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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Deficiência de Iodo na Gravidez: pesquisa brasileira mostra que nossas gestantes têm alto risco de deficiência de iodo, mesmo consumindo sal iodado



A importância do iodo para a saúde materna e fetal

O iodo é um micronutriente essencial que muitas pessoas só lembram quando o assunto é tireoide. Durante a gestação, ele ganha ainda mais relevância por estar diretamente ligado ao desenvolvimento neurológico do bebê. A falta de iodo pode prejudicar o metabolismo materno e comprometer a formação cerebral do feto. Por isso, médicos e nutricionistas alertam: cuidar do consumo de iodo na gravidez não é detalhe, é prioridade.

Por que a necessidade de iodo aumenta na gravidez?

Quando uma mulher engravida, seu corpo precisa produzir mais hormônios da tireoide. Isso acontece porque ela precisa suprir não apenas suas próprias necessidades, mas também as do bebê. O feto depende do iodo para fabricar seus hormônios e garantir o desenvolvimento adequado do sistema nervoso central. Essa dupla demanda faz com que a gestante precise de doses maiores de iodo na alimentação.

Qual é a recomendação oficial de consumo de iodo?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que gestantes consumam 250 microgramas de iodo por dia. Essa quantidade é maior que a necessária para adultos fora da gestação. Isso porque fatores como metabolismo acelerado, maior eliminação renal e transferência para o feto aumentam a necessidade. Mesmo assim, muitos países ainda enfrentam deficiências em suas populações grávidas.

O que mostrou o estudo brasileiro

Uma pesquisa feita em Ribeirão Preto (SP) avaliou 266 gestantes. O estudo revelou que 38% das grávidas estavam com deficiência de iodo. Outros 34% tinham níveis adequados e 28% estavam acima do recomendado. Esse dado mostra que, mesmo em regiões consideradas seguras, o risco ainda é alto.

Consequências da deficiência de iodo na gravidez

A falta de iodo pode prejudicar o QI (quociente de inteligência) da criança. Pode também afetar a memória, a concentração e o aprendizado ao longo da vida. Além disso, aumenta o risco de hipotireoidismo materno, que pode causar complicações na gestação. Em casos mais graves, a deficiência de iodo está ligada ao bócio e até ao cretinismo congênito.

Por que a média populacional pode enganar

O estudo encontrou uma média considerada adequada. No entanto, quando olhamos os números individualmente, vemos que muitas mulheres estavam em déficit. Isso significa que não basta olhar para a média da população. Cada gestante precisa ser avaliada individualmente.

Hábitos que aumentam o risco de deficiência

As mulheres que relataram consumo de bebidas alcoólicas tiveram mais risco de deficiência de iodo. O uso de temperos industrializados também foi associado a níveis mais baixos. Esses hábitos podem piorar a nutrição da mãe e do bebê. Isso mostra que não é só a quantidade de sal iodado que conta, mas o estilo de vida como um todo.

O papel da alimentação na ingestão de iodo

O sal iodado ainda é a principal fonte para a população. Mas, na gestação, ele pode não ser suficiente. Por isso, é importante incluir alimentos ricos em iodo na dieta. Entre os mais indicados estão: peixes, frutos do mar, leite, ovos e algas marinhas.

Deficiência de iodo: um desafio mundial

O Brasil não é o único país com esse problema. No Reino Unido, dois terços das gestantes apresentam deficiência leve ou moderada. Na Austrália, mesmo com sal e pão fortificados, até metade das gestantes ainda tem ingestão insuficiente. Isso mostra que a gestação exige atenção especial em qualquer parte do mundo.

Políticas públicas e o futuro

O Brasil reduziu os níveis de iodo no sal em 2013 para evitar excesso. Isso ajudou a prevenir problemas, mas aumentou o risco em grupos vulneráveis, como as gestantes. Por isso, especialistas defendem incluir rastreamento de iodo no pré-natal e avaliar suplementação. O objetivo é simples: garantir que nenhuma mãe e nenhum bebê sofram as consequências silenciosas da deficiência de iodo.

Artigo original:  Gestantes brasileiras têm alto risco de deficiência de iodo, mesmo consumindo sal iodado - Medscape - 22 de agosto de 2025.

Otimizando a ingestão de Iodo: fontes 

  • Sal de cozinha iodado → principal fonte (obrigatório por lei no Brasil desde 1953).
  • Peixes marinhos (como bacalhau, pescada, sardinha, badejo).
  • Frutos do mar (camarão, marisco, ostras).
  • Algas marinhas (muito ricas, mas pouco consumidas no padrão alimentar brasileiro).
  • Leite e derivados (leite, queijos, iogurtes – especialmente porque o iodo pode estar presente em sanitizantes usados na ordenha e ração animal).
  • Ovos (particularmente a gema)

Valores de referência internacionais (USDA/FAO, adaptado ao consumo brasileiro)

  • Bacalhau seco → até 150–300 µg por 100 g
  • Camarão → cerca de 35–50 µg por 100 g
  • Leite → média de 16–50 µg por copo (200 ml)
  • Ovo de galinha → cerca de 25 µg por unidade média
  • Queijo → em torno de 20–40 µg por 30 g

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Gestação e aspectos nutrológicos


Minha afilhada, Dra. Lia Bataglini está grávida e aproveitando esse momento único, decidiu abordar o tema em suas redes sociais e site. 

Para acompanhar, acese: https://liabataglini.com.br/blog/ e o Instagram: https://www.instagram.com/liabataglini


Vídeo 1: Quanto a gestante deve ganhar de peso durante a gravidez?
Vídeo 2: Quais suplementos são imprescindíveis na gestação?
Vídeo 3: Intestino preso na gestação
Vídeo 4: Diabetes Gestacional
Vídeo 5: Controle de carboidratos na gestação
Vídeo 6: Controle de proteínas na gestação

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Aumento do risco de permanências na UTI para bebês nascidos de mães que usaram análogos de GLP-1 90 dias antes do início da gestação


Principais descobertas

* Bebês nascidos de mães não diabéticas que receberam medicamentos agonistas do receptor peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) nos 90 dias antes da gravidez têm 21% mais chances de serem admitidos na UTIN do que bebês nascidos de mães não prescritos medicamentos para perda de peso.

* As mães que receberam fentermina nos 90 dias antes da gravidez ou durante o primeiro trimestre são mais propensas a ter bebês grandes do que as mulheres que não recebem prescrição de medicamentos para perda de peso durante a gravidez.

* Bebês nascidos de mães que receberam medicamentos com fentermina ou GLP-1 nos 90 dias anteriores à gravidez ou durante o primeiro trimestre tiveram taxas semelhantes de falha em prosperar ou diagnósticos de defeitos cardíacos congênitos em comparação com bebês nascidos de mães que não foram prescritos medicamentos para perda de peso.

* Poucas mulheres não diabéticas recebem medicamentos fentermina ou GLP-1 após o primeiro trimestre da gravidez.

Recentemente, houve relatos de mulheres que já lutaram contra a infertilidade que foram capazes de conceber após o início do tratamento com um medicamento agonista do receptor peptídeo-1 (GLP-1) semelhante ao glucagon, como semaglutida ou tirzepatida.

No entanto, pouco se sabe sobre se o uso de medicamentos para perda de peso, como fentermina ou medicamentos GLP-1, está correlacionado com certos desfechos na gravidez e neonatais.

Avaliamos 775.478 gravidezes para mulheres sem histórico de diabetes e que não desenvolveram diabetes gestacional entre janeiro de 2017 e abril de 2024.

Primeiro determinamos com que frequência as mulheres grávidas recebiam uma prescrição de um medicamento para perda de peso, fentermina ou GLP-1, em cada trimestre. 

Descobrimos que poucas mulheres receberam medicamentos para perda de peso durante a gravidez, e menos de 10 mulheres (0,001%) receberam fentermina ou um medicamento GLP-1 no terceiro trimestre. 

Para determinar se pode haver uma relação entre o uso de medicamentos para perda de peso imediatamente antes ou durante a gravidez e vários desfechos maternos e neonatais, comparamos as taxas de parto prematuro, alto peso ao nascer, admissão na unidade de terapia intensiva neonatal (NICU) e diagnósticos de falha em prosperar ou defeito cardíaco congênito para bebês nascidos de mães prescritas com fentermina ou um medicamento GLP-1 nos 90 dias antes da gravidez ou durante o primeiro trimestre com aqueles sem exposição documentada à medicação para perda de peso durante a gravidez. Não conseguimos avaliar as taxas dessas condições para prescrições no segundo e terceiro trimestres devido ao número muito limitado de prescrições para esses medicamentos durante esse período. As mulheres são representadas em vários trimestres se tiverem várias prescrições solicitadas em trimestres separados.

Descobrimos que os bebês nascidos de mães com prescrição de fentermina nos 90 dias anteriores à gravidez eram mais propensos a ter um alto peso ao nascer do que os bebês nascidos de mães que não foram prescritos medicamentos para perda de peso. 

Bebês nascidos de mães que receberam um medicamento GLP-1 nos 90 dias anteriores à gravidez eram mais propensos a exigir uma permanência na UTIN do que os bebês nascidos de mães que não receberam prescrição de medicamentos para perda de peso.

Embora as taxas de partos prematuros tenham sido aumentadas tanto para a fentermina quanto para o grupo GLP-1, depois de controlar outros fatores de risco, como idade materna e IMC, as taxas de parto prematuro foram semelhantes para mães prescritos para medicamentos para perda de peso e aquelas sem medicamentos para perda de peso.

A exposição a medicamentos fentermina ou GLP-1 no primeiro trimestre produziu resultados semelhantes à exposição nos 90 dias anteriores à gravidez.

domingo, 28 de maio de 2023

Dietas vegetarianas são seguras durante a gravidez?

 A gestação é um período único e especial tanto para a família quanto para o bebê. Durante os famosos 1000 dias, que contemplam os nove meses de gestação e os dois primeiros anos de vida da criança, ocorrem importantes eventos de desenvolvimento e programação metabólica.

Nesse sentido, os cuidados nutricionais desempenham um papel crucial em cada etapa, inclusive no preparo da gestação (idealmente iniciada cerca de três meses antes).

A opção pela alimentação vegetariana é uma escolha pessoal da gestante, e essa decisão deve ser respeitada pelos nutricionistas e/ou profissionais que a acompanham. É fundamental ressaltar que, apesar da exclusão de carnes da dieta, as recomendações nutricionais básicas não se alteram.

“Com planejamento e orientação adequados, a alimentação vegetariana pode ser considerada segura e saudável durante a gestação e lactação, seguindo os mesmos protocolos de suplementação necessária nesses ciclos da vida” (Parecer Técnico de Alimentação Vegetariana do CFN, n. 9/2022).

Acompanhando a gestante

Alguns aspectos nutricionais importantes nesta fase e no acompanhamento da gestante vegetariana e vegana são:
  • Grupos alimentares: Durante a gestação, é fundamental fornecer orientações nutricionais adequadas para garantir a variedade e o aporte nutricional necessário para a gestante., levando em consideração os acréscimos calóricos recomendados em cada trimestre da gravidez.
  • Proteínas: As proteínas desempenham um papel crucial no suporte ao crescimento e desenvolvimento adequado do feto. As recomendações variam de acordo com diferentes orientações:
  • RDA: de 1,1-1,2g/kg/dia, podendo chegar a 1,5g/kg/peso por dia no terceiro trimestre, quando as necessidades são aumentadas.
  • IOM: 71g por dia durante toda a gestação e lactação.
  • É importante destacar que essas recomendações podem ser facilmente atingidas por meio de uma alimentação adequada, especialmente ao garantir o consumo de leguminosas pelo menos duas vezes ao dia e em quantidade suficiente. O acompanhamento individualizado do nutricionista permite ajustes personalizados para atender às necessidades específicas de cada gestante.
  • Ferro: A recomendação de ingestão de ferro passa para 27mg/dia na gestação. A suplementação de ferro é recomendada para todas as gestantes, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Geralmente inicia-se no segundo trimestre da gestação.
  • Ômega-3: A suplementação de ômega 3 é amplamente recomendada para gestantes e lactantes, fornecendo nutrientes essenciais para o desenvolvimento adequado do feto e para a saúde materna. No caso de gestantes vegetarianas, a prescrição desse suplemento é geralmente feita na forma de DHA, derivado de microalgas, e as recomendações variam entre 100 a 300mg por dia durante esse período.
  • Vitamina B12: A vitamina B12 desempenha um papel essencial em diversos processos fisiológicos, desde a implantação e embriogênese até a formação de células vermelhas e o desenvolvimento neurológico do bebê. Sua suplementação é necessária para todas as gestantes vegetarianas e veganas, e idealmente deve ser iniciada antes da concepção, durante o período de preparação para a gestação. Na fase de amamentação, a suplementação também tem sua importância, para garantir boas fontes da vitamina no leite materno. Embora o acompanhamento seja importante em gestantes vegetarianas e veganas, a deficiência de vitamina B12 pode acometer tanto indivíduos vegetarianos quanto onívoros, ou seja, trata-se de um nutriente fundamental para todas as gestantes, independentemente de sua escolha alimentar.
A gestação vegetariana é segura?

Estudo conduzido por Piscollato et al. (2015) revelou resultados promissores sobre a gestação vegetariana e vegana. Segundo a pesquisa, gestantes que adotaram esse padrão alimentar, apresentaram um ganho de peso adequado e um menor risco de complicações, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. Além disso, observou-se uma redução nas taxas de cesárea entre as gestantes vegetarianas.

A Academy of Nutrition and Dietetics (AND) também reconhece a segurança nutricional da gestação vegetariana e enfatiza a importância da suplementação de vitamina B12, ferro e vitamina D, além de recomendar o consumo de alimentos vegetais ricos em cálcio ou enriquecidos com esse mineral.

Considerações

Com base nas evidências apresentadas, fica claro que a gestação vegetariana pode ser uma escolha segura e saudável desde que seja acompanhada de uma dieta equilibrada e orientação adequada. No entanto, é fundamental ressaltar a importância do suporte nutricional e do acompanhamento médico durante toda a gestação para fornecer todos os nutrientes necessários, tanto para a mãe quanto para o desenvolvimento adequado do feto. Com os cuidados nutricionais e médicos apropriados, é possível desfrutar de uma gestação vegetariana saudável e segura.

Conselho Federal de Nutricionistas. Parecer Técnico n. 9/2022: Alimentação Vegetariana na atuação do nutricionista. 30 set, 2022.

NAVOLAR. T.S. (Org.). Nutrição vegetariana e plant-based diet. São Paulo, 2022. 496p.

Baroni L, Rizzo G, Goggi S, Giampieri F, Battino M. Vegetarian diets during pregnancy: effects on the mother’s health. A systematic review. Food Funct. 2021;12(2):466–93.

Melina V, Craig W, Levin S. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Vegetarian Diets. J Acad Nutr Diet. 2015;115(5):801–10.

Pistollato F, Cano SS, Elio I, Vergara MM, Giampieri F, Battino M. Plant-Based and Plant-Rich Diet Patterns during Gestation: Beneficial Effects and Possible Shortcomings. Adv Nutr. 2015;6(5):581–91.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Consumo de ômega-3 durante a gravidez reduz risco de depressão pós-parto

O consumo durante a gravidez do ácido graxo ômega-3, encontrado em peixes como o salmão, reduz o risco de depressão pós-parto, segundo um estudo de cientistas americanos.

A doutora Michelle Price Judge, da Escola de Enfermagem da Universidade de Connecticut, demonstrara previamente que o consumo durante a gravidez do ácido docosahexaenoico (DHA), um ácido graxo poli-insaturado da série ômega-3, auxilia o desenvolvimento do bebê e quis saber o efeito que poderia ter na depressão pós-parto.

 Para o novo estudo, analisou os hábitos alimentares de 52 mulheres grávidas que foram divididas em dois grupos. Metade tomou um placebo e às mulheres do outro grupo foram administrados 300 miligramas de DHA cinco dias por semana entre as semanas 24 e 40 da gravidez, uma quantidade similar à de meia porção de salmão.

Os especialistas acompanharam as mães e mediram sua situação emocional através de uma escala de depressão pós-parto realizada pela doutora Cheryl Beck, da Universidade de Connecticut e coautora do estudo.

Segundo outras pesquisas mencionadas pelos autores, aproximadamente 25% das mães padecem deste tipo de depressão, que afeta as relações familiares e tem consequências no desenvolvimento afetivo da criança.

A análise dos dados indica que as mães que fizeram parte do grupo que consumiu pescado foram menos propensas a manifestar sintomas relacionados com a ansiedade. Michelle e sua equipe assinalaram durante o Congresso de Biologia Experimental 2011, realizado em Washington, que seria necessário um estudo maior para entender o porquê e o alcance dos benefícios do ômega-3 para a saúde mental da mãe. Ainda assim, foi recomendado o consumo de peixes ricos neste tipo de ácidos graxos entre dois e três dias por semana, já que são ricos em proteínas e minerais

Fonte: http://www.hebron.com.br/