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quinta-feira, 23 de março de 2023

Sou vegetariano e agora? Como obter ômega 3?



Os ácidos graxos poli-insaturados abrangem as famílias do ômega 3 e ômega 6. O nosso corpo não consegue sintetizar      esses lipídeos, por isso estes são considerados ácidos graxos essenciais, o que torna necessário obtê-los por meio da dieta.

Existem 3 tipos de ômega 3: ALA (ácido alfa-linolênico), EPA (ácido eicosapentanóico) e DHA (ácido docosahexanóico). É fundamental para a manutenção das funções das membranas celulares, para o desenvolvimento e funcionamento do cérebro e do sistema nervoso central, para a produção de eicosanoides (mediadores inflamatórios), agregação plaquetária e coagulação, resposta imune e a regulação das secreções hormonais.

Dietas vegetarianas e veganas podem ser ricas em ALA que está presente em alimentos de origem vegetal, principalmente, em sementes, como chia e linhaça. A maioria dos estudos mostra maior ingestão de ALA por veganos e alguns mostram ingestão menor ou igual quando comparados com onívoros. Isso é devido as diferentes escolhas alimentares individuais.

Como deve ser o equilíbrio entre ômega-3 e ômega-6?

Além das fontes alimentares, é necessário atentar-se à proporção de ômega 3 e ômega 6 ingeridos, pois é essencial para o equilíbrio de funções do organismo como reações imunológicas e inflamatórias.

O ômega 3 (ALA), quando ingerido, precisa ser convertido em outros dois compostos (suas formas ativas): DHA e EPA, mas, a eficiência desse processo é baixa em humanos e depende de fatores como a quantidade consumida e da ingestão de outros nutrientes.

Essa conversão pode ser otimizada quando a quantidade de ômega 6 ingerido não é elevado. Se esse consumo for elevado, a conversão do ômega 3 para sua forma ativa EPA e DHA fica mais difícil. As conclusões dos estudos, ainda, diferem quando se trata das recomendações de proporção ômega 3 e ômega 6, em geral, as recomendações sugeridas por pesquisadores são de 4:1 (e sempre abaixo de 10:1).

Alguns pontos importantes devem ser considerados no balanço de ácidos graxos ômega 3. É fundamental a inclusão diária de fontes de ALA na alimentação como semente de linhaça (22,8g de ALA em 100g), semente de chia (17,8g de ALA em 100g) e óleo de linhaça (53,4g de ALA em 100g) que são fontes com maiores concentrações e as nozes (9g de ALA em 100g) com menor concentração.

Segundo alguns autores, a recomendação de ALA para adultos vegetarianos seria o dobro da recomendação para os onívoros, ou seja, de 1,1g/dia para 1,1g para cada 1.000 kcal ou 1% da energia para ácidos graxos ômega 3 para veganos e vegetarianos.

Isso garante, numa dieta de 2.000 kcal, a ingestão de pelo menos 2,2 g/dia (até 4,4 g/d) de ALA (que corresponde a 1-2% das kcal de ácidos graxos ômega 3). Isso é equivalente a, no mínimo, 1 a 2 colheres de sopa de sementes de linhaça moída ao dia ou 1 a 2 colheres de chá de óleo de linhaça.

Ainda buscando otimizar a conversão de ALA em EPA e DHA, além do consumo diário das fontes concentradas de ômega 3, é importante considerar a exclusão do consumo de produtos que contenham gordura trans (como alimentos ultraprocessados e margarina); a redução do consumo de ácidos graxos ômega 6 quando estiverem em excesso; controlar e limitar o consumo de alimentos fontes de gordura saturada e álcool; priorizar uma alimentação equilibrada e saudável com fontes de vitamina B3 e B6, vitamina C e minerais como o magnésio e o zinco.

Apenas vegetarianos e veganos devem suplementar ômega-3?

Em algumas fases da vida como gestação, lactação e crianças até 2 anos, devem ser usados fontes DHA na forma de suplementos microalgas. E, até o momento, não há evidência de que, fora dessas condições, vegetarianos e veganos devam suplementar EPA e DHA.

Como em outras situações, o equilíbrio e a priorização de uma alimentação variada garante a oferta de todos os nutrientes, promovendo saúde e bem estar.

Referências bibliográficas
  • Baker, E. J., et al. Metabolism and functional effects of plant-derived omega-3 fatty acids in humans. Progress in Lipid Research, 2016.
  • Burns-Whitmore, B., et al., Alpha-Linolenic and Linoleic Fatty Acids in the Vegan Diet: Do They Require Dietary Reference Intake/Adequate Intake Special Consideration? Nutrients, 2019. 11(10)
  • Greupner, T., et al. Effects of a low and a high dietary LA/ALA ratio on long-chain PUFA concentrations in red blood cells. Food & Function, 2018.
  • Miles, F.L., et al., Plasma, Urine, and Adipose Tissue Biomarkers of Dietary Intake Differ Between Vegetarian and Non-Vegetarian Diet Groups in the Adventist Health Study-2. J Nutr, 2019. 149(4): p. 667-675.
  • Plourde, M. and S.C. Cunnane, Extremely limited synthesis of long chain polyunsaturates in adults: implications for their dietary essentiality and use as supplements. Appl Physiol Nutr Metab, 2007. 32(4): p. 619-34.
  • Sarter, B., et al., Blood docosahexaenoic acid and eicosapentaenoic acid in vegans: sociations with age and gender and effects of an algal-derived omega-3 fatty acid supplement. Clin Nutr, 2015. 34(2): p. 212-8
  • Simopoulos, A.P., Human requirement for N-3 polyunsaturated fatty acids. Poult Sci, 2000. 79(7): p. 961-70.
  • Slywitch, Eric. Guia de Nutrição Vegana para Adultos da União Vegetariana Internacional (IVU). Departamento de Medicina e Nutrição. 1ª edição, IVU, 2022.
  • Welch, A.A., et al., Dietary intake and status of n-3 polyunsaturated fatty acids in a population of fish-eating and non-fish-eating meat-eaters, vegetarians, and vegans and the product-precursor ratio [corrected] of alpha-linolenic acid to long-chain n-3 polyunsaturated fatty acids: results from the EPIC-Norfolk cohort. Am J Clin Nutr, 2010. 92(5): p. 1040-51.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Consumo de ômega 3: o que ele pode fazer por você

Com certeza, você já ouviu e ouve todos os dias algo sobre esta gordura maravilhosa, seja no seu programa favorito, nas revistas, internet. Mas será que você realmente sabe os benefícios do ômega-3 para sua saúde? Então, prepare-se porque ele é tudo de bom! O ômega 3 é um ácido graxo essencial muito importante para nossa saúde. O corpo humano não é capaz de produzi-lo, portanto deve ser obtido através da alimentação e suplementação quando necessário.

Ele é encontrado em gorduras de peixes de águas profundas e frias, como cavala, arenque, salmão e sardinha. Outras fontes: sementes de linhaça moídas e óleos de peixe, de soja, de canola e de linhaça, azeite de oliva e castanhas e nozes.

Confira o Ranking (gramas de ômega-3/100 gramas de peixe)


Um grande número de pesquisas vem demonstrando os benefícios do ômega para a saúde forma geral, fiz um resumo dos principais artigos que trazem estas novidades.

Cientistas americanos, em pesquisas realizadas na década de 1970, observaram seus benefícios em populações de esquimós, que consumiam peixes ricos em ômega 3. Eles compararam uma população que vivia no pólo norte, consumindo tais peixes, com outra que migrou para áreas urbanas. Aqueles que migravam apresentavam uma incidência de doenças cardiovasculares maior do que aqueles que ficaram vivendo da pesca.

Pesquisa da Universidade de Connecticut, demonstrou que o consumo durante a gravidez do ácido docosahexaenoico (DHA), um ácido graxo poliinsaturado da série ômega-3, encontrado em peixes como o salmão, durante a gravidez reduz o risco de depressão pós-parto. Foram administrados 300 miligramas de DHA, cinco dias por semana, entre as semanas 24 e 40 da gravidez, uma quantidade similar a meia porção de salmão.

Segundo uma pesquisa conduzida na Universidade de Campinas (Unicamp), os ácidos graxos ômega-3 e ômega-9, são capazes de reverter um processo que acontece no cérebro (mais especificamente no hipotálamo) e acaba desequilibrando a função de controle da fome e do gasto energético.

Dietas ricas em gorduras saturadas (presentes na carne bovina, no leite, no queijo e na manteiga) causam uma inflamação no hipotálamo que, quando prolongada, pode causar a morte de neurônios do local. Com a falência dessas células, o hipotálamo perde parte de suas funções. O resultado é uma redução significativa da capacidade de “percepção” do cérebro, que se confunde ao sinalizar para o organismo a estocagem ou a queima de energia. Durante as pesquisas, os ômegas conseguiram restabelecer as conexões neurais, reorganizando a função metabólica do organismo.

Há ainda um outro papel importante na redução do peso: Segundo o estudo, o ômega-3 aumenta no tecido adiposo marrom uma proteína chamada UCP-1 (responsável pelo aumento do gasto energético). Com isso, as atividades normais de outras proteínas locais foram restauradas. Assim, os animais se tornaram mais tolerantes à glicose e também mais sensíveis às ações da insulina, antes prejudicada pela obesidade - resultando em uma queima calórica mais eficiente.

De acordo com um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, uma das melhorias que as gestantes podem fazer na dieta mesmo antes do nascimento de seus filhos é aumentar o consumo dos peixes para 2 vezes por semana. Este consumo deve ser mantido também durante a lactação, o estudo demonstrou que o ômega-3 presente nos peixes passa para o leite materno sendo benéfico ao desenvolvimento infantil. No estudo bebês cujas mães faziam uso dos peixes tinham melhores notas nos testes de desenvolvimento aos 6 e aos 18 meses de vida.

Estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Phoenix-based Kronos Longevity (KLRI) encontrou que uma dieta rica em ômega-3 melhora a sensibilidade à insulina e reduz os marcadores inflamatórios.

À medida em que vamos envelhecendo a responsividade das células diminui em decorrência da perda de fluidade das células ou de alterações das membranas. Pesquisas vem demonstrando que o ácido graxo ômega-3 pode ajudar os sinais hormonais a entrar dentro das células menos fluidas de idosos. Estudos anteriores demonstraram que estes lipídios tem um papel importante na prevenção de doenças cardíacas e a aterosclerose, combate a de pressão, protege contra alguns tipos de câncer, Parkinson e até déficit de atenção.

No estudo, os participantes receberam uma dieta convencional ocidental por 6 semanas e após este período receberam suplementos de ômega-3 por 8 semanas. Os resultados evidenciaram uma redução dos níveis de triglicerídeos, da proteína inflamatória C-reativa e melhorou a sensibilidade ao hormônio insulina. Estes achados são consistentes com outros estudos que já haviam demonstrado os benefícios antiinflamatórios do ômega-3.

Pesquisadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, constataram que o ômega-3 tem um gostinho ainda mais saboroso para as mulheres, sobretudo aquelas que se aproximam ou já passaram da menopausa. São elas as principais vítimas da osteoporose que promove o esfarelamento da massa óssea. Ele restaura o equilíbrio e, assim, breca o avanço da osteoporose. As mulheres que querem distância do problema ou que lutam para controlá-lo não devem se esquecer, portanto, de ingerir as fontes desse ácido graxo.

Os mesmos cientistas americanos que avaliaram a ação antiosteoporose depararam com outra vantagem do nutriente: ele afasta doenças autoimunes, aquelas em que células de defesa declaram guerra a algumas regiões do próprio corpo. Entre elas, destaque para a artrite reumatóide, uma inflamação crônica nas articulações, e o lúpus eritematoso, problema marcado por ataques à pele e a órgãos como o fígado. O ômega-3 pode reduzir a capacidade de multiplicação das células agressoras e diminuir a concentração de substâncias de ação inflamatória.

Em um artigo de revisão publicado na revista científica Nature Reviews Neuroscience vários nutrientes como o ômega-3 (encontrado em peixes e linhaça, principalmente) são citados como capazes de melhorar a memória e ajudar na batalha contra as desordens mentais que incluem depressão, alterações de humor, esquizofrenia e demência.

Jovens saudáveis que consomem ômega-3, um ácido graxo encontrado em peixes como o salmão, sofrem menos com problemas como inflamação e ansiedade. É o que aponta uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e publicada na revista científica Brain, Behavior and Immunity.

De acordo com o estudo, feito pela Universidade do Estado de Ohio, se esses jovens fizerem uma dieta baseada na substância, eles terão menores riscos de desenvolver certas doenças quando forem idosos, como artrite, doenças cardíacas e câncer.

A hipótese é de que os suplementos de ômega-3 reduziriam os níveis de citocina, e, assim induziria a uma redução do estresse.

A ingestão do ômega 3 auxilia a diminuir os níveis de triglicerídeos e colesterol total. É um importante mediador de alergias e processo inflamatórios, pois são necessários para a formação das prostaglandinas inflamatórias, tromboxanos e leucotrienos.

Os cientistas franceses comprovaram que uma dose diária de 200 mg de DHA é suficiente para afetar os marcadores biológicos que assinalam problemas cardiovasculares, como os relacionados com o envelhecimento, a aterosclerose e o diabetes.

Os tipos de ômega-3 são: DHA (ácido docosaexaenóico), EPA (ácido eicosapentaenóico) e ALA (ácido alfalinolênico). DHA e EPA são encontrados em óleos de peixe e protegem nosso coração. Porém, novas pesquisas vem mostrando que ALA, um tipo de ômega-3 encontrado na linhaça, soja e óleo de canola não parece prevenir contra as doenças cardiovasculares. A proporção de EPA e DHA deve ser de 2:1

Ou seja, quando vemos uma indústria anunciando que seu produto (leite, cereal, creme vegetal, pão, dentre outros) é uma fonte de ômega-3 precisamos observar que tipo de óleo foi utilizado na preparação do mesmo. Os óleos vegetais são mais baratos mais não tem a mesma função dos óleos de peixe.

A recomendação diária média de ômega-3 é de 1,6g para homens e 1,1g para mulheres. Claro que as doses devem ser individualizadas pelo seu médico ou Nutricionista de acordo com sua necessidade.

Dicas para reconhecer um ômega 3 seguro:

É provável que o ômega 3 que você esteja consumindo, embora tenha um baixo preço, não esteja fornecendo a quantidade de EPA e DHA necessária, além de ser rico em algumas toxinas, metais pesados e ácido araquidônico.
- Observe o conteúdo de EPA e DHA por cápsula

- Cheque a proporção de EPA e Ácido Araquidônico
- Identifique a estrutura do óleo ( éster etílico ou triglicerídeos)
- Verifique a quantidade de PCB’s, mercúrio e dioxinas
- Por último, esvazie 4 cápsulas de ômega 3 em um recipiente e coloque-as no congelador por 5 horas. Se ele congelar, então não se trata de um produto ultra-refinado.

Mas cuidado, apesar de todas essas maravilhas citadas acima, ele também pode trazer malefícios à saúde. O excesso por exemplo, pode retardar a coagulação sanguínea, causando hemorragias e hematomas. Antes de tomar grandes quantidades, consulte um profissional para adequar as doses às suas necessidades e dieta.

Referências Bibliográficas:

  1. Sontrop J, Campbell MK. Omega-3 polyunsaturated fatty acids and depression: a review of the evidence and a methodological critique. Prev Med. Janeiro de 2006;42(1):4-13. Epub 2005 Dec 7. (Abstract)
  2. Appleton KM, Hayward RC, Gunnell D, Peters TJ, Rogers PJ, Kessler D, Ness AR. Effects of n-3 long-chain polyunsaturated fatty acids on depressed mood: systematic review of published trials. Am J Clin Nutr
  3. Federation of American Societies for Experimental Biology. "Omega-3 consumed during pregnancy curbs risk for postpartum depression symptoms." ScienceDaily, 12 Apr. 2011. Web. 17 Aug. 2011.
  4. Dieta rica em ômegas-3 e 9 interrompe e reverte processo inflamatório que causa a perda do controle da fome. Jornal da UNICAMP. Página 7 setembro de 2010 – ANO XXIV – Nº 474.
  5. Effects of n–3 fatty acids during pregnancy and lactation. American Journal of Clinical Nutrition, Vol. 83, No. 6, S1452-1457S, June 2006
  6. High Omega-3 Fat Intake Improves Insulin Sensitivity And Reduces Inflammatory Markers, But Does Not Alter Endocrine Responsiveness. Hormones and Metabolic Research in http://www.kronosinstitute.org/news/pressreleases/pr_0508.pdf
  7. Omega-3 supplementation lowers inflammation and anxiety in medical students: A randomized controlled trial, Brain, Behavior and Immunity omega, in PubMed


 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Fontes vegetais de ômega 3


"Pq vcs ñ podem acreditar em tudo que vêem no facebook. Não é nem que esta publicação está errada (até porque não fui conferir o teor de omega 3 em ambos alimentos), ela não faz é sentido. O ômega 3 vindo de vegetais está longe de ser o omega 3 de origem animal.

Nos vegetais está na forma ALA e nos animais nas formas EPA e DHA. Cada um deles com atuações distintas e/ou complementares. Por isso não podemos tê-los por farinha do mesmo saco...

Quando ingerimos ALA, a conversão deste em EPA e DHA, dentro de nosso organismo é muito baixa. Não faço aqui nenhuma recomendação ou contra-indicação.

Apenas deixando a dica, que as coisas não são o que parecem ser. Procurem por informações mais concretas do que aquilo que circula por aqui." por Nutricionista Emanuele Salustiano


 #Nutrologia #ABRAN #Ômega3 #Salmão #Chia #Linhaça #EPA #DHA #ALA

sábado, 28 de agosto de 2021

Suplementação com vitamina D ou ácidos graxos ω-3 em meninas adolescentes e mulheres jovens com endometriose - Estudo SAGE

 A endometriose é um distúrbio ginecológico definido pela presença de glândulas endometriais e estroma fora do útero. Essa condição inflamatória crônica e dependente de estrogênio está presente em 6% a 10% das mulheres durante os anos reprodutivos e em 25% a 38% das meninas adolescentes com dor pélvica crônica.

Os adolescentes com endometriose geralmente enfrentam dores crônicas, falta de escola, relações sociais precárias e preocupações com a infertilidade futura. Eles podem ter significativamente mais dor do que os adultos com endometriose, e os estudos mostraram um atraso médio no diagnóstico de 7 anos e mais quando os sintomas da endometriose começam antes dos 19 anos de idade.

Existe uma grande quantidade de artigos e livros na imprensa leiga sobre o uso de dieta e suplementação para gerenciar a endometriose. Os profissionais geralmente hesitam em realizar cirurgia ou prescrever medicamentos para a dor em mulheres jovens com endometriose e muitos recorrem à suplementação nutricional para o tratamento dos sintomas. Apesar dessas hipóteses e alegações, não existem dados publicados demonstrando uma associação entre a suplementação de vitamina D ou ômega-3 e a modificação dos sintomas da endometriose.

A endometriose é uma condição pró-inflamatória caracterizada por concentrações elevadas de citocinas e fatores de crescimento, apoptose celular diminuída e aumento da angiogênese, os quais podem estar associados a maior dor. A vitamina D pode diminuir a proliferação de fatores inflamatórios e aumentar a apoptose celular.  Os ácidos graxos, como ômega-3, podem diminuir os fatores de crescimento e limitar a sobrevivência celular, o que pode reduzir a progressão da endometriose.

OBJETIVOS DO ESTUDO

A hipótese levantada pelos pesquisadores foi que a suplementação nutricional adjuvante com ácidos graxos ω-3 ou vitamina D resultaria em melhora clínica e estatisticamente significativa na dor e na qualidade de vida e reduziria a frequência do uso de medicamentos para dor em adolescentes com endometriose quando comparadas ao placebo.

MÉTODOS

Mulheres (de 12 a 25 anos) com endometriose confirmada cirurgicamente e dor pélvica foram incluídas em um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. O desfecho primário foi a dor medida pela escala visual analógica (EVA). Os desfechos secundários foram qualidade de vida, catastrofização da dor e uso de medicamentos para dor. Os participantes foram aleatoriamente designados para receber 2000 UI de vitamina D3, 1000 mg de óleo de peixe ou placebo diariamente por 6 meses.

RESULTADOS

147 mulheres foram rastreadas e 69 foram aleatoriamente designadas da seguinte forma: 27 para vitamina D3; 20 para óleo de peixe; e 22 para placebo. Os participantes do braço de vitamina D experimentaram uma melhora significativa na dor na EVA [(média de 95% CI) pior dor no mês passado, da linha de base a 6 meses: 7,0 (6,2, 7,8) a 5,5 (4,2, 6,8), P = 0,02]; no entanto, uma melhora de magnitude quase idêntica foi observada no grupo placebo [6,0 (5,1, 6,9) a 4,4 (3,0, 5,8), P = 0,07]. Uma melhoria mais modesta foi observada no braço de óleo de peixe [5,9 (4,8, 7,0) a 5,2 (3,7, 6,8), P = 0,39]. Nenhum dos braços de intervenção foi estatisticamente diferente do placebo.

CONCLUSÕES

Em mulheres jovens com endometriose, a suplementação com vitamina D levou a mudanças significativas na dor pélvica; no entanto, estas foram similares em magnitude ao placebo. A suplementação com óleo de peixe resultou em cerca de metade da redução da dor na EVA dos outros dois braços. São necessários estudos para definir melhor a fisiologia subjacente à redução observada no escore de dor no braço do placebo que persistiu ao longo de 6 meses.

Este estudo foi registrado no clinictrials.gov como NCT02387931. Am J Clin Nutr 2020; 112: 229–236.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ômega 3 ajuda a melhorar o desempenho do cérebro, segundo estudo


Baixos níveis de ômega 3 no sangue foram associados a um menor volume cerebral e a pior performance em testes de acuidade mental, inclusive em pessoas com demência. A conclusão é de um estudo publicado na revista “Neurology”.

Pesquisadores analisaram a presença de ácidos graxos nos glóbulos vermelhos e analisaram o cérebro de voluntários com exames de ressonância magnética.

“Suspeitamos que o ômega 3 reduz as doenças vasculares e também desacelera o envelhecimento do cérebro”, afirma Zaldy Tan, principal autor do estudo, que é professor de medicina da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Nenhum dos participantes da pesquisa consumia suplementos de ômega 3. Aqueles com maiores níveis eram os que mais consumiam peixes ricos nesse tipo de gordura.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/03/03/omega-3-ajuda-a-melhorar-o-desempenho-do-cerebro-segundo-estudo.htm

Ômega 3 e vitaminas B, C, D e E fortalecem o cérebro de idosos


Níveis mais altos dos ácidos graxos ômega-3 e das vitaminas B, C, D e E estão associados a um melhor funcionamento do cérebro entre os idosos, descobriu uma nova pesquisa.

Os pesquisadores mediram os níveis desses nutrientes no sangue de 104 homens e mulheres, cuja idade média era de 87 anos. Os cientistas também realizaram exames para determinar o volume cerebral e administraram seis testes comuns de funcionamento do cérebro. O estudo será publicado na edição de 24 de janeiro do periódico Neurology.

Depois de controlar idade, sexo, pressão arterial, índice de massa corporal e outros fatores, os pesquisadores descobriram que as pessoas com níveis mais elevados das quatro vitaminas no sangue obtiveram pontuações melhores nos testes cognitivos. Elas também tinham um volume cerebral maior do que aquelas com níveis mais baixos.

Os níveis de ômega-3 mostraram-se ligados a um melhor funcionamento cognitivo e à presença de vasos sanguíneos mais saudáveis no cérebro, mas não a um volume cerebral maior, o que sugere que esses ácidos graxos benéficos ajudam a melhorar a cognição por meios diferentes.

Níveis mais altos de gorduras trans, por outro lado, se mostraram significativamente associados à diminuição da capacidade cognitiva e a um menor volume cerebral.

O principal autor da pesquisa, Gene L. Bowman, neurologista da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, disse que o estudo não conseguiu concluir se tomar suplementos desses nutrientes ajuda a diminuir o risco de demência. Porém, ele acrescentou: "Que mal existe em se alimentar de modo saudável? Peixes, frutas e legumes têm esses nutrientes. Além disso, ficar longe de gorduras trans é algo básico que todos somos capazes de fazer"

Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/01/10/omega-3-e-vitaminas-b-c-d-e-e-fortalecem-o-cerebro-de-idosos.htm

sábado, 9 de janeiro de 2016

Suplementos de omega 3 durante a gravidez melhoram o metabolismo do ferro fetal

Cientistas da Universidade de Granada e do King's College de Londres, em colaboração com os Hospitais Materno-infantil de Granada, o Hospital Universitário Insular Materno-Infantil das Palmas de Gran Canaria e a empresa Lactalis Puleva, demonstrou, pela primeira vez, que a suplementação materna durante a gestação com ácido docosahexaenoico (DHA), um ácido graxo essencial poli-insaturado da série omega-3, melhora o metabolismo do ferro fetal, graças a uma maior expressão dos genes que regulam seu transporte através da placenta.

Este trabalho multidisciplinar, publicado no Journal of Functional Foods, descreve que a suplementação com o DHA, além de ajudar ao desenvolvimento precoce do cérebro, está inter-relacionado com o metabolismo do ferro nos recém-nascidos. Também melhora os depósitos do mineral antes do nascimento e ajuda a prevenir futuras deficiências pós-natais e o conseguinte prejuízo que estas poderiam desencadear no desenvolvimento cognitivo.

Para realizar esta pesquisa, os investigadores trabalharam com uma amostra formada por 110 mulheres saudáveis grávidas que deram à luz no Hospital Materno-Infantil de Granada e Hospital Universitário Materno-Infantil de Las Palmas de Gran Canaria, submetidas a um ensaio nutricional controlado, randomizado e duplo-cego que começou no sexto mês de gravidez.

Estabeleceram-se dois grupos: um grupo formado por 54 mulheres, que realizou uma dieta equilibrada e consumo adequado de peixe, assim como uma ingestão de 2 copos/dia da bebida láctea controle, e outro grupo de 56 mulheres, com uma dieta equilibrada e consumo adequado de peixe, suplementada com o consumo de 400 mg/dia de um produto lácteo enriquecido com óleo de peixe (2 copos/dia).

Depois do parto, os investigadores obtiveram amostras de placenta que foram processadas adequadamente para as análises de expressão gênica e proteica.

Os resultados obtidos indicaram um efeito benéfico do suplemento do DHA materno sobre a homeostase do ferro através do sincitiotrofoblasto, beneficiando a transferência materno-fetal e aumentando os depósitos de ferro fetais.

“Este suplemento de DHA é postulado como uma estratégia nutricional que não só ajuda para o desenvolvimento cognitivo e visual do recém-nascido, mas também poderia ajudar a evitar o risco de sofrer anemia. Neste sentido, esta suplementação materna poderia evitar as complicações perinatais relacionadas com a anemia como o baixo peso ao nascer ou desenvolvimento cognitivo tardio do recém-nascido”, explicam os autores principais deste trabalho, Javier Díaz Castro e Julio José Ochoa Herrera, do departamento de Fisiologia da UGR.

Referências:
Javier Diaz-Castro et al, DHA supplementation: A nutritional strategy to prenatal Fe homeostasis and prevent birth outcomes related with Fe-deficiency. Journal of Functional Foods 2015;19:385-393. DOI:http://dx.doi.org/10.1016/j.jff.2015.09.051

Fonte: http://www.medcenter.com/contentnews.aspx?pageid=128787&esp_id=202&tax_id=596&langtype=1046&id=230081&emkt=1#.VoHTZBGT42U.facebook

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Alimentos têm influência na capacidade mental de idosos, diz estudo


Os idosos cujo sangue apresenta maiores teores de certas vitaminas e ácidos graxos omega 3 mantêm sua capacidade mental e de memória por mais tempo, revela um estudo publicado nesta quarta-feira.

O trabalho concluiu que os idosos que consomem alimentos com essas propriedades não experimentam uma redução do volume de seu cérebro, um fenômeno tipicamente observado nas pessoas que sofrem de Alzheimer.

Publicado na edição de 28 de novembro da revista Neurology, o estudo determina que os altos níveis de vitamina B, C, D e E, assim como de ômega 3, encontrado principalmente nos peixes, têm efeitos positivos na saúde mental e no restante do organismo.

"Este enfoque mostra claramente os efeitos neurológicos e biológicos, bons e maus, ligados aos níveis de diferentes nutrientes no sangue", explica Maret Traber, do Instituto Linus Pauling da Universidade do Oregon, no noroeste dos Estados Unidos.

"As vitaminas e os nutrientes que se obtém comendo uma grande variedade de frutas, legumes e peixes podem ser medidas com o auxílio de biomarcadores sanguíneos. Estou convencida de que estes nutrientes têm um grande potencial para proteger o cérebro e fazê-lo funcionar melhor", afirma Traber.

A pesquisa também revela que os participantes do estudo com alimentação rica em ácidos e gorduras trans, abundantes em produtos lácteos e frituras, obtiveram resultados piores no teste cognitivo e apresentaram redução do cérebro considerável.

Os pesquisadores analisaram 104 indivíduos com idade média de 87 anos, submetidos a testes com 30 biomarcadores de nutrientes no sangue. Deste total, 42 também passaram por exames de ressonância magnética para medir o volume de seus cérebros.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/afp/2011/12/29/alimentos-tem-influencia-na-capacidade-mental-de-idosos-diz-estudo.htm

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Alzheimer: prevenção baseada na combinação de alimentos antioxidantes

Azeite de oliva, castanhas, peixes, aves, frutas, saladas, vegetais crucíferos (couve, couve-flor, couve-de-bruxela, repolho, brócolis) e vegetais folhosos verde-escuros: se esses itens costumam entrar no seu prato em porções generosas, ótimo.

Entre outros benefícios o consumo combinado (não isolado) diário  pode diminuir o risco de  progressão  e surgimento da Doença de Alzheimer. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, publicada na revista científica Archives of Neurology.

A explicação do estudo é que tais alimentos são ricos em: Gordura monoinsaturada; Gordura polinsaturada (omega 3 e 6); Vitamina E; Vitamina B12; Folato.

Tais nutrientes possuem potencial antioxidante, sendo assim, diminuem o estresse oxidativo cerebral e com isso evita a progressão da doença.

Hoje alguns sites noticiaram que um grupo de cientistas suecos da Universidade Dundee criaram uma fórmula barata e eficaz na prevenção do Alzheimer. Encontrei artigos isolados sobre o tema na revista " Proceedings of the National Academy of Sciences". A fórmula consiste na combinação de um antidiabético chamado Metformina e de um polifenol denominado Resveratrol, encontrado na semente e casca de uvas, principalmente as mais escuras. Como não encontrei o artigo, apenas cito a combinação do estudo.

Artigo:
Título: Food Combination and Alzheimer Disease Risk: A Protective Diet
Autores: Yian Gu; Jeri W. Nieves; Yaakov Stern; Jose A. Luchsinger; Nikolaos Scarmeas.
Ano: 2010
Periódico: Archives of Neurology
Disponível em: http://archneur.ama-assn.org/cgi/content/abstract/67/6/699

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Orientações nutrológicas para distúrbios labirínticos

Os hábitos alimentares inadequados e a indisciplina alimentar demonstram ser as principais causas do aumento dos problemas metabólicos. Os sinais e sintomas da disfunção labiríntica parecem estar entre as primeiras queixas dos pacientes com diabetes latente ou diminuição da tolerância à glicose. Observa-se que, uma parcela significativa dos indivíduos atendidos em nossa população ambulatorial, com queixas de sintomas relacionados ao equilíbrio e audição, são  portadores de distúrbios no metabolismo dos carboidratos.

Ao longo dos anos, vêm-se observando que o tratamento dietético pode reduzir de forma acentuada, os sintomas da disfunção labiríntica. Com base nesta observação, buscamos revisar a literatura de forma a avaliar a relação entre o manejo dietético e o controle da função labiríntica. De forma geral, a literatura concorda com a nossa observação de que o tratamento dietético pode diminuir os sintomas da disfunção labiríntica, proporcionando o alívio para o paciente e melhorando a sua qualidade de vida.

As queixas vestibulares e auditivas têm, freqüentemente, sido associadas ao metabolismo anormal dos carboidratos e dos lipídios. Estima-se que a ocorrência dos distúrbios do metabolismo dos carboidratos, esteja entre 42% a 80% dos pacientes portadores de zumbidos e tonturas e, se percebe a nítida necessidade de demonstrar o impacto destes distúrbios sobre o funcionamento da orelha interna, pois nos parece evidente a melhora dos sintomas com a instituição da dieta.

LABIRINTOPATIA METABÓLICA

Diversas condições metabólicas afetam intensamente o funcionamento do ouvido interno. Estas são capazes de determinar o aparecimento de alterações labirínticas que, na maioria dos casos, são decorrentes de distúrbios no metabolismo de carboidratos (SILVA, 2000).

A condição metabólica mais freqüentemente relacionada à disfunção da orelha interna refere-se aos distúrbios na secreção da insulina, com ou sem hipoglicemia reativa concomitante.

As estruturas labirínticas apresentam atividade metabólica intensa, sendo altamente sensíveis aos níveis de oxigênio, glicose e ATP (Adenosina Trifosfato). O labirinto é particularmente sensível a pequenas variações nos níveis plasmáticos de glicose e insulina.  Tanto a hipoglicemia quanto a presença de altos níveis de insulina interferem na atividade enzimática responsável pelo potencial endococlear (BITTAR, 2004).

Nas labirintopatias ou afecções vestibulococleares, os sintomas mais freqüentes, em pacientes com hiperinsulinemia, são a vertigem típica, associada a sintomas auditivos, como tinnitus, sensação de plenitude auricular, disacusia e cefaléia, limitando a qualidade de vida do indivíduo. É notável que os antecedentes pessoais e familiares dos portadores de labirintopatia metabólica revelam hábitos de alimentação inadequados, sedentarismo e tendência familiar para doenças como diabetes, hipertensão arterial e distúrbios hormonais (SILVA, 2000). De acordo com Ganança (1995), dois terços dos casos ocorrem em pessoas do sexo feminino, na faixa etária compreendida entre os 35 e 55 anos (80% dos casos), com tendência à obesidade , queixa de crises vertiginosas, já tendo sido submetidas a diversos especialistas, apresentando melhora parcial no início, porém sem resultado a longo prazo.

É evidente que, nos distúrbios metabólicos sistêmicos, o labirinto é atingido precocemente, sinalizando a necessidade de intervenção. Em relação à orientação terapêutica, o distúrbio deve ser diagnosticado e corrigido. Na maioria das vezes a correção requer orientação alimentar.

A HIPERINSULINEMIA COMO FATOR DESENCADEANTE DA LABIRINTOPATIA

Os carboidratos constituem a fonte mais importante de energia do organismo sendo que o principal carboidrato é a glicose (CINGOLANI, 2004). Os carboidratos são ingeridos com a dieta, principalmente na forma de polissacarídeos (amido) e dissacarídeos (sacarose e lactose). Após a sua digestão, os carboidratos passam para a circulação como monossacarídeos. Os monossacarídeos glicose, frutose e galactose são absorvidos, através da mucosa intestinal, e chegam até o fígado através da veia porta (CINGOLANI, 2004). O fígado libera glicose na corrente sangüínea, onde seu nível é mantido por ações dos hormônios. A elevação dos níveis séricos de glicose estimula insulina, que retira glicose da corrente sangüínea para as células (LIPPINCOTT, 2004).

Dentre os distúrbios do metabolismo do açúcar aceitos atualmente como responsáveis por alterações labirínticas, estão as disfunções metabólicas da glicose, incluindo diabetes, hipoglicemia reativa e hiperinsulinemia (BITTAR, 2004). A secreção de insulina, que é constante, pode ser modificada de acordo com estímulos específicos que podem aumentar ou diminuir sua taxa secretória (DOUGLAS, 2002). Além dos neurotransmissores e hormônios, os nutrientes constituem-se estímulo para a secreção insulínica. Os níveis aumentados de insulina resultam na redução da oferta de oxigênio para as células, o que induz prejuízo à função auditiva (BITTAR, 2003).

A  insulina e, secundariamente, a glicose, seriam fundamentais na produção energética e ao adequado funcionamento da bomba de sódio e potássio. Ao nível celular e bioquímico isto se explica pela composição dos líquidos labirínticos: a endolinfa, é rica em potássio e pobre em sódio. A perilinfa, ao contrário, é rica em sódio e pobre em potássio (FERREIRA JÚNIOR, 2000).  Como os líquidos são separados por uma membrana permeável,  existe uma tendência às trocas dos líquidos gerando hipernatremia na endolinfa, deslocando água para este compartimento, provocando  vertigem, zumbido, hipoacusia e plenitude auricular (FERREIRA JÚNIOR, 2000).

Com o adequado fornecimento de energia,  obtida pela oxidação da glicose,  o sódio retorna à perilinfa em troca de potássio, evitando as alterações clínicas citadas. Portanto,  para manter o equilíbrio da bomba de sódio e potássio é necessário um aporte adequado de glicose e oxigênio, pois é através dessas duas substâncias que haverá a liberação de energia essencial para o funcionamento adequado do ouvido interno.

Do contrário, o aporte insuficiente de energia, gerado pela hiperinsulinemia, provoca a inativação da bomba de sódio e potássio o que, segundo Silva (2000), resulta também em  queixas relativas à intolerância a sons, dificuldade de concentração, tendência à obesidade, irritabilidade, sonolência matinal e migrânea.

OS ALIMENTOS NO CONTROLE DA INSULINEMIA

Quando nos alimentamos, o processo de absorção dos nutrientes ocorre de forma  gradual e contínua, aproximadamente 20 minutos após o início da refeição (POIAN, 2005). Após uma refeição, podem ser observados níveis plasmáticos de glicose alcançando o dobro dos níveis basais. Daí a importância de que a secreção de insulina ocorra também de forma gradual, acompanhando as oscilações dos níveis plasmáticos de glicose (POIAN, 2005).

O estímulo à secreção de insulina se dá por diversos fatores e qualquer desequilíbrio na concentração fisiológica de glicose plasmática pode determinar alterações e danos em vários tecidos/órgãos (POIAN, 2005).

O aumento na incidência de diabetes evidencia uma inabilidade gradual do pâncreas na produção de elevadas concentrações de insulina ao longo da vida.

Segundo Fukuda (2003), o consumo de sacarose tem sido exagerado nas últimas décadas e nosso organismo não teve o tempo necessário para adaptar-se às elevadas quantias ingeridas. O resultado dessa inadequação é a hiperinsulinemia com conseqüente hipoglicemia reativa e sintomas como cefaléia, sonolência, tonturas, etc (BITTAR, 2004).

A absorção de alimentos contendo carboidratos depende de sua complexidade estrutural, seu teor de fibras e sua apresentação. Isto resulta em graus variáveis de absorção da glicose neles contidos (COSTA, 2004).   A intervenção nutricional nos distúrbios do metabolismo dos carboidratos, prevê o controle tanto do índice glicêmico dos alimentos utilizados na dieta quanto da carga glicêmica presente em cada refeição. O índice glicêmico de um alimento está relacionado ao impacto de sua composição na glicemia (alto, moderado ou baixo) após a sua ingestão. Já a carga glicêmica está relacionada ao impacto resultante do volume ingerido (alto, médio ou baixo). Um alimento que apresenta alto índice glicêmico, não necessariamente vai representar alta carga glicêmica na refeição, se a quantidade ingerida estiver sob controle. Na prática clínica, observa-se que, uma dieta com baixa carga glicêmica reduz os lipídios sangüíneos em indivíduos hipertrigliceridêmicos; reduz a secreção de insulina e melhora o controle global da glicemia em pacientes diabéticos insulino-dependentes e não insulino-dependentes.

O incremento de alimentos ricos em fibras solúveis e o adequado fracionamento das refeições, também buscam retardar a taxa de liberação de nutrientes no organismo, com repercussão positiva no controle dos distúrbios metabólicos. Quanto maior o teor de fibras do alimento e o retardo do esvaziamento do estômago, menor será a elevação da glicose no sangue após sua ingestão.  Por outro lado, de acordo com Costa, 2004,   a “pré-digestão” dos alimentos (amassar, triturar, esmagar, ralar e o excessivo cozimento) pode facilitar e aumentar a absorção da glicose. Neste caso, a alteração do índice glicêmico, é dependente dos outros alimentos ingeridos na mesma refeição e do modo de preparo dos mesmos.

Além do controle da quantidade, da qualidade, da freqüência e da combinação dos alimentos, é fundamental que sejam excluídos dos hábitos alimentares e de vida o consumo de álcool, da cafeína e o uso do tabaco, por conterem substâncias estimulantes da liberação da insulina.

Shils  (2003) afirma que diferentes indivíduos podem ter respostas glicêmicas vastamente diferentes a um alimento, dependendo do seu estado de tolerância à glicose, idade e peso.  Uma das mais eficazes opções terapêuticas parece ser a utilização de dietas nutricionais adequadas a cada caso, para que o tratamento seja dirigido à causa do distúrbio.

A PARTICIPAÇÃO DA DIETA NO CONTROLE DA LABIRINTOPATIA METABÓLICA

A dieta é a principal arma no combate aos sintomas causados por alterações do metabolismo da glicose ou da insulina. Está bem estabelecido que 90% dos pacientes submetidos a orientações dietéticas têm alívio ou cura dos sintomas (BITTAR, 1998 apud Mangabeira-Albernaz (1984).
Na prática clínica,  observa-se  que, durante o tratamento, os indivíduos com distúrbio labiríntico e alterações na curva insulinêmica, têm os sintomas reduzidos, em diferentes graus de intensidade. Entre três e seis meses de acompanhamento os mesmos desaparecem, quase em sua totalidade.

Nota-se, também,  que os sintomas mais freqüentes e mais beneficiados com o uso da dieta são a cefaléia, a tontura, a sonolência e a plenitude auricular. Após a avaliação dos indivíduos, conclui-se que a maioria dos casos está relacionada a vícios nutricionais comuns.

Acredita-se que a intervenção nutricional precoce, em indivíduos que apresentam  distúrbios da audição e do equilíbrio de origem metabólica, pode ser eficaz na redução ou mesmo no desaparecimento dos sintomas, contribuindo para o alívio do paciente e para uma melhor qualidade de vida.   Um controle metabólico adequado pode retardar o aparecimento ou a progressão de complicações crônicas.

REFERÊNCIAS

BITTAR, R. S. M.; BOTTINO, M. A.; VENOSA, A.  et al. 2004. Vestibular impairment secondary to glucose metabolic disorders: reality or myth? Revista Brasileira de Otorrinolaringologia,  v.70, n.6, nov/dez. São Paulo. 801-6.

BITTAR, R. S. M.; BOTTINO, M. A.; ZERATI, F.E. et al. 2003. Prevalência das alterações metabólicas em pacientes portadores de queixas vestibulares. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. v.69, n.1 jan/fev. São Paulo.

BITTAR, R. S. M; SANCHEZ, T. G.; SANTORO, P.P  et al. 1998. O metabolismo da glicose e o ouvido interno. Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia. V.2 Ed.1. São Paulo. 112-20.

CINGOLANI, G. C. 2004. Metabolismo dos carboidratos. In:  CINGOLANI, H. E.; HOUSSAY, A. B. Fisiologia humana de Houssay. 7. ed. Porto Alegre: Artmed. 508-16.

COSTA,  A. A; ALMEIDA NETO, J. S. 2004. Manual de diabetes: educação, alimentação, medicamentos, atividades físicas. 4. ed. São Paul Sarvier.

DOUGLAS, Carlos R.  2002. Tratado de fisiologia aplicada à nutrição. São Paul Robe Editorial.

LIPPINCOTT, W. & W. 2004. Nutriçã incrivelmente fácil. Rio de Janeir GUANABARA KOOGAN.

FERREIRA JÚNIOR, C. A.; GUIMARÃES, R. E. S.; BECKER, H. M. G et al. 2000. Avaliação metabólica do paciente com labirintopatia. Arquivos da Fundação Otorrinolaringologia, São Paulo, v.4, n.1 jan/fev/mar.

FUKUDA, Y. 2003. Otorrinolaringologia. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar.  São Paul Manole.

GANANÇA, M. M.; FUKUDA, Y. 1995.  Labirintopatias vasculares e metabólicas. In: HUNGRIA H. Otorrinolaringologia. 7 ed.  393-401. Rio de Janeir GUANABARA KOOGAN. 393-401.

MANGABEIRA-ALBERNAZ, P. L. M. 1995. Doenças metabólicas da orelha interna. RBM. 2(1): São Paulo. 18-22.

POIAN,  A. T.; CARVALHO-ALVES P. C. 2005. Hormônios e metabolism integração e correlações clínicas. São Paul Atheneu.

SHILS, M. E et al. 2003.Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença.  9. ed. São Paul Manole.

SILVA, M. L. G et al. 2000. Labirintopatias de origem metabólica. In: SILVA M. L. G; MUNHOZ M. S. L; GANANÇA M. M; CAOVILLA, H. H. Quadros clínicos otoneurológicos mais comuns.  37-45. São Paul Atheneu.


Fonte: http://www.brasilclinicas.com.br/artigos/ler.aspx?artigoID=67

ORIENTAÇÕES NUTROLÓGICAS PARA LABIRINTOPATIAS

- Não permaneça mais de três horas sem se alimentar, sendo que deve-se evitar refeições apenas com carboidratos, portanto sempre acrescente algo que altere a carga glicêmica (gordura, proteína, fibras);
- Procure comer devagar e mastigar bem os alimentos;
- Coma frutas (com baixo índice glicêmico) e legumes e verduras pelo menos duas vezes ao dia;
- É recomendado a suspensão do consumo de álcool e cigarro;
- Beba no minimo 40ml/kg/dia de água:
- Faça atividades físicas e descubra a qual você se adapta mais, a prática de atividade física é crucial no tratamento, em especial musculação;
- Evite bebidas estimulantes como café, chá preto, chá verde e chocolates;
- Evite açúcares, trocando-o pelos adoçantes;
- Diminua o consumo de sal;
- Evite na medida do possível, de situações de estresse, aumentando o tempo de lazer;
- Substitua a fritura por alimentos assados;
- Consuma fontes de zinco, potássio, magnésio, complexo B e omega 3.