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sábado, 16 de agosto de 2025

Como o consumo de frutas auxilia na saúde intestinal?



A saúde intestinal é um pilar fundamental para o bem-estar geral do ser humano, impactando a digestão, o desempenho do sistema imunológico e a absorção de nutrientes. O intestino humano abriga trilhões de microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus que, em conjunto, formam a microbiota intestinal

Essa comunidade microbiana complexa e em constante mudança é crucial para regular processos fisiológicos como a resposta imune, o metabolismo e a digestão, prevenir doenças e garantir a saúde geral.

Com o aumento de novas evidências destacando a intrincada inter-relação entre nutrição, microbioma e regulação imunológica, os estudos sobre como o consumo de frutas influencia a saúde intestinal estão ganhando destaque. A seguir, conheça os benefícios para a saúde intestinal de uma dieta rica em frutas.

As frutas são especialmente benéficas devido às suas fibras e compostos bioativos, que proporcionam saúde e imunidade gastrointestinal e fortalecem as bactérias intestinais. 

Por exemplo, flavonoides, polifenóis e fibras demonstraram exercer propriedades prebióticas, promovendo o desenvolvimento de uma microbiota benéfica que melhora a motilidade intestinal e modula a função imunológica. Dietas ricas em frutas têm sido associadas a uma maior diversidade microbiana.

Além disso, as frutas afetam significativamente a modulação da função imunológica e a saúde gastrointestinal. Os antioxidantes e as vitaminas, incluindo a vitamina C, reduzem a inflamação gastrointestinal e o estresse oxidativo, fortalecendo o sistema imunológico.

Por outro lado, o consumo regular de frutas também está relacionado à melhora do perfil metabólico, o que ajuda a reduzir a morbidade de doenças crônicas e a modular a inflamação devido ao efeito nos perfis lipídicos, na resistência à insulina e nos biomarcadores hepáticos. 

Diretrizes internacionais de saúde pública recomendam, em média, o consumo de duas a seis porções de frutas e verduras por dia, o que equivale a aproximadamente 300 a 500 g diários. No entanto, estudos indicam que boa parte da população mundial não atinge essa meta, o que pode comprometer a saúde intestinal e metabólica.


Abaixo, estão listados os principais componentes das frutas que contribuem para a saúde intestinal.
  • Fibras (solúveis): Promovem a saúde intestinal, apoiando bactérias benéficas e produzindo AGCCs como o butirato, que ajudam a reduzir a inflamação.
  • Fibras (insolúveis): Auxiliam na regularidade intestinal, aumentam o volume das fezes e auxiliam na motilidade intestinal geral.
  • Polifenóis: Modulam a composição da microbiota, promovendo bactérias benéficas como Lactobacillus e Bifidobacterium
  • Flavonoides: Exibem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, promovendo um microbioma intestinal saudável.
  • Vitamina C: Reduz o estresse oxidativo, a inflamação intestinal e auxilia na função imunológica intestinal.
  • Vitamina E: Oferece proteção antioxidante, reduzindo a inflamação intestinal e o estresse oxidativo.
  • Probióticos: Fortalecem a microbiota intestinal, fornecendo bactérias benéficas vivas, promovendo a saúde intestinal e a digestão.
  • Prebióticos: Promovem o crescimento de bactérias benéficas, como bifidobactérias e lactobacilos, que melhoram a saúde intestinal e a função imunológica
  • Magnésio: Desempenha um papel na manutenção da motilidade intestinal e no alívio da constipação, auxiliando no relaxamento muscular do trato digestivo
  • Potássio: Auxilia na regulação da função intestinal, equilibrando os níveis de fluidos e eletrólitos no sistema digestivo
  • Carotenoides: Compostos ricos em antioxidantes (por exemplo, betacaroteno) que ajudam a reduzir a inflamação intestinal e a apoiar a saúde imunológica
  • Ácido fólico: Auxilia no reparo e regeneração das células de revestimento intestinal e desempenha um papel na redução da inflamação
  • Luteína: Reduz o estresse oxidativo no intestino e auxilia na função saudável do trato digestivo
  • Taninos: Possuem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que ajudam a modular a microbiota intestinal e a reduzir a inflamação intestinal.

Frutas específicas para a saúde intestinal

Algumas frutas são particularmente benéficas para o intestino. Conheça-as a seguir.

1) Maçãs e pêras: ricas em fibra pectina, maçãs e peras têm efeitos prebióticos, modulam a microbiota intestinal e melhoram a função imunológica.  (Alto teor de FODMAP)

2) Bananas: contêm amido resistente e fruto-oligossacarídeos (FOS), que promovem bactérias intestinais benéficas, auxiliam na digestão e auxiliam na função imunológica.

3) Berries (mirtilos, framboesas, morangos): ricas em antioxidantes, polifenóis e fibras, as frutas vermelhas modulam a composição da microbiota intestinal, reduzem a inflamação e auxiliam na saúde imunológica.

4) Frutas cítricas (laranjas, limões): ricas em vitamina C e flavonoides, as frutas cítricas contribuem para a redução da inflamação intestinal, auxiliam na função imunológica e melhoram a integridade da barreira intestinal.

5) Romãs: ricas em polifenóis, as romãs contribuem para a redução da inflamação intestinal, melhoram a diversidade da microbiota intestinal e auxiliam na saúde imunológica.

6) Mamão e abacaxi: contêm enzimas digestivas (p. ex., papaína, bromelaína) que auxiliam na digestão, contribuem para a redução da inflamação intestinal e promovem a saúde intestinal e a função imunológica.

7) Kiwi: rico em fibras, vitamina C e antioxidantes, o kiwi auxilia na saúde intestinal, melhora a digestão e melhora a função imunológica por meio de seus efeitos prebióticos. É considerada a fruta que tem maior potencial laxativo. 

8) Manga: rica em vitamina C, polifenóis e fibra alimentar, a manga possui propriedades anti-inflamatórias, auxilia na saúde intestinal e melhora as respostas imunológicas. (Alto teor de FODMAP)

9) Uvas: ricas em polifenóis (p. ex., resveratrol), as uvas auxiliam no equilíbrio da microbiota intestinal e ajudam a proteger contra o estresse oxidativo e a inflamação.  (Alto teor de FODMAP)

10) Abacates: rico em gorduras saudáveis, fibras e antioxidantes, o abacate auxilia na saúde intestinal, reduzindo a inflamação, melhorando a composição da microbiota intestinal e promovendo a função de barreira intestinal.  (Alto teor de FODMAP)

11) Melancia: contém licopeno, um antioxidante que reduz o estresse oxidativo e a inflamação, ajudando a melhorar a saúde intestinal e a função imunológica.

12) Goiabas: rica em polissacarídeos como ácido galacturônico, galactose e arabinose, demonstrou reduzir obesidade e melhorar a composição da microbiota em modelos animais, indicando forte efeito prebiótico

13) Tomates: ricos em licopeno, os tomates ajudam a modular a microbiota intestinal, reduzem a inflamação intestinal e fornecem proteção antioxidante para auxiliar a função imunológica.



Embora o consumo de frutas seja amplamente reconhecido por seus efeitos positivos na saúde intestinal, é importante considerar que a forma como esses alimentos são cultivados pode influenciar diretamente seus efeitos no organismo. 

Como muitas frutas são consumidas frescas, há um risco aumentado de exposição a resíduos de pesticidas. Compostos como organofosforados, organoclorados, triazóis e piretroides têm sido associados a alterações na composição da microbiota intestinal. 

Esses agrotóxicos podem reduzir a abundância de bactérias benéficas, como Alloprevotella e Bacteroides, e favorecer o crescimento de microrganismos associadas a disbiose, como Proteobacteria e Cyanobacteria, contribuindo para quadros de disbiose, inflamação intestinal e disfunções metabólicas.

Estudos demonstram que frutas como uvas, morangos, maçãs, melancias e melões frequentemente apresentam resíduos acima dos limites máximos recomendados. Além de impactar negativamente a diversidade bacteriana, o consumo crônico desses contaminantes está relacionado a distúrbios endócrinos e efeitos neurológicos. 

Estratégias como a optar por frutas da época, escolher frutas orgânicas, adotar técnicas eficazes de higienização (como lavagem com ozônio ou uso de surfactantes) e o uso de probióticos específicos, como Lactiplantibacillus plantarum, têm mostrado potencial para mitigar os danos provocados por esses compostos e ajudar na restauração da microbiota intestinal.


Teor de fibras nas frutas

As frutas podem ser compostas por uma variedade de fibras, solúveis e insolúveis, a depender da espécie, amadurecimento, e condições de cultivo e armazenamento.

As principais fibras presentes nas frutas são: pectina, gomas, beta-glucanas, celulose, hemicelulose, e lignina. Especialmente a pectina parece trazer os maiores benefícios para a saúde.

Na tabela a seguir, confira o teor de fibras nas frutas a cada 100 g de alimentos.


Das frutas acima, quais são ricas em fibras?

Como mostra a tabela, as 10 frutas mais ricas em fibras são: pequi, coco, abacate, framboesa, romã, seriguela, cupuaçu,  mexerica, pêra e figo.

Qual a recomendação de fibras por dia?

A recomendação diária de fibras varia de acordo com o sexo e a faixa etária. De modo geral, para adultos, indica-se de 21 a 25 g/dia para mulheres, e 30 a 38 g/dia para homens. Essa faixa é facilmente atingida em uma alimentação rica e balanceada.

Quantas frutas é indicado comer por dia?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica o consumo de, pelo menos, 400 gramas de frutas e vegetais ao longo do dia. Essa quantidade pode ser obtida com 2 porções de frutas e 3 porções de legumes, com cada porção contendo 80 g.

Em relação às frutas, deve-se haver um incentivo para o consumo de frutas cruas, na intenção de melhor aproveitar seus nutrientes. Processos como cozimento e transformação em sucos ou purês podem fazer a fruta perder um teor considerável de fibras.

Pectina, o que é?

A pectina é uma fibra, ou seja, um carboidrato não digerível pelo organismo, que compõe cerca de  35% da parede celular das frutas. Quanto maior o teor de pectina de uma fruta, melhor sua característica de gel. Ela é capaz de reter e fixar água, com efeito emoliente sobre as paredes intestinais e à sua condição de colóide.

A pectina é um importante prebiótico, e demonstrou promover um ecossistema saudável e anti-inflamatório na microbiota. No geral, os estudos mostram que a pectina aumenta a integridade e função da barreira da mucosa colônica, bem como sua imunidade. Além disso, ela é capaz de diminuir a quantidade de patógenos entéricos.

São frutas ricas em pectina: ameixa, maçã, banana verde, carambola, goiaba, laranja ácida, limão, marmelo, pera verde, maracujá, e uva.


Conclusão

O consumo de frutas é um fator essencial para a saúde intestinal devido à sua riqueza em fibras, polifenóis, vitaminas e antioxidantes. Esses componentes promovem uma microbiota intestinal diversa e equilibrada, fortalecem a barreira intestinal, reduzem a inflamação e mitigam o risco de doenças crônicas.

Referências:
  • Maqsood S, Arshad MT, Ikram A, Gnedeka KT. Fruit-Based Diet and Gut Health: A Review. Food Sci Nutr. 2025 Apr 30;13(5):e70159. doi: 10.1002/fsn3.70159. PMID: 40313793; PMCID: PMC12041667.
  • Débora Fernandes Pinheiro, Giselle Maria Maciel, Nayara Pereira Lima, Nicole Folmann Lima, Isabela Sampaio Ribeiro, Charles Windson Isidoro Haminiuk, Impact of fruit consumption on gut microbiota: Benefits, contaminants, and implications for human health, Trends in Food Science & Technology, Volume 154, 2024, 104785, ISSN 0924-2244, https://doi.org/10.1016/j.tifs.2024.104785.
Fontes: 

segunda-feira, 10 de março de 2025

Salada 24: Salada coleslaw (salada de repolho americana)



A salada coleslaw é um prato frio feito principalmente com repolho cru ralado ou fatiado, cenoura e, às vezes, cebola, misturados com um molho à base de maionese, vinagre e temperos. É uma salada cremosa e crocante, muito popular em países como os Estados Unidos, Reino Unido e Holanda. 

É frequentemente servida como acompanhamento para churrascos, sanduíches, frango, hamburguer vegano, tofu marinado ou peixes.

Existem variações da receita, como o uso de iogurte ou creme azedo no lugar da maionese, ou a adição de ingredientes como maçã, passas ou salsão para dar um toque diferente, mais adocicado. O nome "coleslaw" vem do termo holandês "koolsla", que significa "salada de repolho".

Ingredientes:
1/4 xícara de repolho roxo
1/4 xícara de repolho verde
1 cenoura ralada
1/4 xícara de salsinha picada (pode ser coentro)

Molho:
3 colheres de sopa de maionese light ou normal
1/2 potinho de 200ml de de iogurte natural ou creme de leite
1 colher de sopa de de mostarda
Sumo de 1 limão tahiti
Sal e pimenta a gosto
Uva-passas a gosto (2 colheres de sopa)

Modo de preparo:
Cortar os 2 tipos de repolho bem fino (para incorporar o molho). Já a cenoura, rale no ralador. Misture os ingredientes em um bowl. Posteriormente a salsinha. 
Prepare o molho misturando gradativamente os ingredientes, acerte o sal provando e depois é só misturar todo o molho com o repolho, cenoura e salsinha. 
Deixe descansar na geladeira por 8 horas. 

Combina muito com peito de frango grelhado. 

Para quem ainda não leu os posts publicados:

Introdução à salada: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada.html

Princípios básicos da salada: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada-post-1-principios.html

Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã: 

https://www.nutrologogoiania.com.br/salada-1-berinjela-com-castanha-do-para-ou-castanha-do-brasil-uva-passa-e-hortela

Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico: 

http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0

Salada 3: Salada de inverno de rúcula: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html

Salada 4: Salada com legumes assados: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html

Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:

 https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html

Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html

Salada 7: Salada cítrica de grão de bico: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html

Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html

Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0

Salada 10: Salada com molho homus

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html

Salada 11: Salada de atum crocante: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html

Salada 12: Trigo cozido com especiarias

https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html

Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel

https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html

Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html

Salada 15: Salada Waldorf

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html

Salada 16: Salada de inverno cítrica

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html

Salada 18: Salada Grega

https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html

Salada 19: Salada de Chicória (escarola) com páprica defumada

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-19-salada-de-chicoria-escarola.html

Salada 20: Salada de chicória com tahine

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-20-salada-de-chicoria-com-tahine.html

Salada 21: Salada de chicória com tofu amassado

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-21-salada-de-escarola-com-tofu.html

Salada 22: Tabule tradicional

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-22-tabule-tradicional.html

Salada 23: Salada Natalina em formato de guirlanda

https://www.ecologiamedica.net/2024/12/salada-23-salada-guirlanda-natalina.html

Salada 24: Salada coleslaw (salada de repolho americana)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-24-salada-coleslaw-salada-de.html

sábado, 5 de agosto de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos] Aula sobre Constipação intestinal com a Dra. Beth Hong

 


sexta-feira, 9 de junho de 2023

Todas as fibras são prebióticas? Aprenda a diferenciar


Quando falamos em prebióticos, os alimentos ricos em fibras são sempre citados. Isso pode passar a ideia de que todas as fibras são prebióticas, mas será que isso é verdade?

As fibras são nutrientes essenciais na alimentação, com inúmeros benefícios para a saúde. A OMS recomenda uma ingestão superior a 25 g/d, e não é à toa: as fibras podem ajudar a prevenir doenças crônicas, melhorar a função intestinal, aumentar a saciedade, dentre diversas outras vantagens.

Fibras prebióticas

Entretanto, algumas fibras específicas possuem ainda mais benefícios, devido à sua ação de modular a microbiota intestinal. Neste artigo, você vai entender o que são os prebióticos, quais são as fibras prebióticas, e quais delas não se enquadram nesta categoria.

O que são prebióticos?

Segundo a Associação Científica Internacional de Probióticos e Prebióticos (ISAPP), os prebióticos são “substratos que são usados seletivamente por microrganismos hospedeiros, conferindo benefícios à saúde”.

Em outras palavras, os prebióticos são componentes alimentares que promovem o crescimento e/ou a atividade de bactérias benéficas que vivem no nosso organismo.

Além disso, os prebióticos inibem o crescimento de bactérias patogênicas, modulam a imunidade, melhoram a função da barreira intestinal, aumentam a biodisponibilidade e absorção mineral, entre outros.

É válido ressaltar que, além das fibras apresentadas a seguir, outros componentes alimentares também são considerados prebióticos, como os polifenóis e os ácidos graxos poliinsaturados.

Todas as fibras são prebióticas?
Há muitas evidências sobre a atuação das fibras para o equilíbrio da microbiota intestinal. As fibras prebióticas atuam como um substrato seletivo para as bactérias benéficas, como Bifidobacterium e Lactobacillus.

Além do equilíbrio da microbiota, algumas fibras prebióticas também podem ajudar a controlar respostas glicêmicas, auxiliar na maior absorção do cálcio e promover o controle metabólico.

No entanto, nem todas as fibras são prebióticas.

Quais são as fibras prebióticas?

De modo geral, as fibras são divididas em quatro grupos: oligossacarídeos resistentes, polissacarídeos não amiláceos, amido resistente e substâncias associadas. Até o momento, o consenso é que apenas fibras do grupos oligossacarídeos resistentes (FOS, GOS e frutanos) e os polissacarídeos não amiláceos (inulina), além da fibra solúvel de milho (amido de milho resistente) são prebióticos.

Muitos alimentos e bebidas do nosso suprimento alimentar são enriquecidos com fibras prebióticas, disponíveis comercialmente às empresas de alimentos e bebidas. Conheça as fontes naturais de algumas dessas fibras:

  • Os frutooligossacarídeos (FOS) são encontrados em alimentos do reino vegetal, como chicória, cebola, alcachofra, alho, tomate e aspargo. Na microbiota, o FOS produz ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), L-lactato e outras moléculas bioativas.
  • Os galactos-oligossacarídeos (galactanos, ou GOS) ocorrem naturalmente no leite de mamíferos (como o leite materno). O GOS estimula o crescimento de Bifidobacterium, e modula a função imunológica de crianças amamentadas.
  • Os frutanos de agave também foram documentados como prebióticos, pois estudos mostraram o aumento de Bifidobacterium e Lactobacillus no cólon, além de produção de AGCC e redução do pH intestinal.
  • Por fim, a inulina é encontrada em alimentos como chicória, cebola e alcachofra. Estudos apontam seu potencial no aumento de Bifidobacterium, e diminuição de Ruminococcus, Lachnobacterium, e Desulfovibrio.

Fibras potencialmente prebióticas

Além destas, outras fibras são candidatas à prebióticos, apesar do consenso não estar estabelecido. São elas:
  • Mananoligossacarídeos (MOS): parede celular de bactérias, plantas ou leveduras.
  • Xilooligossacarídeos (XOS): frutas, legumes, leite, mel.
  • Galactosídeos (rafinose, estaquiose, verbascose): grão-de-bico, malvas, ervilhas, sementes de leguminosas, lentilhas, feijões.
  • Amido resistente tipo 2, 3 e 4: banana verde, batatas, grãos, alimentos processados e cozidos, produtos de panificação quimicamente modificados.
  • Polidextrose: bebidas, bolos, doces e sobremesas com adição de polidextrose.
  • Pectina: cascas de frutas (maçã e laranja), batata, açúcar de beterraba.
  • Hemicelulose: cereais, grãos, vegetais, aveia, cevada, vagem, abobrinha, maçã com casca, abacaxi.
  • Dextrina resistente: produtos lácteos e bebidas adicionadas de dextrina resistente.
Fibras não prebióticas

Por fim, algumas fibras não são consideradas prebióticos, seja pela digestibilidade nula ou baixa, ou pela escassez de evidências científicas . São elas:
  • Amido resistente tipo 1 e 5: grãos e sementes fisicamente inacessíveis, amidos lipídicos modificados.
  • Celulose: presente em alimentos do reino vegetal.
  • Lignana: camada externa de grãos e cereais.
  • Ceras: secretadas por insetos ou plantas.
  • Quitinas: parede celular de fungos e exoesqueletos de crustáceos.
Mensagem final

Todas as fibras trazem benefícios para a saúde. Entretanto, nem todas podem ser consideradas prebióticas, pois a ação na microbiota intestinal não está presente em todas elas.

De modo geral, as fibras prebióticas são principalmente FOS, GOS, frutanos, fibra solúvel de milho (amido de milho resistente) e inulina. Por isso, o consumo de alimentos contendo estes nutrientes deve ser incentivado por profissionais de saúde. Para obter seus efeitos, a dose de ingestão pode variar de 2 a 20 g/dia.

Mais estudos sobre os efeitos prebióticos das fibras são necessários, para consagrar os efeitos das fibras potencialmente prebióticas.

Referências:

  • CARLSON, Justin L. et al. Health effects and sources of prebiotic dietary fiber. Current developments in nutrition, v. 2, n. 3, p. nzy005, 2018.
  • Defining prebiotics: where do we stand now? Tate & Lyle, 2021.
  • HOLSCHER, Hannah D. Dietary fiber and prebiotics and the gastrointestinal microbiota. Gut microbes, v. 8, n. 2, p. 172-184, 2017.
  • REZENDE, Esther Santana Vaz; LIMA, Glaucia Carielo; NAVES, Maria Margareth Veloso. Dietary fibers as beneficial microbiota modulators: A proposed classification by prebiotic categories. Nutrition, v. 89, p. 111217, 2021.
  • Soluble Corn Fibre: Scientific Research and Health Benefits.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Alimentação à base de fibras reduz risco de morte em 22%, diz estudo

Comer bastante fibra ajuda a prevenir contra doenças cardiovasculares, infecciosas e respiratórias, reduzindo, desta forma, o risco total de morte em até 22%. Esses são os resultados preliminares de um estudo feito nos Estados Unidos e que será divulgado na revista da Associação Médica Americana.

Pesquisadores americanos do Instituto Nacional do Câncer avaliaram informações sobre 219.123 homens e 168.999 mulheres, que responderam um questionário sobre alimentação no início do acompanhamento, entre 1995 e 1996, e foram reavaliados nove anos depois. Nesse tempo, morreram 20.126 homens e 11.330 mulheres.

As fibras são nutrientes que não são digeridos pelo organismo e que não possuem calorias. Elas são encontradas em nozes, legumes, cereais integrais, farelos, pão integral, frutas e vegetais. De acordo com Yikyung Park, um dos autores do estudo, o consumo diário de fibras pelos participantes do estudo variou entre 13 g a 29 g para os homens, e 11 g a 26 g para as mulheres.

Os resultados mostraram que os que consumiram mais fibras (20% entre todos os voluntários) tiveram um risco de morte 22% menor na comparação com aqueles que comiam menos o nutriente.

Os pesquisadores afirmam que uma série de estudos já vem demonstrando os benefícios das fibras contra doenças cardíacas, câncer, diabetes e obesidade. Segundo Park, a fibra auxilia na digestão, reduz o nível de colesterol, melhora os níveis de glicose e da pressão, diminui inflamações, entre outros benefícios.

O recente estudo americano demonstrou ainda que o risco de desenvolver uma doença cardiovascular, infecciosa ou respiratória, entre aqueles que consumiram a maior quantidade de fibras, diminuiu de 24% a 56% nos homens, e de 34% a 59% nas mulheres.

- Uma dieta rica em fibra alimentar pode proporcionar benefícios significativos para a saúde.

Fonte: http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=9999