segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Apadrinhamento e E-books

Mentoria prova de título

Desde que encerrei a Mentoria preparatória para a prova de título, recebi  inúmeros e-mails e mensagens perguntando se teria nova turma nos próximos ano. Infelizmente não. A mentoria que está disponível para os meus afilhados é a com duração de 1 ano, que foi gravada e está em um grupo no Telegram. Ou seja, não farei nova mentoria. O que farei eventualmente é atualizar as mentorias e enviar o PDF caso surja alguma atualizado sobre determinado tema. Ex. Novos Guidelines, novos resumos ou flashcards, Bem como atualização do banco de questões. 

Com relação aos e-book:

  • O Tô na Nutro e agora, continuo vendendo e a aquisição dele é pre-requisito para tentar a vaga de apadrinhamento. Clique aqui.
  • O e-book: Quero ser Nutrólogo, continua disponível para download, gratuitamente. Clique aqui.

Apadrinhamento: novos afilhados

Apadrinhamento, devido a grande quantidade de afilhados (30), em decisão com os outros afilhados, só apadrinharei 5 por ano. Caso queira participar da seleção, clique aqui. 

No momento meus afilhados são:

  1. Adrielly Cunha – Médica em Goiânia – GO: @adriellyocunha
  2. Alexis Souza – Especializando em Nutrologia (USP) em São Paulo – SP
  3. Aline Rocha Lima – Médica Oncologista em São Paulo – SP
  4. Ana Carolina Baminger – Médica em Ji-Paraná – RO: @Anacarolinabaminger
  5. Ana Gabriela De Magalhães – Médica Nutróloga e especialista em Clínica Médica em Divinópolis – MG: @Draanagabriela_Magalhaes
  6. Ana Carolina Miranda – Médica especialista em Endocrinologia em Recife – PE
  7. Ana Paula Pires Lázaro – Médica especialista em Clínica Médica e Endocrinologia em Fortaleza – CE: @Dra_Anapaulalazaro
  8. Camila Duarte Froehner (Monitora) – Médica especialista em Clínica Médica e Nutróloga em Lages – SC – @dra.camila_froehner
  9. Carla Letícia Rigo Grzybowski – Médica especialista em Clínica Médica e Medicina Intensiva em Porto Alegre – RS: @Carlagrzybowski
  10. Caroline Abbud – Médica em São Paulo – SP: @carolineabbud
  11. Claudia Pereira – Médica especialista em Clínica Médica em Brasília – DF.
  12. Edite Magalhães (Monitora) – Médica especialista em Clínica Médica e Nutróloga em Recife – PE – @draeditemagalhaes
  13. Emanoel Junio Eduardo – Médico especialista em Medicina de família e comunidade e especializando em Nutrologia USP – São Paulo – DF: @Emanoelje
  14. Esthefânia Garcia De Almeida – Médica Nutróloga e especialista em Clínica Médica,  Endocrinologia em Araxá – MG: @Draesthefaniagalmeida
  15. Fausto Mota – Médico e Nutricionista em Curitiba – PR
  16. Gabriel Henrique Barbosa – Médico em São Paulo – SP: @drgabrielhbarbosa
  17. Harla Dalferth – Médica Nutróloga em São Paulo – SP
  18. Helena Bacha (Monitora) – Médica especialista em Nutrologia – São Paulo SP
  19. Jhony Willians – Médico Endocrinologista em Maceió – AL – @drjhonywgusmao
  20. Joana Gama do Valle – Médica cirurgiã geral em Vitória – ES. 
  21. Lara Virginia Lordello Melo – Médica especialista em Clínica Médica em São Paulo – SP: @Lara_Lordello_Melo
  22. Lia Bataglini – Médica especialista em Nutrologia – São Paulo SP
  23. Lilian Rocha – Médica especialista em Clínica Médica e Medicina Intensiva no Rio de Janeiro – RJ. 
  24. Lourdes Menezes – Médica especialista em Clínica Médica em São Paulo – SP: @Lourdes.Menezes__
  25. Márcio José de Souza – Nutricionista e Profissional de Educação física – Joinville – SC
  26. Marta Maria Coelho De Sousa –Médica em São Paulo – SP: @Marta.Coelhoo
  27. Rodrigo Serrano – Médico em João Pessoa – PB – @rodserranoandrade
  28. Rodrigo Lamonier – Nutricionista e Profissional de Educação física – Goiânia – GO. @rodrigolamoniernutri
  29. Paulo Victor Quinan – Médico Residente de Oncologia clínica – Goiânia – GO
  30. Theresa Cristina Leo – Médica Ginecologista/Obstetra e Nutróloga – Vitória – ES

Salada 30: Salada Vietnamita da Carol Morais

Primeiramente, quem é Carol Morais ?

Carol Morais é uma nutricionista, culinarista, que trocou o jaleco pelo avental nos idos de 2012. Natural de Goiânia, com forte influência da culinária Goiânia, porém, lapidada pelo Recipease de Jamie Oliver,  em Brighton na Inglaterra, posteiormente foi fez curso no Natural Institute Gourmet de Nova York - EUA. Com seu projeto de viagens e gastronomia particiou de oficinas no Blue Elephant e Bangkok - Thailandia, HOI AN, Historic Hotel noVietnã e na Cooking and Nature  de Alvados - Portugal. 

Foi a primeira nutricionista com quem trabalhei. Nos conhecemos em 2009 através do finado Twitter e foi amor à primeira vista. Virou minha sócia, aprendi muito sobre Nutrição comportamental com ela. Dividimos consultório até ela trocar o jaleco pelo avental. Seguimos amigos. 

Em 2014 lançou o seu livro Projeto Verão para a vida toda pela editora Memória visual. Um livro cheio de fotos, receitas, insights. E algo que aprendi com a Carol na época do consultório, foi sobre o poder da crocância. Então, antes de apresentar a salada da Carol, vamos conversar sobre algo viciante? A crocância. 

O poder do Croc

A crocância tem um poder desproporcional na experiência de uma salada e foi isso que a Carol me ensinou e reforçava com os pacientes. O primeiro impacto é sensorial: a "fratura" rápida dos alimentos crocantes gera micro-vibrações percebidas pelos mecanorreceptores dos dentes e do periodonto, sinalizadas pelo trigêmeo. Esse estímulo tátil intenso “acorda” a boca, amplificando a percepção de frescor e vitalidade do prato. Não é só “barulho”: é uma via somatossensorial que aumenta atenção e prazer.

A via auditiva vem logo atrás. O som nítido do “croc” funciona como um marcador de qualidade, provavelmente o nosso cérebro associa sons secos a alimentos frescos e seguros, ou seja, não estão murchos. Esse acoplamento som-sabor (crossmodalidade) intensifica doçura, acidez e aromas, tornando a salada mais interessante sem precisar de mais sal, açúcar ou gordura. Ou seja, a crocância ajuda a modular sabor com menos calorias.

Há também uma via cognitiva de expectativa. Texturas crocantes comunicam “feito na hora”, “hortaliça tenra” e “ingrediente bem cuidado”, reduzindo a sensação de dieta restritiva. Essa narrativa positiva abaixa resistência hedônica e aumenta adesão: o paciente que gosta da salada repete o hábito. Em nutrição comportamental dizemos que prazer é terapia, prazer é terapêutico.

Pelo lado fisiológico, a crocância estende o tempo de mastigação e de exposição oral (oro-sensory exposure). Mastigar mais ativa respostas cefálicas: salivação, liberação antecipatória de enzimas e um começo de saciedade antes mesmo de o alimento chegar ao estômago. Quem mastiga mais, come mais devagar e, em média, come um pouco menos. Come com mais prazer.

A via mecânica e gástrica complementa esse efeito. Partículas maiores e com estrutura mais rígida exigem trituração mais longa e formam um bolo alimentar que promove distensão gástrica progressiva. Isso favorece sinais de plenitude via vago e hormônios como CCK, contribuindo para parar no “suficiente”. Crocância, aqui, vira ferramenta de controle de porção.

40 dicas de Crocantes

Do ponto de vista metabólico, os elementos crocantes certos sementes, nozes, grãos tostados, leguminosas assadas ou desidratadas, trazem fibras e gorduras insaturadas. Essa dupla desacelera o esvaziamento gástrico, modula a resposta glicêmica e mantém saciedade por mais tempo. Em vez de croutons ultraprocessados, pense em alguma das 40 dicas abaixo:

  1. Milho crocante
  2. Nozes trituradas 
  3. Amêndoas trituradas ou laminadas
  4. Castanha de caju trtiruada
  5. Baru triturado
  6. Grão-de-bico crocante
  7. Croutons integrais com os mais diversos temperos
  8. Chips: abobrinha, batata doce, mandioca, beterraba, batata inglesa, cenoura, berinjela, maçã
  9. Lentilha assada crocante
  10. Edamame torrado
  11. Quinoa puff (quinoa crocante)
  12. Nozes Pecãs picadas
  13. Pistache sem casca
  14. Amendoim torrado
  15. Sementes de abóbora (pepitas)
  16. Sementes de girassol
  17. Gergelim tostado
  18. Coco chips sem açúcar
  19. Cebola crispy (assada)
  20. Alho laminado crocante
  21. Rabanete fatiado fino (cru)
  22. Pepino (em cubos ou lâminas)
  23. Cenoura (em palitos ou fitas)
  24. Aipo/salsão (em bastões)
  25. Pimentão cru (tiras finas)
  26. Maçã verde (cubos finos)
  27. Pera firme (lâminas)
  28. Repolho roxo fatiado bem fino
  29. Acelga (principalmente os talos)
  30. Brócolis cru (talos cortados em cubos)
  31. Couve-flor crua (floretes pequenos)
  32. Ervilha-torta crua
  33. Broto de feijão (moyashi)
  34. Nabo (lâminas finas)
  35. Endívia ou radicchio (folhas)
  36. Alga nori torrada (tiras)
  37. “Fricco” de parmesão (queijo crocante)
  38. Provolone crocante
  39. Tofu crocante assado ou feito na irfryer
  40. Tempeh crocante em cubinhos

Dica saudável: muitos desses crocantes podem ser feitos na air fryer, a uma temperatura menor, porém com tempo maior. Há também a opção de usar desidratador. 

Existe também a via da variedade e da saciedade específica por sabor. A monotonia sensorial acelera a “fadiga” do paladar; contrastes de crocante-cremoso, ácido-doce e frio-morno mantêm o interesse até a última garfada. Isso reduz a busca por “compensações” calóricas logo após a refeição. Textura é estratégia contra o tédio alimentar. Ou seja, croc faz toda diferença. 

Snap e dressing

Na engenharia culinária da crocância, falamos em atividade de água (aw) e em estrutura. Folhas bem secas antes do molho preservam a rigidez; tostar sementes a baixa-média temperatura cria paredes celulares firmes sem queimar. Empanar em farinha de aveia integral, usar pão 100% integral para croutons ou polvilhar gergelim ou oleaginosas tostadas garantem “snap” mesmo com dressing.

Mas o que é Snap?

Consiste na quebra seca e audível (o croc) que sentimos ao morder. 

E o que seria o dressing? 

“Dressing” em culinária é o molho da salada, a mistura que dá sabor, suculência e “liga” aos ingredientes. 

Já falamos sobre isso na parte introdutória da séria de séries, em 2022, mas vale relembrar. Um molho tem como função na salada: temperar, umedecer sem encharcar, ajudar a aderir temperos e aromáticos, equilibrar acidez/doçura/sal/umami e melhorar a textura da salada na boca. Sendo que a estrutura clássica de um molho é composta geralmente por gordura + ácido + temperos.

  • Gordura: azeite, óleos de sementes, maionese, iogurte, tahine.
  • Ácido: vinagre (vinho, maçã, arroz), suco de limão/lima, tamarindo.
  • Temperos: sal, pimenta, ervas, alho, mostarda, mel, missô, parmesão, anchova etc.

A tostagem cria uma estrutura quebradiça e concentra óleos naturais do gergelim (hidrofóbicos) e das outras oleaginosas, que retardam a umidade do molho. Como são peças pequenas e rígidas, mantêm o “snap” mais tempo do que, por exemplo, croutons finos já molhados.

Como fazer e usar (rápido) uma tostagem para manter a crocância:

  • Aqueça frigideira sem óleo em fogo médio.
  • Adicione o gergelim (branco e/ou preto) e mexa sempre até perfumar e começar a dourar.
  • Esfrie completamente (fica mais crocante).
  • Polvilhe por último, já com a salada montada e temperada.

Dicas extras pra preservar a crocância:
  • Seque bem as folhas antes do molho.
  • Use um molho espesso/emulsionado e coloque só na hora.
  • Combine com outros “crocantes resilientes”: semente de abóbora, amêndoas laminadas tostadas ou trituradas, castanha de caju na forma de xeren, amendoim triturado,  todos mantêm “snap” mesmo após o tempero com o dressing. 

Há ainda a via de contraste térmico e de revestimento. Elementos crocantes adicionados na hora e não misturados muito cedo, evitam hidratação e perda de textura da salada. Servir a salada fria com um dressing morno e  com crocantes (castanhas tostadas na frigideira, cubinhos de tofu selado) intensifica percepção e satisfação com pouca quantidade.

Por fim, crocância educa o paladar. Ao treinar o comer atento (mindful eating) com texturas que “falam” à boca e ao ouvido, o paciente aprende a valorizar sinais de frescor e qualidade. O resultado é uma salada mais saciante, saborosa e nutriente-densa, construída por múltiplas vias: tátil, auditiva, cognitiva, mastigatória, gástrica e metabólica. 

Crocância não é enfeite é ferramenta clínica e culinária que todo Nutrólogo e Nutricionista tem obrigação de conhecer. Então hoje vamos de salada com crocância.  Nada melhor que a salada Vietnamita que está no livro da minha amiga Carol Morais.

Ingredientes: 
1 pires de manga verde cortada espaguetada
1 pires de cenoura espaguetada
1 pires de pepino fatiado em meia lua ou espaguetado
1 colher de sopa de cebola roxa fatiada em meia lua
1 colher de sopa de amendoim torrado sem casca
Sal a gosto
Mel ou açúcar de coco ou mascavo
Limão tahiti
Água filtrada 2 colheres de sopa
Molho de peixe ou Shoyo sem glutamato monossodico

Modo de preparo: 
É importante ao fazer o molho ir adicionando aos poucos cada ingrediente, de maneira a equilibrar os sabores. Na boca se deve perceber um pouquinho de cada ou o seu preferido. 

Misturar os ingredientes de tempero com a água separadamente e reservar. 
Misturar os vegetais , a manga e a cebola, regar com o molho, mexer para ele "banhar" os ingredientes e só depois finalizar com o amendoim torrado, favorecendo o Snap.

Para acessar todo o arquivo de salada: 

Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã:

https://www.nutrologogoiania.com.br/salada-1-berinjela-com-castanha-do-para-ou-castanha-do-brasil-uva-passa-e-hortela

Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico:

http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0

Salada 3: Salada de inverno de rúcula:

https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html

Salada 4: Salada com legumes assados:

https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html

Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:

https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html

Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html

Salada 7: Salada cítrica de grão de bico:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html

Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate:

https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html

Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas:

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0

Salada 10: Salada com molho homus

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html

Salada 11: Salada de atum crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html

Salada 12: Trigo cozido com especiarias

https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html

Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel

https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html

Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html

Salada 15: Salada Waldorf

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html

Salada 16: Salada de inverno cítrica

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html

Salada 18: Salada Grega

https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html

Salada 19: Salada de Chicória (escarola) com páprica defumada

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-19-salada-de-chicoria-escarola.html

Salada 20: Salada de chicória com tahine

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-20-salada-de-chicoria-com-tahine.html

Salada 21: Salada de chicória com tofu amassado

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-21-salada-de-escarola-com-tofu.html

Salada 22: Tabule tradicional

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-22-tabule-tradicional.html

Salada 23: Salada Natalina em formato de guirlanda

https://www.ecologiamedica.net/2024/12/salada-23-salada-guirlanda-natalina.html

Salada 24: Salada coleslaw (salada de repolho americana)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-24-salada-coleslaw-salada-de.html

Salada 25: Salada Thai de bifum (salada oriental)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-25-salada-thai-de-bifum-salada.html

Salada 26: Salpicão vegano com veganese

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-26-salpicao-vegano-com-veganese.html

Salada 27: Salada de salmão grelhado com rúcula e feijão branco

https://www.ecologiamedica.net/2025/04/salada-27-salada-de-salmao-grelhado-com.html

Salada 28: Salada Niçoise ou Salada Francesa

https://www.ecologiamedica.net/2025/05/salada-28-salada-nicoise-ou-salada.html

Salada 29: Salada italiana de batatas

https://www.ecologiamedica.net/2025/08/salada-29-salada-italiana-de-batatas.html

Salada 30: Salada Vietnamita da Carol Morais:

https://www.ecologiamedica.net/2025/09/salada-vietnamita_15.html

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE11915
Gostou dessa salada e quer ter acesso ao meu drive com mais de 500 receitas saudáveis clique aqui. 

No dia do Nutrólogo: A história da Nutrologia na América Latina



Hoje é comemorado o dia do Nutrólogo, essa especialidade linda que escolhi seguir. Mesmo com todas as dificuldades.

Então para comemorar esse dia, trago para vocês um vídeo que meu amigo Dr. Pedro Dal Bello fez sobre a História da Nutrologia. Pouca gente sabe que ela foi reconhecida oficialmente como especialidade médica em 1978 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). Nosso orgão órgão representativo é a ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), fundada em 1973 por um grupo de médicos interessados em difundir a ciência da nutrição aplicada à prática clínica. Desde então, a Nutrologia se consolidou como área dedicada a:

  • Diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças relacionadas à ingestão inadequada de nutrientes.
  • Orientação sobre suplementação, dietas especiais e terapias nutricionais.
  • Apoio em casos de obesidade, desnutrição, doenças crônicas, envelhecimento e performance esportiva.

Caso você tenha interesse em saber mais sobre a história da Nutrologia, te convido a ler um texto da minha autoria, que está no site do Movimento Nutrologia Brasil. 

https://movimentonutrologiabrasil.com.br/a-historia-da-nutrologia/


domingo, 14 de setembro de 2025

Pular o café da manhã e jantar tarde estão associados ao risco de fratura

Pular o café da manhã, já associado a várias implicações potenciais para a saúde, e o jantar tarde estão associados a outro risco importante: fratura óssea, mostrou uma nova pesquisa.

“Nosso estudo é o primeiro a sugerir que pular o café da manhã e jantar tarde foram independentemente associados a um maior risco de fratura osteoporótica, além dos fatores de risco convencionais, usando um banco de dados de sinistros em larga escala”, relataram os autores no estudo , publicado este mês no Journal of the Endocrine Society .

As descobertas são de um grande estudo de coorte que avaliou hábitos de estilo de vida e dados de fraturas de 927.130 participantes, com idade média de 66,6 anos, em um grande banco de dados de alegações de saúde japonês.

Durante um acompanhamento médio de 2,6 anos, no geral, ocorreram 28.196 fraturas osteoporóticas graves na coorte, para uma taxa de incidência de 10,8 fraturas por 1.000 pessoas-ano.

Após o ajuste para fatores de risco multivariados e convencionais, a omissão do café da manhã foi significativamente associada a um risco aumentado de diagnóstico de fratura osteoporótica, incluindo fraturas de quadril, antebraço distal, vertebral e umeral (razão de risco [HR], 1,18), assim como jantar tarde (HR, 1,08).

Os hábitos de café da manhã e jantar, juntamente com o tabagismo (HR, 1,11), tiveram as associações mais fortes com fratura osteoporótica em comparação com outros hábitos de estilo de vida, incluindo exercícios (HR, 0,99), sono adequado (HR, 0,95), uso de álcool (HR, 0,91) e marcha rápida (HR, 0,84).

Vale ressaltar que os participantes que relataram pular o café da manhã e jantar tarde representaram os participantes mais jovens do estudo, com uma idade média de 52,3 anos, enquanto aqueles que relataram não pular o café da manhã ou jantar tarde foram os mais velhos, com uma idade média de 67,2 anos.

Aqueles que omitiram o café da manhã e jantaram tarde também apresentaram o IMC mediano mais alto (23,7), enquanto aqueles que não relataram nenhum dos hábitos apresentaram o IMC mediano mais baixo, de 22,9.

Pessoas que pulam o café da manhã apresentam taxas mais altas de outros hábitos de vida pouco saudáveis
O grupo que pulou o café da manhã/jantou tarde apresentou outros hábitos de vida pouco saudáveis, incluindo a maior proporção de fumantes atuais (42,6%) e bebedores diários (56,3%), e a menor proporção de indivíduos com hábitos regulares de exercícios (23,2%) e sono suficiente (56,3%) em comparação com os outros grupos.


Pesquisas anteriores sugeriram que pular o café da manhã e jantar tarde estão associados à obesidade , diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, e pular o café da manhã também foi associado à menor densidade mineral óssea e ao risco de fratura.

No entanto, o novo estudo é o primeiro a relacionar hábitos de jantar tarde a um risco maior de fratura osteoporótica.

Com estudos anteriores avaliando alimentação com restrição de tempo mostrando que uma janela de alimentação de 12 horas resulta em maior estresse oxidativo e menor sensibilidade à insulina em comparação com uma janela de alimentação de 6 horas, os autores especularam que “jantares tardios podem contribuir para níveis elevados de cortisol e estresse oxidativo, afetando potencialmente o metabolismo ósseo e contribuindo para o risco de osteoporose ”.

Vale ressaltar que outros estudos mostraram que aqueles que pulam o café da manhã têm menor ingestão de vitamina D e cálcio e níveis séricos mais baixos de 25-hidroxivitamina D do que aqueles que consomem café da manhã, sugerindo que a deficiência de vitamina D devido à falta de ingestão de café da manhã pode influenciar no aumento do risco de fraturas osteoporóticas, disseram os autores.

Considerando a pesquisa existente, o primeiro autor Hiroki Nakajima, MD, PhD, do Departamento de Diabetes e Endocrinologia da Universidade Médica de Nara em Kashihara, Japão, observou que “não fiquei surpreso porque estudos anteriores mostraram que [pular o café da manhã] pode afetar a densidade mineral óssea”.

“Por outro lado, foi surpreendente que jantar tarde fosse prejudicial à saúde óssea”, disse Nakajima ao Medscape Medical News , acrescentando que “é fácil imaginar que também seja ruim para obesidade e diabetes”.

Teorias sobre como o hábito regular de jantar tarde pode ter um papel no risco de fratura incluem que "jantar tarde pode deteriorar a qualidade do sono e o ritmo circadiano, que é essencial para manter a saúde óssea", explicou Nakajima.

Embora o estudo tenha envolvido uma coorte japonesa, Nakajima disse que as descobertas poderiam ser aplicadas a populações mais amplas.

“Considerando tais mecanismos, o impacto de hábitos alimentares pouco saudáveis ​​pode ser universal entre diferentes raças”, disse Nakajima. “É claro que a magnitude desse impacto pode ser influenciada por fatores como composição alimentar e histórico genético.”

Além disso, "esses padrões alimentares muitas vezes se combinam com outros comportamentos adversos — como fumar, baixa atividade física e sono insuficiente, por isso é importante manter a conscientização sobre a melhoria gradual dos hábitos gerais de estilo de vida, mesmo que pouco a pouco", disse Nakajima.

Mais estudos necessários

Comentando sobre a pesquisa, Emma Billington, MD, professora assistente adjunta na Escola de Medicina Cumming, Universidade de Calgary, em Alberta, Canadá, observou que, embora muitos estudos observacionais tenham vinculado padrões alimentares saudáveis ​​com a densidade mineral óssea e benefícios no risco de fraturas, "até onde sei, este é o primeiro grande estudo observacional que demonstra que o horário das refeições também pode estar associado ao risco de fraturas".

Embora levantem algumas questões complexas, as descobertas sugerem uma possível ligação entre o horário das refeições e a reabsorção óssea, ela especulou.

"Como foi demonstrado que o consumo de uma refeição suprime marcadores de reabsorção óssea (como o C-telopeptídeo), pode-se levantar a hipótese de que intervalos maiores de jejum entre as refeições, e particularmente antes do café da manhã, podem estar associados ao aumento da renovação óssea", disse Billington, que também é médico avaliador e médico líder da Associação Médica de Alberta.

“No entanto, sem mais informações sobre a ingestão de nutrientes da população neste estudo, não é possível saber se as associações com o risco de fratura são devidas ao horário das refeições ou talvez relacionadas à ingestão diferente de nutrientes entre aqueles que frequentemente pulam o café da manhã e/ou jantam tarde.”

No geral, “este é um estudo interessante e gerador de hipóteses, embora seja importante confirmar as descobertas em outras populações e outros grupos grandes”, disse ela.

O estudo foi financiado pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão. Os autores não tinham interesses a declarar. Billington recebeu uma bolsa da Dairy Farmers of Canada, com financiamento administrado pela Universidade de Calgary.

Artigo: Hiroki Nakajima, Yuichi Nishioka, Yuko Tamaki, Fumika Kamitani, Yukako Kurematsu, Sadanori Okada, Tomoya Myojin, Tatsuya Noda, Tomoaki Imamura, Yutaka Takahashi, Dietary Habits and Osteoporotic Fracture Risk: Retrospective Cohort Study Using Large-Scale Claims Data, Journal of the Endocrine Society, Volume 9, Issue 9, September 2025, bvaf127, https://doi.org/10.1210/jendso/bvaf127

Fermentados na prática clínica: kefir, iogurte e kombucha





Os alimentos fermentados como kefir, iogurte e kombucha têm ganhado destaque devido ao seu potencial impacto na saúde, especialmente pela modulação da microbiota intestinal e efeitos metabólicos. 

O termo “prebiotic sodas” também está se popularizando, mas ele não é reconhecido na literatura médica tradicional; trata-se de uma denominação comercial recente para bebidas que alegam conter fibras prebióticas e culturas vivas, mas não há consenso ou padronização científica sobre sua composição ou benefícios, diferentemente dos alimentos fermentados clássicos.

O kefir e o iogurte são os fermentados mais estudados. Ambos contêm culturas vivas de bactérias e leveduras, capazes de sobreviver ao trânsito gastrointestinal e exercer efeitos benéficos, como aumento da diversidade microbiana, reforço da barreira epitelial e modulação da resposta imune. 

Estudos clínicos indicam benefícios em parâmetros metabólicos (glicemia, perfil lipídico, pressão arterial) e redução de marcadores inflamatórios em populações com síndrome metabólica, hipertensão e síndrome do intestino irritável. 

O kefir, especificamente, mostrou melhor tolerabilidade em pacientes com intolerância à lactose e potencial aumento da taxa de erradicação do Helicobacter pylori quando associado à terapia antibiótica, com menos efeitos adversos gastrointestinais.

No entanto, apesar dos achados promissores, a literatura destaca que os estudos clínicos disponíveis são heterogêneos, de curta duração e com amostras pequenas, o que limita a generalização dos resultados. 

Não há evidências robustas para recomendar o uso de fermentados exclusivamente para tratamento de condições gastrointestinais comuns, e os efeitos benéficos parecem ser mais consistentes em modelos experimentais e estudos observacionais do que em ensaios clínicos randomizados de alta qualidade.

O kombucha, embora amplamente consumido e associado a propriedades antimicrobianas, imunomoduladoras e antioxidantes em estudos in vitro e animais, carece de ensaios clínicos randomizados em humanos que comprovem benefícios específicos para saúde gastrointestinal ou metabólica. A literatura aponta a necessidade de estudos clínicos bem desenhados para confirmar os efeitos observados em modelos experimentais.

Epidemiologicamente, dietas ricas em alimentos fermentados estão associadas a menor risco de doenças metabólicas, cardiovasculares e mortalidade, mas essas associações não estabelecem causalidade. Por outro lado, há evidências de que o consumo elevado de fermentados de soja pode aumentar o risco de câncer gástrico, destacando a importância do tipo de alimento fermentado e do contexto populacional.

Em resumo, kefir e iogurte apresentam evidências clínicas moderadas de benefícios metabólicos e gastrointestinais, enquanto o kombucha e bebidas comercialmente denominadas “prebiotic sodas” ainda carecem de validação científica robusta. O consenso atual é que alimentos fermentados podem ser parte de uma estratégia nutricional saudável, mas não substituem terapias convencionais e não devem ser recomendados como tratamento exclusivo para doenças gastrointestinais ou metabólicas até que haja evidências clínicas mais sólidas.

Conclusão 


Eequilíbrio. Kefir e iogurte têm evidência clínica moderada e segurança favorável. Kombucha permanece promissor, porém com lacunas em humanos. “Prebiotic sodas” carecem de padronização e base robusta. Adote fermentados como parte de uma dieta de qualidade. Evite promessas terapêuticas além dos dados disponíveis hoje. 

Maneiras de incorporar esses alimentos:

  • Café da manhã: iogurte natural com mamão, aveia e castanha-do-pará; ou kefir batido com banana e canela.
  • Lanches: copo de kefir com cacau em pó; iogurte comfrutas. 
  • Refeições principais: molho de iogurte com limão e ervas para saladas; marinada de frango ou peixe com iogurte, alho e açafrão. Acompanhamentos: coalhada seca com azeite e zaatar para legumes assados; vinagrete de kefir para acompanhar quibe.
  • Sobremesas leves:  iogurte com granola caseira pouco açucarada; kefir gelado com morango amassado.
  • Culinária regional: iogurte em substituição parcial da maionese no salpicão; kefir em panquecas integrais; kombucha pasteurizado como “spritz” sem álcool diluído com água com gás e rodelas de limão.

Estratégia de adesão: orientar porções diárias, preferir versões naturais, ler rótulos, e iniciar gradualmente para avaliar tolerância, já que é comum na minha prática clínica, relatos de pacientes que tem sintomas digestivos agravados com a utilização, principalmente de Kombucha. 


Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui. 

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Saúde mental e doenças cardiovasculares (Consenso Europeu da Sociedade Europeia de Cardiologia)



A relação entre saúde mental e saúde cardiovascular é bidirecional, contínua e com impacto clínico mensurável. Depressão, ansiedade e TEPT elevam risco de DCV incidente e pioram desfechos em quem já tem doença estabelecida. 

O documento pede mudança cultural: integrar a saúde mental ao cuidado CV centrado na pessoa. Recomenda também avaliar risco CV de quem trata transtornos mentais, e rastrear sintomas mentais em quem está na cardiologia. 

É um Consenso Clínico da ESC, publicado no European Heart Journal em 2025 e endossado por sociedades de psiquiatria e psicologia. A diretriz não substitui julgamento clínico, mas orienta caminhos práticos. Sociedade Europeia de Cardiologia+3Sociedade Europeia de Cardiologia+3Oxford Academic+3

A fisiopatologia do “eixo mente-coração” envolve hiperatividade HHA, hiper-reatividade simpática e variabilidade autonômica reduzida. Somam-se inflamação de baixo grau, ativação plaquetária e disfunção endotelial, que facilitam aterogênese e arritmias. Dor, dispneia e limitação funcional alimentam ruminação e hipervigilância somática. 

Polifarmácia, interações e efeitos colaterais psiquiátricos ou cardiometabólicos aumentam a complexidade do cuidado. Adesão fragilizada, isolamento e barreiras de acesso pioram prognóstico. Por isso a ESC propõe integrar avaliação, prevenção e tratamento em fluxos coordenados.

No nível populacional, fatores psicossociais perigosos isolamento social, pressões financeiras, estresse no trabalho, desemprego e discriminação elevam risco de DCV. O Consenso orienta reconhecer e pesquisar ativamente tais fatores durante consultas, informar e encaminhar quando necessário, e advogar por mudanças sistêmicas. Em paralelo, indicadores de saúde mental positiva otimismo, felicidade, alta satisfação com a vida associam-se a um menor risco CV. Integrar promoção de bem-estar aos programas de prevenção é parte do escopo. Sociedade Europeia de Cardiologia

Em indivíduos sem DCV conhecida, depressão, ansiedade e TEPT estão associados a maior risco de desenvolver DCV. A recomendação prática é incorporar o rastreio desses transtornos à avaliação de risco cardiovascular. 

Assim, prevenção CV não deve se limitar a fatores “clássicos”, mas incluir estressores psicossociais e sintomas psiquiátricos. Isso ajuda a adaptar mensagens, intensificar intervenções de estilo de vida e, quando indicado, encaminhar para manejo especializado. Profissionais têm responsabilidade compartilhada de reconhecer, pesquisar e agir. Sociedade Europeia de Cardiologia

Nos portadores de DCV, condições de saúde mental são altamente prevalentes e clinicamente relevantes. O documento ressalta que depressão e ansiedade são frequentes, frequentemente subdiagnosticadas e associadas a maior mortalidade, reinternação e pior qualidade de vida. TEPT induzido por evento cardíaco também é significativo e vincula-se a piores desfechos. Estresse crônico e solidão devem ser pesquisados e motivar encaminhamento quando presentes. Em suma, avaliar e tratar saúde mental melhora adesão e pode influenciar desfechos duros. Sociedade Europeia de Cardiologia

Cuidadores informais também adoecem: sobrecarga, ansiedade, depressão e TEPT ocorrem e repercutem na trajetória do paciente. O Consenso orienta que fluxos assistenciais incluam triagem e suporte ao bem-estar de cuidadores. 

Avaliar demandas, educar sobre sinais de alerta e ofertar intervenções breves ou encaminhamento especializado pode reduzir estresse e melhorar a adesão do binômio paciente-cuidador. Essa abordagem sistêmica favorece mudanças sustentáveis de estilo de vida e o seguimento terapêutico. Sociedade Europeia de Cardiologia

Para operacionalizar a integração, a ESC propõe a “Psycho-Cardio Team”: equipe multidisciplinar que inclui cardiologia, enfermagem, psicologia e/ou psiquiatria. O objetivo é orientar triagem, apoio e manejo, garantindo continuidade com a Atenção Primária. Como guia prático, adotar os princípios ACTIVE: Acknowledge, Check, Tools, Implement, Venture, Evaluate. Eles ajudam a transformar o cuidado diário, tornando-o centrado na pessoa, com monitoramento de progresso em desfechos psicológicos e cardiovasculares. Sociedade Europeia de Cardiologia+2Sociedade Europeia de Cardiologia+2

Rastreamento

Rastreamento: “o quê, quando e com quais instrumentos?”. O Consenso sugere baixa barreira para triagem em cardiologia. Após novo diagnóstico CV, evento/procedimento, pelo menos uma vez no seguimento e sempre que o julgamento clínico indicar. Como porta de entrada, medidas de 2 itens (Whooley, PHQ-2, GAD-2) e, se positivas, instrumentos mais longos validados (PHQ-9, GAD-7). Essa rotina padroniza o reconhecimento precoce e orienta a intensidade do manejo. Sociedade Europeia de Cardiologia+1

Quanto ao desempenho dos instrumentos breves, a ESC sumariza propriedades psicométricas úteis à prática. Os dois itens de Whooley oferecem alta sensibilidade para depressão, enquanto PHQ-2 e GAD-2 também têm sensibilidade elevada, com especificidades moderadas. Em ambientes cardiológicos, prioriza-se não perder casos; por isso, a estratégia em dois passos é adequada: triagem sensível, seguida de escala diagnóstica/gravidade para confirmar e estratificar. Definir ferramenta padrão melhora reprodutibilidade e fluxo. Sociedade Europeia de Cardiologia

O manejo recomendado segue um modelo de “stepped care”, graduando intensidade segundo preferência, gravidade e recursos. Degraus podem ir de psicoeducação e autotratamento guiado até psicoterapias estruturadas e farmacoterapia, com revisões programadas e referência a especialistas quando necessário. A equipe define quem avalia, quando e como, pactua metas e acompanha sintomas e adesão. Evidência para reduzir MACE é limitada, mas há ganhos consistentes em depressão, ansiedade e qualidade de vida. Sociedade Europeia de Cardiologia+1

Intervenções não farmacológicas são pilares: psicoeducação, terapia cognitivo-comportamental, manejo do estresse (mindfulness, relaxamento), higiene do sono e prescrição social (arte, música, natureza). Na reabilitação cardíaca, exercício supervisionado melhora sintomas depressivos/ansiosos e bem-estar. Cessação do tabagismo exige combinação de farmacoterapia e suporte comportamental. Abordagens multimodais e iterativas, ancoradas na aliança terapêutica, aumentam aderência e manutenção de mudanças. 

Tratamento Farmacológico

Farmacoterapia: ISRS/IRSN são preferidos como primeira linha em depressão/ansiedade/TEPT em pacientes com DCV, balanceando riscos, interações e efeitos sobre ritmo e condução. Evitar tricíclicos quando possível, pelo potencial de prolongar QTc e efeitos anticolinérgicos. Benzodiazepínicos devem ser usados com cautela e por curto prazo, para evitar sedação, quedas e dependência. A decisão é individualizada, coordenada entre cardiologia e psiquiatria, com ECG quando houver risco de QTc. 

Transtorno mental grave (TMG) esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão maior recorrente grave implica risco CV substancialmente maior. O documento recomenda rastrear sistematicamente fatores de risco CV em todas as fases, avaliar risco antes de antipsicóticos e monitorar arritmias. Diferentes antipsicóticos variam na propensão a ganho ponderal, dislipidemia e hiperglicemia; alguns prolongam QTc, exigindo ECG antes e após início. A gestão requer vias assistenciais específicas e colaboração estreita. Sociedade Europeia de Cardiologia+1

O Consenso traz fluxos para TMG e arritmias: excluir causas médicas, tratar arritmias conforme diretrizes ESC, checar fatores pró-arrítmicos e monitorar QT se usar fármacos que o prolonguem. Em taquicardia sinusal persistente e sintomática, considerar betabloqueador; para FA, seguir profilaxia tromboembólica e controle de ritmo/frequência com cautela a interações. O foco é minimizar riscos iatrogênicos sem privar pacientes de tratamentos psiquiátricos eficazes. Sociedade Europeia de Cardiologia

Populações e situações específicas demandam personalização. Mulheres apresentam gatilhos de estresse mais ligados a SCA e maior prevalência de Takotsubo. Idosos e frágeis sofrem com multimorbidade, polifarmácia e maior risco de interações; recomenda-se avaliação geriátrica multidomínio e de-prescrição quando possível. Privação socioeconômica, migração/refúgio e cardio-oncologia trazem barreiras adicionais; intervenções comunitárias e de política pública são parte da solução. Sociedade Europeia de Cardiologia

Lacunas de evidência permanecem: falta definir protocolos ótimos de triagem (timing/frequência), algoritmos baseados em screening e custo-efetividade. Precisamos de ECRs para intervenções psicológicas e de atividade física em DCV + transtornos mentais, estratégias efetivas de mudança comportamental e modelos colaborativos escaláveis. Segurança/eficácia de antidepressivos e antipsicóticos em IC e cardio-oncologia merecem pesquisa, assim como recalibrar escores para TMG. Sociedade Europeia de Cardiologia

Implementação prática no consultório/serviço:

1) Adote ACTIVE como “checklist” de cultura e processo.
2) Institua triagem em dois passos (Whooley/PHQ-2/GAD-2 → PHQ-9/GAD-7 se positivo) após eventos CV, anualmente e sob suspeita clínica.
3) Estruture “stepped care” com psicoeducação, TCC, reabilitação cardíaca, cessação tabágica e, quando indicado, farmacoterapia compartilhada.
4) Mapeie e apoie cuidadores.
5) Formalize a Psycho-Cardio Team com papeis definidos e vias de referência.
6) Monitore desfechos psicológicos e CV. Sociedade Europeia de Cardiologia+1

Referências: Consenso Clínico ESC 2025 (EHJ, doi:10.1093/eurheartj/ehaf191), slides e Essential Messages oficiais, press-release da ESC

sábado, 13 de setembro de 2025

Hara hachi bu na prática clínica



Conceito clínico 

Hara hachi bu” é uma heurística alimentar tradicional de Okinawa que recomenda parar de comer quando se está 80% satisfeito. Não é “dieta”, mas uma regra prática para moderar a ingestão e cultivar atenção plena às pistas de fome e saciedade.

Na prática clínica, pode ser enquadrada como intervenção comportamental para reduzir ingestão energética sem contagem rígida de calorias. Na qual o objetivo é evitar a saciedade tardia (quando o estômago já distendeu demais) e, com isso, o excesso calórico. Definição e origem cultural são descritas por centros clínicos e por literatura de longevidade japonesa. 

É uma técnica simples, flexível e cabe no seu cotidiano. Não é dieta da moda: é um hábito que melhora com treino. E, por ser fácil de lembrar, vira um aliado no controle do peso. 

Por que isso importa tanto hoje?

Vivemos cercados por porções grandes, lanches a toda hora e alimentos ultraprocessados que estimulam o “comer no automático”. Um ambiente obesogênico. O resultado costuma ser excesso de calorias sem perceber. 

Hara hachi bu funciona como um “freio de mão” gentil: você come, aprecia, e para antes de ficar estufado, empachado, cheio. Isso reduz a chance de ganhar peso com o tempo. E melhora bem-estar sem sensação de privação.

Um segredo antigo com cara de novidade mas que tem recebido o olhar da ciência

A prática nasceu em Okinawa, no Japão, onde a população sempre valorizou moderação e pratos simples. Em vez de comer até não aguentar mais, a ideia é terminar com leveza. O interessante é que essa regra combina com qualquer estilo alimentar equilibrado. Você pode usá-la com comida brasileira do dia a dia. O foco é como comer, não proibir alimentos para sempre.

Conceitualmente, a prática se apoia em três pilares: 

  1. Ritmo da refeição: Comer mais devagar dá tempo para a integração de sinais mecânicos (distensão gástrica) e hormonais.
  2. Tamanho da porção: Porções menores reduzem a carga calórica mesmo quando o volume percebido é semelhante.
  3. Densidade energética: Alimentos de menor densidade energética (kcal/grama) permitem maior volume com menos calorias.

Esses pilares dialogam com diretrizes de manejo de ingestão e saciedade. No plano fisiológico, a saciedade é produto da integração de aferências vagais e de hormônios intestinais. 

Entre eles, destacam-se CCK, GLP-1 e PYY, liberados em resposta a nutrientes no lúmen intestinal. A velocidade de ingestão modula o tempo de exposição e a liberação hormonal pós-prandial. Comer muito rápido tende a encurtar a janela para esses sinais “chegarem” à consciência.

Já do ponto de vista comportamental, “parar aos 80%” é uma âncora simples para evitar “comer até ficar cheio”. Na prática clínica, isso é traduzível em psicoeducação com escalas subjetivas de fome/saciedade. O foco acaba sendo menos “o que” e mais “como” comer. Ainda assim, a qualidade da dieta sustenta a adesão e os resultados cardiometabólicos. O hara hachi bu funciona melhor quando acoplado a escolhas alimentares densas em nutrientes. 

Estudos clínicos

No Japão, estudos populacionais associaram “comer até ficar cheio” e “comer rápido” com excesso de peso. A combinação desses dois comportamentos mostrou efeito supra-aditivo para sobrepeso em adultos. São dados transversais/coorte, úteis como sinal epidemiológico de risco comportamental. Eles não provam causalidade, mas sustentam a recomendação clínica de reduzir velocidade e volume.

Em coortes japonesas, comer rápido também se associou a piores desfechos cardiometabólicos. Há ligação com maior incidência de diabetes tipo 2 e com maior resistência à insulina. O efeito persiste após ajuste para idade, IMC e outros fatores de confusão. Isso reforça a relevância de intervenções no ritmo da refeição. Tais dados ancoram a plausibilidade clínica do hara hachi bu

Ensaios não testaram “80% vs. 100%” diretamente, mas testaram restrição calórica moderada. O CALERIE (fase 2), RCT multicêntrico de 2 anos em adultos não obesos, reduziu diversos riscos cardiometabólicos. Houve queda sustentada de pressão arterial, LDL-C e relação CT/HDL, entre outros marcadores. A intervenção visou ~25% de restrição e obteve ~12% em média, com segurança global adequada. Análises do CALERIE também avaliaram desfechos de “ritmo de envelhecimento” por epigenética. O ensaio mostrou discreta desaceleração do Pace of Aging por DNAm (DunedinPACE). É efeito pequeno, mas potencialmente significativo em escala populacional. Trata-se de biomarcadores substitutos, ainda sem prova direta de maior longevidade.

No campo do comportamento alimentar, o mindful eating tem meta-análises com efeito modesto em peso. Comparado a não intervenção, há perda pequena mas significativa; frente a dietas convencionais, não difere. O valor surge como suporte à regulação de impulsos e à prevenção de episódios de comer em excesso. Isso encaixa com a ideia do hara hachi bu como “freno” atencional à hiperpalatabilidade.

Ensaios fisiológicos indicam que comer devagar eleva PYY e GLP-1 pós-prandiais em indivíduos saudáveis. Esse perfil hormonal favorece maior saciedade e menor ingestão subsequente. O efeito não é universal, variando por população e desenho experimental. Ainda assim, dá suporte mecanístico ao aconselhamento sobre ritmo da refeição.

Outros estudos mostram heterogeneidade hormonal, mas melhora consistente na percepção de saciedade. Em pessoas com T2D, comer devagar pode aumentar plenitude sem alterar PYY/GLP-1. A literatura converge para “comer devagar reduz ingestão” mesmo com hormônios inconsistentes. O mecanismo pode incluir memória da refeição e sinais corticais de recompensa. 

Manipular densidade energética é alavanca prática para sustentar hara hachi bu. Aumentar água/fibra do prato permite maior volume com menos calorias. Reduzir densidade da refeição seguinte a um “preload” saciante diminui a energia total consumida.

Como o corpo avisa que já chega?

A saciedade não acontece instantaneamente: ela depende de sinais do estômago e do intestino que “conversam” com o cérebro. Esses sinais demoram alguns minutos para aparecer. Se você come muito rápido, a mensagem chega tarde — e a gente passa do ponto. Ao desacelerar, o corpo tem tempo de avisar “estou satisfeito”. Hara hachi bu aproveita exatamente esse timing natural.

Fome, vontade e hábito: não são a mesma coisa

Fome é um sinal físico: estômago roncando, energia baixa, irritação. Vontade é emocional: cheiro bom, imagem atraente, tédio. Hábito é rotina: “sempre repito o prato” ou “sempre como sobremesa”. Quando você distingue esses estados, fica mais fácil parar perto dos 80%. A atenção ao corpo ajuda a fazer escolhas mais conscientes. E isso se melhora com prática.

Passo 1: comece checando sua fome

Antes de cada refeição, pare por 10 segundos e avalie de 0 a 10 quanta fome você sente. Entre 6 e 8, você provavelmente precisa comer uma refeição completa. Entre 3 e 5, talvez um lanche seja suficiente. Abaixo de 3, pode ser só sede ou hábito. Esse mini-ritual coloca você no comando. E inicia o hara hachi bu desde o primeiro garfo.

Passo 2: monte o prato com estratégia

Pense no seu prato como um “projeto de saciedade”. Metade dele pode ser de baixa densidade calórica: saladas, legumes, verduras. Um quarto com proteínas (feijão, ovos, frango, peixe, carne magra, tofu). O último quarto com carboidratos de qualidade (arroz, batata, mandioca, grãos). Esse equilíbrio ajuda a chegar aos 80% de forma confortável. E reduz a vontade de repetir.

Passo 3: mastigue e desacelere

A regra é simples: mastigue mais, fale menos ao comer, e pouse os talheres entre as garfadas. Desligue telas e distrações, porque elas fazem a gente comer sem perceber. Sinta cheiro, textura e temperatura dos alimentos. Quanto mais presença, mais rápido você reconhece a saciedade chegando. Comer devagar não é frescura: é ciência aplicada ao dia a dia.

Passo 4: faça uma pausa consciente

Quando sentir que “está quase”, pare 5 a 10 minutos. Beba água, converse, respire. Essa pausa permite que o cérebro receba os sinais de plenitude. Se depois dela você ainda tiver fome, coma mais um pouco. Se a fome tiver passado, finalize. Essa simples pausa é o coração do hara hachi bu. Ela transforma um impulso em decisão consciente.

Passo 5: segundo serviço só se precisar

Em vez de encher o prato, sirva 70–80% do que você costumaria comer. Depois da pausa, avalie se realmente quer repetir. Muitas vezes, a vontade some. E quando não some, você repete com calma e sem culpa. Essa abordagem evita o “já que coloquei, vou comer”. O controle volta para você — e não para a porção servida.

Dica visual: reduza o tamanho do prato

Pratos menores criam a sensação de porção completa com menos comida. Copos altos parecem “mais líquidos” do que copos baixos, mesmo com o mesmo volume. Aproveite esses truques a seu favor. Eles diminuem a necessidade de força de vontade. Em casa, reorganize a cozinha para facilitar as escolhas boas. Ambiente certo = hábito mais fácil.

A força das proteínas

Proteína dá saciedade, preserva massa muscular e reduz beliscos. Inclua uma fonte de proteína em cada refeição: ovos, frango, peixe, laticínios, feijões, lentilha, tofu. Ao fazer isso, você naturalmente tende a comer menos calorias totais. E fica satisfeito por mais tempo. Hara hachi bu funciona melhor quando a proteína aparece com regularidade.

Fibras: volume com poucas calorias

Fibras “ocupam espaço” no estômago, modulam a digestão e alimentam o intestino. Verduras, legumes, frutas inteiras, feijões e grãos integrais são aliados da saciedade. Eles ajudam você a parar perto dos 80% sem sofrer. E ainda melhoram colesterol, glicemia e trânsito intestinal. É saúde por todos os lados.

Densidade energética: a chave escondida

Densidade energética é a quantidade de calorias por grama de comida. Alimentos com água e fibra têm poucas calorias por volume, então enchem mais. É por isso que salada, sopa, legume e fruta “forram” sem exagero de energia. Ao priorizar esses itens, você se sente satisfeito com menos. E o hara hachi bu acontece quase sozinho.

Ultraprocessados: como lidar com eles

Ultraprocessados são feitos para serem hiperpalatáveis, crocantes, cremosos, salgados e doces ao mesmo tempo. Eles enganam os sinais de saciedade, pedem repetição e passam do ponto com facilidade. Não precisa “nunca mais comer”: basta reduzir frequência e porção. Use hara hachi bu para reconhecer quando já foi suficiente. E volte ao seu plano sem drama.

E a ordem dos alimentos no prato?

Uma tática útil é começar pelos vegetais e pela proteína, deixando o carboidrato por último. Isso costuma reduzir o pico de glicose e dar saciedade mais cedo. Na prática, você come com mais calma e sente a plenitude chegar antes. O resultado é terminar a refeição no ponto certo. Simples, sem cálculos complicados.

Água, caldos e sopas a seu favor

Beber água ao longo do dia ajuda a diferenciar sede de fome. Incluir sopas leves, caldos e preparações ricas em água aumenta o volume com poucas calorias. Essa combinação favorece o hara hachi bu naturalmente. Você sente conforto no estômago, mastiga tranquilo e para antes do excesso. Pequenas escolhas somam grande resultado.

Comer fora: como não perder o controle

Restaurantes e delivery trazem porções generosas e muitos estímulos. Comece pedindo salada ou caldo leve. Divida o prato ou peça meia porção quando possível. Deixe a sobremesa para ocasiões especiais ou compartilhe. Pausa de 5–10 minutos continua valendo. Você pode aproveitar sem sair do seu plano.

Lanches que sustentam a saciedade

Lanche não é “refeição menor”: é ponte entre horários. Priorize opções com proteína e fibra: iogurte natural com fruta, queijo com tomate, frutas com castanhas, homus com palitos de cenoura. Esses lanches seguram a fome e evitam “atacar” a próxima refeição. Eles mantêm o hara hachi bu fácil de praticar.

Emoções e comida: um diálogo necessário

Ansiedade, tristeza, cansaço e tédio podem virar gatilhos de comer sem fome. Reconheça esses padrões com carinho, sem julgamento. Tenha uma pequena lista de alternativas: banho quente, caminhada breve, música, respiração. Se ainda assim a vontade de comer persistir, coma consciente e apliqe a pausa. Você continua no comando.

Rotina conta (e muito)

Durma o suficiente: pouco sono aumenta fome e desejo por ultraprocessados. Mantenha horários regulares para comer, sem longos períodos de “pular e exagerar”. Faça compras com lista e evite ir ao mercado com fome. Cozinhe porções planejadas e congele. Quanto mais organizada a rotina, mais natural vira o hara hachi bu.

E com a família, dá certo?

Sim, desde que o foco seja incluir alimentos de qualidade e não impor restrições rígidas. Para crianças e adolescentes, a prioridade é crescimento saudável; evite falar em “80%” de forma literal. Ensine a perceber a fome e a saciedade de modo leve. Use o exemplo: comer com calma, à mesa, sem telas. A casa toda ganha.

Quem deve ter cuidado extra

Gestantes, lactantes, idosos frágeis, pessoas com histórico de transtornos alimentares e atletas em treinos intensos precisam de orientação personalizada. Nessas situações, o objetivo é garantir energia e nutrientes adequados. Hara hachi bu pode ser adaptado, mas com acompanhamento. Quando em dúvida, procure um profissional.

Como medir seu progresso

Peso e medidas são úteis, mas não são tudo. Observe energia ao longo do dia, sono, disposição e humor. Repare se está beliscando menos, se come mais devagar e se a pausa de 5–10 minutos já virou hábito. Esses sinais mostram que você está no caminho. E ajudam a manter a motivação.

“Vou passar fome?”

Essa é uma preocupação comum — e a resposta costuma ser não. Ao priorizar proteína, fibras e água, você se sente satisfeito com menos. A pausa consciente evita extrapolar. E a flexibilidade permite ajustar porções em dias mais ativos. Hara hachi bu é para promover conforto, não sofrimento.

“Posso combinar com jejum ou low-carb?”

Pode, desde que faça sentido para você e seja equilibrado. Hara hachi bu é um “como comer” que funciona com diferentes estilos alimentares. O importante é manter variedade de nutrientes e evitar extremos. Se tiver condições de saúde específicas, converse com um profissional. Personalizar é sempre melhor.

“E quando eu sair da linha?”

Ninguém é perfeito, e isso não invalida o seu progresso. Registre o que aconteceu, entenda o gatilho e retome na próxima refeição. Consistência vale mais que perfeição. Cada prática é uma oportunidade de aprender sobre o próprio corpo. Hara hachi bu é um caminho, não um teste.

Transforme curiosidade em conhecimento

Se este tema te despertou interesse, aprofunde-se: observe sua fome em diferentes horários, teste a ordem dos alimentos, brinque com sopas e saladas, perceba o efeito de dormir melhor. Quanto mais você entende o próprio corpo, mais fácil praticar. E mais natural fica parar nos 80% de saciedade.

Monte seu plano pessoal hoje

Escolha duas refeições do dia para aplicar o hara hachi bu por uma semana. Combine com proteína e vegetais em todas elas. Faça a pausa de 5–10 minutos antes de repetir. Anote o que sentiu e ajuste no dia seguinte. Em pouco tempo, o hábito estará mais firme — e os resultados, aparecendo.

Conclusão: simples, gentil e eficaz

Hara hachi bu é uma forma elegante de comer com consciência, sem listas proibitivas. Ele reduz exageros, melhora o bem-estar e cabe na rotina real. O segredo está no conjunto: proteína, fibras, alimentos pouco processados, ritmo mais calmo e pausa consciente. Comece hoje e sinta a diferença nas próximas semanas.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais sobre minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui. 

Bibliografia:

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