sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Medicina do Luxo

 


Medicina do Luxo

Saudade da época na qual os médicos eram reconhecidos e/ou respeitados pelos seus anos e anos de estudos, pesquisas e experiência clínica e não pelos seus milhares de “seguidores” ou curtidas nas suas redes sociais (esses “mundos paralelos da fantasia”), “locais” onde, por sinal, alguns propagam conceitos equivocados ou, no mínimo, mal interpretados, à população que carece de boa informação ou, até mesmo, à pessoas bem informadas, outros médicos ou demais profissionais da área da saúde com formações acadêmicas questionáveis e/ou com falta de senso crítico científico.

Saudade da época na qual o médico estudava por tratados reconhecidos mundialmente, por bons estudos publicados em revistas científicas de referência, época na qual fazia bons cursos de especialização ou residência médica e reconhecia a importância do método científico e não por fazer minicursos, cursos de imersão ou “especialização” do “Dr. Fulano de Tal” em “especialidades” que sequer são reconhecidas por sociedades médicas ou pela entidade de classe, onde aprendem de “orelhada” más práticas “médicas”, não respeitando princípios básicos da medicina como, por exemplo, o da não maleficência.

Saudade da época na qual a consulta com o médico era focada no paciente e na sua doença ou necessidade e não focada em profissionais egocêntricos, com transtornos de personalidade cluster b narcisistas, “gurus” da medicina nas suas clínicas luxuosas, “grifes” médicas nas quais onerosas consultas médicas e/ou tratamentos tornaram-se sinônimos de status, objetos de desejo e de consumo. Lembrem-se: a medicina não pode ser medida pelo padrão consumista, do tipo “se um produto é caro, então é bom”.

Saudade da época na qual o “bom médico” era o que, após uma boa anamnese e exame clínico, somente solicitava exames estritamente necessários a fim de se complementar hipóteses diagnósticas ou para a exclusão dos diferenciais, do mesmo modo, somente prescrevia medicações estritamente necessárias para o tratamento de doenças e/ou disfunções e não o “excelente” médico que, mesmo antes de conversar com o paciente ou de examiná-lo, solicita-lhe pilhas de exames (alguns nem sabem o que estão solicitando, quanto menos interpretá-los), muitos dos quais não possuem nenhum tipo de validação científica (mas solicita porque faz na sua própria clínica com aparelhos de última geração #sqn) e, da mesma maneira, prescreve folhas e folhas de medicamentos ou “remédios” (alguns nem sabem o que estão prescrevendo, mas recebem uma bela comissão das farmácias). Mas esse é o melhor médico, o mais atualizado, não é verdade?

Saudade da época na qual a melhor publicidade médica era o seu conhecimento, sua conduta ética e o seu compromisso com o paciente e não a superexposição pública dos seus bens materiais (casas, carros, roupas, etc.), das suas vidas “luxuosas” em viagens, festas e eventos com famosos, superexposição, também, dos seus corpos seminus, grande parte deles “esculpidos” com EA, contrariando os seus princípios de uma vida saudável (como divulgado), sem química (“lorota”), como se dissessem: “- Consultem-se comigo e fiquem assim também! Paguem o que for necessário, pois eu tenho o segredo!”. Lembrem-se: “nem tudo que reluz é ouro”. O valor do “paguem o que for necessário” pode ser imensurável, ou seja, a sua própria saúde. Cedo ou tarde essa conta chega, podem ter certeza!

Saudade da época na qual o médico era conhecido somente pelo seu nome ou doutor seguido do seu nome e não médicos que se auto-intitulam com coisas ridículas do tipo: Dr. Fit, Dr. Coração, Dr. Longevidade, Dr. Testosterona, etc. PS.: Qualquer semelhança é mera coincidência.

Saudade da época na qual os receituários médicos só continham o nome do médico, especialidade (uma ou duas), seu registro no conselho e registro de qualificação de especialista e não receituários com descrições imensas das “qualificações” nacionais e internacionais do profissional, numa constante necessidade de autoafirmação, como se quisesse provar alguma coisa que, em geral, não consegue.

Enfim, saudade da época na qual, para alguns médicos, bastava ser reconhecido como o “médico da família” e, assim, eram felizes profissionalmente. Para outros, o reconhecimento profissional se dava quando se tornavam especialistas ou autoridades em algum assunto. Já hoje... o reconhecimento se dá quando o médico se torna uma “celebridade”! Não importando todos os valores já citados neste texto, pois o que importa, de verdade, é uma boa assessoria em marketing. Outro dia, navegando nas redes, acreditem, até descobri que já existe um curso para o médico se “tornar” uma celebridade!

Esta crônica somente reflete a minha observação ou o meu ponto de vista sobre a medicina nos dias atuais. Não é uma crítica direta a qualquer pessoa ou profissional. Com certeza alguns “vanguardistas” irão se identificar com o texto e atacarão dizendo que se trata de inveja, frustração, de um profissional desatualizado, blá blá blá... mas saibam que sou muito bem realizado na vida acadêmica, profissional e pessoal. Quero deixar bem claro que não sou contra as redes sociais no âmbito da medicina, muito pelo contrário, penso que elas podem ser importantes ferramentas de responsabilidade social com a divulgação de boas informações em saúde.

Peço desculpas ao pessoal que me acompanha, por não se tratar de um texto diretamente ligado à informação em nutrologia, saúde e bem-estar, que foi um dos meus propósitos quando resolvi montar esse perfil profissional.

Peço desculpas, também, aos amantes de poesia e literatura por utilizar como referência para ilustrar o texto a poesia concreta de Augusto de Campos, mas, quando estava refletindo sobre o assunto, me veio à cabeça essa poesia, bem lá do fundo, da época dos vestibulares e penso que foi uma contextualização bastante pertinente.

A medicina “lixo”, virou luxo, assim como a medicina do “luxo”, na maioria das vezes é um lixo!

Autor: Leandro Marques de M. Teles
Médico Nutrólogo - RQE 10253
Nutrição Parenteral e Enteral - RQE 11661
CRM 14326/GO, 18413/DF

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Os 4 R’s da Sustentabilidade

 Os 4 R’s são uma forma simples de nos lembrar como podemos fazer a diferença na sustentabilidade
Devido à crescente consciência do impacto que temos no Planeta, os stakeholders (partes interessadas) estão hoje bem informados sobre as possibilidades de dar uma contribuição positiva para à sustentabilidade. 

Os 4 R’s são uma forma simples de nos lembrar como podemos fazer a diferença na sustentabilidade. Eles nos tornam conscientes de como manuseamos os materiais e como os jogamos fora. Os 4 R’s são claros, fáceis de lembrar e alcançáveis. Eles nos ajudam a fazer mudanças simples que têm um impacto significativo na sustentabilidade do nosso Planeta. Os 4 R’s significam: reduzir, reutilizar, reciclar e recuperar.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Obesidade controlada - Por Dr. Bruno Halpern

 


Há muitas evidências que demonstram que o objetivo do tratamento da obesidade não deve ser “normalizar” o Índice de Massa Corporal, e que perdas de peso intermediárias podem já ser suficientes para reduzir riscos de saúde e doença cardiovascular. Assim, em tratamentos clínicos, sugerimos perdas de 10-15% como excelentes, com foco em manutenção de peso posterior.

👉Em pacientes com graus de Obesidade maior, a #cirurgiabariátrica é uma estratégia que permite perdas de peso superiores, em geral, ao redor de 30% do peso ou mais. E as evidências mostram que é um procedimento associado a aumento de expectativa de vida, além de redução de varias outras doenças.

👉E, novamente, essa redução independe do peso final: assim, uma pessoa com obesidade grave que emagrece muito, mas se mantém com peso considerado como “Obesidade” pelo IMC, tem benefícios claros.

👉Uma análise epidemiológica com mais de 6000 pacientes que realizaram cirurgia, mesmo mantendo peso acima do considerado “normal”, tinham marcadores de saúde cardiometabólicos muito mais parecidos com de uma população magra do que de uma população com peso semelhante ao deles, mas que nunca havia emagrecido. Ou seja, é mais uma evidência de que perdas de peso menores do que as recomendadas por muitos já trazem grandes benefícios.

👉Recentemente, a @abeso_evidenciasemobesidade e @sbemnacional propuseram o conceito de “obesidade controlada”, para pacientes que perderam peso no passado e mantém o peso perdido, e com melhora substancial dos exames de sangue e outros parâmetros. Isso vale tanto para tratamentos clínicos como para cirúrgicos (embora, como disse, a cirurgia permita perdas mais pronunciadas).

👉Entender, e passar aos pacientes esse conceito é fundamental para que tenhamos tratamentos mais efetivos e duradouros!

Ref: Hong. Degree of Cardiometabolic Risk Factor Normalization in BS: Evidence From NHANES. Diabetes Care 2021 Ref2. Halpern. Proposal of an obesity classification based on weight history. AEM 2021

Atividade sexual conta como atividade física ?


A relação sexual queima calorias, aumenta a frequência cardíaca e raramente causa parada cardíaca

Seja no Dia dos Namorados, no dia seguinte ou praticamente em qualquer dia do ano, muitos casais se entregam a relações sexuais. Alguns, olhando para seus rastreadores ou observadores de atividades, podem se perguntar, então, estamos nos exercitando agora?

Cientistas curiosos também se perguntaram. A atividade sexual é uma maneira popular e agradável de passar 32,38 minutos (mais sobre isso depois). Mas é fisicamente intenso ou de lazer?  Pode queimar tantas calorias quanto correr ou é mais como um passeio leve? Ela aumenta os batimentos cardíacos? Pode iniciar ataques cardíacos? E se você tiver uma grande competição amanhã? Você deve permanecer casto esta noite?

Dada a prevalência de relações sexuais - pode ser a atividade física menos provável de ser omitida - as respostas são importantes, e um bando de estudos recentes oferece respostas preliminares, incluindo algumas novas estatísticas surpreendentes sobre a idade típica de alguém que experimenta um "súbito problema cardiovascular".  parada” durante as relações sexuais e até que ponto o exercício melhora a função sexual e a satisfação.

Mas provavelmente a pergunta mais premente sobre sexo e exercício é: “Sexo é exercício?”

A resposta, de várias maneiras, parece ser sim. Em um artigo de revisão publicado no Archives of Sexual Behavior, pesquisadores da Universidade de Almería e da Universidade de Múrcia, na Espanha, reuniram todos os estudos anteriores que puderam encontrar que examinavam os esforços físicos envolvidos no coito.

Não foram muitos. Como atividade, a relação sexual é difícil de estudar, por motivos que vão desde a polidez até a política. Os estudos que os pesquisadores encontraram envolveram principalmente casais heterossexuais comprometidos, geralmente casados, que frequentemente visitavam um laboratório para observação científica de seus esforços. Na ocasião, o coito acontecia na casa das voluntárias. Alguns dos casais usavam monitores de frequência cardíaca ou outros rastreadores.  Outros foram filmados e seus padrões de movimento analisados. Ninguém estava cego para saber se o sexo estava acontecendo.

Mas, mesmo com essas limitações, surgiram padrões, descobriram os pesquisadores espanhóis.

• Sexo conta como exercício moderado

Obviamente, as relações sexuais aceleravam o coração e queimavam a energia. Nos estudos em que as pessoas usaram rastreadores, as frequências cardíacas ficaram em média entre 90 e 130 batimentos por minuto e atingiram um pico de 145 a 170 bpm. Os batimentos cardíacos das mulheres tendem a ser mais baixos do que os dos homens.

A queima calórica média durante a relação sexual também variou bastante, dependendo do posicionamento da pessoa, gênero e fatores mais inefáveis, como se ela estava em casa ou em observação no laboratório.  

Em um estudo, o gasto total de energia durante uma única sessão de atividade sexual atingiu 130 calorias, enquanto em outro experimento, atingiu cerca de 101 calorias para homens e 69 calorias para mulheres.

Essas medições indicam que “a atividade sexual pode causar demandas físicas de intensidade moderada ou mesmo vigorosa”, disse José M. Muyor, professor do Centro de Pesquisa em Saúde da Universidade de Almería, que liderou o estudo de revisão.

Os números são semelhantes aos de uma corrida suave, exceto pelos picos da frequência cardíaca, que aumentaram mais do que o normal durante a corrida e, geralmente, durante o orgasmo, o que é incomum nessa época.

Quanto à duração dos episódios sexuais, eles também variaram.  Em casais jovens e saudáveis ​​em um estudo, o sexo durou em média 32,38 minutos, enquanto continuou por apenas 19 minutos em outro estudo entre casais com problemas de saúde, como doenças cardíacas.

Em todos os estudos, a duração foi considerada para começar com as preliminares e terminar com o orgasmo masculino. Se esses parâmetros capturam adequadamente a experiência de ambos os parceiros é discutível, mas “estamos limitados a descrever os métodos e protocolos que cada estudo conduziu”, disse Muyor.

• O sexo pode parar seu coração?

Outros pesquisadores recentemente investigaram se o sexo, embora brevemente revigore os corações, também pode, sob certas circunstâncias, pará-los - e não metaforicamente.

Um estudo notável de 2022 no JAMA Cardiology, por exemplo, de vítimas em Londres devido a parada cardíaca súbita dentro de uma hora após as relações sexuais descobriu que tais mortes eram reconfortantemente incomuns.

Das 6.847 paradas cardíacas súbitas fatais encaminhadas a um centro de patologia em Londres entre 1994 e 2020, apenas 17 ocorreram durante ou quase imediatamente após a relação sexual.

Mas desses 17, seis eram mulheres, o que era inesperado, e a maioria era relativamente jovem. A média de idade foi de 38 anos.

Da mesma forma, um estudo de 2018 em Paris com pessoas que sobreviveram a paradas cardíacas súbitas entre 2011 e 2016 descobriu que cerca de 0,6%, ou 17 no total, todos homens e a maioria na faixa dos 50 anos, tiveram parada cardíaca durante ou logo após o sexo. Em comparação, 229 dos outros casos ocorreram durante esportes ou outros exercícios e 2.782 em outras situações.

Curiosamente, as tentativas de ressuscitação nos homens que ficaram aflitos durante ou logo após o sexo tendem a começar mais tarde do que nas outras situações, talvez por descrença dos parceiros ou “algum grau de constrangimento”, disse Eloi Marijon, professor de cardiologia da Universidade de Paris e co-autor do estudo.

“Não temos o estado civil dos parceiros”, acrescentou.

Mas a principal descoberta de sua e de outras pesquisas nessa área é que as paradas cardíacas durante ou devido ao sexo permanecem extremamente raras, disse ele. E quanto mais alguém se envolve em relações sexuais, mais os riscos diminuem.

“Durante qualquer atividade física”, disse ele, incluindo sexo, “o risco de parada cardíaca é maior do que em repouso”. Mas os corações, como outros músculos, se fortalecem e ficam mais resistentes à parada quanto mais as pessoas se esforçam, inclusive com sexo. “A atividade sexual”, disse ele, “não deve ser vista como uma situação de risco”.

• Sexo não enfraquece as pernas

Também é improvável que comprometa a competição ou o treino de amanhã, apesar dos mitos generalizados em contrário. (“As mulheres enfraquecem as pernas”, o treinador de Rocky o alertou no filme de 1976.)

Uma revisão de 2022 publicada no Scientific Reports concluiu que “a atividade sexual dentro de 30 [minutos] a 24 [horas] antes do exercício não parece afetar o condicionamento aeróbico, a resistência musculoesquelética ou a força/potência”.

A revisão, que reuniu dados de nove estudos, envolvendo 133 pessoas, quase todas do sexo masculino, que fizeram sexo horas antes de algum tipo de teste físico, também constatou que o coito não melhorou o desempenho físico.

O sexo, em outras palavras, foi um banho, o que talvez seja reconfortante tanto para as pessoas que são quanto para as que não são sexualmente ativas.

“Eu diria que não há razão para evitar ou promover o sexo antes de uma corrida ou competição sexual”, disse Gerald Zavorsky, professor de fisiologia e biologia de membranas da Universidade da Califórnia em Davis, que liderou a revisão.

É claro que pensar no sexo apenas como uma ferramenta competitiva ou apenas como outra forma de exercício moderado é arriscar diminuir um pouco de seu mistério poético e intimidade.

Por outro lado, se você decidir, a qualquer momento, pensar em exercícios como uma forma de melhorar o sexo, tudo bem.

Em um estudo de 2019 com mais de 6.000 homens e mulheres, quanto mais as pessoas se exercitavam, menor era a probabilidade de relatar disfunção erétil, entre os homens, e disfunção sexual, entre as mulheres.

“Compartilhar é se importar”
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Qual o bloco de vcs?

 


terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

O que leva as pessoas a se preocuparem com o meio ambiente?

Estudo analisa os fatores que impulsionam a preocupação ambiental entre os europeus, em um esforço para entender como podemos reforçar o apoio popular ao combate às mudanças climáticas.

Embora já possamos sentir os efeitos das mudanças climáticas em nossas peles, a maioria da população europeia ainda não considera as mudanças climáticas, o meio ambiente e a energia entre as questões mais prementes para a formulação de políticas nacionais.

O apoio do público, no entanto, é crucial para permitir uma política ambiental rigorosa e sustentável nas democracias.

Para aumentar a motivação da população em geral para a ação climática, precisamos saber quais fatores impulsionam a preocupação das pessoas com o clima e o meio ambiente. Em um novo estudo publicado na Global Environmental Change , Jonas Peisker, pesquisador do IIASA Population and Just Societies Program, abordou como as preferências ambientais em 206 regiões europeias são moldadas por circunstâncias socioeconômicas, geográficas e meteorológicas.

“Eu queria oferecer uma perspectiva baseada em dados sobre os determinantes da preocupação ambiental que destacasse a relevância do envolvimento dos indivíduos em contextos socioeconômicos e ambientais”, explica Peisker. “Embora pesquisas anteriores tenham considerado apenas algumas influências contextuais de cada vez, este estudo permite uma comparação de sua importância relativa, incluindo também fatores que diferem principalmente entre regiões, como desigualdade, nível de renda ou características geográficas”.

Para encontrar determinantes de preocupação ambiental, Peisker usou o método de Bayesian Model Averaging baseado em 25 pesquisas do Eurobarômetro realizadas entre 2009 e 2019 combinadas com medidas da economia regional, população, geografia, qualidade ambiental e eventos meteorológicos.

O estudo constatou que contextos econômicos favoráveis, como nível de renda relativamente alto e inflação baixa, fomentam a preocupação ambiental. Isso provavelmente está relacionado à ideia de um “poço finito de preocupação”, no qual questões mais imediatas, como segurança econômica, expulsam questões menos imediatas, como política climática. Curiosamente, o aumento dos preços da energia apenas reduziu as preocupações ambientais até certo ponto em que as preocupações ambientais também começaram a aumentar. Neste ponto, o fornecimento de energia pode se tornar um problema que levanta preocupações ambientais em si.

Os resultados mostraram que uma distribuição mais igualitária de renda e riqueza teve um impacto positivo na priorização das questões ambientais, sugerindo que a coesão social é benéfica para as preocupações verdes. Além disso, Peisker descobriu que regiões com indústrias intensivas em gases de efeito estufa tinham menor preocupação ambiental entre os habitantes locais. Isso pode estar relacionado a preocupações sobre os efeitos potenciais das políticas ambientais sobre a competitividade econômica na transição da tecnologia fóssil para a limpa. Embora os fatores ambientais, como ter um litoral de baixa elevação, também influenciem a preocupação ambiental, em geral, o contexto socioeconômico se mostrou mais importante.

“Os resultados do estudo enfatizam que a coesão social e uma transição justa para a neutralidade do carbono são fundamentais para o apoio de baixo para cima à política ambiental”, diz Peisker. “A política climática e a proteção ambiental provavelmente serão impopulares se estiverem aumentando a desigualdade de renda e riqueza, a inflação e o desemprego. Portanto, uma forma de apoiar a ação climática poderia ser enfatizar os co-benefícios da política ambiental, por exemplo, efeitos positivos no emprego da transição para fontes de energia renováveis”.



Relatório explora os riscos mais graves que podemos enfrentar na próxima década

O que temer? O que poderá ocorrer na próxima década? 

O Relatório Global de Riscos 2023 mostra que o mundo enfrenta um conjunto de riscos que parecem totalmente novos e assustadoramente familiares.

Enquanto estamos à beira de uma era de baixo crescimento e baixa cooperação, trocas mais difíceis correm o risco de corroer a ação climática, o desenvolvimento humano e a resiliência futura.

Os primeiros anos desta década anunciaram um período particularmente perturbador na história da humanidade. O retorno a um “novo normal” após a pandemia do COVID-19 foi rapidamente interrompido pelo início da guerra na Ucrânia, inaugurando uma nova série de crises em alimentos e energia – desencadeando problemas que décadas de progresso procuravam resolver.

Quando 2023 começa, o mundo enfrenta um conjunto de riscos que parecem totalmente novos e assustadoramente familiares. Vimos um retorno de riscos “mais antigos” – inflação, crises de custo de vida, guerras comerciais, saídas de capital de mercados emergentes, agitação social generalizada, confronto geopolítico e o espectro da guerra nuclear – que poucos líderes empresariais e líderes de políticas públicas da geração experimentaram. 

Estes estão sendo amplificados por desenvolvimentos comparativamente novos no cenário de riscos globais, incluindo níveis insustentáveis de dívida, uma nova era de baixo crescimento, baixo investimento global e desglobalização, um declínio no desenvolvimento humano após décadas de progresso, desenvolvimento rápido e irrestrito do uso duplo (civil e militar) tecnologias, e a crescente pressão dos impactos e ambições das mudanças climáticas em uma janela cada vez menor para a transição para um mundo de 1,5 ° C. Juntos, eles estão convergindo para moldar uma década única, incerta e turbulenta pela próxima vez.

O Relatório Global de Riscos 2023 apresenta os resultados da mais recente Pesquisa Global de Percepção de Riscos (GRPS). Utilizamos três prazos para entender os riscos globais. O capítulo 1 considera o impacto crescente das crises atuais (ou seja,. riscos globais que já estão se desenrolando) sobre os riscos globais mais graves que muitos esperam que ocorram no curto prazo (dois anos). 

O capítulo 2 considera uma seleção de riscos que provavelmente serão mais graves a longo prazo (10 anos), explorando riscos econômicos, ambientais, sociais, geopolíticos e tecnológicos que podem se tornar as crises de amanhã. O capítulo 3 imagina a médio prazo futures, exploring how connections between the emerging risks outlined in previous sections may collectively evolve into a “polycrisis” centred around natural resource shortages by 2030. O report concludes by considering perceptions of the comparative state of preparedness for these risks and highlighting enablers to charting a course to a more resilient world. Below are key findings of the report.

O custo de vida domina os riscos globais nos próximos dois anos, enquanto o fracasso da ação climática domina a próxima década

A próxima década será caracterizada por crises ambientais e sociais, impulsionadas por tendências geopolíticas e econômicas subjacentes. “Crise do custo de vida” é classificado como o risco global mais grave nos próximos dois anos, atingindo o pico no curto prazo. “Perda de biodiversidade e colapso do ecossistema” é visto como um dos riscos globais que mais se deterioram na próxima década, e todos os seis riscos ambientais estão entre os 10 principais riscos nos próximos 10 anos. Nove riscos são apresentados nos 10 primeiros rankings, tanto a curto quanto a longo prazo, inclusive “Confronto geoeconômico” e “Erosão da coesão social e polarização social”, ao lado de dois novos participantes no ranking superior : “Cibercrime generalizado e insegurança cibernética” e “Migração involuntária em larga escala”.


Quando a era econômica terminar, a próxima trará mais riscos de estagnação, divergência e angústia
Os efeitos econômicos do COVID-19 e a guerra na Ucrânia deram início a uma inflação vertiginosa, uma rápida normalização das políticas monetárias e iniciaram uma era de baixo crescimento e baixo investimento.

Governos e bancos centrais podem enfrentar pressões inflacionárias teimosas nos próximos dois anos, principalmente devido ao potencial de uma guerra prolongada na Ucrânia, gargalos contínuos de uma pandemia persistente e guerra econômica que estimula a dissociação da cadeia de suprimentos. 

Os riscos negativos para as perspectivas econômicas também são grandes. Uma redução de impostos entre políticas monetárias e fiscais aumentará a probabilidade de choques de liquidez, sinalizando uma desaceleração econômica mais prolongada e um sofrimento da dívida em escala global. 

A inflação contínua impulsionada pela oferta pode levar à estagflação, cujas conseqüências socioeconômicas podem ser graves, dada uma interação sem precedentes com níveis historicamente altos de dívida pública. A fragmentação econômica global, as tensões geopolíticas e a reestruturação mais rochosa podem contribuir para o amplo sofrimento da dívida nos próximos 10 anos.

Mesmo que algumas economias experimentem um pouso econômico mais suave do que o esperado, o fim da era da baixa taxa de juros terá ramificações significativas para governos, empresas e indivíduos. Os efeitos indiretos serão sentidos de maneira mais aguda pelas partes mais vulneráveis da sociedade e pelos estados já frágeis, contribuindo para o aumento da pobreza, fome, protestos violentos, instabilidade política e até o colapso do Estado. 

As pressões econômicas também corroerão os ganhos obtidos pelas famílias de renda média, estimulando descontentamento, polarização política e exigindo proteções sociais aprimoradas em países do mundo. Os governos continuarão enfrentando um perigoso ato de equilíbrio entre proteger uma ampla faixa de cidadãos de uma crise prolongada de custo de vida sem incorporar a inflação – e cobrir os custos de serviço da dívida à medida que as receitas são pressionadas por uma crise econômica, uma transição cada vez mais urgente para novos sistemas de energia, e um ambiente geopolítico menos estável. 

A nova era econômica resultante pode ser uma crescente divergência entre países ricos e pobres e a primeira reversão no desenvolvimento humano em décadas.

A fragmentação geopolítica conduzirá a guerra geoeconômica e aumentará o risco de conflitos entre vários domínios

A guerra econômica está se tornando a norma, com crescentes confrontos entre potências globais e intervenção estatal nos mercados nos próximos dois anos. As políticas econômicas serão usadas defensivamente, para construir auto-suficiência e soberania a partir de poderes rivais, mas também serão cada vez mais implantadas ofensivamente para restringir a ascensão de outras pessoas. 

A armamento geoeconômico intensivo destacará as vulnerabilidades de segurança colocadas pela interdependência comercial, financeira e tecnológica entre economias globalmente integradas, arriscando um ciclo crescente de desconfiança e dissociação. À medida que a geopolítica supera a economia, um aumento de longo prazo na produção ineficiente e no aumento dos preços se torna mais provável. Pontos críticos geográficos críticos para o funcionamento efetivo do sistema financeiro e econômico global, em particular na Ásia-Pacífico, também representam uma preocupação crescente.
Os confrontos interestaduais são esperados pelos entrevistados do GRPS para permanecerem em grande parte de natureza econômica nos próximos 10 anos. 

No entanto, o recente aumento nos gastos militares e a proliferação de novas tecnologias para uma ampla gama de atores podem conduzir uma corrida armamentista global em tecnologias emergentes. O cenário de riscos globais de longo prazo pode ser definido por conflitos de vários domínios e guerra assimétrica, com a implantação direcionada de armas de nova tecnologia em uma escala potencialmente mais destrutiva do que a vista nas últimas décadas. 

Os mecanismos transnacionais de controle de armas devem se adaptar rapidamente a esse novo contexto de segurança, para fortalecer os custos morais, de reputação e políticos compartilhados que atuam como um impedimento à escalada acidental e intencional.

A tecnologia exacerbará as desigualdades, enquanto os riscos da segurança cibernética continuarão sendo uma preocupação constante

O setor de tecnologia estará entre os objetivos centrais de políticas industriais mais fortes e intervenção estatal aprimorada. Estimulados por auxílios estatais e gastos militares, bem como investimento privado, pesquisa e desenvolvimento em tecnologias emergentes continuarão em ritmo na próxima década, gerando avanços na IA, computação quântica e biotecnologia, entre outras tecnologias.

Para os países que podem pagar, essas tecnologias fornecerão soluções parciais para uma série de crises emergentes, desde o enfrentamento de novas ameaças à saúde e uma crise na capacidade de assistência médica, até a redução da segurança alimentar e da mitigação do clima. Para aqueles que não podem, a desigualdade e a divergência crescerão. Em todas as economias, essas tecnologias também trazem riscos, desde o aumento da desinformação e desinformação até a agitação incontrolável e rápida nos empregos de colarinho azul e branco.

No entanto, o rápido desenvolvimento e implantação de novas tecnologias, que geralmente vêm com protocolos limitados que governam seu uso, apresenta seu próprio conjunto de riscos. O crescente entrelaçamento de tecnologias com o funcionamento crítico das sociedades está expondo as populações a ameaças domésticas diretas, incluindo aquelas que buscam destruir o funcionamento social.

Juntamente com o aumento do crime cibernético, as tentativas de interromper os recursos e serviços críticos habilitados para tecnologia se tornarão mais comuns, com ataques previstos contra a agricultura e a água, sistemas financeiros, segurança pública, transporte, energia e infraestrutura de comunicação doméstica, espacial e submarina. Os riscos tecnológicos não se limitam apenas a atores desonestos. 

A análise sofisticada de conjuntos de dados maiores permitirá o uso indevido de informações pessoais por meio de mecanismos legais legítimos, enfraquecendo a soberania digital individual e o direito à privacidade, mesmo em regimes democráticos bem regulamentados.

Os esforços de mitigação climática e adaptação climática são estabelecidos para uma troca arriscada, enquanto a natureza entra em colapso.

Os riscos climáticos e ambientais são o foco principal das percepções de riscos globais na próxima década – e são os riscos pelos quais somos vistos como os menos preparados. A falta de progresso profundo e concertado nas metas de ação climática expôs a divergência entre o que é cientificamente necessário para atingir o zero líquido e o que é politicamente viável. As crescentes demandas por recursos do setor público e privado de outras crises reduzirão a velocidade e a escala dos esforços de mitigação nos próximos dois anos, juntamente com o progresso insuficiente em direção ao apoio à adaptação exigido para as comunidades e países cada vez mais afetados pelos impactos das mudanças climáticas.

À medida que as crises atuais desviam recursos dos riscos que surgem a médio e longo prazo, os encargos para os ecossistemas naturais crescerão, dado seu papel ainda subvalorizado na economia global e na saúde planetária geral. A perda de natureza e as mudanças climáticas estão intrinsecamente interligadas – uma falha em uma esfera entrará em cascata na outra. Sem mudanças ou investimentos políticos significativos, a interação entre os impactos das mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, a segurança alimentar e o consumo de recursos naturais acelerará o colapso do ecossistema, ameaçará o suprimento de alimentos e meios de subsistência em economias vulneráveis ao clima, amplificará os impactos de desastres naturais e limitará o progresso adicional na mitigação do clima.

Crises de alimentos, combustíveis e custos exacerbam a vulnerabilidade social, enquanto investimentos em declínio no desenvolvimento humano corroem a resiliência futura.

Crises agravantes estão ampliando seu impacto entre as sociedades, atingindo os meios de subsistência de uma parte muito mais ampla da população e desestabilizando mais economias do mundo do que comunidades tradicionalmente vulneráveis e estados frágeis. Com base nos riscos mais graves que devem impactar em 2023 – inclusive “Crise de fornecimento de energia”, “Inflação crescente” e “Crise do suprimento de alimentos” – um global Crise de custo de vida já está sendo sentido. 

Os impactos econômicos foram amortecidos pelos países que podem pagar, mas muitos países de baixa renda estão enfrentando várias crises: dívida, mudança climática e segurança alimentar. As pressões contínuas do lado da oferta correm o risco de transformar a atual crise de custo de vida em uma crise humanitária mais ampla nos próximos dois anos em muitos mercados dependentes de importação.

A agitação social associada e a instabilidade política não serão contidas nos mercados emergentes, pois as pressões econômicas continuam a ocultar a faixa de renda média. Aumentar a frustração dos cidadãos pelas perdas no desenvolvimento humano e pela diminuição da mobilidade social, juntamente com uma crescente lacuna de valores e igualdade, estão colocando um desafio existencial aos sistemas políticos em todo o mundo. A eleição de líderes menos centristas, bem como a polarização política entre superpotências econômicas nos próximos dois anos, também podem reduzir ainda mais o espaço para solução coletiva de problemas, fraturando alianças e levando a uma dinâmica mais volátil.

Com uma crise no financiamento do setor público e preocupações concorrentes de segurança, nossa capacidade de absorver o próximo choque global está diminuindo. Nos próximos 10 anos, menos países terão espaço fiscal para investir em crescimento futuro, tecnologias verdes, educação, assistência e sistemas de saúde. A lenta deterioração da infraestrutura e dos serviços públicos nos mercados em desenvolvimento e avançado pode ser relativamente sutil, mas acumular impactos será altamente corrosivo para a força do capital e do desenvolvimento humanos – um mitigante crítico para outros riscos globais enfrentados.

À medida que a volatilidade em vários domínios cresce em paralelo, o risco de policrises acelera
Choques simultâneos, riscos profundamente interconectados e resiliência erodida estão dando origem ao risco de policrises – onde crises díspares interagem de modo que o impacto geral exceda em muito a soma de cada parte. A erosão da cooperação geopolítica terá efeitos colaterais em todo o cenário de riscos globais no médio prazo, incluindo a contribuição para uma potencial policrise de riscos ambientais, geopolíticos e socioeconômicos inter-relacionados relacionados à oferta e demanda de recursos naturais. 

O relatório descreve quatro futuros em potencial centrados em alimentos, água e metais e escassez de minerais, os quais poderiam desencadear uma crise humanitária e ecológica – desde guerras e fomes pela água até a superexploração contínua de recursos ecológicos e uma desaceleração na mitigação e adaptação do clima . 

Dadas as relações incertas entre riscos globais, exercícios de previsão semelhantes podem ajudar a antecipar possíveis conexões, direcionando medidas de preparação para minimizar a escala e o escopo das policrises antes que elas surjam.

Nos próximos anos, como contínuas, as crises simultâneas incorporam mudanças estruturais no cenário econômico e geopolítico, aceleram os outros riscos que enfrentamos. Mais de quatro em cada cinco entrevistados do GRPS antecipam uma volatilidade consistente nos próximos dois anos, no mínimo, com vários choques acentuando trajetórias divergentes. No entanto, os entrevistados geralmente são mais otimistas a longo prazo. 

Pouco mais da metade dos entrevistados antecipa uma perspectiva negativa e quase um em cada cinco entrevistados prevê volatilidade limitada com estabilidade relativa – e potencialmente renovada – nos próximos 10 anos.

De fato, ainda existe uma janela para moldar um futuro mais seguro através de uma preparação mais eficaz. A abordagem da erosão da confiança em processos multilaterais aumentará nossa capacidade coletiva de prevenir e responder a crises transfronteiriças emergentes e fortalecer os corrimãos que temos para lidar com riscos bem estabelecidos. Além disso, alavancar a interconectividade entre riscos globais pode ampliar o impacto das atividades de mitigação de riscos – aumentar a resiliência em uma área pode ter um efeito multiplicador na preparação geral para outros riscos relacionados. 

Como uma perspectiva econômica em deterioração, traz trocas mais duras para os governos que enfrentam problemas sociais concorrentes, preocupações ambientais e de segurança, o investimento em resiliência deve se concentrar em soluções que abordem vários riscos, como o financiamento de medidas de adaptação que acompanham os co-benefícios da mitigação climática, ou investimento em áreas que fortalecem o capital e o desenvolvimento humanos.

Alguns dos riscos descritos no relatório deste ano estão próximos de um ponto de inflexão. Este é o momento de agir coletivamente, decisivamente e com uma lente de longo prazo para moldar um caminho para um mundo mais positivo, inclusivo e estável

Artigo completo em: https://www.ecodebate.com.br/2023/02/10/relatorio-explora-os-riscos-mais-graves-que-podemos-enfrentar-na-proxima-decada/

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos e nutricionistas] - Nova pesquisa sobre o metabolismo humano subverte a sabedoria convencional sobre como queimamos calorias

Estudos de metabolismo revelam insights surpreendentes sobre como queimamos calorias – e como a produção cooperativa de alimentos ajudou o Homo sapiens a florescer

Era a festa de sete anos da minha filha Clara, uma cena ao mesmo tempo familiar e bizarra.  A celebração foi uma versão americana de um roteiro clássico: uma refeição compartilhada de pizza e comida para piquenique, alguns amigos próximos e familiares compatíveis com o COVID, um garoto radiante soprando velas em um bolo fortemente gelado.  Com cerca de 380.000 meninos e meninas em todo o mundo completando sete anos a cada dia, foi um ritual, sem dúvida, repetido por muitos, o primata mais prolífico do mundo cantando “Parabéns a você” em um coro global ininterrupto.

Um cenário tão saudável parece um lugar improvável para a quebra desenfreada de regras.  

Mas, como antropólogo evolucionário, não posso deixar de notar o flagrante desrespeito que nossa espécie mostra pela ordem natural.

Quase todos os aspectos de nossas vidas modernas marcam um afastamento alegremente ultrajante das leis que governam todas as outras espécies do planeta, e esta festa de aniversário não foi exceção.  

Além dos vegetais frescos deixados murchando ao sol, nenhum dos alimentos era reconhecível como um produto da natureza.

O bolo era um amálgama tratado termicamente de sementes de capim pulverizadas, ovos de galinha, leite de vaca e açúcar de beterraba extraído.

A matéria-prima para os lanches e bebidas levaria anos para ser reconstruída por um químico forense.

Era uma bonança calórica com a qual os animais que se alimentavam na natureza só podiam sonhar, e nós a estávamos distribuindo para pessoas que nem compartilhavam nossos genes.  

Tudo isso para celebrar algum alinhamento astronômico obscuro, o momento em que nosso planeta passou pela mesma posição em relação à sua estrela no dia em que minha filha nasceu.

Aos sete anos de idade, a maioria dos mamíferos são avós se tiverem a sorte de estar vivos.  

Clara ainda era uma criança, dependente de nós para comida e abrigo e anos longe da independência.

Os humanos nem sempre foram tão canalhas. Viemos de uma boa Família. Os macacos vivos, nossos parentes mais próximos, são primatas bem-comportados, comendo frutas e folhas diretamente da árvore e mordiscando uma refeição ocasional de insetos ou pequenos animais.

Como qualquer outro mamífero, os símios aprendem cedo a cuidar de si mesmos, forrageando por conta própria assim que são desmamados, e sabem que não devem dar a comida suada.

Fósseis das profundezas da linhagem humana, os primeiros quatro milhões de anos depois que nos separamos dos outros macacos, indicam que nossos primeiros ancestrais seguiam as mesmas regras ecológicas.

Cerca de 2,5 milhões de anos atrás, as coisas tomaram um rumo improvável. As primeiras populações do gênero Homo se depararam com uma nova forma de ganhar a vida, algo sem precedentes na história da vida.  

Em vez de seguir uma carreira como comedor de plantas, carnívoro ou generalista, eles tentaram uma estranha estratégia dupla: alguns caçariam, outros colheriam e compartilhariam tudo o que adquirissem.

Essa abordagem cooperativa valorizava a inteligência e, ao longo de milênios, o tamanho do cérebro começou a aumentar.  

Nossos ancestrais paleolíticos aprenderam a cortar lâminas delicadas de paralelepípedos redondos, caçar animais grandes e cozinhar sua comida.  

Eles construíram lares e casas e começaram a mudar a paisagem, desenvolvendo um domínio ecológico que acabou levando à agricultura.

Essas mudanças evolucionárias reverberam hoje. A coleta cooperativa que levou nossos ancestrais caçadores, coletores e agricultores a desrespeitar as regras ecológicas estabelecidas há muito tempo não mudou apenas os alimentos que comemos. Ele alterou aspectos fundamentais de nossa biologia, incluindo nosso metabolismo. A mesma série improvável de eventos que nos deu o bolo de aniversário também moldou a maneira como o comemos - e como usamos as calorias.

Apesar de toda a conversa sobre metabolismo nos mundos dos exercícios e dietas, você pensaria que a ciência foi estabelecida. Na realidade, temos poucos dados concretos sobre as calorias que queimamos a cada dia e como evoluímos para obtê-las. Mas recentemente meus colegas e eu demos passos importantes na compreensão de como nossos corpos usam energia.  Nossas descobertas derrubaram muito da sabedoria recebida sobre as maneiras como as necessidades de energia humana mudam ao longo da vida. E, como descobrimos em um esforço paralelo, nossas necessidades de energia estão profundamente interligadas com a evolução de nossas estratégias de produção de alimentos: forrageamento e agricultura.

Juntos, esses estudos fornecem a imagem mais clara do funcionamento interno do motor humano – e como nossa estratégia para ganhar, queimar e compartilhar calorias sustenta nosso extraordinário sucesso como espécie.

ORÇAMENTOS DE ENERGIA

Nossos corpos são maravilhas do caos coordenado. A cada segundo de cada dia, cada uma de suas 37 trilhões de células trabalha arduamente, absorvendo nutrientes, construindo novas proteínas e realizando inúmeras outras tarefas que o mantêm vivo.  Todo esse trabalho consome energia. Nosso metabolismo é a energia que gastamos (ou as calorias que queimamos) a cada dia. Essa energia vem dos alimentos que ingerimos e, portanto, nosso metabolismo também define nossas necessidades de energia.  Calorias entrando, calorias saindo.

Os biólogos evolutivos costumam pensar no metabolismo como o orçamento de energia de um organismo. As tarefas essenciais da vida, incluindo crescimento, reprodução e manutenção do corpo, requerem energia. E todo organismo deve equilibrar suas contas.

Os seres humanos são um exemplo notável dessa contabilidade evolutiva em ação.  

As características que nos distinguem dos outros símios, incluindo nossos enormes cérebros, bebês grandes e vidas longas, requerem muita energia.  

Pagamos alguns desses custos gastando menos com nosso sistema digestivo, tendo evoluído um trato intestinal mais curto e um fígado menor. Mas também aumentamos nossa taxa metabólica e o tamanho de nosso orçamento de energia.  Para o tamanho do nosso corpo, os humanos consomem e queimam mais calorias todos os dias do que qualquer um dos outros macacos. Nossas células evoluíram para trabalhar mais.

O trabalho que nossos corpos fazem muda à medida que envelhecemos, as atividades de nossas células aumentam e diminuem em uma dança coreografada do crescimento à idade adulta e à senescência.  

Acompanhar essas mudanças através do nosso metabolismo pode fornecer uma melhor compreensão do trabalho que nossas células fazem em cada idade, bem como nossas necessidades calóricas em mudança. Mas uma auditoria clara de nosso metabolismo ao longo da vida humana tem sido difícil de obter.

É óbvio que os adultos precisam de mais calorias do que os bebês – pessoas maiores têm mais células fazendo mais trabalho, então queimam mais energia. Também sabemos que os idosos tendem a comer menos, embora muitas vezes isso seja acompanhado por uma perda de peso corporal, principalmente de massa muscular. Mas se quisermos saber o quão ativas nossas células são e se o metabolismo fica mais rápido ou mais lento à medida que crescemos e envelhecemos, precisamos separar os efeitos da idade e do tamanho, o que não é fácil. Você precisa de uma grande amostra com pessoas de todas as idades, medidas com os mesmos métodos. Idealmente, você gostaria de medir o gasto total de energia diária, uma contagem completa das calorias consumidas a cada dia.

Os pesquisadores têm medido as taxas metabólicas em repouso por mais de um século, com algumas evidências de metabolismo mais rápido em crianças e metabolismo mais lento entre os idosos.

No entanto, o metabolismo em repouso responde por apenas 60% ou mais das calorias que queimamos em 24 horas e não inclui a energia que gastamos em exercícios e outras atividades físicas.

As calculadoras de calorias on-line pretendem incluir os custos da atividade, mas na verdade são apenas uma suposição com base no seu peso e atividade física autorrelatados.

Na ausência de evidências sólidas, um tipo de sabedoria popular se desenvolveu, incentivada e cultivada por vendedores ambulantes carismáticos que vendem estimulantes metabólicos e outros óleos de cobra.

Muitas vezes nos dizem que nosso metabolismo acelera na puberdade e desacelera na meia-idade, principalmente na menopausa, e que os homens têm metabolismos mais rápidos do que as mulheres.

Nenhuma dessas afirmações é baseada na ciência real.

UM BANCO DE DADOS METABÓLICO

Meus colegas e eu começamos a preencher essa lacuna na compreensão científica. Em 2014, John Speakman, pesquisador em metabolismo com laboratórios na Universidade de Aberdeen, na Escócia, e na Academia Chinesa de Ciências, em Shenzhen, organizou um esforço internacional para desenvolver um grande banco de dados metabólico. Fundamentalmente, esse banco de dados se concentraria no gasto energético diário total medido usando o método da água duplamente marcada, uma técnica de rastreamento de isótopos que mede o dióxido de carbono produzido pelo corpo (e, portanto, as calorias queimadas) durante uma a duas semanas. A água duplamente marcada é o padrão-ouro para medir o gasto diário de energia, mas é cara e você precisa de um laboratório especializado para as análises de isótopos. Portanto, embora essa técnica exista há décadas, os estudos geralmente são pequenos. Liderado por Speakman, meu laboratório juntou-se a uma dúzia de outros ao redor do mundo para reunir décadas de dados. Acabamos com mais de 6.400 medições de pessoas, desde bebês com apenas oito dias de vida até homens e mulheres na faixa dos 90 anos.

Em 2021, após anos de esforço colaborativo, publicamos o primeiro estudo abrangente investigando os efeitos da idade e do tamanho do corpo no gasto diário de energia. Como esperado, descobrimos que as taxas metabólicas aumentam com o tamanho do corpo: pessoas maiores queimam mais calorias. Em particular, a massa livre de gordura (os músculos e outros órgãos) é o preditor mais forte do gasto diário de energia.  Isso faz sentido. As células adiposas não são tão ativas quanto as do fígado, cérebro ou outros tecidos e não contribuem muito para o gasto diário. Mais importante, com a relação entre massa e taxa metabólica claramente estabelecida a partir de milhares de medições, poderíamos finalmente testar se o metabolismo em cada idade era mais rápido ou mais lento do que esperávamos do tamanho.

Os resultados foram uma revelação, o primeiro roteiro claro do metabolismo ao longo da vida humana.

Descobrimos que, metabolicamente, os bebês nascem como pequenos adultos, refletindo seu desenvolvimento como parte do orçamento de energia de suas mães.

Mas o metabolismo dispara durante o primeiro ano de vida, de modo que, no primeiro aniversário, as crianças gastam 50% mais energia do que esperávamos para seu tamanho.  

Suas células são muito mais ocupadas do que as células dos adultos, trabalhando duro no crescimento e desenvolvimento.  

Estudos anteriores medindo a captação de glicose no cérebro durante a infância sugerem que parte desse trabalho é o crescimento neuronal e o desenvolvimento de sinapses.

A maturação em outros sistemas sem dúvida também contribui.  

O metabolismo permanece elevado durante a infância, desacelerando lentamente durante a adolescência para chegar aos níveis adultos por volta dos 20 anos.

Talvez a maior surpresa tenha sido a estabilidade do nosso metabolismo na meia-idade.

O gasto diário de energia mantém-se notavelmente estável dos 20 aos 60 anos. 

Sem desaceleração na meia-idade, sem mudança com a menopausa.

O ganho de peso que muitos de nós experimentamos na idade adulta não pode ser atribuído a um metabolismo em declínio.  

Como um homem na casa dos 40 anos, eu meio que acreditava na sabedoria popular de que o metabolismo desacelerava à medida que envelhecemos.

Meu corpo definitivamente parece diferente de 10 ou 20 anos atrás.

Mas, como caçar algum Sasquatch metabólico, quando você realmente olha, não há nada lá.

O mesmo vale para as tão elogiadas diferenças metabólicas entre homens e mulheres.

As mulheres gastam menos energia diária, em média, mas isso ocorre apenas porque as mulheres tendem a ser menores e carregam mais peso como gordura.

Compare homens e mulheres com o mesmo peso corporal e percentual de gordura corporal, e a diferença metabólica desaparece.

Encontramos um declínio no metabolismo com a idade, mas ele não começa até atingirmos os 60 anos. Depois dos 60, o metabolismo desacelera cerca de 7% por década. Quando homens e mulheres chegam aos 90 anos, seus gastos diários são 20 a 25% menores, em média, do que os dos adultos na faixa dos 50 anos. Isso depois de considerarmos o tamanho e a composição do corpo.

A perda de peso com a velhice, especialmente a diminuição da massa muscular, agrava o declínio no gasto.

Como em todas as faixas etárias, há uma boa quantidade de variabilidade individual.

Manter um metabolismo mais jovem e mais rápido na velhice pode ser um sinal de envelhecimento, ou talvez até mesmo protetor contra doenças cardíacas, demência e outras doenças relacionadas à idade.  

Agora podemos começar a investigar essas conexões.  

Guiados por nosso roteiro metabólico, temos um novo mundo de pesquisa à nossa frente.

O que já está aparente, no entanto, é que uma mordida no bolo de aniversário faz coisas diferentes para uma menina de sete anos, seu pai de meia-idade e sua avó idosa.

A mordida de Clara provavelmente será devorada por células ocupadas, alimentando o desenvolvimento.  

O meu pode ir para manutenção, reparando todos os pequenos danos acumulados ao longo do dia.

Quanto à vovó, suas células envelhecidas podem demorar para usar as calorias, armazenando-as como glicogênio ou gordura.

De fato, para qualquer um de nós, o bolo acabará engordando se comermos mais calorias do que queimamos.

O roteiro também destaca um grande enigma da condição humana.

Quer tenham nascido em um acampamento de caçadores-coletores, em uma vila agrícola ou em uma megacidade industrial, os jovens humanos precisam de muita ajuda para conseguir comida.

Outros símios aprendem a se alimentar sozinhos quando param de amamentar, por volta dos três ou quatro anos de idade.

Nossos filhos dependem totalmente dos outros para se alimentar durante anos e não são autossuficientes até a adolescência.

E aqueles menos capazes de se defender sozinhos têm as maiores necessidades de energia.

Nossa espécie não apenas desenvolveu uma taxa metabólica mais rápida e maiores demandas de energia do que outros símios, mas também devemos fornecer para cada descendente caro por mais de uma década. De onde tiramos todas essas calorias?  

Recentemente, meus colegas e eu também resolvemos essa parte da equação da energia humana.

CRIANÇAS CARAS

A questão das calorias é mais importante nas comunidades de caçadores-coletores e agricultores, onde a vida diária gira em torno da produção de alimentos.

Durante a maior parte da história de nossa espécie, como na maioria das espécies, não houve outra linha de trabalho.

Toda criança sabia o que ia ser quando crescesse.

Ainda em meados do século XIX, mais da metade da força de trabalho americana era composta por agricultores.

Na última década, tenho trabalhado com colegas para entender a economia de calorias na comunidade Hadza, no norte da Tanzânia.

Os Hadza são uma pequena população de cerca de 1.000 pessoas, e cerca de metade deles mantém um modo de vida tradicional de caça e coleta, forrageando na paisagem de savana que chamam de lar.  

Nenhuma população viva hoje é um modelo perfeito do passado, mas grupos como os hadza, que continuam essas tradições, fornecem um exemplo vivo de como esses sistemas funcionam.  

Os homens passam a maior parte dos dias caçando com arco e flecha ou cortando galhos ocos de árvores para pilhar o mel das colméias.

As mulheres colhem bagas e outros alimentos vegetais ou escavam tubérculos silvestres no solo rochoso.

Os acampamentos hadza, pequenas coleções de casas de capim escondidas entre as acácias, estão vivas o dia todo com crianças sendo crianças, correndo, rindo, brincando - e esperando que os adultos lhes tragam comida.

Medimos os orçamentos de energia Hadza usando água duplamente rotulada, dando-nos uma ideia clara das calorias que homens e mulheres consomem e gastam a cada dia.

Também carregamos equipamento de respirometria portátil para o mato, um laboratório metabólico em uma maleta, para medir os custos de energia de atividades de forrageamento, como caminhar, escalar, cavar tubérculos e cortar árvores.

E temos anos de observação cuidadosa registrando as horas gastas todos os dias em diferentes tarefas de forrageamento e a quantidade de comida adquirida.

Depois de mais de uma década de trabalho, temos uma contabilidade completa da economia energética Hadza: as calorias gastas para conseguir comida, as calorias adquiridas, as proporções compartilhadas e consumidas.

Tom Kraft, da Universidade de Utah, liderou o esforço de nossa equipe para comparar os orçamentos de energia da população Hadza com dados semelhantes de outros grupos humanos e de outras espécies de macacos.

Foi um projeto enorme, debruçado sobre antigos relatos etnográficos de caçadores-coletores e grupos de agricultores e vasculhando estudos ecológicos e medições de água duplamente rotuladas em macacos para reconstruir suas economias de forrageamento.

Mas quando terminamos, o que surgiu foi uma nova compreensão da base energética para o sucesso de nossa espécie.

Finalmente pudemos ver de onde vêm todas essas calorias, a energia necessária para abastecer o caro metabolismo humano e prover crianças indefesas.

COOPERADORES INTELIGENTES

Acontece que a estratégia de forrageamento cooperativa única dos humanos, combinada com nossos cérebros e ferramentas inteligentes, torna a caça e a coleta extremamente produtivas.

Mesmo na savana árida e seca do norte da Tanzânia, os homens e mulheres hadza consomem, em média, de 500 a 1.000 quilocalorias de comida por hora.

Registros etnográficos de outros grupos ao redor do mundo sugerem que essas taxas são típicas de caçadores-coletores.  

Cinco horas de caça e coleta podem trazer de 3.000 a 5.000 quilocalorias de comida, o suficiente para atender às necessidades diárias de um forrageador e alimentar as crianças dos campos.

É o mecanismo de feedback positivo que impulsionou a espécie humana a novos patamares.

A caça e a coleta são tão produtivas que criam um excedente de energia.

Essas calorias extras são canalizadas para os filhotes, o que significa que podem levar mais tempo para se desenvolver, aprendendo habilidades que os tornam forrageadores eficazes.  

Chegando à idade adulta, eles farão exatamente o que seus pais fizeram, adquirindo comida extra e injetando essas calorias na próxima geração.

Ao longo do tempo evolutivo, a infância cresce à medida que as estratégias de forrageamento se tornam mais complexas.

A expectativa de vida também aumenta, com a seleção natural favorecendo anos adicionais de forrageamento produtivo para sustentar filhos e netos.

Os avós, outrora raros, tornam-se um elemento fixo da rede social.

Os macacos na natureza não são tão produtivos na coleta de alimentos. Uma contabilidade forense dos orçamentos de energia para chimpanzés, gorilas e orangotangos mostra que machos e fêmeas consomem cerca de 200 a 300 quilocalorias por hora. Levam sete horas de forrageamento apenas para atender às suas próprias necessidades a cada dia. Não é de admirar que eles não compartilhem.

Nosso forrageamento hiperprodutivo não é barato.

As pessoas em comunidades de caçadores-coletores gastam mais do que o dobro de energia para adquirir comida do que os macacos na natureza.  

Surpreendentemente, a tecnologia humana e a inteligência não nos tornam muito eficientes em termos de energia.

Homens e mulheres hadza atingem a mesma proporção insignificante de energia adquirida para energia gasta que encontramos em macacos selvagens.

A cooperação e a cultura permitem que os forrageadores humanos sejam incrivelmente eficientes em termos de tempo, adquirindo muitas calorias por hora, mas nossas estratégias exclusivas de forrageamento ainda são energeticamente exigentes.

Caçar e coletar é um trabalho árduo.

A agricultura não é mais fácil, mas nossas análises descobriram que pode ser ainda mais produtiva.

Quando comparamos os orçamentos de energia para os hadza e outras populações de caçadores-coletores com os de grupos agrícolas tradicionais, descobrimos que os agricultores normalmente produzem muito mais calorias por hora.

A comunidade Tsimane, uma população da floresta amazônica da Bolívia, fornece um ponto de comparação útil.

Os Tsimane obtêm a maior parte de suas calorias da agricultura, mas também caçam, pescam e coletam plantas silvestres.

Com alimentos cultivados como fonte de energia, eles produzem quase o dobro de calorias por hora que os hadza.

Eles também são mais eficientes em termos de energia, obtendo mais comida de cada caloria que gastam forrageando e cultivando.

Essas calorias extras estão incorporadas nas crianças que correm pelas aldeias de Tsimane. Mais comida e produção mais rápida significam uma carga de trabalho mais leve para as mães porque outras pessoas na comunidade podem compartilhar mais facilmente o tempo e os custos de energia para cuidar das crianças.

Tal como acontece com muitas comunidades de agricultura de subsistência, as famílias Tsimane tendem a ser grandes.

As mulheres têm em média nove filhos ao longo de suas vidas.  

Compare isso com a taxa média de fertilidade de seis filhos por mãe na comunidade Hadza, e o impacto dessa energia extra é inevitável. E não é só o Tsimane.  As comunidades agrícolas tendem a ter taxas de fertilidade mais altas do que as comunidades de caçadores-coletores.

O aumento da fertilidade é uma razão importante pela qual a agricultura ultrapassou a caça e a coleta na era neolítica, período que abrange cerca de 12.000 a 6.500 anos atrás.

Sítios arqueológicos na Eurásia e nas Américas documentam uma onda crescente de crianças e adolescentes após o desenvolvimento da agricultura.

COMENDO NOSSO BOLO

Nessa perspectiva, a festa de aniversário de uma criança é mais do que um marco pessoal.  É uma celebração da nossa improvável história evolutiva.  Tem a comida, claro. Obtemos a farinha e o açúcar para o bolo dos nossos antepassados ​​agricultores, o fogo para assar desde o Paleolítico. O leite e os ovos vêm de animais que transformamos completamente de espécies que antes caçávamos, moldados de acordo com nossa vontade ao longo de gerações de criação cuidadosa.  E tem o calendário que usamos para marcar nossos dias e medir nossos anos, uma invenção dos agricultores que precisavam saber exatamente quando colher e semear. Os caçadores-coletores acompanham as estações e os ciclos lunares, mas têm pouco uso de calendários anuais precisos.  Não há aniversários em um acampamento Hadza.

Mas o elemento-chave de qualquer celebração é a comunidade de amigos e parentes, várias gerações se reunindo para comer, rir e cantar.  Nosso contrato social desenvolvido – para caçar, coletar e cultivar coletivamente – nos uniu, nos deu nossa infância e estendeu nossos anos dourados. A coleta cooperativa também ajudou a alimentar a complexidade cultural e a inovação que tornam os aniversários e outros rituais tão fantásticos e diversos. E no centro de tudo está o compromisso universal de compartilhar.

Com oito bilhões de humanos no planeta hoje, pode-se começar a se preocupar com o fato de termos levado as coisas longe demais. Aprendemos a turbinar nossos orçamentos de energia aproveitando os combustíveis fósseis que alteram o clima e inundando nosso mundo com alimentos baratos. As calorias são tão fáceis de produzir que poucos de nós gastamos nossos dias forrageando, o que é inédito na história da vida. Essa grande mudança foi uma benção para nossa criatividade coletiva, permitindo que muitos passem suas vidas como artistas, médicos, professores, cientistas – uma série de carreiras fora da produção de alimentos. Tendo esculpido nosso próprio nicho estranho, longe das leis que governam o resto do mundo natural, temos apenas a nós mesmos para buscar orientação.  Com um pouco de sorte e muita cooperação, podemos garantir à linhagem humana mais alguns milhões de aniversários. Faça um desejo.

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[Conteúdo exclusivo para médicos e nutricionistas] Consumo de alimentos ultraprocessados ​​entre adultos nos EUA de 2001 a 2018

Background: Evidências acumuladas ligam os alimentos ultraprocessados ​​à má qualidade da dieta e a doenças crônicas. Compreender as tendências alimentares é essencial para informar prioridades e políticas para melhorar a qualidade da dieta e prevenir doenças crônicas relacionadas à dieta. Faltam dados, no entanto, para tendências na ingestão de alimentos ultraprocessados.

Objetivos: Examinamos as tendências seculares dos EUA no consumo de alimentos de acordo com o nível de processamento de 2001 a 2018.

Métodos: Analisamos dados dietéticos coletados por recordatórios de 24 horas de participantes adultos (com idade > 19 anos; N = 40.937) em 9 ondas transversais do NHANES (2001–2002 a 2017–2018).

Calculamos a ingestão dos participantes de alimentos minimamente processados, ingredientes culinários processados, alimentos processados ​​e alimentos ultraprocessados ​​como a contribuição relativa à ingestão diária de energia (% kcal) usando a estrutura NOVA.

As análises de tendências foram realizadas usando regressão linear, testando tendências lineares modelando as 9 pesquisas como uma variável independente ordinal.

Os modelos foram ajustados para idade, sexo, raça/etnia, escolaridade e renda.

As tendências de consumo foram relatadas para a amostra completa e estratificadas por sexo, faixas etárias, raça/etnia, nível educacional e nível de renda.

Resultados: Ajustando-se às mudanças nas características da população, o consumo de alimentos ultraprocessados ​​aumentou entre todos os adultos dos EUA de 2001–2002 a 2017–2018 (de 53,5 para 57,0% kcal; P-tendência < 0,001).

A tendência foi consistente entre todos os subgrupos sociodemográficos, exceto hispânicos, em análises estratificadas.

Em contraste, o consumo de alimentos minimamente processados ​​diminuiu significativamente ao longo do período de estudo (de 32,7 para 27,4 %kcal; P-tendência < 0,001) e em todos os estratos sociodemográficos.

O consumo de ingredientes culinários processados ​​aumentou de 3,9 para 5,4 %kcal (P-tendência < 0,001), enquanto a ingestão de alimentos processados ​​permaneceu estável em aproximadamente 10 %kcal durante todo o período do estudo (P-tendência = 0,052).

Conclusões: As descobertas atuais destacam o alto consumo de alimentos ultraprocessados ​​em todas as partes da população dos EUA e demonstram que a ingestão aumentou continuamente na maioria da população nas últimas 2 décadas.

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Depoimento de quem comprou o e-book Tô na Nutro e agora?

Dr. Leandro Houat - Jaraguá do Sul - SC
Médico de família e comunidade


Dr. Rodrigo Serrano - João Pessoa - PB
Médico perito


Dra. Edite Magalhães - Recife - PE
Médica especialista em Clínica Médica


Dra. Harla Dalferth - São Paulo - SP
Médica especialista em Clínica Médica
Médica especialista em área de atuação de Nutrição enteral e parenteral
Residente de Nutrologia (USP)


Dra. Camila Duarte Froehner - Lages - SC
Médica especialista em Clínica Médica


Dra. Helena Bacha - São Paulo - SP
Médica especialista em Clínica Médica
Residente de Nutrologia (USP)



Dra. Laura Bernardes - São Paulo - SP
Médica


Dr. Jhones Carneiro - Guamambi - BA
Médico


Dra. Juliane Arndt - Orlândia - SP
Médica especialista em Clínica Médica


Dr. Bruno de Andrade - Rio de Janeiro - RJ
Médico especialista em Nutrologia
Professor de Nutrologia

Outros depoimentos:

Dra. Amanda Weberling - Vitória - ES
Médica especialista em Clínica Médica
Médica especialista em Nutrologia





 



domingo, 5 de fevereiro de 2023

Aula de tratamento dietético na obesidade - Rodrigo Lamonier - Nutricionista

 Aula que o nutricionista que treinei ministrou no curso de Nutrologia para acadêmicos de Medicina. 



sábado, 4 de fevereiro de 2023

Aula de fisiopatologia da obesidade

Hoje o meu amigo Dr. Luiz Felipe Viola (Nutrólogo e Endócrino) deu uma aula maravilhosa sobre Fisiopatologia da obesidade no curso para acadêmicos de Medicina. Vale a pena assistir.