Mostrando postagens com marcador Testosterona. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Testosterona. Mostrar todas as postagens

sábado, 30 de agosto de 2025

Doutor, eu devo tomar testosterona ?


Entenda quando a TRT é indicada, exames necessários, contraindicações, efeitos adversos e opções naturais. Conteúdo médico com evidências e segurança

Antes de começar o texto, saliento que não prescrevo testosterona, sequer tenho receituário azul. Posso até investigar o déficit por ser médico, mas na minha concepção, quem deve prescrever e conduzir o caso é o Endocrinologista ou Urologista. 

O que é a terapia de reposição de testosterona?

A terapia de reposição de testosterona, conhecida como TRT, é um tratamento médico usado quando o corpo não produz esse hormônio em quantidades suficientes.


A testosterona é essencial para a energia, a força muscular, a saúde sexual e até o bem-estar emocional.
Muitos homens ouvem falar da TRT como solução rápida para melhorar a disposição e o físico, mas nem sempre isso é verdade.


Na prática, ela só é indicada em casos de deficiência comprovada. Por isso, não deve ser usada sem uma avaliação médica criteriosa. O uso indevido pode trazer mais riscos do que benefícios.

Por que a testosterona é importante para o corpo?

Esse hormônio influencia diretamente a massa muscular, a distribuição de gordura e a saúde óssea. Além disso, regula a libido, a função sexual e até a produção de espermatozoides. A testosterona também está ligada ao humor, à motivação e à memória. Quando ela está baixa, sintomas como cansaço, desânimo e perda de força podem aparecer. Ou seja, trata-se de um hormônio que impacta diversas áreas da vida. Por isso, qualquer alteração deve ser investigada de forma responsável.

Quando desconfiar de baixa testosterona?

Alguns sinais levantam a suspeita de que os níveis de testosterona podem estar baixos.
Entre eles estão a queda de libido, disfunção erétil e diminuição das ereções matinais.
Também são comuns o aumento da gordura abdominal, a redução da massa muscular e a fadiga persistente.
Mudanças no humor, como irritabilidade e tristeza, podem estar relacionadas.
Queda de pelos corporais e alterações no sono também chamam atenção.
Esses sintomas devem ser avaliados em conjunto e não isoladamente.

É verdade que todo homem mais velho precisa de reposição?

Não! Esse é um mito muito comum.
Com o passar da idade, é natural que os níveis de testosterona diminuam um pouco.
Mas isso não significa que todo homem mais velho precise de reposição hormonal.
A TRT só é indicada quando há sintomas associados a exames laboratoriais confirmando o déficit.
Muitos homens mais velhos mantêm bons níveis do hormônio sem precisar de tratamento.
Portanto, cada caso deve ser analisado individualmente.

Quais exames são necessários para investigar a testosterona?

O exame principal é a dosagem de testosterona total no sangue, coletada pela manhã.
Em alguns casos, também é importante avaliar a testosterona livre, que mostra a fração ativa do hormônio.
Além disso, o médico pode solicitar exames como LH, FSH, estradiol, prolactina e hormônios da tireoide.
Esses testes ajudam a entender se a baixa testosterona é causada por problemas nos testículos ou no cérebro.
Também pode ser necessário avaliar o PSA, importante para a saúde da próstata.
Ou seja, é uma investigação completa, que não pode ser feita às pressas.

Causas mais comuns da baixa testosterona

Entre os motivos estão doenças crônicas, obesidade, uso de certos medicamentos e o envelhecimento natural.
Infecções nos testículos, traumas e histórico de quimioterapia também podem estar envolvidos.
O uso de drogas como maconha, cocaína e álcool em excesso pode diminuir a produção do hormônio.
Outro fator importante é a falta de sono adequado, que reduz os pulsos naturais de testosterona.
O excesso de estresse também prejudica a saúde hormonal.
Muitas vezes, mudar o estilo de vida já ajuda a recuperar os níveis.

A obesidade pode diminuir a testosterona?

Sim, e isso é mais comum do que se imagina.
A gordura abdominal em excesso aumenta a transformação da testosterona em estrógeno, um hormônio feminino.
Além disso, o excesso de peso reduz os pulsos hormonais que estimulam a produção testicular.
Por isso, muitos homens obesos apresentam sintomas típicos de hipogonadismo.
A boa notícia é que perder peso ajuda a normalizar os níveis hormonais.
Muitas vezes, emagrecer é mais eficaz do que usar reposição.

O sono influencia nos níveis de testosterona?

Dormir bem é essencial para manter o equilíbrio hormonal.
Durante o sono profundo, o corpo libera os pulsos que estimulam a produção de testosterona.
Quem dorme mal ou tem apneia do sono tende a apresentar níveis mais baixos do hormônio.
Além disso, a falta de descanso aumenta o estresse e o cortisol, que competem com a testosterona.
Por isso, melhorar a qualidade do sono pode trazer benefícios significativos.
Antes de pensar em reposição, esse é um ponto a ser corrigido.

Quais riscos existem em usar testosterona sem necessidade?

Muitas pessoas acreditam que a testosterona só traz benefícios, mas isso é um grande engano.
O uso sem indicação pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, como infarto e AVC.
Também pode causar infertilidade, pois o corpo deixa de produzir espermatozoides naturalmente.
Outros efeitos incluem aumento do hematócrito, piora da queda de cabelo e ginecomastia (crescimento das mamas nos homens).
Além disso, pode prejudicar a próstata, aumentando risco de câncer ou hiperplasia.
Por isso, a automedicação nunca é uma opção segura.

Quem pode prescrever e acompanhar a TRT?

Somente médicos podem prescrever a reposição de testosterona.
Normalmente, essa função é de endocrinologistas ou urologistas.
O papel do nutrólogo ou do clínico é investigar sintomas, solicitar exames e encaminhar quando necessário.
É fundamental que o acompanhamento seja feito por um profissional capacitado.
O paciente deve ter consultas regulares e realizar exames de controle de forma periódica.
Isso garante que o tratamento seja eficaz e seguro ao mesmo tempo.

Medicamentos que podem reduzir a testosterona

Alguns remédios podem diminuir a produção ou a ação da testosterona no corpo.
Entre eles estão antidepressivos antigos, corticoides, opioides e certos medicamentos para pressão.
Até mesmo drogas comuns, como o álcool em excesso, podem afetar o equilíbrio hormonal.
Por isso, o médico sempre deve revisar a lista de medicamentos do paciente.
Em alguns casos, apenas trocar ou suspender um remédio já resolve o problema.
Isso mostra que nem sempre a solução está na reposição hormonal.

Hábitos de vida que afetam a testosterona

O estilo de vida moderno pode prejudicar bastante a saúde hormonal.
Dormir mal, ter má alimentação, usar álcool e tabaco são fatores que reduzem os níveis de testosterona.
A exposição a substâncias químicas chamadas de disruptores endócrinos também tem impacto negativo.
Essas substâncias estão em plásticos, pesticidas e alguns cosméticos.
A prática de atividade física regular ajuda a manter o equilíbrio hormonal.
Ou seja, cuidar do dia a dia já faz grande diferença para a saúde do homem.

O impacto da obesidade na produção hormonal

A obesidade é um dos principais inimigos da testosterona.
O excesso de gordura, especialmente na barriga, favorece a transformação desse hormônio em estrogênio.
Isso desequilibra ainda mais o metabolismo e gera sintomas de cansaço e baixa libido.
Além disso, a obesidade aumenta o risco de apneia do sono, que também reduz a testosterona.
Por isso, perder peso é uma estratégia fundamental antes de pensar em TRT.
Muitas vezes, só essa medida já traz melhora significativa.

Apneia do sono e baixa testosterona

A apneia do sono é caracterizada por pausas respiratórias durante a noite.
Esse distúrbio atrapalha o descanso profundo, que é essencial para a produção hormonal.
Homens com apneia tendem a ter níveis mais baixos de testosterona.
E se eles fazem reposição sem tratar a apneia, o problema respiratório pode piorar.
O diagnóstico é feito por exames específicos de sono, como a polissonografia.
Tratar a apneia pode melhorar não só o hormônio, mas também a qualidade de vida.

Reverter a causa ou repor o hormônio?

Antes de iniciar a reposição, é fundamental entender o motivo da queda da testosterona.
Se a causa for má qualidade do sono, obesidade ou uso de remédios, essas situações devem ser corrigidas.
Muitas vezes, só isso já é suficiente para normalizar os níveis.
A reposição é indicada apenas quando não há melhora mesmo após o tratamento da causa.
Isso evita que o paciente use hormônio sem necessidade e sofra os efeitos colaterais.
É sempre melhor atacar a raiz do problema do que apenas mascarar os sintomas.

Tratamentos que estimulam a produção natural

Em homens mais jovens, existem opções que estimulam o corpo a voltar a produzir testosterona sozinho. Entre elas está o uso de medicamentos como o citrato de clomifeno ou o hCG. Essas substâncias fazem o organismo retomar a produção natural do hormônio. Essa abordagem é especialmente útil para quem ainda deseja ter filhos. Isso porque a TRT pode reduzir ou até bloquear a produção de espermatozoides. Estimular a produção natural é uma forma mais segura nesses casos.

Formas de reposição de testosterona

Quando a reposição realmente é necessária, existem várias formas disponíveis.
As principais são: comprimidos, géis de uso diário, injeções e implantes subcutâneos.
Cada método tem vantagens e desvantagens em termos de praticidade e efeitos colaterais.
Por exemplo, os géis são mais fáceis de usar, mas podem passar hormônio para outras pessoas pelo contato da pele.
Já as injeções podem causar picos e quedas no humor e na disposição.
A escolha sempre deve ser feita junto com o médico.

A testosterona em comprimidos

As cápsulas ou comprimidos são uma opção de reposição, mas têm limitações.
Alguns tipos podem sobrecarregar o fígado e causar alterações no colesterol.
Por isso, não são a forma mais recomendada na maioria dos casos.
Existem versões mais modernas, como o undecanoato oral, que são menos agressivas.
Mesmo assim, elas exigem uso acompanhado de refeições ricas em gordura para melhor absorção.
Esse detalhe pode dificultar a adesão do paciente ao tratamento.

A testosterona em gel

O gel de testosterona é bastante usado porque mantém níveis mais estáveis no sangue.
A aplicação é feita todos os dias na pele, geralmente nos ombros ou abdômen.
Um dos principais cuidados é evitar o contato com crianças ou parceiros logo após o uso.
Isso porque o hormônio pode ser transferido pela pele e causar efeitos indesejados.
A adesão costuma ser boa, desde que o paciente siga corretamente as orientações.
É uma opção segura para muitos homens que necessitam de reposição.

A testosterona injetável

As injeções de testosterona são muito utilizadas por sua praticidade e baixo custo.
Existem opções de curta duração, aplicadas a cada 2 ou 3 semanas, e de longa duração, feitas a cada 3 meses.
O problema é que as de curta ação causam picos e quedas de humor e energia.
Já as de longa duração têm melhor estabilidade, mas custo mais alto.
Um dos riscos principais das injeções é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o acompanhamento médico regular é indispensável.

A testosterona em adesivos

Outra forma de reposição é o uso de adesivos transdérmicos.
Eles liberam o hormônio de forma contínua e estável na pele.
Apesar de práticos, podem causar irritações locais, como vermelhidão e coceira.
No Brasil, ainda não estão amplamente disponíveis, o que limita seu uso.
Além disso, costumam ter custo mais elevado em comparação a outras formas.
Mesmo assim, são uma alternativa válida em alguns casos específicos.

Implantes de testosterona (“chips”)

Os implantes, conhecidos popularmente como “chips”, ficam debaixo da pele e liberam testosterona por meses. Eles oferecem praticidade, pois não exigem aplicação frequente como os géis ou injeções.
Por outro lado, podem causar infecção no local ou serem expulsos pelo organismo.
Outra desvantagem é a dificuldade em ajustar a dose caso surjam efeitos colaterais. Por isso, só devem ser usados em situações muito bem indicadas. Porém, no Brasil não há produto disponível na indústria farmacêutica, ou seja, na minha visão não há segurança na prescrição de implantes manipulados. Por isso, endocrinologistas sérios não prescrevem.

Quem não pode usar testosterona?

A TRT não é indicada para todo mundo. Homens com câncer de próstata ou mama, nódulos suspeitos na próstata ou PSA alterado não devem usar. Também não é indicada em casos de apneia do sono não tratada, insuficiência cardíaca grave ou problemas no fígado. Outra contraindicação é o hematócrito muito elevado, que pode aumentar o risco de trombose. Essas situações precisam ser cuidadosamente avaliadas antes de iniciar o tratamento. A segurança do paciente deve vir sempre em primeiro lugar.

Exames antes de iniciar a reposição

Antes de começar a TRT, o médico deve pedir uma série de exames. Esses exames ajudam a identificar riscos e a garantir que o tratamento seja seguro. Também é importante fazer um exame físico completo e, se indicado, o toque retal. Em alguns casos, pode ser necessário avaliar a fertilidade com espermograma. Essa etapa de prevenção evita complicações futuras. O endocrinologista ou urologista saberão quais exames mais indicados para o seu caso. 

Acompanhamento durante o tratamento

Depois que a TRT é iniciada, o acompanhamento médico deve ser contínuo. Os exames precisam ser repetidos a cada 3 a 6 meses no início do tratamento. Esse controle serve para ajustar a dose e evitar efeitos colaterais graves.
Além disso, sintomas como mudanças no humor, acne ou queda de cabelo devem ser monitorados.
O acompanhamento é tão importante quanto o início do tratamento.

Efeitos colaterais mais comuns da testosterona

O uso de testosterona pode trazer alguns efeitos indesejados.
Entre eles estão oleosidade na pele, acne, aumento da queda de cabelo e ginecomastia.
Alguns homens também podem notar alterações no humor e maior irritabilidade.
A longo prazo, a TRT pode reduzir a produção natural do esperma, levando à infertilidade.
Outro risco é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o tratamento nunca deve ser feito sem supervisão médica.

Efeitos colaterais de acordo com a forma usada

Cada forma de reposição tem seus efeitos adversos específicos.
Os comprimidos podem prejudicar o fígado e alterar o colesterol.
Os implantes podem causar infecção no local da aplicação.
As injeções podem gerar dor local e oscilações de humor e energia.
Os géis apresentam risco de transferência do hormônio para outras pessoas.
Já os adesivos podem causar irritações de pele.

A relação da testosterona com o coração

Um dos temas mais discutidos é se a TRT aumenta o risco de problemas cardíacos. Alguns estudos sugerem que o uso pode elevar as chances de infarto e AVC. Por outro lado, a própria deficiência de testosterona também está associada a risco cardiovascular maior. Isso mostra que a relação é complexa e ainda não totalmente esclarecida. O mais seguro é individualizar a decisão, avaliando os fatores de risco de cada paciente. E sempre manter acompanhamento próximo com o médico.

O que dizem os estudos científicos

Pesquisas já mostraram resultados diferentes sobre os riscos da TRT.
Um estudo americano com idosos teve que ser interrompido por aumento de eventos cardíacos.
Por outro lado, outro trabalho mostrou que pacientes tratados tiveram menos problemas cardiovasculares.
Essas diferenças acontecem porque os estudos usam metodologias distintas.
Ainda faltam pesquisas grandes e de longo prazo para conclusões definitivas.
Por isso, a decisão deve ser sempre personalizada.

A testosterona afeta a fertilidade?

Sim, esse é um dos pontos mais importantes a serem discutidos antes da TRT.
A reposição pode reduzir a produção de espermatozoides, dificultando a fertilidade.
Isso acontece porque o corpo entende que já existe hormônio suficiente e reduz a produção natural.
Por isso, homens que desejam ter filhos devem conversar sobre alternativas antes do tratamento.
Em alguns casos, pode ser melhor estimular a produção natural em vez de repor diretamente.
Esse detalhe precisa ser esclarecido já na primeira consulta

Alternativas naturais para melhorar a testosterona

Nem sempre a solução está na reposição hormonal. Existem formas naturais de aumentar a testosterona ou pelo menos melhorar seus efeitos no corpo. O emagrecimento, a prática regular de exercícios de força e a melhora do sono são fundamentais. A alimentação equilibrada, rica em vitaminas e minerais, também ajuda. Reduzir o estresse e o consumo de álcool faz diferença nos níveis hormonais.
Essas medidas devem ser sempre o primeiro passo antes de pensar em TRT.

O papel da atividade física

O exercício físico é um dos maiores aliados da saúde hormonal. Treinos de força, como musculação, ajudam a aumentar naturalmente a testosterona. Além disso, diminuem a gordura corporal e melhoram a sensibilidade à insulina. O resultado é um corpo mais saudável, com mais energia e disposição. Atividades aeróbicas também são importantes para a saúde cardiovascular. O ideal é combinar ambos os tipos de treino para melhores resultados.

A importância da alimentação

Uma dieta equilibrada é essencial para manter os hormônios em ordem. Alimentos ricos em zinco, como castanhas e frutos do mar, favorecem a produção de testosterona. As gorduras boas, como azeite e peixes, também participam da síntese hormonal. Já o excesso de açúcar, frituras e ultraprocessados prejudica o equilíbrio do corpo. Beber água suficiente e evitar o álcool em excesso também ajuda. Ou seja, o prato do dia a dia pode ser um grande aliado da saúde hormonal.

O sono como regulador hormonal

Dormir bem é quase tão importante quanto se alimentar bem e se exercitar. Durante o sono profundo, o corpo libera hormônios que estimulam a produção de testosterona. Quem dorme pouco ou mal tende a ter queda significativa dos níveis hormonais. A apneia do sono, por exemplo, é uma das causas mais frequentes de déficit de testosterona. Cuidar da higiene do sono é uma estratégia simples e poderosa. Muitas vezes, basta regular o descanso para sentir melhora nos sintomas.

O impacto do estresse no corpo

O estresse crônico aumenta a produção de cortisol, o hormônio do “estado de alerta”. Quando o cortisol fica alto por muito tempo, ele atrapalha a produção de testosterona. Isso leva a sintomas como fadiga, queda da libido e dificuldade de ganhar massa muscular. Práticas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, ajudam a equilibrar. Atividades prazerosas também contribuem para reduzir a tensão do dia a dia. Controlar o estresse é essencial para manter o equilíbrio hormonal.

Fitoterápicos que podem auxiliar

Algumas plantas são estudadas por seus possíveis efeitos sobre a testosterona.
Entre elas estão o tribulus terrestris, o ginseng e a maca peruana.
Esses fitoterápicos podem ajudar na disposição, libido e energia.
No entanto, os estudos ainda são limitados e os resultados variam entre pessoas.
Eles podem ser usados como complemento, mas nunca substituem o acompanhamento médico.
Sempre é importante ter orientação profissional antes de iniciar o uso.

Tribulus terrestris: o mais famoso

O tribulus é uma planta tradicionalmente usada para melhorar a libido. Alguns estudos sugerem que pode aumentar a testosterona em certos casos. Ele também pode trazer ganhos na disposição e na performance física. Mas os resultados não são iguais para todos os homens. Em alguns, a melhora é perceptível; em outros, quase inexistente. De qualquer forma, é considerado seguro em doses adequadas.

O ginseng e seus efeitos

O ginseng é muito usado na medicina oriental como um tônico natural. Ele pode ajudar na energia, na memória e até na função sexual. Estudos indicam que pode melhorar a circulação e a ereção em alguns homens. Também pode trazer benefícios para a imunidade e reduzir a fadiga. Embora não aumente tanto a testosterona diretamente, melhora a vitalidade geral. Por isso, é visto como um aliado complementar no cuidado masculino.

A maca peruana

A maca é uma raiz cultivada nos Andes e usada há séculos para vitalidade. Ela é considerada um adaptógeno, ou seja, ajuda o corpo a lidar melhor com o estresse. Alguns estudos mostram melhora da libido e da fertilidade com seu uso. No entanto, assim como o tribulus, seus efeitos variam bastante entre indivíduos. É uma opção natural com poucos efeitos colaterais relatados. Pode ser incluída como parte de um estilo de vida saudável.

Outros nutrientes importantes

Além dos fitoterápicos, certos nutrientes também influenciam na produção de testosterona.
O zinco, o magnésio e a vitamina D são alguns dos mais relevantes. A deficiência deles pode levar à queda dos níveis hormonais e piora dos sintomas. A suplementação pode ser indicada em casos de carência confirmada. Mas, quando a dieta é equilibrada, muitas vezes já se consegue um bom aporte.
Por isso, a alimentação continua sendo a base de qualquer estratégia.

O risco do uso sem acompanhamento médico

Um dos maiores problemas atuais é o uso indiscriminado de testosterona. Muitos homens começam a aplicar injeções ou usar géis por conta própria. Sem exames e sem supervisão, os riscos aumentam de forma significativa. Isso pode levar a complicações graves, como infertilidade e problemas cardiovasculares. Além disso, a reposição mal indicada pode mascarar doenças importantes. Por isso, nunca é seguro iniciar o tratamento sem orientação médica.

Testosterona e risco cardiovascular

Existe um debate sobre a relação entre TRT e o coração. Alguns estudos mostram que a reposição pode aumentar o risco de infarto e AVC. Outros, no entanto, indicam que a deficiência também é prejudicial ao coração. Isso significa que cada caso deve ser avaliado individualmente. Homens com fatores de risco, como diabetes e hipertensão, exigem atenção redobrada. O médico é quem deve pesar riscos e benefícios antes da prescrição.

Testosterona e a saúde da próstata

A saúde da próstata é uma preocupação central no uso da testosterona. Pacientes com câncer de próstata não devem fazer reposição. Mesmo homens sem câncer precisam acompanhar o PSA regularmente. A reposição pode acelerar o crescimento de tumores já existentes. Por isso, exames preventivos são obrigatórios antes e durante a TRT. Esse cuidado protege a saúde masculina a longo prazo.

TRT e saúde óssea

A testosterona também tem impacto direto sobre os ossos. Níveis baixos aumentam o risco de osteopenia e osteoporose. Homens com deficiência podem ter mais fraturas e perda de densidade óssea. Nesses casos, a reposição pode ser uma aliada importante. Ela ajuda a preservar a estrutura óssea e reduzir riscos de quedas. No entanto, só deve ser feita quando realmente necessária.

TRT e saúde sexual

Um dos motivos que mais levam homens ao consultório é a queda da libido. A TRT pode melhorar a vida sexual quando a causa é realmente hormonal.  Ela aumenta o desejo, melhora a ereção e pode elevar a autoconfiança. No entanto, nem toda disfunção erétil é causada por testosterona baixa. Problemas psicológicos, diabetes e doenças vasculares também interferem. Por isso, é importante investigar todas as causas antes do tratamento.

TRT e humor

A testosterona também influencia o bem-estar mental. Homens com deficiência podem ter irritabilidade, tristeza e falta de motivação. Quando usada corretamente, a reposição pode melhorar esses sintomas. Mas se o problema for ansiedade ou depressão, a TRT não resolve sozinha. Nesses casos, o acompanhamento psicológico é fundamental. A saúde mental deve caminhar junto com a saúde hormonal.

TRT e composição corporal

Muitos associam a testosterona ao ganho de massa muscular. De fato, homens com deficiência podem melhorar força e massa magra com a reposição. Ela também ajuda a reduzir a gordura abdominal. Mas é preciso lembrar que a TRT não substitui treino e alimentação. Sem hábitos saudáveis, os resultados não aparecem. O hormônio é um aliado, mas não faz milagres. Importante salientar que a prescrição de testosterona para fins estéticos é PROIBIDA pelo Conselho Federal de Medicina. Também não encontra respaldo de segurança na literatura. 

TRT e infertilidade

Um ponto importante é que a TRT pode reduzir a fertilidade. Isso porque o corpo entende que já há hormônio suficiente e diminui a produção natural. Com isso, a produção de espermatozoides cai de forma significativa. Homens que planejam ter filhos devem conversar com o médico antes. Existem alternativas para estimular a produção natural sem afetar tanto a fertilidade. Essa decisão precisa ser individualizada.

Terapia pós-ciclo: o que é isso?

Muitos homens usam testosterona de forma irregular em “ciclos” para fins estéticos. Depois, procuram médicos pedindo ajuda para recuperar o equilíbrio hormonal. Essa prática pode trazer sérios prejuízos para o corpo e a mente. A chamada “terapia pós-ciclo” tenta reativar a produção natural do organismo. Na maioria das vezes, envolve medicamentos específicos e acompanhamento rigoroso. É mais um motivo para evitar o uso sem necessidade.

O papel da nutrologia e de outras especialidades

A avaliação de testosterona envolve várias áreas da medicina. O nutrólogo pode ajudar a identificar fatores ligados ao estilo de vida e à alimentação. O endocrinologista e o urologista são os principais responsáveis pela reposição. O cardiologista pode ser chamado quando existem riscos cardiovasculares. Já o psicólogo e o psiquiatra atuam nos sintomas emocionais relacionados. Essa visão integrada traz mais segurança e resultados melhores para o paciente.

O perigo da automedicação

Infelizmente a automedicação com testosterona tem crescido nos últimos anos. Muitos homens compram hormônios pela internet ou em academias, sem qualquer segurança. Esse hábito aumenta muito o risco de efeitos colaterais graves e irreversíveis. Além disso, a maioria desses produtos não tem controle de qualidade. Isso significa que podem estar contaminados ou até adulterados. Usar sem acompanhamento médico é colocar a saúde em risco.

Conclusão

Reposição de testosterona deve ser feita por Endocrinologista ou Urologista, destinada apenas para quem apresenta déficit laboratorial e sintomatologia compatível. 


REFERÊNCIAS


BAILLARGEON, J; et al. Risk of Myocardial Infarction in Older Men Receiving Testosterone Therapy. Ann Pharmacother. Set/2014, vol.48, p.1138-1144.

BASARIA, S; et al. Adverse Events Associated with Testosterone Administration.
N Engl J Med. Jul/2010, vol.363; p.109-22.

BHASIN, S. Testicular disorders. In: Williams textbook of endocrinology. 11ed. Philadelphia: Saunders/Elsevier. 2008. p. 645-679.

COSTA, Elaine Maria Frade. Testosterona para Obesos com Síndrome Metabólica – Sim ou Não?. Revista da ABESO. Out/2012, vol.59, p.7-9

EL-TANTAWY, Walid H; et al. Free serum testosterone level in male rats treated with tribulus alatus extracts. Int. braz j urol. 2007, vol.33, n.4, p. 554-559.

HOYOS, CM; et al. Effects of testosterone therapy on sleep and breathing in obese
men with severe obstructive sleep apnoea: a randomized placebo-controlled trial. Clinical Endocrinology. 2012, vol.77, p.599–607.

LIMA, N; et al. A função gonadal do homem obeso. Arq Bras Endocrinol Metab. 2000, vol.44, n.01, p.31-37 

OLIVA, A. Contribution of environmental factors to the risk of male infertility. Hum Reprod. Ago/2001, v.16, n.08, p.1768–1776.

PASQUALOTTO, FF; et al.Efeito da obesidade na função reprodutiva masculina.
Urologia essencial. Dez/2011, v.01, n.04, p.27-30.

PLESSIS, D. The effect of obesity on sperm disorders and male infertility. Nat
Rev Urol. Mar/2010, v.07, n03, p. 153-61.

RHODEN, Ernani Luis; AVERBECK, Márcio Augusto. Câncer de próstata e testosterona: riscos e controvérsias. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009, vol.53, n.8, p. 956-962.

RINNAB, L; et al. Testosterone replacement therapy and prostate cancer. In: The current position 67 years after the Huggins myth. Urologe A. 2009, 48(5):516-22.

VIGEN, T; et al. Association of Testosterone Therapy With Mortality, Myocardial Infarction, and Stroke in Men With Low Testosterone Levels. JAMA. 2013, vol.310, n.17, p.1829-1836. 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

domingo, 20 de julho de 2025

Impacto a curto prazo da Tirzepatida no hipogonadismo metabólico e na composição corporal em homens obesos

Background

A tirzepatida (TZP), um agonista duplo dos receptores do peptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), foi recentemente introduzida na Itália para o tratamento da obesidade. A obesidade é frequentemente associada ao hipogonadismo metabólico, caracterizado por níveis baixos de testosterona e níveis baixos e normais de gonadotrofinas. Essa condição agrava a disfunção metabólica e aumenta o risco de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos da TZP no hipogonadismo metabólico em pacientes com obesidade.

Métodos

Foram recrutados pacientes do sexo masculino com obesidade e hipogonadismo metabólico. Os critérios de exclusão incluíram uso recente de medicamentos para hipertensão, dislipidemia, DM2, antiandrogênicos ou hiperprolactinemia. Todos os participantes seguiram uma dieta hipocalórica e realizaram caminhada rápida diária de 20 minutos. Os pacientes foram divididos em três grupos de tratamento: Grupo A recebeu 2,5 mg de TZP semanalmente no primeiro mês, com aumento para 5 mg a partir do segundo mês; Grupo B não recebeu tratamento farmacológico; Grupo C recebeu testosterona transdérmica. As avaliações clínicas foram realizadas após 2 meses, incluindo análise da composição corporal, Escala de Compulsão Alimentar (BES), questionário Índice Internacional de Função Erétil de 5 itens (IIEF-5) para avaliar disfunção erétil (DE) e dosagens séricas de hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo-estimulante (FSH), globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), testosterona total (TT) e 17β-estradiol (E2). Testosterona livre (fT) e biodisponível (bioT) foram calculadas pela fórmula de Vermeulen.

Resultados

Um total de 83 pacientes com obesidade (idade média 55,3 ± 5,5 anos) foi incluído no estudo, divididos em três grupos: Grupo A (28 pacientes, idade média 56,3 ± 4,7 anos), Grupo B (30 pacientes, idade média 55,1 ± 5,2 anos) e Grupo C (25 pacientes, idade média 54,0 ± 6,5 anos). Na linha de base, observaram-se diferenças significativas na circunferência abdominal (CA), que era maior no Grupo B, bem como no escore BES, massa magra (LM) e níveis séricos de LH, todos mais altos no Grupo A. Após 2 meses, o Grupo A apresentou reduções significativamente maiores no peso corporal, CA, escore BES e massa gorda, além de aumento expressivo em LM e escore IIEF-5, em comparação aos Grupos B e C. Além disso, o Grupo A exibiu níveis séricos significativamente mais altos de LH, FSH, SHBG, TT, fT e bioT, enquanto os níveis de E2 foram significativamente mais baixos do que nos Grupos B e C.

Conclusão

Os resultados deste estudo sugerem que a TZP é eficaz na melhora dos parâmetros metabólicos, da disfunção erétil e dos níveis de hormônios gonadais em pacientes com obesidade e hipogonadismo metabólico. Esses achados posicionam a TZP como uma opção promissora para o tratamento de pacientes obesos com hipogonadismo funcional decorrente de alterações metabólicas.

Introdução

A obesidade, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura, tornou-se uma epidemia global, com reconhecimento crescente de sua associação com uma ampla gama de distúrbios metabólicos.

Os riscos à saúde relacionados à obesidade são profundos e vão além das complicações tradicionais, como doenças cardiovasculares e diabetes mellitus (DM).

Uma consequência frequentemente negligenciada da obesidade é o hipogonadismo metabólico, definido por níveis baixos de testosterona em homens.

Especificamente, o hipogonadismo metabólico refere-se a uma condição em que níveis baixos de testosterona estão associados a distúrbios metabólicos, comumente observados em indivíduos obesos ou resistentes à insulina.

Essa condição é caracterizada por uma disrupção na produção e secreção normal de testosterona devido a fatores metabólicos subjacentes. No hipogonadismo metabólico, a adiposidade excessiva, a resistência à insulina e alterações nos níveis de globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) contribuem para a redução dos níveis de testosterona.

A obesidade, especialmente a gordura abdominal, leva a um aumento da aromatização da testosterona em 17ß-estradiol (E2), reduzindo ainda mais a disponibilidade de testosterona livre (fT).

Além disso, citocinas inflamatórias e alterações na sinalização do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas (HPG) podem prejudicar a secreção de testosterona pelos testículos.

Essas disrupções contribuem para os sintomas e a disfunção metabólica associados à condição.

A testosterona desempenha um papel crucial na regulação de funções metabólicas, incluindo a manutenção da massa muscular, distribuição de gordura e sensibilidade à insulina.

O hipogonadismo metabólico agrava essas disfunções, contribuindo para a resistência à insulina e aumentando o risco de desenvolvimento de DM tipo 2, uma condição que tem uma relação bidirecional com a obesidade.

Pesquisas demonstraram que a deficiência de testosterona em pacientes com obesidade impacta significativamente a saúde metabólica, levando a ganho de peso adicional, aumento da massa gorda (FM) e comprometimento do metabolismo da glicose.

Níveis baixos de testosterona estão associados à redução da massa muscular e ao aumento da adiposidade, fatores que contribuem para a síndrome metabólica frequentemente observada em pacientes com obesidade.

Além disso, a deficiência de testosterona pode promover um aumento da gordura visceral, o que é particularmente prejudicial, pois contribui para a resistência à insulina e inflamação — dois fatores chave no desenvolvimento de DM tipo 2.

Tradicionalmente, o tratamento do hipogonadismo metabólico em pacientes com obesidade baseia-se na terapia de reposição de testosterona (TRT), principalmente devido às dificuldades em alcançar perda de peso substancial apenas com mudanças no estilo de vida em cenários da prática real.

No entanto, a TRT isolada pode não abordar adequadamente a disfunção metabólica subjacente nesses pacientes, uma vez que não atua especificamente sobre a obesidade ou resistência à insulina. Portanto, é necessário um enfoque mais holístico e baseado em mecanismos fisiopatológicos, que trate simultaneamente o desequilíbrio hormonal e a obesidade. Avanços recentes em tratamentos farmacológicos para obesidade introduziram novas possibilidades para o manejo dessas condições interligadas. Entre os medicamentos mais promissores está a tirzepatida (TZP), um agonista duplo dos receptores do peptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1).

A TZP demonstrou eficácia notável em promover perda de peso e melhorar parâmetros metabólicos, incluindo controle glicêmico, sensibilidade à insulina e perfil lipídico.

Sua ação dupla nos receptores de GIP e GLP-1 oferece um mecanismo único para regular o apetite, aumentar a saciedade e reduzir o acúmulo de gordura. 

Diante de seu impacto significativo no peso e no metabolismo, a TZP representa uma abordagem inovadora para o manejo da obesidade e de suas complicações associadas.

No entanto, integrar o tratamento com TZP em diretrizes práticas apresenta alguns desafios. Um dos principais obstáculos é o custo, já que a TZP é relativamente cara e pode não ser acessível a todos os pacientes, especialmente em sistemas de saúde com cobertura limitada para medicamentos mais novos. 

Além disso, embora a TZP tenha demonstrado eficácia no manejo da obesidade e de distúrbios metabólicos, seus efeitos colaterais — incluindo distúrbios gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia — podem afetar a adesão ao tratamento. Esses fatores, somados à necessidade de monitoramento regular e ajustes individualizados, dificultam a incorporação da TZP na prática clínica de rotina, sobretudo para pacientes com recursos financeiros limitados ou que apresentem reações adversas.

Apesar das vantagens da TZP na melhora dos parâmetros metabólicos, seus potenciais benefícios no tratamento do hipogonadismo metabólico permanecem pouco explorados. A TZP pode ser promissora na melhora dos hormônios sexuais em pacientes com hipogonadismo metabólico, devido ao seu impacto multifatorial na saúde metabólica. Ao promover redução significativa de peso, a TZP ajuda a aliviar as alterações metabólicas que suprimem a produção de testosterona, como a influência de adipocinas, citocinas inflamatórias, hiperinsulinemia e hiperestrogenismo. Essa redução da disfunção metabólica pode levar ao aumento da secreção de testosterona, reduzindo a supressão do eixo HPG. Além disso, a TZP demonstrou melhorar a função hepática, em especial ao resolver a esteato-hepatite associada à disfunção metabólica sem agravar a fibrose hepática.

Agonistas do receptor de GLP-1 mostraram aumentar os níveis de SHBG em pacientes com síndrome dos ovários policísticos. De modo geral, essas moléculas provaram ser eficazes na melhora da função gonadal em pacientes com hipogonadismo metabólico, principalmente aqueles afetados por obesidade ou DM.

Como agonista duplo dos receptores GIP e GLP-1, a TZP pode também exercer efeitos semelhantes, sustentando ainda mais o equilíbrio hormonal nesses pacientes.

Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos da TZP em pacientes com obesidade e hipogonadismo metabólico. O objetivo principal é analisar o impacto da TZP tanto nos parâmetros metabólicos quanto nos níveis de hormônios gonadais, especialmente a testosterona, nessa população. Ao investigar os efeitos da TZP na composição corporal, níveis hormonais e outros marcadores metabólicos, este estudo busca determinar se a TZP oferece uma abordagem de tratamento mais abrangente, que trate simultaneamente a obesidade e o hipogonadismo metabólico. Os resultados deste estudo podem ter implicações significativas na prática clínica, fornecendo evidências para apoiar o uso da TZP como uma opção terapêutica promissora para pacientes com obesidade e hipogonadismo metabólico. Se eficaz, a TZP pode oferecer uma estratégia inovadora para o manejo conjunto da obesidade e de seus desequilíbrios hormonais associados, melhorando, em última análise, os desfechos clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.

Protocolo Experimental

Os participantes elegíveis precisaram atender aos critérios previamente estabelecidos por La Vignera et al. (2023) para o diagnóstico de hipogonadismo metabólico. 

Esses critérios incluíam obesidade moderada a grave (IMC entre 30 e 39,99), circunferência abdominal superior a 94 cm, níveis de testosterona total (TT) abaixo de 12 nmol/L, (346 ng/dL) presença de sintomas sexuais, níveis de gonadotrofinas normais a baixos (dentro dos quartis mais baixos da faixa de referência), níveis de SHBG dentro do quartil inferior da faixa de referência e índice HOMA superior a 2,5.

Os pacientes elegíveis foram distribuídos em um dos três grupos de tratamento entre 7 de outubro e 7 de dezembro de 2024: Grupo A: TZP e mudanças no estilo de vida (n = 28); Grupo B: apenas mudanças no estilo de vida (n = 30); ou Grupo C: TRT e mudanças no estilo de vida (n = 25). O protocolo de tratamento envolveu uma dose inicial de 2,5 mg de TZP semanalmente durante o primeiro mês, aumentando para 5 mg semanais a partir do segundo mês, de acordo com a bula técnica da TZP. Todos os participantes seguiram um regime dietético hipocalórico, reduzindo a ingestão calórica diária em 20% com base na idade, além de um regime de atividade física diária consistindo em uma caminhada rápida de 20 minutos. Para o Grupo C, a TRT foi administrada na forma de testosterona transdérmica [(23 mg do dia 1 ao dia 14, com ajuste da dose baseado nos níveis séricos de TT no 14º dia, conforme diretriz do fabricante)].

As avaliações clínicas foram realizadas durante a primeira visita de acompanhamento, ocorrida entre 7 e 21 de dezembro de 2024. Essas avaliações foram feitas na linha de base e após dois meses de tratamento e incluíram as seguintes medidas:
a) parâmetros antropométricos [peso corporal e circunferência abdominal (CA)];
b) questionário Escala de Compulsão Alimentar (BES) para avaliar o comportamento alimentar;
c) análise da composição corporal por bioimpedância (BIA);
d) questionário Índice Internacional de Função Erétil de 5 itens (IIEF-5) para avaliar a presença e gravidade da disfunção erétil (DE); e
e) dosagem dos níveis séricos de hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo-estimulante (FSH), TT, 17β-estradiol (E2) e SHBG por imunoensaio de eletroquimioluminescência.

Uma análise antes-depois comparou as mudanças em relação à linha de base, enquanto uma análise intergrupos avaliou as diferenças intra e entre os grupos na distribuição dessas variáveis.

Discussão

Os resultados deste estudo destacam o papel promissor da TZP na melhora tanto dos parâmetros metabólicos quanto dos níveis hormonais gonadais em pacientes com obesidade e hipogonadismo metabólico. Nossos achados demonstram que a TZP não apenas reduz de forma eficaz o peso corporal, a circunferência abdominal (CA) e o percentual de massa gorda (MG), como também melhora significativamente os níveis de LH, FSH e testosterona total (TT), além de reduzir os níveis de E2. 

Esses resultados sugerem que a TZP pode oferecer um benefício duplo, abordando ao mesmo tempo a obesidade e os desequilíbrios hormonais comumente observados em pacientes com hipogonadismo metabólico.

O hipogonadismo metabólico, caracterizado por baixos níveis de testosterona, é prevalente entre pacientes com obesidade e está associado a um risco aumentado de desenvolvimento de síndrome metabólica e DM tipo 2.

Embora tenhamos seguido as diretrizes italianas para definição de hipogonadismo, alinhadas à nossa prática clínica e a trabalhos prévios, vale destacar que todos os pacientes também atenderam aos critérios diagnósticos propostos pela Endocrine Society.

Especificamente, nenhum paciente apresentou níveis de TT ou testosterona livre (fT) acima dos respectivos limiares de 264 ng/dL e 64 pg/mL. 

Além disso, conforme recomendado nas diretrizes, o diagnóstico de hipogonadismo não se baseou apenas em parâmetros bioquímicos, mas também incluiu a presença de sintomas. Todos os pacientes apresentaram sintomas sexuais, especificamente disfunção erétil, conforme indicado pelos escores do IIEF-5.

A testosterona desempenha um papel crucial na regulação do metabolismo, e sua deficiência está relacionada a desfechos adversos, como aumento da MG, redução da massa muscular e prejuízo da sensibilidade à insulina.

Diante dessas associações, a TRT tem sido tradicionalmente utilizada para manejar essa condição; entretanto, a TRT isoladamente não aborda a obesidade subjacente nem melhora a resistência à insulina.

Nesse contexto, a TZP surge como uma abordagem inovadora, visando tanto a obesidade quanto a disfunção metabólica de forma simultânea.

Atuando nos receptores de GIP e GLP-1, a TZP potencializa a secreção de insulina, aumenta a saciedade e reduz o apetite, levando a uma perda de peso significativa.

Em nosso estudo, o tratamento com TZP esteve associado a reduções importantes no peso corporal, CA e MG, consistente com estudos anteriores que demonstram sua eficácia na promoção da perda de peso. Notavelmente, esses efeitos foram mais pronunciados no Grupo A, que recebeu TZP, em comparação aos Grupos B e C, nos quais os pacientes receberam apenas intervenção comportamental ou testosterona transdérmica, respectivamente.

Embora a população incluída apresentasse obesidade, seus percentuais de MG (cerca de 20%) ficaram abaixo dos limiares comumente utilizados para excesso de adiposidade em homens, geralmente definidos como >25–30%.

Isso possivelmente reflete o perfil de obesidade moderada da nossa coorte, como sugerido pelos valores médios de IMC e pelos critérios de inclusão, que não selecionaram especificamente indivíduos com alta MG. Esse achado também destaca a importância de avaliar a composição corporal para além do IMC, especialmente no contexto de distúrbios metabólicos como o hipogonadismo.

Em relação ao aumento observado na massa magra (LM) após o tratamento com TZP, trata-se de um achado particularmente interessante. 

Embora a TZP seja conhecida principalmente por seus efeitos robustos na redução de peso e MG, seu impacto na preservação de LM ainda é controverso, com alguns estudos sugerindo uma redução modesta no percentual de LM.

No entanto, o potencial benefício sobre a LM pode ser especialmente relevante para pacientes com hipogonadismo, que frequentemente apresentam redução de massa e força muscular. Nossos resultados apoiam o potencial papel da TZP não apenas na melhora de parâmetros metabólicos, mas também na promoção de uma composição corporal mais saudável.

Todos os grupos apresentaram redução no índice HOMA ao longo do acompanhamento de dois meses, sugerindo melhora geral da sensibilidade à insulina. Notavelmente, a maior redução observada no Grupo C (testosterona transdérmica) em comparação ao Grupo B (sem tratamento) pode indicar um benefício metabólico potencial da testosterona nesse contexto. No entanto, a ausência de diferença significativa entre o Grupo C e o Grupo A (Tirzepatida) implica eficácia comparável entre essas intervenções no curto prazo. A ausência de diferença entre o Grupo A e o Grupo B pode refletir a curta duração do seguimento, sugerindo que os efeitos metabólicos da TZP podem necessitar de um período mais longo para se manifestarem plenamente.

Um dos achados mais marcantes do nosso estudo foi a melhora nos níveis de hormônios gonadais observada no Grupo A. 

Os níveis de testosterona aumentaram significativamente após o tratamento com TZP, enquanto os níveis de E2 diminuíram, indicando uma mudança positiva no perfil hormonal para um equilíbrio mais favorável. O aumento dos níveis séricos de testosterona é particularmente relevante, pois a hipotestosteronemia em pacientes com obesidade está associada à piora da disfunção metabólica e ao aumento do risco de desenvolvimento de DM.

Essa melhora nos níveis de testosterona após o tratamento com TZP provavelmente se deve à capacidade do fármaco de melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a gordura visceral, fatores que se sabe influenciarem a produção de testosterona.

Além de seus efeitos na composição corporal e nos níveis hormonais, a TZP também teve impacto significativo no escore BES, uma medida de comportamento alimentar desordenado. O Grupo A apresentou uma redução acentuada nos escores de BES, sugerindo que a TZP pode ajudar a abordar tanto os aspectos fisiológicos quanto comportamentais da obesidade. Essa redução nas tendências de compulsão alimentar é consistente com os efeitos supressores de apetite da TZP, o que pode auxiliar os pacientes a aderirem a uma dieta hipocalórica e a alcançarem perda de peso sustentada. É importante destacar que o Grupo B, que não recebeu tratamento farmacológico, não apresentou mudanças significativas no peso corporal nem nos escores de BES, reforçando os potenciais benefícios da TZP na abordagem dos aspectos metabólicos e comportamentais da obesidade.

Comparando os resultados dos três grupos de tratamento, a TZP apresentou desfechos superiores em termos de redução de peso, composição corporal e equilíbrio hormonal. O Grupo A demonstrou as maiores reduções em peso corporal, CA e MG, juntamente com os maiores aumentos em LM. 

Além disso, as melhorias nos perfis hormonais, incluindo o aumento substancial nos níveis de testosterona e a redução de E2, foram mais evidentes neste grupo. Esses achados sustentam a hipótese de que a TZP pode melhorar tanto a disfunção metabólica quanto a hormonal em pacientes com obesidade e hipogonadismo metabólico, oferecendo uma abordagem de tratamento mais abrangente do que a TRT tradicional isolada.

De forma inesperada, os níveis séricos de E2 aumentaram 21,2% no Grupo C (Tabela 3), apesar das melhorias em peso corporal, IMC e CA nesse grupo. Especulamos que esse aumento possa ser decorrente da aromatização periférica da testosterona administrada. É importante observar que a TRT foi administrada por via transdérmica em doses insuficientes para suprimir o eixo HPG. Além disso, apesar do aumento de E2, a maioria dos pacientes não apresentou sintomas ou sinais de hiperestrogenismo.

Embora os resultados deste estudo sejam promissores, algumas limitações devem ser consideradas. Primeiro, o tamanho da amostra foi relativamente pequeno, o que limita a generalização dos achados. Além disso, a duração do estudo foi de apenas dois meses, sendo necessário um acompanhamento mais prolongado para avaliar os efeitos de longo prazo e a sustentabilidade do tratamento com TZP. Outra limitação é a ausência de comparação direta com outros tratamentos farmacológicos para obesidade, como semaglutida ou liraglutida, que também demonstraram eficácia na melhora de parâmetros metabólicos e na perda de peso. Por fim, a ausência de randomização na alocação dos tratamentos limita ainda mais a robustez do estudo. Estudos futuros poderiam abordar essas limitações incluindo amostras maiores, períodos de acompanhamento mais longos e comparações com outros tratamentos para obesidade.

Apesar dessas limitações, os resultados deste estudo fornecem, pela primeira vez na literatura, evidências que apoiam o uso da TZP em pacientes com obesidade e hipogonadismo metabólico. A melhora nos níveis séricos de testosterona observada após apenas dois meses de terapia é particularmente notável. O mecanismo de ação duplo da TZP, atuando sobre a obesidade e a disfunção metabólica, torna-a uma opção terapêutica promissora para essa população de pacientes. Ao melhorar tanto os parâmetros metabólicos quanto os níveis hormonais gonadais, a TZP pode ajudar a reduzir o risco de desenvolvimento de DM tipo 2 e outras complicações relacionadas à obesidade, melhorando, em última análise, os desfechos clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.

Conclusão

Em conclusão, a TZP representa um tratamento inovador e eficaz para pacientes com obesidade e hipogonadismo metabólico. As melhorias observadas na composição corporal, disfunção erétil, equilíbrio hormonal e comportamento alimentar desordenado sugerem que a TZP pode oferecer uma abordagem mais abrangente para o manejo da obesidade e de sua disfunção metabólica associada. Estudos adicionais, com amostras maiores e períodos de acompanhamento mais longos, são necessários para confirmar esses achados e determinar os benefícios de longo prazo da TZP nessa população de pacientes. Se confirmados, os resultados deste estudo indicam que a TZP pode se tornar uma ferramenta essencial no tratamento do hipogonadismo metabólico em pacientes com obesidade, oferecendo uma estratégia inovadora para lidar com a complexa interação entre obesidade, disfunção metabólica e desequilíbrios hormonais.


“Compartilhar é se importar”
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
twitter: @albertodiasf instagram: diasfilhoalberto
Embaixador das Comunidades Médicas de Endocrinologia - EndócrinoGram e DocToDoc

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Os argumentos de quem condena a resolução do CFM que proíbe a prescrição de anabolizantes para fins estéticos

 










Autor: Dr. Luis Henrique Leite
Médico Cardiologista - CRM/SP: 179.103 | RQE: 84964



terça-feira, 3 de novembro de 2020

Reposição de testosterona em mulheres - Por Dr. Bruno Halpern

É muito comum receber pacientes mulheres jovens em uso de reposição de testosterona, após algum médico dizer-lhe que seus níveis estavam muito baixos. No entanto, precisamos questionar essa indicação, por vários motivos.

Em primeiro lugar, os ensaios laboratoriais para dosagem de testosterona foram aprimorados ao longo dos anos para medir níveis altos (masculinos). Assim, esses ensaios tendem a ser falhos quando dosam níveis baixos e não existe um valor inferior do método bem definido, abaixo do qual poderíamos fazer um diagnóstico de deficiência de testosterona em mulheres. Além disso, é preciso se questionar: qual seria a causa da testosterona baixa? Em mulheres com ciclos menstruais preservados, sem alterações no ovário, é improvável que haja alguma que justifique. Na verdade, há sim uma causa: uso de anticoncepcionais com poder anti-androgênico maior (isto é, q iniba mais a testosterona). Nesse caso, porém, se a mulher tiver alguma queixa específica, a melhor solução seria a troca de anticoncepcional e não a reposição de testosterona.

Nesse caso, portanto, a reposição de testosterona antes da menopausa não costuma ser indicada e há riscos de excesso de virilização. Dosar testosterona em mulheres serve para quando suspeitamos de níveis altos e não baixos, pelas razões citadas.

Após a menopausa, o uso pode ser recomendado para mulheres com síndrome do desejo sexual hipoativo (q tem critérios diagnósticos que não incluem a dosagem de testosterona), mas atualmente vemos que o uso está exagerado, sem uma indicação clara, e também com riscos de doses excessivas.

Uma diretriz global conclui que não temos estudos para recomendar o uso de testosterona em mulheres antes da menopausa.

O assunto é longo, mas a mensagem principal que quero deixar é: não existe diagnóstico de “testosterona baixa” em mulheres baseados em exames, em nenhuma faixa etária! 

Ref: Davis. Global consensus position statement on the use of testosterone therapy for women. JCEM 2019 #testosterona #reposicaohormonal #menopausa #libidofeminina Ver menos