A política de gestão de produtos tóxicos, que provocam cerca de 20 mil mortes por ano, precisa levar em conta que homens e mulheres estão expostos de modo diferente a essas substâncias químicas e que seus organismos reagem distintamente à contaminação. É o que recomenda a cartilha Produtos Químicos e Gênero, lançada pelo Grupo de Meio Ambiente e Energia do PNUD.
Programas com essas características podem compreender melhor as diferenças socioculturais e biológicas e combater de modo mais preciso a contaminação. Nas comunidades rurais dos países em desenvolvimento, por exemplo, os homens geralmente são mais expostos à contaminação durante a aplicação dos produtos tóxicos, e as mulheres (e às vezes as crianças), durante o plantio e a colheita. Elas também entram em contato mais frequente com substâncias perigosas presentes em cosméticos e itens de higiene pessoal, como sabonetes, cremes e xampus.
No setor de saúde, em que a maioria dos trabalhadores é do sexo feminino, as mulheres estão mais sujeitas a contaminação de agentes químicos utilizados em procedimentos médicos. Como as mulheres e meninas também costumam cuidar da limpeza doméstica, ficam expostas em maior grau a substâncias tóxicas presentes em mercadorias desse tipo.
Do ponto de vista biológico, por ter maior proporção de gordura corporal, as mulheres armazenam quantidades mais altas de poluentes ambientais em seus tecidos. Além disso, em algumas fases, como gravidez, lactação e menopausa, o organismo feminino sofre rápidas mudanças, que potencializam a vulnerabilidade.
Os homens, por sua vez, estão comumente em maior risco de exposição a componentes tóxicos usados na mineração, em operações de curtume e oficinas mecânicas. Sob uma perspectiva fisiológica, uma série de estudos destaca o aumento mundial nos incidentes de câncer de testículo e de outros transtornos reprodutivos masculinos, incluindo a diminuição na quantidade e qualidade dos espermatozoides.
Para enfrentar essa situação, o PNUD recomenda uma abordagem multidisciplinar, envolvendo todos os ministérios que atuam diretamente na gestão de produtos químicos — como o do meio ambiente, indústria, trabalho, saúde, mulheres, agricultura, educação e comércio —, além de associações industriais, sindicatos, laboratórios, universidades, e organizações da sociedade civil.
A cartilha, voltada a gestores de políticas para o setor, aponta que é fundamental garantir a participação de populações vulneráveis que geralmente são sub-representadas nos processos decisórios, como mulheres, trabalhadores e comunidades indígenas.
Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2011/06/01/acao-antipoluente-deve-considerar-genero-homens-e-mulheres-enfrentam-riscos-diferentes-na-exposicao-a-produtos-toxicos/
Mostrando postagens com marcador Poluentes orgânicos persistentes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Poluentes orgânicos persistentes. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Ação antipoluente deve considerar gênero: Homens e mulheres enfrentam riscos diferentes na exposição a produtos tóxicos
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
21:20
0
comentários
Enviar por e-mail
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook

Marcadores:
contaminantes ambientais,
Poluentes orgânicos persistentes
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Contaminantes emergentes na água afetam animais e humanos
Pênis menores
Durante a década de 1990, houve uma redução na população de jacarés que habitava os pântanos da Flórida, nos Estados Unidos.
Ao investigar o problema, cientistas perceberam que os machos da espécie tinham pênis menores do que o normal, além de apresentar baixos índices do hormônio masculino testosterona.
Os estudos verificaram que as mudanças hormonais que estavam alterando o fenótipo dos animais e prejudicando sua reprodução foram desencadeadas por pesticidas clorados empregados em plantações naquela região.
Menstruação precoce
Mas os problemas não ficaram limitados aos jacarés.
"Em algumas dessas áreas, meninas estão menstruando cada vez mais cedo e, nos homens, o número de espermatozoides despencou nos últimos 50 anos. Esses são alguns problemas cujos motivos ninguém conseguiu explicar até agora e que podem estar relacionados a produtos presentes na água que bagunçam o ciclo hormonal", disse Wilson Jardim, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O pesquisador conta que esses contaminantes, chamados emergentes, podem estar por trás de vários outros efeitos relacionados tanto à saúde humana como aos ecossistemas aquáticos.
Esses produtos químicos eram aplicados de acordo com a legislação norte-americana, a qual estabelecia limites máximos baseados em sua toxicidade, mas não considerava a alteração hormonal que eles provocavam, simplesmente porque os efeitos não eram conhecidos.
Contaminantes emergentes
Assim como os pântanos da Flórida, corpos d'água de vários pontos do planeta estão sendo contaminados com diferentes coquetéis que podem conter princípios ativos de medicamentos, componentes de plásticos, hormônios naturais e artificiais, antibióticos, defensivos agrícolas e muitos outros em quantidades e proporções diversas e com efeitos desconhecidos para os animais aquáticos e também para pessoas que consomem essas águas.
"Como não são aplicados métodos de tratamento que retirem esses contaminantes, as cidades que ficam à jusante de um rio bebem o esgoto das que ficam à montante", alertou o pesquisador.
O aumento no consumo de cosméticos, de artigos de limpeza e de medicamentos tem piorado a situação, de acordo com o pesquisador, cujo grupo encontrou diversos tipos de produtos em amostras de água retirada de rios no Estado de São Paulo. O anti-inflamatório diclofenaco, o analgésico ácido acetilsalicílico e o bactericida triclosan, empregado em enxaguatórios bucais, são apenas alguns exemplos.
A esses se soma uma crescente coleção de cosméticos que engorda o lixo químico que vai parar nos cursos d'água sem receber tratamento algum. "Estima-se que uma pessoa utilize, em média, dez produtos cosméticos e de higiene todos os dias antes mesmo de sair de casa", disse Jardim.
Sem uma legislação que faça as empresas de distribuição retirar essas substâncias tanto do esgoto a ser jogado nos rios como da água deles captada, tem sido cada vez mais comum encontrar interferentes hormonais nas torneiras das residências. Os filtros domésticos disponíveis no mercado não dão conta dessa limpeza.
"Os métodos utilizados pelas estações de tratamento de água brasileiras são em geral seculares. Eles não incorporaram novas tecnologias, como a oxidação avançada, a osmose inversa e a ultrafiltração", disse o professor da Unicamp, afirmando acreditar que tais métodos só serão incorporados pelas empresas por meio de uma legislação específica, uma vez que eles encareceriam o tratamento.
Peixes feminilizados
Uma das primeiras cidades a enfrentar esse tipo de contaminação foi Las Vegas, nos Estados Unidos. Em meio a um deserto, o município depende de uma grande quantidade de água retirada do lago Mead, o qual também recebe o esgoto da cidade.
Apesar de contar com um bom tratamento de esgoto, a água da cidade acabou provocando alterações hormonais nas comunidades de animais aquáticos do lago, com algumas espécies de peixes tendo apresentado altos índices de feminilização. Universidades e concessionárias de água se uniram para estudar o problema e chegaram à conclusão de que o esgoto precisava de melhor tratamento.
"Foi uma abordagem madura, racional e que contou com o apoio da população, que se mostrou disposta a até pagar mais em troca de uma água limpa desses contaminantes", contou Jardim.
Bisfenol A (BPA)
Alterações como o odor na água são indicadores de contaminantes como o bisfenol A, produto que está presente em diversos tipos de plásticos e que pode afetar a fertilidade, de acordo com pesquisas feitas com ratos no Instituto de Biociências do campus de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Jardim alerta que o bisfenol A é um interferente endócrino comprovado que afeta especialmente organismos em formação, o que o torna perigoso no desenvolvimento endócrino das crianças. Além dele, a equipe da Unicamp também identificou atrazina, um pesticida utilizado na agricultura.
Não apenas produtos que alteram a produção hormonal foram detectados na pesquisa, há ainda outros que afetam o ambiente e têm efeitos desconhecidos no consumo humano. Um deles é o triclosan, bactericida empregado em enxaguatórios bucais cuja capacidade biocida aumenta sob o efeito dos raios solares.
Se o efeito individual de cada um desses produtos é perigoso, pouco se sabe sobre os resultados de misturas entre eles. A interação entre diferentes químicos em proporções e quantidades inconstantes e reunidos ao acaso produz novos compostos dos quais pouco se conhecem os efeitos.
"A realidade é que não estamos expostos a cada produto individualmente, mas a uma mistura deles. Se dois compostos são interferentes endócrinos quando separados, ao juntá-los não significará, necessariamente, que eles vão se potencializar", disse Jardim.
Segundo ele, essas interações são muito complexas. Para complicar, todos os dados de que a ciência dispõe no momento são para compostos individuais.
Superbactérias
Outra preocupação do pesquisador é a presença de antibióticos nas águas dos rios. Por meio do projeto "Antibióticos na bacia do rio Atibaia", Jardim e sua equipe analisaram de 2007 a 2009 a presença de antibióticos populares na água do rio paulista.
A parte da análise ficou por conta do doutorando Marco Locatelli, que identificou concentrações de cefalexina, ciprofloxacina, amoxicilina e trimetrotrin em amostras da água do Atibaia.
A automedicação e o consumo exacerbado desse tipo de medicamento foram apontados por Jardim como as principais causas dessa contaminação que apresenta como risco maior o desenvolvimento de "superbactérias", microrganismos muito resistentes à ação desses antibióticos.
O professor da Unicamp reforça a gravidade da questão da água, uma vez que pode afetar de inúmeras maneiras a saúde da população e o meio ambiente. "Isso já deve estar ocorrendo de forma silenciosa e não está recebendo a devida atenção", alertou.
Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=contaminantes-emergentes-agua&id=5797
Durante a década de 1990, houve uma redução na população de jacarés que habitava os pântanos da Flórida, nos Estados Unidos.
Ao investigar o problema, cientistas perceberam que os machos da espécie tinham pênis menores do que o normal, além de apresentar baixos índices do hormônio masculino testosterona.
Os estudos verificaram que as mudanças hormonais que estavam alterando o fenótipo dos animais e prejudicando sua reprodução foram desencadeadas por pesticidas clorados empregados em plantações naquela região.
Menstruação precoce
Mas os problemas não ficaram limitados aos jacarés.
"Em algumas dessas áreas, meninas estão menstruando cada vez mais cedo e, nos homens, o número de espermatozoides despencou nos últimos 50 anos. Esses são alguns problemas cujos motivos ninguém conseguiu explicar até agora e que podem estar relacionados a produtos presentes na água que bagunçam o ciclo hormonal", disse Wilson Jardim, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O pesquisador conta que esses contaminantes, chamados emergentes, podem estar por trás de vários outros efeitos relacionados tanto à saúde humana como aos ecossistemas aquáticos.
Esses produtos químicos eram aplicados de acordo com a legislação norte-americana, a qual estabelecia limites máximos baseados em sua toxicidade, mas não considerava a alteração hormonal que eles provocavam, simplesmente porque os efeitos não eram conhecidos.
Contaminantes emergentes
Assim como os pântanos da Flórida, corpos d'água de vários pontos do planeta estão sendo contaminados com diferentes coquetéis que podem conter princípios ativos de medicamentos, componentes de plásticos, hormônios naturais e artificiais, antibióticos, defensivos agrícolas e muitos outros em quantidades e proporções diversas e com efeitos desconhecidos para os animais aquáticos e também para pessoas que consomem essas águas.
"Como não são aplicados métodos de tratamento que retirem esses contaminantes, as cidades que ficam à jusante de um rio bebem o esgoto das que ficam à montante", alertou o pesquisador.
O aumento no consumo de cosméticos, de artigos de limpeza e de medicamentos tem piorado a situação, de acordo com o pesquisador, cujo grupo encontrou diversos tipos de produtos em amostras de água retirada de rios no Estado de São Paulo. O anti-inflamatório diclofenaco, o analgésico ácido acetilsalicílico e o bactericida triclosan, empregado em enxaguatórios bucais, são apenas alguns exemplos.
A esses se soma uma crescente coleção de cosméticos que engorda o lixo químico que vai parar nos cursos d'água sem receber tratamento algum. "Estima-se que uma pessoa utilize, em média, dez produtos cosméticos e de higiene todos os dias antes mesmo de sair de casa", disse Jardim.
Sem uma legislação que faça as empresas de distribuição retirar essas substâncias tanto do esgoto a ser jogado nos rios como da água deles captada, tem sido cada vez mais comum encontrar interferentes hormonais nas torneiras das residências. Os filtros domésticos disponíveis no mercado não dão conta dessa limpeza.
"Os métodos utilizados pelas estações de tratamento de água brasileiras são em geral seculares. Eles não incorporaram novas tecnologias, como a oxidação avançada, a osmose inversa e a ultrafiltração", disse o professor da Unicamp, afirmando acreditar que tais métodos só serão incorporados pelas empresas por meio de uma legislação específica, uma vez que eles encareceriam o tratamento.
Peixes feminilizados
Uma das primeiras cidades a enfrentar esse tipo de contaminação foi Las Vegas, nos Estados Unidos. Em meio a um deserto, o município depende de uma grande quantidade de água retirada do lago Mead, o qual também recebe o esgoto da cidade.
Apesar de contar com um bom tratamento de esgoto, a água da cidade acabou provocando alterações hormonais nas comunidades de animais aquáticos do lago, com algumas espécies de peixes tendo apresentado altos índices de feminilização. Universidades e concessionárias de água se uniram para estudar o problema e chegaram à conclusão de que o esgoto precisava de melhor tratamento.
"Foi uma abordagem madura, racional e que contou com o apoio da população, que se mostrou disposta a até pagar mais em troca de uma água limpa desses contaminantes", contou Jardim.
Bisfenol A (BPA)
Alterações como o odor na água são indicadores de contaminantes como o bisfenol A, produto que está presente em diversos tipos de plásticos e que pode afetar a fertilidade, de acordo com pesquisas feitas com ratos no Instituto de Biociências do campus de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Jardim alerta que o bisfenol A é um interferente endócrino comprovado que afeta especialmente organismos em formação, o que o torna perigoso no desenvolvimento endócrino das crianças. Além dele, a equipe da Unicamp também identificou atrazina, um pesticida utilizado na agricultura.
Não apenas produtos que alteram a produção hormonal foram detectados na pesquisa, há ainda outros que afetam o ambiente e têm efeitos desconhecidos no consumo humano. Um deles é o triclosan, bactericida empregado em enxaguatórios bucais cuja capacidade biocida aumenta sob o efeito dos raios solares.
Se o efeito individual de cada um desses produtos é perigoso, pouco se sabe sobre os resultados de misturas entre eles. A interação entre diferentes químicos em proporções e quantidades inconstantes e reunidos ao acaso produz novos compostos dos quais pouco se conhecem os efeitos.
"A realidade é que não estamos expostos a cada produto individualmente, mas a uma mistura deles. Se dois compostos são interferentes endócrinos quando separados, ao juntá-los não significará, necessariamente, que eles vão se potencializar", disse Jardim.
Segundo ele, essas interações são muito complexas. Para complicar, todos os dados de que a ciência dispõe no momento são para compostos individuais.
Superbactérias
Outra preocupação do pesquisador é a presença de antibióticos nas águas dos rios. Por meio do projeto "Antibióticos na bacia do rio Atibaia", Jardim e sua equipe analisaram de 2007 a 2009 a presença de antibióticos populares na água do rio paulista.
A parte da análise ficou por conta do doutorando Marco Locatelli, que identificou concentrações de cefalexina, ciprofloxacina, amoxicilina e trimetrotrin em amostras da água do Atibaia.
A automedicação e o consumo exacerbado desse tipo de medicamento foram apontados por Jardim como as principais causas dessa contaminação que apresenta como risco maior o desenvolvimento de "superbactérias", microrganismos muito resistentes à ação desses antibióticos.
O professor da Unicamp reforça a gravidade da questão da água, uma vez que pode afetar de inúmeras maneiras a saúde da população e o meio ambiente. "Isso já deve estar ocorrendo de forma silenciosa e não está recebendo a devida atenção", alertou.
Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=contaminantes-emergentes-agua&id=5797
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
12:44
0
comentários
Enviar por e-mail
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook

Marcadores:
Anvisa e Bisfenol-A,
bpa,
contaminantes ambientais,
disruptores endocrinos,
Poluentes orgânicos persistentes
quarta-feira, 16 de março de 2011
Poluentes orgânicos podem afetar os níveis estresse
Segundo uma nova pesquisa, poluentes orgânicos persistentes (POPs), como o PCB, afetam a maneira como o córtex adrenal funciona e,portanto, afetam a síntese do hormônio do estresse, cortisol.
Os POPs são amplamente encontrados na natureza e todos os animais e seres humanos estão expostos a eles no dia a dia, principalmente através dos alimentos. Recentemente, tem havido grandes preocupações quanto à capacidade potencial destes poluentes de afetar o equilíbrio hormonal do corpo.
O novo estudo tenta compreender como a exposição a esses poluentes durante fases iniciais da vida interfere nos níveis hormonais e, portanto, podem causar danos à saúde mais tarde. Os pesquisadores também estudaram como a produção de hormônios, como o cortisol e hormônios sexuais, são afetadas pelas misturas ambientais de POPs extraídas de peixes.
O cortisol tem um papel importante no desenvolvimento fetal normal e, mais tarde na vida, na retenção de funções normais do corpo durante períodos de estresse. Até hoje, menos pesquisas foram realizadas sobre o efeito dos POPs sobre os níveis de cortisol do que sobre os hormônios sexuais.
O estudo revela que a exposição à PCBs durante a vida fetal e o período de amamentação causa níveis alterados de cortisol no sangue de fetos e animais adultos. Isso indica que a exposição a estes poluentes durante as fases iniciais da vida pode ter consequências a longo prazo.
As descobertas são importantes porque a alteração do equilíbrio de cortisol durante a infância pode levar a uma predisposição a desenvolver várias doenças na idade adulta, como diabetes e doenças cardiovasculares.
O conhecimento sobre como funcionam e agem os diferentes POPs é importante para a avaliação dos riscos para a saúde humana.
Os pesquisadores utilizaram células produtoras de hormônios em seu estudo. Uma mistura POP extraída de peixes de um lago norueguês, com altos níveis de “retardadores de chama bromados”, não era mais potente quanto ao aumento da síntese de hormônios do que uma mistura de peixe similar de outro lago, com níveis significativamente inferiores.
Outra mistura POP extraída de fígado de bacalhau cru também teve um efeito pronunciado sobre a síntese dos hormônios cortisol e do sexo, enquanto uma mistura de óleo de fígado de bacalhau, tratado comercialmente e frequentemente consumida como suplemento dietético, tinha apenas efeitos limitados.
A conclusão da pesquisa é que a síntese de cortisol parece ser um alvo sensível para os poluentes, e que esforços devem ser feitos para descobrir até que ponto isso pode ameaçar a saúde humana e animal.
Fonte: http://www.sciencedaily.com/releases/2010/12/101228103328.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily+%28ScienceDaily%3A+Latest+Science+News%29&utm_content=Google+Reader
Os POPs são amplamente encontrados na natureza e todos os animais e seres humanos estão expostos a eles no dia a dia, principalmente através dos alimentos. Recentemente, tem havido grandes preocupações quanto à capacidade potencial destes poluentes de afetar o equilíbrio hormonal do corpo.
O novo estudo tenta compreender como a exposição a esses poluentes durante fases iniciais da vida interfere nos níveis hormonais e, portanto, podem causar danos à saúde mais tarde. Os pesquisadores também estudaram como a produção de hormônios, como o cortisol e hormônios sexuais, são afetadas pelas misturas ambientais de POPs extraídas de peixes.
O cortisol tem um papel importante no desenvolvimento fetal normal e, mais tarde na vida, na retenção de funções normais do corpo durante períodos de estresse. Até hoje, menos pesquisas foram realizadas sobre o efeito dos POPs sobre os níveis de cortisol do que sobre os hormônios sexuais.
O estudo revela que a exposição à PCBs durante a vida fetal e o período de amamentação causa níveis alterados de cortisol no sangue de fetos e animais adultos. Isso indica que a exposição a estes poluentes durante as fases iniciais da vida pode ter consequências a longo prazo.
As descobertas são importantes porque a alteração do equilíbrio de cortisol durante a infância pode levar a uma predisposição a desenvolver várias doenças na idade adulta, como diabetes e doenças cardiovasculares.
O conhecimento sobre como funcionam e agem os diferentes POPs é importante para a avaliação dos riscos para a saúde humana.
Os pesquisadores utilizaram células produtoras de hormônios em seu estudo. Uma mistura POP extraída de peixes de um lago norueguês, com altos níveis de “retardadores de chama bromados”, não era mais potente quanto ao aumento da síntese de hormônios do que uma mistura de peixe similar de outro lago, com níveis significativamente inferiores.
Outra mistura POP extraída de fígado de bacalhau cru também teve um efeito pronunciado sobre a síntese dos hormônios cortisol e do sexo, enquanto uma mistura de óleo de fígado de bacalhau, tratado comercialmente e frequentemente consumida como suplemento dietético, tinha apenas efeitos limitados.
A conclusão da pesquisa é que a síntese de cortisol parece ser um alvo sensível para os poluentes, e que esforços devem ser feitos para descobrir até que ponto isso pode ameaçar a saúde humana e animal.
Fonte: http://www.sciencedaily.com/releases/2010/12/101228103328.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily+%28ScienceDaily%3A+Latest+Science+News%29&utm_content=Google+Reader
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
21:39
0
comentários
Enviar por e-mail
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook

terça-feira, 1 de março de 2011
Plano nacional de gerenciamento e eliminação de bifenilas policloradas (PCBs)
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) ampliará este ano a capacitação laboratorial de seu Centro de Metrologia Química (CMQ). O objetivo é executar ensaios e testes que darão suporte ao projeto do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para elaborar um plano nacional de gerenciamento e eliminação de bifenilas policloradas (PCBs).
Essas substâncias são definidas como compostos organoclorados com 209 possibilidades de estruturas congêneres, das quais 130 tiveram uso comercial no passado.
As PCBs também são conhecidas como ascaréis e foram fabricadas no século 20, entre as décadas de 1920 e 1980, para conferir, principalmente, propriedades dielétricas a líquidos condutores, como os fluidos de transformadores.
Segundo o IPT, esses contaminantes são encontrados também em capacitores elétricos, bombas de vácuo, turbinas de transmissão a gás, fluidos hidráulicos, plastificantes para borrachas, pesticidas, papel carbono, entre outros sistemas e materiais.
O MMA representa o compromisso do país com a Convenção de Estocolmo, que está em vigor desde 2004 e prevê a eliminação dos passivos ambientais de poluentes orgânicos persistentes até 2025.
As PCBs estão entre as substâncias dessa categoria, que abriga também agrotóxicos, insumos da indústria química e resíduos industriais. Todos são nocivos à saúde humana e extremamente estáveis, podendo migrar de um meio para outro – como do solo para a água – com facilidade de permanecer no ambiente por muito tempo.
O IPT já conta com os padrões para a realização da implantação da metodologia analítica. “Depois, teremos de passar pelo processo de acreditação do Inmetro, que é uma exigência do MMA para aceitação do relatório do ensaio”, disse Helena Lima de Araújo Glória, do CMQ.
Para a implantação da metodologia analítica será utilizada a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas para identificação dos vários congêneres das bifenilas e a cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons para separação e quantificação desses compostos.
O detector de captura de elétrons é o mais seletivo para os organoclorados, sendo capaz de detectar teores em níveis de partes por bilhão (ppb).
Estima-se que a produção mundial de PCBs seja de 1,2 milhão de toneladas, sendo que 40% devem ter migrado para a natureza por meio de descartes indevidos, enquanto o restante ainda está em uso em equipamentos antigos.
Os problemas de saúde associados à intoxicação por PCB podem ocorrer no sistema reprodutivo, segundo estudos em cobaias feitos a partir dos anos 1960, quando houve maior conscientização dos efeitos nocivos dessa substância.
Nos seres humanos, os sintomas são problemas de circulação, complicações renais, câncer no fígado e vesícula biliar, hiperpigmentação, problemas oculares, entre outros.
Mais informações: http://www.ipt.br/
Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13512/noticias/combate-ao-passivo-de-pcbs.htm
OBS: Para ler mais posts sobre efeitos das PCBs:
Essas substâncias são definidas como compostos organoclorados com 209 possibilidades de estruturas congêneres, das quais 130 tiveram uso comercial no passado.
Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13512/noticias/combate-ao-passivo-de-pcbs.htm
- Exposição ao Chumbo e PCBs são fatores de risco pra Déficit de Atenção com Hiperatividade em crianças
- Chemical Causes of Diabetes: Overeating Is Not the Only Problem
- Contaminação ambiental e grávidas
- Toxinas ambientais e a influência na saúde humana
- Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e Metais tóxicos
- Disruptores endócrinos no meio ambiente: um problema de saúde
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
14:00
0
comentários
Enviar por e-mail
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook

Marcadores:
contaminantes ambientais,
PCBs,
Poluentes orgânicos persistentes
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Praguicidas (agrotóxicos) – mais fatos a respeito
Os praguicidas (que também aparecem designados, inadequadamente, por agrotóxicos, agroquímicos, defensivos agrícolas, pesticidas, etc, representam um grande agrupamento de substâncias químicas que têm em comum a propriedade de produzirem a morte de agentes causadores do que é considerado praga no campo agropecuário.
Esses agentes variam enormemente no que se refere:
1) à estrutura química,
2) mecanismos de ação,
3) toxicidade.
Por isso, têm merecido por parte da Toxicologia um estudo minucioso e permanente. Sua toxicidade pode se manifestar, nos mamíferos, em:
1)curto,
2)médio,
3)longo prazo após;
4) e/ou durante a exposição.
Devemos sempre nos recordar de que os praguicidas são desenvolvidos intencionalmente para que sejam tóxicos, é isso que se busca!
Sua toxicidade pode ser classificada, por exemplo, a aguda (ou de curto prazo), que será baixa, moderada, grave ou letal, em decorrência das manifestações de sinais e sintomas. Por isso é tão importante que as autoridades de saúde e de meio ambiente do país controlem eficiente e eficazmente esses produtos, por meio de testes de avaliação de toxicidade, de registros e restrições quanto ao uso, de vigilância de uso e descarte de embalagens e resíduos.
O uso dessas substâncias permanece uma polêmica acesa:
1) de um lado argumentos relativos à produção de alimentos, fome no mundo, geração de trabalho e renda, tudo isso bradado pelos representantes de indústrias de síntese e/ou formuladoras e os grandes produtores rurais;
2) do outro lado os argumentos referentes à contaminação ambiental e humana, a biomagnificação nas cadeias alimentares, à causação de doenças, isso acenado por cientistas e ambientalistas.
Por isso, não é de se espatar que o assunto esteja sempre tão presente na mídia, ainda que nem sempre tratado de forma correta e com informações apropriadas para a compreensão do grande público. E como a questão da poluição ambiental por esses produtos é ubíqua, a presença midiática também o é. Assim, vejam-se algumas recentes notícias.
Relatório oficial confirma relação entre agrotóxicos e aumento de doenças na Argentina
Em junho último, o jornal argentino Página 12 publicou uma reportagem sobre a divulgação de um informe, elaborado por uma comissão criada pelo governo estadual do Chaco (no norte do país), analisando estatísticas de saúde em zonas de uso intensivo de agrotóxicos. Em uma década, triplicaram os casos de câncer em crianças e quadruplicaram os nascimentos de bebês com malformações.
Os dados contundentes confirmam as denúncias que vêm sendo realizadas há alguns anos pelos moradores das regiões de produção intensiva de soja e arroz. Este aumento assustador da ocorrência de doenças relacionadas aos agrotóxicos deu-se em apenas uma década, período em que aumentou consideravelmente o uso de agroquímicos na região.
O estudo, intitulado simplesmente “Primeiro Informe”, foi entregue ao Governo Estadual e ao escritório local do Ministério da Saúde. Os casos de câncer estão focalizados na localidade La Leoneza, epicentro das denúncias por uso de herbicidas e inseticidas. As malformações correspondem a dados de todo o estado, onde, sempre segundo dados oficiais, ocorrem 17 casos por mês.
La Leonesa é uma localidade de dez mil habitantes a 60 km da capital do estado, Resistencia. Há dez anos são denunciados os efeitos sanitários dos agrotóxicos usados nas plantações de arroz. Destacam-se o glifosato, o endossulfam, o metamidofós, o picloran e o clopirifos, entre outros químicos usados também nas lavouras de soja.
Devido à mobilização constante e à reivindicação por estudos, o governo do Chaco criou, por decreto, em dezembro de 2009, a Comissão Estadual de Pesquisa sobre Contaminantes da Água, incluindo a participação do Ministério da Saúde Pública, da Administração Estadual da Água, do Ministério da Saúde da Nação, da Universidade Nacional do Nordeste e do Ministério de Produção. O “Primeiro Informe” foi concluído cinco meses após a criação da Comissão.
Segundo o estudo, “A respeito de patologias oncológicas infantis, leucemias, tumores cerebrais e linfomas, observa-se um maior número de casos anuais a partir de 2002. Em La Leonesa, no período 2000-2009 se comprova um aumento notável, que triplica a ocorrência de câncer em crianças menores de dez anos”.
Na década de 1990-1999 foi registrada uma média de 0,2 casos por ano (1 a cada 60 meses). No período 2000-2009 foram contabilizados 0,6 casos por ano (1 caso a cada 20 meses).
A média mundial de câncer em menores de 15 anos é de 12-14 casos a cada 100 mil crianças. Os dados oficiais de Chaco mostram que em La Leonesa o registro salta para 20,2.
O informe observa a multicausalidade do câncer, mas chama a atenção: “Este aumento da casuística coincide com a expansão da fronteira agrícola (...), tornando vulnerável a saúde da população pelo fato de as práticas e técnicas de cultivo incluírem pulverizações aéreas com herbicidas como o glifosato e outros agrotóxicos”.
Todos os números são do Serviço de Estatísticas do Hospital Pediátrico local, mas o informe destaca que haveria cerca de 25% de outros casos atendidos diretamente no Hospital Garrahan, de Buenos Aires, sugerindo que o número total de casos seria ainda maior.
Laura Mazitelli é moradora de La Leonesa e tinha o costume de levar seu bebê para acenar aos aviões agrícolas que passavam perto de sua casa. Aos dois anos o bebê Iván foi diagnosticado com leucemia. Foi levado ao Hospital Garrahan e submetido a oito meses de quimioterapia, mais dois anos de tratamento intensivo. Laura tornou-se uma militante contra o uso de agroquímicos na região. Com o aumento do número de casos, seus vizinhos começaram a se organizar.
“Tatiana de 5 anos. Milagros de 8. María de 7. Francisco de 12. Victoria de 6. São todos vizinhos com câncer. E o pior é que a lista segue. Precisavam tantos casos para reconhecerem que estão nos envenenando?”, pergunta Laura.
Mas os casos de malformações congênitas em recém nascidos cresceram ainda mais. Em uma década se quadruplicaram em todo o Estado do Chaco. No período de um ano, entre 1997 e 1998, houve no Chaco 24.030 nascimentos, dos quais 46 com malformações. Uma década depois, nos doze meses entre 2008 e 2009 foram registrados menos nascimentos: 21.808, mas multiplicaram-se as malformações:186 casos. O informe oficial destaca que se passou de um índice de 19,1 para 85,3 casos a cada 10 mil nascidos.
Estes dados correspondem à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Neonatologia do Hospital Perrando, de Resistencia. De 1997 a 1998 houve uma média de 4,9 casos por mês. De 2001 a 2002 cresceu para 7,5 casos. E entre 2008 e 2009 aumentou para 16,8 casos mensais.
A pesquisa ressalta ainda que só estão incluídos dados do serviço de saúde pública. “Tanto em dados estatísticos de enfermidades oncológicas infantis como em malformações em recém nascidos não estão incluídos os registros de instituições de saúde privadas, nos quais as estatísticas são similares, aspecto que as aumentaria consideravelmente”.
Uma integrante da comissão que elaborou o estudo, que pediu manter o anonimato devido às “enormes pressões” de que estão sendo alvo, afirmou que “todos os profissionais que assinam o estudo têm muita experiência sobre o tema estudado, mas as empresas arrozeiras e sojeiras pressionam muito o governo. Não sabemos como isso terminará, há muitos interesses em jogo”.
Dois integrantes da Comissão confirmaram que estão elaborando um segundo informe, analisando estatísticas oficiais sobre o aumento geométrico, em zonas de uso intensivo de agrotóxicos, de casos de gravidez que não chegam a termo devido a abortos espontâneos, aumento de problemas reprodutivos em adultos e crescimento exponencial de câncer de mama. Não há data definida para a sua conclusão, mas os pesquisadores alertaram sobre a possibilidade de “intromissões no trabalho da Comissão”.
O “Primeiro Informe” da Comissão pesquisadora solicita que sejam tomadas “medidas preventivas” em La Lenoesa até que se realize um estudo de impacto ambiental e pedem que se ampliem as análises para as outras seis localidades que estariam sujeitas às mesmas condições (Gancedo, Napenay, Santa Sylvina, Tres Isletas, Avia Terai e Colonia Elisa).
Extraído de: Página 12, 14/06/2010.
*******************************
Agrotóxicos ligados a suicídios de agricultores em MS
Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br/), 17/07/2010.
Agricultores de Fátima do Sul apresentam náuseas, depressão e cometem suicídio após usarem inseticidas. A tristeza aparente aponta que é dia de velório. O cheiro, que atravessa os cômodos, faz parentes e curiosos saírem para o quintal. O odor expõe o motivo daquela morte: Mauro de Souza Lucas cometeu suicídio com veneno da lavoura de algodão.
A cena, na zona rural do município de Fátima do Sul (MS), seria um caso isolado se o cheiro não fizesse parte de outros velórios ali.Lucas havia brigado com um irmão em uma festa de fim de ano e, de volta para casa, foi direto para o quarto dos agrotóxicos. Escolheu um dos mais fortes e bebeu.
"Um vizinho levou-o para o hospital, ele acabou de morrer lá", diz Antônia de Souza Lucas, 64, "uns 14" filhos. "Era veneno brabo, não lembro o nome, mas era veneno de algodão, fedido." O episódio ocorreu há quase dez anos, mas o cheiro do velório ainda não saiu do nariz de Antônia. Mauro tinha 26 anos quando morreu. Ela não sabe por que o filho se matou. "Era uma nervosia, muita raiva, ele pôs na cabeça e se matou logo."
Fátima do Sul, cidade de 18 mil habitantes a 242 km de Campo Grande, foi criada em 1943 no governo Getúlio Vargas como polo agrícola. Predominam os sítios de três a dez hectares de imigrantes nordestinos. Ali, fala-se dos nomes de agrotóxicos com intimidade: Barrage, Folidol, Azodrin, Tamaron, 2,4D e 3,10.
A maioria desses produtos pertence à família dos inseticidas organofosforados, derivados do ácido fosfórico, e são usados para combater pragas em culturas diversas.
O contato com eles alterou o conceito de saúde dos agricultores. Quase todos se referem a dor de cabeça, náusea e coceiras, além do cheiro inconfundível. Fora os casos de intoxicação aguda em que os sintomas mais graves surgem logo após a exposição.
Muitos lavradores não têm, não usam ou não sabem usar corretamente os equipamentos de proteção, como máscaras e macacão, nem têm orientação sobre como armazená-lo ou se desinfetar após aplicar o veneno.
Depressão: Assim como as náuseas, sintomas de depressão tomam conta das conversas nos sítios. Antônia lembra que o filho começou a ficar "esquisito" antes de morrer.
Para Dario Xavier Pires, químico e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) que há uma década estuda os casos de suicídio no município, os sintomas são evidentes no contato com produtores e nas conversas informais com profissionais da saúde locais.
A psiquiatra paulista Jussinalva Aguiar explica que "normalmente os casos de suicídio estão ligados a quadros depressivos" que passam despercebidos na rotina do trabalhador rural. Segundo Jussinalva, o tipo de agrotóxico usado no algodão inibe a enzima acetil-colinesterase, causando acúmulo do neurotransmissor acetilcolina e a consequente superestimulação das terminações nervosas. "A intoxicação por agrotóxico causa variações qualitativas e quantitativas nas sinapses, que agem na alteração do humor. Pode causar tanto sintomas depressivos como manias e agitação."
Em 2004 e 2005, um grupo de pesquisadores da UFMS -entre eles Pires- fez um levantamento sobre os estados depressivos e os níveis da enzima colinesterase em 261 agricultores expostos a organofosforados no município. Deles, 149 (57,1%) relataram algum sintoma após o uso de agrotóxicos, e 30 apresentaram distúrbios psiquiátricos menores (DPM). Três tentaram o suicídio.
Ranking: Em números absolutos, Mato Grosso do Sul ocupava, em 2002 (último ano disponível), o quarto lugar em suicídios de homens e o segundo de mulheres no Brasil. (...)
O segundo lugar é de Fátima do Sul. Depois de Mauro, outros dois filhos de Antônia, Jonas e Luiz, também se mataram em um ano. Uma terceira, Cecília, tentou. Levantamento da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) para a consultoria alemã Kleffman Group aponta o Brasil como o país que mais consome agrotóxicos.
Em 2008, foram gastos U$ 7,1 bilhões, ante US$ 6,6 bilhões dos EUA, em segundo.
O Serviço de Informações Tóxico-Farmacológicas do Ministério da Saúde registrou, em 2007, 112,4 mil casos de intoxicação. Estima-se que haja subnotificação.
O Ministério da Saúde não tem estudos nem política preventiva de suicídio na zona rural -há divergência entre os pesquisadores sobre a correlação direta entre depressão e agrotóxicos. "Os estudos feitos nessas populações não são determinantes e ainda não conseguiram comprovar a relação", diz Ângelo Zanaga Trapé, médico toxicologista e professor da Unicamp. (...)
***********************************
Paraná monitora agrotóxicos
Folha de Londrina (http://www.bonde.com.br/folhadelondrina ), 21/07/2010.
Já está em vigor o Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos do Paraná (Siagro), que verifica eletronicamente o comércio e venda de defensivos agrícolas em todo o Estado. Pelo sistema, todas as informações das receitas para compra de agrotóxicos emitidas para os produtores são enviadas on-line para a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
A medida, de acordo com o coordenador da Divisão de Fiscalização e de Insumos da Seab, Adriano Riesemberg, quer incentivar a prática de uma agricultura com uso racional de produtos químicos. Com as informações do novo banco de dados, a Seab poderá identificar locais onde a administração dos defensivos químicos possam ocorrer de forma inadequada.
Segundo o fiscal da Seab, são emitidos anualmente cerca de 3 milhões de receitas. No ano passado, calcula-se que 80 mil toneladas de produtos químicos foram despejados nas lavouras paranaenses. "Não há justificativa agronômica para esta quantidade. Os produtores têm deixado de lado boas práticas agrícolas e optado pela compra de agrotóxicos", afirma Riesemberg, referindo-se a tecnologias como a rotação de culturas, uso do solo conforme a capacidade e o manejo integrado de pragas.
O novo banco de dados, na avaliação de Riesemberg, permitirá o controle mais ágil e eficiente, possibilitando um gerenciamento eletrônico do que está sendo usado em campo. Desde segunda-feira, quando o sistema entrou em vigor, até ontem a Seab já registrou 6.800 arquivos de receitas enviadas pelo sistema.
O Siagro prevê o envio eletrônico de informações das receitas emitidas no Estado, deixando disponíveis essas dados no Departamento de Fiscalização e da Defesa Agropecuária (Defis), responsável pelo monitoramento do comércio. Toda semana os comerciantes de agrotóxicos são obrigados a enviar as informações referentes às quantidades comercializadas na semana anterior.
Um dos campos de preenchimento mais visados, diz Reisemberg, será o local da aplicação do agrotóxico para verificar se não há mananciais nos perímetros ou áreas de preservação ambiental.
Atualmente no Estado existem cerca de 400 mil propriedades rurais e aproximadamente 2 mil pontos de comércio de agrotóxicos, incluindo as cooperativas. As regiões norte e oeste concentram as maiores áreas de produção agrícola. (...)
N.E.: O Siagro tem como base de seu funcionamento o Decreto Nº 6107 - 19/01/2010.
******************************************
Agrotóxicos no Ceará estão isentos de impostos
Diário do Nordeste (Fortaleza, Ceará) (http://diariodonordeste.globo.com/capa.asp?Email=), 20/07/2010.
Desoneração tributária de insumos agrícolas como fator de ampliação de investimentos, repercutindo na geração de emprego e renda, mas, trocando em miúdos, uma terrível sequela: isentos de uma série de tributos, o Estado e o País assistem à crescente entrada de venenos contra pragas na lavoura, e essa facilidade estaria relacionada ao uso abusivo de agrotóxicos no Ceará. Levantamento feito pela Rede Nacional de Advogados Populares (Renap) revela a série de isenções de impostos para a comercialização de agrotóxico no Estado. O Brasil é campeão mundial em consumo de agrotóxicos, e aqui se aceita até o que - por questão de saúde - é rejeitado em outros países em desenvolvimento e nos desenvolvidos.
A medida [isenção de ICMS, IPI, PIS/Pasep e Cofins] vale, até mesmo, para os produtos em reavaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que já foram rechaçados em vários outros países produtores. Os agrotóxicos ficaram isentos de cobrança de ICMS no Ceará desde um decreto do Governo do Estado, em 1997.
No dispositivo se declarou a isenção dos seguintes tipos de defensivos: inseticidas, fungicidas, formicidas, herbicidas, parasiticidas, germicidas, acaricidas, nematicidas, raticidas, desfolhantes, dessecantes, espalhantes adesivos, estimuladores e inibidores de crescimento (reguladores), vacinas, soros e, ainda, medicamentos produzidos para uso na agricultura e na pecuária, "vedado o benefício quando dada ao produto destinação diversa".
Esse tipo de desoneração também é constatada na esfera federal. As isenções seguiram uma escala crescente, como tem sido o aumento da compra de agrotóxicos no Brasil, que em dois anos subiu do terceiro para o primeiro lugar mundial em consumo.
"Às isenções tributárias concedidas aos agrotóxicos somam-se ainda às carências estruturais e institucionais, provocando a externalização dos custos sociais, ambientais e sanitários que, não sendo embutidos no preço do produto, acabam por ser coletivamente absorvidos pela sociedade e pelos sistemas públicos previdenciários e de saúde", explica Maiana Maia, da Renap, que acrescenta: "as isenções tributárias diminuem os custos equivalentes à utilização de agrotóxicos pelas empresas, ao que, pelo outro lado, os agrotóxicos barateados vão nos custando a vida e o meio ambiente equilibrado, numa relação claramente desigual".
****************************************
Fonte: INTERTOX
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
14:24
0
comentários
Enviar por e-mail
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook

Brasil apoia medidas da ONU para banir substâncias químicas poluentes
Ainda no assunto: POPs.
O Brasil foi representado pela secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Rio de Janeiro - A partir do dia (26) o Brasil vai reforçar o banimento de nove substâncias químicas classificadas como poluentes orgânicos persistentes, conhecidas internacionalmente pela sigla POP, contidas em agrotóxicos e produtos antichamas. O anúncio mundial das substâncias que passam a integrar a nova lista de banimento, divulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), foi realizado durante teleconferência entre representantes do governo brasileiro, no Rio, e integrantes da Convenção de Estocolmo sobre Contaminantes Persistentes da ONU, em Genebra, Suíça.
O Brasil foi representado pela secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Branca Americano, e pela coordenadora do Centro Regional da Convenção de Estocolmo para América Latina, Lady Virgínia Menezes.
Branca ressaltou que o Brasil já vinha restringindo a maior parte dos produtos químicos que aparecem na lista da ONU e que apenas um continua sendo produzido no país: um agrotóxico em forma de iscas antiformigas. "Estamos realizando um trabalho de inventário para identificar onde estão essas substâncias e para eliminar os remanescentes desses produtos no Brasil.
Dessas nove substâncias que foram incluídas, nós só produzimos a sulfluramida, usada no combate a formigas e em equipamentos eletrônicos, como retardador de chamas", explicou Branca.
A ONU já havia divulgado uma lista com 12 POPs, que agora será acrescida de mais nove, totalizando 21 substâncias com recomendação de banimento em todo o mundo.
São elementos químicos que permanecem durante muito tempo na natureza, sendo absorvidos pelos animais em toda a cadeia alimentar, chegando até os seres humanos, onde se depositam principalmente nas camadas gordurosas, podendo gerar doenças nervosas, imunológicas, reprodutivas e câncer.
Para Lady Virgínia, é necessário haver intercâmbio entre os países da América Latina, a fim de gerar conhecimento sobre o assunto e controle na circulação dos componentes proibidos de um país para outro.
"Os países da América Latina e Caribe têm basicamente os mesmos problemas, como gestão de resíduos sólidos, principalmente industriais e de saúde, e pesticidas obsoletos", disse Lady Virgínia, que desenvolve na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) projetos de assistência técnica para países latino-americanos.
A teleconferência foi realizada no veleiro científico Sea Dragon, que começou hoje uma viagem de coleta de resíduos sólidos pelo Atlântico Sul, principalmente plásticos, para monitorar a presença e o impacto de POPs na água e em peixes de águas profundas.
Segundo o cientista Marcus Eriksen, responsável pela expedição, em medições anteriores, realizadas no Atlântico Norte, verificou-se que 35% dos peixes coletados tinham pedaços de plásticos em seus estômagos. Na primeira fase da expedição, a tripulação seguirá até Recife. Em seguida, rumará para Cape Town, na África do Sul, percorrendo depois rotas que incluem Uruguai, Chile, Taiti e Havaí.
A viagem dos cientistas e demais informações sobre POPs podem ser acompanhadas na página www.pops.int ou www.facebook.com/safeplanet.
A nova lista divulgada pela ONU contém as seguintes substâncias:
1) alpha hexachlorocyclohexane,
2) beta hexachlorocyclohexane,
3) chlordecone,
4) hexabromobiphenyl,
5) hexabromobiphenyl ether,
6) lindane,
7) pentachlorobenzene,
8) perfluorooctane sulfonic,
9) tetrabromodiphenyl ether.
Extraído de: http://www.cramt.org.br/TNX/conteudo.php?cid=1131&sid=44
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
13:20
0
comentários
Enviar por e-mail
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook

Marcadores:
Poluentes orgânicos persistentes
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e Metais tóxicos
O texto abaixo é bastante interessante por trata de um tema pouco conhecido (ou conhecido, porém tabu) no universo médico mas já debatido há anos na Medicina Ambiental: Os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs).
O motivo do post é que essa semana, um estudo coreano evidenciou que a perda de peso a longo prazo pode ser prejudicial em decorrência da liberação crônica de alguns desses POPs:
a) Do grupo das BIFENILAS POLICLORADAS (PCB’s):
1) 2,2 ,4,4 ,5,5-hexaclorobfhenil
b) Do grupo dos PESTICIDAS ORGANOCLORADOS:
2) 1,2,3,4,6,7,8-heptaclorodibenzo-p-dioxin,
3) 1,2,3,4,6,7,8,9-octaclorodibenzo-p-dioxin,
4) Oxiclordano,
5) Diclorodifeniltricloroetano (DDT)
6) Trans-nonaclor
As 12 substâncias mais nocivas ao ser humano (Os "DOZE SUJOS") foram agregadas em uma categoria denominada POPs. O termo POP quando foi estabelecido se referia a um grupo de 12 substâncias, sendo:
Nove agrotóxicos "defensivos agrícolas" que são eles:
1) Aldrin,
2) Clordano,
3) DDT,
4) Dieldrin,
5) Endrin,
6) Hexachldorobenzeno,
7) Mirex,
8) Heptaclor-HCH,
9) Toxafeno
Três produtos de uso industrial:
1) Dioxina
2) Furano
3) Bifenil policlorado-PCB
Esses 9 agrotóxicos foram introduzidos entre 1920 e 1950, tiveram seu pico de produção entre 1960 e 1970 e em 1990 foram banidas para uso em plantações na América do Norte e Europa. Porém, a produção e comércio no mundo continuo.
Novas substâncias foram adicionadas à lista dos POPs com o tempo.
Os POPs possuem 4 características principais e devido tais características são potencialmente nocivos à nossa saúde:
1) ESTABILIDADE: por ter degradação lenta, permanece longos períodos no meio ambiente. O Dieldrin por exemplo por chegar a 12,5 anos.
2) BIOACUMULAÇÃO: POr terem um certo grau de lipossolubilidade (solubilidade em gordura) podem acumular na gordura dos animais. Pode ser absorvidos da água ou alimentos. O Dieldrin por exemplo pode se acumular na gordura corporal, leite materno, sêmem, fígado e pode ultrapassar barreira placentária. O Estudo coreano mostrou justamente isso, que quando a perda de peso é lenta, ela pode ir alongo do tempo ir liberando para a corrente sanguínea esses POPs acumulados ao longo dos anos.
3) BIOMAGNIFICAÇÃO: A substância é absorvida por pequenos organismos e vai se concentrando progressivamente em diretação ao topo da cadeia alimentar (nós).
4) DISPERSÃO: Capacidade de se dispersar por longas distâncias
Abaixo, 2 textos sobre o tema.
TÓXICOS: POPs e METAIS PESADOS
1) Quais são os temas desenvolvidos pela campanha de tóxicos ?
Mais de 100 mil compostos diferentes são hoje produzidos pela indústria química. Vários desses compostos são persistentes (muito resistentes à degradação no meio ambiente), bioacumulativos (acumulam-se nos tecidos de organismos vivos) e tóxicos.
Devido a essas três propriedades, pode-se dizer que esses compostos são os poluentes mais problemáticos os quais os sistemas naturais podem estar expostos.
Dentre os compostos tóxicos, os POPs (poluentes orgânicos persistentes) e os metais pesados são as substâncias que tem sido foco no trabalho do Greenpeace.
2) O que são POPs ?
POPs é a sigla para Poluentes Orgânicos Persistentes. São substâncias químicas sintéticas de difícil degradação (persistente), altamente tóxicas e que se acumulam ao longo da cadeia alimentar (bioacumuativo).
São liberados na natureza como resíduos de processos industriais, pelo uso de agrotóxicos, ou ainda pelo uso de substâncias químicas em diversos produtos de uso cotidiano. Estão associados à diversos problemas de saúde, incluindo câncer, defeitos reprodutivos e disfunções hormonais.
Os POPs estão em todo lugar e são repassados de geração a geração, acumulando-se no meio ambiente e no organismo de todos os seres vivos.
Dentre os compostos tóxicos destacam-se 12 tipos diferentes de POPS :
1) Aldrin,
2) Chlordane,
3) Dieldrin,
4) DDT,
5) Dioxinas,
6) Furanos,
7) Endrin,
8) Heptachlor,
9) Hexachldorobenzeno,
10) Mirex,
11) PCBs,
12) Toxapheno,
3) O que levou o Greenpeace a priorizar os POPs na campanha de tóxicos?
A exposição aos POPs tem sido ligada pela ciência com um grande número de efeitos sobre a saúde de seres humanos e de vida silvestre que incluem câncer, endometriose, distúrbios cognitivos e da aprendizagem e efeitos nocivos sobre o sistema hormonal.
As substâncias tóxicas, persistentes e bioacumulativas podem viajar longas distâncias, podendo hoje ser encontradas em animais de locais tão afastados como os pingüins da Antártica e os ursos polares da região ártica.
Por isto, não adianta o Brasil banir a produção do agrotóxico Mirex se a Argentina não ao fizer; nem adianta a Holanda não usar o DDT se a China continua com sua produção e uso. Por essas e outras o Greenpeace trabalha mundialmente pelo banimento dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e contra todos os processos produtivos ou produtos que os gerem e lancem-nos no meio ambiente.
Muitas destas substâncias químicas não existiam há 50 anos. Agora, elas estão presentes em qualquer ser humano. Os POPs contaminam a nossa comida, o ar que respiramos e a água que bebemos.
4) Como são gerados os POPs ?
São gerados em diversos processos industriais, entre eles:
1) Produção do PVC: plástico utilizado em brinquedos, utensílios domésticos, tubos e conexões, embalagens de alimentos etc;
2) Produção de papel: durante o processo de branqueamento com cloro;
3) Geração e composição de produtos agrícolas: um grande número de herbicidas, inseticidas e fungicidas;
4) Incineração de lixo: doméstico, industrial e hospitalar;
5) Processos industriais diversos incluindo os que empregam cloro e derivados do petróleo.
5) Qual a alternativa defendida pelo Greenpeace ?
A alternativa defendida pelo Greenpeace é a Produção Limpa, conceito que inclui desde o questionamento da necessidade de determinados produtos até a proibição de tecnologias e compostos tóxicos e a implantação de métodos e materiais de produção limpos e seguros.
Correlacionada à Produção Limpa, nossa demanda é para que qualquer lei, norma e ação relacionada a substâncias e a segurança químicas incorpore os princípios da Substituição (banir as substâncias tóxicas, substituindo-as por alternativas não tóxicas), da Precaução (na dúvida sobre o risco de determinada substância, ela não deve ser desenvolvida ou usada ) e o conceito do Direito a Informação (todos nós temos o direito de saber o que contém realmente o produtos que compramos e quais os riscos reais ou potenciais das substâncias utilizadas).
Conseqüentemente, o Greenpeace defende medidas efetivas de prevenção da poluição, que incluem:
1) banimento da produção e do uso de substâncias químicas tóxicas por parte de indústrias e conseqüentemente a oferta de produtos que não contenham tais substâncias;
2) a responsabilização das indústrias produtoras pela descontaminação de áreas contaminadas com POPs como a fábrica da Union Carbide em Bhopal, Índia, e o depósito de cal contaminada com dioxinas da Solvay em Santo André, São Paulo;
3) banimento do uso do plástico PVC em brinquedos e quaisquer outros produtos;
4) implementação da Convenção de Estolcomo , acordo promovido pela ONU, que visa banir a lista inicial dos doze sujos (doze POPs) e abre caminho para a incorporação e a exclusão de uma lista maior de substâncias tóxicas;
5) a promulgação em todos os países de leis de direito à informação, que obriguem as empresas a fazerem e divulgarem um inventário de todos os seus problemas ambientais. Desta forma, estas empresas devem relatar seus estoques de substâncias tóxicas e como é feito o lançamento destas no ambiente. O objetivo desta medida é que estas informações sirvam como instrumento de controle e luta por melhores condições de vida para as comunidades do entorno empresarial e também a todos os seres humanos.
6) Quais os efeitos causados no meio ambiente ?
Em várias partes do mundo, os POPs têm sido responsabilizados pelo declínio de populações da fauna selvagem.
Estas substâncias foram relacionadas a um aumento do número de deformidades e morte de embriões, a feminilização de machos, déficit de desenvolvimento dos órgãos sexuais, infertilidade e comportamento anormal no cuidado com as crias.
Algumas espécies de pantera, por exemplo, apresentaram defeitos reprodutivos e de desenvolvimento e anomalia em espermatozóides. Afinamentos nas cascas dos ovos do falcão peregrino foram detectados e uma espécie de trutas canadenses sofreu morte embrionária.
7) Quais os efeitos causados pelos POPs na saúde humana?
Os POPs produzem uma ampla gama de efeitos tóxicos em animais e seres humanos, inclusive nos sistemas reprodutivos, nervoso e imunológico, além de causarem câncer. Muitos destes efeitos ocorrem porque alguns poluentes são capazes de mimetizar ou bloquear determinados hormônios, particularmente hormônios sexuais. Além de afetar enzimas que controlam as reações bioquímicas no organismo. Existem POPs que também atingem os neurotransmissores, substâncias químicas do sistema nervoso, assim como as células do sistema imunológico.
Expor uma gestante a estas substâncias pode provocar a morte do feto e aborto espontâneo, diminuição de peso e tamanho ao nascimento, alterações de comportamento e diminuição da inteligência. Outras conseqüências são depressão do sistema imunológico, redução da resistência óssea e efeitos no sistema reprodutivo.
Muitos poluentes estão associados ao surgimento de alguns tipos de câncer, como câncer de fígado, do trato digestivo, pâncreas, pulmão, mama, entre outros.
Artigo sobre associação entre POPs e Diabetes (aqui)
8) O que são metais pesados ?Quais os efeitos na saúde humana ?
São substâncias tóxicas que não podem ser destruídas e são altamente reativas do ponto de vista químico, o que explica a dificuldade de encontrá-las em estado puro na natureza.
Normalmente apresentam-se em concentrações muito pequenas, associados a outros elementos químicos, formando minerais em rochas. Quando lançados na água como resíduos industriais, podem ser absorvido pelos tecidos animais e vegetais.
Estas substâncias tóxicas também depositam-se no solo ou em corpos d'água de regiões distantes, graças à movimentação das massas de ar. Assim, os metais pesados podem se acumular em todos os organismos que constituem a cadeia alimentar do homem.
É claro que populações residentes em locais próximos a indústrias ou incineradores correm maiores riscos de contaminação.
Mas nem todos metais pesados são prejudiciais ao homem. Alguns desempenham funções nutricionais são :
Zinco,
Magnésio,
Cobalto,
Ferro.
A maioria dos organismos vivos só precisa de alguns poucos metais e em doses muito pequenas. Tão pequenas que costumamos chamá-los de micronutrientes, como é o caso do zinco, do magnésio, do cobalto e do ferro (constituinte da hemoglobina). Estes metais tornam-se tóxicos e perigosos para a saúde humana quando ultrapassam determinadas concentrações-limite.
Já o chumbo, o mercúrio, o cádmio, o cromo e o arsênio são metais que não existem naturalmente em nenhum organismo. Tampouco desempenham funções - nutricionais ou bioquímicas - em microorganismos, plantas ou animais. Ou seja: a presença destes metais em organismos vivos é prejudicial em qualquer concentração. Desde que o homem descobriu a metalurgia, a produção destes metais aumentou e seus efeitos tóxicos geraram problemas de saúde permanentes, tanto para seres humanos como para o ecossistema.
Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros avaliou a concentração de metais pesados em verduras cujo plantio utilizou adubo proveniente da compostagem de lixo orgânico.
Os resultados demonstraram que o solo e as hortaliças tinham Cádmio em níveis perigosos para o consumo humano. Folhas de alface, couve e brócolis continham, respectivamente, 2,3, 11,8 e 8 miligramas de Cádmio por quilograma de alimento (mg/kg). Como a Organização Mundial de Saúde (OMS) define como não prejudicial o máximo diário de 1 micrograma de Cádmio por quilograma de massa corpórea, alguém que se alimente destas verduras acabará por ingerir dez vezes mais que as quantidades aceitáveis.
Os mesmos pesquisadores afirmam que os alimentos fornecem 40% do cádmio absorvido pelo homem e que a vida média biológica deste elemento químico (19-38 anos) acarreta sua acumulação no corpo humano, especialmente nos rins e no fígado. Altos teores podem trazer disfunções em pessoas com mais de 50 anos de idade.
9) O que é produção limpa?
É um sistema de que utiliza em seu processo uma forma sustentável de produção, controlando com eficiência materiais e energias renováveis, não nocivos, e conservando ao mesmo tempo a biodiversidade.
Os sistemas são circulares e usam menor número de materiais, água e energia bem. Além disso, verificam a necessidade real do produto ou outras formas alternativas .
10) Por que o Greenpeace é contra a incineração? Qual alternativa ?
Com o avanço da industrialização, a natureza dos resíduos mudou drasticamente. A produção em massa de produtos químicos e plásticos torna, hoje em dia, a eliminação do lixo por meio da incineração um processo complexo , de custo elevado e altamente poluidor.
A incineração acaba gerando mais resíduos tóxicos, tornando-se uma ameaça para o ambiente e a saúde humana.
Os incineradores não resolvem os problemas dos materiais tóxicos presente no lixo. Na verdade, eles apenas convertem esses materiais tóxicos em outras formas, algumas das quais podem ser mais tóxicas que os materiais originais.
As emissões tóxicas, que são liberadas mesmo pelos incineradores mais modernos (nenhum processo de incineração opera com 100% de eficácia), são constituídas por três tipos de poluentes altamente perigosos: os metais pesados, os produtos de combustão incompleta e as substâncias químicas novas, formadas durante o processo de incineração.
O Greenpeace acredita na implementação de estratégias e planos que promovam a redução, a reutilização e a reciclagem de matérias, produtos e resíduos. A incineração não tem lugar em um futuro sustentável.
11) O que é a Convenção de Estocolmo? (texto na íntegra, aqui)
É um tratado assinado por 151 países, inclusive o Brasil, com o objetivo de acabar com a fabricação e utilização de 12 substâncias tóxicas, os chamados "Doze Sujos". Entre elas, estão as dioxinas e os furanos, substâncias potencialmente cancerígenas.
A Convenção classifica os incineradores de resíduos e os fornos de cimento para co-geração de energia por meio da queima de resíduos, como sendo uma das principais fontes de dioxinas, furanos e PCBs ("Polychlorinated Biphenuyls").
Além disso, recomenda o uso de tecnologias alternativas para evitar a geração desses subprodutos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) reportou que os incineradores são a fonte de mais de 60% das emissões mundiais de dioxinas.
12) O que é responsabilidade corporativa ?
São medidas ou princípios que visam garantir que corporações ajam de forma consistente e responsável sob o ponto de vista ambiental e social.
Algumas empresas adotam um determinado comportamento em países ricos que possuem normas rígidas de meio ambiente e saúde, enquanto que em países em desenvolvimento , como o Brasil, onde as leis são brandas ou até mesmo ignoradas, mostram um padrão de comportamento diferente.
Essa atitude demonstra que grandes corporações aproveitam de leis fracas para economizar nos custos e maximizar o lucro. Esse padrão de comportamento acarreta em mais degradação ambiental.
Para que isso seja evitado, o Greenpeace defende a elaboração e implementação de um instrumento legal internacional que contemple a Responsabilidade Corporativa.
A organização defende que esse instrumento deve incorporar os Dez Princípios da Responsabilidade Corporartiva (ou os Dez Princípios de Bhopal).
Esses princípios são:
Implementar o "Princípio 13 da Declaração da Rio 92;
Ampliar da responsabilidade corporativa por todo e qualquer dano advindo de atividades que causem danos ao meio ambiente, as propriedades ou pessoas, incluindo remediação do local atingido e responsabilizar diretor e representante da corporação, enquanto pessoa física pelas ações ou omissões da matriz e filial;
Assegurar que as empresas sejam responsabilizadas por danos fora da jurisdição nacional;
Proteger os direitos humanos e assegurar o cumprimento destes por parte das empresas;
Garantir a participação da população e o direito a informação;
Aderir aos mais altos padrões para proteger os direitos básicos do homem , incluindo saúde e meio ambiente;
Eliminar influências corporativas nas políticas públicas;
Proteger soberania alimentar contra as corporações;
Implementar o princípio da precaução( medidas preventivas antes que danos ao meio ambiente e a saúde aconteçam ) e exigir avaliação de impactos ambientais;
Promover o desenvolvimento limpo e sustentável.
13) Antena para celular provoca ou não prejuízos ao ser humano?
No momento não desenvolvemos campanhas sobre esse assunto, sugerimos que acesse os seguintes sites:
http://www.abricem.com.br/ ; http://www.ipt.br/ e pesquise também sobre o assunto no livro O CELULAR E SEUS RISCOS - VITOR BARANAUSKAS (Prof. da UNICAMP). CAMPINAS, SP, ED. DO AUTOR, 2001, 100 pags.
FONTE
METAIS PESADOS: UM PERIGO IMINENTE
Acredita-se que os metais talvez sejam os agentes tóxicos mais conhecidos pelo homem. Há aproximadamente 2.000 anos a.C., grandes quantidades de chumbo eram obtidas de minérios, como subproduto da fusão da prata e isso provavelmente tenha sido o início da utilização desse metal pelo homem.
Os metais pesados diferem de outros agentes tóxicos porque não são sintetizados nem destruídos pelo homem. A atividade industrial diminui significativamente a permanência desses metais nos minérios, bem como a produção de novos compostos, além de alterar a distribuição desses elementos no planeta.
A presença de metais muitas vezes está associada à localização geográfica, seja na água ou no solo, e pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas e proibindo a produção de alimentos em solos contaminados com metais pesados.
Todas as formas de vida são afetadas pela presença de metais dependendo da dose e da forma química. Muitos metais são essenciais para o crescimento de todos os tipos de organismos, desde as bactérias até mesmo o ser humano, mas eles são requeridos em baixas concentrações e podem danificar sistemas biológicos.
Os metais são classificados em:
1) Elementos essenciais: sódio, potássio, cálcio, ferro, zinco, cobre, níquel e magnésio;
2) Micro-contaminantes ambientais: arsênico, chumbo, cádmio, mercúrio, alumínio, titânio, estanho e tungstênio;
3) Elementos essenciais e simultaneamente micro-contaminantes: cromo, zinco, ferro, cobalto, manganês e níquel.
Os efeitos tóxicos dos metais sempre foram considerados como eventos de curto prazo, agudos e evidentes, como anúria e diarréia sanguinolenta, decorrentes da ingestão de mercúrio. Atualmente, ocorrências a médio e longo prazo são observadas, e as relações causa-efeito são pouco evidentes e quase sempre subclínicas. Geralmente esses efeitos são difíceis de serem distinguidos e perdem em especificidade, pois podem ser provocados por outras substâncias tóxicas ou por interações entre esses agentes químicos.
A manifestação dos efeitos tóxicos está associada à dose e pode distribuir-se por todo o organismo, afetando vários órgãos, alterando os processos bioquímicos, organelas e membranas celulares.
Acredita-se que pessoas idosas e crianças sejam mais susceptíveis às substâncias tóxicas. As principais fontes de exposição aos metais tóxicos são os alimentos, observando-se um elevado índice de absorção gastro-intestinal.
Em adição aos critérios de prevenção usados em saúde ocupacional e de monitorização ambiental, a biomonitorização tem sido utilizada como indicador biológico de exposição, e toda substância ou seu produto de biotransformação, ou qualquer alteração bioquímica observada nos fluídos biológicos, tecidos ou ar exalado, mostra a intensidade da exposição e/ou a intensidade dos seus efeitos.
Recentemente, tem sido noticiado na mídia escrita e falada a contaminação de adultos, crianças, lotes e vivendas residenciais, com metais pesados, principalmente por chumbo e mercúrio. Contudo, a maioria da população não tem informações precisas sobre os riscos e as conseqüências da contaminação por esses metais para a saúde humana.
O caso fatídico em Bauru, SP, é um dos exemplos dessa contaminação. A Indústria de Acumuladores Ajax, uma das maiores fábricas de baterias automotivas do país localizada no km 112 da Rodovia Bauru-Jaú, contaminou com chumbo expelido pelas suas chaminés 113 crianças, sendo encontrados índices superiores a 10 miligramas/decilitro (ACEITUNO, 18-04-2002).
Foram constatados ainda a contaminação de animais, leite, ovos e outros produtos agrícolas, resultando em um enorme prejuízo para os proprietários. Um dos casos mais interessantes foi o de uma criança de 10 anos, moradora de um Núcleo Habitacional localizado próximo à fonte poluidora.
Desde os sete meses de idade sofria de diarréia e de deficiência mental. Somente após suspeitas dessa contaminação, em 1999, quando amostras do seu sangue foram enviadas a dois centros toxicológicos nos Estados Unidos, é que foi constatada a intoxicação por chumbo, urânio, alumínio e cádmio (ACEITUNO, 18-04-2002).
A cidade de Paulínia, em SP, e o bairro Vila Carioca também foram contaminados pela Shell Química do Brasil. Em Paulínia, dos 166 moradores submetidos a exames, 53% apresentaram contaminação crônica e 56% das crianças revelaram altos índices de cobre, zinco, alumínio, cádmio, arsênico e manganês.
Em adição observou-se também, a incidência de tumores hepáticos e de tiróide, alterações neurológicas, dermatoses, rinites alérgicas, disfunções gastro-intestinais, pulmonares e hepáticas (GUAIUME, 23-08-2001).
Dos 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos gerados anualmente no Brasil, somente 600 mil toneladas recebem tratamento adequado, conforme estimativa da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais (ABETRE). Os 78% restantes são depositados indevidamente em lixões, sem qualquer tipo de tratamento (CAMPANILI, 02-05-2002).
Recentemente a companhia Ingá, indústria de zinco, situada a 85 km do Rio de Janeiro, na ilha da Madeira, que atualmente está desativada, transformou-se na maior área de contaminação de lixo tóxico no Brasil. Metais pesados como zinco, cádmio, mercúrio e chumbo continuam poluindo o solo, a água e atingem o mangue, afetando a vida da população.
Isso ocorreu porque os diques construídos para conter a água contaminada não têm recebido manutenção há cinco anos, e dessa forma os terrenos próximos foram inundados, contaminando a vegetação do mangue.
ARSÊNICO (As)
O arsênico é um metal de ocorrência natural, sólido, cristalino, de cor cinza-prateada. Exposto ao ar, perde o brilho e torna-se um sólido amorfo de cor preta. Esse metal é utilizado como agente de fusão para metais pesados, em processos de soldagens e na produção de cristais de silício e germânio. O arsênico é usado na fabricação de munição, ligas e placas de chumbo de baterias elétricas. Na forma de arsenito é usado como herbicida e como arsenato, é usado nos inseticidas.
No homem produz efeitos nos sistemas respiratório, cardiovascular, nervoso e hematopoiético. No sistema respiratório ocorre irritação com danos nas mucosas nasais, laringe e brônquios. Exposições prolongadas podem provocar perfuração do septo nasal e rouquidão característica e, a longo prazo, insuficiência pulmonar, traqueobronquite e tosse crônica.
No sistema cardiovascular são observadas lesões vasculares periféricas e alterações no eletrocardiograma. No sistema nervoso, as alterações observadas são sensoriais e polineuropatias, e no sistema hematopoiético observa-se leucopenia, efeitos cutâneos e hepáticos. Tem sido observada também a relação carcinogênica do arsênico com o câncer de pele e brônquios.
CHUMBO (Pb)
Há mais de 4.000 anos o chumbo é utilizado sob várias formas, principalmente por ser uma fonte de prata. Antigamente, as minas de prata eram de galena (minério de chumbo), um metal dúctil, maleável, de cor prateada ou cinza-azulada, resistente à corrosão. Os principais usos estão relacionados às indústrias extrativa, petrolífera, de baterias, tintas e corantes, cerâmica, cabos, tubulações e munições.
O chumbo pode ser incorporado ao cristal na fabricação de copos, jarras e outros utensílios, favorecendo o seu brilho e durabilidade. Assim, pode ser incorporado aos alimentos durante o processo de industrialização ou no preparo doméstico.
Compostos de chumbo são absorvidos por via respiratória e cutânea. Os chumbos tetraetila e tetrametila também são absorvidos através da pele intacta, por serem lipossolúveis.
O sistema nervoso, a medula óssea e os rins são considerados órgãos críticos para o chumbo, que interfere nos processos genéticos ou cromossômicos e produz alterações na estabilidade da cromatina em cobaias, inibindo reparo de DNA e agindo como promotor do câncer.
A relação chumbo - síndrome associada ao sistema nervoso central depende do tempo e da especificidade das manifestações.
Destaca-se a síndrome encéfalo-polineurítica (alterações sensoriais, perceptuais, e psicomotoras), síndrome astênica (fadiga, dor de cabeça, insônia, distúrbios durante o sono e dores musculares), síndrome hematológica (anemia hipocrômica moderada e aumento de pontuações basófilas nos eritrócitos), síndrome renal (nefropatia não específica, proteinúria, aminoacidúria, uricacidúria, diminuição da depuração da uréia e do ácido úrico), síndrome do trato gastrointestinal (cólicas, anorexia, desconforto gástrico, constipação ou diarréia), síndrome cardiovascular (miocardite crônica, alterações no eletrocardiograma, hipotonia ou hipertonia, palidez facial ou retinal, arteriosclerose precoce com alterações cerebrovasculares e hipertensão) e síndrome hepática (interferência de biotransformação).
CÁDMIO (Cd)
O cádmio é encontrado na natureza quase sempre junto com o zinco, em proporções que variam de 1:100 a 1:1000, na maioria dos minérios e solos. É um metal que pode ser dissolvido por soluções ácidas e pelo nitrato de amônio. Quando queimado ou aquecido, produz o óxido de cádmio, pó branco e amorfo ou na forma de cristais de cor vermelha ou marrom. É obtido como subproduto da refinação do zinco e de outros minérios, como chumbo-zinco e cobre-chumbo-zinco.
A galvanoplastia (processo eletrolítico que consiste em recobrir um metal com outro) é um dos processos industriais que mais utiliza o cádmio (entre 45 a 60% da quantidade produzida por ano).
O homem expõe-se ocupacionalmente na fabricação de ligas, varetas para soldagens, baterias Ni-Cd, varetas de reatores, fabricação de tubos para TV, pigmentos, esmaltes e tinturas têxteis, fotografia, litografia e pirotecnia, estabilizador plástico, fabricação de semicondutores, células solares, contadores de cintilação, retificadores e lasers.
O cádmio existente na atmosfera é precipitado e depositado no solo agrícola na relação aproximada de 3 g/hectares/ano. Rejeitos não-ferrosos e artigos que contêm cádmio contribuem significativamente para a poluição ambiental.
Outras formas de contaminação do solo são através dos resíduos da fabricação de cimento, da queima de combustíveis fósseis e lixo urbano e de sedimentos de esgotos.
Na agricultura, uma fonte direta de contaminação pelo cádmio é a utilização de fertilizantes fosfatados. Sabe-se que a captação de cádmio pelas plantas é maior quanto menor o pH do solo. Nesse aspecto, as chuvas ácidas representam um fator determinante no aumento da concentração do metal nos produtos agrícolas.
A água é outra fonte de contaminação e deve ser considerada não somente pelo seu consumo como água potável, mas também pelo seu uso na fabricação de bebidas e no preparo de alimentos. Sabe-se que a água potável possui baixos teores de cádmio (cerca de 1 mg/L), o que é representativo para cada localidade.
O cádmio é um elemento de vida biológica longa (10 a 30 anos) e de lenta excreção pelo organismo humano. O órgão alvo primário nas exposições ao cádmio a longo prazo é o rim. Os efeitos tóxicos provocados por ele compreendem principalmente distúrbios gastrointestinais, após a ingestão do agente químico. A inalação de doses elevadas produz intoxicação aguda, caracterizada por pneumonite e edema pulmonar.
MERCÚRIO (Hg)
A progressiva utilização do mercúrio para fins industriais e o emprego de compostos mercuriais durante décadas na agricultura resultaram no aumento significativo da contaminação ambiental, especialmente da água e dos alimentos.
Uma das razões que contribuem para o agravamento dessa contaminação é a característica singular do Ciclo do Mercúrio no meio ambiente. A biotransformação por bactérias do mercúrio inorgânico a metilmercúrio é o processo responsável pelos elevados níveis do metal no ambiente.
O mercúrio é um líquido inodoro e de coloração prateada. Os compostos mercúricos apresentam uma ampla variedade de cores.
Nos processos de extração, o mercúrio é liberado no ambiente principalmente a partir do sulfeto de mercúrio.
O mercúrio e seus compostos são encontrados na produção de cloro e soda caústica (eletrólise), em equipamentos elétricos e eletrônicos (baterias, retificadores, relés, interruptores etc), aparelhos de controle (termômetros, barômetros, esfingnomanômtros), tintas (pigmentos), amálgamas dentárias, fungicidas (preservação de madeira, papel, plásticos etc), lâmpadas de mercúrio, laboratórios químicos, preparações farmacêuticas, detonadores, óleos lubrificantes, catalisadores e na extração de ouro.
O trato respiratório é a via mais importante de introdução do mercúrio. Esse metal demonstra afinidade por tecidos como células da pele, cabelo, glândulas sudoríparas, glândulas salivares, tireóide, trato gastrointestinal, fígado, pulmões, pâncreas, rins, testículos, próstata e cérebro.
A exposição a elevadas concentrações desse metal pode provocar febre, calafrios, dispnéia e cefaléia, durante algumas horas. Sintomas adicionais envolvem diarréia, cãibras abdominais e diminuição da visão. Casos severos progridem para edema pulmonar, dispnéia e cianose. As complicações incluem enfisema, pneumomediastino e morte; raramente ocorre falência renal aguda.
Pode ser destacado também o envolvimento da cavidade oral (gengivite, salivação e estomatite), tremor e alterações psicológicas. A síndrome é caracterizada pelo eretismo (insônia, perda de apetite, perda da memória, timidez excessiva, instabilidade emocional). Além desses sintomas, pode ocorrer disfunção renal.
CROMO (Cr)
O cromo é obtido do minério cromita, metal de cor cinza que reage com os ácidos clorídrico e sulfúrico. Além dos compostos bivalentes, trivalentes e hexavalentes, o cromo metálico e ligas também são encontrados no ambiente de trabalho.
Entre as inúmeras atividades industriais, destacam-se: galvanoplastia, soldagens, produção de ligas ferro-cromo, curtume, produção de cromatos, dicromatos, pigmentos e vernizes.
A absorção de cromo por via cutânea depende do tipo de composto, de sua concentração e do tempo de contato. O cromo absorvido permanece por longo tempo retido na junção dermo-epidérmica e no estrato superior da mesoderme.
A maior parte do cromo é eliminada através da urina, sendo excretada após as primeiras horas de exposição. Os compostos de cromo produzem efeitos cutâneos, nasais, bronco-pulmonares, renais, gastrointestinais e carcinogênicos.
Os cutâneos são caracterizados por irritação no dorso das mãos e dos dedos, podendo transformar-se em úlceras. As lesões nasais iniciam-se com um quadro irritativo inflamatório, supuração e formação crostosa.
Em níveis bronco-pulmonares e gastrointestinais produzem irritação bronquial, alteração da função respiratória e úlceras gastroduodenais.
MANGANÊS (Mn)
O manganês é um metal cinza semelhante ao ferro, porém mais duro e quebradiço. Os óxidos, carbonatos e silicatos de manganês são os mais abundantes na natureza e caracterizam-se por serem insolúveis na água.
O composto ciclopentadienila-tricarbonila de manganês é bem solúvel na gasolina, óleo e álcool etílico, sendo geralmente utilizado como agente anti-detonante em substituição ao chumbo tetraetila.
Entre as principais aplicações industriais do manganês, destacam-se a fabricação de fósforos de segurança, pilhas secas, ligas não-ferrosas (com cobre e níquel), esmalte porcelanizado, fertilizantes, fungicidas, rações, eletrodos para solda, magnetos, catalisadores, vidros, tintas, cerâmicas, materiais elétricos e produtos farmacêuticos (cloreto, óxido e sulfato de manganês). As exposições mais significativas ocorrem através dos fumos e poeiras de manganês.
O trato respiratório é a principal via de introdução e absorção desse metal nas exposições ocupacionais. No sangue, esse metal encontra-se nos eritrócitos, 20-25 vezes maior que no plasma.
Os sintomas dos danos provocados pelo manganês no SNC podem ser divididos em três estágios:
1º - subclínico (astenia, distúrbios do sono, dores musculares, excitabilidade mental e movimentos desajeitados);
2º - início da fase clínica (transtorno da marcha, dificuldade na fala, reflexos exagerados e tremor), e
3º - clínico (psicose maníaco-depressiva e a clássica síndrome que lembra o Parkinsonismo). Além dos efeitos neurotóxicos, há maior incidência de bronquite aguda, asma brônquica e pneumonia.
(Nota do Dr. Fredi Lobo: Eles deixaram de citar a contaminação pelo Alumínio que tem uma alta incidência na nossa população. Posteriormente farei um texto somente sobre Intoxicação por metais tóxicos, fontes de contaminação e alternativas naturais para eliminação).
Bibliografia
1. ACEITUNO, J. Mais 22 crianças estão contaminadas com chumbo em Bauru. O ESTADO DE SÃO PAULO. 12-04-2002.
2. ACEITUNO, J. Já são 76 crianças contaminadas por chumbo em Bauru. O ESTADO DE SÃO PAULO. 18-04-2002.
3. ACEITUNO, J. Ministério inspeciona atendimento aos contaminados por chumbo. O ESTADO DE SÃO PAULO. 07-05-2002.
4. CAMPANILI, M. Apenas 22% dos resíduos industriais têm tratamento adequado. O ESTADO DE SÃO PAULO. 02-05-2002.
5. Descoberta a maior área de contaminação de lixo químico do Brasil. JORNAL NACIONAL. 09-04-2002.
6. GUAIME, S. Laudo comprova contaminação dos moradores de Paulínia. O ESTADO DE SÃO PAULO. 23-08-01.
7. MUNG, M. CPI vai pedir interdição de terminal da Shell em SP. O ESTADO DE SÃO PAULO. 03-05-2002.
8. SALGADO, P. E. T. Toxicologia dos metais. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo, 1996. cap. 3.2, p. 154-172.
9. SALGADO, P. E. T. Metais em alimentos. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo, 1996. cap. 5.2, p. 443-460.
10. TREVORS, J. T.; STRATDON, G. W. & GADD, G. M. Cadmium transport, resistance, and toxicity in bacteria, algae, and fungi. Can. J. Microbiol., 32: 447-460, 1986.
11. ZIMBRES, E. www.meioambiente.pro.br
Autores:
Dr. Mario Julio Avila-Campos e Dra.Viviane Nakano ambos do departamento de Microbiologia da USP.
------------------------------
Para os que quiserem maiores informações sobre contaminantes ambientais, há uma tese de doutorado apresentada pelo Dr. Paulo Augusto Amador Pereira que tem como tema, Estudos das alterações no sistema reprodutor de camundongos expostos à contaminação ambiental. Apesar da tese concluir que não houve contaminação dos camundongos que usaram água do meio ambiente, o autor faz um breve apanhado sobre o tema.
O link para baixar: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-16122008-155830/
--------------------------
O Greenpeace preparou um material interessante sobre tais substâncias. Quem quiser acessar basta acessar o link: http://www.greenpeace.org/brasil/PageFiles/4904/pops_impactosaude.pdf
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
23:04
0
comentários
Enviar por e-mail
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook

Marcadores:
Aldrin,
Chlordane,
DDT,
Dieldrin,
Dioxinas,
Endrin,
Furanos,
Heptachlor,
Hexachldorobenzeno,
Metais tóxicos,
Mirex,
PCBs,
Poluentes orgânicos persistentes,
Toxapheno