sexta-feira, 7 de maio de 2021

Comer doces em excesso podem causar diabetes mellitus ?

O texto abaixo é de autoria de um grande amigo Nutrólogo, Dr. Leônidas Tavares.

Doces em excesso causa diabetes? Muitas pessoas compartilham a crença de que comer muitos doces- ou consumir muito açúcar- causa o diabetes. Mas isso não é bem verdade.

Bom, o diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou pela incapacidade do nosso corpo de utilizar a insulina, hormônio que controla os níveis de açúcar em nosso organismo. Por isso, quando a insulina não está atuando de maneira adequada no corpo, elevam-se os níveis de açúcar no sangue.
O excesso de açúcar no sangue, que é uma consequência da causa do diabetes, leva muitas pessoas a pensarem que consumir muitos doces vai resultar na doença. Mas, como disse, isso é mito. As causas do diabetes são outras.

O principal fator que leva ao desenvolvimento da doença, no caso do diabetes tipo 1, são a destruição autoimune das células do pâncreas que produzem a insulina. Portanto, sua causa não está em nada associada ao consumo de doces.

Já o diabetes tipo 2 é, na maioria da vezes, causado por uma série de fatores como sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão. E hábitos alimentares inadequados, que, com o passar do tempo, geram uma resistência do corpo à insulina produzida. Ou seja, o organismo não consegue mais utilizar a insulina que produz, os níveis de açúcar no sangue ficam elevados e a pessoa desenvolve um quadro de diabetes.

Por isso, no caso do diabetes tipo 2, podemos até visualizar o excesso no consumo de doces como causa indireta da doença. Porque, se uma pessoa abusa do açúcar e dos doces, a tendência é que ela vá desenvolver sobrepeso ou agravar um quadro de obesidade. E assim terá fatores de risco que contribuem para o surgimento do diabetes.

Doces em excesso causam Diabetes? E quem ja é diabético, pode comer doces?

Essa é outra grande questão que surge quando a pessoa recebe o diagnóstico de diabetes e começa a se perguntar: ” será que não poderei mais comer doces?”

O que ocorre é que, como a produção de insulina em diabéticos é baixa ou mal utilizada, ao comer doces a pessoa pode elevar muito e subitamente os níveis de açúcar no sangue. Com isso, ela pode ter tanto complicações imediatas (crises hiperglicêmicas), quanto complicações crônicas causadas por hiperglicemia.

Por isso, é ideal que o diabético, não consuma doces. Dentro de uma dieta recomendada por um especialista, que irá eventualmente permitir que ele consuma esses alimentos sem comprometer o controle da diabetes.

É importante também estar atento às fontes de açúcar que não são tão óbvias. Muitos alimentos e bebidas, que não parecem tão doces ao serem consumidos, possuem altos níveis de açúcar em sua composição. Converse com um nutricionista para saber como identificá-los e evitá-los.

Se você tem algum fator de risco para o desenvolvimentos de diabetes, faça um acompanhamento preventivo e adeque sua alimentação para um estilo mais saudável como um todo, evitando não só doces em excesso, como também alimentos gordurosos e ultra processados.

E para um melhor controle e tratamento da diabetes, não deixe também de praticar atividades físicas com regularidade, evitar o cigarro e bebidas de álcool e fazer consultas regulares com seu endocrinologista.

Autor: Dr. Leônidas Tavares Silveira - Médico Nutrólogo e Endocrinologista. 
Fone: https://drleonidassilveira.com.br/comer-doces-em-excesso-causa-diabetes/




segunda-feira, 3 de maio de 2021

Mortes por doenças cardiovasculares estão diretamente relacionadas a pressão alta

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é responsável por 80% dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil.

“A hipertensão é o principal fator de risco para desencadear o AVC. Na pandemia, houve um aumento dos casos de AVC. Está escalada está relacionada às consequências do isolamento social que levaram ao aumento da ansiedade, sedentarismo, obesidade e ingestão de comidas com altas taxas de gordura e sal. Assim, consequentemente há o aumento da incidência e descontrole da hipertensão arterial”, alerta o cardiologista do Hospital Brasília Edson D’Ávila.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a HAS é a principal causa de morte por doenças cardiovasculares no Brasil e no mundo. No país, anualmente cerca 350 mil pessoas morrem em decorrência de doenças no coração e a maioria desencadeada pela HAS. A entidade também alerta que a pressão alta agrava quadros de infarto, aneurisma arterial e até insuficiência renal.

Edson D’ávila explica que a HAS é mais comum em pessoas acima dos 50 anos de idade, aumentando os riscos todos os anos. “A pressão arterial é considerada normal quando está entre 120/80. Acima disso, a pessoa deve ficar de olho, sobretudo quando chegar a idade de risco. Se a pressão for maior ou igual a 140/90, está alta e um médico deve ser procurado para mais orientações”, alerta. O cardiologista ainda revela que os principais sinais do AVC são perda de força e sensibilidade, alteração na fala, alterações de equilíbrio, dores de cabeça súbitas e intensas.

Para prevenir a HAS, o médico recomenda a mudança total do estilo de vida. “Reeducação alimentar, redução de peso e atividade física. O controle da pressão reduz em 47% as taxas de AVC. Para o tratamento, além da mudança de hábitos, é necessária a terapia medicamentosa”, finaliza.

Como evitar a hipertensão arterial

Na campanha da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) de 2021, a instituição traz um folder com dicas para reduzir os casos de HAS:

  1. Pare de fumar! O tabagismo aumenta o risco de doenças cardiovasculares e é apontado como fator negativo no controle de hipertensos;
  2. Tenha uma alimentação saudável! Os alimentos frescos devem ser priorizados e as refeições congeladas, embutidas e enlatadas devem ser limitadas;
  3. Limite o consumo de bebidas alcoólicas! O limite o consumo diário de álcool deve ser 1 dose (mulheres) e 2 doses (homens);
  4. Mantenha seu peso adequado para a sua altura! O excesso de peso pode aumentar a pressão em 30% além de dificultar o controle dos hipertensos;
  5. Tenha uma vida menos estressante! Uma melhor qualidade de vida ajuda;
  6. Tenha uma vida mais ativa! 30 minutos de atividade física por dia, que pode ser dividido em 2 períodos de 15 min ou 3 de 10 min fazem toda a diferença. Seu corpo foi feito para se movimentar;

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/04/28/mortes-por-doencas-cardiovasculares-estao-diretamente-relacionadas-a-pressao-alta/

domingo, 2 de maio de 2021

Como reconhecer e como são tratados os sintomas da perimenopausa e menopausa

Muitas mulheres não sabem o que esperar durante a perimenopausa, que é o período de tempo - muitas vezes marcado por mudanças angustiantes no corpo - que leva à menopausa, ou ao fim do ciclo menstrual da mulher e anos férteis.  Essas mudanças podem ser um choque, por isso analisamos os sinais, as causas e as opções de tratamento para cinco sintomas comuns.

Ondas de calor

O que elas sentem: “A maioria das mulheres relatará uma sensação de calor que começa na cabeça e desce pelo corpo”, disse a Dra. Nanette Santoro, professora de obstetrícia e ginecologia da Universidade do Colorado que pesquisa sintomas de perimenopausa e menopausa. Isso geralmente é seguido por uma sensação de frio, disse ela, conforme os vasos sanguíneos do corpo se dilatam e, em seguida, perdem calor rapidamente. As ondas de calor geralmente duram de um a cinco minutos e podem surgir tanto na perimenopausa quanto na menopausa.
Há uma variedade de sintomas associados às ondas de calor, disse a Dra. Holly Thacker, especialista em saúde feminina da Clínica Cleveland. Algumas mulheres têm alucinações táteis e sentem que sua pele está formigando; algumas têm palpitações cardíacas. As ondas de calor também estão associadas à insônia e perturbações do sono.

O que os causa: Não está totalmente claro o que causa uma onda de calor, disse Santoro, mas as flutuações nos níveis de estrogênio que ocorrem durante a perimenopausa podem levar a mudanças de temperatura.  Embora a transição da menopausa seja marcada pela redução dos níveis de estrogênio ao longo do tempo, esses níveis flutuam substancialmente até o período menstrual final. “Os hormônios não diminuem lentamente até se transformar em nada”, disse ela.  “Eles estão em uma espécie de montanha-russa.”

Como tratá-los: A terapia hormonal, que envolve a suplementação de estrogênio ou progesterona junto com o estrogênio, é considerada o tratamento mais eficaz disponível para ondas de calor após a menopausa.  O F.D.A. também aprovou a paroxetina, um antidepressivo mais comumente conhecido como Paxil, para tratar ondas de calor moderadas a graves.
Alguns médicos não recomendam a terapia hormonal durante a perimenopausa e, em vez disso, prescrevem um método de controle de natalidade hormonal de baixa dosagem. Os regimes de terapia hormonal geralmente contêm um quarto da quantidade de hormônio na pílula anticoncepcional de menor dose, disse Adams, mas não é suficiente para fornecer anticoncepcionais e controlar o sangramento irregular.

Depressão e ansiedade

Como se manifestam: “Depressão e ansiedade realmente se tornam uma coisa na perimenopausa”, disse a Dra. Karen Adams, professora de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon. Pode parecer um caso constante de síndrome pré-menstrual ou TPM.  “Você não está imaginando coisas”, disse Adams.
As mulheres que sentem ansiedade se sentem irritadas e nervosas e podem ter palpitações cardíacas. A depressão é tipicamente marcada por um baixo-astral, falta de motivação, dormir e comer mais ou menos do que o normal e não desfrutar de atividades que normalmente são uma fonte de conforto.

O que os causa: “Quando perdemos estrogênio, ficamos mais vulneráveis ​​em termos de humor”, disse a Dra. Stephanie Faubion, diretora médica da Sociedade Norte-Americana de Menopausa e diretora do Mayo Clinic Center for Women’s Health.
Mulheres que sofreram de depressão perinatal ou distúrbio disfórico pré-menstrual, uma forma grave de TPM, têm maior risco de desenvolver depressão perto da menopausa. As ondas de calor também estão associadas à ansiedade.

Como tratá-los: A depressão que ocorre em torno da transição da menopausa responde bem ao estrogênio, disse o Dr. Faubion. Se uma mulher não está respondendo aos hormônios, os antidepressivos podem ser úteis, disse o Dr. Adams. Mindfulness, terapia cognitivo-comportamental, técnicas de relaxamento e ioga também podem melhorar o humor.

Sintomas genitais e urinários

Como se manifestam: As mulheres podem apresentar secura vaginal intermitente, perda urinária e bexiga hiperativa durante e após a perimenopausa. Elas às vezes relatam uma sensação de coceira ou queimação na vagina ou durante a micção: “Alguns a descrevem como lâminas de barbear ou cacos de vidro”, disse a Dra. Faubion. Sexo pode ser doloroso; assim como limpar com papel higiênico ou usar jeans.

O que os causa: Os baixos níveis de estrogênio podem causar sintomas genitais. “O estrogênio ajuda a manter a saúde  desses tecidos com elasticidade, fluxo sanguíneo e umidade”, disse o Dr. Faubion. "Você perde tudo isso quando perde estrogênio."

Como tratá-los: Ao contrário das ondas de calor, os sintomas genitais não desaparecem sem tratamento, disse Santoro. O tratamento prescrito no. 1 é o estrogênio vaginal ou local, que está disponível em anéis, cremes e inserções vaginais. Muitas mulheres também podem aliviar os sintomas usando hidratantes e lubrificantes vaginais de venda livre.

Brain Fog / Confusão mental

Qual é a sensação:  As mulheres podem sentir que seus pensamentos não são tão claros como antes e podem ter dificuldade para lembrar as palavras.

O que causa isso: Pode haver uma série de causas, disse Faubion. “Pode ser basicamente a retirada de um esteroide, o estrogênio”, disse ela. Mas ondas de calor, suores noturnos e outros sintomas da menopausa podem interromper o sono, e o repouso reduzido e fragmentado pode causar danos. A depressão e outros transtornos do humor também afetam a cognição.

Como tratar: A névoa do cérebro tende a ser mais um problema na perimenopausa, disse Adams, e estabiliza após a menopausa. “Saber disso pode ser um alívio”, disse ela. Identificar e abordar os problemas do sono também pode atenuar a névoa do cérebro. Suores noturnos e ondas de calor podem ser aliviados com suplementação de estrogênio. Evitar cafeína, álcool e nicotina antes de dormir pode ajudar a melhorar o sono. Comer mais cedo também pode ser benéfico: certifique-se de que sua última refeição seja pelo menos duas horas antes de dormir.

Problemas de pele e cabelo

Como eles se manifestam: Mulheres relatam perda de cabelo, crescimento de novos pelos faciais e pele mais fina ou mais seca.

O que os causa: As mulheres perdem cerca de um terço do colágeno da pele durante a transição da menopausa, disse Faubion. A espessura do cabelo tem um componente hormonal, disse o Dr. Adams; algumas mulheres notam mudanças em seus cabelos durante a gravidez e também no pós-parto.  A perda de cabelo também pode estar relacionada a anormalidades da tireoide e deficiências de vitaminas, que não estão necessariamente relacionadas à menopausa, mas podem surgir com a idade.

Como tratá-los: Tomar uma fórmula multivitamínica diária para mulheres, bem como estrogênio, pode ajudar na prevenção da queda de cabelo.  Rogaine, um produto para engrossar o cabelo que vem em uma espuma tópica, também demonstrou funcionar para mulheres. A ingestão de estrogênio também pode aumentar a espessura, a umidade e a flexibilidade da pele. Consulte um médico para verificar seus níveis de hormônio tireoidiano, pois a queda de cabelo pode estar relacionada a anormalidades da tireoide. E consulte seu médico sobre quaisquer novos problemas de saúde que você acha que podem estar relacionados à perimenopausa ou menopausa.

Embora esses sintomas possam ser irritantes e perturbadores, "todas essas coisas podem ser tratadas", disse o Dr. Adams. Os sintomas da perimenopausa e da menopausa não durarão para sempre. "Não é o seu novo normal", disse ela.


Fome emocional: 52% dos brasileiros engordaram na quarentena

Várias famosas assumiram publicamente que ganharam peso durante a pandemia. Provavelmente elas não estão sozinhas.

Pesquisa online feito pelo Instituto IPSOS mostrou que o isolamento social favoreceu o ganho de peso em mais de 30 países.

O levantamento mostrou que 31% dos entrevistados engordaram desde o começo da pandemia. E no Brasil, o índice é de 52% dos entrevistados.

O aumento de peso médio foi de 6,1kg, enquanto no Brasil a media foi de 6,5kg. A pessoa entrevistou 22 mil pessoas de 16-74 anos, de 6/11/2020 a Janeiro de 2021.

Para ler mais, acesse: https://f5.folha.uol.com.br/viva-bem/2021/05/fome-emocional-52-dos-brasileiros-engordaram-na-quarentena.shtml

Por aqui as coisas não estão diferentes. O número de pacientes que ganharam peso durante a pandemia é muito maior que os que emagreceram (sim, vários emagreceram). Nunca trabalhei tanto em um Janeiro. O ambulatório de Nutrologia está repleto que pacientes que ganharam muito peso durante a pandemia e principalmente pós-COVID. 

As consequências da pandemia permanecerão ainda por um bom tempo. 

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Integridade dos ecossistemas é determinante na redução das doenças infecciosas emergentes

Você sabia que cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas, ou seja, transmitidas através de animais?

Alguns exemplos que surgiram recentemente são o Ebola, a gripe aviária, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), o Vírus Nipah, a Febre do Vale Rift, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), a Febre do Nilo Ocidental, o Zikavírus e, agora, o coronavírus – todos ligados à atividade humana.

O surto de Ebola na África Ocidental é resultado de perdas florestais que levaram a vida selvagem a se aproximar dos assentamentos humanos; a gripe aviária está relacionada à criação intensiva de aves e o Vírus Nipah surgiu devido à intensificação da suinocultura e à produção de frutas na Malásia.

Cientistas e especialistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estão reunindo os dados científicos mais recentes sobre o COVID-19 – tanto o que se sabe quanto o que não se sabe.

Embora a origem da pandemia e seu caminho de disseminação ainda não estejam claros, listamos seis pontos importantes que vale a pena conhecer:

A interação de seres humanos ou rebanhos com animais selvagens pode expor-nos à disseminação de possíveis patógenos. Para muitas zoonoses, os rebanhos servem de ponte epidemiológica entre a vida selvagem e as doenças humanas.

Os fatores determinantes do surgimento de zoonoses são as transformações do meio ambiente – geralmente resultado das atividades humanas, que vão desde a alteração no uso da terra até a mudança climática; das mudanças nos hospedeiros animais e humanos aos patógenos em constante evolução para explorar novos hospedeiros.

As doenças associadas aos morcegos surgiram devido à perda de habitat por conta do desmatamento e da expansão agrícola. Esses mamíferos desempenham papéis importantes nos ecossistemas, sendo polinizadores noturnos e predadores de insetos.

A integridade do ecossistema evidencia a saúde e o desenvolvimento humano. As mudanças ambientais induzidas pelo homem modificam a estrutura populacional da vida selvagem e reduzem a biodiversidade, resultando em condições ambientais que favorecem determinados hospedeiros, vetores e/ou patógenos.

A integridade do ecossistema também ajuda a controlar as doenças, apoiando a diversidade biológica e dificultando a disseminação, a ampliação e a dominação dos patógenos.

É impossível prever de onde ou quando virá o próximo surto. Temos cada vez mais evidências sugerindo que esses surtos ou epidemias podem se tornar mais frequentes à medida que o clima continua a mudar.



“Nunca tivemos tantas oportunidades para as doenças passarem de animais selvagens e domésticos para pessoas”, disse a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen. “A perda contínua dos espaços naturais nos aproximou demasiadamente de animais e plantas que abrigam doenças que podem ser transmitidas para os seres humanos”.

A equipe do PNUMA está trabalhando continuamente nessas questões importantes. As informações compartilhadas pela Divisão de Ciência estão disponíveis online com informações adicionais, incluindo uma lista de perguntas ainda não respondidas.

A natureza está em crise, ameaçada pela perda de biodiversidade e de habitat, pelo aquecimento global e pela poluição tóxica. Falhar em agir é falhar com a humanidade. Enfrentar a nova pandemia de coronavírus (COVID-19) e nos proteger das futuras ameaças globais requer o gerenciamento correto de resíduos médicos e químicos perigosos, a administração consistente e global da natureza e da biodiversidade e o comprometimento com a reconstrução da sociedade, criando empregos verdes e facilitando a transição para uma economia neutra em carbono. A humanidade depende de ação agora para um futuro resiliente e sustentável.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/04/28/integridade-dos-ecossistemas-e-determinante-na-reducao-das-doencas-infecciosas-emergentes/

Amazônia: Queimadas aumentam problemas respiratórios

Estudo da Fiocruz e do WWF-Brasil aponta que as queimadas na Amazônia foram responsáveis pela elevação dos percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios nos últimos 10 anos (2010-2020) nos estados com maiores números de focos de calor: Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre. Estas internações custaram quase 1 bilhão aos cofres públicos. O levantamento aponta ainda que a associação da situação da pandemia com as queimadas florestais na Amazônia pode ter agravado a situação de saúde da população da Amazônia legal, pois os poluentes oriundos das queimadas podem causar uma resposta inflamatória persistente e, assim, aumentar o risco de infecção por vírus que atingem o trato respiratório.

O estudo mostra que mesmo com a possível subnotificação, por conta de inconsistências na base de dados do DataSUS, os valores diários de poluentes são extremamente elevados e contribuíram para aumentar em até duas vezes o risco de hospitalização por doenças respiratórias atribuíveis à concentração de partículas respiráveis e  inaláveis finas (fumaça) nos estados analisados.

No Amazonas, 87% das internações hospitalares no período analisado estão relacionadas às altas concentrações de fumaça (partículas respiráveis e inaláveis). O percentual foi de 68% no Pará, de 70% em Mato Grosso e de 70% em Rondônia.  Já as doenças respiratórias associadas às altas concentrações de partículas de poluentes emitidas pelas queimadas respondem por 70% das internações hospitalares registradas no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.

A pesquisadora Sandra Hacon, da Ensp/Fiocruz, afirma que embora os percentuais de internação hospitalar por doenças respiratórias na região tenham se mantido estáveis entre 2010 e 2020, uma parte considerável dessas internações podem ser atribuídas às concentrações de partículas respiráveis finas e inaláveis emitidas por incêndios florestais. “As micropartículas que compõem a fumaça ficam depositadas nas cavidades dos pulmões, agravando os problemas respiratórios. Elas são um fator de risco para pessoas que já possuem comorbidades.

Vemos, portanto, um impacto à saúde e perda da qualidade de bem-estar das pessoas, além do elevado custo econômico das doenças respiratórias para o SUS”, explica. “A fragilização do sistema respiratório é extremamente preocupante no atual cenário de uma pandemia que também causa problemas respiratórios.  Essa sobreposição sugere que a região da Amazônia legal tenderá a ter seu sistema de saúde pressionado, já que as queimadas são mais intensas nos meses de seca, que se iniciam dentro de poucas semanas”, alerta.Importante salientar que no ano de 2020 o Brasil alcançou o maior número de queimadas na década. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a floresta amazônica registrou 103.161 focos ante 89.171 em 2019, um aumento de 15,7%. Essa tendência contínua de destruição impacta diretamente não só na saúde das pessoas, mas em todo o ecossistema, que sofre todos os anos durante o ciclo das queimadas intensificado no período de seca, ressalta Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil. Ele  aponta que “as queimadas fazem parte da dinâmica de destruição da Amazônia. As áreas desmatadas são posteriormente queimadas para “limpar” o terreno, abrindo espaço para a pastagem, a agricultura, ou a simples especulação fundiária. A associação entre o desmatamento, queimadas e degradação da floresta traz um custo muito alto para todos nós, especialmente para os povos da floresta, e para o clima do planeta”, afirma.O Estudo traz algumas recomendações para o poder público:

– Os sistemas oficiais de vigilância e monitoramento em saúde precisam de evolução e melhorias sistemáticas, especialmente aqueles direcionados às populações indígenas da Amazônia;

– Políticas consistentes de redução do desmatamento e queimadas na Amazônia são críticas e imediatas, pois o combate ao desmatamento e à degradação do bioma amazônico é fundamental para a garantia de direitos básicos das populações locais, como acesso à saúde e um ambiente saudável e sustentável;

– Desenvolvimento e implementação de programas de vigilância epidemiológica e ambiental efetivos, direcionados à população amazônica exposta aos incêndios florestais, principalmente os grupos mais vulneráveis, como gestantes, crianças, idosos, e aquelas pessoas que apresentam comorbidades precisam de atenção dedicada;

– Necessidade iminente de esforço preventivo no controle de zoonoses, pois os custos associados aos esforços preventivos são substancialmente menores, comparados com os custos econômicos, sociais e de saúde no controle de potenciais epidemias e ou pandemias.

Metodologia do estudo

Foi analisada a relação das tendências da morbidade hospitalar (a taxa de internações registradas em hospitais) por doenças do aparelho respiratório no período de 2010 a 2020 e as concentrações estimadas de emissões de partículas respiráveis finas (PM2,5), presentes na fumaça de incêndios florestais no mesmo período, investigando os potenciais impactos à saúde nos estados com os maiores registros de focos de calor provenientes das queimadas na Amazônia Brasileira, segundo o INPE – Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre, que apresentaram  maior número de focos de queimadas registrados no período analisado – 2010-2020.

O estudo observou as séries temporais diárias de morbidade hospitalar por doenças do aparelho respiratório obtidas no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), pelo Sistema de Informação sobre internação hospitalar (SIH) e analisados por dia, mês e ano no período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de outubro de 2020, segundo a unidade de federação de residência. As internações hospitalares por doenças respiratórias relacionadas ao COVID-19 para cálculo da tendência retrospectiva foram excluídas. Portanto, as internações hospitalares derivadas do COVID-19, não entraram no conjunto das causas de hospitalizações.

Os pesquisadores selecionaram informações referentes ao valor em reais (R$) gasto com as hospitalizações de baixa e alta complexidade (Unidades de Terapia Intensiva – UTI) por doenças do aparelho respiratório para estimativa do custo econômico em saúde dessas hospitalizações que pudesse ser atribuível à poluição decorrente das queimadas.

As estimativas de concentração do material particulado (PM2,5) foram obtidas por meio de dados de satélite da NASA, com as informações de profundidade óptica de aerossóis (Aerosol Optical Depth – AOD) convertidas por modelagem matemática em estimativas de concentração de PM2,5 e disponibilizadas para acesso público pelo Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS), que é o mais recente conjunto de dados de reanálise global de composição atmosférica produzida pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF).

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/04/29/queimadas-na-amazonia-aumentam-problemas-respiratorios/

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Treinamento on-line, será que funciona? Será que vale a pena?

A pandemia veio para nos mostrar que precisamos evoluir e nos adaptar às tecnologias. Desde o começo da pandemia eu já previa algumas e final de 2020 se confirmaram. 

A Pandemia favoreceu o encontro de duas pandemias: a de obesidade e a do novo coronavirus. Primeiramente percebemos já por volta de Fevereiro/Março que morriam mais obesos de COVID-19 do que pacientes com peso dentro da normalidade. Com isso a Medicina acrescentou a obesidade como fator de risco para a COVID-19. Com isso também orientamos os pacientes sobre os riscos do isolamento social para a saúde. Ou seja, confinar-se não é sinônimo de inércia, criar raízes no sofá, assistindo netflix. 

Ao longo desse 1 ano e veio vi de tudo, principalmente no ambulatório de Nutrologia do SUS. Vi:

  • Gente que engordou por conta da pandemia.
  • Gente que emagreceu por medo ao ver os noticiários falando sobre a obesidade como grupo de risco e uma maior mortalidade de obesos nas UTIs.
  • Gente que passou a se exercitar mais, por ter mais tempo.
  • Gente que passou a comer melhor, pois teve que preparar as próprias refeições e passou a ter mais tempo disponível para cuidar de si.
  • Gente que passou a comer pior, por pedir apenas delivery de comida
  • Gente que por conta do estresse e medo, paralisou-se e abandonou dieta e prática de exercícios.
  • Gente que ganhou peso por aumento da ansiedade, combinado ao fato de ficar mais sedentário, confinar-se, quarentenado.
  • Gente que teve COVID, ficou muito sintomático, teve medo e isso foi um start para um processo de mudança.
  • Gente que teve COVID e por ter bons hábitos de vida, praticar atividade física, passou praticamente ileso pela doença.
  • Gente que se contaminou, foi parar na UTI, foi intubado e no pós-UTI começou a ganhar peso.
  • Gente que teve COVID, foi para a UTI, foi intubado, perdeu muito peso (principalmente massa magra) e agora luta para recuperar o que foi perdido. 
  • Gente que não foi para a UTI, mas teve COVID e após a COVID ganhou muito peso, por forte componente ansioso.
Vi de tudo. Continuo vendo, agora principalmente casos de pós-COVID. Com os mais diversos sintomas. Mas o foco desse texto é falar sobre a prática de atividade física em casa.


Com a pandemia, as academias/estúdios fecharam. As pessoas se isolaram, mas o corpo precisava se movimentar. E que não tem cão, teve que caçar com gato. Assim popularizou-se o treinamento on-line com Personal trainner. Yoga online, Pilates online, aulas on-line. O mundo foi on-linezado como diz um amigo. O que achávamos que não era possível, por força maior, foi a única opção. 

O motivo do texto é justamente para mostrar para meus fiéis leitores que essa prática apesar de não ser ideal, pode ser a melhor opção para muitos. Em especial para quem tem o tempo muito corrido. Afinal é melhor o FEITO, do que o perfeito. 

Muitos pacientes buscaram na pandemia, personais que ofereciam serviço on-line, na tentativa de continuar treinando, mesmo que em isolamento. As vantagens de se ter um personal trainner são inúmeras. Na minha prática percebo que os melhores resultados em processos de emagrecimento se dão no grupo de pacientes que mantém um tripé:
  • Psicoterapia semanal/quinzenal
  • Consulta com nutricionista quinzenal/mensal
  • Prática de atividade física com personal de 3 a 5 vezes por semana
Isso se deve ao fato da obesidade ser uma doença que demanda uma supervisão constante. Ou seja, quanto mais de perto o paciente é acompanhado, menores as chances dele se abandonar e com isso desistir do tratamento. 

Quem me conhece sabe que eu bato muito na tecla de que atividade física tem um efeito pífio na perda de peso, entretanto tem um efeito grande para evitar o reganho de peso, além de melhorar a saúde de maneira global. Nosso corpo tem articulações e elas existem para nos movimentarmos. Sempre brinco no consultório que exercício físico é igual medicamento, é Medicina. Que se você odeia praticar, escolha o que menos odeia, assim você fica no lucro e sofre menos. 


Ao escolher um personal que trabalha com treinamento on-line você terá algumas vantagens:
  1. Não terá que se locomover até uma academia, poupando tempo, dinheiro e exposição ao novo coronavirus.
  2. É o mais ideal para aqueles que tem a vida turbulenta, cheia de afazeres e conhecem bem a desculpa: "Não tenho tempo para treinar'. 
  3. Gastará menos, já que os profissionais cobram um preço menor e você não precisa pagar academia. O valor da hora aula de um personal on-line é menor também pois ele não tem os custos da locomoção.
  4. O seu treino será supervisionado via vídeo-chamada e com isso as chances de você realizar algum movimento errado é menor.
  5. Você estará na comodidade do seu lar. 
  6. Independente de onde você esteja, não terá desculpa para não treinar. 
  7. O treino será montado de forma personalizada para você.
  8. Muitos pacientes acima do peso se sentem incomodados em academias, por se tratar de um ambiente inóspito ao corpo gordo. Sendo assim, ele tende a abandonar o lugar que o gera sensações ruins (e ele está certo). 
  9. Treinando em casa, on-line, as chances do indivíduo "dar bolo" no personal é reduzido. Ou seja, mais ação e menos desculpas. 
  10. Por ser mais barato, mais prático e demandar menos tempo, é nítida a motivação dos pacientes. Muitos afirmam que inclusive mesmo após a pandemia não voltarão para academia. Eu sou um deles. Não troco o meu personal por nada.

Mas como que funciona um personal trainer on-line?

Você contrata o serviço do personal e então ele:
1 - Fará a anamnese para saber quais as suas necessidades e o que você espera do trabalho dele.
2 - Aplicará questionários para detectar alterações ortopédicas e outras patologias que podem gerar limitações no treinamento e com isso demandam adaptações.
3 - Questionará como é a sua rotina, horários disponíveis
4 - Verificará quais instrumentos/aparelhos você tem em sua casa e se necessário indicará se necessário que você compre colchonetes, bola de pilates, halteres, barra de supino, elásticos, corda para pular e etç. 
5 - Vocês escolherão o melhor horário para as aulas e ele terá duas opções: montar treino remoto, enviando os vídeos com a execução dos movimentos ou realizar a aula propriamente dita sob a supervisão do mesmo (que é a modalidade que mais indico).

Eu indico algum personal trainer on-line? Sim, para os meus pacientes indico:
Prof. Marcio Souza - Personal Trainer e Especialista em Educação física escolar

E Nutricionista on-line? Indico também. O meu nutricionista que trabalha comigo, Rodrigo Lamonier está atendendo quase todos os dias pacientes meus de fora. A Telenutrição auxiliou muito, principalmente por reduzir o deslocamento.

E psicoterapia on-line? Indico também, vários profissionais, incluindo a minha psicoterapeuta, Marise Eterna Nunes. 


quarta-feira, 28 de abril de 2021

“A longo prazo, os danos neurológicos causados pela covid-19 serão os mais preocupantes”

Vale a pena ler a reportagem: https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-04-26/a-longo-prazo-os-danos-neurologicos-causados-pela-covid-19-serao-os-mais-preocupantes.html

domingo, 25 de abril de 2021

A decadência da medicina

Ouço diariamente nos grupos médicos que faço parte, sobre a decadência da medicina e tenho que concordar, a medicina segue um caminho de decadência. 

De quem seria a culpa? Dos próprios médicos ?

Acredito que a decadência começa, quando o médico deixa de enxergar a real função da arte de ser médico. A grosso modo, o objetivo principal da medicina é solucionar o "problema" do paciente. Mas parece que uma parcela dos médicos compreendem que o objetivo seja: enriquecer, ganhar dinheiro. Não que ganhar dinheiro seja errado, pelo contrário, todo mundo deve receber uma remuneração justa pelo trabalho que desempenha. Porém, quando o lucro se sobrepõem à real missão do médico, as coisas começam a desandar.

Desandam e é isso que vemos na atualidade. Médicos se expondo (de forma indecorosa muitas vezes) em redes sociais com objetivo de angariar pacientes, ou clientes como queiram chamar. 

Pra mim, a medicina é uma profissão, uma arte e jamais o lucro deve-se sobrepor à real missão do médico que é sanar o que incomoda o paciente. Aprendi isso com o melhor médico que já conheci (meu pai, um reumatologista muito humano, ético e competente). Por isso sempre friso que acho importante o médico dar a sua contribuição social. Há quem discorde, mas acho que estamos aqui para auxiliar e não somente para lucrar. 

Sofreria muito se eu não pudesse auxiliar quem não pode pagar minha consulta no consultório particular. Por isso atendo no ambulatório de Nutrologia no SUS. Pretendo continuar assim até o fim da minha vida. É isso que me motiva, é isso que me move, é isso que me faz feliz e é isso que me faz deitar com consciência tranquila de que estou cumprindo meu dever como ser humano que pratica a arte da medicina. 

Talvez precisamos adentrar ainda mais o fundo do poço, para que uma boa parcela dos médicos enxerguem a sua real missão. Para os reais médicos nunca haverá decadência, pois existe consciência. 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Dormir menos de 6h/noite na meia-idade eleva em 30% o risco de demência

Chamando todos aqueles que estão privados de sono: Interrompemos seus bocejos com um anúncio importante.

Se você está tentando dormir cerca de seis horas ou menos por noite durante a semana de trabalho, está preparando seu cérebro para falhas futuras, de acordo com um novo estudo publicado terça-feira na revista Nature Communications.

Depois de acompanhar quase 8.000 pessoas por 25 anos, o estudo encontrou um risco maior de demência com uma "duração do sono de seis horas ou menos aos 50 e 60 anos" em comparação com aqueles que dormiam sete horas por noite.

Além disso, a curta duração do sono persistente entre as idades de 50, 60 e 70 também foi associada a um "risco aumentado de demência em 30%", independente de "fatores sociodemográficos, comportamentais, cardiometabólicos e de saúde mental", incluindo depressão, disse o estudo.

“O sono é importante para o funcionamento normal do cérebro e também é considerado importante para limpar proteínas tóxicas que se acumulam nas demências do cérebro", disse Tara Spires-Jones, que é vice-diretora do Centro de Ciências do Cérebro de Descoberta da Universidade de Edimburgo, na Escócia, em comunicado. Spires-Jones não participou do estudo.

"Qual é a mensagem para todos nós? As evidências de distúrbios do sono podem ocorrer muito antes do início de outras evidências clínicas de demência", disse Tom Dening, que dirige o Centro de Demência do Instituto de Saúde Mental da Universidade de Nottingham em Reino Unido, em comunicado.

“No entanto, este estudo não pode estabelecer causa e efeito", disse Denning, que não esteve envolvido no estudo. "Talvez seja simplesmente um sinal muito precoce da demência que está por vir, mas também é bastante provável que o sono insatisfatório não seja bom para o cérebro e o deixe vulnerável a doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer."

Ovo ou a galinha?

É bem sabido que as pessoas com Alzheimer sofrem de problemas de sono. Na verdade, insônia, perambulação noturna e sonolência diurna são comuns em pessoas com Alzheimer, bem como outros distúrbios cognitivos, como demência do corpo de Lewy e demência do lobo frontal.

Mas o sono insatisfatório leva à demência - e o que vem primeiro? Essa questão do "ovo e da galinha" foi explorada em estudos anteriores, com pesquisas apontando para os dois lados, de acordo com o neurocientista Jeffrey Iliff, professor de psiquiatria e ciências comportamentais da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

“Em estudos experimentais, parece haver evidências de ovo e galinha", Iliff disse à CNN em uma entrevista anterior. "Você pode dirigir em qualquer direção."

Alguns estudos recentes, no entanto, exploraram os danos que a privação de sono pode causar.

Pessoas que têm menos REM, ou sono em fase de sonho, podem estar em maior risco de desenvolver demência, descobriu um estudo de 2017. REM é o quinto estágio do sono, quando os olhos se movem, o corpo se aquece, a respiração e o pulso se aceleram e a mente sonha.

Adultos saudáveis ​​de meia-idade que dormiram mal por apenas uma noite produziram uma abundância de placas de beta amiloide - uma das marcas da doença de Alzheimer, revelou outro estudo publicado em 2017. A beta amilóide é um composto de proteína pegajosa que interrompe a comunicação entre as células cerebrais, eventualmente matando as células à medida que se acumula no cérebro.

Uma semana de sono interrompido aumentou a quantidade de tau, outra proteína responsável pelos emaranhados associados ao Alzheimer, demência do lobo frontal e doença do corpo de Lewy, descobriu o estudo.

Ainda outro estudo de 2017 comparou marcadores de demência no fluido espinhal com problemas de sono auto-relatados, e descobriu que indivíduos que tinham problemas de sono eram mais propensos a mostrar evidências de patologia de tau, dano às células cerebrais e inflamação, mesmo quando outros fatores como depressão, massa corporal, doenças cardiovasculares e medicamentos para dormir foram levados em consideração.

“Nossas descobertas se alinham com a ideia de que dormir pior pode contribuir para o acúmulo de proteínas relacionadas ao Alzheimer no cérebro", disse Barbara Bendlin, do Wisconsin Alzheimer's Disease Research Center, à CNN em uma entrevista anterior sobre o estudo de 2017.

"O fato de podermos encontrar esses efeitos em pessoas cognitivamente saudáveis ​​e próximas da meia-idade sugere que essas relações aparecem cedo, talvez oferecendo uma janela de oportunidade para intervenção", disse Bendlin.

Como o novo estudo acompanhou uma grande população por um longo período de tempo, ele adiciona "novas informações ao quadro emergente" sobre a ligação entre a privação de sono e a demência, disse Elizabeth Coulthard, professora associada em neurologia da demência na Universidade de Bristol em Reino Unido, em comunicado.

“sso significa que pelo menos algumas das pessoas que desenvolveram demência provavelmente ainda não a tinham no início do estudo, quando seu sono foi avaliado pela primeira vez", disse Coulthard, que não estava envolvido no estudo.

"Isso reforça a evidência de que o sono ruim na meia-idade pode causar ou piorar a demência na vida adulta", disse ela.

Neste momento, a ciência não tem um "caminho infalível para prevenir a demência", mas as pessoas podem mudar certos comportamentos para reduzir seu risco, disse Sara Imarisio, que dirige iniciativas estratégicas na Pesquisa de Alzheimer no Reino Unido, em um comunicado. Imarísio não participou do estudo.

"A melhor evidência sugere que não fumar, apenas beber com moderação, permanecer mentalmente e fisicamente ativo, seguir uma dieta balanceada e manter os níveis de colesterol e pressão arterial sob controle podem ajudar a manter nossos cérebros saudáveis ​​à medida que envelhecemos."

Fonte: https://edition.cnn.com/2021/04/20/health/sleep-dementia-risk-study-wellness/index.html

terça-feira, 20 de abril de 2021

"Estou Tentando" e a falta de objetividade- Por Dr. Bruno Halpern



Sempre tento chamar a atenção de meus pacientes como algumas palavras que usamos na consulta dizem muito sobre nossas atitudes fora dela. 

O “estou tentando” é um ótimo exemplo. O que significa “tentar” tomar alguma atitude, quando ela depende de você? Exemplo: “estou tentando controlar a alimentação”, “estou tentando cortar carboidratos”, “estou tentando fazer mais exercícios”, “me pesar mais”, “tomar os remédios regularmente”, etc.

👉Sempre digo que esse gerúndio diz muito mais sobre o que não fazemos: “estou tentando controlar minha alimentação” em geral significa uma análise superficial do consumo alimentar, restringindo um ou outro alimento em determinada refeição e não nas outras, provavelmente levando a uma real redução do consumo ínfima! “Tentar fazer mais exercício” em geral significa buscar mentalmente horários que seriam possíveis, mas não colocá-los em prática (ou muito eventualmente). 

👉Atitudes que dependem exclusivamente de nós não devem ser “tentadas”, devem ser “feitas”. OK, você reduzir muito o número de calorias e ter fome ou ter dificuldade para resistir aos impulsos; ou pode aumentar exercícios e ter dor ou se sentir cansado; mas ainda assim a composição da frase deve ser outra: “eu fiz tal coisa, mas tenho tais dificuldades”. 

👉Devemos usar o “tentar” para situações que não

Autor: Dr. Bruno Halpern 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Vantagens de se estar acima do peso - alegadas pelos pacientes




Muito se fala sobre as desvantagens e as consequências de se estar acima do peso. Mas pouco se fala sobre as "vantagens" que os pacientes alegam. Soa estranho, eu, um nutrólogo escrever sobre isso, afinal deveria "amedrontar" os pacientes com o que a ciência vem mostrando nas últimas décadas. A lista de desvantagens é quilométrica. 

Então por que escrever sobre isso ? Por que colocar a obesidade ou sobrepeso como algo com vantagens ?

Simplesmente porque existem "vantagens" e elas são inegáveis (do ponto de vista do paciente). Queiramos ou não, elas existem na concepção do paciente! Se elas não existissem, a grande maioria dos pacientes não estariam acima do peso e perpetuando um processo. 

Obviamente que existem fatores genéticos, bioquímicos, emocionais, comportamentais e até mesmo sociais que auxiliam nessa perpetuação da obesidade.

Em um dos questionários que aplico nos pacientes que atendo, questiono:
- Quais as vantagens e desvantagens de se estar acima do peso. 

Então ao longo dos anos, anotei as principais vantagens que os pacientes alegam. Na maioria das vezes eles esquecem que a maioria dessas vantagens continuam existindo mesmo quando atingem um peso saudável.  Abaixo algumas relatadas por pacientes:
  • Comer o que se gosta. Não ter limites quanto à qualidade (tipo) da comida. Gostam de comer algo mais palatável ou se é algo com sabor mais comum e que não estimula tanto as papilas gustativas e a produção de dopamina). 
Consideração: estando acima do peso ou magro, as comidas hiperpalatáveis continuarão existindo. Há magros que possuem paladar infantilizado ou com preferência por alimentos hiperpalatáveis. 
  • Comer o quanto se quer, na hora que quer, como quer. Não ter limites quanto à quantidade da comida. 
Consideração: o limite sempre vem, cedo ou tarde. Seja ele voluntário ou imposto por uma doença como um diabetes mellitus tipo 2 ou uma retirada do estômago por câ ncer gástrico. Então é melhor aceitar que a nossa alimentação também precisa de limite. 
  • Não precisar sofrer com limites (dieta é uma restrição, é uma limitação e por isso quanto mais restritiva, maiores as chances do paciente abandonar o tratamento). 
Consideração: entra no tópico anterior. 
  • Conhecer novos estabelecimentos de comida. Comer novidades. Há pacientes afoitos por novidades, a novidade leva a uma maior produção de dopamina. No fim, garimpar novos lugares pode se tornar um hobby e fonte de prazer. 
Consideração: a não ser que o Brasil afunde em uma crise econômica sem precedentes e a maioria dos estabelecimentos de comida fechem as portas, sempre haverá novidades "alimentícias". A tendência é a variedade aumentar, produtos mais "limpos" irem surgindo, com a finalidade de atender a um consumidor cada vez mais exigente e que se preocupa com a própria saúde. Brincamos no consultório: as sobremesas não deixarão de existir e alegrar almoços. Fast-foods vão continuar existindo, assim como bons restaurantes. Então é melhor os pacientes tentarem ser mais longevos para conhecer o futuro promissor que temos no ramo da alimentação.
  • Não precisar "sofrer" em academia/estúdios, sentindo dor muscular, cansando, abdicando de uma hora do dia. Por mais que na prática percebamos que a dor dá lugar a um prazer (talvez por reação bioquímica no cérebro), a idéia que os pacientes sedentários possuem é: malhar dói ! 
Consideração: O nosso corpo é repleto de articulações e a finalidade é permitir que nos movamos. O movimento é inerente à nossa natureza. Quando paramos de nos movimentar a nossa energia fica estagnada e nosso corpo adoece. Sempre falamos no consultório uma frase que diz: Escolha o exercício que você menos odeie. Faça-o. Crie o hábito. O prazer pode surgir depois. Nosso corpo precisa de movimento. Músculos precisam de estímulo, o sangue precisa circular e o cérebro funciona melhor quando abandonamos o sedentarismo.
  • Evitar relacionamentos amorosos e com isso evitar sofrimentos de uma vida a dois. É inegável que portadores de obesidade podem ter uma maior dificuldade para acharem parceiros (as). Com isso evitam sofrer em relacionamentos.  
Consideração: estando acima do peso ou magro, conflitos amorosos sempre existirão. E o mais engraçado é que muitos pacientes acreditam piamente que os problemas relacionados à esfera afetiva desaparecerão como uma passe de mágica. Indicação: Psicoterapia. Notícia triste: problemas sempre teremos, mas a gente evolui e aprende a manejar sem gerar tanta dor em sí próprio ou no outro.

  • A comida é um anestésico diante dos sofrimentos cotidianos, diante de situações que incomodam ou causam dor emocional. Mesmo o efeito anestésico sendo de curta duração e o prazer proporcionado por ela também. A comida pode ser uma válvula de escape. 
Consideração: muitas vezes o que queremos após um dia complicado é chegar em casa e comer algo que gostamos. Isso é comida emocional e faz parte da vida. Não há nada de errado em utilizar a comida como anestésico. O que não se pode permitir é que isso se torne uma constante, a maioria dos dias da semana. O preço a se pagar é caro e a sobremesa chamar-se-á: Culpa. 
  • Sendo portador de obesidade, o paciente não precisa ficar se preocupando com a saúde. Ou seja, ele se esquiva de procurar auxílio ao médico anualmente, para realizar exames que podem escancarar uma verdade difícil de ser vista. Isso também é uma vantagem, mesmo sabendo que lá no fundo isso é mentira, que todos nós temos medo de adoecer. Muitas vezes uma negação da realidade na qual o paciente está inserido. 
Consideração: A conta chega e as vezes o preço é exorbitante. 
  • Viver em sociedade é prazeroso mas pode ser doloroso. Relações interpessoais podem ser fonte de angústia, raiva, aflição. Quando você se torna obeso, você pode voluntariamente evitar eventos sociais em que terá que relacionar com pessoas que você não tem afinidade. Ou seja, o isolar-se socialmente e com isso reduzir atritos também pode ser uma das vantagens da obesidade. 
Consideração: vale o mesmo que explicamos nas relações amorosas. Problemas nas relações interpessoais existirão sempre, em maior ou menor grau. É assim que evoluimos, é assim que aprendemos a viver em sociedade. 
  • Mas para outros, viver em sociedade é prazeroso e a comida é um dos meios de agrupar pessoas queridas. Ou seja, se uns tiram vantagem ao evitar o contato, outros veem isso como uma forma de socializar. Socializar, confraternizar, comemorar, "resenhar" geralmente envolve comes e bebes. 
Consideração: pode-se comemorar, celebrar a vida, reunir amigos, beber, comer. Mas o prazer principal não pode ser a comida. Estar com familiares, amigos, parceiro(a) pode ser tão prazeroso quanto uma comida apetitosa.
  • Fuga da auto-responsabilidade e de autocuidados. Ter consciência de que está acima do peso e assumir a responsabilidade de parte disso é um ato que demonstra maturidade emocional e até mesmo intelectual. Quando o portador de obesidade se nega a assumir isso, ele traz à tona um lado rebelde, infanto-juvenil, no qual ele se exime de se responsabilizar por parte do problema. Menos peso no ombro, mesmo que isso custe mais peso no corpo.
Consideração: novamente afirmamos que a conta chega e as vezes é alta e vem acompanhada de dor: física e emocional. Com um punhado de culpa (sensação de que poderia ter sido diferente).
  • Ser portador de obesidade, faz com que algumas pessoas se vejam na obrigação de ser legal com as pessoas, boazinhas, engraçadas, inteligentes e mais competente que as demais. Um fato de compensação pois se acha inferior por estar acima do peso. Ser uma pessoa mais legal e querida pela maioria (mesmo que essa maioria seja veladamente preconceituosa) pode ser uma vantagens para alguns. 
Consideração: utilizamos várias máscaras para viver em sociedade. Nada que uma boa psicoterapia não seja capaz de fazer o paciente enxergar as máscaras que ele utiliza para ser aceito.
Entenderam as inúmeras vantagens? O porquê de tanta gente perpetuar o processo ?

Obesidade é muito mais complexo do que se pensa. Não é apenas chegar e cuspir as desvantagens. Muitas vezes precisamos entender o que a pessoa ganha com o excesso de peso. Essas vantagens como citei acima existem e devem ser levadas em conta. Barganhas inconscientes. 

Explicar ao paciente o quanto elas são ilusórias e superficiais. Tais "vantagens" devem ser detectadas e o paciente encaminhado para a psicoterapia. Tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar para que se obtenha êxito. Médico + Nutricionista + Psicólogo + Profissional da educação física. 

Obviamente a lista de desvantagens é infinitamente maior, com eficácia comprovada através de inúmeros estudos publicados nas ultimas 3 décadas, mas isso é assunto para o próximo texto: A dor da obesidade. 

Autor: Frederico Lobo (Médico Nutrólogo)
Revisor: Rodrigo Lamonier (Nutricionista e Profissional da Educação física).

terça-feira, 6 de abril de 2021

Doutor, eu faço tudo direitinho e não emagreço. Por que ?

Engordou sem motivo aparente? Não consegue emagrecer mesmo fazendo atividade física e dieta? Veja 5 motivos que podem estar provocando o aumento de peso

1. VOCÊ NÃO DORME O SUFICIENTE
A privação do sono pode favorecer o ganho de peso, ou seja, quem não dorme direito:
1) Produz mais cortisol (que engorda por estimular a diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos);
2) Produz menos leptina (hormônio relacionado à saciedade e que também facilita o gasto de energia pelo organismo);
3) Produz mais grelina (substância responsável por estimular o apetite e aumentar  a avidez por alimentos ricos e carboidrato e gordura);
Além disso, a privação do sono pode gerar estresse, irritabilidade, aumento da incidência de doenças cardiovasculares, labilidade emocional, indisposição e fadiga no dia seguinte. Portanto qualidade de sono é igual Qualidade de vida. Nos últimos 10 anos o que mais tenho visto tanto no consultório quando no ambulatório de Nutrologia são pessoas que correlacionam ganho de peso após piora da qualidade do sono.

2. SUA MEDICAÇÃO
Quando você ganha peso, a primeira hipótese que você avalia é sua dieta, mas o culpado pode ser de algumas medicações. Por isso os Nutrólogos sempre enviam "cartinhas" para os colegas, que se possível troquem algumas medicações por outras que não estejam relacionadas ao ganho de peso. Muitos medicamentos, incluindo os que tratam enxaquecas e distúrbios do humor, assim como alguns anticoncepcionais, podem causar ganho de peso por uma variedade de razões. Se você suspeitar que um medicamento pode estar te fazendo engordar, converse com seu médico para discutir outras opções.

Resumo das principais medicações que podem alterar o peso:


  • As medicações psiquiátricas são as que mais possuem potencial para favorecer o ganho de peso. Na tabela acima listei quais são as que favorecem ganho de peso, as que são "relativamente" neutras e as que promovem a perda de peso. Créditos para o meu primo e Psiquiatra e professor de Nutrologia (Hewdy Lobo) que me passou a tabela. 
  • Anticoncepcionais, Corticoides, Anti-histamínicos, Insulina, Sulfoniluréias, Tiazolidinedionas, Beta-bloqueadores também pode favorecer o ganho de peso.
Minhas considerações: desde que comecei no ambulatório de Nutrologia no começo de 2015, tenho recebido centenas de pacientes utilizando medicações listas acima e durante a anamnese eles mostram uma associação muito forte de ganho de peso quanto utilizam as seguintes medicações: 
  • Duloxetina: Velija, Cymbi, Dual, Abretia.
  • Paroxetina: Parox, Paroxiliv, Paxil CR, Paxtrat, Pondera, Pondix, Roxetin, Sertero, Zyparox.
  • Escitalopram: Lexapro, Espran, Exodus, Reconter.
  • Amitriptilina: Tryptanol, Amytril, Neo Amitriptilina ou Neurotrypt.
  • Clomipramina: Clo, Fenatil e Clomipran.
  • Imipramina: Tofranil, Tofranil Pamoato, Depramina, Mepramin, Praminan, Uni Imiprax. 
  • Nortriptilina: Pamelor.
  • Carbonato de Lítio: Carlit XR, Carbolim, Carbolitium, Carlit.
  • Valproato ou ácido valpróico: Depakene, Depakine, Depakote, Divalproex, Epilim, Valparin, Valpakine,Torval CR, Epilenil.
  • Carbamazepina: Tegretol.
  • Gabapentina: Neurotin.
  • Quetiapina: Neuroquel, Queropax, Quetiel, Quetifren, Quetibux, Neotiapim, Atip, Aebol, Queopine.
  • Olanzapina: Axonium, Midax, Zyprexa, Zydis, Zap, Zalasta, Zolafren, Olzapin, Rexapin.
  • Risperidona:Zargus, Respidon, Viverdal.
  • Pregabalina: Lyrica, Prebictal, Dorene, Proleptol, Preneurim
  • Prednisona: Metcorten, Predsin.
  • Contraceptivos (Anticoncepcionais): na maioria das vezes é apenas uma leve retenção de líquido, mas algumas pacientes relatam ganho de peso com os injetáveis como o Depo-provera.
  • Insulinas
  • Sulfoniuluréias: Clorpropamida, Glibenclamida, Glipizida, Gliclazida, Gliclazida MR, Glimepirida. 
  • Tiazolidinedionas: Pioglitazona: Actos, Aglitil, Gliactis, Glicopio, Glitasolin, Pioglit, Pioglizon, Piotaz, Stanglit.
  • Beta-bloqueadores: Propranolol (Inderal, Rebaten), Atenolol (Atenol, Angipress, Ablok, Atenopress), Nadolol, Metoprolol (Selozok, Seloken, Lopressor), Bisoprolol (Concardio, Concor) teoricamente diminuem a conversão periférica do T4 (hormônio tireoideano com menor atividade) em T3 (hormônio tireoideano mais ativo) e com isso estudos mostram um maior ganho de peso. Além disso agem "segurando" a frequência cardíaca e assim o indivíduo não consegue elevar a frequência cardíaca durante uma atividade física mais intensa. E também agem bloqueando um receptor chamado Beta 3 adrenérgico, responsável pela quebra da gordura. Entretanto o impacto no peso, dependerá da seletividade do fármaco. Alguns são mais seletivos para atuar no coração, outros como o propranolol agem de forma mais sistêmica e com isso tem-se mais efeitos indesejáveis. 

3. ESTRESSE CRÔNICO
“O estresse leva ao aumento do hormônio cortisol, que facilita a diferenciação de células gordurosas (aumento do número de células gordurosas), aumenta a formação de gordura (entrada de triglicérides no adipócito – célula de gordura), dificulta o emagrecimento”, afirma o endocrinologista, Dr. Marcio Mancini, Presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e médico responsável pelo Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas.
Além disso ocorre um desequilíbrio na massa magra pois uma das ações do cortisol é a utilização da massa magra (degradação das proteínas) e com isso alteração do metabolismo basal, fraqueza muscular.

4. SEU TRABALHO CASO ELE SEJA ESTRESSANTE
Se você está ocupada demais em seu escritório levando uma vida sedentária é provável que seu trabalho esteja causando o aumento de peso. Talvez, em meio à tantas tarefas, você não esteja prestando atenção em sua alimentação ao longo do dia, e esteja ingerindo calorias extras.

5. SEU TREINO
É comum achar que você "ganhou" peso depois de começar a fazer academia, e isto acontece por duas razões. A musculação aumenta a massa muscular e maior retenção de água dentro do músculo. 
Outro fato interessante é que muitos afirmam ficar horas nos exercícios aeróbicos e não perderem peso. Aeróbico só favorecer queima de gordura de forma significativa quando a frequência cardíaca é acima de 60% da Frequência cardíaca máxima. Ou seja, treine pesado.
Muitas mulheres optam por fazer apenas aeróbico com medo da musculação. Musculação emagrece mais a longo prazo do que o exercício aeróbico. Primeiro pq ela favorece o ganho de massa magra, já o aeróbico não, pelo contrário, você pode perder gordura mas também massa magra. Segundo pq o treinamento de força (musculação) mantém seu metabolismo basal alterado (gastando calorias mesmo em repouso) por mais tempo.

Outras causas de ganho de peso não-intencional

Retenção de líquidos: também conhecida como edema, a retenção de líquidos faz com que as mãos, pés, rosto e abdômen fiquem inchados, levando o paciente a pensar que engordou. Não engordou! Engordar significa ganhar gordura. Ganhar líquido não é engordar. O peso pode até subir, mas às custas de líquidos. No hipotireoidismo isso pode acontecer? Sim, mas não quer dizer que o Hipotireoidismo engorde. Essa retenção pode ser de no máximo 4kg. Problemas cardíacos no qual o bombeamento do sangue fica prejudicado, problemas renais, problemas no fígado, desnutrição podem favorecer retenção de líquido. 

Menstruação: Ganho de peso periódico pode ocorrer devido ao ciclo menstrual. Mulheres podem ter retenção de líquidos durante o período pré-menstrual. O aumento da progesterona é o responsável pelo inchaço e infelizmente o peso pode oscilar até 2kg, mas volta a abaixar quando a menstruação acaba.

Mudanças hormonais: Algumas alterações hormonais que favorecem o ganho de peso são: síndrome de Cushing, aumento da produção de cortisol, ovários policísticos e menopausa. Pode ocorrer alteração no metabolismo ou retenção de líquido.

Gravidez: A gravidez leva ao ganho de peso não-intencional devido ao bebê, placenta, líquido amniótico, aumento da quantidade de sangue e crescimento do útero

Constipação: A dificuldade para evacuar também leva ao ganho de peso não-intencional. Ou seja, excesso de "massa fecal" pode levar a uma elevação de peso e segurar "mais água" na luz intestinal. Geralmente o peso decai após o paciente evacuar.


Autores: Dr. Frederico Lobo (Médico Nutrólogo) e Rodrigo Lamonier (Nutricionista e Profissional da educação física). 

quinta-feira, 18 de março de 2021

A COVID-19 talvez não seja a pior pandemia, há outras doenças novas ou antigas que podem se alastrar pelo planeta

O UOL fez uma reportagem muito interessante sobre o tema, na qual mostrou como as mudanças ambientais podem fazer surgir novas pandemias e ressurgir doenças já existentes.

Covid talvez não seja a pior pandemia: veja doenças "novas" e "antigas" com risco de se espalhar pelo globo

No apagar das luzes de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) realizou uma reunião para marcar um ano da notícia do aparecimento do Sars-CoV-2. O evento fez um apanhado dos fatos, do conhecimento adquirido, destacou a notável colaboração mundial e também contemplou o futuro.
Na ocasião, a fala do presidente da comissão para emergências sanitárias, Michael Ryan, chamou atenção: "A covid foi um alerta. Ela é grave, difundiu-se pelo mundo rapidamente, mas não é, necessariamente, a ameaça mais perigosa".

Ryan se referia ao fato de que essa enfermidade é facilmente transmissível e fatal, mas sua taxa de mortalidade é baixa quando comparada a outras doenças. "Daqui em diante, temos de nos preparar para algo ainda mais grave", disse.

Os cientistas de todo o planeta não estão alheios aos possíveis agentes causadores de doenças. Essa é a razão pela qual a própria OMS listou quais seriam as possíveis doenças infecciosas com potencial epidêmico. Muitas delas já são conhecidas de nós, como a dengue, tuberculose, zika, ebola. Mas também podem surgir novos problemas, como aconteceu com a covid-19.

Por isso, a ideia é reforçar a vigilância e investir em ações para conter o avanço de patologias novas ou "antigas" que estão controladas. Embora achados científicos indiquem possibilidades, ainda é difícil saber qual será o agente infeccioso causador da próxima emergência de saúde global. O certo é que as epidemias não acontecem de um dia para o outro, se relacionam a fatores sociais e ambientais e suas prevenções e enfrentamentos devem envolver toda a comunidade

Patógenos contagiosos e virulentos

Chamamos de infecciosas as doenças causadas por agentes (patógenos) que invadem determinado hospedeiro e ainda são capazes de causar enfermidades que podem ser transmitidas para outros. Os micro-organismos potencialmente envolvidos nesse processo são bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos, mas há outros agentes com igual poder, como os príons (partículas proteicas infecciosas sem carga genética).

Parte desses agentes são facilmente transmissíveis, portanto, mais contagiosos. Porém, muitos deles têm maior dificuldade para causar doenças. Já outros, definidos como virulentos, causam infecções mais graves. No entanto, nem sempre são tão contagiosos. Os patógenos mais preocupantes são aqueles que combinam a fácil transmissão e a virulência.

As portas de entrada desses agentes infecciosos, em geral, são os orifícios e as mucosas do corpo humano. E a primeira providência deles é procurar células ou tecidos hospedeiros, que serão invadidos, colonizados e lesionados por meio de toxinas ou do comprometimento do funcionamento celular. Alguns desses agentes se multiplicam entre as células; outros, como os vírus e alguns tipos de bactérias, nelas se instalam e crescem.

Perigo mora no desequilíbrio ambiental

Na última década, muitos países implantaram medidas para conter as mudanças climáticas. O objetivo é reduzir a emissão e concentração de gases de efeito estufa, cuja origem principal são a queima de combustíveis fósseis (como o petróleo) e o desmatamento. O que isso tem a ver com doenças infecciosas? Muito. Desequilíbrios ambientais e condições socioeconômicas são um prato cheio para muitos micro-organismos darem as caras.

Joel Henrique Ellwanger, biólogo e pesquisador do departamento de genética da UFRGS, explica que muitos vírus do nosso tempo, como ebola, HIV e zika, são fruto da ocupação e da devastação desordenadas de florestas, da exploração da vida selvagem, assim como das condições precárias de vida nas cidades.

Tais situações são tidas como propícias para o chamado spillover, ou seja, o salto de um agente infeccioso de um hospedeiro para o outro (do animal para o homem). O especialista acrescenta que a biodiversidade do Brasil é vasta e, por isso, pode esconder patógenos desconhecidos.
Basta que as condições ecológicas sejam favoráveis e uma nova doença pode emergir. O problema não é a biodiversidade e, sim, as formas agressivas e desequilibradas pelas quais os humanos interagem com ela.


Existem, então, reservatórios de doenças?

O médico veterinário João Carlos Minozzo, professor do curso de biotecnologia da PUC-PR, explica que esses micro-organismos sempre existiram na natureza e se perpetuam por meio de seus reservatórios.

"Os reservatórios são animais que convivem com esses vírus, bactérias e outros parasitas, sem adoecerem. Mas esses micróbios podem evoluir e se tornar capazes de infectar humanos". Nesse caso, a infecção pode se dar por meio das seguintes situações:
Vetores - mosquitos e carrapatos
Contato indireto - beber água contaminada ou por via aérea
Contato direto - com animais ou outros humanos ou consumo de carne contaminada
São exemplos dessas infecções os vírus das gripes aviária e suína, além da doença Creutzfeldt-Jakob (popularmente conhecida como "vaca louca"), que apareceram por meio do contato ou do consumo de carne contaminada, respectivamente.

A nutricionista Wanessa Natividade, chefe do Núcleo de Alimentação, Saúde e Ambiente da Fiocruz, diz que isso também explica as conhecidas orientações sobre a importância de estar atento à procedência e qualidade dos itens que consumimos, sejam eles de origem animal, sejam de origem vegetal.

"Em qualquer fase da produção, armazenamento e distribuição de alimentos pode haver contaminação de agentes causadores de doenças. Por isso, é preciso estar sempre atento aos selos de inspeção sanitária", adverte a especialista.

O que são as doenças emergentes e reemergentes

"Há 50 anos, a comunidade científica acreditava que a batalha contra as doenças infecciosas estava virtualmente vencida", conta o médico epidemiologista Expedito Luna, professor do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. "Mas então apareceram novas enfermidades como a Aids, além de outras que pareciam ter sido erradicadas", completa.

Doenças desconhecidas e que vez por outra surgem são chamadas de emergentes porque não tinham ocorrência conhecida em humanos, tiveram dificuldade de se estabelecerem ou eram raras. E elas até podem ter surgido no passado, mas afetaram pequeno grupo de pessoas em lugares isolados. São também emergentes as que foram recentemente reconhecidas como doença distinta, dada a presença de determinado agente só agora identificado.

Já as reemergentes são as enfermidades que, no passado, eram conhecidas em todo o mundo ou em determinada região e, depois, declinaram, mas agora reapareceram em uma proporção significante da população. A explicação é de José Eduardo Levi, biólogo, virologista e pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da USP.

É o caso da dengue e da tuberculose. De olho nesses quadros, a OMS elencou quais seriam as doenças que mereciam maiores vigilância e atenção, considerando seu potencial epidêmico, ausência de medidas de combate a elas ou a insuficiência destas.

As doenças emergentes listadas pela OMS
1 - Febre Hemorrágica Crimeia-Congo
Causada por um vírus da família Nairoviridae, é transmitida provavelmente por carrapatos, já que seu reservatório ainda tem sido objeto de debates.
2 - Ebola e Marburg
Causadas por agentes distintos, essas doenças são semelhantes. Geram febres hemorrágicas de transmissão direta que decorrem da infecção pelos vírus ebola ou de Marburg, da família dos filovírus, cujos hospedeiros potenciais são os morcegos.
3 - Febre Lassa
Febre hemorrágica cuja origem é um vírus da família Arenaviridae e tem transmissão direta por meio do contato com fezes de ratos.
4 - Nipah
A infecção por esse vírus pode causar encefalite; seu reservatório é o morcego-da-fruta, e pode infectar humanos e animais de criação.
5 - Febre do Vale do Rift
Esta zoonose acomete o gado prioritariamente, mas também humanos; sua via de transmissão são mosquitos infectados e contato com sangue ou tecidos contaminados.
6 - Zika
Até o momento não se sabe qual é o seu reservatório, mas é transmitido por mosquitos infectados. Pode provocar malformação fetal.
7 - Doença "X"
Representa uma incógnita, uma doença ainda desconhecida, que pode emergir com potencial pandêmico.

E dá para prevenir?

A pandemia colocou os cientistas em evidência para o bem e para o mal. O filósofo João de Fernandes Teixeira, ex-professor da Unesp, acredita que as variáveis e complexidades científicas são difíceis de entender e, assim, algumas pessoas preferem negá-las. 

O fato é que, no passado, os patógenos só eram detectados quando já estavam instalados. Foi assim com a raiva, a peste negra e a gripe de 1918.

A ciência, porém, persevera. E desse modo deve ser, porque nela se ancoram medidas essenciais ao combate de epidemias. Já a partir dos anos 2000, entidades de vigilância epidemiológica e sanitária foram beneficiadas por uma nova técnica, a metagenômica. Fernando Spilki, coordenador da rede Corona-Ômica do MCTIC, diz que ela possibilitou uma nova forma de vigilância, a genômica.
"Ao isolar RNAs e DNAs de amostras ambientais, possíveis vetores, animais e humanos, ela permite conhecer e detectar, antecipadamente, a presença de patógenos. Isso fortaleceu nosso sistema de preparação", pontua Spilki.

Somam-se a essas medidas as vacinas. "Elas também dependem de pesquisas e célere detecção de mutações genômicas de vírus, para se adaptarem na mesma velocidade", observa a pediatra Flávia Bravo, membro da diretoria da SBIm.

No mundo ideal da prevenção contra pandemias só a ciência não basta, afirmam os especialistas. É preciso um conjunto de políticas públicas de proteção da saúde e do meio ambiente, justiça social, educação da população, boa comunicação, além do imprescindível envolvimento de toda a comunidade. O desafio está lançado.

Para prevenir epidemias, as ações mais importantes são a identificação molecular de micro-organismos e dos casos suspeitos, além da intervenção para controle de surtos. Tudo deve ser rápido e eficaz.
Fernando Bozza, chefe do Laboratório de Medicina Intensiva do INI-Fiocruz

Estratégias para prevenir novas epidemias
  1. Conhecimento da ecologia dos micro-organismos (pesquisa básica)
  2. Identificação rápida de agentes patogênicos
  3. Vigilâncias (genômica, de saúde pública, entomológica e epidemiológica)
  4. Desenvolvimento de vacinas e medicamentos
  5. Água e esgoto tratados
  6. Segurança dos alimentos
  7. Programas de controle animal
  8. Controle de mosquitos e ratos

sexta-feira, 5 de março de 2021

Força de vontade não é tratamento para obesidade

 

É muito comum pessoas com obesidade serem aconselhadas a perder peso “só com a força de vontade”. E aqui, lembrando que o obesidade é uma doença crônica que requer tratamento, ressalto q “força de vontade” não entra no rol dos tratamentos possíveis. Vamos lá. 

"Força de vontade” a princípio seria algo realizado contra seu desejo, com um objetivo maior. Assim, eu vou numa festa cheia de doces q adoro e resisto firmemente ou tenho fome à noite e vou dormir mais cedo para ver se ela passa. Isso até pode funcionar por períodos curtos de tempo, mas é impossível que funcione cronicamente, além de impactar negativamente em qualidade de vida, pois é algo feito de forma contrário aos seus desejos.

Ok, isso é diferente de motivação (há confusão entre esses conceitos), que pode funcionar melhor, em que a razão pela qual quero aquele objetivo (emagrecer) passa a ser maior que os obstáculos e consigo seguir, não à revelia, mas pois tenho percepção de benefícios. Acontece que a #motivação também tende a reduzir em algum momento, ou os obstáculos se tornam muito grandes (no caso da obesidade, muitos desses obstáculos são fisiológicos, como o próprio aumento de fome e desejo de comer). Então, você também não tratará uma doença crônica só com motivação, pois ela não é infinita, embora uma estratégia comportamental seja sim sempre buscar novos objetivos quando a motivação diminui.

É por isso que devemos buscar estratégias de longo prazo que possam ser aprendidas e usadas e não dependam de “força de vontade” e que hábitos criados possam fazer com que, com ou sem motivação, você consiga manter uma certa estabilidade. Isso significa tornar alguns hábitos automáticos, como fazer exercício físico, se pesar com frequência, ter o mínimo de alimentos para se comer com a mão em casa, evitar calorias líquidas (sucos ou refrigerantes normais), etc. E também entender que, sendo obesidade uma doença crônica, não há nada de errado em ter acompanhamento crônico, usar medicação para controle da fome (se indicado) ou considerar cirurgia (em casos de IMCs mais altos).

Achar que “força de vontade” basta é não entender nada nem de fisiologia da #obesidade nem mesmo de comportamento

Autor: Dr. Bruno Halpern - Médico Endocrinologista


quinta-feira, 4 de março de 2021

Dia Mundial da Luta contra a Obesidade - 4 de Março

Hoje em todo o mundo comemoramos o Dia Mundial da Luta contra a obesidade.

Eu poderia ficar aqui discorrendo sobre aspectos epidemiológicos, opções terapêuticas e complicações que a Obesidade pode trazer para o individuo, mas esse ano será diferente. Abordarei o preconceito que o indivíduo portador de obesidade ou com sobrepeso sofre. 

Já pararam para pensar, qual outra doença, o portador dela é culpado por tê-la ?

Com a obesidade isso ocorre e se pararmos para pensar, de forma científica e humanística isso é uma crueldade, para não falar desumanidade.

O indivíduo portador de um corpo obeso vive menos? Talvez.

Adoece mais? Sim!

É mais propenso a transtornos psiquiátricos? Sim!

É discriminado no âmbito familiar, trabalho, círculo social? Sim !

É julgado como preguiçoso? Sim !

É julgado como portador de desvio de caráter e sem força de vontade? Sim !

E a realidade é que a Obesidade é uma doença: Repitam comigo:

  • MULTIFATORIAL
  • CRÔNICA
  • RECIDIVANTE
  • SEM CURA

Ao longo de 14 anos tratando indivíduos portadores de Obesidade (e não foram poucos, ao todo na minha estimativa, mais de 6 mil) percebi que:

Menos de 10% consegue perder peso e manter essa perda por toda a vida.

A grande maioria dos indivíduos com obesidade terão uma curva de peso ascendente.

A grande maioria se submeterá aos tratamentos mirabolantes e no final se culpará e se sentirá fracassado. 

A grande maioria não receberá acolhimento por parte dos profissionais da área da saúde, em especial Nutricionistas, Endocrinologistas e Nutrólogos. Sim, a gordofobia é altamente prevalente entre essas 3 classes. É vergonhoso? Sim, muito! Mas verdade seja dita. 

  • Falta empatia. 
  • Falta acolhimento.
  • Falta ciência. 
  • Falta resiliência.
  • Falta aceitação e autoaceitação. 
  • Falta humanização. 
  • Falta interdisciplinaridade.
  • Falta valorização de aspectos psicológicos.
  • Falta consideração de aspectos psicossociais.
  • Falta política de saúde pública. 
  • Falta educação nutricional na infância.
  • Falta muita coisa e sobra preconceito, ignorância, desprezo.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 | RQE 11915