quarta-feira, 27 de agosto de 2025
Artigo: Avaliando a relação entre fatores dietéticos e a saúde capilar: uma revisão sistemática

Cabelos Fortes e Saudáveis: O que a ciência revela sobre a alimentação e a queda capilar
- Vitamina D e ferro: fundamentais para prevenir a queda.
- Proteínas e aminoácidos: base estrutural dos fios.
- Soja e vegetais crucíferos: aliados antioxidantes.
- Açúcar e álcool: inimigos da saúde capilar.
- Suplementos: podem ser úteis em alguns casos.

domingo, 24 de agosto de 2025
GLP-1: O Segredo Não Está Só no Remédio: Como a alimentação e a atividade física fazem toda a diferença no emagrecimento
O que são os medicamentos GLP-1?
Os agonistas de receptor GLP-1 estão revolucionando o tratamento da obesidade. Eles ajudam a reduzir até 20% do peso corporal, sendo uma das terapias mais eficazes contra o excesso de peso. Mas há um detalhe importante… Grande parte da perda pode vir de massa muscular (até 40% e isso a gente percebe na prática quando solicitados a Densitometria de corpo inteiro), o que pode comprometer a saúde se não houver mudanças no estilo de vida.
A importância do estilo de vida no tratamento
O segredo para resultados sustentáveis está em combinar os medicamentos GLP-1 com boa alimentação e prática de atividade física. Recentemente a ANVISA determinou a retenção da receita dos análogos de GLP-1 e isso foi ótimo por 2 motivos: as medicações estavam em falta no mercado porque pessoas saudáveis estavam comprando a medicação e usando para fins estéticos. Além disso, fazendo automedicação, essas mesmas pessoas estavam sujeitas a vários efeitos colaterais dos análogos. Afinal, a medicação foi desenvolvida para tratamendo de diabetes e da obesidade. Ou seja, o acompanhamento médico é essencial, em especial com Nutrólogos ou Endocrinologistas, que são os profissionais mais habilitados para manejo da obesidade.
Médicos recomendam monitorar o peso mensalmente durante os primeiros meses e depois a cada três meses, ajustando o tratamento quando necessário. Esse automonitoramento é uma das medidas que auxiliam a evitar o reganho.
Quando a perda é insuficiente
Se após 12 a 16 semanas o paciente perder menos de 5% do peso, pode ser preciso ajustar doses ou trocar de medicamento.
Quando o emagrecimento é exagerado
Se o IMC cai abaixo de 18,5 ou há sinais de desnutrição, o médico deve investigar causas adicionais e reduzir a dose para proteger a saúde.
Alimentação adequada: o pilar do sucesso
O acompanhamento com nutricionista é o ideal, mas registros simples de refeições ou aplicativos também ajudam na reeducação alimentar. O paciente precisa se atentar que mais do que calorias, a qualidade também importa. Ou seja, a prioridade deve ser alimentos nutritivos, ricos em fibras, vitaminas e minerais, e não apenas a contagem de calorias. E aqui faço um adendo, que repito exaustivamente para meus pacientes em uso de Análogo de GLP-1: as proteínas são as guardiãs dos músculos. Ou seja, devemos sempre tentar bater a meta protéica quando estamos em uso dessas drogas. Para preservar a massa magra, recomenda-se uma ingestão de 1,2-1,6g de proteína ao dia, podendo ser maior para idosos. Mas isso deve ser avaliado cautelosamente, afinal, muitos desses pacientes possuem hiperuricemia ou doença renal crônica, com isso a fonte protéica não deve ser baseada apenas em proteína de origem animal.
Estratégias para lidar com efeitos colaterais
- Constipação: aumentar fibras e ingerir 2 a 3 litros de água/dia.
- Náusea: evitar frituras e refrigerantes.
- Refluxo: comer porções menores e evitar deitar logo após as refeições. Dar um intervalo de pelo menos 4 horas entre a última refeição e a hora que irá deitar.
Micronutrientes em alerta
Como o apetite diminui, há risco de carência de vitamina D, ferro e vitaminas do complexo B. Suplementos podem ser necessários. Sendo que a suplementação deve ser norteada baseada no inquérito alimentar e nos exames laboratoriais
A atividade física como parceira
A recomendação é começar devagar e atingir 150 minutos semanais de atividade moderada ou 75 minutos de atividade intensa. Além disso, existe um papel crucial do treino de força. Os exercícios resistidos, como musculação, são fundamentais para manter a massa muscular e devem somar de 60 a 90 minutos semanais. O ideal é praticar de 30 a 60 minutos de atividade física todos os dias, mesclando aeróbicos e musculação.
O desafio do efeito sanfona
Ao suspender o medicamento, estudos mostram que pode haver reganho de 7% a 12% do peso perdido em apenas 1 ano. Por isso, quando iniciamos a medicação, salientamos que o "desmame" da medicação deverá ser gradual. Afinal, a obesidade é uma condição crônica e as chances de reganho de peso são altíssimas. Assim como hipertensão ou diabetes, a obesidade exige tratamento contínuo. Parar o remédio sem mudar hábitos aumenta o risco de recuperar peso. Assim como parar de praticar atividade física.
A verdadeira defesa contra o reganho
Criar hábitos saudáveis desde o início do tratamento é a melhor forma de manter os resultados e evitar o famoso “efeito sanfona”. Conclusão: tratamento da obesidade (uma doença crônica) é um tratamento para toda a vida. Os GLP-1 são aliados poderosos, mas não fazem milagres sozinhos. O sucesso duradouro depende de três pilares:
- Medicação
- Alimentação equilibrada
- Movimento diário

domingo, 17 de agosto de 2025
Métodos de Higiene do sono: o que auxilia e o que prejudica o sono
- 23% dos adultos jovens têm uma qualidade ruim de sono;
- 61% delas têm dificuldade em manter o sono,
- 7,7% têm dificuldade de iniciar o sono,
- 2,2% despertam muito cedo;
- 25% não têm sono reparador;
- A prevalência da insônia entre mulheres é maior, tem início já na adolescência e se agrava na menopausa;
- Sono não reparador está associado à obesidade, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, depressão e ansiedade, piora de doenças autoimunes e alteração na percepção da dor.
14 Técnicas de Higiene do Sono para Dormir Melhor
1. Exposição à luz solar pela manhã
2. Reduzir telas à noite (celular, TV, computador)
3. Praticar atividade física
4. Controle do estresse
5. Relações interpessoais saudáveis
6. Alimentação equilibrada
7. Chás naturais calmantes
8. Banho morno antes de deitar
9. Aromaterapia com lavanda
10. Acupuntura
11. Temperatura do quarto
12. Rotina regular
13. Evitar estimulantes
14. Cochilos curtos
Texto que a minha afilhada Dra. Helena Bacha preparou com minha orientação.
Vamos falar sobre SONO? 😴
sábado, 16 de agosto de 2025
Consenso europeu sobre má absorção
- Má digestão: hidrólise defeituosa de nutrientes de grandes moléculas em componentes de pequenas moléculas absorvíveis.
- Má absorção: capacidade prejudicada de absorver nutrientes através da mucosa intestinal para a corrente sanguínea ou vasos linfáticos.
- Malassimalação: combinação entre má digestão e má absorção.
- Alterações pré mucosas – como falhas na solubilização de gorduras e vitaminas lipossolúveis;
- Alterações mucosas – como doenças inflamatórias ou infecciosas que afetam diretamente a mucosa intestinal;
- Alterações pós-mucosas – como distúrbios no transporte intracelular, linfático ou vascular dos nutrientes.
- Xeroftalmia, membranas mucosas secas, úlceras de córnea, visão noturna prejudicada
- Raquitismo, osteoporose
- Anemia hemolítica, neuropatia, mielopatia
- Síndrome hemorrágica, equimose
- Beribéri, encefalopatia de Gayet-Wernicke
- Dermatite seborreica, queilite, estomatite angular, glossite
- Pelagra, erupção cutânea, diarreia, demência
- Lesões cutâneas, alterações neuropsiquiátricas e hematológicas (anemia microcítica)
- Anemia megaloblástica, pancitopenia, alterações neurológicas e gastrointestinais, infertilidade, anormalidades fetais
- Anemia megaloblástica, degeneração subaguda da medula espinhal, alterações neuropsiquiátricas, glossite, infertilidade
- Escorbuto, cicatrização de feridas retardada, hematomas
- Ageusia (perda de paladar), alopecia, erupção cutânea, deficiência imunológica, diarreia
- Anemia, astenia, alterações do paladar, retardo de crescimento
- Anemia hipocrômica, arritmia cardíaca, neutropenia, ataxia
- Hipotireoidismo, bócio
- Cardiomiopatia (doença de Keshan), hipotireoidismo
- Testes de fezes: a quantificação de gordura fecal (esteatorreia) e a medição de elastase pcreática fecal são usados para avaliar a má absorção de gordura, especialmente em casos de insuficiência pancreática exócrina.
- Sorologia e endoscopia: para pacientes com suspeita de doença celíaca, a sorologia (anticorpos IgA anti-transglutaminase tecidual 2) é o primeiro passo. Em adultos, o diagnóstico é confirmado com biópsias intestinal por endoscopia.
- Testes respiratórios: embora o consenso desencoraje o uso de testes respiratórios para diagnosticar a supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO), eles podem ser úteis para investigar a má absorção de carboidratos e gorduras.
- Vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K): o monitoramento e a suplementação regular são cruciais em distúrbios associados à má absorção de gordura, como fibrose cística, insuficiência pancreática exócrina, doença hepática colestática e síndrome do intestino curto, além de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.
- Vitamina B12: deve ser monitorada em todos os pacientes com absorção comprometida devido à deficiência de fator intrínseco (como após gastrectomia total, gastrite atrófica autoimune) ou doença ileal distal (como doença de Crohn ou ressecção ileal prévia). Formulações orais e sublinguais estão disponíveis, mas a administração intramuscular pode ser necessária em casos de gastrectomia total, ressecção ileal extensa ou doença absortiva persistente.
- Minerais (ferro, magnésio, selênio, zinco, cobre): o monitoramento e a suplementação são recomendados em casos de má absorção crônica.

TDAH induzido - Dr. Andrey Rocca
Você acha que tem sintomas de TDAH?
Hoje em dia, muita gente tem se identificado com vídeos e memes de TDAH. A verdade é que a maioria dessas pessoas tem sintomas de desatenção induzidos pelo estilo de vida.
Somente 5% das crianças e 3% dos adultos de fato têm TDAH genético, o transtorno de desenvolvendo para o qual as mediações foram estudadas.
Muitos tem buscado esse diagnóstico, se definido a partir dele e isso pode inclusive confundir e atrapalhar a vida da pessoa. Além de ter muita gente vendendo essa “epidemia” aqui nas redes, que não é bem verdade pelos artigos.
Como estudo o tema há mais de 20 anos, desde que comecei o consultório de Nutrologia sempre atendi pacientes com suspeita de TDAH, visto que, muitos acreditam em uma abordagem Nutrológica para esse transtorno. O fato é, poucos nutrientes são efetivos para o TDAH, ou seja, apesar de termos alguns estudos, a maioria destes trabalhos são fracos e tem uma heterogeneidade nos resultados. Ou seja, não há evidência robusta que alguma vitamina, mineral, ácido graxo auxilie no TDAH.
O que nos diz o OpenEvidence sobre o tema:
Há evidência clínica de que alguns suplementos, minerais e vitaminas podem exercer efeitos benéficos em sintomas do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), embora o grau de benefício e a robustez metodológica dos estudos variem consideravelmente.
Diversos ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas indicam que micronutrientes (misturas de vitaminas e minerais) podem promover melhora global do funcionamento, especialmente em aspectos como regulação emocional, agressividade e sintomas de desatenção, com perfil de segurança favorável e baixa taxa de eventos adversos.[1-3]
No entanto, os efeitos sobre sintomas centrais de hiperatividade/impulsividade tendem a ser modestos ou inconsistentes entre diferentes avaliadores.[2-3]
Estudos específicos com vitamina D e magnésio sugerem que a suplementação combinada pode melhorar parâmetros comportamentais e de saúde mental em crianças com TDAH, incluindo redução de problemas emocionais, comportamentais e sociais, embora sejam necessários estudos maiores e mais robustos para confirmar esses achados.[4]
Revisões sistemáticas e meta-análises apontam que antioxidantes como ômega-3, ômega-6, vitamina D, zinco, fosfatidilserina, resveratrol, pycnogenol, quercetina e fitoterápicos (ex.: Bacopa monnieri, Ginkgo biloba) podem ter efeitos positivos em sintomas de atenção, hiperatividade e funcionamento global, mas os resultados devem ser interpretados com cautela devido à heterogeneidade metodológica e à qualidade variável dos estudos.[5-7]
Por exemplo, ômega-3 e vitamina D aparecem entre os suplementos mais eficazes e seguros em algumas análises, enquanto Bacopa monnieri e Ginkgo biloba mostram benefícios principalmente em sintomas de desatenção, mas são menos eficazes que estimulantes tradicionais.[5-6]
É importante ressaltar que, apesar dos potenciais benefícios, os suplementos não substituem o tratamento farmacológico padrão (como estimulantes), cuja eficácia é amplamente superior e bem estabelecida.[6][8]
O uso de suplementos pode ser considerado como abordagem complementar, especialmente em casos de comorbidades emocionais ou quando há contraindicação ou recusa ao tratamento farmacológico, sempre sob supervisão clínica.
Em resumo, há evidência de benefício modesto de micronutrientes, vitaminas e alguns suplementos em sintomas de TDAH, principalmente em desatenção e regulação emocional, mas não há consenso para recomendação universal. A heterogeneidade dos estudos e a ausência de efeitos robustos sobre todos os domínios do TDAH exigem cautela na interpretação dos resultados e reforçam a necessidade de mais pesquisas de alta qualidade.[1-7]
1. Micronutrients for Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder in Youths: A Placebo-Controlled Randomized Clinical Trial. Johnstone JM, Hatsu I, Tost G, et al. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry. 2022;61(5):647-661. doi:10.1016/j.jaac.2021.07.005.
2. Vitamin-Mineral Treatment Improves Aggression and Emotional Regulation in Children With ADHD: A Fully Blinded, Randomized, Placebo-Controlled Trial. Rucklidge JJ, Eggleston MJF, Johnstone JM, Darling K, Frampton CM. Journal of Child Psychology and Psychiatry, and Allied Disciplines. 2018;59(3):232-246. doi:10.1111/jcpp.12817. Leading Journal
3. Vitamin-Mineral Treatment of Attention-Deficit Hyperactivity Disorder in Adults: Double-Blind Randomised Placebo-Controlled Trial. Rucklidge JJ, Frampton CM, Gorman B, Boggis A. The British Journal of Psychiatry : The Journal of Mental Science. 2014;204:306-15. doi:10.1192/bjp.bp.113.132126.
4. The Effect of Vitamin D and Magnesium Supplementation on the Mental Health Status of Attention-Deficit Hyperactive Children: A Randomized Controlled Trial. Hemamy M, Pahlavani N, Amanollahi A, et al. BMC Pediatrics. 2021;21(1):178. doi:10.1186/s12887-021-02631-1.
5. Safety and Efficacy of Antioxidant Therapy in Children and Adolescents With Attention Deficit Hyperactivity Disorder: A Systematic Review and Network Meta-Analysis. Zhou P, Yu X, Song T, Hou X. PloS One. 2024;19(3):e0296926. doi:10.1371/journal.pone.0296926.
6. Efficiency of Different Supplements in Alleviating Symptoms of ADHD With or Without the Use of Stimulants: A Systematic Review. Al Shahab S, Al Balushi R, Qambar A, et al. Nutrients. 2025;17(9):1482. doi:10.3390/nu17091482. New Research
7. Use of Non-Pharmacological Supplementations in Children and Adolescents With Attention Deficit/Hyperactivity Disorder: A Critical Review. Rosi E, Grazioli S, Villa FM, et al. Nutrients. 2020;12(6):E1573. doi:10.3390/nu12061573.
8. Editorial: Accumulating Evidence for the Benefit of Micronutrients for Children With Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder. Stevenson J. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry. 2022;61(5):599-600. doi:10.1016/j.jaac.2021.08.008.
Assista ao vídeo do meu colega psiquiatra Dr. Andrey Rocca.
