terça-feira, 3 de junho de 2025

O impacto da obesidade na saúde da mulher


Por que a obesidade é tão importante na saúde da mulher?

A presença de obesidade tem um impacto profundo em muitos aspectos da saúde da mulher. O acúmulo excessivo de tecido adiposo provoca alterações fisiológicas que afetam múltiplos órgãos e sistemas. Essas alterações estão associadas a diversas condições, incluindo diabetes tipo 2 (DM2), doenças cardiovasculares (DCV), cânceres relacionados à obesidade, osteoartrite, doença renal, tromboembolismo venoso (TEV), doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD), distúrbios ginecológicos e condições de saúde mental (Tabela 1). Este artigo explorará o impacto da obesidade na fisiologia feminina em diferentes fases da vida e discutirá como a obesidade se relaciona com diferentes condições de saúde.

TABELA 1: Resumo dos riscos à saúde associados à obesidade
Condições de saúde relacionadas à obesidade

Distúrbios metabólicos
DM2; dislipidemia

Doença cardiovascular
Hipertensão; doença arterial coronariana

Distúrbios neurológicos
Acidente vascular cerebral (AVC); hipertensão intracraniana idiopática

Câncer
Mama; colo do útero; cólon; esôfago; rim; pâncreas; tireoide; útero

Doença hepática
MASLD: MASH; cirrose

Doença respiratória
Asma; apneia obstrutiva do sono; síndrome da hipoventilação; tromboembolismo pulmonar

Doença da vesícula biliar

Doenças reumáticas
Artrite; gota

Pancreatite

Distúrbios ginecológicos
Ciclos menstruais anormais; infertilidade; SOP (síndrome dos ovários policísticos)

Distúrbios psicológicos
Ansiedade; depressão

Flebite
Inflamação venosa

Doenças de pele

O impacto da obesidade em diferentes fases da vida da mulher

A obesidade tem um impacto multissistêmico na fisiologia feminina em várias fases da vida, por meio de seus efeitos na lipotoxicidade, estresse oxidativo e ativação da resposta inflamatória. Como profissionais de saúde primários (PSPs) para muitas mulheres com obesidade, é importante que especialistas em obstetrícia e ginecologia (OB-GYN) estejam atentos ao fato de que as doenças cardiovasculares (DCVs) são a principal causa de morte entre as mulheres nos Estados Unidos, sendo responsáveis por cerca de 1 em cada 3 mortes (em comparação com aproximadamente 1 em cada 32 por câncer de mama). A obesidade é um importante fator contribuinte para o risco cardiovascular, tanto por meio de seu impacto em fatores de risco como hipertensão, DM2, dislipidemia e distúrbios do sono, quanto por sua contribuição direta para DCV e mortalidade cardiovascular, independentemente da associação com outros fatores de risco.

Anos reprodutivos: pré-concepção

Durante os anos reprodutivos, a obesidade pode afetar diversos aspectos da saúde da mulher. Mulheres com obesidade têm maior probabilidade de apresentar puberdade precoce, sangramento uterino disfuncional, ciclos menstruais desregulados e distúrbios ovulatórios em comparação com aquelas com índice de massa corporal (IMC) saudável. A síndrome dos ovários policísticos (SOP), que afeta cerca de 1 em cada 10 mulheres em idade fértil, é tipicamente diagnosticada em mulheres entre 20 e 40 anos. 

A obesidade contribui para o desenvolvimento da SOP em mulheres com predisposição genética e, por outro lado, a SOP também pode agravar a obesidade. As evidências apontam para associações significativas entre o IMC e as características da SOP em todas as idades, e uma proporção substancial de mulheres com SOP tem sobrepeso ou obesidade (prevalência relatada entre 38% e 88%). A obesidade está fortemente associada a problemas de fertilidade em mulheres com SOP, por meio de seus efeitos na inflamação, hiperinsulinemia e resistência à insulina. Os mecanismos que ligam a SOP à obesidade e que influenciam os problemas de fertilidade estão ilustrados na Figura 1.

Em mulheres com ou sem SOP, as consequências da obesidade sobre a fertilidade são bem conhecidas. Estudos demonstram que a obesidade está associada à redução da fecundidade e ao aumento do tempo até a concepção, independentemente da regularidade menstrual, paridade, idade ou tabagismo. 

Diante dessas associações, mulheres com obesidade representam uma proporção elevada daquelas que buscam assistência médica para engravidar. Em um estudo com 5.823 mulheres norte-americanas entre 20 e 44 anos, as taxas de investigação de infertilidade foram maiores entre mulheres com obesidade grau 1 (IMC de 30 a <35 kg/m²) ou grau 2-3 (IMC ≥35 kg/m²) do que entre aquelas com sobrepeso (IMC de 25 a <30 kg/m²) ou IMC saudável (18,5 a <25 kg/m²), sendo de 30,4% e 32,6% versus 17,8% e 27,0%, respectivamente.

Além disso, mulheres com obesidade também apresentam maior risco de desfechos desfavoráveis com o uso de tecnologias de reprodução assistida. Uma revisão sistemática com metanálise mostrou que mulheres com obesidade têm significativamente menos chances de nascimento vivo após fertilização in vitro (FIV) do que aquelas com IMC saudável, com uma razão de risco (RR) de 0,85. Estudos que analisaram componentes individuais do processo de FIV demonstraram que a obesidade está associada a resposta ovariana imprevisível ou inadequada à estimulação hormonal, a um menor número de óvulos aspirados e maduros, morfologia anormal dos oócitos, desenvolvimento embrionário prejudicado, menor taxa de gravidez após transferência embrionária e maior risco de perda gestacional.

Anos reprodutivos: gravidez

A obesidade também está associada a riscos elevados após a concepção bem-sucedida. Mulheres com obesidade têm maior probabilidade, em comparação com aquelas com IMC saudável, de apresentar complicações gestacionais, incluindo aborto espontâneo, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e hipertensão, além de um risco aumentado de complicações anteparto e parto por cesariana. Em relação aos desfechos neonatais, a obesidade está associada a maiores taxas de eventos adversos, como natimortalidade, parto prematuro, morte súbita inesperada do lactente, macrossomia e anomalias congênitas. As relações entre obesidade e riscos associados à gestação estão resumidas na Figura 2.

Para mulheres que não desejam engravidar, há considerações importantes em relação ao uso de contraceptivos em pessoas com obesidade. Diversos tipos de contraceptivos à base de esteroides — incluindo anticoncepcionais orais combinados (AOCs), pílulas apenas com progestagênio (POPs), adesivos transdérmicos e o anel vaginal — apresentaram eficácia reduzida em mulheres com obesidade. Por exemplo, um estudo com 1005 mulheres que utilizavam contracepção intravaginal com levonorgestrel estimou taxas de gravidez (ou seja, falha contraceptiva) de 9,8% ao ano para uma mulher com 80 kg, em comparação com apenas 1,7% para uma mulher com 40 kg. Uma revisão sistemática de 11 estudos mostrou que um IMC ≥ 25 kg/m² estava associado a maior risco de gravidez durante o uso de AOCs orais, com uma razão de chances de 1,91 em relação àquelas com IMC < 25 kg/m². Da mesma forma, dados de um estudo de coorte com mais de 50.000 mulheres nos EUA identificaram taxas mais altas de falha contraceptiva oral entre aquelas com IMC ≥ 35 kg/m² em comparação com < 35 kg/m², mesmo após ajustes por idade, nível educacional e paridade (razão de risco = 1,5).

A obesidade também pode influenciar o perfil de risco associado a diferentes métodos contraceptivos. Em mulheres que utilizam AOCs, o risco de tromboembolismo venoso (TEV) foi mais que duas vezes maior entre aquelas com obesidade em comparação com mulheres com IMC saudável, indicando que outros fatores de risco para TEV devem ser considerados na avaliação individual. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) classificaram diferentes opções contraceptivas de acordo com seus riscos e benefícios em mulheres com obesidade (Tabela 2). Embora a maioria dos contraceptivos esteja incluída na Categoria 1 dos Critérios Médicos de Elegibilidade para o Uso de Contraceptivos (MEC), sem restrições de uso, os contraceptivos hormonais combinados (CHCs) são classificados como Categoria 2 para mulheres com IMC ≥ 30 kg/m², significando que os benefícios geralmente superam os riscos teóricos ou comprovados. O CDC alerta que os CHCs podem aumentar o risco de TEV para níveis inaceitáveis se houver múltiplos outros fatores de risco associados à obesidade, como diabetes, tabagismo e dislipidemia. Além disso, as POPs e AOCs são classificadas como Categoria 3 em mulheres com histórico de cirurgia bariátrica com componente disabsortivo (ou seja, procedimentos que encurtam o comprimento funcional do intestino delgado para reduzir a absorção de calorias e nutrientes), o que indica que os riscos teóricos ou comprovados superam os benefícios. A escolha do método contraceptivo em mulheres com obesidade exige uma abordagem individualizada que leve em consideração outras condições de saúde, fatores de risco e medicações.

Meia-idade e perimenopausa

Após os anos reprodutivos, a obesidade frequentemente afeta mulheres na meia-idade e durante a transição menopausal, à medida que enfrentam mudanças fisiológicas e de estilo de vida. 

Dados do Study of Women’s Health Across the Nation (EUA) sugerem que as mulheres ganham, em média, cerca de 0,7 kg por ano nesse período (faixa etária de 42 a 52 anos no início do estudo), independentemente do peso corporal anterior ou da raça/etnia, o que aumenta o risco de passarem de um IMC saudável para sobrepeso ou obesidade. Associadas às diversas condições crônicas relacionadas à obesidade, essas observações motivaram a criação de uma diretriz nacional com o objetivo de prevenir o ganho de peso não saudável e o desenvolvimento de doenças em mulheres de meia-idade. Especificamente, a diretriz recomenda que mulheres entre 40 e 60 anos com IMC na faixa saudável ou de sobrepeso (18,5–29,9 kg/m²) sejam orientadas a “manter o peso ou limitar o ganho de peso para prevenir a obesidade e suas condições associadas”.

Há múltiplas relações bidirecionais entre obesidade e menopausa. Embora não haja evidência direta de que a menopausa leve à redução da taxa metabólica, sabe-se que o envelhecimento está associado à queda significativa do metabolismo. 

Além disso, a transição menopausal está ligada ao aumento da obesidade, perda de massa muscular magra, mudança do padrão de distribuição de gordura do tipo ginecoide para androide, maior acúmulo de gordura abdominal — especialmente visceral — e resposta glicêmica pós-prandial alterada. Todos esses fatores estão relacionados ao aumento do risco cardiovascular e metabólico. Dados do Women’s Health Initiative, realizado em 40 centros nos EUA, mostraram que mulheres pós-menopáusicas com obesidade abdominal (circunferência da cintura > 88 cm) apresentam maior risco de mortalidade geral e cardiovascular do que aquelas sem obesidade abdominal, mesmo entre as que tinham IMC dentro da faixa saudável.

Embora a menopausa esteja associada ao aumento do risco de obesidade e morbidade cardiometabólica, estudos também demonstram que a obesidade pode agravar sintomas e condições relacionados à menopausa. 

Por exemplo, a obesidade e o excesso de gordura corporal durante a perimenopausa estão associados à maior incidência e gravidade dos sintomas vasomotores (SVMs). Acredita-se que essas associações sejam explicadas pelo excesso de tecido adiposo subcutâneo em mulheres com obesidade, que atua como isolante térmico e dificulta a dissipação do calor. A obesidade também tem sido associada a distúrbios do sono durante a menopausa. 

Um estudo mostrou que mulheres pós-menopáusicas com obesidade apresentam escores significativamente mais altos em dois parâmetros da polissonografia — índice de distúrbio respiratório e índice de apneia-hipopneia — em comparação com mulheres com IMC saudável. Por outro lado, os distúrbios do sono podem ser fator de risco para obesidade na perimenopausa; há evidências de que a privação do sono está relacionada a alterações endócrinas e metabólicas, como aumento da grelina, redução da leptina, menor tolerância à glicose e alteração da utilização de nutrientes. Essas mudanças podem levar à desregulação do apetite e aumento da fome, especialmente por alimentos calóricos. Os distúrbios do sono mais comuns nesse período incluem apneia obstrutiva do sono, insônia e síndrome das pernas inquietas.

Há também evidências que sustentam a associação entre obesidade e incontinência urinária (IU) em mulheres pós-menopáusicas. Estudos mostram que mulheres com obesidade têm maior risco de IU, e uma metanálise demonstrou fortes associações entre obesidade, aumento da pressão abdominal e pressão vesical em mulheres de meia-idade e idosas. A disfunção sexual também é uma questão importante nesse período, e há evidências de vínculos adicionais com a obesidade. Em um estudo com 221 mulheres pós-menopáusicas, aquelas com obesidade apresentaram escores significativamente mais altos de disfunção nos domínios de desejo e excitação, além de escores significativamente mais baixos de satisfação sexual, em comparação com mulheres com IMC saudável. 

As causas da disfunção sexual em mulheres pós-menopáusicas com obesidade são complexas e multifatoriais, podendo incluir:
desregulação de adipocinas;
comorbidades como apneia do sono, DM2 e IU;
resistência à insulina;
alterações hormonais;
baixa autoestima e imagem corporal negativa;
estigma; e
transtornos mentais como ansiedade e depressão.

Em resumo, há inúmeras associações entre obesidade e alterações fisiológicas e condições que afetam mulheres na meia-idade e na perimenopausa. É essencial que os profissionais de saúde da mulher estejam atentos a essas associações, promovendo a detecção precoce e o tratamento de problemas como distúrbios do sono e disfunção sexual, a fim de otimizar os desfechos de saúde e a qualidade de vida. 

Além disso, ginecologistas devem ter sempre em mente que a obesidade é um fator-chave para o risco cardiovascular — que continua sendo a principal causa de morte entre as mulheres nos Estados Unidos. Os profissionais de saúde têm, portanto, um papel fundamental no reconhecimento e manejo da obesidade para reduzir o risco cardiovascular e melhorar os desfechos globais de saúde.

Obesidade e saúde psicológica

Além de seu profundo impacto na saúde física, a obesidade está associada a uma carga psicossocial aumentada, afetando de forma desproporcional as mulheres. Em um estudo publicado em 2024, o IMC e a razão cintura-estatura se correlacionaram significativamente com escores mais altos de depressão e escores mais baixos de bem-estar em 1821 indivíduos com idades entre 46 e 73 anos, mesmo após ajuste para fatores demográficos e de estilo de vida. Quando os resultados foram estratificados por sexo biológico, a relação entre IMC e depressão foi mais forte em mulheres do que em homens (coeficiente β = 0,8 [P = 0,007] vs. 0,6 [P = 0,049]).

Além disso, há evidências de que mulheres com obesidade podem ter risco elevado de ideação suicida. Um estudo demonstrou que o aumento do IMC estava associado tanto à depressão maior quanto à ideação suicida entre mulheres; porém, entre os homens, observou-se o oposto — com maior probabilidade de ambos os desfechos naqueles com IMC mais baixo. A obesidade também contribui para transtornos de ansiedade, com pesquisas indicando que sua presença está associada a um aumento de ≈ 25% no risco de transtorno de ansiedade na população geral dos EUA. Especificamente entre mulheres, o sobrepeso e a obesidade estão ligados a um risco aumentado ao longo da vida de qualquer transtorno de ansiedade, transtorno de ansiedade generalizada, fobia social e fobia específica.

Problemas com imagem corporal e distúrbios alimentares afetam com frequência mulheres com obesidade. Uma revisão sistemática e metanálise de 17 estudos mostrou que pessoas com obesidade têm significativamente mais probabilidade de relatar insatisfação com a imagem corporal do que aquelas com IMC saudável, com associações mais fortes entre mulheres do que entre homens. Muitas pessoas com obesidade relatam padrões alimentares desordenados, incluindo comer por motivos emocionais, transtorno de compulsão alimentar periódica e dificuldade de controlar o tamanho das porções e a frequência das refeições. Em um estudo com 690 mulheres norte-americanas com transtornos alimentares (TAs), aquelas com obesidade apresentaram características mais graves dos TAs e maior comprometimento clínico associado, além de níveis mais elevados de depressão e ansiedade, em comparação com mulheres com IMC saudável.

Dados sobre o uso de serviços de saúde mental reforçam as associações entre obesidade e saúde psicológica precária. 

Aproximadamente metade das candidatas à cirurgia bariátrica relatam tratamento prévio em saúde mental, e cerca de 40% relatam estar em tratamento no momento da cirurgia. Um estudo com 24.766 indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica mostrou que a proporção de pessoas utilizando serviços de saúde mental aumentou após o procedimento, com um aumento de 58% nos atendimentos em serviços de emergência e de 29% nas internações por motivos de saúde mental. Esses achados destacam a importância de reconhecer o risco de comprometimento psicológico em mulheres com obesidade — inclusive no período pós-cirurgia bariátrica.

Conclusões

Em conjunto, as evidências demonstram que a obesidade tem consequências substanciais para diversos aspectos da saúde física e mental ao longo da vida da mulher. Por isso, é essencial que os profissionais de saúde da mulher estejam cientes do impacto da obesidade e compreendam seu papel no enfrentamento proativo dessa condição junto às pacientes sob seus cuidados.



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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Eficácia e Segurança dos Análogos de GLP-1 no manejo do reganho de peso ou resposta clínica sub-ótima após cirurgias bariátricas metabólicas: uma Meta-Análise

Introdução

Há uma necessidade urgente de formular abordagens inovadoras para lidar com a perda de peso inadequada ou recidiva de peso em indivíduos após cirurgia bariátrica metabólica (CBM). Análogos do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), como liraglutida e semaglutida, foram desenvolvidos para o tratamento do diabetes tipo 2 ou controle da obesidade. 

Nesta revisão sistemática e meta-análise, tivemos como objetivo reunir os resultados de todos os estudos disponíveis sobre agonistas de GLP-1 para avaliar a eficácia dessas medicações na recidiva de peso ou resposta clínica subótima em pacientes submetidos à CBM.

Métodos

Realizamos buscas nas bases PubMed, Scopus e Web of Science desde a sua criação até outubro de 2024 por artigos que preenchessem os critérios de elegibilidade para inclusão nesta revisão sistemática e meta-análise, investigando o uso de agonistas de GLP-1 no manejo da recidiva de peso ou resposta clínica subótima em pacientes submetidos à CBM. A estratégia de busca utilizada foi: “Liraglutide” OU “Semaglutide” OU “Tirzepatide” OU “GLP-1” OU “Glucagon like peptide” E “Weight” E “Bariatric” OU “Sleeve” OU “Banding” OU “Roux-en-Y bypass”. Utilizamos a diferença média (MD) para comparação entre variáveis contínuas, com intervalo de confiança (IC) de 95% e valor de p de 0,05.

Resultados

O uso de agonistas de GLP-1 (liraglutida, semaglutida e tirzepatida) foi associado a uma redução estatisticamente significativa no peso dos pacientes incluídos, com uma MD geral = 8,07 kg (IC95%: 5,5 a 10,64; p < 0,00001), e I² = 44% (p = 0,04). Além disso, essas medicações (liraglutida e semaglutida) também demonstraram redução significativa no índice de massa corporal (IMC) após o tratamento, com MD geral = 4,42 kg/m² (IC95%: 3,42 a 5,42; p < 0,00001), e I² = 67% (p = 0,0005). Em comparação com o grupo controle, o uso de agonistas de GLP-1 foi associado a uma redução percentual de peso com MD = –9,19% (IC95%: –10,81 a –7,58; p < 0,00001), e I² = 0%. No entanto, não foi observada diferença significativa entre os grupos em relação à variação percentual do IMC, com MD = –1,97% (IC95%: –4,65 a 0,71; p = 0,15).

Conclusão

Agonistas de GLP-1 como liraglutida e semaglutida reduzem efetivamente o peso corporal e o IMC em pacientes que apresentam recidiva de peso ou resposta clínica subótima após CBM. No entanto, estudos futuros ainda são necessários para investigar os protocolos mais adequados para esse manejo.

Introdução / Objetivo

A obesidade é uma pandemia global que afeta mais de 650 milhões de adultos em todo o mundo. Somente nos Estados Unidos, 41,9% dos adultos vivem com obesidade — número que se estima alcançar 50% até o ano de 2030. A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF) recomenda o rastreamento de todos os adultos para obesidade e o encaminhamento daqueles com índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m² para recursos especializados intensivos e multicomponentes.

No entanto, apesar da implementação de estratégias de rastreamento e manejo da obesidade, a doença e suas comorbidades continuam a gerar um impacto social, econômico e de saúde pública significativo.

A cirurgia bariátrica é a solução mais eficaz e duradoura para perda de peso, com quase 200.000 procedimentos realizados nos EUA em 2020. Além da perda ponderal, a cirurgia bariátrica está associada à redução significativa de comorbidades relacionadas à obesidade, risco de câncer e mortalidade geral.

Apesar de sua eficácia, uma parcela dos pacientes pode apresentar perda de peso insuficiente (PPI) ou reganho ponderal (RP) após a cirurgia. A PPI é comumente definida como uma perda de peso excessivo (PPE) inferior a 50%, enquanto o RP é caracterizado como um aumento de 10% em relação ao menor peso atingido ou uma recuperação de 25% da PPE a partir desse nadir, com uma estimativa conservadora de que 20 a 25% dos pacientes apresentam RP significativo após a cirurgia.

Além disso, com a RP, observa-se a reemergência de doenças metabólicas previamente resolvidas ou “em remissão”.

Os determinantes da RP incluem maior tempo desde a cirurgia, indiscrições alimentares, diâmetro do estoma gastrojejunal, volume do reservatório gástrico (sleeve), padrões alimentares comportamentais (impulsos alimentares, compulsão, desinibição), disfagia e fatores genéticos; sendo, frequentemente, multifatoriais e complexos.

As opções de tratamento para PPI e RP após a cirurgia bariátrica são limitadas, uma vez que muitos pacientes candidatos à cirurgia já tentaram e não obtiveram sucesso com intervenções intensivas de dieta e estilo de vida. Diversas terapias endoscópicas e revisões cirúrgicas podem ser consideradas; entretanto, a reoperação apresenta maior risco de complicações em comparação à cirurgia primária.

Assim, na ausência de uma causa anatômica para o reganho de peso, uma abordagem farmacológica com medicamentos antiobesidade pode representar uma alternativa atraente para essa população.

Medicamentos antiobesidade (MAOs) são utilizados desde pelo menos a década de 1960. Entretanto, com o agravamento da crise de obesidade, houve também uma expansão no número de MAOs aprovados pela Food and Drug Administration (FDA).

No momento da realização deste estudo, cinco medicamentos estavam aprovados pela FDA para uso prolongado no tratamento da obesidade — semaglutida, liraglutida, fentermina-topiramato, naltrexona-bupropiona e orlistate. 

Os MAOs proporcionam uma perda adicional de peso corporal total (PCT) de 3 a 9% em comparação ao placebo, sendo que as gerações mais recentes de fármacos com ação incretinomimética ultrapassam 15% de PCT, embora haja dados limitados sobre seu uso em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Em uma ampla análise retrospectiva com 319 pacientes com RP após cirurgia bariátrica, Stanford et al. relataram que 56% obtiveram perda de peso clinicamente significativa (≥ 5%) com o uso de MAOs. No entanto, apenas o topiramato mostrou associação significativa com a perda de peso.

Análises adicionais são limitadas por tamanhos amostrais pequenos e pela ausência de inclusão de todos os MAOs atualmente aprovados. Para tratar adequadamente essa doença crônica e recorrente, é fundamental compreender melhor o papel dos MAOs em pacientes com reganho de peso após cirurgia bariátrica. 

Por isso, apresentamos o maior estudo até o momento analisando a utilização de MAOs após cirurgia bariátrica.

Discussão/Conclusão

Nesta ampla análise populacional, considerando que cerca de 25% dos pacientes após cirurgia bariátrica apresentam reganho de peso (WR, do inglês weight regain) significativo e uma porcentagem adicional apresenta perda de peso insuficiente (IWL, do inglês inadequate weight loss), o uso de medicamentos antiobesidade (AOMs) nos 5 anos após a cirurgia foi extremamente baixo.

A prevalência de uso pós-cirúrgico foi mais alta para topiramato (8,0%), seguido por liraglutida (2,91%), fentermina-topiramato (1,03%), naltrexona-bupropiona (0,95%), semaglutida (0,52%) e orlistate (0,17%). Houve variações importantes conforme a idade em que os diferentes AOMs foram utilizados, com o topiramato sendo mais frequentemente prescrito entre os pacientes mais jovens (34–39 anos) e a liraglutida e o orlistate mais utilizados entre os mais velhos (65–69 anos). Em nossa análise, a raça negra foi um preditor de uso de AOMs em todas as classes de medicamentos, enquanto o sexo feminino esteve associado ao uso de topiramato, fentermina-topiramato e naltrexona-bupropiona. Comorbidades metabólicas (hipertensão, diabetes, dislipidemia) foram fortes preditores de uso de semaglutida, liraglutida, topiramato e orlistate, mas menos relevantes para fentermina-topiramato e naltrexona-bupropiona. 

Doença cardiovascular (AVC, infarto do miocárdio) também esteve associada ao uso de agonistas de GLP-1. Este que é o maior estudo sobre a utilização de AOMs após cirurgia bariátrica até o momento não apenas identifica tendências de prescrição, mas também destaca uma subutilização expressiva desses medicamentos eficazes.

A perda de peso insuficiente e o reganho de peso são considerações importantes em relação à durabilidade a longo prazo da cirurgia bariátrica. O reganho de peso é uma das principais indicações para cirurgia revisional e causa de deterioração significativa na qualidade de vida e aumento de custos médicos; portanto, a mitigação e o manejo do WR são essenciais.

Na ausência de causas anatômicas para WR/IWL que justifiquem intervenção endoscópica ou cirúrgica (como uma fístula gastrogástrica), os AOMs devem ser fortemente considerados. Embora haja poucos dados sobre o uso de AOMs no pós-operatório para WR, estudos sugerem que a maioria dos pacientes com reganho de peso alcançará pelo menos 5% de perda de peso total (TWL), o que é considerado clinicamente relevante para melhora de desfechos e métricas de saúde.

Em uma grande análise retrospectiva, Stanford et al. observaram que 319 de 5.110 (6,24%) pacientes foram prescritos com AOMs após RYGB ou SG.

Muitos utilizaram mais de um AOM, sugerindo que diferentes medicamentos são mais eficazes para diferentes perfis de pacientes. 56% dos indivíduos perderam pelo menos 5% do peso total pós-cirúrgico, 30,1% perderam ao menos 10% e 16% perderam 15% do peso total. Após ajuste por covariáveis, apenas o topiramato foi preditor significativo de perda de peso (OR 1,9, p = 0,018 para perda de pelo menos 10% do peso total). Além disso, observaram maior perda de peso acumulada quando os AOMs foram iniciados no platô de peso, em comparação ao início apenas após WR.

Apesar desses dados demonstrarem uma alta taxa de resposta clinicamente significativa, observamos uma prevalência muito baixa de uso de AOMs no pós-operatório. Dentre os AOMs estudados, o topiramato foi o mais utilizado, consistente com dados prévios que apontam o uso predominante de AOMs off-label.

Apesar da eficácia comprovada na perda de peso e das altas taxas de reganho, os AOMs aprovados pelo FDA continuam subutilizados após cirurgia bariátrica, com prevalência variando entre <1% e 3%. No caso da semaglutida, isso provavelmente se deve à sua aprovação relativamente recente para perda de peso, em julho de 2021; no entanto, já vinha sendo usada no controle glicêmico, com benefícios conhecidos sobre o peso, há muito mais tempo. Entre os AOMs não-GLP-1 aprovados pelo FDA, nenhum foi utilizado por mais de 1% dos pacientes no pós-operatório.

Embora os AOMs tenham demonstrado melhora nos fatores de risco cardiometabólicos, antes da aprovação dos agonistas de GLP-1 para perda de peso, nenhum AOM havia demonstrado redução da morbidade ou mortalidade cardiovascular.

Contudo, vários agentes antidiabéticos mais recentes, incluindo agonistas de GLP-1, demonstraram reduções em eventos cardiovasculares adversos maiores, especialmente em pacientes com doença aterosclerótica cardiovascular documentada.

Dessa forma, hoje são amplamente utilizados entre pacientes com doença cardiovascular e diabetes. Neste estudo, o uso de agonistas de GLP-1 mostrou a esperada associação com infarto do miocárdio, assim como com múltiplas comorbidades cardiovasculares. A relação temporal entre a prescrição do GLP-1 e o infarto ou o início da doença cardiovascular estava fora do escopo desta análise; no entanto, esses achados confirmam as recomendações atuais de múltiplas sociedades científicas para o uso de agonistas de GLP-1 em pacientes com alto risco cardiovascular.

A raça negra também foi um preditor mais forte de utilização de AOMs no pós-operatório. Isso é um tanto contraintuitivo, considerando que a maioria dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica é branca. Nenhum estudo demonstrou que a raça seja fator de risco para perda de peso insuficiente (IWL) ou reganho de peso (WR); no entanto, a obesidade afeta desproporcionalmente os afro-americanos [27, 28]. Em especial, mulheres afro-americanas apresentam taxas de sobrepeso e obesidade 20% maiores do que mulheres brancas [27]. Além disso, diabetes e doenças cardiovasculares são mais prevalentes entre indivíduos negros não hispânicos em comparação aos brancos [29, 30]. Embora seja provável que as maiores taxas de comorbidades metabólicas expliquem parte da diferença observada no uso de medicamentos da classe dos agonistas de GLP-1, nossos achados de maior uso de AOMs entre afro-americanos podem também sugerir um risco mais elevado de IWL/WR ou, potencialmente, uma maior aceitação do uso de AOMs por essa população.

Há também variação significativa conforme a idade em que diferentes AOMs são utilizados, o que provavelmente se relaciona ao aumento das comorbidades, ao mecanismo de ação das medicações e ao perfil de efeitos colaterais. Por exemplo, o uso de topiramato está associado a pacientes mais jovens e apresenta associação negativa com o aumento da idade. Isso pode estar relacionado aos conhecidos efeitos colaterais cognitivos e depressivos do sistema nervoso central, que aumentam o risco de eventos adversos em pacientes idosos. Por outro lado, agonistas de GLP-1 são mais utilizados entre pacientes mais velhos, o que pode ser explicado pelas maiores taxas de comorbidades cardiovasculares e, possivelmente, diabetes, além de um perfil de segurança relativamente favorável.

Diversas limitações devem ser consideradas ao interpretar esta análise. Primeiramente, há limitações inerentes ao banco de dados, que utiliza a nomenclatura SNOMED-CT e, portanto, restringe a variedade de variáveis passíveis de estudo. Não há um código específico para bypass gástrico (RYGB) realizado especificamente para obesidade, o que pode superestimar o número de indivíduos para os quais os AOMs seriam indicados. Da mesma forma, o banco de dados não distingue cirurgias primárias de revisionais e fornece dados limitados sobre a gravidade das comorbidades metabólicas (por exemplo, hemoglobina A1c), o que impede avaliar a cronicidade e refratariedade da doença. Além disso, viéses potenciais de registro e classificação podem influenciar as estimativas reais das covariáveis. No entanto, comparado à codificação ICD, o SNOMED-CT permite que mais conceitos sejam codificados por documento clínico, sendo mais preciso na documentação de diagnósticos e informações relevantes.

Em segundo lugar, é impossível avaliar a duração do uso dos medicamentos ou a adesão ao tratamento por meio do banco de dados, bem como seus efeitos sobre a perda de peso. Contudo, a não adesão não documentada apenas reforçaria a subutilização real desses medicamentos. Terceiro, embora o Explorys® tenha sido fundado em 2009, o uso de medicamentos mais recentes pode estar subestimado. Tentamos mitigar esse efeito ao limitar a análise a AOMs prescritos nos primeiros 5 anos após a cirurgia. Além disso, topiramato, liraglutida e semaglutida possuem indicações alternativas, e embora os diagnósticos mais comuns para o uso de topiramato (convulsões, enxaquecas) tenham sido excluídos da análise, isso pode reduzir a precisão das tendências de prescrição desses medicamentos. Ainda assim, esse fator apenas contribui para que a prevalência real de uso de AOMs para perda de peso pós-operatória seja ainda menor do que a reportada. Por fim, embora os dados sejam em geral aplicáveis à prática clínica, há informações limitadas sobre a utilização dos AOMs em raças além de brancos e afro-americanos. 

Apesar dessas limitações, este estudo tem utilidade clínica por seu tamanho e por destacar a subutilização dos AOMs no pós-operatório, além de identificar populações de pacientes negligenciadas, nas quais seu uso deveria ser considerado.

Em conclusão, apesar das altas taxas de WR/IWL após a cirurgia bariátrica e de uma literatura crescente que confirma a eficácia dos AOMs nessa população, os medicamentos aprovados pelo FDA são prescritos a apenas uma pequena fração desses pacientes. Existem disparidades na utilização conforme idade, raça e presença de comorbidades. Diante da identificação de IWL ou WR, uma estratégia multidisciplinar de manejo é justificada, incluindo acompanhamento comportamental e nutricional, além de intervenções médicas e, eventualmente, cirúrgicas ou endoscópicas.

No entanto, com um arsenal terapêutico cada vez maior de AOMs eficazes e bem tolerados, esses medicamentos devem ser considerados mais precocemente e com maior frequência como terapia de longo prazo para manter a obesidade e suas comorbidades metabólicas em remissão.

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Salada 28: Salada Niçoise ou Salada Francesa

Ingredientes:
10 folhas de alface lisa ou americana 
1 lata de Atum
5 Batatas pequenas cozidas
10 bagas de Vagem cozida
2 Ovos cozidos
10 Tomates cereja
2 colheres de sopa de Azeitona preta sem caroço
1 colher de sopa de salsinha picada
5 colheres de sopa de azeite de oliva 
1 colher de sopa de mostarda dijon
1 limão Limão tahiti
Sal
Pimenta do reino moída a gosto

Modo de preparo:
Lavar bem a alface, secar bem e reservar. 
Em uma panela média colocar os ovos e as vagens pra cozinhar durante 7 minutos (500ml de água, 1 colher de sopa de sal, os 2 ovos e as bagas de vagem)
Cortar os tomates em 4 partes e retire as sementes para não "aguar" a salada. 
Descasque os ovos e corte em rodelas. Também forte a vagem em rodelas.
Descasque a batata e corte em rodelas de 0,5cm. Na mesma panela que cozinhou a vagem e o ovo, cozinhe as batatas até ficarem moles. 

Para o molho:
1 sumo de 1 limão tahiti
Pimenta do reino moída a gosto
5 colheres de sopa de azeite
1 colher de sopa de mostarda dijon
Sal a gosto

Rasgue as folhas de alface e faça a base para a salada. 
Misture os tomates, ovos, vagem, batata, o atum em lata. Mexa delicadamente para se misturarem e vá acrescentando o molho.

Para acessar todo o arquivo de salada: 

Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã:

https://www.nutrologogoiania.com.br/salada-1-berinjela-com-castanha-do-para-ou-castanha-do-brasil-uva-passa-e-hortela

Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico:

http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0

Salada 3: Salada de inverno de rúcula:

https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html

Salada 4: Salada com legumes assados:

https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html

Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:

https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html

Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html

Salada 7: Salada cítrica de grão de bico:

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html

Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate:

https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html

Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas:

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0

Salada 10: Salada com molho homus

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html

Salada 11: Salada de atum crocante:

https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html

Salada 12: Trigo cozido com especiarias

https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html

Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel

https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html

Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html

Salada 15: Salada Waldorf

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html

Salada 16: Salada de inverno cítrica

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html

Salada 18: Salada Grega

https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html

Salada 19: Salada de Chicória (escarola) com páprica defumada

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-19-salada-de-chicoria-escarola.html

Salada 20: Salada de chicória com tahine

https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-20-salada-de-chicoria-com-tahine.html

Salada 21: Salada de chicória com tofu amassado

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-21-salada-de-escarola-com-tofu.html

Salada 22: Tabule tradicional

https://www.ecologiamedica.net/2024/09/salada-22-tabule-tradicional.html

Salada 23: Salada Natalina em formato de guirlanda

https://www.ecologiamedica.net/2024/12/salada-23-salada-guirlanda-natalina.html

Salada 24: Salada coleslaw (salada de repolho americana)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-24-salada-coleslaw-salada-de.html

Salada 25: Salada Thai de bifum (salada oriental)

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-25-salada-thai-de-bifum-salada.html

Salada 26: Salpicão vegano com veganese

https://www.ecologiamedica.net/2025/03/salada-26-salpicao-vegano-com-veganese.html

Salada 27: Salada de salmão grelhado com rúcula e feijão branco

https://www.ecologiamedica.net/2025/04/salada-27-salada-de-salmao-grelhado-com.html

Salada 28: Salada Niçoise ou Salada Francesa

https://www.ecologiamedica.net/2025/05/salada-28-salada-nicoise-ou-salada.html

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Prova de título de Nutrologia de 2025



Foi publicado hoje, o edital da prova de título de Nutrologia desse ano. Tivemos algumas mudanças como:

  • Inscrição em 2024: R$ 2400. Em 2025: R$ 3300 (aumento de 33%).
  • A prova oral que vale 30 pontos ocorrerá primeiro e no outro dia a prova objetiva (100 questões) e dissertativa (5 questões).
  • Pontuação mínima para ser aprovado: 2024: 65%. 2025: 70%. 

Antes que me perguntem se as vagas para a minha mentoria já estão abertas: Sim. Como o edital é grande, estou treinando meus afilhados desde Novembro de 2024. Só faço mentoria para os meus afilhados e ela é gratuita. 

Para saber mais sobre apadrinhamento acesse: www.provadetitulodenutrologia.com.br 

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Psicólogos em Goiânia

Muitos me pedem indicação de psicólogos, então elaborei uma lista de profissionais que indico em Goiânia. A maioria deles atendem online.

Abordagem: Gestalt-terapia
Carina de Morais Luis Pereira – Psicóloga (CRP 09/16988). Graduada em Psicologia pela PUC-GO e em Gestão de Recursos Humanos pela Faculdade Cambury. Participante do projeto de pesquisa (PUMAS), sobre as bases genéticas da Esquizofrenia e Transtorno Afetivo Bipolar pela UNIFESP. Pós graduanda em Gestalt-terapia pelo Instituto Suassuna. Atendo online e presencial. Consultório: Setor Sul, na Rua 89, n336, Rede de Psicologia (Unidade Sul). Fone (62) 99944-4166. Atendimento de adultos, casais e famílias.

Abordagem: Corporal
Marise Eterna Nunes –  Psicóloga (CRP-09/2048-1) e Nutricionista (CRN1213), com formação em Psicologia e Psicoterapia Transpessoal com abordagem corporal pelo Instituto Ânima, Goiânia-GO. Graduação e pós-graduação em Core Energetics com Dr. Jonh Pierrakos no Institute of Core Energetics de Nova York/Brasília-DF. Curso em Teoria Reichiana com Dimas Calegari, Instituto Pulsar, São Paulo/Brasília-DF. Professora assistente do curso de Formação em Psicologia Transpessoal e Análise Corporal – Instituto Ânima/Instituto Serra da Portaria. Formação em Terapia Sistêmica – Constelação Familiar segundo Bert Hellinger, com Lorenz Wiest e equipe, pelo Hellinger-Institut Landshut Alemanha/Brasília-DF. Formação em EMDR (Dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares), pelo EMDR Institute, EMDRIA e EMDR Ibero-América. Formação em Brainspotting, técnica eficiente para tratar traumas e fobias, por David Grand, criador da técnica. Atende na Clínica Avivar, situada na R. Santarém Qd. 242, Lt. 01, Casa 03 – Parque Amazônia – Goiânia. Fone: (62) 3945 1099.

Flavia de Paula Vaz – Psicóloga – Formação em Psicologia Transpessoal centrada no corpo e terapia energética corporal. Atende na Clínica Avivar, situada na R. Santarém Qd. 242, Lt. 01, Casa 03 – Parque Amazônia – Goiânia. Fone: (62) 3945 1099

Aline Portilho de Brito Begalles –  Médica Gastroenterologista (não atua mais como médica) , Psicóloga – Atua na área de Psicologia Transpessoal, bioenergética, EMDR, constelação familiar – Atende na Clínica Avivar, situada na R. Santarém Qd. 242, Lt. 01, Casa 03 – Parque Amazônia – Goiânia. Fone: (62) 3945 1099

Glauco Coelho –  Psicólogo – Atua na área de Psicologia Transpessoal, bioenergética – Atende no Edifício Aton – R. João de Abreu, 192 – Sala A54 – St. Oeste, Goiânia – GO. Fone: (62) 99298-1668

Abordagem: Comportamental contextual
Emir Baiocchi Neto – Psicólogo (CRP 09/15998) – Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO), sendo honrado com o prêmio Mérito Acadêmico Magna Cum Laude. Especialização em Psicoterapia Corporal Core Energetics (Brasília/DF); formação em Massagem Bioenergética com Ralph Viana (Florianópolis/SC); graduação em Naturologia Aplicada pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL/SC). Atualmente é aluno do curso de especialização (latu-sensu) em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (Curitiba/PR). É membro da Association for Contextual Behavioral Science (USA) e atua a partir do modelo clínico da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) proposto por Steven C. Hayes (PhD). Atende no The Prime Tamandaré Office, Rua 5, nº 691. Sala 1801. Setor Oeste, Goiânia. Agenda Online: emirbaiocchi.com.br Fone (62) 4009 7560

Abordagem: Terapias Contextuais
Conceição Aparecida Simão de Almeida – Psicóloga (CRP 09/8830) – Formada pela Universidade Católica de Goiás (2013). Especialista em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) pela NEPNEURO/GO. Outras abordagens: Viver Compassivo Baseado em Mindfulness (MBCL), Terapia Focada na Compaixão (TFC), Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT), Instrutora de Mindfulness pela MTI (Mindfulness Trainings International), Mindfulness para Crianças e Adolescentes (Mindkids), Aprendizagem para Corações e Mentes (SEE Learning Brasil), Professora de Pós Graduação. Pós graduanda em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) pela UNIFATEC/Curitiba/SC. É para quem encaminho meus pacientes portadores de Insônia e que querem aprender mais sobre mindfulness. Atende Online. Fone: (62) 98117-4781. Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/3070855508722943

Terapia cognitivo comportamental
André Luiz Silveira Gonçalves – Psicólogo (CRP-09/014178) – Com formação em Psicologia pela Universidade Salgado de Oliveira, pós-graduação em terapia cognitivo-comportamental pela faculdade Unyleya. Área de atuação: Terapia cognitivo-comportamental aplicada em transtornos do humor (bipolaridade, depressão e ansiedade), transtornos de personalidade, TDAH (adultos e adolescentes) e comportamentos disfuncionais. Atendimentos: Presencial e online, adultos e adolescentes. Clínica Espaço Absolut e Saúde, R. T-38, 1710 – Serrinha, Goiânia – GO. Fone: (62) 98296-6611. Instagram: @psico.andre

João Vítor Correa de Moura – Psicólogo (CRP-09/20061) – Meu afilhado. Com formação em Psicologia pela Universidade Salgado de Oliveira, atuando na área de cognitivo comportamental. Professor de técnicas meditativas. Em formação para atuar em pacientes com deficiência auditiva. Atendimento online e presencial na Clínica Fluir, Rua 9, n1575, Qd E12, Lt 17A, Goiânia – GO. Fone: (62) 98180-1241. Instagram: @joaovitorcomvc

Abordagem: Psicanalítica
Jane Fabian – CRP-09-567. Psicóloga, de base psicanalista. Formada pela Universidade Católica de Goiás (1985). Especializada em Psicoterapia Psicanalítica., Psicologia Clínica, Gestal-terapia, Sócio Psicomotricidade Ramain Thiers e Psicologia Escolar. Atende na Holus clínica – Rua 148, nº 620, Setor Marista – 3245-2034

Patricia Marinho Gramacho – Psicóloga e Psicanalista. Especialista em Psicanálise Infantil, Luto, Perda gestacional, Psicologia Hospitalar. Atende aqui na Clínica Medicare. Rua 115H, n31, Setor Sul. Goiânia – GO. (62) 3941-2998

Abordagem: Psicanálise de Orientação Lacaniana
Rafaela Vieira de Oliveira Quixabeira – Psicóloga clínica e Psicanalista de orientação lacaniana -0 CRP: 09/013563. Graduada em psicologia pela PUC-GO; Especialista em psicanálise pelo instituto monte Pascoal; Mestre em psicologia pela PUC-GO; Participante da Nova Política da Juventude da Escola Brasileira de Psicanálise e da Seção Leste-Oeste; Formação em psicanálise em transferência com a EBP/AMP. Atendo na Av. T-2, esquina com a Av. T-9, N.471, Setor Bueno; Edifício Focus Business Center, sala 408. Atendimento para adolescentes e adultos;

Abordagem: Psicodrama
Tatyana Otto – Psicóloga – CRP – 09/3024. Formação em Psicodrama pela Sociedade Goiana de Psicodrama. Formação em Professional & Life Coaching pela Academia Internacional de Coaching, e Formação nas Novas Constelações Familiares Sistêmicas Irene Cardotti e Débora Ganc. Atende na Clínica Avivar, situada na R. Santarém Qd. 242, Lt. 01, Casa 03 – Parque Amazônia – Goiânia. Fone: (62) 3945 1099

João Paulo Maschio – Psicólogo – Especialização em Psicodrama. Especialista em TRE  (Tension & Trauma Releasing Exercises ) – Exercícios para Liberação das Tensões e do Trauma, Formação em Constelação Familiar (Irene Cardotti e Debora Ganc). Atende na Villa Saúde Multiclínica, situada na R. C-158, n. 319, Jd América. Fone: (62) 3286-2193

Abordagem: Terapia de casal e família
Rodrigo Dueti – Psicólogo – Terapia de casal e família. Atendimento em sexualidade. Mestre em Ansiedade de Desempenho pela EMAC-UFG. Especialista em Terapia de Casal e Família pelo IEP/PUC-GO.  Membro e Subdelegado da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH). Membro da Associação Brasileira de Terapia Familiar (ABRATEF). Fone: (62) 3294-0212 e (62) 98122 9491

Abordagem não especificada
Ana Letícia Lopes – Psicóloga (CRP-09/17727) graduanda em Musicoterapia. Atende online e presencial. Fone: (62) 98121-0200.


sábado, 24 de maio de 2025

Mais um alerta sobre Alimentos ultraprocessados


A classificação NOVA define os alimentos ultraprocessados (AUPs) como “formulações de ingredientes, em sua maioria de uso industrial exclusivo, que resultam de uma série de processos industriais.” 

Frequentemente ricos em açúcar, sal e gordura; pobres em fibras, proteínas e micronutrientes; e contendo aditivos, emulsificantes, estabilizantes, corantes e adoçantes artificiais, os AUPs geralmente apresentam um perfil nutricional ruim. 

Fortemente associados a desfechos negativos de saúde (como maior risco de doenças crônicas relacionadas à alimentação, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer), os AUPs raramente saem das manchetes. Isso tem sido ainda mais evidente recentemente, com a promessa de Robert F. Kennedy Jr. (Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA) de remover os AUPs de programas federais como o SNAP (Programa de Assistência Nutricional Suplementar), como parte do movimento “Make America Healthy Again”.

Pesquisas recentes sugerem que o consumo de AUPs também pode estar relacionado à morte prematura (entre 30 e 69 anos), com base na análise de dados alimentares e de mortalidade de oito países (Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, México, Reino Unido e EUA). A cada aumento de 10% na proporção de AUPs no total de calorias ingeridas, o risco relativo de mortalidade por todas as causas aumentou 3%. Nos países com maior consumo de AUPs (Reino Unido e EUA), onde esses alimentos representavam cerca de 55% da ingestão calórica total, estimou-se que o consumo de AUPs foi responsável por 14% das mortes prematuras em 2018 (correspondendo a 18 mil mortes no Reino Unido e 124 mil nos EUA). Em contraste, na Colômbia, onde os AUPs representavam apenas 15% da ingestão calórica total, estimou-se que foram responsáveis por apenas 4% das mortes prematuras (3 mil mortes). Embora não seja surpreendente, dado o vínculo entre AUPs e doenças crônicas, a constatação de mortes precoces associadas ao consumo desses alimentos serve como mais um alerta contundente sobre os riscos de uma alimentação pobre em nutrientes e altamente dependente de produtos ultraprocessados.

O consumo de AUPs representa uma grande ameaça à saúde pública, afetando países de baixa, média e alta renda de forma semelhante, alimentando diretamente as epidemias em curso de doenças crônicas como obesidade e diabetes tipo 2. É necessária uma resposta nacional e internacional robusta por meio de políticas de saúde e alimentação para limitar seu consumo e, assim, sua participação na ingestão calórica total. Até o momento, a abordagem mais eficaz tem sido a tributação, como o imposto sobre bebidas adoçadas adotado em muitos países, que levou à redução significativa das compras dessas bebidas. A adoção de impostos sobre uma gama mais ampla de produtos ultraprocessados é claramente justificada, mas a tributação, sem subsídios paralelos para alimentos saudáveis voltados às populações em situação de insegurança alimentar (sem alternativas saudáveis disponíveis e acessíveis), não trará benefícios para todos. Além da tributação, só será possível reduzir o consumo de AUPs com melhorias na rotulagem nutricional frontal para ajudar os consumidores a identificar esses produtos e desincentivar sua compra; reforço das políticas alimentares escolares para limitar os AUPs; bloqueio do marketing agressivo de alimentos ultraprocessados direcionado às crianças; combate à disparidade de preços entre alimentos saudáveis e não saudáveis; e enfrentamento firme da interferência da indústria alimentícia na formulação de políticas públicas de saúde.

Dado o vasto número de AUPs (com perfis nutricionais bastante variados), proibições totais ou a implementação de um imposto universal não são realistas. A quantificação e a classificação dos AUPs precisam ser aprimoradas para que as políticas alimentares nacionais possam direcionar os produtos mais nocivos. Além disso, são necessárias mais pesquisas para entender plenamente os riscos dos AUPs—seja os introduzidos pelos processos industriais, seja os relacionados ao alto teor de açúcar, sal e gordura, ou à presença de aditivos. Ao mesmo tempo, as mensagens de saúde pública sobre os danos dos AUPs não devem transmitir a ideia de que todos os alimentos não ultraprocessados são saudáveis. Longe disso: o consumo excessivo de qualquer alimento é indesejável; por exemplo, o consumo elevado de carne vermelha não processada e de aves está associado a um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2, ainda que menor do que o risco associado ao consumo de carne vermelha processada.

Para além das questões de acesso, disponibilidade e custo, as escolhas alimentares (e as escolhas saudáveis) são complexas, influenciadas por hábitos e normas culturais e religiosas, modismos alimentares, preferências pessoais, paladar, conveniência e limitações de tempo da vida moderna de trabalho e família. Dado o quanto os AUPs estão enraizados em nosso sistema alimentar e em nossas rotinas, reduzir seu consumo não é uma tarefa fácil. No entanto, os benefícios para a saúde são evidentes, e o lema “alimentação saudável, vida saudável” deve ser um objetivo de todos.

A febre dos medicamentos contra obesidade no Brasil



A crescente demanda por potentes medicamentos contra obesidade, como semaglutida e tirzepatida, está alimentando o crime no Brasil. 

Assaltantes armados estão mirando farmácias, e contrabandistas têm sido detidos em aeroportos brasileiros com canetas de medicamentos presas ao corpo e escondidas na roupa. 

Cerca de 8 mil canetas de tirzepatida — ainda não legalmente disponíveis no país — foram apreendidas desde junho de 2024, segundo a Receita Federal. Em 2024, foram registrados 39 assaltos a farmácias, em comparação com apenas um caso em 2022. Grande parte dessas atividades ilícitas está concentrada em São Paulo, uma das cidades mais ricas do Brasil, onde mais farmácias vendem esses medicamentos caros e mais pessoas têm poder aquisitivo para comprá-los.

A atratividade criminosa — especialmente no caso da tirzepatida — é atribuída a uma tríade: benefícios à saúde, alto custo (uma única dose pode alcançar mais de US$1700 no mercado negro brasileiro) e indisponibilidade nas farmácias. O medicamento está prestes a chegar legalmente ao país — o Mounjaro (Eli Lilly, EUA) será lançado no mercado brasileiro em 7 de junho. Mas ainda é incerto se essa disponibilidade legal conterá a onda de crimes relacionados à tirzepatida, o que dependerá em parte do preço. O valor final para o consumidor ainda não foi definido, mas a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos fixou o preço máximo em R$ 3791 (cerca de US$670 por mês), o que poderá reduzir significativamente os lucros dos criminosos.

Inicialmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes tipo 2, a semaglutida (Ozempic e Wegovy; Novo Nordisk, Dinamarca) e a tirzepatida (Mounjaro e Zepbound; Eli Lilly) mimetizam os hormônios incretínicos naturais GLP-1 e GIP, aumentando a secreção de insulina, reduzindo o apetite e retardando o esvaziamento gástrico. A perda de peso resultante — inicialmente um efeito colateral positivo em pessoas com diabetes tipo 2 — levou à utilização desses medicamentos especificamente para emagrecimento.

“Com esses novos medicamentos, a barreira científica foi rompida”, diz Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (São Paulo) e presidente eleito da World Obesity Federation (Londres), referindo-se à longa busca fracassada por medicamentos eficazes contra obesidade, que “ou não eram seguros, tinham baixa eficácia média, ou ambos”. Dhruv Kazi, cardiologista e economista da saúde da Harvard Medical School (EUA), os descreve como “terapias únicas em uma geração, com potencial para alterar materialmente a saúde da população, se forem usadas corretamente e em larga escala”.

Esses medicamentos inovadores já movimentam grandes cifras no Brasil. O país é um mercado estratégico para as duas empresas fabricantes, e apenas o Ozempic gerou mais de US$500 milhões em vendas em 2023. “20% dos adultos no Brasil têm obesidade, e quase 40% estão com sobrepeso”, diz Eduardo Nilson, epidemiologista e pesquisador em nutrição da Fiocruz (Rio de Janeiro). “É um mercado enorme, e sabemos que está crescendo.”

Ambos os medicamentos são aprovados pela Anvisa para o tratamento do diabetes, e a semaglutida (Wegovy) é aprovada para obesidade. No entanto, nenhum deles está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), que cobre ou fornece medicamentos gratuitamente — o que significa que, hoje, só é possível obtê-los no setor privado. O alto custo (US$180–230 por mês de Ozempic e US$220–420 por mês de Wegovy) os torna inacessíveis para a maioria da população brasileira, onde a renda mensal média é de cerca de US$500. “Claramente, as pessoas mais pobres são as que mais precisam [dessas medicações]”, diz Naveed Sattar, especialista em medicina cardiometabólica da Universidade de Glasgow (Reino Unido) e presidente do programa de metas de saúde da missão contra a obesidade do governo britânico, “mas atualmente têm pouca chance de obtê-las”.

Por outro lado, para brasileiros com recursos, os medicamentos são não só acessíveis, como também fáceis de adquirir. Halpern afirma que farmácias frequentemente vendem os medicamentos sem exigir receita médica, e versões manipuladas — preparadas por farmacêuticos licenciados, mas não reguladas da mesma forma que os produtos comerciais — são anunciadas em redes sociais e até aplicadas (ilegalmente) em clínicas médicas legítimas. Essas práticas continuam apesar dos alertas de órgãos reguladores e sociedades profissionais no Brasil e no mundo. Em 16 de abril, a Anvisa aprovou uma medida para controlar mais rigidamente os agonistas do receptor de GLP-1, exigindo que farmácias retenham as receitas. “Claro que isso não resolve tudo”, diz Nilson, “mas mostra que as autoridades estão cientes e agindo.”

A relevância desses medicamentos para a saúde da população brasileira se destaca diante dos dados alarmantes: quase 80% dos adultos (e mais da metade de crianças e adolescentes) poderão estar com sobrepeso ou obesidade até 2050, se as tendências atuais continuarem. “É uma longa jornada de melhoria”, diz Halpern, e os medicamentos são apenas uma parte dela. A disponibilidade da semaglutida para tratar a obesidade “é uma revolução por si só”, diz Nilson, “mas não pode ser vista como uma solução mágica”. De fato, existe a percepção de que muitas pessoas compram esses medicamentos sem necessidade médica. Halpern afirma que muitos brasileiros ricos os usam por “um desejo social de ser magro”.

No entanto, até que ponto esses medicamentos estão sendo usados apenas com fins estéticos é uma questão debatida. Sattar alerta que focar excessivamente nesse uso pode banalizar motivações individuais complexas. “Acho que subestimamos o quanto as pessoas não querem viver com obesidade, e o que estão dispostas a fazer para evitar isso”, afirma. Kazi concorda: “É importante não assumir que a indicação para controle de peso é trivial. Do ponto de vista da saúde e da qualidade de vida, ela é extremamente significativa para essas pessoas. Ainda assim”, continua ele, “os gastos previstos com esses medicamentos provavelmente vão pressionar até os sistemas de saúde mais bem financiados.”

A acessibilidade da semaglutida poderá melhorar em breve, dependendo da aprovação de uma proposta da Novo Nordisk para inclusão do Wegovy no SUS. Caso aprovada, o uso será provavelmente limitado a pacientes com maior necessidade médica, como ocorre em outros países.

Até que os preços caiam substancialmente, esses medicamentos continuarão inacessíveis à maioria da população e caros demais para os sistemas de saúde — e provavelmente continuarão sendo alvos de crime. Os preços devem cair à medida que novos produtos entrem no mercado e as patentes expirem, como já está ocorrendo no Brasil. A patente do Ozempic expira em 2026, e várias farmacêuticas nacionais já se preparam para produzir versões genéricas. A produção nacional — parte de uma iniciativa mais ampla de fortalecimento da economia — deve aliviar a demanda e melhorar o acesso.

No fim das contas, conter o avanço da obesidade exigirá foco em prevenção, afirma Halpern, destacando que “tratamento é diferente de prevenção”. Nilson complementa: é preciso uma abordagem intergeracional. “Temos que pensar em toda a sociedade, pois teremos uma nova geração com risco maior de obesidade.” Ambos defendem o papel importante dos medicamentos. “Sabemos que não são a solução por si só”, diz Nilson, “mas são um elemento importante do tratamento que deve ser considerado.”

O progresso contra a obesidade no Brasil (e em outros lugares) tem sido lento, em parte por conta de um ambiente cada vez mais obesogênico. “Tudo conspira contra uma vida saudável”, diz Sattar. Nilson concorda: “Não adianta educar sobre alimentação saudável se esses alimentos não estão disponíveis ou são caros. E não se pode exigir atividade física de quem trabalha o dia inteiro e passa 2 a 3 horas por dia no trânsito.”

Avançar nessa luta também é dificultado pelo estigma social persistente. “A gordofobia é um dos poucos preconceitos ainda socialmente aceitos, até por médicos”, disse Halpern à The Lancet em 2024, destacando que o medo de julgamento faz com que muitas pessoas com obesidade evitem buscar ajuda. Ele também teme que a visão dos medicamentos como “drogas da moda” afaste os pacientes que realmente precisam deles — um problema agravado pela ideia de que obesidade é uma escolha pessoal, e não uma doença crônica.

Nilson, no entanto, é otimista quanto à reversão desse cenário, em parte pela longa trajetória do país no combate à obesidade. O Brasil foi o primeiro país a lançar uma estratégia intersetorial contra a doença (em 2014) e o primeiro a assumir metas concretas no âmbito da Década de Ação sobre Nutrição da ONU, comprometendo-se em 2017 a conter o crescimento da obesidade (então em 21%), reduzir o consumo de bebidas açucaradas em 30% e aumentar o consumo regular de frutas e verduras em quase 18% — tudo em dois anos.

O país não atingiu nenhuma das metas, o que Nilson atribui à implementação incompleta da estratégia de 2014 e à ausência de políticas regulatórias e fiscais voltadas ao ambiente alimentar e aos ultraprocessados, em parte devido à forte atuação do lobby da indústria alimentícia. O tempo também pesa. “Não vamos vencer a obesidade rapidamente. É algo que levará uma década — ou décadas”, afirma.

Desde 2019, o Brasil intensificou suas ações com políticas progressistas como os rótulos frontais de advertência — medida que deve reduzir a obesidade em 5 anos e economizar entre US$5 e 6 milhões em custos de saúde. Outras medidas recentes incluem limite de 2% de gordura trans nos alimentos (2021), proibição da venda de ultraprocessados em escolas (2023) e uma reforma tributária com incentivos ao consumo saudável: imposto sobre alimentos não saudáveis e isenção para alimentos saudáveis e sustentáveis. O Congresso também analisa um projeto de lei que criminaliza a discriminação contra pessoas com sobrepeso ou obesidade.

O impacto dessas políticas, junto à chegada da tirzepatida legal e da semaglutida produzida localmente, sobre a obesidade — e o crime — no Brasil, só ficará claro com o tempo e com mais dados.


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sexta-feira, 23 de maio de 2025

Jejum intermitente funciona mesmo ?

 

Nova resolução de cirurgia bariátrica (2025)

Essa semana foi publicada no D.O.U a nova resolução sobre Cirurgia Bariátrica no Brasil (CFM nº 2.429/25). 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou em 20/05/2025 uma nova resolução que atualiza os critérios para a realização da cirurgia bariátrica e metabólica, unificando normas anteriores (Resoluções 2.131/2015 e 2.172/2017) e incorporando evidências científicas recentes.

Principais Mudanças e Critérios Atualizados

Elegibilidade de IMC:
Mantido: IMC > 40 independente das comorbidades
IMC 35-40 com doenças associadas que melhoram com a perda de peso
Novo critério: IMC entre 30-35 pode ser elegível se houver doenças como:
Diabetes tipo 2 (DM2)
Doença renal precoce em pacientes com DM2
Doença arterial coronariana grave com lesão em órgão alvo
Doenças com indicação de transplante
Doença do refluxo grave com indicação de cirurgia
Osteoatrose grave
Apneia do sono grave
Esteatose hepática com fibrose

Idade mínima:
Agora adolescentes a partir de 14 anos podem realizar o procedimento em casos de obesidade grave (IMC>40), com avaliação multidisciplinar e autorização dos responsáveis.
Jovens entre 16 e 18 anos seguem os mesmos critérios de adultos.

Remoção de restrições:
Deixam de existir limites rígidos de idade e tempo de diagnóstico para pacientes com diabetes tipo 2.

Infraestrutura Hospitalar Obrigatória

A cirurgia deve ser feita em hospitais de grande porte com:
UTI e plantão 24h.
Estrutura física e equipe capacitada, especialmente para pacientes com IMC > 60.

Tipos de Cirurgias reconhecidas pelo CFM:
Primárias altamente recomendadas:
Bypass gástrico em Y de Roux
Sleeve gástrico (gastrectomia vertical)

Alternativas (principalmente revisionais)
Duodenal switch
Bypass com anastomose única
Sleeve + anastomose duodenal-ileal
Sleeve + bipartição intestinal 

Não recomendadas: Banda gástrica ajustável e cirurgia de Scopinaro. Ambas tem alta taxa de complicações. 

Procedimentos endoscópicos reconhecidos: Balão intragástrico e gastroplastia endoscópica.

Preferência por técnicas minimamente invasivas.

Dados e Impacto no Brasil

Entre 2020 e 2024: 291 mil cirurgias realizadas, 10 mil delas de forma particular.

Apenas 98 hospitais no país realizam o procedimento; 4 estados não oferecem pelo SUS.

Obesidade afeta 34,66% da população, sendo 4,63% com obesidade grau III (IMC > 40).

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo (CRM-GO 13192, RQE 11915)