surgirem. Portanto, mais um motivo para tomar cuidado com terapias alternativas, sob risco de perder o momento ideal para o tratamento respaldado, que até hoje ainda é o tratamento cirúrgico.

Estratégias terapêuticas propagadas nas redes sociais
  • Antioxidantes com N-acetilcisteína (NAC), Zinco, Selênio, Resveratrol, Ácido alfa lipóico (endovenoso): Ainda sem evidência. Não é citado no Consenso Brasileiro de Lipedema.
  • Antiinflamatórios com o ômega 3, quercetina, pycnogenol, curcumina: Ainda sem evidência. Não é citado no Consenso Brasileiro de Lipedema.
  • Tratamento do intestino com Glutamina, Cúrcuma, prebióticos, probióticos e enzimas digestivas: Ainda sem evidência. A importância da microbiota é citada no Consenso Brasileiro de Lipedema, mas não indicam nada que faça suporte gastrintestinal. Além disso, sensibilidades alimentares e alterações nos hábitos intestinais podem indicar uma resposta inflamatória sistêmica que exacerba os sintomas. A ocorrência de alergias respiratórias e distúrbios do sono também é relatada com frequência e pode estar relacionada ao estado inflamatório crônico. A ingestão inadequada de água e fibras pode contribuir para as dificuldades intestinais e para o manejo geral da doença. Portanto, é essencial que os pacientes com lipedema mantenham uma dieta balanceada e atendam às recomendações diárias de ingestão de nutrientes para ajudar a mitigar esses efeitos.
  • Dieta mediterrânea: devido o padrão "antiinflamatório" há alguns estudos mostrando melhora nos quadros leves, reduzindo a dor, melhorando a mobilidade e o inchaço.  
  • Dieta cetogênica: melhora na composição corporal, relatos de caso evidenciando melhora da dor. Há alguns trabalhos com a VLCKD: Very low calorie ketogenic diet: Baixa evidência
  • Uso de vitamina D e B12: Ainda sem evidência, só repor nas deficiências e quando os níveis estiverem no limite inferior. De acordo com o Consenso Brasileiro de Lipedema, a vitamina D, um nutriente com múltiplas funções biológicas, incluindo a modulação do sistema imunológico e da inflamação, é frequentemente encontrada em níveis deficientes em mulheres com lipedema. Portanto, a monitorização e a suplementação adequadas são essenciais para garantir a saúde óssea e possivelmente influenciar positivamente a progressão do lipedema. A adequação dos níveis de vitamina D pode desempenhar um papel no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações associadas à condição.
  • Aminas simpaticomiméticas como Venvanse e ritalina: teoricamente fariam contração de arteríolas levando a uma menor pressão intracapilar: sem evidência. Não é citado no Consenso Brasileiro de Lipedema.
  • Uso de hormônios como a gestrinona: Sem evidência de melhora e o tratamento hormonal pode agravar o quadro. De acordo com a Associação Brasileira de Lipedema não há evidências: https://lipedema.org.br/uso-da-gestrinona-no-tratamento-do-lipedema-uma-perspectiva-cautelosa/
  • Suplementos que teoricamente alterariam a composição corporal: quitosana, L-carnitina, Cromo, Efedrina, Sinefrina, Piruvato e Ácido linoleico conjugado: Ainda sem evidência
  • Terapias de compressão e abordagens fisioterapêuticas, como a terapia física descongestionante complexa (CTD), têm se mostrado eficazes na redução do desconforto e do edema, embora a variação individual na resposta ao tratamento seja comum.  De acordo com o  Consenso Brasileiro de Lipedema, a massagem manual se destaca como uma técnica valiosa, capaz de promover o alívio sintomático do inchaço e da dor. Essa abordagem terapêutica é fundamentada na melhoria da circulação e na estimulação do fluxo linfático, proporcionando benefícios tanto físicos quanto psicológicos aos pacientes. A CDT é um pilar fundamental no tratamento do lipedema, mesmo nas fases iniciais da doença. Composta por várias estratégias, como cuidados com a pele, massagem linfática manual, exercícios e compressão, a CDT pode proporcionar um controle significativo sobre a progressão do lipedema, ajudando a prevenir a acumulação de líquidos e o avanço do inchaço. 
  • Exercício físico: parte primordial do tratamento, desde que de baixo impacto, como exercícios aquáticos, caminhada e ioga, são recomendadas para a manutenção da mobilidade e o manejo do peso em pacientes com lipedema. Essas práticas oferecem o benefício adicional de serem gentis para as articulações, o que é especialmente importante em uma condição que pode causar dor e fragilidade articular. O fortalecimento muscular, particularmente dos músculos posteriores da coxa, demonstrou ser uma estratégia eficaz no manejo do lipedema, contribuindo para o alívio dos sintomas e para a melhoria da funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes. A prática do autocuidado é um componente essencial no manejo do lipedema. Técnicas como a automassagem com escovas de cerdas macias, o uso de plataformas vibratórias e a aplicação regular de meias elásticas podem oferecer autonomia ao paciente e um controle adicional sobre os sintomas, reforçando as medidas de tratamento aplicadas pelos profissionais de saúde. 
  • Uso de meias de compressão: Com a progressão do lipedema, o uso de terapias de compressão, através de meias elásticas, pode se tornar desafiador devido à desproporção dos membros e ao desconforto potencial. Por isso, a personalização desses dispositivos é crucial para assegurar a eficácia do tratamento e o conforto do paciente, sobretudo durante episódios de inflamação acentuada. Alguns trabalhos mostram que as meias podem aliviar o quadro, reduzir a dor e melhorar a mobilidade. 
  • Controle do estresse: As práticas de gerenciamento do estresse, como mindfulness e técnicas de respiração, são reconhecidas por sua capacidade de melhorar o bem-estar geral. No contexto do lipedema, elas podem ter um papel valioso, não apenas aliviando o estresse psicológico, mas também mitigando a dor crônica e facilitando a adesão ao tratamento. 
  • Lipoaspiração tumescente: Tratamento com maior evidência, nos quadros moderados a graves. Feita por cirurgião plástico experiente. Promove melhora significativa da mobilidade, da dor e do inchaço. O Consenso Brasileiro de Lipedema afirma que a cirurgia, como uma opção de tratamento para o lipedema, não deve ser realizada de forma precipitada e é geralmente aconselhável explorar totalmente as opções de tratamento clínico por pelo menos 1 ano antes de considerar o procedimento. A compreensão da paciente sobre sua condição e a resposta ao tratamento clínico são essenciais para orientar essa decisão. Em casos de lipedema avançado, em que a mobilidade é significativamente afetada, a cirurgia pode ser considerada mais precocemente. 
Deixo aqui a excelente aula de uma grande amiga endocrinologista e nutróloga, Dra. Tatiana Abrão


Fontes:
Autores: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.
Dra. Esthefânia Garcia de Almeida - Médica Endocrinologista, Nutróloga. CRM MG 65050 RQE 44779 e RQE 40100 @draesthefaniagalmeida

Abaixo alguns vídeos que minha afilhada Dra. Lia Bataglini fez sobre o tema.  Acesse também o texto que ela escreveu sobre o tema: https://liabataglini.com.br/lipedema-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-a-doenca/