terça-feira, 16 de setembro de 2025
Ômega-3 e risco de doença de Alzheimer de acordo com as evidências

segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Apadrinhamento e E-books
Mentoria prova de título
Desde que encerrei a Mentoria preparatória para a prova de título, recebi inúmeros e-mails e mensagens perguntando se teria nova turma nos próximos ano. Infelizmente não. A mentoria que está disponível para os meus afilhados é a com duração de 1 ano, que foi gravada e está em um grupo no Telegram. Ou seja, não farei nova mentoria. O que farei eventualmente é atualizar as mentorias e enviar o PDF caso surja alguma atualizado sobre determinado tema. Ex. Novos Guidelines, novos resumos ou flashcards, Bem como atualização do banco de questões.
Com relação aos e-book:
- O Tô na Nutro e agora, continuo vendendo e a aquisição dele é pre-requisito para tentar a vaga de apadrinhamento. Clique aqui.
- O e-book: Quero ser Nutrólogo, continua disponível para download, gratuitamente. Clique aqui.
Apadrinhamento: novos afilhados
Apadrinhamento, devido a grande quantidade de afilhados (30), em decisão com os outros afilhados, só apadrinharei 5 por ano. Caso queira participar da seleção, clique aqui.
No momento meus afilhados são:
- Adrielly Cunha – Médica em Goiânia – GO: @adriellyocunha
- Alexis Souza – Especializando em Nutrologia (USP) em São Paulo – SP
- Aline Rocha Lima – Médica Oncologista em São Paulo – SP
- Ana Carolina Baminger – Médica em Ji-Paraná – RO: @Anacarolinabaminger
- Ana Gabriela De Magalhães – Médica Nutróloga e especialista em Clínica Médica em Divinópolis – MG: @Draanagabriela_Magalhaes
- Ana Carolina Miranda – Médica especialista em Endocrinologia em Recife – PE
- Ana Paula Pires Lázaro – Médica especialista em Clínica Médica e Endocrinologia em Fortaleza – CE: @Dra_Anapaulalazaro
- Camila Duarte Froehner (Monitora) – Médica especialista em Clínica Médica e Nutróloga em Lages – SC – @dra.camila_froehner
- Carla Letícia Rigo Grzybowski – Médica especialista em Clínica Médica e Medicina Intensiva em Porto Alegre – RS: @Carlagrzybowski
- Caroline Abbud – Médica em São Paulo – SP: @carolineabbud
- Claudia Pereira – Médica especialista em Clínica Médica em Brasília – DF.
- Edite Magalhães (Monitora) – Médica especialista em Clínica Médica e Nutróloga em Recife – PE – @draeditemagalhaes
- Emanoel Junio Eduardo – Médico especialista em Medicina de família e comunidade e especializando em Nutrologia USP – São Paulo – DF: @Emanoelje
- Esthefânia Garcia De Almeida – Médica Nutróloga e especialista em Clínica Médica, Endocrinologia em Araxá – MG: @Draesthefaniagalmeida
- Fausto Mota – Médico e Nutricionista em Curitiba – PR
- Gabriel Henrique Barbosa – Médico em São Paulo – SP: @drgabrielhbarbosa
- Harla Dalferth – Médica Nutróloga em São Paulo – SP
- Helena Bacha (Monitora) – Médica especialista em Nutrologia – São Paulo SP
- Jhony Willians – Médico Endocrinologista em Maceió – AL – @drjhonywgusmao
- Joana Gama do Valle – Médica cirurgiã geral em Vitória – ES.
- Lara Virginia Lordello Melo – Médica especialista em Clínica Médica em São Paulo – SP: @Lara_Lordello_Melo
- Lia Bataglini – Médica especialista em Nutrologia – São Paulo SP
- Lilian Rocha – Médica especialista em Clínica Médica e Medicina Intensiva no Rio de Janeiro – RJ.
- Lourdes Menezes – Médica especialista em Clínica Médica em São Paulo – SP: @Lourdes.Menezes__
- Márcio José de Souza – Nutricionista e Profissional de Educação física – Joinville – SC
- Marta Maria Coelho De Sousa –Médica em São Paulo – SP: @Marta.Coelhoo
- Rodrigo Serrano – Médico em João Pessoa – PB – @rodserranoandrade
- Rodrigo Lamonier – Nutricionista e Profissional de Educação física – Goiânia – GO. @rodrigolamoniernutri
- Paulo Victor Quinan – Médico Residente de Oncologia clínica – Goiânia – GO
- Theresa Cristina Leo – Médica Ginecologista/Obstetra e Nutróloga – Vitória – ES

Salada 30: Salada Vietnamita da Carol Morais
Primeiramente, quem é Carol Morais ?
Carol Morais é uma nutricionista, culinarista, que trocou o jaleco pelo avental nos idos de 2012. Natural de Goiânia, com forte influência da culinária Goiânia, porém, lapidada pelo Recipease de Jamie Oliver, em Brighton na Inglaterra, posteiormente foi fez curso no Natural Institute Gourmet de Nova York - EUA. Com seu projeto de viagens e gastronomia particiou de oficinas no Blue Elephant e Bangkok - Thailandia, HOI AN, Historic Hotel noVietnã e na Cooking and Nature de Alvados - Portugal.
Foi a primeira nutricionista com quem trabalhei. Nos conhecemos em 2009 através do finado Twitter e foi amor à primeira vista. Virou minha sócia, aprendi muito sobre Nutrição comportamental com ela. Dividimos consultório até ela trocar o jaleco pelo avental. Seguimos amigos.
Em 2014 lançou o seu livro Projeto Verão para a vida toda pela editora Memória visual. Um livro cheio de fotos, receitas, insights. E algo que aprendi com a Carol na época do consultório, foi sobre o poder da crocância. Então, antes de apresentar a salada da Carol, vamos conversar sobre algo viciante? A crocância.
O poder do Croc
A crocância tem um poder desproporcional na experiência de uma salada e foi isso que a Carol me ensinou e reforçava com os pacientes. O primeiro impacto é sensorial: a "fratura" rápida dos alimentos crocantes gera micro-vibrações percebidas pelos mecanorreceptores dos dentes e do periodonto, sinalizadas pelo trigêmeo. Esse estímulo tátil intenso “acorda” a boca, amplificando a percepção de frescor e vitalidade do prato. Não é só “barulho”: é uma via somatossensorial que aumenta atenção e prazer.
A via auditiva vem logo atrás. O som nítido do “croc” funciona como um marcador de qualidade, provavelmente o nosso cérebro associa sons secos a alimentos frescos e seguros, ou seja, não estão murchos. Esse acoplamento som-sabor (crossmodalidade) intensifica doçura, acidez e aromas, tornando a salada mais interessante sem precisar de mais sal, açúcar ou gordura. Ou seja, a crocância ajuda a modular sabor com menos calorias.
Há também uma via cognitiva de expectativa. Texturas crocantes comunicam “feito na hora”, “hortaliça tenra” e “ingrediente bem cuidado”, reduzindo a sensação de dieta restritiva. Essa narrativa positiva abaixa resistência hedônica e aumenta adesão: o paciente que gosta da salada repete o hábito. Em nutrição comportamental dizemos que prazer é terapia, prazer é terapêutico.
Pelo lado fisiológico, a crocância estende o tempo de mastigação e de exposição oral (oro-sensory exposure). Mastigar mais ativa respostas cefálicas: salivação, liberação antecipatória de enzimas e um começo de saciedade antes mesmo de o alimento chegar ao estômago. Quem mastiga mais, come mais devagar e, em média, come um pouco menos. Come com mais prazer.
A via mecânica e gástrica complementa esse efeito. Partículas maiores e com estrutura mais rígida exigem trituração mais longa e formam um bolo alimentar que promove distensão gástrica progressiva. Isso favorece sinais de plenitude via vago e hormônios como CCK, contribuindo para parar no “suficiente”. Crocância, aqui, vira ferramenta de controle de porção.
40 dicas de Crocantes
Do ponto de vista metabólico, os elementos crocantes certos sementes, nozes, grãos tostados, leguminosas assadas ou desidratadas, trazem fibras e gorduras insaturadas. Essa dupla desacelera o esvaziamento gástrico, modula a resposta glicêmica e mantém saciedade por mais tempo. Em vez de croutons ultraprocessados, pense em alguma das 40 dicas abaixo:
- Milho crocante
- Nozes trituradas
- Amêndoas trituradas ou laminadas
- Castanha de caju trtiruada
- Baru triturado
- Grão-de-bico crocante
- Croutons integrais com os mais diversos temperos
- Chips: abobrinha, batata doce, mandioca, beterraba, batata inglesa, cenoura, berinjela, maçã
- Lentilha assada crocante
- Edamame torrado
- Quinoa puff (quinoa crocante)
- Nozes Pecãs picadas
- Pistache sem casca
- Amendoim torrado
- Sementes de abóbora (pepitas)
- Sementes de girassol
- Gergelim tostado
- Coco chips sem açúcar
- Cebola crispy (assada)
- Alho laminado crocante
- Rabanete fatiado fino (cru)
- Pepino (em cubos ou lâminas)
- Cenoura (em palitos ou fitas)
- Aipo/salsão (em bastões)
- Pimentão cru (tiras finas)
- Maçã verde (cubos finos)
- Pera firme (lâminas)
- Repolho roxo fatiado bem fino
- Acelga (principalmente os talos)
- Brócolis cru (talos cortados em cubos)
- Couve-flor crua (floretes pequenos)
- Ervilha-torta crua
- Broto de feijão (moyashi)
- Nabo (lâminas finas)
- Endívia ou radicchio (folhas)
- Alga nori torrada (tiras)
- “Fricco” de parmesão (queijo crocante)
- Provolone crocante
- Tofu crocante assado ou feito na irfryer
- Tempeh crocante em cubinhos
Dica saudável: muitos desses crocantes podem ser feitos na air fryer, a uma temperatura menor, porém com tempo maior. Há também a opção de usar desidratador.
Existe também a via da variedade e da saciedade específica por sabor. A monotonia sensorial acelera a “fadiga” do paladar; contrastes de crocante-cremoso, ácido-doce e frio-morno mantêm o interesse até a última garfada. Isso reduz a busca por “compensações” calóricas logo após a refeição. Textura é estratégia contra o tédio alimentar. Ou seja, croc faz toda diferença.
Snap e dressing
Na engenharia culinária da crocância, falamos em atividade de água (aw) e em estrutura. Folhas bem secas antes do molho preservam a rigidez; tostar sementes a baixa-média temperatura cria paredes celulares firmes sem queimar. Empanar em farinha de aveia integral, usar pão 100% integral para croutons ou polvilhar gergelim ou oleaginosas tostadas garantem “snap” mesmo com dressing.
Mas o que é Snap?
Consiste na quebra seca e audível (o croc) que sentimos ao morder.
E o que seria o dressing?
“Dressing” em culinária é o molho da salada, a mistura que dá sabor, suculência e “liga” aos ingredientes.
Já falamos sobre isso na parte introdutória da séria de séries, em 2022, mas vale relembrar. Um molho tem como função na salada: temperar, umedecer sem encharcar, ajudar a aderir temperos e aromáticos, equilibrar acidez/doçura/sal/umami e melhorar a textura da salada na boca. Sendo que a estrutura clássica de um molho é composta geralmente por gordura + ácido + temperos.
- Gordura: azeite, óleos de sementes, maionese, iogurte, tahine.
- Ácido: vinagre (vinho, maçã, arroz), suco de limão/lima, tamarindo.
- Temperos: sal, pimenta, ervas, alho, mostarda, mel, missô, parmesão, anchova etc.
A tostagem cria uma estrutura quebradiça e concentra óleos naturais do gergelim (hidrofóbicos) e das outras oleaginosas, que retardam a umidade do molho. Como são peças pequenas e rígidas, mantêm o “snap” mais tempo do que, por exemplo, croutons finos já molhados.
Como fazer e usar (rápido) uma tostagem para manter a crocância:
- Aqueça frigideira sem óleo em fogo médio.
- Adicione o gergelim (branco e/ou preto) e mexa sempre até perfumar e começar a dourar.
- Esfrie completamente (fica mais crocante).
- Polvilhe por último, já com a salada montada e temperada.
Dicas extras pra preservar a crocância:
- Seque bem as folhas antes do molho.
- Use um molho espesso/emulsionado e coloque só na hora.
- Combine com outros “crocantes resilientes”: semente de abóbora, amêndoas laminadas tostadas ou trituradas, castanha de caju na forma de xeren, amendoim triturado, todos mantêm “snap” mesmo após o tempero com o dressing.
Há ainda a via de contraste térmico e de revestimento. Elementos crocantes adicionados na hora e não misturados muito cedo, evitam hidratação e perda de textura da salada. Servir a salada fria com um dressing morno e com crocantes (castanhas tostadas na frigideira, cubinhos de tofu selado) intensifica percepção e satisfação com pouca quantidade.
Por fim, crocância educa o paladar. Ao treinar o comer atento (mindful eating) com texturas que “falam” à boca e ao ouvido, o paciente aprende a valorizar sinais de frescor e qualidade. O resultado é uma salada mais saciante, saborosa e nutriente-densa, construída por múltiplas vias: tátil, auditiva, cognitiva, mastigatória, gástrica e metabólica.
Crocância não é enfeite é ferramenta clínica e culinária que todo Nutrólogo e Nutricionista tem obrigação de conhecer. Então hoje vamos de salada com crocância. Nada melhor que a salada Vietnamita que está no livro da minha amiga Carol Morais.
1 pires de manga verde cortada espaguetada
1 pires de cenoura espaguetada
1 pires de pepino fatiado em meia lua ou espaguetado
1 colher de sopa de cebola roxa fatiada em meia lua
1 colher de sopa de amendoim torrado sem casca
Sal a gosto
Mel ou açúcar de coco ou mascavo
Limão tahiti
Água filtrada 2 colheres de sopa
Molho de peixe ou Shoyo sem glutamato monossodico
É importante ao fazer o molho ir adicionando aos poucos cada ingrediente, de maneira a equilibrar os sabores. Na boca se deve perceber um pouquinho de cada ou o seu preferido.
Misturar os ingredientes de tempero com a água separadamente e reservar.
Princípios básicos da salada:
https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada-post-1-principios.html
Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico:
http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0
Salada 3: Salada de inverno de rúcula:
https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html
Salada 4: Salada com legumes assados:
https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html
Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:
https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html
Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante:
https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html
Salada 7: Salada cítrica de grão de bico:
https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html
Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate:
https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html
Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas:
https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0
Salada 10: Salada com molho homus
https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html
Salada 11: Salada de atum crocante:
https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html
Salada 12: Trigo cozido com especiarias
https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html
Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel
https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html
Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado
https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html
Salada 15: Salada Waldorf
https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html
Salada 16: Salada de inverno cítrica
https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html
Salada 17: Salada de inverno de cogumelos
https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html
Salada 18: Salada Grega
https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html
Salada 19: Salada de Chicória (escarola) com páprica defumada
https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-19-salada-de-chicoria-escarola.html
Salada 20: Salada de chicória com tahine
https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-20-salada-de-chicoria-com-tahine.html
Salada 21: Salada de chicória com tofu amassado
https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-21-salada-de-escarola-com-tofu.html
Salada 22: Tabule tradicional
https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-22-tabule-tradicional.html
Salada 23: Salada Natalina em formato de guirlanda
https://www.ecologiamedica.net/2024/12/salada-23-salada-guirlanda-natalina.html
Salada 24: Salada coleslaw (salada de repolho americana)
https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-24-salada-coleslaw-salada-de.html
Salada 25: Salada Thai de bifum (salada oriental)
https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-25-salada-thai-de-bifum-salada.html
Salada 26: Salpicão vegano com veganese
https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-26-salpicao-vegano-com-veganese.html
Salada 27: Salada de salmão grelhado com rúcula e feijão branco
https://www.ecologiamedica.net/2025/04/salada-27-salada-de-salmao-grelhado-com.html
Salada 28: Salada Niçoise ou Salada Francesa
https://www.ecologiamedica.net/2025/05/salada-28-salada-nicoise-ou-salada.html
Salada 29: Salada italiana de batatas
https://www.ecologiamedica.net/2025/08/salada-29-salada-italiana-de-batatas.html
Salada 30: Salada Vietnamita da Carol Morais:
https://www.ecologiamedica.net/2025/09/salada-vietnamita_15.html

No dia do Nutrólogo: A história da Nutrologia na América Latina
Hoje é comemorado o dia do Nutrólogo, essa especialidade linda que escolhi seguir. Mesmo com todas as dificuldades.
Então para comemorar esse dia, trago para vocês um vídeo que meu amigo Dr. Pedro Dal Bello fez sobre a História da Nutrologia. Pouca gente sabe que ela foi reconhecida oficialmente como especialidade médica em 1978 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). Nosso orgão órgão representativo é a ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), fundada em 1973 por um grupo de médicos interessados em difundir a ciência da nutrição aplicada à prática clínica. Desde então, a Nutrologia se consolidou como área dedicada a:
- Diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças relacionadas à ingestão inadequada de nutrientes.
- Orientação sobre suplementação, dietas especiais e terapias nutricionais.
- Apoio em casos de obesidade, desnutrição, doenças crônicas, envelhecimento e performance esportiva.
Caso você tenha interesse em saber mais sobre a história da Nutrologia, te convido a ler um texto da minha autoria, que está no site do Movimento Nutrologia Brasil.
https://movimentonutrologiabrasil.com.br/a-historia-da-nutrologia/

domingo, 14 de setembro de 2025
Pular o café da manhã e jantar tarde estão associados ao risco de fratura

Fermentados na prática clínica: kefir, iogurte e kombucha
Conclusão
Maneiras de incorporar esses alimentos:
- Café da manhã: iogurte natural com mamão, aveia e castanha-do-pará; ou kefir batido com banana e canela.
- Lanches: copo de kefir com cacau em pó; iogurte comfrutas.
- Refeições principais: molho de iogurte com limão e ervas para saladas; marinada de frango ou peixe com iogurte, alho e açafrão. Acompanhamentos: coalhada seca com azeite e zaatar para legumes assados; vinagrete de kefir para acompanhar quibe.
- Sobremesas leves: iogurte com granola caseira pouco açucarada; kefir gelado com morango amassado.
- Culinária regional: iogurte em substituição parcial da maionese no salpicão; kefir em panquecas integrais; kombucha pasteurizado como “spritz” sem álcool diluído com água com gás e rodelas de limão.

Saúde mental e doenças cardiovasculares (Consenso Europeu da Sociedade Europeia de Cardiologia)
A relação entre saúde mental e saúde cardiovascular é bidirecional, contínua e com impacto clínico mensurável. Depressão, ansiedade e TEPT elevam risco de DCV incidente e pioram desfechos em quem já tem doença estabelecida.
O documento pede mudança cultural: integrar a saúde mental ao cuidado CV centrado na pessoa. Recomenda também avaliar risco CV de quem trata transtornos mentais, e rastrear sintomas mentais em quem está na cardiologia.
É um Consenso Clínico da ESC, publicado no European Heart Journal em 2025 e endossado por sociedades de psiquiatria e psicologia. A diretriz não substitui julgamento clínico, mas orienta caminhos práticos. Sociedade Europeia de Cardiologia+3Sociedade Europeia de Cardiologia+3Oxford Academic+3
A fisiopatologia do “eixo mente-coração” envolve hiperatividade HHA, hiper-reatividade simpática e variabilidade autonômica reduzida. Somam-se inflamação de baixo grau, ativação plaquetária e disfunção endotelial, que facilitam aterogênese e arritmias. Dor, dispneia e limitação funcional alimentam ruminação e hipervigilância somática.
Polifarmácia, interações e efeitos colaterais psiquiátricos ou cardiometabólicos aumentam a complexidade do cuidado. Adesão fragilizada, isolamento e barreiras de acesso pioram prognóstico. Por isso a ESC propõe integrar avaliação, prevenção e tratamento em fluxos coordenados.
No nível populacional, fatores psicossociais perigosos isolamento social, pressões financeiras, estresse no trabalho, desemprego e discriminação elevam risco de DCV. O Consenso orienta reconhecer e pesquisar ativamente tais fatores durante consultas, informar e encaminhar quando necessário, e advogar por mudanças sistêmicas. Em paralelo, indicadores de saúde mental positiva otimismo, felicidade, alta satisfação com a vida associam-se a um menor risco CV. Integrar promoção de bem-estar aos programas de prevenção é parte do escopo. Sociedade Europeia de Cardiologia
Em indivíduos sem DCV conhecida, depressão, ansiedade e TEPT estão associados a maior risco de desenvolver DCV. A recomendação prática é incorporar o rastreio desses transtornos à avaliação de risco cardiovascular.
Assim, prevenção CV não deve se limitar a fatores “clássicos”, mas incluir estressores psicossociais e sintomas psiquiátricos. Isso ajuda a adaptar mensagens, intensificar intervenções de estilo de vida e, quando indicado, encaminhar para manejo especializado. Profissionais têm responsabilidade compartilhada de reconhecer, pesquisar e agir. Sociedade Europeia de Cardiologia
Nos portadores de DCV, condições de saúde mental são altamente prevalentes e clinicamente relevantes. O documento ressalta que depressão e ansiedade são frequentes, frequentemente subdiagnosticadas e associadas a maior mortalidade, reinternação e pior qualidade de vida. TEPT induzido por evento cardíaco também é significativo e vincula-se a piores desfechos. Estresse crônico e solidão devem ser pesquisados e motivar encaminhamento quando presentes. Em suma, avaliar e tratar saúde mental melhora adesão e pode influenciar desfechos duros. Sociedade Europeia de Cardiologia
Cuidadores informais também adoecem: sobrecarga, ansiedade, depressão e TEPT ocorrem e repercutem na trajetória do paciente. O Consenso orienta que fluxos assistenciais incluam triagem e suporte ao bem-estar de cuidadores.
Avaliar demandas, educar sobre sinais de alerta e ofertar intervenções breves ou encaminhamento especializado pode reduzir estresse e melhorar a adesão do binômio paciente-cuidador. Essa abordagem sistêmica favorece mudanças sustentáveis de estilo de vida e o seguimento terapêutico. Sociedade Europeia de Cardiologia
Para operacionalizar a integração, a ESC propõe a “Psycho-Cardio Team”: equipe multidisciplinar que inclui cardiologia, enfermagem, psicologia e/ou psiquiatria. O objetivo é orientar triagem, apoio e manejo, garantindo continuidade com a Atenção Primária. Como guia prático, adotar os princípios ACTIVE: Acknowledge, Check, Tools, Implement, Venture, Evaluate. Eles ajudam a transformar o cuidado diário, tornando-o centrado na pessoa, com monitoramento de progresso em desfechos psicológicos e cardiovasculares. Sociedade Europeia de Cardiologia+2Sociedade Europeia de Cardiologia+2
Rastreamento
Rastreamento: “o quê, quando e com quais instrumentos?”. O Consenso sugere baixa barreira para triagem em cardiologia. Após novo diagnóstico CV, evento/procedimento, pelo menos uma vez no seguimento e sempre que o julgamento clínico indicar. Como porta de entrada, medidas de 2 itens (Whooley, PHQ-2, GAD-2) e, se positivas, instrumentos mais longos validados (PHQ-9, GAD-7). Essa rotina padroniza o reconhecimento precoce e orienta a intensidade do manejo. Sociedade Europeia de Cardiologia+1
Quanto ao desempenho dos instrumentos breves, a ESC sumariza propriedades psicométricas úteis à prática. Os dois itens de Whooley oferecem alta sensibilidade para depressão, enquanto PHQ-2 e GAD-2 também têm sensibilidade elevada, com especificidades moderadas. Em ambientes cardiológicos, prioriza-se não perder casos; por isso, a estratégia em dois passos é adequada: triagem sensível, seguida de escala diagnóstica/gravidade para confirmar e estratificar. Definir ferramenta padrão melhora reprodutibilidade e fluxo. Sociedade Europeia de Cardiologia
O manejo recomendado segue um modelo de “stepped care”, graduando intensidade segundo preferência, gravidade e recursos. Degraus podem ir de psicoeducação e autotratamento guiado até psicoterapias estruturadas e farmacoterapia, com revisões programadas e referência a especialistas quando necessário. A equipe define quem avalia, quando e como, pactua metas e acompanha sintomas e adesão. Evidência para reduzir MACE é limitada, mas há ganhos consistentes em depressão, ansiedade e qualidade de vida. Sociedade Europeia de Cardiologia+1
Intervenções não farmacológicas são pilares: psicoeducação, terapia cognitivo-comportamental, manejo do estresse (mindfulness, relaxamento), higiene do sono e prescrição social (arte, música, natureza). Na reabilitação cardíaca, exercício supervisionado melhora sintomas depressivos/ansiosos e bem-estar. Cessação do tabagismo exige combinação de farmacoterapia e suporte comportamental. Abordagens multimodais e iterativas, ancoradas na aliança terapêutica, aumentam aderência e manutenção de mudanças.
Tratamento Farmacológico
Farmacoterapia: ISRS/IRSN são preferidos como primeira linha em depressão/ansiedade/TEPT em pacientes com DCV, balanceando riscos, interações e efeitos sobre ritmo e condução. Evitar tricíclicos quando possível, pelo potencial de prolongar QTc e efeitos anticolinérgicos. Benzodiazepínicos devem ser usados com cautela e por curto prazo, para evitar sedação, quedas e dependência. A decisão é individualizada, coordenada entre cardiologia e psiquiatria, com ECG quando houver risco de QTc.
Transtorno mental grave (TMG) esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão maior recorrente grave implica risco CV substancialmente maior. O documento recomenda rastrear sistematicamente fatores de risco CV em todas as fases, avaliar risco antes de antipsicóticos e monitorar arritmias. Diferentes antipsicóticos variam na propensão a ganho ponderal, dislipidemia e hiperglicemia; alguns prolongam QTc, exigindo ECG antes e após início. A gestão requer vias assistenciais específicas e colaboração estreita. Sociedade Europeia de Cardiologia+1
O Consenso traz fluxos para TMG e arritmias: excluir causas médicas, tratar arritmias conforme diretrizes ESC, checar fatores pró-arrítmicos e monitorar QT se usar fármacos que o prolonguem. Em taquicardia sinusal persistente e sintomática, considerar betabloqueador; para FA, seguir profilaxia tromboembólica e controle de ritmo/frequência com cautela a interações. O foco é minimizar riscos iatrogênicos sem privar pacientes de tratamentos psiquiátricos eficazes. Sociedade Europeia de Cardiologia
Populações e situações específicas demandam personalização. Mulheres apresentam gatilhos de estresse mais ligados a SCA e maior prevalência de Takotsubo. Idosos e frágeis sofrem com multimorbidade, polifarmácia e maior risco de interações; recomenda-se avaliação geriátrica multidomínio e de-prescrição quando possível. Privação socioeconômica, migração/refúgio e cardio-oncologia trazem barreiras adicionais; intervenções comunitárias e de política pública são parte da solução. Sociedade Europeia de Cardiologia
Lacunas de evidência permanecem: falta definir protocolos ótimos de triagem (timing/frequência), algoritmos baseados em screening e custo-efetividade. Precisamos de ECRs para intervenções psicológicas e de atividade física em DCV + transtornos mentais, estratégias efetivas de mudança comportamental e modelos colaborativos escaláveis. Segurança/eficácia de antidepressivos e antipsicóticos em IC e cardio-oncologia merecem pesquisa, assim como recalibrar escores para TMG. Sociedade Europeia de Cardiologia
Implementação prática no consultório/serviço:
1) Adote ACTIVE como “checklist” de cultura e processo.2) Institua triagem em dois passos (Whooley/PHQ-2/GAD-2 → PHQ-9/GAD-7 se positivo) após eventos CV, anualmente e sob suspeita clínica.
3) Estruture “stepped care” com psicoeducação, TCC, reabilitação cardíaca, cessação tabágica e, quando indicado, farmacoterapia compartilhada.
4) Mapeie e apoie cuidadores.
5) Formalize a Psycho-Cardio Team com papeis definidos e vias de referência.
6) Monitore desfechos psicológicos e CV. Sociedade Europeia de Cardiologia+1
Referências: Consenso Clínico ESC 2025 (EHJ, doi:10.1093/eurheartj/ehaf191), slides e Essential Messages oficiais, press-release da ESC