segunda-feira, 24 de abril de 2017

Poluição do ar e o aumento do risco de diabetes tipo 2 em crianças

Altos níveis de poluição do ar podem aumentar o risco de diabetes tipo 2 em algumas crianças latino-americanos, de acordo com um estudo publicado na revista Diabetes.

Pesquisadores com sobrepeso ou obesos acompanharam 314 crianças hispânicas no condado de Los Angeles. As crianças tinham entre 8 e 15 anos de idade quando o estudo começou, e nenhuma delas tinha diabetes.

Os pesquisadores descobriram que as concentrações elevadas de dióxido de azoto e diâmetro aerodinâmico de partículas com menos de 2,5 estavam associados com um declínio mais rápido da sensibilidade à insulina e diminuição da sensibilidade à insulina aos 18 anos, independente da adiposidade. A equipe também descobriu um declínio mais rápido no índice de disposição e de um índice de disposição mais baixo em 18 anos associados à exposição ao dióxido de azoto.

O conceito habitual é de que o aumento do diabetes é o resultado de um aumento na obesidade, devido à expectativa de vida sedentários e dietas altamente calóricas. Este novo estudo mostra que a poluição do ar também contribui para o risco do tipo 2 diabetes.

Fonte: Diabetes 2017 Jan; DOI:10.2337/db16-1416

Os primeiros 1000 dias de vida por Dr. Thiago Hirose

Olá mamães e futuras mamães!

Hoje, a ideia é falar de um conceito que está sendo cada vez mais divulgado e estudado com relação à parte da alimentação e prevenção de doenças do futuro: Os mil primeiros dias de vida e programação metabólica.

O que seria isto? Primeiramente, temos que definir o que são os mil primeiros dias de vida: quando há a união do óvulo com o espermatozóide, dizemos que houve a fecundação, ou seja, o início da formação do bebê. Em média, da fecundação até o nascimento, a gestação dura 9 meses ou 270 dias. Do nascimento até os 2 anos de idade, a criança vive 730 dias (1 ano tem 365 dias e, portanto, 2 anos equivalem a 730 dias). Portanto, somando os 270 dias da gestação mais os 730 dias dos 2 primeiros anos de vida, temos os mil primeiros dias de vida.

E qual a relação destes mil primeiros dias de vida com programação metabólica? Novamente uma explicação - o que é programação metabólica? Sabemos que somos compostos de genes que podem ou não manifestar inúmeras doenças (pressão alta, diabetes, obesidade, câncer, dentre outras.); porém, o que se sabe hoje, é que fatores externos podem sim modificar não o gene em si, mas o produto dele. Um exemplo bem fácil para explicar isto: eu produzo carro com a carroceria da cor azul, é a única cor que tenho na minha fábrica. Uma pessoa compra meu carro, leva para casa mas não gosta da cor - ela compra uma tinta vermelha e pinta o carro de vermelho. Ou seja, de fábrica era um carro azul mas a pessoa usou um fator externo (tinta) para mudar a cor do carro. Esta influência de fatores externos no produto final é a chamada EPIGENÉTICA.

Desta forma, podemos ver que uma pessoa, por exemplo, que não carregue genes que possam causar uma obesidade por exemplo, de acordo com situações externas, ela pode sim ser obesa. Fica um recado importante: não basta culparmos apenas a genética se a pessoa é magra ou não e se aparece tal doença ou não, temos que juntar vários dados para ver o causador daquele problema.

E isto vale para as "doenças do adulto" - pressão alta, diabetes, problemas de colesterol, câncer, síndrome metabólica - NA INFÂNCIA! Pois é, atualmente a incidência de crianças e adolescentes com excesso de peso e "doenças do adulto" está cada dia aumentando em todo o mundo, inclusive no Brasil. E por que isto está ocorrendo? Os dois principais motivos são: 1) Alimentação inadequada, com baixa ingesta de fibras, alta ingesta de alimentos calóricos (açúcares, gorduras, doces, refrigerantes, etc) e 2) Sedentarismo, com pouca atividade física, muito tempo na frente da TV/tablet/computador, etc.

E qual a relação dos mil primeiros dias de vida com este assunto? Os estudos mostram que, por conta da epigenética, este período dos mil dias são cruciais para a prevenção das "doenças do adulto" - claro que isto pode ocorrer também em fases mais tardias da vida, mas os mil primeiros dias de vida sofrem influência muito grande do ambiente externo na prevenção ou aparecimento destas doenças. O que pode influenciar nisto?


  • Aleitamento materno exclusivo diminui a chance de obesidade e síndrome metabólica, ao contrário das fórmulas infantis e o leite de vaca tradicional (estes últimos apresentam um teor calórico-protéico maior que o leite materno); 
  • Uso de antibióticos na gravidez e durante os dois primeiros anos de vida alteram a microbiota intestinal. Aqueles microorganismos que ficam no intestino e protegem o corpo de doenças; 
  • Tipo de parto, o parto vaginal deixa a criança em contato com a microbiota boa, protetora das doenças; 
  • Quantidade de peso ganho pela mãe na gravidez; 
  • Prematuridade; 
  • Peso ao nascer, entre outros.

Então podemos ver que não é só a genética, mas o contexto todo que faz com que o indivíduo aumente ou não a chance de ter determinada doença. Quando falamos em fatores de risco, não quer dizer necessariamente que a pessoa terá tal doença, mesmo uma pessoa totalmente sem fatores de risco pode ter câncer, por exemplo; mas o fator de risco faz com que a chance de manifestar determinada doença seja maior.

Agora, um detalhe importante: sabemos bem que o leite materno é o principal alimento para o bebê, que deve ser dado exclusivamente até os 6 meses de idade e, a partir daí, introduz-se novos alimentos ao leite materno, complementando a alimentação diária da criança. Usa-se a fórmula apenas em situações específicas. Mas uma criança que esteja amamentando em seio materno pode algum dia ter excesso de peso? A resposta é: SIM! Por incrível que pareça, sim. A chance é menor, mas existe. Por que ocorre isto? Ou por ingestão excessiva de leite materno mas, principalmente, outra causa fundamental é a dieta materna. Eu disse anteriormente que uma alimentação com alto teor calórico-protéico aumenta a chance da pessoa ter excesso de peso. Caso a mãe faça este tipo de alimentação, estas calorias e proteínas a mais passam sim para o leite materno, e este fica com um maior teor de calorias e proteínas, provocando aumento excessivo de peso. Desta forma, na amamentação ao seio materno, cuidado mamães com a própria alimentação para não prejudicar o crescimento e desenvolvimento do bebê.

Portanto, vamos pensar sempre no estilo de vida saudável desde a gravidez, e após o nascimento dos nossos filhos, para que eles possam ter uma boa saúde, evitar as "doenças do adulto" na própria infância, e aumentar a qualidade e expectativa de vida deles.


Obrigado e até a próxima!

Dr. Thiago Santos Hirose - CRM 126.047 (SP) / 69.449 (MG)
Pediatra e endocrinologista infantil
Fan page: Thiago Santos Hirose - Endocrinologia
Instagram: @drthiagosantoshirose

Dieta rica em fibras pode auxiliar no combate aos efeitos da gota em ratos

Uma dieta rica em fibras introduzida em camundongos pela professora Angélica Thomaz Vieira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), reduziu, nesses animais, a resposta inflamatória induzida por cristais de ácido úrico, o que indica benefícios para o tratamento da artrite gotosa e alívio de seus sintomas, como dor intensa, inchaço e vermelhidão nas articulações. Se não for tratada, essa enfermidade genética pode provocar sérias restrições na qualidade de vida dos doentes.

Desenvolvida em modelo animal, a pesquisa mostra evidências de que dietas ricas em fibras ou ácidos graxos de cadeia curta promovem a prevenção da inflamação induzida pelo aumento de cristais de ácido úrico na articulação do joelho. Os camundongos tratados com uma dieta rica em fibra ou ácidos graxos de cadeia curta apresentaram melhor resposta à inflamação.

Os animais foram alimentados durante 14 dias com dieta enriquecida de um tipo de fibra solúvel (Pectina) muito encontrada na casca de frutas cítricas e alguns legumes. Foi feita uma avaliação da inflamação no joelho dos camundongos logo depois da indução da gota, que se deu com a injeção de cristais de ácido úrico no local, e outra16 horas após esse procedimento. Nos animais que consumiram fibras, observou-se uma redução nos sinais clínicos e nas inflamações na comparação com outros camundongos não submetidos a esse tipo de alimento.

"Os tratamentos resultaram na resolução da resposta inflamatória, prevenindo a lesão e disfunção tecidual – alteração no tecido que o impede de exercer suas funções e que pode provocar o desenvolvimento de outras doenças –, melhorando, inclusive, sinais clínicos como a dor", esclarece Angélica Thomaz.

Com esse trabalho, ela recebeu os prêmios Thereza Kipnis, da Sociedade Brasileira de Imunologia, e Pemberton, de incentivo a pesquisas direcionadas à saúde e ao bem-estar da sociedade, promovido pela Coca-Cola. A pesquisadora, que iniciou o estudo ainda no doutorado, foi orientada pelo professor Mauro Teixeira.

Metabólitos

A pesquisa também avalia a importância das substâncias resultantes do metabolismo das bactérias do intestino, os metabólitos, na redução da doença. Eles podem atingir a corrente sanguínea e provocar a morte programada de neutrófilos – tipo de célula/glóbulo branco do sistema imune – diretamente relacionados com a inflamação na gota.

"Compreendendo a maneira como os alimentos interagem com a nossa ­microbiota, será possível propor dietas ou estratégias bioterapêuticas que poderão ajudar pessoas com doenças inflamatórias diversas, promovendo, assim, sua saúde e bem-estar", afirma a pesquisadora, lembrando que a incidência de gota tem crescido em países com dieta alimentar assentada na chamada fast food, alimentação com baixo teor de fibras e alto teor de gordura.

Embora congênita, a gota tem na comida um importante fator de potencialização. Com base na compreensão do processo que associa alimentação com redução da resposta inflamatória, os pesquisadores do ICB pretendem desenvolver estratégicas bioterapêuticas de reorganização das bactérias da microbiota – grupo de bactérias benéficas hospedadas no intestino humano – por meio de dietas ricas em fibras, probióticos e pós-bióticos.

As conclusões do estudo desenvolvido pela professora Angélica Thomaz Vieira estão descritas no artigo Dietary fiber and the short-chain fatty acid acetate promote resolution of neutrophilic inflammation in a model of gout in mice, publicado no Journal of Leukocyte Biology, em janeiro deste ano.

Doença dos reis

Conhecida há mais de quatro mil anos, a gota era chamada de doença dos reis, porque as cortes organizavam festas ricas em carnes e álcool, dois importantes fatores de risco para a inflamação.

A artrite gotosa é uma doença reumatológica, inflamatória e metabólica que atinge as articulações, como dedos dos pés, joelhos, cotovelos ou tornozelos. Ela afeta principalmente os homens – incidência 20 vezes superior à das mulheres em 95% dos casos – a partir dos 50 anos. Mulheres são afetadas geralmente após a menopausa.

Uma das causas da gota reside no fato de algumas pessoas nascerem sem um mecanismo enzimático responsável pela excreção do ácido úrico pelos rins. A produção excessiva de ácido úrico pelo organismo, em decorrência de um "defeito" enzimático, ou o uso de medicamentos, como diuréticos e o ácido acetilsalicílico, também podem levar à diminuição da excreção renal do ácido úrico. A maioria dos casos de artrite gotosa é provocada por falhas na eliminação ou na produção do ácido úrico. Não há tratamento definitivo, e a alimentação adequada pode amenizar os efeitos da doença.

Fonte: https://www.ufmg.br/online/arquivos/047183.shtml

Posicionamento brasileiro sobre testes nutrigenéticos

Ha 3 anos fiz um post sobre testes nutrigenéticos, no qual eu afirmava ainda não existir consenso na comunidade científica sobre os mesmos. Porém muitas vezes devemos deixar os preconceitos de lado e estudar o tema. Ano passado me interessei pelo tema e resolvi pesquisar sobre tais exames. Acabei descobrindo que aqui na UFG tem um grupo de pesquisas, coordenado pela Dra. Maria Aderusa Horst, uma profissional séria e que tem como linha de pesquisa o tema de genômica nutricional.

Como a mesma já trabalhou junto ao laboratório Centro de Genomas de São Paulo, resolvi fazer o exame que eles comercializam. Tive uma experiência boa porém a impressão que tenho é que ainda há muita coisa para ser descoberta. Ou seja, não é hora ainda de solicitar tais exames para os pacientes. Primeiro pelo alto custo ( acima de R$ 1600,00), segundo por ser um terreno ainda certo. A maior crítica que tais exames recebem é com relação o impacto real dos polimorfismos detectados. Muitas vezes há genes ainda não estudados que ativam ou silenciam outros genes. Ou seja, muitas vezes os polimorfismos apresentado não terá importância tão grande na saúde do paciente, pois há genes mais importantes.

Mas é sempre bom estudar e aprender com gente séria e ética. Abaixo o posicionamento escrito por 3 pesquisadores na área. O link para o posicionamento completo está ao final do post.

Att

Dr. Frederico Lobo - Médico, clínico geral - CRM-GO 13192

Posicionamento brasileiro sobre testes nutrigenéticos

A convite da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), as doutoras Cristiane Cominetti e Maria Aderuza Horst, coodenadoras do Grupo de Pesquisa em Genômica Nutricional - FANUT/UFG e o doutor Marcelo Macedo Rogero, coordenador do Laboratório de Genômica Nutricional e Inflamação - FSP/USP redigiram o primeiro posicionamento brasileiro sobre testes de nutrigenética.

📚O posicionamento é baseado em análise crítica da literatura científica a respeito da Genômica Nutricional e sua aplicação clínica por meio dos testes de nutrigenética. A Genômica Nutricional é um termo amplo que compreende a Nutrigenômica, a Nutrigenética e a Epigenômica Nutricional, as quais se referem ao modo que o ambiente, os nutrientes e os genes interagem e a maneira que estes são capazes de alterar o fenótipo, como por exemplo, o risco de doenças. 💡

📖Os conceitos básicos de Genômica Nutricional podem ser resumidos em:
📓Nutrientes e fatores alimentares atuam no genoma humano de modo direto e indireto na alteração da expressão ou estrutura de genes;
📓Sob certas circunstâncias e em casos individuais, a alimentação pode ser um fator crítico para o desenvolvimento de algumas doenças;
📓Alguns genes regulados pela alimentação são susceptíveis a desempenhar funções no desenvolvimento, incidência, progressão e/ou gravidade das doenças crônicas não transmissíveis;
📓A intensidade com que a alimentação influencia o equilíbrio entre saúde e doença pode depender da individualidade genética;
📓Intervenções baseadas nas necessidades nutricionais, no estado nutricional e no genótipo podem ser utilizadas como estratégia de prevenção e tratamento de doenças.

📌Os nutricionistas e profissionais de saúde devem estar aptos a interpretar os testes de nutrigenética e a utilizá-los como base para a definição de condutas profissionais.

O posicionamento está disponível na íntegra pelo link:
https://nutrirejournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s41110-017-0033-2

Doze dicas

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