Mostrando postagens com marcador azeite de oliva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador azeite de oliva. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos] Azeite de oliva e risco cardiovascular: o que o médico precisa saber?

 O Azeite de oliva tem sido tradicionalmente usado como um importante ingrediente culinário, principalmente nos países mediterrâneos e é o componente principal da dieta desta região. Seu efeito benéfico já é bem conhecido e isto o tornou mais popular mundialmente nas últimas décadas. 

Ele possui alta concentração de ácidos graxos monoinsaturados, especialmente ácido oleico e outros em menor proporção como vitamina E e polifenóis, contribuindo para efeitos anti-inflamatórios e propriedades antioxidantes. Estudos sugerem redução de risco cardiovascular com o aumento da ingestão deste alimento. 

Lembrando dos diferentes tipos de gorduras e de suas recomendações na dieta:


Um novo trabalho examinou a associação entre consumo de azeite de oliva e mortalidade total e causa-específica na população dos Estados Unidos, onde a média de consumo de azeite é consideravelmente menor do que nos países mediterrâneos. 

Esta análise foi conduzida em dois estudos de coorte prospectivos. Durante 28 anos de seguimento, foram avaliadas 36.856 mortes. A média de consumo de azeite de oliva aumentou 1.6 g/d em 1990 para aproximadamente 4 g/d em 2010. Homens e mulheres com alto consumo de azeite de oliva eram mais fisicamente ativos, tinham ascendência do sul da Europa ou Mediterrâneo e fumavam menos. O consumo de azeite de oliva também foi associado com maior ingestão calórica e melhor consumo de frutas e vegetais.

Após ajustes estatísticos, foi observada uma associação inversa, consistente e significativa entre o consumo de azeite de oliva e mortalidade total e causa-específica. Essa associação também foi observada para cada 5 g adicionais de azeite de oliva consumidos, como uma variável contínua. 

Em comparação com aqueles que nunca ou raramente consomem azeite de oliva, os indivíduos na categoria de elevado consumo (> 7g/d) tiveram redução de 19% na mortalidade total e cardiovascular, 17% de redução na mortalidade por câncer, 29% redução no risco de mortalidade neurodegenerativa e 18% redução no risco de mortalidade respiratória.

O trabalho ainda refere que a substituição de 10 g/d de outros tipos de gordura, incluindo margarina, manteiga, maionese e gordura do leite, por azeite de oliva, foi associado com redução no risco de mortalidade total e causa-específica. Entretanto, essa associação não foi observada quando outros óleos vegetais foram substituídos por azeite. 

Os autores acreditam que esses resultados se devem aos efeitos anti-inflamatórios, antiaterogênicos, efeitos na redução do stress oxidativo, melhora na função endotelial, melhora do perfil lipídico, biomarcadores inflamatórios, sensibilidade à insulina e redução da pressão arterial, que o azeite de oliva possui. 

Os autores concluem que o consumo mais alto de azeite de oliva está associado com diminuição de risco de mortalidade total e e redução do risco cardiovascular. Referem ainda que substituir outros tipos de gordura por azeite de oliva foi associado com diminuição do risco de mortalidade e que,as atuais recomendações nutricionais para aumentar a ingestão de azeite de oliva e outros óleos vegetais insaturados no lugar outras gorduras, melhoraram a saúde e longevidade. 

Nota do editor (Eduardo Lapa): este, como muitos estudos de nutrição, é um artigo que tem suas limitações. Ele se baseia em estudos observacionais. Sabemos que nestes estudos os pacientes variam em uma série de pontos e não apenas na questão estudada (neste caso: consumo de azeite de oliva). É citado, por exemplo, que as pessoas que consumiam mais azeite de oliva eram mais fisicamente ativos e consumiam menos cigarro. Será que não há outros fatores associados a risco cardiovascular que os pesquisadores não avaliaram? Talvez até fatores que atualmente nós não conheçamos! Isto pode influenciar os resultados.

Outro ponto: o próprio consumo de azeite de oliva foi medido por questionários alimentares feitos a cada 4 anos. Bem, você já preencheu algum questionário alimentar? Outro dia destes fui fazer um auto questionário mental de quantas porções de carne vermelha consumia por semana. Para a minha surpresa, quando de fato passei a contar as porções consumidas diariamente, o número foi bem diferente do que estimei mentalmente. Isso é uma limitação do método.

Por fim, devemos lembrar que estudos assim permitem inferir associação entre os fatores mas não possibilitam confirmar causalidade.

Referência: Consumption of Olive Oil and Risk of Total and Cause-Specific Mortality Among U.S. Adults Marta Guasch-Ferré, PHD,a,b Yanping Li, PHD,a Walter C. Willett, MD, DRPH,a,b,c Qi Sun, MD, SCD,a,b,c,d Laura Sampson, RD,a Jordi Salas-Salvadó, MD,e,f Miguel A. Martínez-González, MD,a,e,g Meir J. Stampfer, MD, DRPH,a,b,c Frank B. Hu, MD, PHDa,b , JACC VOL. 79, NO. 2, 2022

Autor: Dr. Thiago Midlej 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Trocar laticínios integrais por azeite pode auxiliar a reduzir risco de doença e morte, conclui estudo


Usar azeite em vez de margarina, manteiga ou outras gorduras saturadas pode protegê-lo de morrer de câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias, demência e outras condições, de acordo com um estudo divulgado na segunda-feira.

"É uma combinação de diminuir a quantidade de gordura saturada ao mesmo tempo em que você aumenta as gorduras monoinsaturadas encontradas no azeite", disse o Dr. Howard LeWine, editor médico-chefe da Harvard Health Publishing, parte da Harvard Medical School.
"A conclusão é usar azeite toda vez que puder como substituto das gorduras saturadas quando estiver cozinhando ou em seus molhos para salada", disse LeWine, que não estava envolvido no estudo.

O estudo analisou as dietas de pessoas inscritas em dois grandes estudos financiados pelo governo: o Nurses' Health Study e o Health Professionals Follow-up Study. Os pesquisadores então compararam os achados da dieta aos registros de doenças e mortes dessas pessoas ao longo do tempo.

Homens e mulheres que substituíram pouco mais de 2 colheres de chá (10 gramas) de margarina, manteiga, maionese ou gordura láctea pela mesma quantidade de azeite tiveram um risco geral até 34% menor de morrer do que as pessoas que comeram pouco ou nenhum azeite, de acordo com a autora do estudo Marta Guasch-Ferre, cientista pesquisadora sênior da Harvard T.H. Escola de Saúde Pública Chan.

"Este é o primeiro estudo de longo prazo, incluindo mais de 90.000 participantes acompanhados por até 30 anos, realizado na população americana sobre azeite e mortalidade. Estudos anteriores foram realizados em populações mediterrâneas e europeias, onde o consumo de azeite tende a ser maior", disse Guasch-Ferre por e-mail.

"Nossos resultados fornecem mais apoio às recomendações para substituir gordura saturada e gordura animal por óleos vegetais insaturados, como azeite, para a prevenção da morte prematura", acrescentou ela.

As pessoas que relataram comer os níveis mais altos de azeite tiveram um risco 19% menor de morrer de problemas cardíacos, um risco 17% menor de morrer de câncer, um risco 29% menor de morrer de doenças neurodegenerativas e um risco 18% menor de morrer de mortalidade por doenças respiratórias em comparação com aquelas que nunca ou raramente consumiram azeite no lugar de gorduras saturadas.

Tanto o estudo quanto o editorial foram publicados na segunda-feira no Journal of the American College of Cardiology.

A conexão entre o azeite e menos mortes por doença cerebral era "novidade", escreveu Larsson. "Considerando a falta de estratégias preventivas para a doença de Alzheimer e a alta morbidade e mortalidade relacionada a essa doença, esse achado, se confirmado, é de grande importância para a saúde pública."

Amado no Mediterrâneo

O azeite, ou "laderá" em grego, é um alimento básico fundamental na premiada dieta mediterrânea, que estudos mostraram que pode reduzir o risco de diabetes, colesterol alto, demência, perda de memória, depressão e câncer de mama. A dieta, que é mais um estilo alimentar do que uma dieta restrita, também tem sido associada a ossos mais fortes, um coração mais saudável e uma vida mais longa.

Embora a maneira mediterrânea de comer seja baseada em alimentos tradicionais dos 21 países que cercam o Mar Mediterrâneo, ela gira em torno de um tema fundamental. O foco está na culinária simples e à base de plantas, com vegetais e frutas frescas, grãos integrais, feijão, sementes e nozes, e uma forte ênfase no azeite virgem extra.

Na Grécia, o berço da dieta mediterrânea, o azeite faz parte da vida grega que, se os nativos acham que alguém é um pouco louco, dizem que são "choris ládi" ou "perder óleo".

Mas a comida não é o único foco da abordagem mediterrânea, que recentemente liderou o ranking de 2022 para melhor dieta pelo quinto ano consecutivo. Na verdade, é um estilo de vida que também enfatiza o movimento - caminhar, andar de bicicleta, jardinagem - bem como a alimentação consciente e os benefícios sociais de jantar com amigos e familiares.

Comportamentos saudáveis

Uma ênfase em comportamentos saudáveis também foi encontrada entre os homens e mulheres que mais comeram azeite no estudo, disse Guasch-Ferre. Eles eram mais propensos a serem fisicamente ativos ou comer mais frutas e vegetais do que aqueles que comiam menos azeite. Eles também eram menos propensos a fumar.

"É verdade que às vezes pode ser difícil desembaraçar o efeito 'real' do azeite versus ter outros comportamentos saudáveis", disse Guasch-Ferre, acrescentando que mais estudos com americanos de todas as origens eram necessários para ver se os resultados são semelhantes.

No entanto, o estudo se ajustou para vários possíveis fatores de confusão, "incluindo fatores dietéticos, fatores de estilo de vida, histórico de doenças, bem como fatores de nível socioeconômico, e as associações foram significativas, mesmo após o ajuste para o IMC (índice de massa corporal)", disse ela.

O importante achado do estudo, disse Guasch-Ferre, é o benefício de substituir gorduras insalubres, como manteiga e laticínios integrais e maionese "aumentando o azeite para cozinhar, vestir e assar, semelhante a outras populações mediterrâneas".

"É digno de nota, nenhuma evidência científica apoia a noção de que comer mais azeite está associado ao ganho de peso", acrescentou ela. "O azeite provavelmente poderia aumentar a saciedade e a plenitude, o que pode potencialmente reduzir o consumo de lanches não saudáveis."

“Compartilhar é se importar”
Instagram:@dr.albertodiasfilho
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Efeito da ingestão de azeite de oliva associado ou não a dieta saudável na composição corporal e na sarcopenia de indivíduos obesos

Intervenções nutricionais podem ter impacto positivo na progressão da sarcopenia e na composição corporal. Dessa maneira, um estudo brasileiro avaliou a efetividade do consumo de azeite de oliva extra virgem (AOEV) e de uma dieta tradicional brasileira saudável (DieTBra) em indicadores de sarcopenia e na redução da gordura corporal em obesos graves.

O estudo randomizado controlado incluiu participantes com IMC ≥ 35 kg/m², entre 18 e 64 anos, alocados em três grupos de tratamento. O grupo 1 foi o AOEV (n=28), no qual os participantes receberam 52ml/dia de azeite de oliva; grupo 2 foi DieTBra (n=32), que realizou dieta tradicional brasileira saudável conforme orientação no guia alimentar nacional; e grupo 3 foi a associação DieTBra +AOEV (n=37), que realizou a dieta que o grupo 2 e recebeu a mesma quantia de azeite de oliva que o grupo 1.

Os participantes não sabiam qual tipo de óleo estavam utilizando. A intervenção foi realizada durante 12 meses com visitas mensais para acompanhamento do estudo. Foi calculada individualmente a percentagem desejada de perda de peso e a ingestão calórica diária dos participantes. Foram realizadas medidas antropométricas de densitometria por dupla emissão de raios-X (DEXA), massa muscular esquelética apendicular (MMEA) para análise da composição corporal e a força de preensão manual – hand grip (HP) e velocidade de marcha para análise funcional da progressão da sarcopenia.

No início do estudo, não houve diferença entre os grupos em relação aos parâmetros de composição corporal. Dos participantes, 93,7% eram mulheres, com IMC médio de 43,7 kg/m², 51,7% de gordura corporal e média de 8,2 kg/m² de MMEA. Não houve diferença entre os grupos em nenhum momento do estudo quanto a calorias e macronutrientes ingeridos.

No final do estudo, foram observadas reduções significativas na gordura corporal total (p = 0,041) e no peso corporal (p = 0,003) no grupo DieTBra. No grupo DietBra+ azeite de oliva também foi observada uma redução significativa no peso corporal (0,001) em comparação ao grupo somente de azeite de oliva. Também houve redução significativa na gordura corporal total nos grupos DieTBra (p = 0,016) e DieTBra + azeite (p = 0,004).

Na avaliação da sarcopenia, os participantes do grupo DieTBra apresentaram melhoras significativas em sua velocidade de caminhada (p = 0,042) e na força de preensão manual (p = 0,044).

Os autores concluiram que uma dieta tradicional brasileira saudável, associada ou não ao consumo de azeite de oliva, foi capaz de melhorar a força e a funcionalidade muscular, além de ter se associado com a redução da gordura corporal total em indivíduos obesos. O uso isolado do azeite de oliva extra virgem não melhorou nenhuma das variáveis investigadas.

Referência: Silveira EA et al. Efects of Extra Virgin Olive Oil (EVOO) and the Traditional Brazilian Diet on Sarcopenia in Severe Obesity: A Randomized Clinical Trial. Nutrients 2020, 12, 1498

Fonte: https://ganepeducacao.com.br/efeito-do-consumo-de-azeite-de-oliva-associado-ou-nao-a-dieta-saudavel-na-composicao-corporal-e-na-sarcopenia-de-individuos-obesos/