sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa

Um dos palestrantes do Fórum Peter Rembischevski adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.

‘”Proibir totalmente a utilização ou estabelecer um outro parâmetro de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA) composto encontrado na fabricação de policarbonato, um tipo de resina utilizada na produção da maioria dos plásticos – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária.

Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania que acontece dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo(CREMESP), Peter abordará o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela SBEM-SP.

Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo porque cada uma delas interpreta os resultados das pesquisas científicas em animais por meio intra-venoso, de maneiras distintas causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A ingestão de Bisfenol-A por meio intra-venoso é absorvida pelo organismo de modo diferente se comparada com a ingestão via oral, como acontece na maioria das vezes, por humanos. A reação do organismo é diferente dependendo da maneira que o Bisfenol-A é absorvido. O organismo dos animais e dos seres humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie é também para a outra. É o princípio da correlação inter-espécies. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não é capaz de sustentar sua proibição”.

Ele reforça que talvez a discussão fique sobre o limiar da dose, abaixo da qual não produz efeito negativo, como é o caso do ferro. Afinal, a dose faz o veneno – uma dose baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.

Nova Era

Peter ressalta que apesar de ainda não haver um consenso, as agências reguladoras mudaram a postura e, hoje, não esperam ter a certeza se uma substância é noviça ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, as agências utilizam o princípio da precaução – o que significa que mesmo antes de ter uma certeza, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro. Antigamente, esperava-se anos até que se comprovasse a veracidade das pesquisas. Hoje, as agências incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto .
Peter ainda reforça que o mercado mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras já está mudando. Os produtos com Bisfenol-A estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, os produtos com BPA perderam 50% do mercado no Japão, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.

FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/

Europa proíbe bisfenol A e no Brasil médicos se mobilizam


Mais proteínas e menos carboidratos refinados - New England Journal Of Medicine

Um grupo de pesquisadores europeus descobriram que comer mais proteínas e menos carboidratos refinados ajuda a ficar dentro do peso normal. A equipe mostrou que homens e mulheres que perderam pelo menos oito por cento do seu peso em uma dieta de baixas calorias foram mantidos em uma dieta de alimentos ricos em proteínas e pobre em carboidratos refinados por seis meses. Eles tinham menor probabilidade de recuperar qualquer peso, e também foram os menos propensos a abandonar o estudo. Talvez pelo fato da regulação dos níveis glicêmicos, já que uma dieta do tipo evita variações abruptas nos níveis de insulina, comum em quem ingere muito carboidrato refinado.

Os participantes foram divididos em grupos alimentares: diferentes quantidades de proteína, uma quantidade moderada de gordura, e diferentes quantidades de carboidratos classificados como de alto ou baixo índice glicêmico.

O Índice glicêmico (IG) é uma medida de quão rápido um alimento é convertido em açúcar no sangue. Alto-GI alimentos, como pão branco e outros alimentos que contenham carboidratos refinados, produzem um aumento rápido da glicose no sangue, enquanto os alimentos de baixo índice glicêmico, como pães integrais, causa um aumento mais lento do açúcar no sangue e com isso solicita menos insulina do pâncreas. Acredita-se que esse mecanismo auxilie na saciedade.

O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine. Elaborado pelo Dr. Thomas Meinert Larsen e seus colaboradores da Universidade de Copenhague.
O autor relatou que os resultados "traduzir em recomendações dietéticas diferentes para uma utilização mais ampla, provavelmente, ainda tem que ser descoberto porque o índice glicêmico não é realmente uma ferramenta fácil e simples de usar para a maioria pessoas "

Larsen e os seus colegas selecionaram inicialmente 773 homens e mulheres e suas famílias em oito diferentes países da Europa Ocidental. Essas famílias foram distribuídas aleatoriamente em um dos cinco diferentes dietas de manutenção de peso por 26 semanas. Nenhum calorias restritas, mas quatro das dietas que ditam a proporção de proteínas, gorduras e carboidratos refinados que deveriam fazer parte da alimentação diária. Um grupo que comeu sem restrições serviram como controle. Resto dos grupos foram:
• de baixa proteína, dieta de baixo IG
• de baixa proteína, dieta de alto IG
• de alta proteína e dieta com IG baixo
• de alta proteína e dieta com IG alto

Os grupos de baixa proteína consumida 13 por cento das calorias como proteína, nos grupos de alta proteína, 25 por cento da energia total consumida foi de proteína.

Pessoas em todos os grupos puderam comer o quanto quisessem. Para se certificar de que eles seguiram suas dietas, os participantes do estudo eram orientadas sobre o que os alimentos para preparar, diários alimentares apresentados e submetidos a testes de urina para verificar a quantidade de proteína que consumiu. Uma pequena parcela dos participantes tiveram suas refeições preparadas por eles.

Os resultados mostraram que 71% completaram o estudo.
26 por cento das pessoas no grupo de alta proteína ou de grupos de baixo IG abandonaram o estudo.
As 548 pessoas que mantiveram a dieta comendo pouca proteína e e ingerindo alimentos com alto índice glicêmico ganharam uma quantidade significativa de peso (1,67 kg, em média). 

Dr. David Ludwig, diretor do "Peso ideal para a Vida" Programa do Hospital Infantil de Boston, disse que a perda de peso a curto prazo é mais fácil do que mantê-lo ao longo do tempo. Ludwig co-autor de um editorial que acompanha o estudo.

Ele disse: "A natureza da dieta e como essa dieta afeta nossa biologia subjacente pode ter muito a ver com a probabilidade de que estamos a cumprir, para permanecer na dieta." Pessoas que etsavam ingerindo mais proteína alimentos com baixo IG parecem gostar deste tipo de dieta, talvez porque eles estavam sentindo menos fome e mais energia ... ou apenas de perceber que eles estavam fazendo melhor e tendo mais resultados".
"Não há nada que motive mais que o sucesso quando se trata de perda de peso ", acrescentou.

Ele disse que esta poderia ser uma dieta fácil de seguir. "Adicionando uma porção de nozes e feijão na dieta diária e abolindo os grãos refinados, associado a mudanças nos hábitos alimentares, teríamos um impacto potencialmente enorme na saúde pública, e isso é uma alteração ao alcance de todos. "

James O. Hill, diretor do Centro para Nutrição Humana da Universidade do Colorado, que não fazia parte da equipe observou: "Não há muita diferença entre os grupos agora." Mas ele elogiou a equipe para focar no peso manutenção, um aspecto muitas vezes negligenciado da perda de peso. "Este é o tipo de pesquisa que deve ser feito", disse ele.

Artigo: Diets with High or Low Protein Content and Glycemic Index for Weight-Loss Maintenance
Autores: Thomas Meinert Larsen, et al.
Ano: 2010
Periódico: New England Journal Of Medicine
Disponível em: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1007137?query=TOC

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Alzheimer: prevenção baseada na combinação de alimentos antioxidantes

Azeite de oliva, castanhas, peixes, aves, frutas, saladas, vegetais crucíferos (couve, couve-flor, couve-de-bruxela, repolho, brócolis) e vegetais folhosos verde-escuros: se esses itens costumam entrar no seu prato em porções generosas, ótimo.

Entre outros benefícios o consumo combinado (não isolado) diário  pode diminuir o risco de  progressão  e surgimento da Doença de Alzheimer. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, publicada na revista científica Archives of Neurology.

A explicação do estudo é que tais alimentos são ricos em: Gordura monoinsaturada; Gordura polinsaturada (omega 3 e 6); Vitamina E; Vitamina B12; Folato.

Tais nutrientes possuem potencial antioxidante, sendo assim, diminuem o estresse oxidativo cerebral e com isso evita a progressão da doença.

Hoje alguns sites noticiaram que um grupo de cientistas suecos da Universidade Dundee criaram uma fórmula barata e eficaz na prevenção do Alzheimer. Encontrei artigos isolados sobre o tema na revista " Proceedings of the National Academy of Sciences". A fórmula consiste na combinação de um antidiabético chamado Metformina e de um polifenol denominado Resveratrol, encontrado na semente e casca de uvas, principalmente as mais escuras. Como não encontrei o artigo, apenas cito a combinação do estudo.

Artigo:
Título: Food Combination and Alzheimer Disease Risk: A Protective Diet
Autores: Yian Gu; Jeri W. Nieves; Yaakov Stern; Jose A. Luchsinger; Nikolaos Scarmeas.
Ano: 2010
Periódico: Archives of Neurology
Disponível em: http://archneur.ama-assn.org/cgi/content/abstract/67/6/699

Garçom! Tem um potencial carcinogênico na minha sopa!

Yolande Sprague pode ser perdoada por se sentir virtuosa.  Quatro anos atrás depois de ter seu segundo filho, a dona de casa ouviu falar pela primeira vez sobre o BPA, um químico presente em plásticos que pode migrar para a água ou alimento, potencialmente causando sérios problemas de saúde como o câncer. Ela não estava disposta a arriscar e correu para a loja Babies “R”Us, que tinha um programa de troca de mamadeiras com BPA, e saiu de lá com $100 de crédito.

Seria bom se fosse fácil assim.

O que Sprague não se deu conta é que o BPA, ou bisfenol A, é onipresente, isso quer dizer, que quase tudo o que você come, que vem de uma lata, contem o químico.

A exposição ao BPA de enlatados “é muito mais extensiva” do que de garrafas plásticas, disse Shanna Swan, professora e pesquisadora da Universidade de Rochester em Nova York. “É principalmente preocupante nas latas de fórmula para crianças.”

O BPA é um componente essencial no revestimento de resina epóxi que mantem alimentos frescos por mais tempo e previne que interajam com o metal alterando o sabor. Já foi associado em pesquisas com ratos ao câncer, obesidade, diabetes e problemas cardíacos.

A indústria de enlatados diz que apoia o uso do químico e que alguns estudos feitos por agências governamentais consideraram o BPA seguro para o contato com alimentos. Eles também mencionam que seu uso reduziu significativamente o número de mortes de intoxicação alimentar.

Mas em janeiro, a FDA (Food and Drug Administration), correspondente a Anvisa nos Estados Unidos, pela primeira vez expressou “alguma preocupação” com o BPA. Motivada em parte por estudos recentes e também por uma crescente preocupação do público e de grupos de defesa ao consumidor, a agência anunciou que investirá 30 milhões de dólares em pesquisas que estudem os potenciais efeitos do químico no corpo humano.

Embora não esteja claro como esse estímulo econômico vai se dar, seus resultados estão sendo esperados ansiosamente pela indústria e consumidores. O relatório, previsto para o fim de 2011 está sendo feito em colaboração com o Instituto Nacional da Saúde (National Institutes of Health).

“Ainda não foi provado categoricamente que o BPA prejudica crianças ou adultos, mas como crianças no início de seu desenvolvimento estão expostas ao BPA, a informação que estamos buscando merece uma maior atenção”, disse o vice secretário do Health and Human Services, Bill Corr no começo do ano.

O que é claro no entanto é que ao contrário do plástico não existem ainda no momento alternativas à resina epóxi viáveis.

“Se está presente em mamadeiras, imagino então que está em muitos outros produtos também,” diz Sprague, que tem um histórico de partos prematuros. O nascimento de seu próximo filho está previsto para setembro.” Todo mundo está tendo câncer de mama agora. É assustador. Será que é por causa do BPA? Eu não sei.”

BPA x DNA

Um cientista que está envolvido na luta contra o BPA é o médico e professor da Universidade de Yale, Hugh Taylor. Sua pesquisa revelou que o químico altera como os genes reagem ao estrogênio, e que isso pode levar as crianças a desenvolver o câncer na fase adulta.

“Eu digo às minhas pacientes grávidas que evitem produtos com bisfenol A”, ele disse. “Mesmo uma pequena exposição durante a gravidez pode causar danos a longo prazo.”

Os estudos de Taylor são certamente surpreendentes. Eles revelaram que o químico altera como o DNA trabalha, um processo conhecido como mudança epigenética.

Em cada filamento do DNA um grupo de moléculas de carbono se liga a receptores que ajudam a determinar que genes serão acionados ou não. Na presença do BPA, no entanto, muitas dessas moléculas de carbono podem ser removidas do DNA, e com elas a definição do acionamento.

Imagine que os grupos de carbono são um tipo de fechadura e os receptores de DNA são o portão. Quando a fechadura é removida, o portão fica permanentemente aberto, aumentando significativamente o risco do estrogênio entrar na fase adulta, interagir com o DNA e causar câncer.

“Os efeitos são permanentes e duradouros,” disse Taylor. A exposição de adultos é preocupante, mas acho que a exposição de fetos é pior.”

Para estudar como o BPA pode afetar bebês no útero, Taylor injetou ratas grávidas com altas doses de bisfenol A por 5 dias. Ele descobriu que as ratas expostas ao BPA no útero não tinham o “portão” nos receptores de DNA e se tornaram mais suscetíveis ao estrogênio durante o resto de suas vidas.

Como muitos alimentos possuem estrogênio natural – soja, por exemplo – Taylor acredita que seus estudos sugerem que complicações podem aparecer mais para frente simplesmente como resultado de uma alimentação básica, sem falar de suplementos de estrogênio que muitas mulheres tomam ao entrar na menopausa. “Nos modelos com ratas, elas são mais suscetíveis ao câncer,”diz Taylor.

Por ser ginecologista, Taylor estudou os efeitos primariamente em ratas. O impacto a longo prazo do BPA em receptores de DNA em machos, ele disse, ainda é desconhecido. Sua pesquisa também é limitada porque ele não pode testar o BPA em humanos não contaminados. “Todos temos o BPA em nossos corpos, então não existe uma maneira de testar uma população não contaminada,”ele disse. Você nunca terá o perfeito experimento com humanos para uma prova definitiva.”

Atualmente Taylor está estudando como o BPA remove os grupos de carbono do DNA – o processo específico pelo qual o BPA remove as “fechaduras”- e espera que essa pesquisa traga uma maior compreensão de como o químico interage com o corpo.

Ele reconhece o papel do BPA na segurança de alimentos mas diz que as pessoas devem estar conscientes do perigo em potencial. “Sempre equilibramos em nossas vidas os riscos com os benefícios que trazem”, ele disse. “Pagamos um preço pela sociedade moderna e conveniente.”

Frederick vom Saal, professor da Universidade de Missouri que também estuda o BPA é muito menos diplomático. Conhecido com um intenso ativista contra o químico, ele disse que se o BPA fosse considerado um remédio, “ele seria proibido imediatamente”.

Uma descoberta

Dentro de enlatados, a fina camada de resina epóxi separa o alimento do metal da lata, evitando que os dois interajam e prevenindo a ferrugem.

A resina é pulverizada na lata e seca quase que instantaneamente. Milhares de empresas, como a Campbell Soup e Coca-Cola, utilizam a resina como revestimento interno. Sem essa proteção, o alimento estragaria mais rápido. Latas sem o químico explodiriam nas prateleiras de lojas quando o alimento reagisse com o metal.

O BPA foi sintetizado pela primeira vez em 1891, o BPA endurece o plástico, possibilitando sua utilização em vários produtos, de canoas plásticas a recibos. É um componente essencial da resina epóxi agindo como parte da base do polímero e foi usado pela primeira vez em uma lata em 1940.

Foi um produto revolucionário e sua utilização só cresceu. “Ele é especial”, disse Steve Russel, líder da divisão de plástico do Conselho Americano de Química (American Chemistry Council). “Quando se deram conta foi um daqueles momentos ‘eureka’.

Como o BPA foi considerado seguro sem ser questionado por tanto tempo, poucas pesquisas foram feitas na busca de alternativas comerciais viáveis para enlatados. “ No momento não existe uma resina única que ofereça o mesmo grau de segurança para recipientes de alimentos, tempo de prateleira e custo benefício para o acondicionamento de frutas e vegetais,”disse Russel.

O mesmo não aconteceu com as garrafas plásticas. Nessa indústria, substituições foram muito mais fáceis de achar. Alternativas ao plástico com BPA incluem polietileno, mais usado na fabricação de sacolas plásticas e o polipropileno, que é utilizado em squeezes (garrafas plásticas reutilizáveis destinadas a esportistas).

É certo que resinas sem BPA já existem, mas são muito mais caras. Este é um desafio para a indústria que é sensível a mudanças de preço em frações de centavos.

A empresa Eden Foods que está localizada em Michigan, por exemplo, comercializa feijão e arroz em latas sem BPA feitas pela Ball Corp, mas elas custam 14% a mais do que as tradicionais. As latas representam um dos maiores custos para a indústria de alimentos enlatados e a mudança para uma resina mais cara provavelmente acarretaria em um aumento de preços e prejudicaria os consumidores, especialmente os que compram cestas básicas e têm baixo poder aquisitivo.

A fábrica Ball utiliza um mix de esmalte que contem resinas naturais de pinho e balsamo, uma mistura que era utilizada antes do BPA se tornar tão popular, mais de 50 anos atrás. “Quando falamos que a lata corresponde a metade do preço de um enlatado isso significa que é um mercado altamente competitivo,”afirmou Michael Potter, presidente da Eden Foods.

Mesmo assim, a empresa conseguiu sobreviver graças ao interesse crescente em alimentos naturais, ele comentou. Eden ainda comercializa produtos que contêm BPA. É importante salientar que o FDA (Federal Drug Administration) ainda não aprovou nenhum outro tipo de revestimento para alimentos ácidos. Mas Potter diz que ele está trabalhando juntamente com Ball em uma alternativa a qual ele espera colocar nas prateleiras nos próximos anos.

Outras alternativas estão sendo desenvolvidas. No começo do ano, Michal Jafffe, um pesquisador e professor do Instituto de Tecnologia de New Jersey, recebeu uma patente para uma resina a base de açúcar de milho que imita a estrutura do BPA mas não tem seus efeitos negativos.


No entanto, a resina ainda está a anos de ser comercializada e o preço da mudança ainda é desconhecido. “O custo final será claramente dependente do volume,”disse Jaffe. “Mas não vejo razão para que essa resina não seja competitiva em relação ao BPA.”

De volta à Universidade de Rochester, Swan e sua equipe estão estudando o quanto o BPA é absorvido pelo corpo dependendo da quantidade de alimentos enlatados consumidos. O resultado da pesquisa está previsto para ser divulgado até o final do ano.

Ratos e metabolismo

No momento, a indústria química não só continua promovendo o BPA como também alerta consumidores para que fiquem atentos a substitutos que não foram ainda rigorosamente testados.

Também somos pais e entendemos que todos querem o melhor para seus filhos,” disse Russel do Conselho Químico Americano. “Mas temos que entender que ao buscar evitar o BPA, fazemos isso não porque agências governamentais dizem que ele não é seguro mas porque algumas pessoas querem ser muito cautelosas. Isso se resume no grau de incerteza que é aceitável para cada um.”

Parte da preocupação que muitos da indústria química têm está nos estudos realizados como o de Taylor que tendem a usar altas doses de BPA. Taylor injetou ratos com 5 miligramas do químico – muito mais do que qualquer um estaria exposto ao comer somente um enlatado.

A indústria química afirma que o BPA é metabolizado rapidamente pelo corpo e que é excretado antes que possa interagir com células. “Os níveis do químico aos quais uma pessoa poderia estar exposta ao usar produtos que contenham o BPA, incluindo a resina epóxi em recipientes alimentares, são tão pequenos que agências governamentais que avaliaram o BPA disseram, “Sim, mesmo que todas essas coisas horríveis que dizem que o BPA causa fossem verdadeiras, os níveis de exposição são tão pequenos que não estamos convencidos que exista um risco real,” disse Russel. “É por isso que continuam a permitir o seu uso.”

Para Taylor (Yale), qualquer quantidade do químico tóxico é muita para alguns. “Podemos argumentar sobre qual é a dose segura, mas se eu fosse mulher e estivesse grávida, evitaria o consumo de BPA,” ele disse. “A exposição de adultos é preocupante, mas eu acho que a exposição de fetos é pior.”

Considerando a polêmica, todos estão de olho no FDA. A agência insiste, faz tempo, que o químico é seguro, então não passou desapercebido quando afirmou que usaria fundos do Ato de Recuperação e Reinvestimento de 2009 para estudar o que o BPA causa no corpo humano. “Precisamos saber mais,” disse a jornalistas no começo do ano Dr. Josh Sharfstein, representante do FDA.

Para aumentar a confusão, a agência reguladora do Canadá que proibiu o uso de BPA em mamadeiras, no início de junho divulgou que os níveis de BPA em enlatados “não representam um risco à saúde.”

Empresas líderes e organizações de indústrias usam como referência a posição atual tanto do FDA quanto da agência canadense, e diz que concordam com essas e outras agências que afirmam que o químico é seguro. “Nós apoiamos as novas pesquisas do FDA com o BPA,”disse Scott Openshaw da Associação de Fabricantes de Produtos de Supermercados. “Nós confiamos nas autoridades para determinar quando uma substância não é segura.”

A Aliança de Embalagens Metálicas Norte Americana afirma que o BPA oferece “benefícios importantes, reais e quantitativos para a saúde,”disse John Rost, que é um Ph.D. em química e é presidente da aliança. “Com o uso da resina epóxi em recipientes alimentares de metal, não tivemos nenhuma intoxicação alimentar relacionada às embalagens nos últimos 33 anos.”

Mesmo assim, a onda contra o BPA chegou no mundo corporativo americano. Em abril, acionistas da Coca-Cola rejeitaram uma proposta que pedia à empresa que divulgasse um relatório sobre possíveis alternativas ao BPA e como o químico poderia afetar o valor das ações. Executivos insistiram que um relatório não ofereceria “nenhuma informação útil adicional.”

Uma pessoa que pesa 61 kg precisaria ingerir mais de 14,400 de bebidas em lata em um só dia para se aproximar do limite diário aceitável estabelecido pelo FDA, disse a Coca-Cola.

Para os fabricantes de BPA, que incluem Dow Chemical e Hexion Specialty Chemicals, o químico não representa grande parte do lucro. Se fosse proibido hoje, as duas empresas continuariam seus negócios sem maiores problemas.

De acordo com consultoria SRI, foram utilizadas 4.1 milhões de toneladas de resina no mundo em 2006 (dados mais recentes disponíveis). A indústria tem capacidade para produzir 4.6 milhões de toneladas e o Oeste Europeu atualmente consome mais BPA do que os Estados Unidos.

A sopa está pronta

De volta à casa de Sprague em Dover, New Hampshire, seu filho de cinco anos, Eddie está procurando um lanche na despensa.

Seus pais não querem enlouquecer com o BPA; eles sabem que estatisticamente o BPA já salvou vidas evitando intoxicações alimentares. É certo que a chance de Eddie fazer 6 anos é muito maior porque ele nasceu em 2004 ao invés de 1804, quando era comum crianças morrerem por intoxicação alimentar.

Mesmo assim, muitos pais estão preocupados. Qual a quantidade segura de BPA que pode ser ingerida? Será que devemos conscientemente ingerir um carcinogênico em potencial mesmo que em doses mínimas? Por que não existem alternativas mais baratas?

No momento, famílias como a de Sprague começam a pensar se vale a pena ou não comer alimentos enlatados. E de acordo com a Taylor (Yale), se isso os levar a comer mais frutas e verduras frescas, o esforço terá valido a pena.

Eu não uso enlatados todos os dias,” disse Sprague (26 anos). “Mas se eu comesse, eu diminuiria a quantidade.”

O vento bate levemente na porta de tela da casa de Sprague. Papéis saem voando dos imãs da geladeira. Seu filho, Eddie, corre para a cozinha, pega uma lata e pergunta à mãe:

“Mãe, que tipo de sopa é essa?”

Fonte – Ernest Schneyder; Edição de Jim Impoco e Claudia Parsons, Tradução: Fabiana Dupont, Reuters EUA de 09 de junho de 2010 / O Tao do Consumo

http://www.funverde.org.br/blog/archives/7897

Alemanha em alerta: produtores de bisfenol A devem encontrar alternativa ao químico

Agência Federal do Meio Ambiente apresenta relatório histórico questionando a segurança do bisfenol A

Uma semana após a proibição do bisfenol A no estado americano de Vermont, é a vez do bisfenol A retornar aos holofotes mundiais. Desta vez, a Alemanha entra em alerta contra o químico. Relatório sobre químicos tóxicos da Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha, publicado nesta quarta-feira, destaca a periculosidade do bisfenol A.

O relatório contempla o que é uma substância química, onde ela acontece e quais são os riscos para a saúde humana e o meio ambiente. O bisfenol A recebeu destaque pelas novas pesquisas realizadas e a crescente preocupação dos consumidores em relação ao químico. No documento, a Agência Federal do Meio Ambiente explica os riscos do BPA e aponta as opções políticas para o futuro.

O presidente da Agência, Jochen Flasbarth, recomenda aos produtores e usuários de produtos químicos que busquem substâncias alternativas e pede que o princípio de precaução seja aplicado para proteção dos seres humanos e do meio ambiente.

O bisfenol A está presente em muitos objetos do cotidiano: alimentos enlatados, mamadeiras, garrafas e recipientes plásticos, DVDs, papel térmico e embalagens de alimentos. O químico migra do plástico, já que possui moléculas instáveis, contaminando alimentos e seres humanos. A produção, transformação e reciclagem do bisfenol A pode também contaminar rios e lagos. A produção mundial anual do BPA, matéria-prima para a fabricação de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, é de 3,8 milhões de toneladas.

Como já foi demonstrado por muitas pesquisas com animais, o bisfenol A age como o hormônio sexual feminino estrogênio. O produto químico é menos potente que o hormônio sexual natural, mas há evidências de que interfere principalmente na reprodução. O bisfenol A já foi associado em pesquisas ao câncer de mama, de próstata, diabetes, obesidade, síndrome de hiperatividade, infertilidade, aborto e puberdade precoce e tardia.

A EFSA, correspondente a Anvisa na Europa está reavaliando a utilização do bisfenol A e tem a previsão de publicação de um novo relatório ainda este ano. O Canadá, Dinamarca, Costa Rica e França, no entanto, já proibiram, como medida de precaução, o bisfenol A em mamadeiras e outros produtos infantis. Segundo Jochen Flasbarth, ainda há alguma lacunas em relação ao bisfenol A, no entanto, como precaução, as evidências disponíveis são suficientes para limitar o uso de certos produtos contendo o químico.

A agência que regula produtos químicos na Europa – REACH (Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas)- reforça a responsabilidade da indústria química. As empresas que fabricam o bisfenol A, ou que utilizam a substância, são responsáveis pela avaliação dos riscos do químico em todo seu ciclo de vida e devem minimizá-los. A Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha vai analisar a questão cuidadosamente para decidir quais medidas adicionais serão tomadas para proteger os seres humanos e o meio ambiente.

Como precaução, a Agência recomenda aos fabricantes, importadores e usuários de bisfenol A que substituam o químico imediatamente.

Fonte – umweltbundesamt.de / dw-online.de / O Tao do Consumo

Nova pesquisa revela que exposição ao bisfenol A é gravemente subestimada

Americanos estão expostos a quantidade oito vezes superior que a permitida por lei; químico presente no plástico e em latas é associado a câncer e diabetes infantil

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) afirma que a ingestão diária de até 50 microgramas de bisfenol A (BPA) por peso corporal não traza problemas para a saúde. Mas uma nova pesquisa publicada no jornal científico Environmental Health Perspectives sugere que diariamente estamos expostos a uma quantidade no mínimo oito vezes superior. “Os números encontrados na pesquisa são assustadores porque indicam que as agências reguladoras subestimaram substancialmente o nível atual de exposição humana”, afirma o estudo. A pesquisa também confirma que o BPA é processado de maneira similar por ratos, macacos e humanos, o que torna possível extrapolar estudos feitos com animais para humanos.

Embora o bisfenol A venha sendo bastante pesquisado nas últimas décadas ainda é considerado um assunto polêmico entre cientistas e políticos. A senadora democrata Dianne Feistein está preparando uma emenda proibindo o químico em embalagens alimentares infantis para o “Ato de Modernização na Segurança Alimentar”, que está no Senado a espera de aprovação. Republicanos e representantes da indústria plástica e alimentar se opõem à emenda. Afirmam que as pesquisas ainda não são conclusivas.

O bisfenol A é um composto químico e seu uso foi associado a uma maior incidência de problemas cardíacos, diabetes, anormalidades no fígado e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. Alguns estudos também provam que o bisfenol é responsável pelo crescimento de células cancerígenas, diminuição de esperma e micropenia.

Atualmente, o bisfenol A é proibido em quatro países: França, Canadá, Costa Rica e Dinamarca. Nos Estados Unidos, pelo menos sete estados também já proibiram a fabricação de mamadeiras com o policarbonato. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as determinações de produtos devem ser adotadas pelo Mercosul e, portanto, precisam ser aceitas dentro do bloco econômico antes de serem incorporadas na legislação de cada país.

Hormônios são essenciais durante o desenvolvimento de fetos e bebês e podem determinar entre outras coisas o sexo do bebê. Como o BPA imita o funcionamento do estrogênio, ele é um interferente endócrino. De acordo com Thomas Zoeller, professor de biologia na Universidade de Massachusetts, o bisfenol A não se limita a interagir com um receptor. “Ele tem a habilidade de se ligar a três receptores, o estrogênio, o hormônio masculino e receptores de hormônios da tireoide”, disse Zoeller.

Método – Alguns cientistas não têm certeza se a habilidade do BPA de se ligar a receptores pode mesmo acarretar danos à saúde. Todos concordam, porém, que o BPA é parecido com o estrogênio e de fato, foi primeiro sintetizado com o objetivo de ser utilizado com um substituto do estrogênio antes de ser usado como revestimento interno de latas e em plásticos de policarbonato.

Dentro da esfera científica, a controvérsia é a seguinte: Será que o fígado processa o químico e o expele quase completamente pela urina ou será que o BPA entra para a corrente sanguínea onde pode agir como hormônio?

De acordo com Zoeller para responder essa pergunta seria necessário realizar uma pesquisa onde humanos recebessem uma dose de BPA conhecida e tivessem seu sangue analisado, mas um experimento assim levantaria questões éticas. O único estudo com humanos foi feito em 2002 pelo pesquisador alemão Wolfgang Völkel, da Universidade de Würzburg.

Segundo Völkel, o fígado remove mais de 99% do BPA da corrente sanguínea e humanos o excretam dentro de seis horas. Ele registrou a presença de BPA no sangue depois das seis horas em alguns voluntários, mas considerou a quantidade insignificante.

Esse é um dos pontos da controvérsia. Alguns pesquisadores dizem que o método que Völkel usou para medir o BPA no sangue não era sensível o suficiente e que ele superestimou a habilidade do químico passar por nosso sistema sem causar danos.

O novo estudo, liderado por Julia Taylor, uma bióloga da Universidade de Missouri, utiliza um tipo de teste mais sensível. Ela alimentou os ratos e macacos com uma quantidade fixa de BPA por dia. E então analisou o sangue dos animais e achou quantidades “biologicamente ativas”do BPA.

O estudo sugere que o bisfenol A não é completamente removido pelo fígado e que circula no sangue em quantidades que são preocupantes, diz Taylor. “Foi a primeira vez que se comparou em um estudo ratos e macacos e macacos e humanos”, disse Taylor. “Para nós cientistas, pelo menos no senso acadêmico, o resultado da pesquisa é uma confirmação do que já pensávamos.” O estudo também possibilita extrapolar os resultados de ratos e macacos para humanos, já que todos processam o bisfenol A de maneira similar.

O estudo sugere que nem todas as formas de exposição ao bisfenol A são conhecidas. “Os dados provam que é preciso reconsiderar hipóteses anteriores sobre o BPA, como por exemplo que o químico é rapidamente excretado do corpo e a diferença do metabolismo entre espécies,” disse Linda Birnbaum, diretora do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental. “O artigo destaca a necessidade de compreender melhor todas as possíveis fontes de exposição humana.”

O que fazer?

Mas e os consumidores que continuam se preocupando com sua própria exposição diária a esse polêmico químico? Como podem reduzir a exposição? O Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental recomenda os seguintes passos:

• Utilizar mamadeiras sem bisfenol A (BPA free);
• Não aquecer no microondas embalagens que sejam feitas com plástico de policarbonato;
• Reduzir o consumo de enlatados;
• Utilizar recipientes para guardar e armazenar alimentos feitos de vidro, porcelana ou aço inox sempre que possível, especialmente para alimentos ainda quentes;
• Evitar comprar produtos de plástico feitos com BPA.


FONTE: http://www.funverde.org.br/blog/archives/7867

domingo, 21 de novembro de 2010

TEDxSP 2009 - Paulo Saldiva: Exclusão e racismo ambiental

Instituto Saúde e Sustentabilidade


Excelente vídeo elaborado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade. Vale a pena assistir.
O que o vídeo relata não acontece apenas em São Paulo, mas sim em todas as cidades em que seus governantes não possuem uma visão ecossustentável e acreditam que o correto é o "Progresso" a qualquer custo !
No site do Instituto está disponível um Sumário de evidências criado num Workshop que aconteceu ano passado na USP. O sumário intitulado: Sumário de evidências: Saúde, sustentabilidade e cidadania - um observatório de caso urbano tendo como cénário a região metropolitana de São Paulo está disponível no seguinte link e vale a pena ser lido.
Os exemplos utilizados valem para todas as cidades que enfrentam diversos problemas relacionados à alterações ambientais e que geram impacto em todo ecossistema. Isso inclui impacto na saúde humana com perda de qualidade de vida, diversas doenças relacionadas às múltiplas poluições (água, solo, atmosférica, sonora, eletromagnética), rombos nos cofres públicos (internação hospitalar, medicações)...
É como o Dr. Paulo Saldiva disse em uma entrevista: os nossos governantes deveriam receber Formação para gerir cidades, pensando sempre em impactos ambientais a curto, médio e longo prazo.
Acredito que deveriam utilizar a cabecinha e perceber que gastos inteligentes no presente podem evitar rombos futuros. Porém, infelizmente não é assim que a banda toca. Tem palhaço querendo descobri o que faz um deputado federal...
Para conhecer mais sobre o trabalho do Instituto Saúde e Sustentabilidade visite o site: http://www.saudeesustentabilidade.org.br/

Novo livro de Ecologia médica: “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.


No Brasil, 80% da população reside em áreas urbanas, mas será que fazemos ideia dos problemas que a falta de cuidados com o meio ambiente nas metrópoles pode causar para a nossa saúde física e mental? Alertar para os possíveis malefícios da vida na cidade é a intenção do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.

Na obra, que está sendo lançada pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, o autor pretende mostrar como os problemas de mobilidade, a constante exposição à poluição do ar, a contaminação das águas, a grande quantidade de ruídos, a falta de saneamento, as inundações e as ilhas de calor, entre outros malefícios da vida moderna, afetam a nossa saúde.

A intenção do livro não é causar pânico nas pessoas, mas sim alertar para o fato de que, habituados à vida na cidade, nos acostumamos com uma porção de problemas que, pouco a pouco, destroem nossa saúde. A partir da leitura da obra, o autor espera despertar nas pessoas a consciência a respeito da importância de darmos mais atenção a ecologia urbana.

Para ser produzido, o livro contou com a contribuição de pesquisadores e estudiosos de renome na área de saúde ambiental, como o ex-diretor da Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Alfred Szwarc. O lançamento da obra acontecerá em São Paulo, no dia 23 de novembro. Na ocasião, além de sessão de autógrafos, o autor ministrará a palestra “O homem e a questão ambiental: vilão ou vítima?”, que fala de um dos temas do livro. Os interessados em participar não precisam fazer inscrição prévia e, após o lançamento, o livro estará disponível para compra no site do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

Lançamento e palestra do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”
Data: 23 de novembro
Horário: a partir das 19h
Local: Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos
Endereço: Av. das Nações Unidas, nº 4777, Pinheiros – São Paulo/SP

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O consumo de grãos integrais está inversamente relacionado a gordura visceral

Estudos observacionais têm ligado o maior consumo de grãos integrais à diminuição da adiposidade abdominal, no entanto, a associação entre consumo de grãos integrais e refinados e a gordura nos compartimentos de corporal ainda não foi relatada. Diferentes aspectos da dieta podem ser diferencialmente relacionados com a distribuição de gordura corporal.

Pesquisadores da Harvard Medical School avaliaram a associação entre o consumo de grãos integrais e refinados e o tecido adiposo abdominal subcutâneo (TAS) e tecido adiposo visceral (TAV). A ingestão de grãos integrais foi inversamente associada com a TAS (P <0,001) e TAV (P <0,001), após ajuste para idade, sexo, tabagismo e consumo total de energia e álcool. Em contraste, a ingestão de grãos refinados foi positivamente associada com a TAS (P = 0,01) e TAV (P <0,001).

Os dados mostraram que o aumento do consumo de grãos integrais está associado com redução do TAV nos adultos, enquanto o consumo mais elevado de grãos refinados está associado a maior TAV.

A pesquisa foi publicada na revista The American Journal of Clinical Nutrition.

Fonte: The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 92, Number 5, 2010, Pages 1165-1171

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Harvard diz que Bisfenol-A (BPA) também compromete a formação de cromossomos

De acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, publicada esta semana, o bisfenol A (BPA) causa a infertilidade em vermes podendo matar embriões e danificar cromossomos.

Os testes foram realizados com o verme C. elegans, muito utilizado por pesquisadores por ter sua biologia muito similar à dos seres humanos.

Geneticistas da Escola revelaram que em vermes expostos ao BPA, alguns processos de reparação do DNA foram prejudicados nas células que são essências na formação de esperma e ovos. Reportagem de Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do sítio O Tao do Consumo.

A exposição ao químico também danificou a integridade de cromossomos e causou a morte de células. Cromossomos do grupo de controle permaneceram normais, já os cromossomos no grupo exposto ao BPA se apresentaram frágeis e fragmentados. A consequência foi a morte de embriões e vermes menos férteis na pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Demonstramos que a exposição de vermes ao BPA em concentrações internas correspondentes a modelos em mamíferos, causa um aumento de infertilidade e morte embrionária,” escreveram os autores. “Os resultados mostraram que o mecanismo dos efeitos do bisfenol A nos vermes tem o potencial de ser paralelo na reprodução humana,” de acordo com observações que acompanham a publicação do estudo.

A conclusão da pesquisa com certeza esquentará ainda mais o debate sobre a segurança do BPA. O bisfenol A é um químico usado na fabricação de plásticos e como revestimento interno de latas. O problema de sua utilização em embalagens alimentares é que suas moléculas não são estáveis e migram da embalagem para os alimentos.

BPA: uma “substância tóxica”
Pesquisas já associaram o BPA a doenças cardíacas, diabetes, infertilidade, obesidade, puberdade precoce e câncer em humanos. Gestantes e crianças pequenas são o grupo mais afetado. O bisfenol A passa da placenta para o feto e sua presença em bebês e crianças pode comprometer seriamente o sistema reprodutivo já que eles não metabolizam a substância da mesma maneira que adultos.

A preocupação é grande já que o químico foi estimado estar presente em mais de 90% da população dos Estados Unidos e do Canadá.

No mês passado o bisfenol A foi incluído na lista de substâncias tóxicas no Canadá. Ele já foi proibido em mamadeiras e copos infantis na França, Canadá, Dinamarca e Costa Rica além de 7 estados americanos. As proibições foram baseadas no princípio de precaução que pede que quando pesquisas sugerem que uma substância é prejudicial à saúde, sua utilização seja suspensa até prova ao contrário.

A Organização Mundial da Saúde publicou ontem relatório com o resultado da reunião de especialistas sobre o BPA que aconteceu na semana passada no Canadá e afirmou que a maior fonte de exposição ao bisfenol A vem de alimentos, já que ele migra de embalagens para o conteúdo interno.
Fontes:
CBC News
Organização Mundial da Saúde
LA Times
Proceedings of the National Academy of Sciences

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2010/11/16/harvard-diz-que-bisfenol-abpa-tambem-compromete-a-formacao-de-cromossomos/

domingo, 14 de novembro de 2010

Aditivos alimentares e seus possíveis efeitos


Pro teste realiza pesquisa com 24 refrigerantes e o resultado: 7 deles têm Benzeno

Em uma pesquisa com 24 refrigerantes, a Pro Teste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – verificou que 7 têm benzeno, substância potencialmente cancerígena:
1) Sukita Zero
2) Fanta Laranja Light
3) Fanta Laranja,
4) Sprite Zero,
5) Sukita,
6) Dolly Guaraná,
7) Dolly Guaraná Diet

O benzeno surge da reação do ácido benzoico com a vitamina C. Como não há regra para a quantidade do composto em refrigerantes, usou-se o limite para água potável: 5 microgramas por litro.

Os casos mais preocupantes foram o da Sukita Zero, que tinha 20 microgramas, e o da Fanta Light, com 7,5 microgramas. Os outros cinco produtos estavam abaixo desse limite (Dolly Guaraná, Dolly Guaraná Diet, Fanta Laranja, Sprite Zero e Sukita)

Fernanda Ribeiro, técnica da Pro Teste, diz que é difícil estudar a relação direta entre o benzeno e o câncer em humanos, mas que já se sabe que a substância tem alto potencial carcinogênico e que, se consumida regularmente, pode favorecer tumores. “Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há limite seguro para ingestão dessa substância”, diz. Matéria de Flávia Mantovani, da Folha de S. Paulo, em 05/05/2009

A química Arline Abel Arcuri, pesquisadora da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) e integrante da Comissão Nacional Permanente do Benzeno, diz que o composto vem sendo relacionado especialmente a leucemias e, mais recentemente, também ao linfoma.

O fato de entrar em contato com o benzeno não significa necessariamente que a pessoa vá ter câncer –há organismos mais e menos suscetíveis. “Mas não somos um tubo de ensaio para saber se resistimos ou não, e não há limites seguros de tolerância. O ideal, então, é não consumir”, diz Arcuri.

O benzeno está presente no ambiente, decorrente principalmente da fumaça do cigarro e da queima de combustível. Na indústria, é matéria-prima de produtos como detergente, borracha sintética e náilon.

Nesse caso, não contamina o consumidor por se transformar em outros compostos. A principal preocupação é proteger o trabalhador da indústria.

O efeito do benzeno é lento, mas, quanto maior o tempo de exposição e a quantidade do composto, maior a probabilidade de desenvolver o tumor.

Adoçantes e corantes

A pesquisa da Pro Teste encontrou, ainda, adoçantes na versão tradicional do Grapette, não informados no rótulo. O problema é maior no caso de crianças, que devem ingerir menos adoçantes.

Foram reprovados outros seis produtos [Fanta Laranja, Fanta Laranja Light, Grapette, Grapette Diet, Sukita e Sukita Zero] que tinham os corantes amarelo crepúsculo –que, segundo estudos, favorece a hiperatividade infantil– e amarelo tartrazina –com alto potencial alergênico. “O amarelo crepúsculo já foi proibido na Europa. E muitas crianças têm alergia a alguns alimentos e, depois, descobre-se que o problema é o amarelo tartrazina”, diz Ribeiro.

Os corantes são aprovados no Brasil, mas, para a Pro Teste, as empresas deveriam substituí-los por outros que não sejam problemáticos, assim como no caso do ácido benzoico. “É um problema fácil de ser resolvido”, diz Ribeiro.

Outro lado

A Coca-Cola, responsável pela Fanta, afirmou, em nota, que cumpre a lei e que os corantes de bebidas são descritos no rótulo. Afirma, ainda, que o benzeno está presente em alimentos e bebidas em níveis muito baixos.

A AmBev, que fabrica a Sukita, informou que trabalha “sob os mais rígidos padrões de qualidade e em total atendimento à legislação brasileira”.

Cláudio Rodrigues, gerente-geral da Refrigerantes Pakera, que fabrica o Grapette, diz que a bebida tradicional pode ter sido contaminada por adoçantes porque as duas versões são feitas na mesma máquina. “Os tanques são lavados, mas pode ter ficado resíduo de adoçante no lote testado.”

Comentário de Carol Salsa

Especulamos mais sobre o assunto e, verificamos que o benzeno vem sendo investigado há mais tempo. Em 01 de abril de 2006, um artigo intitulado “ Refrigerantes são tirados das prateleiras”, escrito por Valerie Elliot, da Times online veiculado na web através da página http://www.nossofuturoroubado.com.br/old/0606te%20refri.htm com tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, em maio de 2006, discute a ação do benzeno em refrigerantes no Reino Unido.

Outro artigo , de 04/06/2007 , indica o link http://www.ksd.uscounts.gov/opinions/062163KHV-78.pdf para a leitura na íntegra da decisão da juíza Kathryn H. Vratil da Justiça Federal de Kansas em relação ao assunto.

No Brasil, onde estão as autoridades de segurança alimentar para endossarem ou não as argumentações das técnicas da Pro Teste ?

Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2009/05/15/pesquisa-revela-que-sete-refrigerantes-tem-tem-benzeno-substancia-potencialmente-cancerigena/

Para ler mais sobre Testes do Pro Teste: http://www.proteste.org.br/

Para ler mais sobre corantes: http://www.ecologiamedica.net/2010/11/aditivos-alimentares.html

sábado, 13 de novembro de 2010

Pesquisa relaciona aumento do risco de obesidade à contaminação pelo agrotóxico atrazina

Um novo estudo [Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance], publicado na PLos One, mostra que ratos submetidos à exposição prolongada ao agrotóxico atrazina tiveram sobrepeso quando alimentados com dieta normal e obesidade quando alimentados com dietas de alto teor de gordura. Estas condições de saúde podem levar à diabetes e podem ser responsáveis por danos às estruturas críticas nas células responsáveis pela elaboração de energia.


Os resultados sugerem um novo mecanismo para explicar resultados de estudos anteriores que encontraram uma associação entre as áreas dos Estados Unidos com pesada aplicação de atrazina e a alta prevalência de obesidade.
Para os primeiros meses de estudo os ratos expostos à atrazina e alimentados com dieta normal pesaram o mesmo. No entanto, ao final do estudo, os ratos alimentados com a dieta normal, expostos à água potável com resíduos de atrazina, ficaram 5% mais pesados do que os ratos não expostos ao agrotóxico. Os ratos expostos à atrazina, que foram alimentados com a dieta com alto teor de gordura ficaram 10% mais pesados do que os que não foram expostos mas que foram alimentados com a mesma dieta com alto teor de gordura.

Não foram observadas diferenças no consumo alimentar e no nível de atividade entre os grupos de ratos.

A gordura visceral, ou a gordura que envolve os órgãos do corpo, bem como a gordura dentro dos próprios órgãos, foi a razão para o excesso de peso.

Os ratos expostos à atrazina foram mais resistentes à insulina e os níveis de glicose e insulina em ambos foram significativamente maiores do que nos ratos não expostos à atrazina.

Ensaios de atividade mitocondrial mostrou que a atrazina atuou diretamente , prejudicando o funcionamento das mitocôndrias.

O excesso de gordura em seres humanos é atualmente uma ‘epidemia’ nos Estados Unidos e está associada a doenças cardiovasculares, diabetes e uma série de outros problemas.

Embora as concentrações de atrazina utilizadas neste estudo fossem inferiores aos limites tolerados na água potável (3 microgramas por litro), a dose de baixa concentração utilizada neste estudo foi de mais de 10 mil vezes menor do que a dose necessária para causar efeitos reprodutivos, de acordo com outros estudos em ratos e está no intervalo das doses requeridas para aumentar o risco de câncer em células humanas (Wetzel et al. 1994; Sanderson et al., 2000).


Outras fontes de consulta:

Hayes TB, A Collins, M Lee, M Mendoza, N Noriega, AA Stuart and A Vonk 2002. Hermaphroditic, demasculinized frogs after exposure to the herbicide atrazine at low ecologically relevant doses. Proceedings of the National Academy of Sciences 99:5476-5480.

National Tap Water Database. Environmental Working Group.

Petersen KF, D Befroy, S Dufour, J Dziura, C Ariyan, DL Rothman, L DiPietro, GW Cline and GI Shulman 2003. Mitochondrial dysfunction in the elderly: possible role in insulin resistance. Science 300:1140-1142.

Sanderson JT, W Seinen, JP Giesy and M van den Berg 2000. 2-chloro-s-triazine herbicides induce aromatase (CYP19) activity in H295R human adrenocortical carcinoma cells: A novel mechanism for estrogenicity? Toxicological Sciences 54:121-127.

Wetzel LT, LG Luempert, CB Breckenridge, MO Tisdel, JT Stevens, AK Thaker, PJ Extrom and JC Eldridge 1994. Chronic effects of atrazine on estrus and mammary-tumor formation in female Sprague-Dawley and Fischer-344 rats. Journal of Toxicology and Environmental Health 43:169-182.

O artigo “Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance“, publicado na PLos One, está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:

Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance

Soo Lim1, Sun Young Ahn4, In Chan Song2, Myung Hee Chung3, Hak Chul Jang1, Kyong Soo Park1, Ki-Up Lee5, Youngmi Kim Pak4*, Hong Kyu Lee1*

1 Department of Internal Medicine, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 2 Department of Radiology, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 3 Department of Pharmacology, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 4 Age-Related and Brain Diseases Research Center, Department of Nanopharmaceutical and Life Sciences, Department of Physiology, Kyung Hee University College of Medicine, Seoul, Korea, 5 Department of Internal Medicine, University of Ulsan College of Medicine, Seoul, Korea

Abstract

There is an apparent overlap between areas in the USA where the herbicide, atrazine (ATZ), is heavily used and obesity-prevalence maps of people with a BMI over 30. Given that herbicides act on photosystem II of the thylakoid membrane of chloroplasts, which have a functional structure similar to mitochondria, we investigated whether chronic exposure to low concentrations of ATZ might cause obesity or insulin resistance by damaging mitochondrial function. Sprague-Dawley rats (n = 48) were treated for 5 months with low concentrations (30 or 300 µg kg?1 day?1) of ATZ provided in drinking water. One group of animals was fed a regular diet for the entire period, and another group of animals was fed a high-fat diet (40% fat) for 2 months after 3 months of regular diet. Various parameters of insulin resistance were measured. Morphology and functional activities of mitochondria were evaluated in tissues of ATZ-exposed animals and in isolated mitochondria. Chronic administration of ATZ decreased basal metabolic rate, and increased body weight, intra-abdominal fat and insulin resistance without changing food intake or physical activity level. A high-fat diet further exacerbated insulin resistance and obesity. Mitochondria in skeletal muscle and liver of ATZ-treated rats were swollen with disrupted cristae. ATZ blocked the activities of oxidative phosphorylation complexes I and III, resulting in decreased oxygen consumption. It also suppressed the insulin-mediated phosphorylation of Akt. These results suggest that long-term exposure to the herbicide ATZ might contribute to the development of insulin resistance and obesity, particularly where a high-fat diet is prevalent.

Citation: Lim S, Ahn SY, Song IC, Chung MH, Jang HC, et al. (2009) Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance. PLoS ONE 4(4): e5186. doi:10.1371/journal.pone.0005186

Editor: German Malaga, Universidad Peruana Cayetano Heredia, Peru

Received: February 10, 2009; Accepted: February 19, 2009; Published: April 13, 2009

Copyright: © 2009 Lim et al. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.



Funding: This work is supported by the IT R&D program of MIC/IITA [2006-S075-01 to HK Lee, Development of an early diagnostic system of metabolic syndrome based on nanosensor integrated network computing], a Korea Science and Engineering Foundation (KOSEF) grant (M10642140004-06N4214-00410 to YK Pak) and a grant from the 21C Frontier Functional Proteomics Project (FPR08A1-070 to YK Pak) from the Ministry of Education, Science & Technology, Korea. The funders had no role in study design, data collection and analysis, decision to publish, or preparation of the manuscript.

Competing interests: The authors have declared that no competing interests exist.

* E-mail: ykpak{at}khu.ac.kr (YKP); hkleemd{at}snu.ac.kr (HKL)

FONTE:  http://www.ecodebate.com.br/2009/05/30/pesquisa-relaciona-aumento-do-risco-de-obesidade-a-contaminacao-pelo-agrotoxico-atrazina/

Pesquisadores associam lúpus e artrite reumatoide à exposição a inseticidas, por Henrique Cortez

Um estudo [Farm History, Insecticide Use and Risk of Autoimmune Rheumatic Disease in the Women's Health Initiative Observational Study] recente mostra que as mulheres que usam inseticidas possuem elevado risco de desenvolvimento de doenças auto-imunes, como artrite reumatoide e lúpus. Os resultados do estudo, ainda não publicado, foram apresentados, em 17 de outubro de 2009, durante a reunião anual do Colégio Americano de Reumatologia, realizada em Filadélfia, PA, EUA.

O estudo, que analisou mais de 75.000 mulheres, mostra que a exposição a inseticidas, pelo menos, seis vezes por ano, eleva em quase duas vezes e meia o risco de desenvolver artrite reumatoide e lúpus em relação às que não foram expostas aos inseticidas. O risco duplica se os inseticidas foram utilizados em casa por 20 anos ou mais.

Contratar um jardineiro ou sociedade comercial para aplicar inseticidas também resultou em uma duplicação do risco, mas apenas se eles foram usados a longo prazo, diz Christine G. Parks, PhD, epidemiologista do National Institute of Environmental Health Sciences em Research Triangle Park, NC, uma das principais pesquisadores que analisaram dados do Women’s Health Initiative (WHI) Observational Study*.

“Nossos novos resultados fornecem suporte para a idéia de que fatores ambientais podem aumentar a susceptibilidade ou desencadear o desenvolvimento de doenças auto-imunes em alguns indivíduos”, disse Parks. Embora o estudo não confirme a relação direta de causa e efeito, a Dra. Parks acrescentou: “Precisamos começar a pensar sobre o que os produtos químicos ou outros fatores relacionados ao uso de inseticidas pode mexplicar estes resultados.”

Das 76.861 mulheres na pós-menopausa, principalmente mulheres brancas, com idades entre 50 a 79, no estudo WHI, 178 delas tinham artrite reumatóide e 27 tinham lúpus. Um adicional de oito mulheres tinham ambos os transtornos.

Como parte do estudo, as mulheres foram consultadas sobre uma série de questões relacionadas à agricultura e uso de inseticidas. “O mais importante, as relações que observamos não foram explicadas por outros fatores que foram considerados, incluindo a história de fazenda, idade, raça, etnia, fatores socioeconômicos, como educação e ocupação, tabagismo e outros fatores de risco para a doença,” Dra. Parks diz.

“Os resultados são bastante consistentes porque eles mostram que quanto maior a exposição, maior o risco”, diz Darcy Majka, MD, professor assistente de medicina da Northwestern University Feinberg School of Medicine, outro pesquisador que analisou os dados da WHI .

Segundo a Dra. Parks, os estudos mostram que cerca de três quartos das famílias dos EUA relatam o uso de inseticidas em casa, nos jardim ou ambos. A exposição doméstica a inseticidas em casa pode ser bastante persistente, não só porque os produtos degradam lentamente como porque sua aplicação tende a ser continuada ao longo do tempo.

* O Women’s Health Initiative (WHI) foi um importante programa de 15 anos de pesquisa, instituído para avaliar e identificar as causas de morte mais comuns, a deficiência e má qualidade de vida em mulheres na pós-menopausa, com especial foco nas doenças cardiovasculares, câncer e osteoporose.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract da apresentação:

Farm History, Insecticide Use and Risk of Autoimmune Rheumatic Disease in the Women’s Health Initiative Observational Study
Christine G. Parks1, Brian T. Walitt2, Mary Pettinger3, Jiu-Chiuan Chen4, Anneclaire de Roos3, Julie Hunt3, Gloria Sarto5 and Barbara V. Howard6, 1National Institute of Environmental Health Science, Research Triangle Park, NC, 2Washington Hospital Center, Washington, DC, 3Fred Hutcinson Cancer Research Center, Seattle, WA, 4USC Keck School of Medicine, Los Angeles, 5University of Wisconsin Medical Center, Madison, 6Medstar Research Institute, Washington, DC
Presentation Number: 614

Purpose: Farming has been previously associated with the autoimmune rheumatic diseases (ARD), including rheumatoid arthritis (RA) and systemic lupus erythematosus (SLE). The exposure(s) underlying this association are not well-understood, and few studies have directly addressed the role of pesticides, including personal and residential insecticide use.

Method: Using data from the Women’s Health Initiative Observational Study (n=76,861, aged 50-79 years), we examined self-reported lifetime personal or commercial residential insecticide use and having lived or worked on a farm in relation to risk of incident ARD, confirmed by use of disease modifying anti-rheumatic drugs at year 3 of follow-up (n=213; 178 with RA only, 27 with SLE only, and 8 with both RA and SLE), and excluding unconfirmed cases. Hazard ratios (HR) and 95% confidence intervals (CI) were estimated by multivariate models adjusting for age and covariates, including race, region, education, occupation, history of smoking, asthma, other autoimmune diseases, co-morbidity, and reproductive factors.

Results: Compared with never use, personal insecticide use (mixing or applying) was associated with ARD risk, with stronger associations among those with a greater frequency (age-adjusted HR=2.47; 95%CI 1.51, 4.03 for ? 6 times per year) and duration of use (age-adjusted HR=2.07; 95% CI 1.31, 3.25 for ? 20 years). Increasing cumulative insecticide use (years X applications) also showed a significant trend of association (p=0.0004) with ARD risk, and these associations persisted after adjusting for farming and covariates. Having lived or worked on a farm was also associated with ARD risk (age-adjusted HR=1.97; 95% CI 1.14, 3.42 for ?20 years), but the effect size was diminished after adjusting for covariates and insecticide use. Despite the small number of SLE cases, disease-stratified analyses indicated similar associations as seen for RA. In those who had lived or worked on a farm, frequent commercial application to home or garden was also associated with ARD risk, even after adjusting for covariates and personal insecticide use (adjusted HR=2.73; 95%CI 1.1, 6.78 for ?6 times per year). Long-term commercial residential insecticide exposure was significantly associated with ARD risk regardless of farming history (age-adjusted HR=1.85; 95% CI 1.13, 3.04 for ?20 years).

Conclusion: Insecticide exposure may increase risk of ARD in post-menopausal women. These findings, based on self-report, provide rationale for further investigation of specific personal and environmental insecticide exposures in relation to ARD.

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2009/11/30/pesquisadores-associam-lupus-e-artrite-reumatoide-a-exposicao-a-inseticidas-por-henrique-cortez/

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O que é a nutrigenômica ?

Nutrigenômica e biodisponibilidade de nutrientes: Fundamentos da nutrigenômica

A nutrigenômica representa área-chave para a nutrição que surgiu no contexto do pós-genoma humano. Seu foco de investigação é a interação nutriente-gene que pode ocorrer de duas formas:
1) nutrientes podem influenciar no funcionamento do genoma
2) variações no genoma podem influenciar a resposta individual à alimentação.

Prevê-se que o principal impacto da nutrigenômica será a personalização, com base no genótipo, das recomendações nutricionais para promoção da saúde e redução do risco de doenças crômicas não-transmissíveis.

Essa disciplina científica recente baseia-se em um conjunto de princípios:
1) Dietas inadequadas, em determinados indivíduos e em determinadas situações, representam fatores de risco para doenças crônicas não-transmissíveis.
2) Nutrientes e compostos bioativos normalmente presentes nos alimentos alteram a expressão gênica e/ou estrutura do genoma.
3) A influência da dieta na saúde depende da estrutura genética do indivíduo.
4) Determinados genes e suas variantes comuns são regulados pela dieta e podem participar de doenças crônicas não-transmissíveis.
5) Intervenções dietéticas baseadas na necessidade e estado nutricional, bem como no genótipo, podem ser utilizadas para desenvolver uma nutrição personalizada que otimize a saúde e previna ou mitigue doenças crônicas não-transmissíveis.

De acordo com o mapeamento do genoma humano, temos cerca de 30 mil genes distribuídos em nossos cromossomos. Parte desses genes codifica para proteínas como enzimas, transportadores, hormônios e receptores necessários a processos, como digestão, absorção, metabolismo e excreção de nutrientes. Essas macromoléculas sao produzidas a partir de informações codificadas no DNA por meio da expressão gênica.

Inicialmente, ocorre transcrição de sequência do DNA em RNA, que é, então traduzido na proteína. Os genes apresentam regiões que codificam ou não para proteínas. Os promotores representam sequências regulatórias que, apesar de não serem codificantes, apresentam papel fundamental para indução de transcrição. Mais especificamente, a ligação de fatores de transcrição a essas regiões específicas nos genes resulta em alterações conformacionais na molécula de DNA que possibilitam que a RNA polimerase (enzima que participa da transcrição) inicie a transcrição. Nesse sentido, promotores podem ser entendidos como "interruptores" que ligam e desligam genes.

Na fase de tradução o RNA mensageiro tem sua sequência traduzida na proteína. Diferentemente da transcrição que acontece no núcleo celular, a tradução ocorre no citoplasma, especificamente nos ribossomos. Cada trinca de bases representa um códon, que codifica um aminoácido ou pode, ainda, sinalizar o término da proteína. Apesar de existirem 64 possibilidades de códons (4X4X4 = 64 combinações de bases adenina, citosina, guanina e uracila), existem apenas 20 aminoácidos. Isso acontece porque diferentes códons podem codificar para um mesmo aminoácdo. Nesse sentido, diz-se que o nosso código genético é degenerado ou redundante.

Nutrientes, além de serem importantes como provedores de energia (carboidratos e lipídios) ou cofatores enzimáticos (determinados minerais e vitaminas) também apresentam a capacidade de alterar a expressão gênica. Os efeitos mais importantes dos alimentos no organismo ocorrem em nível molecular e podem ser tantos benéficos como deletérios, dependendo de quais genes têm a atividade alterada.

Nutrientes e compostos bioativos dos alimentos (CBAs) podem alterar a expressão gênica em nível transcricional, de forma direta ou indireta.

No primeiro caso, um nutriente ou seu metabólico tem atuação no núcleo celular ao se ligar diretamentea um fator de transcrição e induzir a expressão gênica. Existem diferentes classes de fatores de transcrição e parte delas é ativada por nutrientes. Assim, por exemplo, destacam-se os receptores de Vitamina D (vitamin D receptor - VDR) e vitamina A (retinoic acid receptor - RAR)), que são ativiados por calcitriol e ácido retinóico respectivamente.

No segundo caso, o nutriente ou CBAs atua no citoplasma, ativando por exemplo, quinases que irão fosforilar um fator de transcrição que estava inativo. O fator de transcrição, ativado indiretamente, será translocado para o núcleo celular e ligado a regiões promotoras, induzindo a expressão gênica. Exemplos de CBAs que atuam desa forma são o sulforanos (brócolis) e as catequinas (chá verde). Descreve-se, ainda, que componentes dos alimentos podem modular a expressão gênica em nível pós-transcricional. Exemplos são o Ferro e o Betacaroteno.

Vale destacar que todo processo metabólico envolve a ação de diversas proteínas, que são produzidas a partir da informação contida nas moléculas de RNAm, transcritas em uma determinada cpelula, tecido ou organismo. Alterações nos níveis de RNAm e de proteínas, como transportadores, enzimas, receptores, fatores de transcrição, entre outros, são importantes determinantes do fluxo de nutrientes ou metabólitos através de uma via bioquímica.

Verifica-se que apesar de existirem diferenças significativas entre humanos quanto ao fenótipo, a identidade genética é de 99,9%. Nesse sentido, essa pequena diferença de 0,1% na sequência dos genomas está relacionada com características como altura, peso, cor do cabelo e também, risco para doenças crônicas não-transmissíveis e necessidades nutricionais. Entre as diferentes formas de variação genética, destacam-se os polimorfos de nucleotídeo único (single nucleotide polymorphims - SNPs; pronuncia-se Snips). Nesse caso, substituições de uma base do DNA, que resultam na alterações do aminoácido codificado, podem ter importantes repercussões na função das proteínas sintetizadas.
Do ponto de vista nutricional, os SNPs poderiam ter papel importante na variação individdual quanto à absorção e metabolismo de nutrientes. Nesse contexto, o genótipo poderia influenciar tanto a biodisponibilidade como as necessidades de micronutrientes. Um exemplo de polimorfismo que parece alterar a RDA do ácido fólico é o C677T no gene que codifica a enzima metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR). Nesse caso, a substituição de uma citosina por timina na posição 677 do referido gene resulta em uma MTHFR mais termolábil e, em uma consequente menor atividade enzimática. Indivíduos com esse SNP parecem necessidade d recomendações aumentadas de ácido fólico.

Apesar da importância nutricional dos minerais, são poucos, ainda os estudos que têm avaliado o impacto do genótipo na biodisponibilidade e necessidades de micronutrientes, como Cálcio, Ferro e Zinco. Nesse contexto são de particular interesse polimorfismos em genes envolvidos na homeostase desses minerais.

Para que a nutrição personalizada, objetivo maior da nutrigenômica, torne-se realidade, é necessário que diferentes desafios sejam superados. Entre eles, destaca-se a elucidação dos aspectos moleculares relacionados à biodisponibilidade de nutrientes.

Bibliografia:

COZZOLINO, Silvia M F; ONG, Thomas P. Nutrigenômica e biodisponibilidade de nutrientes. In: COZZOLINO, Silvia M F. Biodisponibilidade de nutrientes. 3ªed. Barueri - SP: Manole, 2009. Cap. 04, p. 71-75.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Atividade física e sintomas depressivos

Pessoas que se engajaram em uma rotina de atividades físicas, independentemente da intensidade, apresentam menos riscos de sintomas depressivos, aponta um estudo publicado no British Journal of Psychiatry.

O ponto mais curioso da pesquisa, entretanto, foi quanto ao horário que esses exercícios físicos eram feitos, que se traduzia em bem-estar mental: pessoas que se exercitavam fora do horário de trabalho (e não em horários de folga no meio do dia) se beneficiavam mais dos efeitos dos exercícios físicos.

Os pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da Universidade King’s College London, juntos com uma equipe da Universidade de Bergen, na Noruega, acompanharam mais de 40 mil indivíduos que afirmaram fazer atividades físicas durante seu tempo de folga.

Essas atividades podiam ser de baixíssimo impacto (sem resultar em suor excessivo ou falta de ar, por exemplo) ou de impactos maiores. Todos os grupos foram entrevistados separadamente, além de fornecerem informações sobre suas rotinas de trabalho, fichas de exames físicos e responderem a um teste para sintomas de depressão e ansiedade.

Os resultados indicaram uma relação inversamente proporcional entre o tempo de atividade física no horário de folga e os sintomas de depressão. Em outras palavras, pessoas que faziam exercícios físicos antes ou após o expediente eram menos propensas a desenvolverem depressão. E a intensidade desses exercícios não importava, pelo menos para afastar o risco desse transtorno especificamente.

As pessoas que não faziam nenhum tipo de exercício eram até duas vezes mais propensas a desenvolver o transtorno depressivo do que essas pessoas que se exercitavam. E os indivíduos que faziam exercícios físicos no meio do horário de trabalho tiveram resultados nulos para o desenvolvimento de sintomas depressivos.

“Nosso estudo mostrou que pessoas engajadas em uma rotina regular de atividade física em qualquer nível protegem-se contra a depressão. Nós também chegamos à conclusão de que o local ou o horário em que ocorre essa atividade também estão associados aos benefícios que o exercício traz”, diz Samuel Harvey, pesquisador e líder do estudo.

“Isso pode ter a ver com o aumento do círculo social, por exemplo, ou outros contextos sociais, o que seria bastante positivo para a saúde do indivíduo não somente em nível biológico. Isso talvez explicaria por que a atividade física nos horários de lazer seria mais impactante do que aquela realizada no meio do expediente de trabalho”, finaliza Harvey.

Periódico: British Journal of Psychiatry
Título: Physical activity and common mental disorders
Ano:
20010 - Novembro
Autores: Samuel B; Simon O; Arnstein M.
Disponível em: http://bjp.rcpsych.org/cgi/content/abstract/197/5/357

Falta de sol pode acelerar ganho de peso das crianças

Muitas pesquisas têm indicado que as crianças que ficam muito tempo em frente à televisão ou ao computador são mais propensas à obesidade, e atribuem essa relação ao menor tempo que elas passam fazendo atividades físicas.

Agora, um estudo americano aponta uma nova explicação para o sobrepeso desses jovens que passam tempo demais dentro de casa vendo TV: o fato de serem pouco expostas ao sol poderia acelerar o ganho de peso.

Em pesquisa com 479 crianças colombianas com idades entre cinco e 12 anos, especialistas da Universidade de Michigan, nos EUA, notaram que aquelas que apresentavam deficiência de vitamina D - nutriente produzido pelo organismo com a exposição ao sol - ganhavam peso e gordura corporal mais rapidamente do que as crianças que tinham maiores níveis da vitamina.

Segundo os autores, aquelas com deficiência do nutriente tinham maior aumento anual do índice de massa corporal, das dobras cutâneas e da circunferência da cintura.

Publicados na edição de outubro do American Journal of Clinical Nutrition, os resultados, segundo os autores, sugerem que “o status sérico da vitamina D seria inversamente associado com o desenvolvimento de adiposidade em crianças em idade escolar” em todo o mundo - mesmo em áreas subtropicais, como a Colômbia e algumas regiões do Brasil, onde o sol e a vitamina D parecem ser mais “abundantes”.

Entretanto, eles destacam que mais estudos são necessários para confirmação e para avaliar se a suplementação com o nutriente poderia ajudar a combater a obesidade infantil.


Periódico: The American Journal Clinical Nutrition
Título: Vitamin D deficiency and anthropometric indicators of adiposity in school-age children: a prospective study
Ano: 2010 - Outubro
Autores: Diane Gilbert-Diamond, Ana Baylin, Mercedes Mora-Plazas, Constanza Marin, Joanne E Arsenault, Michael D Hughes, Walter C Willett and Eduardo Villamor
Disponível em: http://www.ajcn.org/cgi/content/abstract/ajcn.2010.29746v1

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Programa "A liga" da TV Argentina sobre cultivo de soja, agrotóxicos e seus efeitos

Uma semana de antibiótico pode enfraquecer as defesas do corpo por até 2 anos

Tomar antibiótico por uma semana pode prejudicar as defesas do organismo por até dois anos, segundo estudo feito pelo Instituto Sueco para Controle de Doenças Infecciosas e publicado na revista "Microbiology".

Flora intestinal é o nome dado às bactérias que vivem na parede do intestino. Lá existem centenas de espécies de micro-organismos, protetores ou nocivos à saúde, que convivem em equilíbrio.


As bactérias "boas" têm funções metabólicas, como ajudar no funcionamento do intestino, na absorção de gordura e vitamina B12 e na produção de ácido fólico.

"A função mais importante é controlar bactérias desfavoráveis. Sem elas, nós viveríamos constantemente com infecções", diz Ricardo Barbuti, médico endocrinologista da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Segundo o especialista, há muito se sabe que os antibióticos têm efeito na flora intestinal. O que o estudo recém-publicado mostra é que essas alterações duram muito mais tempo do que se pensava.

"Além de causar um desequilíbrio passageiro, o remédio também seleciona bactérias resistentes. Agora sabemos que essa resistência pode durar mais tempo", explica André Zonetti de Arruda Leite, médico endocrinologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.



CONSEQUÊNCIAS


Diarreias, disfunção intestinal e inflamações (colites) são as consequências mais comuns do desequilíbrio da flora intestinal. Tanto faz se o uso do antibiótico é feito de forma correta ou incorreta -por mais ou menos tempo do que o necessário.

"O medicamento deve ser usado só quando o benefício compensa o risco e não há outra alternativa", diz Barbuti. Gripes, resfriados ou dores de cabeça não devem ser tratados com antibiótico.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/827146-uma-semana-de-antibiotico-pode-enfraquecer-as-defesas-do-corpo-por-ate-dois-anos.shtml

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Maus hábitos alimentares apresentam pior qualidade na microbiota intestinal

Estudo publicado em revista científica norte-americana revelou benefícios em preservar antigos hábitos alimentares para melhorar a biodiversidade da microbiota intestinal, após compararem a microbiota intestinal de crianças com dieta tipicamente urbana com crianças que vivem em zona rural.

Segundo os pesquisadores, ainda não está compreendido como diferentes ambientes e hábitos alimentares da vida moderna podem afetar a ecologia microbiana do intestino. Mas eles afirmam que os hábitos alimentares são considerados um dos principais fatores que contribuem para a diversidade da microbiota intestinal.

As profundas mudanças na dieta e estilo de vida ocorridas nas últimas décadas favoreceram o surgimento de patógenos especializados em colonizar hospedeiros humanos. Em consequência disso, surgiu uma onda de doenças humanas emergentes, como alergias, doenças auto-imunes e doenças inflamatórias intestinais.

Com isso, o objetivo dos pesquisadores foi avaliar o impacto de variáveis ambientais sobre a microbiota intestinal entre crianças da mesma idade, porém vivendo em ambientes diferentes (urbano versus rural). Os pesquisadores relataram que o propósito do desenvolvimento desse estudo foi de responder três questões gerais a respeito da geografia e da evolução da microbiota humana: (1) Como é a diversidade de bactérias dentro e entre as duas populações distintas? (2) Há uma possível correlação entre a diversidade de bactérias e dieta? (3) Como é a distribuição de patógenos bacterianos nas duas populações, dadas as diferentes condições geográficas e de higiene?

Para o desenvolvimento do estudo foram incluídas 15 crianças saudáveis que vivem na vila rural de Boulpon, Burkina Faso (país africano), e 15 crianças saudáveis da área urbana de Florença, Itália. Todas as crianças tinham entre 1 a 6 anos de idade e não faziam uso de antibióticos ou probióticos nos últimos seis meses ao início do estudo. Foram coletados dados detalhados sobre estilo de vida e hábitos alimentares obtidos diretamente pelos pais das crianças.

A quantificação e caracterização da microbiota intestinal foram realizadas através de técnicas de biologia molecular a partir das fezes. Além disso, foi feita a determinação dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).

A dieta das crianças da comunidade rural apresentou baixa quantidade de proteína animal e gorduras, e altos níveis de amido e fibras. Todos os recursos alimentares eram produzidos localmente, cultivadas e colhidas nas proximidades da aldeia. A dieta dessas crianças era constituída principalmente de cereais, leguminosas, produtos hortícolas. Estas crianças foram amamentadas até os dois anos de idade.

Diferentemente, as crianças da área urbana foram amamentadas até 1 ano de idade. Estas crianças consumiam uma dieta tipicamente ocidental, rica em proteínas animais, açúcar, amido, gordura e pobre em fibras.

Foram encontradas diferenças significativas na microbiota intestinal entre os dois grupos. Observou-se maior quantidade (p < 0,001) de ácidos graxos de cadeia curta nas crianças africanas do que nas crianças da área urbana. Outro resultado importante foi a presença de bactérias da família Enterobacteriaceae (Shigella e Escherichia coli) significativamente menores nas crianças da aldeia do que em crianças italianas (p < 0,05).

As crianças da aldeia apresentaram maior quantidade de Bacteroidetes (p < 0,001), especialmente de bactérias do gênero Prevotella e Xylanibacter, conhecidas por conter um conjunto de genes que hidrolisam celulose e xilana, ambas consideradas fibras insolúveis. Essas bactérias apresentaram-se completamente ausentes nas crianças da área urbana italiana. Além disso, as crianças da aldeia apresentaram menor quantidade de Firmicutes (p <0,001), sendo encontrada em grande quantidade nas crianças italianas.

Os pesquisadores comentaram que o perfil de bactérias encontradas nas crianças da área urbana (menor Bacteriodetes e maior Firmicutes) é, provavelmente, provocado pela dieta rica em calorias, e que podem predispor à obesidade no futuro.

“Nossos resultados sugerem que a dieta tem papel dominante para a caraterização da microbiota intestinal quando comparada com outras variáveis, como etnia, saneamento, higiene, geografia e clima”, comentam os pesquisadores.

“O conhecimento da microbiota intestinal das crianças da aldeia africana provam a importância do tipo e preservação de sua biodiversidade, especialmente por ser uma região onde os efeitos da globalização na dieta foram menos acentuados. Estes resultados representam um foco atraente para estudos que visam elucidar o papel da microbiota intestinal no equilíbrio entre saúde e doença”, concluem.

Referência(s): De Filippo C, Cavalieri D, Di Paola M, Ramazzotti M, Poullet JB, Massart S, et al. Impact of diet in shaping gut microbiota revealed by a comparative study in children from Europe and rural Africa. Proc Natl Acad Sci U S A. 2010;107(33):14691-6.

FONTE: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/?acao=bu&id=471

Alimentos modulam processos inflamatórios no sobrepeso

Autor: Dra. Rita de Cássia Borges


Estudo revelou que a suplementação de componentes alimentares com propriedades anti-inflamatórias modula a inflamação, estresse oxidativo e metabólico de indivíduos com sobrepeso. Estes efeitos foram detectados por uma abordagem nutrigenômica, através de análise em larga escala da expressão gênica, proteínas e metabólitos no sangue, urina e tecido adiposo.

Este foi um trabalho randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, ensaio clínico cruzado, com quatro períodos de tratamento de cinco semanas cada. Foram selecionados 36 homens, saudáveis com índice de massa corporal (IMC) entre 25,5 e 35,0 kg/m2, e baixo grau de inflamação, com concentração de PCR de 1-10 mg/L.

O objetivo foi investigar os efeitos anti-inflamatórios induzidos pela intervenção nutricional em homens com sobrepeso, que apresentavam leve aumento das concentrações de proteína C-reativa (PCR). Portanto, foram suplementados compostos potencialmente eficazes destinados a atuar na redução da inflamação.

O tecido adiposo é fundamental para o estado inflamatório associado com a obesidade. Os adipócitos secretam adipocinas pró e anti-inflamatórias, incluindo o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa), interleucina-6 (IL-6) e adiponectinas anti-inflamatórias. A redução de adiponectina e aumento da proteína C-reativa (PCR) estão associados a doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

A suplementação foi denominada de AIDM (Antiinflammatory Dietary Mix), que consistiu de óleo de peixe, extrato de chá verde, resveratrol, vitamina E, vitamina C e extrato de tomate.

Os participantes consumiram duas cápsulas sólidas e duas cápsulas gelatinosas com 200 ml de iogurte simples diariamente no café da manhã e na refeição da noite. As cápsulas sólidas continham: 6,3 mg de resveratrol (dose diária equivalente a 4 L de vinho tinto); extrato de tomate contendo 3,75 mg de licopeno (dose diária equivalente a 500 ml de suco de tomate); 94,5 mg de extrato de chá verde (40% de epigalocatequina galato; dose diária equivalente a 300 ml de chá verde); 181,4 UI de alfa-tocoferol (Ingestão Diária Recomendada: 18 UI e o nível máximo tolerável: 1000 UI); 125 mg de vitamina C (nível máximo tolerável: 2000 mg/d). As cápsulas gelatinosas continham: 1200 mg de óleo de peixe, sendo 380 mg de ácido eicosapentaenóico (EPA) e 260 mg de ácido docosahexaenóico (DHA); 60 mg de outros ácidos graxos poli-insaturados.

PCR e adiponectina foram os principais marcadores de inflamação mensurados neste estudo. As concentrações de PCR não foram alteradas com a suplementação de AIDM, enquanto que as concentrações de adiponectina aumentaram significativamente de 6,03 ± 2,06 mg/L após a intervenção placebo para 6,48 ± 2,57 mg/L após a intervenção com AIDM (p < 0,05).

A redução do estado inflamatório pode prevenir a ocorrência de distúrbios e doenças relacionadas ao sobrepeso. Muitos componentes de alimentos apresentam propriedades anti-inflamatórias e/ou antioxidantes. A dieta mediterrânia contém vários destes compostos e tem sido associada com redução de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Esses alimentos contêm altos teores de polifenóis, vitaminas, ácidos graxos insaturados, e carotenóides.

Após suplementação com AIDM houveram mudanças nas respostas relacionadas ao metabolismo lipídico e doenças metabólicas. A maior parte dessas alterações foi sobre a resposta inflamatória, estresse oxidativo (produção de espécies reativas de oxigênio), e o metabolismo lipídico. A rede metabólica construída a partir dos dados integrados da expressão gênica indicou papel central do efeito do AIDM sobre o NF-kappaB (fator nuclear kappa B). A interpretação biológica dos dados se concentra nestes três processos: inflamação, oxidação e metabolismo.

“Os efeitos leves observados podem ser atribuídos à duração da intervenção. Apesar das limitações, a nossa abordagem permitiu a detecção de múltiplos efeitos sobre a saúde através da mistura de componentes dietéticos em indivíduos com sobrepeso. Além disso, as alterações na expressão de genes, proteínas e metabólitos induzida pela AIDM pareceram ser consistentes. Isso pode vir a ser uma vantagem adicional da abordagem nutrigenômica em estudos de intervenção humana, o que permite a alta sensibilidade na detecção de alterações fisiológicas múltiplas”, concluem os autores.



Referência(s): Bakker GC, van Erk MJ, Pellis L, Wopereis S, Rubingh CM, Cnubben NH, et al. An antiinflammatory dietary mix modulates inflammation and oxidative and metabolic stress in overweight men: a nutrigenomics approach. Am J Clin Nutr. 2010;91(4):1044-59

FONTE: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/?acao=bu&id=472

domingo, 7 de novembro de 2010

"Vamos esperar os cadáveres para agir contra o celular?", questiona pesquisadora

A epidemiologista Devra Davis lidera uma cruzada para fazer as pessoas deixarem o celular longe de suas cabeças. Convencida de que a radiação emitida pelo aparelho lesa a saúde, ela escreveu "Disconnect" (sem edição no Brasil), cuja base são pesquisas que começam a mostrar os efeitos dessa radiação no organismo. Nesta entrevista, ela também perguntou: "Vamos esperar as mortes começarem antes de mudar a relação com o celular?".

Folha - Quais os riscos para a saúde de quem usa celular?

Devra Davis - Se você segurá-lo perto da cabeça ou do corpo, há muitos riscos de danos. Todos os celulares têm alertas sobre isso. As fabricantes sabem que não é seguro. Os limites [de radiação] definidos pelo FCC [que controla as comunicações nos EUA] são excedidos se você deixa o celular no bolso.

Quais os riscos, exatamente?
O risco de câncer é muito real, e as provas disso vão se avolumar se as pessoas não mudarem a maneira como usam os telefones. Trabalhei nas pesquisas sobre fumo passivo e amianto. Fiquei horrorizada ao perceber que só tomamos atitude depois de provas incontestáveis de que danificavam a saúde.
Reconheço que não temos provas conclusivas nesse momento. Escrevi o livro na esperança de que meu status como cientista tenha peso, e as pessoas entendam que há ameaça grave à saúde e podemos fazer algo a respeito.

Mas há estudo em humanos que dê provas categóricas?
Quando você diz "provas", você quer dizer cadáveres? Você acha que só devemos agir quando já tivermos prova? Terei que discordar. Hoje temos uma epidemia mundial de doenças ligadas ao fumo. O Brasil também tem uma epidemia de doenças relacionadas ao amianto. Só recentemente vocês agiram para controlar o amianto no Brasil, apesar de ele ainda ser usado. Ninguém vai dizer que nós esperamos o tempo certo para agir contra o tabaco ou o amianto. Estou colocando minha reputação científica em risco, dizendo: temos evidências fortes em pesquisas feitas em laboratório mostrando que essa radiação danifica células vivas.

Qual a maior evidência disso?
A radiação enfraquece o esperma. Sabemos por pesquisas com humanos. As amostras de esperma foram dividas ao meio. Uma metade foi mantida sozinha, morrendo naturalmente. A outra foi exposta a radiação de celulares e morreu três vezes mais rápido. Homens que usam celulares por quatro horas ao dia têm a metade da contagem de esperma em relação aos demais.

Crianças correm mais perigo?
O crânio das crianças é mais fino, seus cérebros estão se desenvolvendo. A radiação do celular penetra duas vezes mais. E a medula óssea de uma criança absorve dez vezes mais radiação das micro-ondas do celular. É uma bomba-relógio. A França tornou ilegal vender celular voltado às crianças. Nos EUA, temos comerciais encorajando celular para crianças. É terrível. Fico horrorizada com a tendência de as pessoas darem celulares para bebês e crianças brincarem. Sabemos que pode haver um vício no estímulo causado pela radiação de micro-ondas. Ela estimula receptores de opioides no cérebro.

Jovens usam muitos gadgets que emitem radiação.
Sim, e eles não estão a par dos alertas que vêm com esses aparelhos. Não é para manter um notebook ligado perto do corpo. As empresas colocam os avisos em letras miúdas para reduzir sua responsabilidade quando as pessoas ficarem doentes.

É possível comparar a radiação de celular à fumaça?
Sim. O tabaco é um risco maior. Mas nunca tivemos 100% da população fumando. Agora, temos 100% das pessoas usando celular. Então, ainda que o risco relativo não seja tão grande, o impacto pode ser devastador.

Nos maços de cigarro, há aquelas fotos horríveis. Esse é o caminho para o celular?
Isso é o que foi proposto no Estado do Maine (EUA). Está se formando um grande movimento para alertar as pessoas a respeito dos celulares. Isso é o que aconteceu com o fumo passivo. Vamos começar a ver limites para a maneira e os locais onde as pessoas usam celular. A maioria não sabe que, se você está tentado conversar num celular em um elevador, a radiação está rebatendo nas paredes e fica mais intensa em você e em quem estiver perto.

Além de usar fones, o que é possível fazer para prevenir?
Enviar mensagens de texto é mais seguro do que falar. Ficar com o celular nas mãos, longe do corpo, é bom, e mantê-lo desligado também.

Mas celular é um vício!
Sim. Temos que usá-lo de forma mais inteligente.


RAIO-X


FORMAÇÃO: Doutora em estudos científicos pela Universidade de Chicago e mestre em saúde pública pela Johns Hopkins
ATIVISMO:  É fundadora da ONG Environmental Health Trust, que faz campanhas sobre riscos do tabaco, amianto e dos celulares para a saúde
LIVROS: "When Smoke Ran Like Water" (2002), sobre poluição, "The Secret History of the War on Cancer" (2007), sobre as causas ambientais do câncer, e "Disconnect" (2010)

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/826872-vamos-esperar-os-cadaveres-para-agir-contra-o-celular-questiona-pesquisadora.shtml

Agrotóxicos: pesquisa comprova dano celular em população infantil do Paraguai

A pesquisa foi publicada na Revista Pediatría (Volume 37 - Número 2 de 2010), um órgão oficial da sociedade Paraguaia de Pediatria.

Participaram do estudo 48 crianças potencialmente expostas a agrotóxicos e 46 crianças não expostas. Obteve-se amostras da mucosa bucal para determinar o dano no material genético através da frequência de micronúcleos. Encontrou-se no grupo potencialmente exposto a agrotóxicos uma média maior de micronúcleos e de células binucleadas, bem como uma maior frequência de fragmentação nuclear (cariorréxis) e picnose, que são processos típicos de células necróticas.

A medição da frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico é amplamente utilizada em epidemiologia molecular e citogenética para avaliar a presença e extensão de dano cromossômico em populações humanas expostas a agentes genotóxicos ou para determinar a presença de um perfil genético suscetível. A alta confiabilidade e o baixo custo da técnica contribuiu para o êxito e a adoção deste biomarcador para estudos, in vitro e in vivo, de danos ao genoma humano.

Outras pesquisas já forneceram evidências preliminares de que a frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico constitui um marcador biológico que prediz o risco de câncer em uma população de pessoas sadias.

Neste estudo, as crianças potencialmente expostas aos agrotóxicos eram alunos saudáveis de uma escola da cidade de Ñemby, situada a 50 metros de uma fábrica de agrotóxicos da empresa Chemtec S.A.E. As crianças não expostas eram alunos também saudáveis da cidade de San Lorenzo, situada a 5,5 km da primeira escola (não se registra a presença de nenhuma outra fábrica de venenos nas proximidades de ambas as escolas). Foram consideradas crianças “potencialmente expostas a agrotóxicos” aquelas que vinham frequentando a escola de Ñemby durante 4 horas diárias, 5 dias por semana, por um período de um a seis anos.

Os resultados desta pesquisa permitem afirmar que existe uma exposição a agentes genotóxicos no primeiro grupo de crianças. Deveria ser estabelecido um acompanhamento da frequência de micronúcleos uma vez interrompida a exposição para determinar a persistência, ou não, dos indicadores biológicos de dano celular.

FONTE: http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRFWwJlYHZESjZEZaN2aKVVVB1TP
 
Artigo original: http://www.pediatria.spp.org.py/revistas/ed_2010/dano_celular.html