domingo, 31 de agosto de 2025

Funcho vs erva-doce

 Se você gosta de chás e estuda fitoterapia, é provável que você já tenha confundido o funcho com a erva-doce em algum momento! Também conhecida como funcho-doce, essa herbácea é considerada uma erva medicinal. 

A espécie Foeniculum vulgare é muito bem aproveitada por aqueles que a consomem, seja na culinária ou como bebida. Nativo da Europa e do Norte da África, o funcho é uma planta silvestre disseminada em larga escala no Mediterrâneo, mas também pelo mundo afora. A herbácea é extremamente aromática e muito bem aproveitada pela indústria farmacêutica e de cosméticos. Dela é possível extrair o óleo essencial de funcho, que tem efeito relaxante. Porém, além disso, a planta também é considerada um ótimo ingrediente para preparos culinários e receitas medicinais.

Mas qual a diferença entre funcho e erva-doce?

Apesar de ser muito confundido com a erva-doce (Pimpinella anisum), o funcho-doce possui aspectos que o diferencia fortemente da outra espécie. Ambas têm o talo e as folhas consumidas em receitas e apresentam sabor semelhante, mas possuem propriedades variantes. 

A Foeniculum vulgare se destaca pelas flores amarelas e rendadasdiferentemente da erva-doce, que tem flores brancas. Os motivos para consumir o chá de erva-doce são bem específicos, assim como no caso do chá de funcho.


Funcho: flores amarelas

Erva-doce


Planta medicinal melhora digestão e reduz gases

O funcho tem algumas propriedades medicinais para a saúde digestiva. O alimento conta com diversos nutrientes em sua composição, como fibras alimentares, vitaminas do tipo A, C e do complexo B, além de sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio, sódio e zinco. Todos em quantidades muito pequenas. O funcho tem ações expectorantes e pode ajudar em sintomas gastrintestinais.

O consumo da planta medicinal é muito indicado para pessoas que sofrem com flatulências e dores abdominais constantes. Além disso, a erva apresenta efeitos positivos para o tratamento de outros tipos de problemas relacionados ao sistema digestivo, facilitando o processo de digestão - mesmo em casos de comidas mais pesadas - e a absorção dos nutrientes. O funcho também ajuda na redução do mau hálito.

Saiba para que serve chá de funcho e como fazê-lo

O chá de funcho é uma boa opção para pessoas de qualquer idade que estejam sofrendo de problemas digestivos ou intestinais (mas antes passe em consulta médica). A bebida é bem simples de ser preparada. Para fazer o chá, você deve utilizar 1 colher de sementes de funcho ou as folhas da planta trituradas. Coloque-as em uma xícara de água fervente, tampe e espere de 12 a 15 minutos para a infusão ser concluída e a bebida fique morna. Depois, coe para retirar os resíduos do alimento. Por fim, é só beber!

Abaixo algumas receitas que você pode fazer com a erva-doce.





Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

Novas diretrizes de Hipertensão arterial

Novas Diretrizes de Hipertensão - 2025 por MEV University

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Parabéns a todos os nutricionistas




31 de Agosto é dia de celebrar aqueles que, com ciência, dedicação e empatia, transformam vidas por meio da nutrição. Ser nutricionista é mais do que prescrever dietas, é acolher pessoas, despertar consciência, estimular mudança de estilo de vida,  é promover saúde em todas as suas dimensões e em todas as faixas etárias. 

Quero deixar um agradecimento especial ao meu nutricionista, Rodrigo Lamonier. Desde 2018 tive a honra de acompanhá-lo de perto, treinando-o e preparando-o para atuar ao meu lado, dentro do consultório. Hoje, com muito orgulho, vejo no Rodrigo um profissional exemplar, comprometido com a ciência e guiado por valores humanos que fazem toda diferença na prática clínica. Uma referência na Nutrição goiana

Rodrigo, sua trajetória é motivo de inspiração. Você mostra diariamente que nutrição é, antes de tudo, um ato de cuidado profundo com o ser humano, combinando acolhimento, técnica e acima de tudo ciência. Muita ciência. Nesse mar de profissionais inescrupulosos e rasos na nutrição, você faz a diferença na vida dos nossos pacientes.  Obrigado por caminhar comigo nessa missão de transformar a saúde de tantos pacientes.

Parabéns a todos os nutricionistas pelo seu dia! Desejo a todos muito estudo, humanitarismo e ética. 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE11915
Gostou da homenagem e quer conhecer mais sobre o meu trabalho, clique aqui. 

Para aqueles que ainda não sabem a diferença entre Nutrólogo e Nutricionista, sugiro ler um texto de minha autoria: https://www.ecologiamedica.net/2023/11/qual-diferenca-entre-nutrologo-e.html

sábado, 30 de agosto de 2025

Doutor, eu devo tomar testosterona ?


Entenda quando a TRT é indicada, exames necessários, contraindicações, efeitos adversos e opções naturais. Conteúdo médico com evidências e segurança

Antes de começar o texto, saliento que não prescrevo testosterona, sequer tenho receituário azul. Posso até investigar o déficit por ser médico, mas na minha concepção, quem deve prescrever e conduzir o caso é o Endocrinologista ou Urologista. 

O que é a terapia de reposição de testosterona?

A terapia de reposição de testosterona, conhecida como TRT, é um tratamento médico usado quando o corpo não produz esse hormônio em quantidades suficientes.


A testosterona é essencial para a energia, a força muscular, a saúde sexual e até o bem-estar emocional.
Muitos homens ouvem falar da TRT como solução rápida para melhorar a disposição e o físico, mas nem sempre isso é verdade.


Na prática, ela só é indicada em casos de deficiência comprovada. Por isso, não deve ser usada sem uma avaliação médica criteriosa. O uso indevido pode trazer mais riscos do que benefícios.

Por que a testosterona é importante para o corpo?

Esse hormônio influencia diretamente a massa muscular, a distribuição de gordura e a saúde óssea. Além disso, regula a libido, a função sexual e até a produção de espermatozoides. A testosterona também está ligada ao humor, à motivação e à memória. Quando ela está baixa, sintomas como cansaço, desânimo e perda de força podem aparecer. Ou seja, trata-se de um hormônio que impacta diversas áreas da vida. Por isso, qualquer alteração deve ser investigada de forma responsável.

Quando desconfiar de baixa testosterona?

Alguns sinais levantam a suspeita de que os níveis de testosterona podem estar baixos.
Entre eles estão a queda de libido, disfunção erétil e diminuição das ereções matinais.
Também são comuns o aumento da gordura abdominal, a redução da massa muscular e a fadiga persistente.
Mudanças no humor, como irritabilidade e tristeza, podem estar relacionadas.
Queda de pelos corporais e alterações no sono também chamam atenção.
Esses sintomas devem ser avaliados em conjunto e não isoladamente.

É verdade que todo homem mais velho precisa de reposição?

Não! Esse é um mito muito comum.
Com o passar da idade, é natural que os níveis de testosterona diminuam um pouco.
Mas isso não significa que todo homem mais velho precise de reposição hormonal.
A TRT só é indicada quando há sintomas associados a exames laboratoriais confirmando o déficit.
Muitos homens mais velhos mantêm bons níveis do hormônio sem precisar de tratamento.
Portanto, cada caso deve ser analisado individualmente.

Quais exames são necessários para investigar a testosterona?

O exame principal é a dosagem de testosterona total no sangue, coletada pela manhã.
Em alguns casos, também é importante avaliar a testosterona livre, que mostra a fração ativa do hormônio.
Além disso, o médico pode solicitar exames como LH, FSH, estradiol, prolactina e hormônios da tireoide.
Esses testes ajudam a entender se a baixa testosterona é causada por problemas nos testículos ou no cérebro.
Também pode ser necessário avaliar o PSA, importante para a saúde da próstata.
Ou seja, é uma investigação completa, que não pode ser feita às pressas.

Causas mais comuns da baixa testosterona

Entre os motivos estão doenças crônicas, obesidade, uso de certos medicamentos e o envelhecimento natural.
Infecções nos testículos, traumas e histórico de quimioterapia também podem estar envolvidos.
O uso de drogas como maconha, cocaína e álcool em excesso pode diminuir a produção do hormônio.
Outro fator importante é a falta de sono adequado, que reduz os pulsos naturais de testosterona.
O excesso de estresse também prejudica a saúde hormonal.
Muitas vezes, mudar o estilo de vida já ajuda a recuperar os níveis.

A obesidade pode diminuir a testosterona?

Sim, e isso é mais comum do que se imagina.
A gordura abdominal em excesso aumenta a transformação da testosterona em estrógeno, um hormônio feminino.
Além disso, o excesso de peso reduz os pulsos hormonais que estimulam a produção testicular.
Por isso, muitos homens obesos apresentam sintomas típicos de hipogonadismo.
A boa notícia é que perder peso ajuda a normalizar os níveis hormonais.
Muitas vezes, emagrecer é mais eficaz do que usar reposição.

O sono influencia nos níveis de testosterona?

Dormir bem é essencial para manter o equilíbrio hormonal.
Durante o sono profundo, o corpo libera os pulsos que estimulam a produção de testosterona.
Quem dorme mal ou tem apneia do sono tende a apresentar níveis mais baixos do hormônio.
Além disso, a falta de descanso aumenta o estresse e o cortisol, que competem com a testosterona.
Por isso, melhorar a qualidade do sono pode trazer benefícios significativos.
Antes de pensar em reposição, esse é um ponto a ser corrigido.

Quais riscos existem em usar testosterona sem necessidade?

Muitas pessoas acreditam que a testosterona só traz benefícios, mas isso é um grande engano.
O uso sem indicação pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, como infarto e AVC.
Também pode causar infertilidade, pois o corpo deixa de produzir espermatozoides naturalmente.
Outros efeitos incluem aumento do hematócrito, piora da queda de cabelo e ginecomastia (crescimento das mamas nos homens).
Além disso, pode prejudicar a próstata, aumentando risco de câncer ou hiperplasia.
Por isso, a automedicação nunca é uma opção segura.

Quem pode prescrever e acompanhar a TRT?

Somente médicos podem prescrever a reposição de testosterona.
Normalmente, essa função é de endocrinologistas ou urologistas.
O papel do nutrólogo ou do clínico é investigar sintomas, solicitar exames e encaminhar quando necessário.
É fundamental que o acompanhamento seja feito por um profissional capacitado.
O paciente deve ter consultas regulares e realizar exames de controle de forma periódica.
Isso garante que o tratamento seja eficaz e seguro ao mesmo tempo.

Medicamentos que podem reduzir a testosterona

Alguns remédios podem diminuir a produção ou a ação da testosterona no corpo.
Entre eles estão antidepressivos antigos, corticoides, opioides e certos medicamentos para pressão.
Até mesmo drogas comuns, como o álcool em excesso, podem afetar o equilíbrio hormonal.
Por isso, o médico sempre deve revisar a lista de medicamentos do paciente.
Em alguns casos, apenas trocar ou suspender um remédio já resolve o problema.
Isso mostra que nem sempre a solução está na reposição hormonal.

Hábitos de vida que afetam a testosterona

O estilo de vida moderno pode prejudicar bastante a saúde hormonal.
Dormir mal, ter má alimentação, usar álcool e tabaco são fatores que reduzem os níveis de testosterona.
A exposição a substâncias químicas chamadas de disruptores endócrinos também tem impacto negativo.
Essas substâncias estão em plásticos, pesticidas e alguns cosméticos.
A prática de atividade física regular ajuda a manter o equilíbrio hormonal.
Ou seja, cuidar do dia a dia já faz grande diferença para a saúde do homem.

O impacto da obesidade na produção hormonal

A obesidade é um dos principais inimigos da testosterona.
O excesso de gordura, especialmente na barriga, favorece a transformação desse hormônio em estrogênio.
Isso desequilibra ainda mais o metabolismo e gera sintomas de cansaço e baixa libido.
Além disso, a obesidade aumenta o risco de apneia do sono, que também reduz a testosterona.
Por isso, perder peso é uma estratégia fundamental antes de pensar em TRT.
Muitas vezes, só essa medida já traz melhora significativa.

Apneia do sono e baixa testosterona

A apneia do sono é caracterizada por pausas respiratórias durante a noite.
Esse distúrbio atrapalha o descanso profundo, que é essencial para a produção hormonal.
Homens com apneia tendem a ter níveis mais baixos de testosterona.
E se eles fazem reposição sem tratar a apneia, o problema respiratório pode piorar.
O diagnóstico é feito por exames específicos de sono, como a polissonografia.
Tratar a apneia pode melhorar não só o hormônio, mas também a qualidade de vida.

Reverter a causa ou repor o hormônio?

Antes de iniciar a reposição, é fundamental entender o motivo da queda da testosterona.
Se a causa for má qualidade do sono, obesidade ou uso de remédios, essas situações devem ser corrigidas.
Muitas vezes, só isso já é suficiente para normalizar os níveis.
A reposição é indicada apenas quando não há melhora mesmo após o tratamento da causa.
Isso evita que o paciente use hormônio sem necessidade e sofra os efeitos colaterais.
É sempre melhor atacar a raiz do problema do que apenas mascarar os sintomas.

Tratamentos que estimulam a produção natural

Em homens mais jovens, existem opções que estimulam o corpo a voltar a produzir testosterona sozinho. Entre elas está o uso de medicamentos como o citrato de clomifeno ou o hCG. Essas substâncias fazem o organismo retomar a produção natural do hormônio. Essa abordagem é especialmente útil para quem ainda deseja ter filhos. Isso porque a TRT pode reduzir ou até bloquear a produção de espermatozoides. Estimular a produção natural é uma forma mais segura nesses casos.

Formas de reposição de testosterona

Quando a reposição realmente é necessária, existem várias formas disponíveis.
As principais são: comprimidos, géis de uso diário, injeções e implantes subcutâneos.
Cada método tem vantagens e desvantagens em termos de praticidade e efeitos colaterais.
Por exemplo, os géis são mais fáceis de usar, mas podem passar hormônio para outras pessoas pelo contato da pele.
Já as injeções podem causar picos e quedas no humor e na disposição.
A escolha sempre deve ser feita junto com o médico.

A testosterona em comprimidos

As cápsulas ou comprimidos são uma opção de reposição, mas têm limitações.
Alguns tipos podem sobrecarregar o fígado e causar alterações no colesterol.
Por isso, não são a forma mais recomendada na maioria dos casos.
Existem versões mais modernas, como o undecanoato oral, que são menos agressivas.
Mesmo assim, elas exigem uso acompanhado de refeições ricas em gordura para melhor absorção.
Esse detalhe pode dificultar a adesão do paciente ao tratamento.

A testosterona em gel

O gel de testosterona é bastante usado porque mantém níveis mais estáveis no sangue.
A aplicação é feita todos os dias na pele, geralmente nos ombros ou abdômen.
Um dos principais cuidados é evitar o contato com crianças ou parceiros logo após o uso.
Isso porque o hormônio pode ser transferido pela pele e causar efeitos indesejados.
A adesão costuma ser boa, desde que o paciente siga corretamente as orientações.
É uma opção segura para muitos homens que necessitam de reposição.

A testosterona injetável

As injeções de testosterona são muito utilizadas por sua praticidade e baixo custo.
Existem opções de curta duração, aplicadas a cada 2 ou 3 semanas, e de longa duração, feitas a cada 3 meses.
O problema é que as de curta ação causam picos e quedas de humor e energia.
Já as de longa duração têm melhor estabilidade, mas custo mais alto.
Um dos riscos principais das injeções é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o acompanhamento médico regular é indispensável.

A testosterona em adesivos

Outra forma de reposição é o uso de adesivos transdérmicos.
Eles liberam o hormônio de forma contínua e estável na pele.
Apesar de práticos, podem causar irritações locais, como vermelhidão e coceira.
No Brasil, ainda não estão amplamente disponíveis, o que limita seu uso.
Além disso, costumam ter custo mais elevado em comparação a outras formas.
Mesmo assim, são uma alternativa válida em alguns casos específicos.

Implantes de testosterona (“chips”)

Os implantes, conhecidos popularmente como “chips”, ficam debaixo da pele e liberam testosterona por meses. Eles oferecem praticidade, pois não exigem aplicação frequente como os géis ou injeções.
Por outro lado, podem causar infecção no local ou serem expulsos pelo organismo.
Outra desvantagem é a dificuldade em ajustar a dose caso surjam efeitos colaterais. Por isso, só devem ser usados em situações muito bem indicadas. Porém, no Brasil não há produto disponível na indústria farmacêutica, ou seja, na minha visão não há segurança na prescrição de implantes manipulados. Por isso, endocrinologistas sérios não prescrevem.

Quem não pode usar testosterona?

A TRT não é indicada para todo mundo. Homens com câncer de próstata ou mama, nódulos suspeitos na próstata ou PSA alterado não devem usar. Também não é indicada em casos de apneia do sono não tratada, insuficiência cardíaca grave ou problemas no fígado. Outra contraindicação é o hematócrito muito elevado, que pode aumentar o risco de trombose. Essas situações precisam ser cuidadosamente avaliadas antes de iniciar o tratamento. A segurança do paciente deve vir sempre em primeiro lugar.

Exames antes de iniciar a reposição

Antes de começar a TRT, o médico deve pedir uma série de exames. Esses exames ajudam a identificar riscos e a garantir que o tratamento seja seguro. Também é importante fazer um exame físico completo e, se indicado, o toque retal. Em alguns casos, pode ser necessário avaliar a fertilidade com espermograma. Essa etapa de prevenção evita complicações futuras. O endocrinologista ou urologista saberão quais exames mais indicados para o seu caso. 

Acompanhamento durante o tratamento

Depois que a TRT é iniciada, o acompanhamento médico deve ser contínuo. Os exames precisam ser repetidos a cada 3 a 6 meses no início do tratamento. Esse controle serve para ajustar a dose e evitar efeitos colaterais graves.
Além disso, sintomas como mudanças no humor, acne ou queda de cabelo devem ser monitorados.
O acompanhamento é tão importante quanto o início do tratamento.

Efeitos colaterais mais comuns da testosterona

O uso de testosterona pode trazer alguns efeitos indesejados.
Entre eles estão oleosidade na pele, acne, aumento da queda de cabelo e ginecomastia.
Alguns homens também podem notar alterações no humor e maior irritabilidade.
A longo prazo, a TRT pode reduzir a produção natural do esperma, levando à infertilidade.
Outro risco é o aumento do hematócrito, que engrossa o sangue.
Por isso, o tratamento nunca deve ser feito sem supervisão médica.

Efeitos colaterais de acordo com a forma usada

Cada forma de reposição tem seus efeitos adversos específicos.
Os comprimidos podem prejudicar o fígado e alterar o colesterol.
Os implantes podem causar infecção no local da aplicação.
As injeções podem gerar dor local e oscilações de humor e energia.
Os géis apresentam risco de transferência do hormônio para outras pessoas.
Já os adesivos podem causar irritações de pele.

A relação da testosterona com o coração

Um dos temas mais discutidos é se a TRT aumenta o risco de problemas cardíacos. Alguns estudos sugerem que o uso pode elevar as chances de infarto e AVC. Por outro lado, a própria deficiência de testosterona também está associada a risco cardiovascular maior. Isso mostra que a relação é complexa e ainda não totalmente esclarecida. O mais seguro é individualizar a decisão, avaliando os fatores de risco de cada paciente. E sempre manter acompanhamento próximo com o médico.

O que dizem os estudos científicos

Pesquisas já mostraram resultados diferentes sobre os riscos da TRT.
Um estudo americano com idosos teve que ser interrompido por aumento de eventos cardíacos.
Por outro lado, outro trabalho mostrou que pacientes tratados tiveram menos problemas cardiovasculares.
Essas diferenças acontecem porque os estudos usam metodologias distintas.
Ainda faltam pesquisas grandes e de longo prazo para conclusões definitivas.
Por isso, a decisão deve ser sempre personalizada.

A testosterona afeta a fertilidade?

Sim, esse é um dos pontos mais importantes a serem discutidos antes da TRT.
A reposição pode reduzir a produção de espermatozoides, dificultando a fertilidade.
Isso acontece porque o corpo entende que já existe hormônio suficiente e reduz a produção natural.
Por isso, homens que desejam ter filhos devem conversar sobre alternativas antes do tratamento.
Em alguns casos, pode ser melhor estimular a produção natural em vez de repor diretamente.
Esse detalhe precisa ser esclarecido já na primeira consulta

Alternativas naturais para melhorar a testosterona

Nem sempre a solução está na reposição hormonal. Existem formas naturais de aumentar a testosterona ou pelo menos melhorar seus efeitos no corpo. O emagrecimento, a prática regular de exercícios de força e a melhora do sono são fundamentais. A alimentação equilibrada, rica em vitaminas e minerais, também ajuda. Reduzir o estresse e o consumo de álcool faz diferença nos níveis hormonais.
Essas medidas devem ser sempre o primeiro passo antes de pensar em TRT.

O papel da atividade física

O exercício físico é um dos maiores aliados da saúde hormonal. Treinos de força, como musculação, ajudam a aumentar naturalmente a testosterona. Além disso, diminuem a gordura corporal e melhoram a sensibilidade à insulina. O resultado é um corpo mais saudável, com mais energia e disposição. Atividades aeróbicas também são importantes para a saúde cardiovascular. O ideal é combinar ambos os tipos de treino para melhores resultados.

A importância da alimentação

Uma dieta equilibrada é essencial para manter os hormônios em ordem. Alimentos ricos em zinco, como castanhas e frutos do mar, favorecem a produção de testosterona. As gorduras boas, como azeite e peixes, também participam da síntese hormonal. Já o excesso de açúcar, frituras e ultraprocessados prejudica o equilíbrio do corpo. Beber água suficiente e evitar o álcool em excesso também ajuda. Ou seja, o prato do dia a dia pode ser um grande aliado da saúde hormonal.

O sono como regulador hormonal

Dormir bem é quase tão importante quanto se alimentar bem e se exercitar. Durante o sono profundo, o corpo libera hormônios que estimulam a produção de testosterona. Quem dorme pouco ou mal tende a ter queda significativa dos níveis hormonais. A apneia do sono, por exemplo, é uma das causas mais frequentes de déficit de testosterona. Cuidar da higiene do sono é uma estratégia simples e poderosa. Muitas vezes, basta regular o descanso para sentir melhora nos sintomas.

O impacto do estresse no corpo

O estresse crônico aumenta a produção de cortisol, o hormônio do “estado de alerta”. Quando o cortisol fica alto por muito tempo, ele atrapalha a produção de testosterona. Isso leva a sintomas como fadiga, queda da libido e dificuldade de ganhar massa muscular. Práticas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, ajudam a equilibrar. Atividades prazerosas também contribuem para reduzir a tensão do dia a dia. Controlar o estresse é essencial para manter o equilíbrio hormonal.

Fitoterápicos que podem auxiliar

Algumas plantas são estudadas por seus possíveis efeitos sobre a testosterona.
Entre elas estão o tribulus terrestris, o ginseng e a maca peruana.
Esses fitoterápicos podem ajudar na disposição, libido e energia.
No entanto, os estudos ainda são limitados e os resultados variam entre pessoas.
Eles podem ser usados como complemento, mas nunca substituem o acompanhamento médico.
Sempre é importante ter orientação profissional antes de iniciar o uso.

Tribulus terrestris: o mais famoso

O tribulus é uma planta tradicionalmente usada para melhorar a libido. Alguns estudos sugerem que pode aumentar a testosterona em certos casos. Ele também pode trazer ganhos na disposição e na performance física. Mas os resultados não são iguais para todos os homens. Em alguns, a melhora é perceptível; em outros, quase inexistente. De qualquer forma, é considerado seguro em doses adequadas.

O ginseng e seus efeitos

O ginseng é muito usado na medicina oriental como um tônico natural. Ele pode ajudar na energia, na memória e até na função sexual. Estudos indicam que pode melhorar a circulação e a ereção em alguns homens. Também pode trazer benefícios para a imunidade e reduzir a fadiga. Embora não aumente tanto a testosterona diretamente, melhora a vitalidade geral. Por isso, é visto como um aliado complementar no cuidado masculino.

A maca peruana

A maca é uma raiz cultivada nos Andes e usada há séculos para vitalidade. Ela é considerada um adaptógeno, ou seja, ajuda o corpo a lidar melhor com o estresse. Alguns estudos mostram melhora da libido e da fertilidade com seu uso. No entanto, assim como o tribulus, seus efeitos variam bastante entre indivíduos. É uma opção natural com poucos efeitos colaterais relatados. Pode ser incluída como parte de um estilo de vida saudável.

Outros nutrientes importantes

Além dos fitoterápicos, certos nutrientes também influenciam na produção de testosterona.
O zinco, o magnésio e a vitamina D são alguns dos mais relevantes. A deficiência deles pode levar à queda dos níveis hormonais e piora dos sintomas. A suplementação pode ser indicada em casos de carência confirmada. Mas, quando a dieta é equilibrada, muitas vezes já se consegue um bom aporte.
Por isso, a alimentação continua sendo a base de qualquer estratégia.

O risco do uso sem acompanhamento médico

Um dos maiores problemas atuais é o uso indiscriminado de testosterona. Muitos homens começam a aplicar injeções ou usar géis por conta própria. Sem exames e sem supervisão, os riscos aumentam de forma significativa. Isso pode levar a complicações graves, como infertilidade e problemas cardiovasculares. Além disso, a reposição mal indicada pode mascarar doenças importantes. Por isso, nunca é seguro iniciar o tratamento sem orientação médica.

Testosterona e risco cardiovascular

Existe um debate sobre a relação entre TRT e o coração. Alguns estudos mostram que a reposição pode aumentar o risco de infarto e AVC. Outros, no entanto, indicam que a deficiência também é prejudicial ao coração. Isso significa que cada caso deve ser avaliado individualmente. Homens com fatores de risco, como diabetes e hipertensão, exigem atenção redobrada. O médico é quem deve pesar riscos e benefícios antes da prescrição.

Testosterona e a saúde da próstata

A saúde da próstata é uma preocupação central no uso da testosterona. Pacientes com câncer de próstata não devem fazer reposição. Mesmo homens sem câncer precisam acompanhar o PSA regularmente. A reposição pode acelerar o crescimento de tumores já existentes. Por isso, exames preventivos são obrigatórios antes e durante a TRT. Esse cuidado protege a saúde masculina a longo prazo.

TRT e saúde óssea

A testosterona também tem impacto direto sobre os ossos. Níveis baixos aumentam o risco de osteopenia e osteoporose. Homens com deficiência podem ter mais fraturas e perda de densidade óssea. Nesses casos, a reposição pode ser uma aliada importante. Ela ajuda a preservar a estrutura óssea e reduzir riscos de quedas. No entanto, só deve ser feita quando realmente necessária.

TRT e saúde sexual

Um dos motivos que mais levam homens ao consultório é a queda da libido. A TRT pode melhorar a vida sexual quando a causa é realmente hormonal.  Ela aumenta o desejo, melhora a ereção e pode elevar a autoconfiança. No entanto, nem toda disfunção erétil é causada por testosterona baixa. Problemas psicológicos, diabetes e doenças vasculares também interferem. Por isso, é importante investigar todas as causas antes do tratamento.

TRT e humor

A testosterona também influencia o bem-estar mental. Homens com deficiência podem ter irritabilidade, tristeza e falta de motivação. Quando usada corretamente, a reposição pode melhorar esses sintomas. Mas se o problema for ansiedade ou depressão, a TRT não resolve sozinha. Nesses casos, o acompanhamento psicológico é fundamental. A saúde mental deve caminhar junto com a saúde hormonal.

TRT e composição corporal

Muitos associam a testosterona ao ganho de massa muscular. De fato, homens com deficiência podem melhorar força e massa magra com a reposição. Ela também ajuda a reduzir a gordura abdominal. Mas é preciso lembrar que a TRT não substitui treino e alimentação. Sem hábitos saudáveis, os resultados não aparecem. O hormônio é um aliado, mas não faz milagres. Importante salientar que a prescrição de testosterona para fins estéticos é PROIBIDA pelo Conselho Federal de Medicina. Também não encontra respaldo de segurança na literatura. 

TRT e infertilidade

Um ponto importante é que a TRT pode reduzir a fertilidade. Isso porque o corpo entende que já há hormônio suficiente e diminui a produção natural. Com isso, a produção de espermatozoides cai de forma significativa. Homens que planejam ter filhos devem conversar com o médico antes. Existem alternativas para estimular a produção natural sem afetar tanto a fertilidade. Essa decisão precisa ser individualizada.

Terapia pós-ciclo: o que é isso?

Muitos homens usam testosterona de forma irregular em “ciclos” para fins estéticos. Depois, procuram médicos pedindo ajuda para recuperar o equilíbrio hormonal. Essa prática pode trazer sérios prejuízos para o corpo e a mente. A chamada “terapia pós-ciclo” tenta reativar a produção natural do organismo. Na maioria das vezes, envolve medicamentos específicos e acompanhamento rigoroso. É mais um motivo para evitar o uso sem necessidade.

O papel da nutrologia e de outras especialidades

A avaliação de testosterona envolve várias áreas da medicina. O nutrólogo pode ajudar a identificar fatores ligados ao estilo de vida e à alimentação. O endocrinologista e o urologista são os principais responsáveis pela reposição. O cardiologista pode ser chamado quando existem riscos cardiovasculares. Já o psicólogo e o psiquiatra atuam nos sintomas emocionais relacionados. Essa visão integrada traz mais segurança e resultados melhores para o paciente.

O perigo da automedicação

Infelizmente a automedicação com testosterona tem crescido nos últimos anos. Muitos homens compram hormônios pela internet ou em academias, sem qualquer segurança. Esse hábito aumenta muito o risco de efeitos colaterais graves e irreversíveis. Além disso, a maioria desses produtos não tem controle de qualidade. Isso significa que podem estar contaminados ou até adulterados. Usar sem acompanhamento médico é colocar a saúde em risco.

Conclusão

Reposição de testosterona deve ser feita por Endocrinologista ou Urologista, destinada apenas para quem apresenta déficit laboratorial e sintomatologia compatível. 


REFERÊNCIAS


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RINNAB, L; et al. Testosterone replacement therapy and prostate cancer. In: The current position 67 years after the Huggins myth. Urologe A. 2009, 48(5):516-22.

VIGEN, T; et al. Association of Testosterone Therapy With Mortality, Myocardial Infarction, and Stroke in Men With Low Testosterone Levels. JAMA. 2013, vol.310, n.17, p.1829-1836. 

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.

Qual a panela ideal ? por Dr. Frederico Lobo




Quando se fala em saúde, poucas pessoas (incluindo profissionais da saúde: médicos/nutricionistas) lembram das panelas. Mas se partirmos do pressuposto que a alimentação é um dos pilares para a boa saúde, o conhecimento da composição das panelas na qual preparamos esses alimentos é fundamental.

Mas porquê? Hoje já sabemos que as panelas liberam substâncias muitas vezes tóxicas e que são incorporadas aos alimentos durante o preparo das refeições. Posteriormente tais substâncias podem se acumular no nosso organismo. Sugiro que você agende uma consulta para saber qual a panela ideal para você.

Na hora de escolhermos as panelas que utilizaremos, além da praticidade e conforto, precisamos também estar atentos aos problemas que elas podem causar na nossa saúde. Mesmo que as panelas liberem apenas pequenas quantidades de substâncias tóxicas, precisamos levar em conta que isso ocorre em todas as refeições, durante anos seguidos, o que faz com pequenas quantidades, ao longo dos anos, se transformem em grandes quantidades acumuladas no organismo. "De grão em grão a galinha enche o papo"

Panelas de alumínio


As panelas de alumínio são as mais comuns e as mais baratas, mas liberam quantidades variáveis de alumínio nos alimentos podendo causar doenças. Diversos estudos têm demonstrado que a intoxicação por alumínio é um fator importante no mal de Alzheimer e de Parkinson, nas Doenças Ósseas e na Hiperatividade Infantil. Diversos fatores contribuem para a migração do alumínio das panelas para os alimentos, como por exemplo: a acidez ou alcalinidade dos alimentos, a qualidade da liga de alumínio utilizada pela indústria, o tempo de uso do utensílio, o tempo da duração do cozimento dos alimentos, a presença de sal ou açúcar, entre outros.

Mas quais são as evidências científicas disso ?  De acordo com o Open Evidence:

Há evidências robustas de que panelas e utensílios de alumínio podem liberar alumínio para os alimentos durante o preparo e armazenamento, resultando em aumento mensurável da exposição humana ao alumínio. Estudos laboratoriais e intervenções em humanos demonstram que o alumínio é liberado em quantidades variáveis, especialmente em condições de cocção com alimentos ácidos (como tomate ou suco de frutas cítricas) ou em utensílios não revestidos e mais antigos.[1-5]

Estudos experimentais mostram que a quantidade de alumínio liberada pode exceder limites regulatórios, como o Specific Release Limit (SRL) do Conselho da Europa (5 mg/kg de alimento), em até seis vezes, dependendo do tipo de alimento, tempo de contato e temperatura.[1] Panelas de alumínio de uso prolongado tendem a liberar mais alumínio, além de outros metais potencialmente tóxicos, como chumbo, cádmio e arsênio, especialmente quando fabricadas a partir de sucata ou em condições de baixa qualidade.[2-3][6]

Em humanos, um estudo de intervenção controlada demonstrou que a exposição subaguda a utensílios de alumínio (incluindo papel alumínio) resulta em aumento discreto, porém estatisticamente significativo, da excreção urinária de alumínio, indicando absorção sistêmica. Esse aumento foi reversível após a interrupção da exposição, e representou cerca de 8% do valor basal de alumínio urinário.[7] 

Em pacientes com insuficiência renal crônica, a substituição de utensílios de alumínio por aço inoxidável levou a reduções significativas nos níveis séricos e urinários de alumínio, sugerindo que o uso crônico de panelas de alumínio é uma fonte relevante de exposição, especialmente em populações vulneráveis.[8]

No entanto, a literatura também indica que, para a população geral, a quantidade de alumínio transferida para os alimentos por panelas de alumínio é relativamente pequena em comparação com a ingestão dietética total de alumínio, que ocorre principalmente por aditivos alimentares e fontes naturais.[5] 

O risco toxicológico relevante está mais associado a exposições crônicas elevadas, uso de panelas de baixa qualidade, alimentos ácidos e populações com função renal comprometida.

Em resumo, há evidências claras de que panelas de alumínio podem contaminar alimentos com alumínio, levando a aumento mensurável da carga corporal, especialmente em condições específicas de uso e em populações de risco.[1-2][5][7-8]

1. Release of Aluminium and Thallium Ions From Uncoated Food Contact Materials Made of Aluminium Alloys Into Food and Food Simulant. Sander S, Kappenstein O, Ebner I, et al. PloS One. 2018;13(7):e0200778. doi:10.1371/journal.pone.0200778.
2. Metal Exposures From Aluminum Cookware: An Unrecognized Public Health Risk in Developing Countries. Weidenhamer JD, Fitzpatrick MP, Biro AM, et al. The Science of the Total Environment. 2017;579:805-813. doi:10.1016/j.scitotenv.2016.11.023.
3. Effect of the Duration of Use of Aluminum Cookware on Its Metal Leachability and Cytogenotoxicity in Allium Cepa Assay. Alabi OA, Apata SA, Adeoluwa YM, Sorungbe AA. 
Protoplasma. 2020;257(6):1607-1613. doi:10.1007/s00709-020-01536-7.
4. A Simple Pre-Treatment of Aluminium Cookware to Minimize Aluminium Transfer to Food.
Karbouj R, Desloges I, Nortier P. Food and Chemical Toxicology : An International Journal Published for the British Industrial Biological Research Association. 2009;47(3):571-7. doi:10.1016/j.fct.2008.12.028.
5. Aluminum Levels in Foods Cooked and Stored in Aluminum Pans, Trays and Foil. Greger JL, Goetz W, Sullivan D. Journal of Food Protection. 1985;48(9):772-777. doi:10.4315/0362-028X-48.9.772.
6. Toxicity Associated With Long Term Use of Aluminum Cookware in Mice: A Systemic, Genetic and Reproductive Perspective. Alabi OA, Unuigboje MA, Olagoke DO, Adeoluwa YM. Mutation Research. Genetic Toxicology and Environmental Mutagenesis. 2021 Jan-Feb;861-862:503296. doi:10.1016/j.mrgentox.2020.503296.
7. Effect of an Aluminum Foil-Processed Diet on Internal Human Aluminum Burden. Hiller J, Göen T, Seibold-Wulf N, Meyer S, Drexler H. Environment International. 2023;177:108000. doi:10.1016/j.envint.2023.108000.
8. Aluminum Utensils Contribute to Aluminum Accumulation in Patients With Renal Disease.
Lin JL, Yang YJ, Yang SS, Leu ML. American Journal of Kidney Diseases : The Official Journal of the National Kidney Foundation. 1997;30(5):653-8. doi:10.1016/s0272-6386(97)90489-3.

Outras fontes de alumínio que precisam ser consideradas são: determinados aditivos alimentares, água, fermentos, em conservas de picles e de queijos, entre outras fontes.

Porém, não fique desesperado, querendo jogar suas panelas de alumínio fora. Pelo menos em Goiás, o solo é rico em alumínio e você não deixará de ingerir alimentos aqui plantados. Além disso, a empresa que cuida da nossa água, trata-a com sulfato de alumínio. Ou seja, é em vão, essa preocupação com alumínio oriundo da panela ou de desodorante. A nossa "contaminação" é muito mais oriunda do que comemos. Preocupe-se em ingerir lácteos de qualidade, já que o cálcio compete com o alumínio. Procure ingerir fontes de magnésio via alimentação, pois ele é um outro competidor. Procure em ter uma dieta saudável, rica em fibras, ao invés ficar paranóico com alumínio da panela. 

Panelas de inox


As panelas de inox são muito conhecidas pela sua beleza e resistência. O aço inoxidável, conhecido popularmente como inox, é composto por ferro, cromo e níquel. Sendo a proporção destes metais nos utensílios bastante variável: de 50 a 88% para o ferro, 11 a 30% para o cromo e de zero a 31% para o níquel. Entretanto, vários outros elementos como manganês e cobre, podem estar presentes em pequenas quantidades.

As panelas de inox demoram a esquentar, mas também a esfriar. O aconselhável é não escovar a panela com esponja de aço, tipo “bombril”. No polimento forma-se uma camada protetora de óxido que ajuda a impedir que os metais passem para os alimentos. 

Mas o que o Open Evidence fala sobre as panelas de aço inox?

A literatura médica demonstra que panelas de aço inox podem liberar níquel e cromo para os alimentos durante o preparo, especialmente em condições de cocção prolongada, uso de utensílios novos, presença de alimentos ácidos (como molhos de tomate ou frutas cítricas) e em utensílios de determinadas composições ou acabamentos superficiais.[1-7] 

O grau de liberação desses metais depende do tipo de aço inoxidável, do tempo de cozimento, do pH do alimento e do número de ciclos de uso do utensílio.

O níquel e o cromo liberados podem ser detectados em concentrações significativamente superiores ao fundo alimentar, principalmente nas primeiras utilizações do utensílio novo, com tendência à estabilização após múltiplos ciclos de uso.[1-3][5] Em alimentos ácidos, a liberação é mais pronunciada.[1][3-4][6] 

Embora a maioria dos estudos indique que as quantidades liberadas geralmente permanecem abaixo dos limites considerados seguros para a população geral, há risco potencial para indivíduos com hipersensibilidade ao níquel ou ao cromo, podendo ocorrer exacerbação de dermatite de contato ou reações cutâneas.[3-4][6-7]

No contexto populacional, a exposição adicional ao níquel e ao cromo por meio do uso de panelas de aço inox é considerada pequena em relação à ingestão total desses elementos pela dieta, exceto em situações específicas (utensílios novos, alimentos ácidos, indivíduos altamente sensíveis).[5][7] 

Não há evidências de risco toxicológico relevante para a população geral, conforme análise de margem de exposição (MOE).[2] Por outro lado, recomenda-se cautela para pacientes com alergia severa ao níquel, que podem se beneficiar do uso de utensílios alternativos.[4][6]

Em resumo, há evidência robusta de que panelas de aço inox podem contaminar alimentos com níquel e cromo, especialmente em condições específicas, mas o risco para a maioria da população é considerado baixo. O risco é maior para indivíduos com alergia conhecida a esses metais, principalmente níquel.[1][3-4][6-7] 

Não há evidência relevante de contaminação por chumbo em panelas de aço inox, ao contrário do que ocorre com panelas de alumínio ou latão.[8]

1. Stainless Steel Leaches Nickel and Chromium Into Foods During Cooking. Kamerud KL, Hobbie KA, Anderson KA. Journal of Agricultural and Food Chemistry. 2013;61(39):9495-501. doi:10.1021/jf402400v.
2. Determination of Toxic Metal Release From Metallic Kitchen Utensils and Their Health Risks. Koo YJ, Pack EC, Lee YJ, et al. Food and Chemical Toxicology : An International Journal Published for the British Industrial Biological Research Association. 2020;145:111651. doi:10.1016/j.fct.2020.111651.
3. Release of Nickel and Chromium in Common Foods During Cooking in 18/­10 (Grade 316) Stainless Steel Pots. Guarneri F, Costa C, Cannavò SP, et al. Contact Dermatitis. 2017;76(1):40-48. doi:10.1111/cod.12692.
4. Stainless Steel Cookware as a Significant Source of Nickel, Chromium, and Iron. Kuligowski J, Halperin KM. Archives of Environmental Contamination and Toxicology. 1992;23(2):211-5. doi:10.1007/BF00212277.
5. Purity of Food Cooked in Stainless Steel Utensils. Flint GN, Packirisamy S. Food Additives and Contaminants. 1997 Feb-Mar;14(2):115-26. doi:10.1080/02652039709374506.
6. Nickel in Food: The Role of Stainless-Steel Utensils. Brun R. Contact Dermatitis. 1979;5(1):43-5. doi:10.1111/j.1600-0536.1979.tb05534.x.
7. Contribution to Chromium and Nickel Enrichment During Cooking of Foods in Stainless Steel Utensils. Accominotti M, Bost M, Haudrechy P, et al. Contact Dermatitis. 1998;38(6):305-10. doi:10.1111/j.1600-0536.1998.tb05763.x.
8. Evaluating Metal Cookware as a Source of Lead Exposure. Fellows KM, Samy S, Whittaker SG. Journal of Exposure Science & Environmental Epidemiology. 2025;35(3):342-350. doi:10.1038/s41370-024-00686-7.

O níquel pode causar a exacerbação de alergias, dermatites de contato e asma e diversas outras alergias. Devido a esses problemas é recomendado que pessoas sensíveis ao níquel não utilizem utensílios de inox na cocção e preparo dos alimentos pois, a migração deste do utensílio para o alimento, apesar de pequena, não é desprezível, ainda mais se considerarmos o efeito acumulativo do consumo diário de alimentos preparados em utensílios de aço inoxidável.

Os principais fatores que afetam a migração desses minerais da superfície da panela são:
  • a acidez dos alimentos,
  • o tempo de cozimento,
  • temperatura,
  • agitação,
  • teor da água de preparação.
A presença de agentes quelantes no alimento, como por exemplo ácido cítrico e enxofre que está presente em diversos alimentos como por exemplo repolho, cebola, brócolis e couve flor podem também aumentar a migração dos minerais para os alimentos.

Panelas de ferro


O uso de panelas de ferro está associado a benefícios e riscos potenciais, conforme evidências da literatura médica. O principal benefício é o aumento da ingestão de ferro não-heme, especialmente relevante em populações com alta prevalência de anemia ferropriva. Estudos randomizados e revisões sistemáticas demonstram que cozinhar alimentos em panelas de ferro pode elevar os níveis de hemoglobina e melhorar o estado nutricional de crianças e mulheres em países de baixa e média renda, sem evidências de toxicidade aguda nesses contextos.[1-2]

Quanto aos riscos, a liberação de ferro para os alimentos depende de fatores como acidez, tempo de cocção e composição do alimento. Em indivíduos com status de ferro adequado, o excesso de ferro pode ser prejudicial, pois o ferro é um elemento pró-oxidante e pode catalisar reações que aumentam o estresse oxidativo, promovendo danos celulares, disfunção de membranas, e potencialmente aumentando o risco de doenças cardiovasculares e neoplasias, conforme sugerido por estudos epidemiológicos e experimentais.[3-5] 

Não há mecanismos fisiológicos eficientes para excreção de ferro em excesso, e a sobrecarga crônica pode levar a condições como hemocromatose secundária, cirrose hepática, diabetes e insuficiência cardíaca.[5]

Além disso, há evidências de que o uso de panelas de ferro pode liberar pequenas quantidades de outros metais tóxicos (como arsênio, cádmio, cromo e níquel), especialmente em condições de cocção ácida, embora os níveis detectados em estudos recentes estejam abaixo dos limites considerados de risco para a saúde humana.[6] 

O processo de “curar” a panela com óleo reduz significativamente a liberação desses metais.[6]

Outro risco identificado é a emissão de partículas ultrafinas e compostos orgânicos voláteis durante o preparo de alimentos em panelas de ferro, especialmente em ambientes comerciais, podendo contribuir para exposição respiratória a poluentes, incluindo nanopartículas de óxido de ferro, que apresentam toxicidade superior a outras formas de óxidos de ferro.[7]

Em resumo, o uso de panelas de ferro pode ser benéfico para populações com risco de deficiência de ferro, mas deve ser cautelosamente considerado em indivíduos com status de ferro adequado ou elevado, devido ao potencial de sobrecarga e efeitos pró-oxidantes. 

A exposição a metais tóxicos e poluentes atmosféricos é possível, mas os dados atuais sugerem que o risco é baixo em condições domésticas típicas, especialmente com uso adequado e manutenção das panelas.[3-7]

1. Effect of Consumption of Food Cooked in Iron Pots on Iron Status and Growth of Young Children: A Randomised Trial. Adish AA, Esrey SA, Gyorkos TW, Jean-Baptiste J, Rojhani A. Lancet (London, England). 1999;353(9154):712-6. doi:10.1016/S0140-6736(98)04450-X.
2. Iron-Containing Cookware for the Reduction of Iron Deficiency Anemia Among Children and Females of Reproductive Age in Low- And Middle-Income Countries: A Systematic Review. Alves C, Saleh A, Alaofè H. PloS One. 2019;14(9):e0221094. doi:10.1371/journal.pone.0221094.
3. Iron-Catalysed Chemistry in the Gastrointestinal Tract: Mechanisms, Kinetics and Consequences. A Review. Bechaux J, de La Pomélie D, Théron L, Santé-Lhoutellier V, Gatellier P. Food Chemistry. 2018;268:27-39. doi:10.1016/j.foodchem.2018.06.018.
4.Excess Iron Intake as a Factor in Growth, Infections, and Development of Infants and Young Children. Lönnerdal B. The American Journal of Clinical Nutrition. 2017;106(Suppl 6):1681S-1687S.doi:10.3945/ajcn.117.156042.
5. Safety Aspects of Iron in Food. Schümann K. Annals of Nutrition & Metabolism. 2001;45(3):91-101. doi:10.1159/000046713.
6. Determination of Toxic Metal Release From Metallic Kitchen Utensils and Their Health Risks.
Koo YJ, Pack EC, Lee YJ, et al. Food and Chemical Toxicology : An International Journal Published for the British Industrial Biological Research Association. 2020;145:111651. doi:10.1016/j.fct.2020.111651.
7. Α-FeO Nanoparticles and Hazardous Air Pollutants Release During Cooking Using Cast Iron Wok in a Commercial Chinese Restaurant. Le YT, Youn JS, Cho H, et al. Environmental Pollution (Barking, Essex : 1987). 2022;307:119578. doi:10.1016/j.envpol.2022.119578.

Panelas de vidro


As panelas de vidro são as únicas que não transferem qualquer resíduo para a comida, sendo ideais do ponto de vista da saúde. Além disso são lindas e a transparência permite ver o processo de elaboração dos alimentos. A facilidade da limpeza é outro ponto positivo. Os pontos negativos são o preço e fragilidade do material. 

O uso de panelas de vidro para preparo e armazenamento de alimentos é considerado seguro pela maioria dos consumidores e é frequentemente recomendado como alternativa a materiais que podem liberar contaminantes, como plásticos e revestimentos antiaderentes, conforme destacado em estudos de percepção e práticas de segurança [1,2]

O vidro convencional utilizado em panelas e recipientes para alimentos é quimicamente estável, não apresenta porosidade e, quando fabricado segundo padrões industriais, não libera substâncias tóxicas em condições normais de uso doméstico.

O vidro tem a seu favor também o fato de ser um material totalmente reciclável ou seja, seria a panela mais ecologicamente correta.

Há ressalvas importantes quanto ao tipo de vidro utilizado. Vidros artesanais ou vidros-clay (vidro-cerâmica artesanal) podem conter metais pesados, como chumbo, cádmio e cobalto, que podem migrar para os alimentos, especialmente em contato com preparações ácidas ou durante uso repetido.

Estudos demonstram que a lixiviação desses metais ocorre em recipientes artesanais, representando risco potencial à saúde, principalmente quando há reutilização frequente e exposição prolongada [3,4]

O vidro cristal, que contém óxido de chumbo, também pode liberar pequenas quantidades de chumbo, especialmente quando em contato com soluções ácidas e sob temperaturas elevadas, embora a taxa de liberação seja menor que a de outros componentes do vidro [4].

Por isso, recomenda-se evitar o uso de recipientes de vidro cristal para preparo ou armazenamento de alimentos, em especial bebidas ácidas ou alcoólicas.

Além disso, há evidências de que superfícies de vidro expostas a ambientes internos podem acumular partículas orgânicas provenientes de eventos culinários, formando uma película microscópica.

Embora esse fenômeno seja relevante para estudos de química ambiental, não há evidências de impacto direto na saúde humana decorrente desse tipo de deposição em panelas de vidro utilizadas para preparo de alimentos [5].
Conclusão

Em síntese, panelas de vidro industrializadas, sem adição de metais pesados, são consideradas seguras para uso culinário e armazenamento de alimentos, sendo inclusive recomendadas para consumidores preocupados com contaminação por materiais plásticos ou revestimentos antiaderentes [1,2].

O risco está associado principalmente ao uso de recipientes artesanais ou de vidro cristal, que podem liberar metais pesados e devem ser evitados para fins alimentares [3,4].


1. Moura J, Ferreira-Pêgo C, Fernandes AS. Consumers' Practices and Safety Perceptions Regarding the Use of Materials for Food Preparation and Storage: Analyses by Age Group. Food and Chemical Toxicology. 2023;178:113901. doi:10.1016/j.fct.2023.113901.
2. Rock CL, Thomson C, Gansler T, et al. American Cancer Society Guideline for Diet and Physical Activity for Cancer Prevention. CA: A Cancer Journal for Clinicians. 2020;70(4):245-271. doi:10.3322/caac.21591.
3. Valadez-Vega C, Zúñiga-Pérez C, Quintanar-Gómez S, et al. Lead, Cadmium and Cobalt (Pb, Cd, and Co) Leaching of Glass-Clay Containers by pH Effect of Food. International Journal of Molecular Sciences. 2011;12(4):2336-50. doi:10.3390/ijms12042336.
4. Angeli F, Jollivet P, Charpentier T, Fournier M, Gin S. Structure and Chemical Durability of Lead Crystal Glass. Environmental Science & Technology. 2016;50(21):11549-11558. doi:10.1021/acs.est.6b02971.
5. Or VW, Wade M, Patel S, et al. Glass Surface Evolution Following Gas Adsorption and Particle Deposition From Indoor Cooking Events as Probed by Microspectroscopic Analysis. Environmental Science: Processes & Impacts. 2020;22(8):1698-1709. doi:10.1039/d0em00156b.

Panelas de cobre


As panelas de cobre, embora muito bonitas e de transmissão rápida e homogênea do calor, são mais úteis como objetos decorativos na cozinha. O uso de panelas de cobre envolve considerações importantes de segurança à saúde, principalmente relacionadas à possibilidade de lixiviação de cobre para os alimentos. 

Panelas de cobre não revestidas podem liberar quantidades significativas de cobre, especialmente quando utilizadas para preparar alimentos ácidos, como tomate ou vinagre. A exposição aguda a níveis elevados de cobre pode causar sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e dor abdominal, e, em casos raros, toxicidade hepática, especialmente em indivíduos com distúrbios genéticos do metabolismo do cobre, como a doença de Wilson.[1-2]

A maioria das panelas de cobre comercializadas atualmente é revestida internamente com estanho ou aço inoxidável, o que impede a migração significativa de cobre para os alimentos e torna seu uso seguro para a população geral.[1]

 No entanto, panelas de cobre não revestidas, misturadores e canecas devem ser evitados, sobretudo por pacientes com distúrbios do metabolismo do cobre, como a doença de Wilson, devido ao risco de acúmulo tóxico.[1]

A exposição crônica a níveis elevados de cobre está associada a efeitos adversos, incluindo aumento do risco de distúrbios metabólicos, como dislipidemia, resistência à insulina, doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD), doença renal crônica e aumento do risco cardiovascular e de mortalidade geral.[3-6] 

Estudos epidemiológicos demonstram que níveis elevados de cobre circulante estão associados a maior risco de acidente vascular cerebral, mortalidade cardiovascular e por todas as causas, além de maior prevalência de NAFLD e doença renal crônica, especialmente em populações suscetíveis[[4-5]

1. A Multidisciplinary Approach to the Diagnosis and Management of Wilson Disease: 2022 Practice Guidance on Wilson Disease From the American Association for the Study of Liver Diseases. Schilsky ML, Roberts EA, Bronstein JM, et al. Hepatology (Baltimore, Md.). 2022;. doi:10.1002/hep.32801.
2. Critical Review of Exposure and Effects: Implications for Setting Regulatory Health Criteria for Ingested Copper.
Taylor AA, Tsuji JS, Garry MR, et al. Environmental Management. 2020;65(1):131-159. doi:10.1007/s00267-019-01234-y.
3. Potential Interference on the Lipid Metabolisms by Serum Copper in a Women Population: A Repeated Measurement Study.
Chen J, Lan C, An H, et al. The Science of the Total Environment. 2021;760:143375. doi:10.1016/j.scitotenv.2020.143375.
4. Circulating Copper Levels and the Risk of Cardio-Cerebrovascular Diseases and Cardiovascular and All-Cause Mortality: A Systematic Review and Meta-Analysis of Longitudinal Studies. Zhao H, Mei K, Hu Q, et al. Environmental Pollution (Barking, Essex : 1987). 2024;340(Pt 2):122711. doi:10.1016/j.envpol.2023.122711.
5. Copper Exposure Association With Prevalence of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease and Insulin Resistance Among US Adults (NHANES 2011-2014). Chen C, Zhou Q, Yang R, et al. Ecotoxicology and Environmental Safety. 2021;218:112295. doi:10.1016/j.ecoenv.2021.112295.
6. Association of Copper Exposure With Prevalence of Chronic Kidney Disease in Older Adults.
Guo F, Lin Y, Meng L, et al. Clinical Nutrition (Edinburgh, Scotland). 2022;41(12):2720-2728. doi:10.1016/j.clnu.2022.10.016.

Panelas de cerâmicas


A panelas de cerâmica sofrem um tratamento térmico em fornos de alta temperatura. Em seguida recebem uma camada fina e contínua de um vidrado, também conhecido com esmalte, que é submetido a queima a 1300ºC, adquirindo uma aspecto vítreo.

A vitrificação torna a panela com uma superfície mais homogênea, impermeável, sem porosidade, ou seja, a panela fica esteticamente mais bonita e com características que a tornam mais higiênica. Entretanto, é muito importante ter certeza que os corantes utilizados na vitrificação não sejam a base de chumbo ou cádmio.

A literatura médica recente demonstra que o uso de panelas e utensílios cerâmicos pode representar riscos à saúde humana, principalmente devido à migração de metais pesados presentes nos esmaltes e pigmentos utilizados na fabricação desses produtos. 

Diversos estudos documentam a lixiviação significativa de chumbo (Pb), cádmio (Cd), arsênio (As) e outros elementos tóxicos para alimentos e bebidas, especialmente em condições de aquecimento, contato com substâncias ácidas e uso repetido.[1-5]

A migração desses metais é influenciada por fatores como o tipo de esmalte, pigmento, pH do alimento, natureza do ácido, temperatura e tempo de exposição. O risco é maior em cerâmicas coloridas, decorativas ou artesanais, e em utensílios novos, nos quais a liberação de chumbo e cádmio pode exceder os limites regulatórios estabelecidos em países como os EUA.[3][5] 

O aquecimento em micro-ondas ou forno pode aumentar substancialmente a lixiviação desses metais.[5] 
Mesmo em cerâmicas industriais, há evidências de migração de outros elementos além de chumbo e cádmio, como alumínio, bário, cobalto, cobre, ferro, manganês, níquel, entre outros, especialmente em contato com alimentos ácidos e sob altas temperaturas.[4]

A exposição crônica a chumbo e cádmio está associada a efeitos neurotóxicos, nefrotóxicos, hematológicos e reprodutivos, com impacto potencial em crianças, gestantes e adultos, mesmo em níveis considerados baixos.[2-3][5] 

O consumo regular de alimentos ou bebidas preparados ou armazenados em cerâmicas com esmaltes contendo esses metais pode contribuir significativamente para a carga corporal total, ultrapassando valores de referência de ingestão segura.[5]

Por outro lado, panelas cerâmicas que utilizam esmaltes livres de metais pesados e seguem padrões industriais rigorosos apresentam menor risco de lixiviação, sendo consideradas seguras para uso culinário. No entanto, a literatura destaca que a ausência de regulamentação específica para áreas de contato indireto (como bordas externas e áreas decorativas) pode resultar em exposições não previstas.[2]

Em síntese, os benefícios do uso de panelas cerâmicas estão relacionados à sua estabilidade térmica, facilidade de limpeza e ausência de reatividade química do material cerâmico em si. Contudo, os riscos à saúde humana decorrem principalmente da composição dos esmaltes e pigmentos, com potencial de lixiviação de metais tóxicos, especialmente em produtos coloridos, decorativos, artesanais ou aquecidos. 

A escolha de cerâmicas industrializadas, certificadas e livres de metais pesados é fundamental para minimizar riscos.[1-5]

1. Leaching of Arsenic From Glazed and Nonglazed Potteries Into Foods. Çiftçi TD, Henden E. The Science of the Total Environment. 2016;569-570:1530-1535. doi:10.1016/j.scitotenv.2016.06.245.
2. Migration Kinetics of Cadmium and Lead From Ceramic Mugs. Turner A. Journal of Hazardous Materials. 2025;496:139204. doi:10.1016/j.jhazmat.2025.139204.
3. High Level Leaching of Heavy Metals From Colorful Ceramic Foodwares: A Potential Risk to Human. Aderemi TA, Adenuga AA, Oyekunle JAO, Ogunfowokan AO. Environmental Science and Pollution Research International. 2017;24(20):17116-17126. doi:10.1007/s11356-017-9385-7.
4. Migration of 18 Trace Elements From Ceramic Food Contact Material: Influence of Pigment, pH, Nature of Acid and Temperature. Demont M, Boutakhrit K, Fekete V, Bolle F, Van Loco J. Food and Chemical Toxicology : An International Journal Published for the British Industrial Biological Research Association. 2012;50(3-4):734-43. doi:10.1016/j.fct.2011.12.043.
5. Leachable Lead and Cadmium in Microwave-Heated Ceramic Cups: Possible Health Hazard to Human. Mandal PR, Das S. Environmental Science and Pollution Research International. 2018;25(29):28954-28960. doi:10.1007/s11356-018-2944-8.

Panelas de Teflon


Panelas de Teflon são revestidas com politetrafluoretileno (PTFE), um polímero que confere propriedades antiaderentes. A literatura médica atual aponta que, em condições normais de uso doméstico (temperaturas abaixo de 250 °C), o PTFE é quimicamente estável e não há evidências de toxicidade aguda relevante. 

No entanto, há preocupações crescentes sobre riscos associados à degradação térmica do revestimento e à liberação de microplásticos e compostos perfluorados, especialmente quando o utensílio é aquecido acima de 250 °C ou apresenta desgaste significativo.[1-3]

A exposição a microplásticos provenientes do desgaste do revestimento de PTFE durante o preparo de alimentos foi recentemente documentada, com ingestão potencial de milhares de partículas por ano. Os efeitos à saúde da ingestão crônica de microplásticos ainda não estão totalmente esclarecidos, mas há preocupação sobre impactos inflamatórios e metabólicos.[2] 

Além disso, o processo de fabricação do PTFE tradicionalmente envolvia o uso de ácido perfluorooctanoico (PFOA), um composto da classe dos PFAS (substâncias per- e polifluoroalquil), reconhecido por sua persistência ambiental, bioacumulação e toxicidade. 

O PFOA foi associado a efeitos adversos em diversos sistemas, incluindo metabolismo lipídico, função endócrina, saúde cardiovascular, hepática, renal, óssea e risco de câncer, embora as evidências epidemiológicas em humanos ainda sejam limitadas e heterogêneas.[4-6]

Devido à toxicidade do PFOA, sua utilização foi progressivamente banida nos Estados Unidos e substituída por outros PFAS, como GenX, que também apresentam potenciais riscos toxicológicos ainda em investigação.[1][6] 

A exposição a PFAS ocorre não apenas por utensílios de cozinha, mas também por água, alimentos e outros produtos de consumo, sendo relevante principalmente em populações vulneráveis e em exposições cumulativas.[5-6]

Em relação à segurança, o uso de panelas de Teflon é considerado seguro desde que se evite superaquecimento (acima de 250 °C), abrasão excessiva e uso de utensílios danificados, pois essas condições aumentam a liberação de partículas e compostos tóxicos.[1][3] 

Não há evidências de benefícios diretos à saúde humana decorrentes do uso de panelas de Teflon, exceto pela facilidade de preparo e limpeza, que pode contribuir indiretamente para práticas alimentares mais saudáveis.

Em resumo, os principais riscos associados ao uso de panelas de Teflon são: liberação de microplásticos e PFAS (especialmente em panelas antigas ou danificadas), potencial toxicidade dos compostos perfluorados, e risco de intoxicação aguda por gases tóxicos em casos de superaquecimento extremo. O uso adequado, em temperaturas moderadas e com utensílios em bom estado, minimiza esses riscos.[1-6]

Os efeitos a longo prazo do uso de panelas de Teflon (revestidas com politetrafluoretileno, PTFE) na saúde estão relacionados principalmente à exposição crônica a compostos da classe dos perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS), como o ácido perfluorooctanoico (PFOA), e à ingestão de microplásticos de PTFE liberados pelo desgaste do revestimento antiaderente.

A exposição crônica a PFAS, incluindo PFOA e PFOS, está associada a uma série de efeitos adversos documentados em revisões sistemáticas e meta-análises, como dislipidemia (aumento do colesterol LDL), redução do crescimento fetal, diminuição da resposta vacinal, alterações na função tireoidiana, risco aumentado de câncer renal, testicular e mamário, além de possíveis efeitos sobre hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e disfunção endócrina.

Esses compostos são altamente persistentes no organismo, com meia-vida de até 9 anos, e tendem a se acumular ao longo do tempo, especialmente em populações expostas de forma contínua.

Estudos em humanos sugerem ainda associações entre PFAS e alterações metabólicas, como risco aumentado de diabetes tipo 2, disfunção pancreática, alterações hepáticas e renais, imunossupressão, osteoporose, maior risco de cáries dentárias e deficiência de vitamina D, além de potenciais efeitos neurotóxicos e reprodutivos.

Embora a evidência epidemiológica para alguns desses desfechos ainda seja limitada ou inconsistente, há consenso sobre o potencial de toxicidade crônica dos PFAS, especialmente em exposições cumulativas.

Além dos PFAS, o desgaste do revestimento de PTFE pode liberar microplásticos, cuja ingestão crônica está associada à indução de estresse oxidativo, inflamação e ativação de vias intracelulares pró-inflamatórias, como a via ERK, conforme demonstrado em modelos celulares humanos.

Embora os efeitos diretos dos microplásticos de PTFE em humanos ainda estejam em investigação, há preocupação crescente sobre seu potencial de contribuir para processos inflamatórios e disfunções metabólicas a longo prazo.

Em síntese, o uso prolongado de panelas de Teflon pode resultar em exposição crônica a PFAS e microplásticos, com potenciais efeitos adversos sobre o metabolismo lipídico, crescimento fetal, função imunológica, saúde cardiovascular, renal, hepática, óssea, tireoidiana e risco de câncer, além de possíveis efeitos inflamatórios e endócrinos.

A magnitude do risco depende do grau de desgaste do utensílio, da temperatura de uso e da composição do revestimento, sendo maior em panelas antigas ou danificadas. A substituição do PFOA por outros PFAS, como GenX, não elimina completamente o risco, pois esses compostos também apresentam toxicidade relevante.

Portanto, embora o uso adequado de panelas de Teflon em boas condições e em temperaturas moderadas seja considerado seguro, a literatura médica recomenda cautela quanto ao uso prolongado e ao estado de conservação desses utensílios, especialmente em populações vulneráveis, devido ao potencial de efeitos adversos cumulativos à saúde

1. PTFE-coated Non-Stick Cookware and Toxicity Concerns: A Perspective.  Sajid M, Ilyas M. Environmental Science and Pollution Research International. 2017;24(30):23436-23440. doi:10.1007/s11356-017-0095-y.
2. Microplastic and PTFE Contamination of Food From Cookware. Cole M, Gomiero A, Jaén-Gil A, Haave M, Lusher A. The Science of the Total Environment. 2024;929:172577. doi:10.1016/j.scitotenv.2024.172577.
3. Influence of Heating Temperature and Time on Mechanical-Degradation, Microstructures and Corrosion Performances of Teflon/­Granite Coated Aluminum Alloys Used for Non-Stick Cookware. S Alaboodi A, Sivasankaran S, R Ammar H. Heliyon. 2024;10(14):e34676. doi:10.1016/j.heliyon.2024.e34676.
4. American Cancer Society Guideline for Diet and Physical Activity for Cancer Prevention.
Rock CL, Thomson C, Gansler T, et al. CA: A Cancer Journal for Clinicians. 2020;70(4):245-271. doi:10.3322/caac.21591.
5. Environmental Exposures and Pediatric Cardiology: A Scientific Statement From the American Heart Association. Zachariah JP, Jone PN, Agbaje AO, et al. Circulation. 2024;149(20):e1165-e1175.doi:10.1161/CIR.0000000000001234.
6. Health-Related Toxicity of Emerging Per- And Polyfluoroalkyl Substances: Comparison to Legacy PFOS and PFOA. Jane L Espartero L, Yamada M, Ford J, et al. Environmental Research. 2022;212(Pt C):113431. doi:10.1016/j.envres.2022.113431.

Panelas esmaltadas ou de ágata


As panelas esmaltadas atraem pela beleza, pela variedade de cores e desenhos. Geralmente as panelas de ágata tem boa retenção de calor devido à base de ferro, mas são mais leves devido a menor espessura do ferro utilizado para ser esmaltado. Devido ao esmalte essas panelas são facilmente limpas.

Panelas e utensílios esmaltados (enameled cookware) são geralmente considerados seguros para uso culinário, desde que estejam em boas condições e sejam fabricados conforme normas de segurança para materiais em contato com alimentos. 

No entanto, a literatura médica destaca preocupações específicas relacionadas à possibilidade de lixiviação de metais pesados, especialmente chumbo (Pb) e cádmio (Cd), presentes em esmaltes coloridos ou decorativos, principalmente em cerâmicas e vidros esmaltados.[1-3]

A lixiviação desses metais pode ocorrer em condições de uso cotidiano, especialmente quando o esmalte está danificado, desgastado ou exposto a alimentos ácidos e altas temperaturas, como em aquecimento por micro-ondas.[2-3] 

Estudos demonstram que utensílios novos podem liberar quantidades significativamente maiores de chumbo e cádmio do que utensílios antigos, e que os níveis detectados frequentemente excedem os limites considerados seguros por órgãos reguladores, como o FDA nos EUA.[3] 

A exposição crônica a chumbo está associada a efeitos neurotóxicos, redução do QI em crianças, distúrbios hematológicos e reprodutivos, enquanto o cádmio pode causar nefrotoxicidade, osteotoxicidade e efeitos carcinogênicos.[1][3]

A segurança do uso depende fortemente da qualidade do esmalte, do processo de fabricação e da integridade do revestimento. Produtos fabricados segundo padrões atuais tendem a apresentar menor risco de lixiviação, mas artigos antigos, coloridos ou decorativos, especialmente aqueles com esmalte desgastado, podem representar risco significativo.[1-2] 

O risco é maior em utensílios de origem desconhecida ou sem certificação, e em países onde a regulação é menos rigorosa.[2]

Em relação à percepção dos consumidores, há reconhecimento do risco de contaminação por metais pesados, mas o conhecimento sobre simbologia e práticas seguras de uso e manutenção ainda é limitado, o que pode aumentar a exposição inadvertida.[4]

Portanto, do ponto de vista clínico, recomenda-se evitar o uso de utensílios esmaltados danificados, especialmente para preparo ou armazenamento de alimentos ácidos ou para aquecimento em micro-ondas, e dar preferência a produtos certificados e fabricados segundo normas internacionais de segurança. 

A substituição por materiais como vidro ou aço inoxidável é considerada mais segura em termos de risco de contaminação química.[4-5]

1. Cadmium Pigments in Consumer Products and Their Health Risks. Turner A. The Science of the Total Environment. 2019;657:1409-1418. doi:10.1016/j.scitotenv.2018.12.096.
2. High Level Leaching of Heavy Metals From Colorful Ceramic Foodwares: A Potential Risk to Human. Aderemi TA, Adenuga AA, Oyekunle JAO, Ogunfowokan AO. Environmental Science and Pollution Research International. 2017;24(20):17116-17126. doi:10.1007/s11356-017-9385-7.
3. Leachable Lead and Cadmium in Microwave-Heated Ceramic Cups: Possible Health Hazard to Human. Mandal PR, Das S. Environmental Science and Pollution Research International. 2018;25(29):28954-28960. doi:10.1007/s11356-018-2944-8.
4. Consumers' Practices and Safety Perceptions Regarding the Use of Materials for Food Preparation and Storage: Analyses by Age Group. Moura J, Ferreira-Pêgo C, Fernandes AS. Food and Chemical Toxicology : An International Journal Published for the British Industrial Biological Research Association. 2023;178:113901. doi:10.1016/j.fct.2023.113901.
5. American Cancer Society Guideline for Diet and Physical Activity for Cancer Prevention.
Rock CL, Thomson C, Gansler T, et al. CA: A Cancer Journal for Clinicians. 2020;70(4):245-271. doi:10.3322/caac.21591.

Panelas de pedra-sabão


As panelas de pedra sabão além da beleza são antiaderentes e retem o calor por muito tempo. São muito pesadas. São feitas de estealito que é uma rocha abundante em Minas Gerais, que já era utilizada na confecção de utensílios culinários pelos índios. Durante o cozimento libera quantidades expressivas de elementos nutricionalmente importantes como cálcio, magnésio, ferro e manganês. As panelas não curadas liberam também uma quantidade importante de níquel.

A panela é comprada ''crua'', por isso a cor dela é clara, e precisa ser curada com óleo ou gordura antes da utilização. Uma das técnicas de cura mais difundidas consiste em untar a panela com óleo por dentro e por fora, encher o recipiente com água e levar ao forno, na temperatura de 200° por 2 horas. Desligar o forno e aguardar que a panela esteja resfriada para tirar do forno. Repetir o procedimento antes do primeiro uso.

O uso de panelas de pedra-sabão (esteatita) apresenta considerações de segurança distintas em relação à migração de minerais e metais para os alimentos. 

Estudos demonstram que, durante o preparo de alimentos, há liberação de minerais como cálcio, magnésio, ferro e manganês, em níveis que podem contribuir positivamente para a nutrição mineral, especialmente quando as panelas são previamente “curadas” processo que reduz a solubilidade dos componentes e aumenta a durabilidade do utensílio. 

A migração de metais potencialmente tóxicos, como alumínio, cromo, cobalto, chumbo e cádmio, ocorre em níveis desprezíveis em panelas curadas, não representando risco toxicológico relevante. 

No entanto, panelas cruas (não curadas) podem liberar níquel em quantidades mais elevadas, especialmente em contato com soluções ácidas, o que pode ser relevante para indivíduos sensíveis ao níquel ou com histórico de dermatite de contato.[1]

Além disso, a exposição de bebidas alcoólicas a recipientes de pedra-sabão pode reduzir a concentração de cobre e chumbo, mas aumentar significativamente a liberação de níquel, sobretudo no primeiro ciclo de contato. Arsênio e cádmio não apresentaram alteração significativa. A liberação de níquel, embora mais pronunciada em contato com álcool, também pode ocorrer em menor grau durante o preparo de alimentos, especialmente em panelas novas ou não curadas.[2]

Portanto, do ponto de vista clínico, panelas de pedra-sabão curadas e em bom estado não oferecem risco significativo de toxicidade mineral e podem até contribuir para a ingestão de minerais essenciais. 

O principal cuidado envolve evitar o uso de panelas cruas ou danificadas, devido ao potencial de liberação de níquel, e atentar para o preparo de alimentos muito ácidos, que podem aumentar a migração de minerais. Não há evidências de risco relevante de contaminação por chumbo ou cádmio em panelas curadas, segundo a literatura disponível.[1-2]

1. Soapstone (Steatite) Cookware as a Source of Minerals. Quintaes KD, Amaya-Farfan J, Morgano MA, Mantovani DM. Food Additives and Contaminants. 2002;19(2):134-43. doi:10.1080/02652030110066206.
2. Evaluation of Raw Soapstone (Steatite) as Adsorbent of Trace Elements Present in Brazilian Spirits.
Louvera Silva KA, da Costa Fernandes I, Bearzoti E, et al. Food Chemistry. 2016;200:83-90. doi:10.1016/j.foodchem.2016.01.020.

Panelas de barro


A confecção de panelas de barro no Brasil tem uma tradição de 400 anos no Espírito Santo, tendo sido iniciada pelos índios e atualmente produzidas pela população local de forma mais rústica e irregulares. Depois de confeccionadas são queimadas em fogueiras feitas ao ar livre. Ainda quentes são recobertas por tanino que dá a coloração característica da panela.

O uso de panelas de barro (argila) para cozinhar apresenta benefícios e riscos que devem ser considerados à luz da literatura médica.

Entre os benefícios, destaca-se a tradição cultural e a capacidade de conferir características sensoriais específicas aos alimentos, como sabor e aroma, além de potencial retenção de compostos bioativos em preparos específicos, como observado em infusões de chá em panelas de argila Yixing, que podem preservar catequinas e reduzir o teor de cafeína em relação a outros materiais.[1] 

Panelas de barro também apresentam boa retenção térmica e distribuição uniforme de calor, favorecendo o preparo lento de alimentos.

No entanto, os riscos estão principalmente relacionados à lixiviação de metais pesados e elementos tóxicos presentes na argila ou em esmaltes utilizados em panelas de barro, especialmente as artesanais ou de origem desconhecida. Estudos demonstram que panelas de barro podem liberar arsênio, chumbo, cádmio e cobalto para os alimentos, especialmente em preparos ácidos ou após uso repetido.[2-3] 

A lixiviação desses metais pode atingir níveis que representam risco à saúde, com potencial de exceder limites de ingestão segura, principalmente para arsênio e chumbo, que estão associados a efeitos neurotóxicos, nefrotóxicos e carcinogênicos. O risco é maior em panelas não vitrificadas, com esmaltes coloridos ou de fabricação artesanal, e pode ser agravado pelo uso frequente ou prolongado.[2-4]

Além disso, a literatura aponta que o tipo de alimento, o pH e o tempo de contato influenciam a quantidade de metais liberados.[3] 

O processo tradicional de “curar” a panela (oleação e aquecimento) pode reduzir parcialmente a lixiviação de arsênio, mas não elimina completamente o risco.[2] Não há evidências de que panelas de barro ofereçam vantagens nutricionais relevantes em relação à retenção de micronutrientes, e, em alguns casos, podem até contribuir para perdas nutricionais dependendo do tipo de preparo.[5]

Em síntese, panelas de barro podem ser utilizadas com segurança quando há garantia de origem, ausência de esmaltes tóxicos e controle de qualidade na fabricação. O uso de panelas artesanais ou sem certificação deve ser evitado devido ao risco de contaminação por metais pesados. 

Recomenda-se atenção especial ao preparo de alimentos ácidos e ao estado de conservação da panela, além de considerar alternativas mais seguras, como panelas de vidro, aço inoxidável ou esmaltadas certificadas.[2-4]

1.Effect of Teapot Materials on the Chemical Composition of Oolong Tea Infusions. Liao ZH, Chen YJ, Tzen JT, et al. Journal of the Science of Food and Agriculture. 2018;98(2):751-757. doi:10.1002/jsfa.8522.
2. Leaching of Arsenic From Glazed and Nonglazed Potteries Into Foods. Çiftçi TD, Henden E. The Science of the Total Environment. 2016;569-570:1530-1535. doi:10.1016/j.scitotenv.2016.06.245.
3. Lead, Cadmium and Cobalt (Pb, Cd, and Co) Leaching of Glass-Clay Containers by pH Effect of Food. Valadez-Vega C, Zúñiga-Pérez C, Quintanar-Gómez S, et al. International Journal of Molecular Sciences. 2011;12(4):2336-50. doi:10.3390/ijms12042336.
4. High Level Leaching of Heavy Metals From Colorful Ceramic Foodwares: A Potential Risk to Human. Aderemi TA, Adenuga AA, Oyekunle JAO, Ogunfowokan AO.Environmental Science and Pollution Research International. 2017;24(20):17116-17126. doi:10.1007/s11356-017-9385-7.
5. Loss of Food Nutrients Orchestrated by Cooking Pots: A Common Trend in Developing World.
Onyeka UE, Ibeawuchi ON.Journal of Food Science and Technology. 2021;58(8):2906-2913. doi:10.1007/s13197-020-04792-w.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Gostou do texto e quer conhecer mais minha pratica clínica (presencial/telemedicina), clique aqui.






















































































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