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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Artigo: Avaliando a relação entre fatores dietéticos e a saúde capilar: uma revisão sistemática

Contexto

Alimentos e nutrientes específicos têm grande importância na manutenção de cabelos saudáveis, um aspecto crucial da identidade e autoestima do indivíduo.

Objetivo

Identificar, por meio de uma revisão da literatura, a associação entre o consumo de alimentos e/ou nutrientes específicos e a saúde capilar.

Métodos

Esta revisão seguiu as diretrizes PRISMA e foi registrada na plataforma PROSPERO (número de registro: CRD42024527250). As bases de dados Medline (PubMed), Web of Science e Scopus foram consultadas entre março e junho de 2024. Os critérios de inclusão considerados foram: indivíduos com idade ≥3 anos; consumo/ingestão de alimentos/nutrientes específicos; e artigos escritos em inglês e português. A expressão de busca combinou termos relacionados a “dieta”, “nutrição” e “saúde capilar” (n = 1287 artigos), aos quais foram aplicados filtros de idioma e remoção de duplicatas.

Resultados

A análise de 17 estudos envolveu 61.332 participantes, predominantemente mulheres (97%). A vitamina D destacou-se como o nutriente mais estudado (cinco estudos), enquanto alopecia e queda de cabelo foram os parâmetros de saúde capilar mais investigados (oito e cinco estudos, respectivamente). Níveis mais elevados de vitamina D e ferro apresentaram relação inversa com alopecia. Por outro lado, maior consumo de bebidas alcoólicas e açucaradas correlacionou-se positivamente com queda de cabelo.

Conclusão

A dieta e a nutrição desempenham um papel fundamental na saúde capilar, em especial a suplementação de vitamina D e ferro, enquanto a limitação do consumo de álcool e refrigerantes pode ser benéfica. Mais pesquisas são necessárias para confirmar esses achados.

Introdução

O cabelo é uma característica individual importante que desempenha um papel fundamental na autoestima e identidade de uma pessoa. Nas últimas décadas, tem havido um crescente interesse em investigar o papel da dieta e da nutrição na saúde capilar (Gokce et al., 2022). Embora os mecanismos precisos ainda não estejam totalmente esclarecidos, estudos indicam que certas vitaminas e minerais, como a vitamina D e o ferro, são essenciais para o desenvolvimento normal dos folículos pilosos (Cruz et al., 2020; O’Connor e Goldberg, 2021; Rajput, 2022).

Da mesma forma, é evidente que a deficiência de nutrientes específicos pode contribuir para o aparecimento da alopecia (Almohanna et al., 2019). Essa condição é definida pela ausência ou redução de cabelo em uma área onde normalmente ele seria esperado, afetando indivíduos de diferentes faixas etárias e gêneros (Al Aboud e Zito, 2024). Do ponto de vista clínico, a queda de cabelo é uma preocupação prevalente na prática dermatológica, com impacto psicológico e emocional significativo para os indivíduos afetados (Aşkın et al., 2022).

A relação entre dieta e saúde capilar permanece pouco explorada na literatura. Revisões recentes (2021–2022) concentraram-se principalmente no papel dos nutrientes na alopecia/queda de cabelo (Gokce et al., 2022; O’Connor e Goldberg, 2021; Rajput, 2022), destacando a necessidade de mais pesquisas nessa área. Entretanto, poucos estudos investigaram os efeitos combinados de alimentos, suplementos e nutrientes na saúde capilar. Este estudo sintetiza a literatura existente, oferecendo uma visão abrangente da associação entre dieta, nutrição e saúde do cabelo. Os achados podem servir como um recurso valioso tanto para indivíduos quanto para profissionais de saúde que buscam implementar intervenções mais eficazes (Gupta et al., 2021; Hailemariam et al., 2019; McKibbon, 1998).

Esta revisão teve como objetivo identificar associações entre alimentos e/ou nutrientes específicos e a saúde capilar com base na literatura existente. Para atingir esse objetivo, os critérios de elegibilidade dos estudos foram estruturados utilizando o modelo PICOS, que define população, indicador, comparador, desfecho e desenho do estudo.

Discussão

Os 17 artigos incluídos nesta revisão sistemática oferecem uma visão abrangente da relação entre alimentação, nutrição e saúde capilar. Os principais nutrientes e alimentos examinados foram vitamina D, ferro, proteína, soja, vegetais crucíferos, bebidas alcoólicas e açucaradas, além de suplementos específicos. Esses fatores foram mais frequentemente associados à gravidade e à ocorrência da alopecia, bem como a diversos parâmetros capilares, incluindo densidade, crescimento, espessura, brilho e queda de cabelo. De modo geral, a maioria desses fatores apresentou associação positiva com a saúde capilar, com exceção das bebidas alcoólicas e açucaradas, além do retinol.

A revisão sistemática incluiu um total de 61.332 indivíduos, revelando maior prevalência de alopecia em mulheres em comparação aos homens. Esse achado está em consonância com a literatura científica, que relata que a prevalência de alopecia em mulheres (11,4 milhões) é aproximadamente o dobro da observada em homens (6,1 milhões) (IHME). A ampla faixa etária incluída nesta revisão (7 a 77 anos) demonstra que a alopecia afeta indivíduos de diferentes idades. O Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) relata que, em 2021, 0,38% dos indivíduos entre 30–34 anos, 0,36% entre 35–39 anos e 0,31% entre 24–29 anos no mundo apresentavam alopecia (IHME, 2024). Essas estatísticas são consistentes com os achados desta revisão, uma vez que nove dos 17 artigos incluídos enfocaram indivíduos nessa faixa etária.

A revisão também inclui um artigo sobre alopecia pediátrica (Lin et al., 2023) e dois estudos com adolescentes. Apesar de a alopecia ser relativamente comum em crianças, a incidência e a prevalência na população pediátrica permanecem incertas (Griggs et al., 2021). Diante das evidências limitadas na literatura existente, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses achados.

A alopecia androgenética (AGA) é a forma mais prevalente de alopecia, afetando aproximadamente 50% dos homens até os 50 anos de idade, sendo também comum em mulheres, especialmente após a menopausa (Ho et al., 2024). A literatura já estabeleceu uma relação entre AGA e dieta (Almohanna et al., 2019; Rajput, 2022). Os dois artigos incluídos nesta revisão estão em consonância com estudos anteriores, indicando que deficiências nutricionais podem contribuir para o desenvolvimento da AGA. Embora a alopecia areata (AA) não seja a forma mais prevalente de alopecia no mundo, sua natureza autoimune tem despertado grande interesse clínico e científico para a compreensão de seus mecanismos subjacentes e a exploração de possíveis abordagens terapêuticas (Bertolini et al., 2020; Paus, 2020). Isso explica o maior número de estudos sobre AA identificados nesta revisão em comparação com os de AGA.

Embora determinar com precisão a prevalência de outras formas de alopecia seja um desafio, está bem estabelecido que essas condições afetam uma parcela da população em resposta a estresse, doenças ou outros fatores (Kesika et al., 2023; Shimizu et al., 2022). Uma dessas condições é o eflúvio telógeno, caracterizado por queda difusa e frequentemente aguda dos cabelos, que pode estar relacionada à dieta, particularmente em casos de deficiência de ferro ou ingestão excessiva de vitamina A (Hughes et al., 2024). Dois estudos incluídos nesta revisão corroboram esses achados, indicando que esses nutrientes influenciam a queda capilar (Hagino et al., 2021; Lin et al., 2023). Estima-se que pelo menos 3,3 bilhões de pessoas em todo o mundo possam apresentar algum tipo de queda de cabelo (IHME, 2024; Nations, 2022), predominantemente devido à AGA. Esse número pode até estar subestimado, já que não contabiliza outras formas de alopecia ou a queda capilar temporária (Ho et al., 2024; Shimizu et al., 2022).

Vale destacar que os desfechos relacionados à saúde capilar nos estudos incluídos nesta revisão variaram de acordo com a exposição analisada. 

Especificamente, os estudos que investigaram o impacto de nutrientes isolados na alopecia concentraram-se principalmente nessa condição, enquanto aqueles que analisaram o consumo alimentar avaliaram sua influência sobre a queda e a densidade capilar. Essa distinção pode ser atribuída à participação de diferentes mecanismos. Os efeitos de nutrientes isolados na saúde capilar podem ser diretos e específicos (Chen et al., 2018). Por exemplo, a suplementação com ferro tem sido associada ao crescimento capilar e à prevenção da queda (Trost et al., 2006). Em contraste, os alimentos integrais contêm uma combinação de nutrientes que podem interagir de maneiras mais complexas, afetando a queda e a densidade do cabelo de forma mais geral. Além disso, a abordagem centrada em nutrientes específicos permite maior controle sobre os fatores de exposição nos estudos, enquanto a análise de alimentos integrais considera os efeitos combinados de diversos nutrientes e compostos bioativos (Braun e Heinrich, 2020).

A revisão sistemática revelou que a vitamina D foi o nutriente mais estudado, aparecendo em cinco dos nove artigos sobre nutrientes. Em geral, observou-se que a vitamina D apresentou correlação inversa com a gravidade da AA e da AGA, em consonância com estudos prévios que destacam a associação entre a deficiência de vitamina D e ambas as condições (Amor et al., 2010; Saini e Mysore, 2021; Zhao et al., 2020; Zubair et al., 2021). Os dados sugerem que o Receptor de Vitamina D (VDR) desempenha um papel significativo no ciclo do folículo piloso, regulando a iniciação da fase anágena por mecanismos independentes de ligante e interagindo com a via de sinalização Wnt/β-catenina e o receptor nuclear Hairless (Hr) para manter a homeostase adequada do folículo piloso. Isso destaca a participação crucial do VDR na regulação transcricional que ativa o crescimento capilar e sustenta as populações de células-tronco foliculares, reforçando a necessidade de mais pesquisas sobre o papel da vitamina D e do VDR no ciclo capilar para lidar de forma eficaz com essa questão (Amor et al., 2010). Nesse contexto, Seleit et al. (2020) demonstraram que polimorfismos desses receptores (Taq-1 e Cdx-1) influenciam a queda de cabelo e podem servir como fatores de risco para a duração da doença (Seleit et al., 2020).

Em relação ao ferro, a presente revisão sugere que a suplementação é benéfica, com relatos de melhora no crescimento capilar. Uma revisão de Trost et al. (2006) destacou que diversos estudos associaram positivamente a deficiência de ferro à queda de cabelo, especialmente em mulheres, o que pode ser explicado pelo papel essencial do ferro no metabolismo do folículo piloso como cofator de enzimas envolvidas na síntese de DNA e na proliferação celular — processos fundamentais para as células em rápida divisão presentes nos folículos. Nessa revisão, alguns estudos propuseram uma correlação entre deficiência de ferro e tanto AA quanto AGA, enquanto outros refutaram essa hipótese, concluindo que as evidências eram insuficientes para recomendar a suplementação de ferro em pacientes com alopecia (Trost et al., 2006). Mais pesquisas são necessárias para aprofundar a compreensão da relação entre suplementação de ferro e seus impactos na saúde capilar.

A revisão incluiu um estudo que constatou que a privação proteica estava associada à redução do diâmetro e da pigmentação dos bulbos capilares. Isso ocorre porque a haste capilar é composta principalmente por queratina, uma proteína estrutural que requer disponibilidade adequada de aminoácidos para a síntese adequada e para o bom funcionamento do folículo piloso (Bradfield, 1971). Esses achados estão alinhados com as conclusões da revisão de Guo e Katta (2017), que indicou que a desnutrição proteica, observada em condições como kwashiorkor e marasmo, pode levar a alterações capilares, incluindo afinamento e queda de cabelo. Além disso, a mesma revisão destacou um estudo sobre a L-lisina, um aminoácido essencial envolvido na absorção de ferro e zinco. A combinação da suplementação de ferro com L-lisina resultou em um aumento significativo da concentração sérica média de ferritina em algumas mulheres com queda crônica de cabelo que haviam apresentado resposta inadequada à suplementação com ferro isoladamente (Guo e Katta, 2017).

Os achados desta revisão sistemática sugerem uma correlação entre o consumo de álcool e o aumento da incidência de queda de cabelo, bem como um possível efeito inibitório sobre o crescimento capilar (Yi et al., 2020). A relação entre consumo de álcool e alopecia areata é complexa, conforme evidenciado na literatura. O álcool demonstrou aliviar o estresse psicológico (Minokawa et al., 2022; Wang et al., 2019), que é um fator importante no desenvolvimento da alopecia areata (Gupta et al., 1997). Nesse contexto, o estudo de Dai et al. (2020) constatou que bebedores sociais e regulares apresentaram risco significativamente menor de desenvolver AA em comparação àqueles que nunca consumiram álcool (Dai et al., 2020). No entanto, o conjunto atual de evidências não permite uma conclusão definitiva sobre o impacto do consumo de álcool na alopecia. Mais pesquisas são necessárias para esclarecer essa relação e compreender melhor os mecanismos subjacentes.

Em relação ao consumo de alimentos com alto teor de açúcar, um dos artigos incluídos indicou que a ingestão de bebidas açucaradas está associada a um risco aumentado de queda capilar em homens jovens (Shi et al., 2023). Esse achado é corroborado por Goluch-Koniuszy (2016), que relatou que o consumo de alimentos processados contendo açúcares simples é um fator indireto ligado à queda de cabelo. Esses alimentos estimulam a secreção excessiva de sebo, o que favorece o crescimento microbiano no couro cabeludo. Isso, por sua vez, agrava a irritação e a inflamação, contribuindo para a queda capilar (Goluch-Koniuszy, 2016).

Nesta revisão, um artigo indicou que uma maior ingestão de produtos de soja e vegetais crucíferos esteve associada à redução da queda de cabelo. Esse achado é consistente com o trabalho de Pham et al. (2020), que demonstrou que dietas ricas em vegetais e produtos de soja, particularmente aqueles que contêm isoflavonas, promovem a saúde e o crescimento capilar. Além disso, os fitoquímicos presentes nesses alimentos, como carotenoides e polifenóis, possuem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Essas propriedades ajudam a reduzir a produção de espécies reativas de oxigênio nas células da papila dérmica, levando à diminuição da secreção do fator de crescimento transformador β1 e ao aumento da estimulação do crescimento capilar (Pham et al., 2020). No entanto, mais pesquisas são necessárias para aprofundar a compreensão do papel desses alimentos na saúde capilar.

No contexto dos suplementos alimentares complexos, quatro artigos abordaram esse tema, e todos apresentaram evidências de melhora nos parâmetros capilares (Ablon, 2015; Ham et al., 2023; Jacquet et al., 2007; Kalman e Hewlings, 2020). Os efeitos sinérgicos de múltiplos nutrientes nessas formulações podem atuar em diversos aspectos do metabolismo do folículo piloso simultaneamente, desde o fornecimento de blocos estruturais até o suporte à produção de energia celular e aos mecanismos de defesa antioxidante. Uma revisão de Braun e Heinrich (2020) corrobora esses dados, afirmando que determinados suplementos alimentares complexos podem melhorar a queda de cabelo e enfatizando a importância de uma abordagem multifacetada no tratamento de certos parâmetros capilares (Braun e Heinrich, 2020).

As principais limitações desta revisão sistemática são que a maioria dos estudos possui delineamento transversal, o que impede o estabelecimento de relações de causa e efeito entre as associações observadas. Além disso, a heterogeneidade dos estudos, incluindo variações nos grupos etários, alimentos/nutrientes estudados, desfechos de saúde e métodos de avaliação, deve ser considerada. Devido a essa heterogeneidade e ao número limitado de artigos incluídos nesta revisão, não foi possível realizar uma meta-análise. Portanto, são necessários estudos adicionais para confirmar e fortalecer os dados apresentados.

Este estudo é a primeira revisão sistemática a explorar o impacto de nutrientes e alimentos na saúde capilar. A adesão à metodologia PRISMA garantiu uma avaliação minuciosa e sistemática dos dados. Em termos de saúde pública, esta revisão representa uma contribuição significativa para o corpo de conhecimento existente, oferecendo insights que podem auxiliar e orientar a prática dos profissionais de saúde nessa área. À medida que cresce a demanda por informações atualizadas, baseadas em evidências, sobre segurança, tolerabilidade e eficácia das terapias nutricionais para a queda de cabelo, esta revisão fornece orientação valiosa tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde.

Conclusão

Os achados desta revisão destacam o papel significativo que fatores dietéticos e nutricionais exercem na manutenção da saúde capilar. Os resultados sugerem que a ingestão de nutrientes e alimentos específicos pode influenciar a saúde do cabelo. Níveis séricos mais elevados de vitamina D e a suplementação de ferro mostraram impacto positivo na alopecia, reduzindo sua gravidade e promovendo o crescimento capilar, respectivamente. Também foi observada uma associação positiva entre a ingestão de proteínas, o consumo de produtos de soja, vegetais crucíferos e suplementos, com melhorias em parâmetros capilares como queda de cabelo e densidade. Por outro lado, o maior consumo de bebidas alcoólicas e açucaradas foi associado a um risco aumentado de queda capilar.

Os achados sugerem que intervenções dietéticas direcionadas podem ser importantes na prevenção e no manejo de condições capilares, como alopecia e queda de cabelo. No entanto, mais pesquisas são necessárias para aprofundar a compreensão dessas associações e para desenvolver recomendações baseadas em evidências que promovam a saúde capilar por meio da nutrição.

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Cabelos Fortes e Saudáveis: O que a ciência revela sobre a alimentação e a queda capilar




O cabelo não é apenas um detalhe estético: ele está diretamente ligado à identidade e à autoestima de cada pessoa. Por isso, entender como a alimentação influencia na saúde capilar pode ser a chave para fios mais fortes e bonitos. Pesquisadores realizaram uma revisão sistemática para avaliar quais alimentos e nutrientes estão ligados ao fortalecimento ou à queda de cabelo. Foram analisados mais de 60 mil participantes, a maioria mulheres, em estudos publicados entre 2020 e 2024.

Entre os nutrientes mais investigados, a vitamina D e o ferro se destacaram. Níveis adequados desses dois elementos mostraram-se associados a menor risco de alopecia (condição caracterizada pela queda capilar). A revisão mostrou que quem possui níveis mais altos de vitamina D tende a apresentar menor gravidade de alopecia. Esse nutriente tem um papel importante no ciclo do folículo piloso e pode até ajudar a estimular novas fases de crescimento.

O ferro, por sua vez, é essencial para a multiplicação celular dos folículos. Sua deficiência foi frequentemente relacionada à queda capilar, especialmente entre mulheres. Alguns estudos indicaram melhora significativa do cabelo após suplementação adequada. Além de vitaminas e minerais, a proteína mostrou ser indispensável. O cabelo é formado principalmente por queratina, uma proteína que depende da ingestão de aminoácidos. Dietas pobres em proteínas foram associadas a fios mais finos e quebradiços.

Outro destaque foi o papel da soja e dos vegetais crucíferos (como brócolis, couve e couve-flor). Essas fontes vegetais parecem contribuir para a saúde capilar por conter antioxidantes e compostos anti-inflamatórios que ajudam na proteção do couro cabeludo. Por outro lado, o consumo frequente de bebidas alcoólicas e refrigerantes açucarados mostrou relação direta com maior risco de queda de cabelo. Esses hábitos parecem aumentar processos inflamatórios e afetar negativamente o folículo piloso.

Um dado interessante é que a alopecia é mais prevalente em mulheres, mas também afeta homens em grande escala. A chamada alopecia androgenética chega a atingir metade dos homens até os 50 anos, e também muitas mulheres após a menopausa. Outras formas de queda, como a alopecia areata (de origem autoimune) e o eflúvio telógeno (queda difusa ligada a estresse, carências nutricionais ou doenças), também foram associadas ao estado nutricional.

No caso do eflúvio telógeno, a deficiência de ferro ou o excesso de vitamina A foram apontados como possíveis gatilhos para a perda capilar. Isso mostra como tanto a falta quanto o excesso de nutrientes podem prejudicar.

A revisão também destacou que suplementos alimentares complexos, que combinam diversas vitaminas e minerais, podem melhorar parâmetros como densidade e crescimento dos fios. Isso porque atuam de forma sinérgica em diferentes processos celulares. Apesar desses resultados promissores, os autores lembram que a maioria dos estudos é observacional, ou seja, não prova causa e efeito. Ainda assim, as associações encontradas são relevantes e apontam caminhos importantes.

Um exemplo é a interação entre vitamina D e seus receptores no couro cabeludo, que regulam a fase de crescimento dos fios. Alterações nesses receptores podem aumentar o risco de alopecia.

O ferro também merece destaque pela sua função de cofator em enzimas que ajudam a produzir DNA. Como as células do folículo se dividem rapidamente, qualquer deficiência impacta diretamente na produção de fios saudáveis.

Proteínas específicas, como a L-lisina, parecem potencializar a absorção de ferro e zinco, melhorando a resposta de mulheres que sofrem de queda crônica de cabelo. Esse é um bom exemplo de como nutrientes podem atuar em conjunto.

Outro alerta importante é sobre o excesso de açúcar na dieta. Bebidas adoçadas e alimentos ultraprocessados aumentam a produção de sebo e inflamação no couro cabeludo, fatores que favorecem a queda. Já os alimentos ricos em antioxidantes, como os vegetais verdes e produtos de soja, podem combater o estresse oxidativo, melhorando a vitalidade dos fios. Isso reforça o papel de uma alimentação equilibrada e variada.

No fim das contas, a mensagem é clara: a saúde do cabelo está intimamente ligada ao que colocamos no prato. Uma dieta rica em nutrientes essenciais ajuda a manter os fios mais fortes, enquanto hábitos nocivos, como álcool e açúcar em excesso, podem acelerar a queda.

Mais pesquisas ainda são necessárias, mas já está evidente que cuidar da alimentação é também cuidar da beleza e da autoestima. O segredo para cabelos saudáveis pode estar muito mais próximo do que imaginamos: na nossa própria rotina alimentar.

Resumo final
  • Vitamina D e ferro: fundamentais para prevenir a queda.
  • Proteínas e aminoácidos: base estrutural dos fios.
  • Soja e vegetais crucíferos: aliados antioxidantes.
  • Açúcar e álcool: inimigos da saúde capilar.
  • Suplementos: podem ser úteis em alguns casos.