quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Agricultores dos EUA usam arsenal orgânico para combater pragas

Diretor de uma fazenda de estudantes na Universidade da Califórnia (EUA), Mark Van Horn, parece quase perdido ao caminhar por uma onda amarela de girassóis selvagens à beira de um campo de tomate e milho.

Eles não estão lá por sua beleza ou como um plantio para venda. Eles são, na verdade, uma importante estratégia de controle de pragas nesta fazenda orgânica.

Pesquisas locais sobre os girassóis selvagens, segundo Mark, mostram que eles são o lar de joaninhas e vespas parasitas, insetos bons que matam insetos ruins.

"O girassol nos ajuda a proporcionar casa e comida a insetos benéficos, mantendo-os ativos durante o ano todo'', diz Mark. "E os girassóis nativos são muito melhores para isso do que os domésticos. Existe uma biodiversidade de insetos muito maior nos girassóis selvagens."

Girassóis plantados à beira de campo de tomate e milho, nos EUA, fazem controle de pragas em fazenda orgânica

Enquanto o agricultor convencional possui uma gama de armas químicas para combater a invasão de ervas daninhas e pragas, o agricultor orgânico tem um caminho mais duro.

Simplesmente não existem sprays orgânicos contra insetos que se comparem ao poder dos químicos sintéticos, e quase nada em desenvolvimento quanto a herbicidas orgânicos.

Em vez disso, há um entendimento cada vez maior, entre agricultores orgânicos, sobre maneiras de atrelar sistemas naturais como parte do que é chamado de gerenciamento integrado de pragas.

E há um pequeno brotar de novas pesquisas sobre técnicas de cultivo orgânico como resultado da lei de agricultura de 2008 nos EUA, que financia uma série de programas agrícolas num total de US$ 307 bilhões.

Durante anos, essas pesquisas foram financiadas com US$ 3 milhões ao ano, e embora os novos fundos ainda sejam minúsculos se comparados às pesquisas da agricultura
convencional, hoje são US$ 20 milhões anuais pelos próximos anos, podendo aumentar ainda mais. Em vez de cinco a sete bolsas de pesquisa por ano, agora são duas dúzias.

"Você não é mais considerado idiota por fazer este tipo de pesquisa, como ocorria na década de 1980'', diz Fred Kirschenmann, agricultor orgânico e membro distinto do Centro Leopold de Agricultura Sustentável em Iowa.

AGRICULTURA CONVENCIONAL

A pesquisa sobre ecossistemas de agricultura orgânica nos últimos anos obteve algumas descobertas importantes, e refinou as técnicas usadas pelos produtores orgânicos.

Um artigo publicado este ano na revista "Nature" confirma o que os agricultores orgânicos suspeitavam há algum tempo, de que a agricultura convencional pode agravar o problema das pragas.

David Crowder, entomologista da Universidade Estadual de Washington e um autor do artigo, diz que se existem mais variedades de plantas ao redor do campo, e nenhum pesticida de amplo espectro, como ocorre na produção orgânica, isso promove o equilíbrio entre espécies de insetos, em vez de permitir que uma espécie
domine a cena.

"Existem mais inimigos naturais e eles fazem um trabalho muito melhor em controlar pragas em campos orgânicos'', afirma Crowder.

Inimigos naturais são essenciais à abordagem orgânica. Eric Brennan é o único pesquisador orgânico em tempo integral do Departamento de Agricultura dos EUA, e ele trabalha em Salinas Valley, uma espécie de cinturão verde da América, de onde 80% do país recebe as folhas verdes de suas saladas.

Uma das pragas mais difíceis é o afídeo da alface. O tratamento preferido para a alface orgânica comercial é plantar uma flor ornamental, chamada alyssum, em meio à alface, tomando cerca de 5% a 10% do total da plantação. Moscas-de-flores vivem na alyssum, e precisam de uma fonte de afídeos para alimentar seus filhotes --e assim colocam seus ovos na alface. Quando nascem, as larvas começam a atacar os afídeos.

"Se você fosse um afídeo num pé de alface, uma larva de mosca-de-flor seria um pesadelo'', explicou Brennan. "Elas são vorazes comedoras de afídeos. Uma larva por planta consegue controlar os afídeos''. Brennan está estudando a configuração mais eficiente para a plantação dos campos de alfaces e alyssum.

Alguns produtores de morangos orgânicos usam "safras-armadilhas" para atrair insetos para fora de seu plantio comercial. Insetos do gênero lygus causam a
deformação dos frutos. Mas eles gostam mais de alfafa do que de morangos, então alguns produtores plantam uma fileira de alfafa para cada 50 fileiras de morangos.

Conforme esses insetos se acumulam na alfafa, um grande aspirador de pó montado em um trator passa e puxa todos eles. Outros produtores simplesmente aspiram os insetos diretamente dos morangueiros.

Aumentar a vegetação nativa em campos de plantio pelo bem da biodiversidade não é algo livre de controvérsias. Após uma epidemia de E. coli em plantações de espinafre em 2006, alguns compradores de safras disseram aos agricultores que não comprariam de produtores cujos campos não estivessem limpos, pois as plantas poderiam abrigar roedores ou outros animais trazendo a doença.

Apesar de uma falta de evidências científicas, segundo Brennan, alguns produtores desmataram a vegetação.

PREDADORES

Rachel Long estudou morcegos e seu papel no gerenciamento de pragas no vale central da Califórnia por 15 anos. Produtores de peras, nozes e maçãs estavam combatendo uma espécie de mariposa. Estudando o DNA em partes não digeridas de fezes de morcego, ela descobriu que eles se alimentavam das mariposas e de outros insetos --o equivalente ao seu peso-- todas as noites.

A fase seguinte, que levou oito anos, foi descobrir como atrair morcegos a casas de morcegos. "Os filhotes nascem sem pelos", diz Long. "Então precisamos colocá-los onde eles recebam o sol matutino, ficando quentes de manhã, e sombra à tarde, de forma que não fique quente demais'.'

"Há uma enorme demanda por morcegos no mundo agrícola", explicou ela. "Eles comem toneladas de insetos. Eles também comem besouros de pepino e percevejos, que atacam tomates."

Uma casa de morcegos precisa ser presa a uma estrutura como um celeiro ou uma ponte, segundo ela, e não montada sobre um poste. Falcões ficam esperando que os jovens morcegos saiam de uma casa, e se ela não for protegida, Long diz que os filhotes são capturados um a um.

Pesquisadores orgânicos também estão estudando o papel da fertilidade do solo no controle de pragas. Alguns estudos mostram que solos ricos em nutrientes podem aprimorar o sistema imunológico das plantas, e elevar sua resistência natural a insetos e pragas --ou proporcionar um lar para inimigos naturais. O solo orgânico em plantações de batatas estudadas por Crowder, por exemplo, possui níveis mais altos de um fungo que mata a larva do besouro da batata.

O uso de plantações intermediárias --plantar gramas e legumes que recuperam o nitrogênio entre as safras comerciais-- pode fazer uma enorme diferença para o solo, segundo estudos de Brennan. "Se conseguirmos fazer os produtores plantarem uma safra intermediária a cada três anos, em vez de a cada dez, estaríamos bem mais avançados'' em fertilidade de solo, diz ele. "É uma diferença gigantesca."

Produtores orgânicos não são contrários à utilização de certos tipos de sprays químicos. Alguns deles --os chamados "aromas assassinos"-- são feitos de óleos e águas essenciais de plantas de cheiro forte, como cravo-da-índia, menta e tomilho.

Uma década de estudos no Canadá mostra que eles podem ser bastante eficientes em repelir e matar pragas --e são seguros, embora não fiquem ativos no ambiente por muito tempo e precisem de diversas aplicações. Quanto às ervas daninhas em campos orgânicos, a maior ajuda também pode ser a plantação intermediária, com o centeio ou os feijões em favas.

Muitas plantações intermediárias não são semeadas em intervalos curtos o bastante, afirma Brennan. "Em vegetais onde a plantação intermediária é realizada no intervalo aceito, temos cinco vezes mais ervas daninhas'', diz ele. "Se aumentarmos o intervalo de plantio em três vezes, ficaremos praticamente livres dessa praga. Isso é extremamente importante, pois os produtores orgânicos não têm herbicidas."

E prossegue a busca científica por uma mistura de sistemas que produza alimentos naturalmente e seja boa para a natureza além do campo de plantio.

"Esse é o nosso cálice sagrado", diz Van Horn. "Um sistema agrícola que imite um sistema natural."

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/842456-agricultores-dos-eua-usam-arsenal-organico-para-combater-pragas.shtml

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quinoa, Quinua, Kinua, Kinoa

A Quinoa (Chenopodium quinoa Willd da família Amaranthaceae) é uma planta nativa da Colômbia, Peru e Chile, que produz um grão indispensável à alimentação e à vida do homem no altiplano andino.

Originária das alturas dos Andes e conservada por quechuas e aymarás, com suas 3.120 variedades, a quinoa pinta o arco-íris nas áreas de cultivo sendo a Bolívia o seu maior produtor mundial.

A Bolívia tem também o maior banco de grãos do mundo. Uma fundação custodia este que é o tesouro herdado dos povos indígenas, que conhecem a quinoa há aproximadamente 10 mil anos e asseguram que, sem ela, a vida humana seria impossível no altiplano.

Um dos principais impulsores da revalorização do consumo da quinoa, Humberto Gandarillas (1920-1998), acreditava que a domesticação da planta na meseta andina tenha de fato uns 10 mil anos. Seu consumo habitual foi comprovado pelos arqueólogos, ao encontrarem quinoa nas ruínas pré-hispânicas.

Após a conquista espanhola, os alimentos autóctones, como a quinoa, o amaranto e a maca, caíram paulatinamente em desuso e foram substituídos pelos grãos consumidos na Europa, como o trigo e a cevada.

Porém, os agricultores andinos conservaram as sementes e continuaram seus cultivos em pequenas parcelas de terra, sabendo da enorme riqueza que encerra a quinoa.

Somente no último terço do século XX, os bolivianos redescobriram o valor do grão. A partir de estudos científicos e do melhoramento de algumas variedades - como a quinoa "sajama" - verificou-se uma grande expansão, tanto do seu cultivo como do seu consumo no país

Com mais de 17 tipos diferentes de grão, é a variedade e a grande concentração de proteínas que levam à sua enorme funcionalidade.

Conhecida como “Grão Sagrado”, a quinoa é rica em vitaminas como a B6, B1 e possui em menores quantidades as vitaminas E e C. Para se ter uma ideia: em apenas 100 gramas da quinoa podemos encontrar 9,5 mg de ferro, 286 mg de fósforo, 112 mg de cálcio e ainda um valor entre 67 e 74 % de hidratos de carbono, encontrados essencialmente na forma de amido. Além disso, observa-se que seu teor energético é bastante alto: em torno de 347 kcal por 100g.

Entre os benefícios do consumo, estão a prevenção de câncer de mama, osteoporose e problemas cardíacos, além da melhora da imunidade, da aprendizagem e da memória e recuperação de tecidos.

Tabule Primavera de Quinoa

Ingredientes:

• 2 xícaras de chá de quinoa real em grãos
• 1 cenoura ralada
• 1 pepino ralado
• 1 cebola picada
• 2 talos de salsão picados
• 1 abobrinha cortada em cubos pequenos
• 2 tomates cortados em cubos pequenos
• 1 xícara de chá de azeite extravirgem
• Suco de 2 limões
• 2 xícaras de chá de salsinha picada
• Ramos de manjericão
• 1 pé de alface americana
• Sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de Preparo:

Numa panela, cozinhe os grãos de quinoa em bastante água com sal até que fiquem macios. Escorra e deixe esfriar. Coloque em uma saladeira a cenoura, o pepino, a cebola, o salsão, a abobrinha e o tomate. Misture e tempere com o sal, o azeite, o suco de limão e a pimenta-do-reino. Adicione a quinoa real, a salsinha e o manjericão e misture. Distribua o tabule dentro das folhas de alface americana e sirva a seguir.

Sopa de Flocos de Quinoa

Ingredientes:

• 2 cenouras
• 1 chuchu
• 1 alho-poró
• Água
• 1 xícara flocos de Quinoa
• Shoyu ou sal marinho
• Alecrim ou outra erva de sua preferência

Modo de Preparo:

Coloque os vegetais para cozinhar com água e sal. Primeiro, cozinhe a cenoura e depois de cinco minutos acrescente os outros ingredientes. Quando estiverem quase cozidos, acrescente os flocos de quinoa e deixe cozinhar por mais 2 minutos. Liquidifique e acrescente os temperos. Se quiser, coloque uma folha de espinafre cortadinho e deixe cozinhar.

Chá verde x chá branco

Muito se fala sobre as propriedades funcionais do chá branco e verde, mas qual é a real diferença entre eles?
Tanto o chá verde, quanto o chá branco são produzidos a partir de um processo químico de oxidação (incorretamente chamado de fermentação) das folhas de uma planta chamada Camelia Sinensis. Entretanto, a diferença entre esses dois chás é que o branco é colhido quando as folhas ainda estão bem jovens, ou seja, o que distingue um chá do outro é quando as folhas da planta são colhidas.

As pesquisas indicam que o chá branco, por ter folhas mais jovens, possui maior concentração de catequinas, que são as principais substâncias ativas do chá branco e do chá verde. Além disso, os estudos comprovam que essas catequinas do chá branco são mais ativas que as catequinas de outros chás. Portanto, acredita-se que, por apresentarem maior concentração de catequinas, seu efeito é mais potente. Porém, vale ressaltar que os estudos sobre o consumo de chá branco em humanos são escassos.

As catequinas presentes nos chás obtidos da Camelia Sinensis são consideradas potentes antioxidantes e antiinflamatórios, pois inibem a ativação do fator NF-kB, que é um ativador da inflamação. Por isso, o consumo regular de chá verde oferece diversos efeitos protetores ao organismo, devido à redução do processo inflamatório de uma maneira geral. O fator antiinflamatório auxilia na prevenção de doenças crônicas como o câncer, diabetes e doenças cardiovasculares, além de poder auxiliar na perda de peso (devido ao seu efeito termogênico comprovado), quando associado a outras mudanças na alimentação e hábitos de vida.

Os estudos indicam que o consumo ideal de chá verde para garantir os benefícios das catequinas é de 4 a5 xícaras ao dia. Porém, é importante lembrar que ele nunca deve ser reaquecido. Caso a preferência seja de seu consumo quente, é interessante que ele seja consumido logo após o preparo.

Fonte: VP Consultoria Nutricional

Obs: Muitos pacientes me perguntam:
1) Dr, como preparo o chá verde?
2) Dr, o chá verde em saquinho tem efeito ??
3) Dr, qual é melhor , cápsula de chá verde ou o chá in natura ?

Bem, vamos por partes.

1 - Preparo do chá

Tem gente que é leiga e não sabe o que está falando quando afirma que o chá tem q ser feito em infusão. Tem estudos mostrando que infusão por até 10 minutos e manutenção em geladeira por até 24h não ocasiona perda dos polifenóis e catequinas. Portanto vai aí a dica pra preparar um chá verde saboroso:
1 colher de sobremesa de chá verde ( +- 10g)
1 litro de água filtrada
1 rama de canela ou erva doce

Ferver de preferência em uma chaleira por no mínimo 5 minutos, até no máximo 10 minutos. Se for possível mexer com uma colher de pau.
Desligar o fogo, esperar esfriar um pouco e começar a tomar. Pode ser armazenado na geladeira por até 24 horas. Mas geralmente indo o seguinte: fazer cedo e tomar até as 14:00.
Atenção, evite de ingeri-lo próximo às refeições ou após pois os polifenóis impedem a absorção de cálcio, magnésio, ferro e zinco.

Para ler mais sobre o preparo: http://www.scielo.br/pdf/cta/v30s1/29.pdf

2 - Chá verde em sachê

Eu prefiro comprar o chá verde orgânico da mãe terra, a quantidade de chá verde no sachê é pouca, portanto faz-se necessário utilizar vários sachês.

3 - Cápsulas (extrato) ou in natura

Existem estudos comparativos e cada um tem suas vantagens. A cápsula tem a questão da comodidade, praticidade, porém o chá in natura (quando adicionado outras ervas ou sucos) pode ser saboroso e uma forma de aumentar a ingestão de água (algo muito comum entre meus pacientes, principalmente mulheres). Portanto estimulo o uso do chá in natura.

Apenas a título de curiosidade:
Obesidade: o chá in natura tem efeito maior que o extrato, mas o efeito no índice de massa corpórea (IMC) é igual para os dois.
A pressão arterial diastólica reduziu nos dois.
Triglicerídeos reduziram com o chá in natura e não reduziram tanto com o extrato.


Dr. Frederico Lobo

Pesquisadores entendem que a revisão do Código Florestal não tem sustentação científica

A revisão do Código Florestal brasileiro, em votação no Congresso Nacional, está provocando sérias preocupações na comunidade científica e suscitando diversas manifestações no Brasil e no exterior.

Com uma possível aprovação do relatório que propõe mudanças na legislação ambiental, o Brasil estaria “arriscado a sofrer seu mais grave retrocesso ambiental em meio século, com consequências críticas e irreversíveis que irão além das fronteiras do país”, segundo carta redigida por pesquisadores ligados ao Programa Biota-FAPESP e publicada na sexta-feira (16/7), na revista Science.

O texto é assinado por Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Thomas Lewinsohn, do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luciano Verdade e Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, e Carlos Alfredo Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.


As novas regras, segundo eles, reduzirão a restauração obrigatória de vegetação nativa ilegalmente desmatada desde 1965. Com isso, “as emissões de dióxido de carbono poderão aumentar substancialmente” e, a partir de simples análises da relação espécies-área, é possível prever “a extinção de mais de 100 mil espécies, uma perda massiva que invalidará qualquer comprometimento com a conservação da biodiversidade”.

A comunidade científica, de acordo com o texto, foi “amplamente ignorada durante a elaboração” do relatório de revisão do Código Florestal. A mesma crítica foi apresentada em carta enviada por duas das principais instituições científicas do país, no dia 25 de junho, à Comissão Especial do Código Florestal Brasileiro na Câmara dos Deputados.

Assinada por Jacob Palis e Marco Antonio Raupp, respectivamente presidentes da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), a carta defende que o Código Florestal, embora passível de aperfeiçoamentos, é a “peça fundamental de uma legislação ambiental reconhecida com uma das mais modernas do mundo”.

A reformulação do código, segundo o texto, baseia-se na “premissa errônea de que não há mais área disponível para expansão da agricultura brasileira” e “não foi feita sob a égide de uma sólida base científica, pelo contrário, a maioria da comunidade científica não foi sequer consultada e a reformulação foi pautada muito mais em interesses unilaterais de determinados setores econômicos”.

Entre as consequências de uma aprovação da proposta de reformulação, a carta menciona um “aumento considerável na substituição de áreas naturais por áreas agrícolas em locais extremamente sensíveis”, a “aceleração da ocupação de áreas de risco em inúmeras cidades brasileiras”, o estímulo à “impunidade devido a ampla anistia proposta àqueles que cometeram crimes ambientais até passado recente”, um “decréscimo acentuado da biodiversidade, o aumento das emissões de carbono para a atmosfera” e o “aumento das perdas de solo por erosão com consequente assoreamento de corpos hídricos”.

No dia 16 de junho, as lideranças da Câmara dos Deputados também receberam carta do geógrafo e ambientalista Aziz Nacib Ab’Sáber – professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP –, que fez duras críticas ao relatório de reformulação da legislação.

Reconhecido como um dos principais conhecedores do bioma amazônico, Ab’Sáber defendeu que, “se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território”. Segundo o geógrafo, a proposta foi apresentada anteriormente ao Governo Federal, mas a resposta era de que se tratava de “uma ideia boa mas complexa e inoportuna”.

No documento, Ab’Sáber afirma que “as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva”. Segundo ele, “enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico”.

Mudanças para pior

De acordo com Joly, que é coordenador do Biota-FAPESP, caso a reformulação seja aprovada, o Código Florestal mudará para pior em vários aspectos. “Essas manifestações da comunidade científica vão continuar, porque a situação é muito grave. Se essas mudanças forem aprovadas teremos um retrocesso de meio século na nossa legislação ambiental, com consequências profundamente negativas em diversas dimensões”, disse à Agência FAPESP.

Segundo ele, as mudanças terão impacto negativo sobre a conformação das Áreas de Proteção Permanente (APP) e Reservas Legais (RL) e sobre o funcionamento da regularização de propriedades em situação ilegal. Atualmente, explica, os proprietários que não possuem RL ou APPs preservadas estão sujeitos a multas caso se recusem a recuperar as áreas degradadas, ou quando realizarem desmatamento ilegal. Nessas condições, podem até mesmo ter sua produção embargada.

“Mas se a proposta de mudança for aprovada, os Estados terão cinco anos, após a aprovação da lei, para criar programas de regularização. Nesse período ninguém poderá ser multado e as multas já aplicadas serão suspensas. Aqueles que aderirem à regularização poderão ser dispensados definitivamente do pagamento de multas. Ficarão livres também da obrigação de recuperar as áreas ilegalmente desmatadas”, explicou.

Em relação às APPs, a legislação atual protege no mínimo 30 metros de extensão a partir das margens de rios, encostas íngremes, topos de morros e restingas. Quem desmatou é obrigado a recompor as matas.

Se a nova proposta for aprovada, a faixa mínima de proteção nas beiras de rios será reduzida a 15 metros. Topos de morro e áreas acima de 1.800 metros deixam de ser protegidas. As demais áreas, mesmo formalmente protegidas, poderão ser ocupadas por plantações, pastagens ou construções, caso tenham sido desmatadas até 2008 e forem consideradas “áreas consolidadas”.

“As principais candidatas a se tornar áreas consolidadas são justamente as áreas irregularmente ocupadas, que sofrem com enchentes, deslizamentos, assoreamento e seca de rios. Como não haverá recuperação e as ocupações permanecerão, essas áreas serão condenadas a conviver eternamente com esses problemas, perpetuando tragédias como as de Angra dos Reis, do Vale do Itajaí e Alagoas”, disse Joly.

No que diz respeito à RL, a lei atual impõe um mínimo de vegetação nativa em todas as propriedades: de 20% do tamanho dos imóveis situados em áreas de Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas e, na Amazônia Legal, 35% nas áreas de Cerrado e 80% nas de floresta. Quem não tem a área preservada precisa restaurar com espécies nativas ou compensar a falta de reserva no imóvel com o arrendamento de outra área preservada situada no mesmo bioma.

Com a nova proposta, as propriedades com até quatro módulos fiscais (20 a 440 hectares, dependendo da região do país) não precisam recuperar a área caso o desmatamento tenha ocorrido até a promulgação da lei. Nas demais propriedades será preciso recuperar a vegetação, mas o cálculo não será feito com base na área total do imóvel: a base de cálculo é a área que exceder quatro módulos fiscais.

Além disso, as compensações poderão ser feitas com áreas situadas a milhares de quilômetros da propriedade, desde que no mesmo bioma. O proprietário terá também a opção de fazer a compensação em dinheiro, com doação a um fundo para regularização de unidades de conservação.

“Como mais de 90% dos imóveis rurais têm até quatro módulos fiscais, boa parte deles concentrados no Sul e Sudeste, teremos grandes áreas do país em que simplesmente não haverá mais vegetação nativa, pois também são essas regiões que abrigam as maiores áreas de APPs com ocupação ‘consolidada’. Há ainda um grande risco de que propriedades maiores sejam artificialmente divididas nos cartórios para serem isentas da obrigação de recuperação”, destacou Joly.

A proposta de reformulação proíbe a fragmentação das propriedades. Mas, segundo Joly, a fiscalização e coibição é extremamente difícil e, por isso, a anistia não ficará restrita às pequenas propriedades. “Os poucos que forem obrigados a recompor áreas desmatadas poderão fazer isso com espécies exóticas em até metade da RL da propriedade, ou optar por arrendar áreas preservadas mais baratas em locais distantes, sem compensar efetivamente o impacto local”, disse.

Desproteção e impacto nas águas

Ricardo Ribeiro Rodrigues, que coordenou o programa Biota-FAPESP de 2004 a 2008, criticou o principal argumento para a defesa da reforma do Código Florestal: a alegação de que não existe mais área disponível para expansão da agricultura brasileira.

“O principal erro desse código novo é que ele não considera as áreas que foram disponibilizadas para a agricultura historicamente, mas que são de baixa aptidão agrícola e por isso são subutilizadas hoje, sem papel ambiental e com baixo rendimento econômico, como os pastos em alta declividade”, afirmou.

Segundo ele, o entorno das rodovias Dutra e D. Pedro, na região da Serra da Mantiqueira e Serra do Mar, são exemplos de áreas de uso agrícola inadequado que poderiam ser revertidas para florestas nativas, para compensação de RL de fazendas com elevada aptidão agrícola. “Se isso não for feito, essas áreas continuarão sendo mal utilizadas. Podemos encontrar exemplos semelhantes em todo o território brasileiro”, disse.

Outro impacto negativo da proposta de modificação do Código para a restauração, segundo Rodrigues, é a anistia proposta para as APPs irregulares. “Quem degradou as APPs não vai precisar recuperar e, pior, poderá continuar usando a área desmatada. Quem preservou vai ser punido”, explicou.

Segundo ele, um inventário produzido pelo Biota-FAPESP este ano mostra que mais de 70% dos remanescentes florestais no Brasil estão fora das Unidades de Conservação e se localizam em propriedades privadas. “Se não tivermos mecanismos legais para a conservação dessas áreas – como a RL e APP do código atual – elas vão ser degradadas depois da moratória de cinco anos determinada na proposta de alteração do Código”, afirmou.

A reformulação do Código Florestal deverá diminuir a eficiência dos mecanismos legais de proteção ambiental. Uma das consequências mais graves será o impacto na qualidade da água. De acordo com José Galizia Tundisi, do Instituto Internacional de Ecologia, de São Carlos (SP), com o solo mais exposto, haverá um aumento da erosão e do assoreamento de corpos d’água, além da contaminação de rios com fertilizantes e agrotóxicos.

“A preservação de mosaicos de vegetação, florestas ripárias – ou matas ciliares – e de áreas alagadas é fundamental para a manutenção da qualidade da água de rios, lagos e represas. Essa vegetação garante a capacidade dos sistemas para regular o transporte de nutrientes e o escoamento de metais e poluentes. Esses processos atingem tanto as águas superficiais como as subterrâneas”, disse à Agência FAPESP.

O processo de recarga dos aquíferos, segundo Tundisi, também depende muito da cobertura vegetal. A vegetação retém a água que, posteriormente, é absorvida pelos corpos d’água subterrâneos. Com o desmatamento, essa água escoa superficialmente e os aquíferos secam.

Tundisi criticou também a diminuição da delimitação das áreas preservadas em torno de rios. “Essa delimitação de faixas marginais é sempre artificial, seja qual for a metragem. Não é possível estabelecer de forma geral uma área de preservação de 15 metros dos dois lados do leito dos rios pequenos. Seria preciso delimitar caso a caso, porque a necessidade de preservação varia de acordo com a ecologia do entorno e os padrões de inundação do sistema. A delimitação deve ter caráter ecológico e não se basear em metragens”, ressaltou.

A modificação na legislação, para Tundisi, vai na contramão das necessidades de preservação ambiental. “Seria preciso preservar o máximo possível as bacias hidrográficas. Mas o projeto prevê até mesmo o cultivo em várzeas, o que é um desastre completo. Enquanto existem movimentos mundiais para a preservação de várzeas, nós corremos o risco de ir na contramão”, afirmou.

Para Tundisi, com o impacto que provocará nos corpos d’água, a aprovação da modificação no Código Florestal prejudicará gravemente o próprio agronegócio. “Se não mantivermos as áreas de proteção, a qualidade da água será afetada e não haverá disponibilidade de recursos hídricos para o agronegócio. Fazer um projeto de expansão do agronegócio às custas da biodiversidade é uma atitude suicida”, disse.

A agricultura deverá ser prejudicada também com o aumento do preço da água. “Trata-se de algo cientificamente consolidado: o custo do tratamento da água aumenta à medida que diminui a proteção aos mananciais”, disse o cientista.
Argumentação desmontada

Luiz Antonio Martinelli, pesquisador do Cena-USP e professor convidado da Universidade de Stanford, afirma que o Código Florestal, criado em 1965, de fato tem pontos que necessitam de revisão, em especial no que diz respeito aos pequenos agricultores, cujas propriedades eventualmente são pequenas demais para comportar a presença das APPs e a RL.

“Mas, qualquer que seja a reformulação, ela deve ter uma base científica sólida. Essa foi a grande falha da modificação proposta, que teve o objetivo político específico de destruir ‘empecilhos’ ambientais à expansão da fronteira agrícola a qualquer custo”, disse Martinelli.

Segundo ele, o argumento central da proposta de reformulação foi construído a partir de um “relatório cientificamente incorreto encomendado diretamente pelo Ministério da Agricultura a um pesquisador ligado a uma instituição brasileira de pesquisa”.

“O relatório concluía que não haveria área suficiente para a expansão agrícola no país, caso a legislação ambiental vigente fosse cumprida ao pé da letra. O documento, no entanto, foi produzido de forma tão errônea que alguns pesquisadores envolvidos em sua elaboração se negaram a assiná-lo”, apontou.

O principal argumento para as reformas, segundo o pesquisador, baseia-se na alegação de que há um estrangulamento da expansão de terras agrícolas, supostamente bloqueado pelas APPs e RL. Para os proponentes da mudança, esses mecanismos de proteção ambiental tornam a legislação atual excessivamente rigorosa, bloqueando o avanço do agronegócio. Esse bloqueio, no entanto, não existe, afirma. “A falácia desse argumento foi cientificamente demonstrada.”

Martinelli cita estudo coordenado por Gerd Sparovek, pesquisador da Esalq-USP, que usou sensoriamento remoto para concluir que a área cultivada no Brasil poderá ser praticamente dobrada se as áreas hoje ocupadas com pecuária de baixa produtividade forem realocadas para o cultivo agrícola.

“Melhorando a eficiência da pecuária em outras áreas por meio de técnicas já conhecidas e de baixo custo, não há qualquer necessidade de avançar sobre a vegetação natural protegida pelo Código Florestal atual”, disse.

As pastagens ocupam hoje, segundo Martinelli, cerca de 200 milhões de hectares, com aproximadamente 190 milhões de cabeças de gado. “Caso dobremos a produção de uma para duas cabeças de gado, liberamos cerca de 100 milhões de hectares. A área ocupada pelas três maiores culturas – soja, milho e cana – cobrem uma área aproximada de 45 milhões de hectares. Portanto, com medidas simples de manejo poderemos devolver para a agricultura uma área equivalente ao dobro ocupado pelas três maiores culturas brasileiras”, afirmou.

A operação não seria tão simples, segundo o pesquisador, já que envolve questões de preço da terra e mercado agrícola, por exemplo. Mas a aproximação dá uma ideia de como é possível gerar terras agriculturáveis sem derrubar nenhuma árvore.

Para o pesquisador do Cena-USP, a maior parte das reformulações propostas tem o único propósito de aumentar a área agrícola a baixo custo. “O mais paradoxal é que as mudanças beneficiam muito mais os proprietários de grandes extensões de terra do que pequenos produtores”, disse.

Martinelli afirmou ainda que não acredita que as mudanças no Código Florestal possam beneficiar o desenvolvimento da produção de alimentos no Brasil. Segundo ele, se houvesse preocupação real com a produção de alimentos, o governo deveria ampliar e facilitar o crédito aos pequenos produtores, investir em infraestrutura – como estradas e armazenamento – para auxiliar o escoamento desses produtos e, principalmente, investir maciçamente em pesquisas que beneficiassem essas culturas visando a aumentar sua produtividade.

“Quem sabe com um aumento considerável na produtividade os pequenos agricultores pudessem manter suas áreas de preservação permanente e suas áreas de reserva legal, gerando vários serviços ambientais que são fundamentais para a agricultura”, disse.

Novos debates

No dia 7 de julho, a SBPC reuniu em sua sede em São Paulo um grupo de cientistas ligados à temática do meio ambiente para iniciar uma análise aprofundada sobre o assunto, do ponto de vista econômico, ambiental e científico.

O evento teve a participação de Raupp, Ab’Sáber, Joly, Martinelli, Rodrigues, além de Ladislau Skorupa, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Carlos Afonso Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e João de Deus Medeiros, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Os cientistas formaram um grupo de trabalho para emitir pareceres sobre as mudanças do Código Florestal. Na Reunião Anual da SBPC, que será realizada em Natal (RN) entre 25 e 30 de julho, uma mesa-redonda discutirá o tema.

Outra reunião, prevista para a segunda quinzena de agosto, deverá sistematizar todas as sugestões do grupo em um documento a ser divulgado nos meios de comunicação e encaminhado aos congressistas.

No dia 3 de agosto, o programa BIOTA-FAPESP realizará o evento técnico-científico “Impactos potenciais das alterações do Código Florestal Brasileiro na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos”. Na oportunidade, especialistas farão uma avaliação dos possíveis impactos que as alterações do Código terão sobre grupos taxonômicos específicos (vertebrados e alguns grupos de invertebrados), bem como em termos de formações (Mata Atlântica e Cerrado) e de serviços ecossistêmicos (como ciclos biogeoquímicos e manutenção de populações de polinizadores). Além de reforçar a base cientifica sobre a importância das APP e de RL para conservação da biodiversidade, o evento visa a subsidiar a ABC e a SBPC no posicionamento sobre essa temática.

Reportagem de Fábio de Castro, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 20/07/2010

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2010/07/20/pesquisadores-entendem-que-a-revisao-do-codigo-florestal-nao-tem-sustentacao-cientifica/

Para assistir entrevista com a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, clique no link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2010/12/07/ruralistas-tentam-acelerar-votacao-do-codigo-florestal-alerta-marina-silva-em-cancun.jhtm

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pesquisa contesta papel do ômega 3 e vitaminas do complexo B na proteção cardíaca

Estudo feito por grupo de universidades francesas, entre elas a Sorbonne, colocou em xeque a eficácia do suplemento de ômega 3 contra problemas cardiovasculares.

Os resultados, publicados no "British Medical Journal", basearam-se no acompanhamento, por quatro anos e meio, de 2.501 pacientes que tiveram alguma doença cardíaca ou derrame cerebral nos últimos 12 meses.

Os participantes foram divididos em quatro grupos:
1) Grupo I: tomou diariamente o suplemento de ômega 3(600mg de EPA e 300mg de DHA),
2) Grupo II: consumiu vitaminas do complexo B (Ácido fólico:560mcg B6:3mg B12:20mcg)
3) Grupo III: ômega 3 + Vitamina B,
4) Placebo.

O ômega 3 aumentou a concentração de gorduras "boas" no sangue dos pacientes, mas não diminuiu problemas vasculares como infarto e derrame. O mesmo foi observado no consumo de vitamina B, que, embora tenha diminuído a presença de homocisteína (aminocácido que pode causar entupimento das artérias), não alterou a ocorrência de problemas vasculares em pacientes que iniciaram a terapia APÓS o primeiro evento cardiovascular.

Mas me perguno, desde quando nutrientes isolados, sem mudança de estilo de vida auxiliará na prevenção de risco cardiovascular ?
Será que esses pacientes fizeram atividade física ? Será que esses pacientes foram submetidos à mudanças dietéticas, reeducação alimentar ?
Será que a dose empregada tinha boa concentração de EPA e DHA ? Pelo visto apenas 600mg de EPA torna-se irrisório.
Complexo B: apenas 3mg de B6 (muito pouco), ácido fólico (560mcg, acima da RDA, mas está razoável), B12: 20mcg (baixíssima, ainda mais considerando a via utilizada. Por via Oral a absorção de B12 é baixa).
O mais importante: os pacientes selecionados ja tinham eventos cardiovasculares prévios. Reafirmando a necessidade de mudança de estilo de vida.

FONTE: http://www.bmj.com/content/341/bmj.c6273.abstract?sid=bc0ccb1e-620f-418b-b456-5b2ecab56c47

Estudo mostra que genes interferem no nível de vitamina D do corpo

Os genes têm papel fundamental na manutenção do nível de vitamina D, mas essa ação é mais evidente durante o inverno. No verão, fatores como condições ambientais e estilo de vida são os principais responsáveis pela quantidade do nutriente no corpo humano. Essa é a conclusão de um estudo que será publicado na edição de dezembro da "American Journal of Clinical Nutrition".

A médica Cristina Karohl e sua equipe da Universidade Emory, em Atlanta (EUA), mediram as taxas de 25-hidroxivitamina D no sangue, que indica a quantidade de vitamina D estocada em uma pessoa.

Vitamina D é produzida pelo corpo com exposição ao sol, mas genes também colaboram para manter taxa do nutriente.

A pesquisa envolveu dois grupos com idade em torno dos 55 anos, que foram divididos entre 310 gêmeos idênticos e 200 não-idênticos. Os pesquisadores chegaram a resultados que mostram que a vitamina D foi maior durante o verão devido à interferência externa como exposição ao sol e dieta fortificada com vitamina D, mas 70% das concentrações durante o inverno puderam ser atribuídas a fatores genéticos de cada um dos participantes do estudo.

A vitamina D é necessária para manter a saúde e os ossos fortes, sendo produzida naturalmente quando o organismo é exposto à luz solar - a maioria dos alimentos não contêm a vitamina.

Segundo os autores do estudo, os dados podem ser úteis para especialistas em saúde pública e para assegurar quantidades adequadas de vitamina D a todas as camadas da população.

Paracetamol pode estar ligado a alergias em crianças

O uso do paracetamol em crianças pode estar ligado ao desenvolvimento de alergias e asma mais tarde em suas vidas, segundo um estudo.

Mas maiores pesquisas são necessárias para esclarecer essa descoberta, e os benefícios do paracetamol para controlar a febre ainda são maiores que o potencial para o desenvolvimento posterior de alergias, disse Julian Crane, professor da Universidade de Otago, em Wellington, autor do estudo. "O problema é que o paracetamol é dado livremente às crianças", disse ele. "Existem muitas provas sugerindo que algo está acontecendo aqui.

Não está completamente claro, esse é o problema." O relatório, publicado na revista "Alergia Clínica e Experimental", é baseado no Estudo Cohort em Asma e Alergia, da Nova Zelândia, que investigou o uso de paracetamol em 505 crianças na cidade de Christchurch e 914 crianças entre 5 e 6 anos de idade na mesma cidade para ver se desenvolviam sinais de sensibilidade para asma ou alergias.

"A maior descoberta foi que crianças que usam paracetamol antes dos 15 meses de idade (90%) tinham mais de três vezes maior probabilidade de se tornarem sensíveis a substâncias alérgicas e duas vezes mais probabilidade de desenvolver asma aos 6 anos em relação às crianças que não usam paracetamol", disse Crane, em comunicado.

"No entanto, ainda não sabemos por que isso ocorre. Precisamos de testes clínicos para ver se essas associações são causais ou não, e esclarecer o uso dessa medicação." Mas as descobertas mostram um risco maior para aqueles com graves sintomas de asma. Ele disse que na falta de outras opções e estudos confirmando uma ligação causal, o paracetamol deveria continuar sendo usado por enquanto. "Se eu tivesse um filho com febre, eu lhe daria paracetamol", acrescentou

Dedo indicador maior que dedo anular = Maior exposição a testosterona intra-útero

E não tem nada a ver com o exame de toque – segundo um novo estudo, homens com dedos indicadores mais curtos do que os dedos anulares têm um risco aumentado de câncer de próstata.

Os cientistas acreditam que o câncer de próstata é ligado à forma como os homens são sensíveis à testosterona. Os que têm dedos indicadores mais curtos do que os anulares foram expostos a mais testosterona no útero. Esses homens têm mais traços masculinos do que os com o padrão oposto.

Agora, um estudo recente mostra que essa masculinidade tem um lado ruim: um risco maior de câncer de próstata. Os homens cujos dedos indicadores são mais longos do que os dedos anulares têm um terço menos probabilidade de ter câncer de próstata.

A associação está intimamente ligada a dois genes, chamados HOXA e HOXD, que controlam tanto o comprimento do dedo quanto o desenvolvimento sexual. Os genes envolvidos na forma como a mão cresce também parecem estar envolvidos no modo como os testículos se desenvolvem.

Quando um feto do sexo masculino se desenvolve no útero, há um ponto em que os testículos começam a fabricar testosterona. A partir de então, a quantidade de testosterona no desenvolvimento influencia o comprimento relativo dos dedos, bem como a “masculinidade” de diferentes partes do cérebro.

Pesquisas anteriores já tinham indicado que um dedo indicador menor comparado ao anular significava mais testosterona no útero. No entanto, disseram os pesquisadores, há uma série de outros fatores, tais como estresse materno e genética, que provavelmente também desempenham um papel.

A pesquisa incluiu 1.500 pacientes de câncer de próstata e 3.000 homens saudáveis, durante um período de 15 anos. Os pesquisadores olharam para os comprimentos dos dedos dos participantes.

Homens cujos dedos indicadores eram mais longos do que os anulares eram 33% menos propensos a ter câncer de próstata. Em homens com menos de 60 anos, o risco era ainda mais reduzido, de 87%, ou seja, os efeitos dos baixos níveis de testosterona no útero parecem ainda mais acentuados nos homens mais jovens. Os homens cujos dedos indicadores e anulares eram do mesmo comprimento não mostraram nenhuma relação.

Segundo os pesquisadores, a nova descoberta não significa que os homens que têm dedos indicadores mais curtos do que os anulares deve se preocupar excessivamente. 33% ainda é um efeito muito pequeno, por isso não faz sentido que os homens queiram ir atrás da doença somente pelo tamanho de sua mão.

Não é de hoje que o comprimento dos dedos tem sido associado com o desenvolvimento de traços ou doenças. Em 2005, cientistas disseram que homens cujos dedos indicadores eram menores também tinham maior probabilidade de serem agressivos do que os homens com o padrão oposto.

Há outros estudos que comparam comprimento dos dedos, comprimento do braço em comparação com a altura do corpo, diferenças de medidas faciais entre homens e mulheres e entre diferentes etnias. Mas nem todas as descobertas concordam umas com as outras, o que evidencia que a forma como os genes são ativados e desativados é influenciada por mais do que apenas a exposição pré-natal a testosterona


FONTE: http://hypescience.com/comprimento-dos-dedos-aponta-risco-de-cancer-de-prostata/

Substância de pasta de dente causa dano no cérebro de fetos

Uma substância química encontrada em pasta de dentes e sabonetes tem sido associada a um dano cerebral em bebês que estão dentro do útero.

A nova descoberta sugere que o triclosan (poderoso anti-bacteriano) pode interromper o fluxo de sangue para o útero, impedindo a chegada de oxigênio ao cérebro do bebê, necessário para seu desenvolvimento.

As informações foram publicadas no jornal britânico Daily Mail. A substância é usada geralmente em produtos de higiene como desodorantes, detergentes líquidos, em produtos de limpeza e até em alguns brinquedos, o que tem preocupado a comunidade científica. O FDA (Food and Drug Administration), órgão do governo americano responsável pela análise dos alimentos e medicamentos que entram no mercado, afirmou que estão averiguando a segurança do uso da substância.

Os cientistas temem que mulheres grávidas então expostas a níveis elevados da substância química possam estar colocando a vida de seus filhos em risco.

Nesse último estudo, os testes em carneiros mostraram que a substância interfere em uma enzima que permite que o hormônio estrogênio circule no útero.

O estrogênio ajuda a manter aberta a artéria principal que transporta sangue rico em oxigênio para o feto. Se houver muito pouco oxigênio, esta artéria se estreita e suprimentos de oxigênio se esgotam.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Brasil deve fechar fronteiras para os agrotóxicos proibidos, diz Marina Silva

De acordo com informações do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindage), mais de um bilhão de litros de agrotóxicos foram jogados nas lavouras brasileiras na última safra. O número coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking dos países que mais usam agrotóxicos no mundo. Para se ter uma ideia, é como se cada brasileiro consumisse, ao longo do ano, cinco litros de veneno.

De acordo com a senadora Marina Silva (PV), o governo brasileiro deve ter mais atenção em relação a este tema. Ela enfatiza que o uso excessivo de veneno prejudica não só a população, mas também o meio ambiente. Entre os problemas citados, a senadora aponta a facilidade com que os agrotóxicos proibidos na Europa entram no mercado brasileiro.

“A discussão em torno do tema do agrotóxico deve ser feita e ganhar mais transparência. Obviamente que o governo tem um papel fundamental em relação a esta questão. Porém, a fiscalização ainda é muito baixa, principalmente nas fronteiras. Nesses lugares o contrabando de agrotóxico é muito evidente.”

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o principal destino de agrotóxicos proibidos no exterior. Dez variedades vendidas livremente aos agricultores, no Brasil, não circulam na União Europeia e Estados Unidos. Um exemplo é o endossulfam, uma substância considerada altamente tóxica e associada a problemas reprodutivos. Por isso é vetado em 45 países.

FONTE: http://www.radioagencianp.com.br/9330-Brasil-deve-fechar-fronteiras-para-os-agrotoxicos-proibidos-diz-Marina-Silva

Mercúrio torna aves homossexuais, diz estudo

A contaminação por mercúrio afeta o comportamento dos íbis brancos tornando-os homossexuais, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Flórida, nos Estados Unidos, e do Sri Lanka.

A pesquisa - publicada na revista científica Proceedings of the Royal Society B - tinha o objetivo de descobrir por que as aves se reproduzem menos quando há mercúrio em seus alimentos, mas os resultados surpreenderam até mesmo os cientistas.

"Nós sabíamos que o mercúrio podia reduzir seus níveis de testosterona (hormônio masculino), mas não esperávamos isso", disse Peter Frederick, da Universidade da Flórida, que liderou o estudo.

A contaminação por mercúrio - que pode vir da queima de carvão e de lixo, além de minas - é especialmente comum em regiões pantanosas.

Macho com macho

A equipe de pesquisadores alimentou os íbis brancos com comprimidos que continham a mesma concentração de mercúrio encontrada em camarões e lagostins que servem de alimento para as aves em áreas de pântano.

Quanto mais alta a dose de mercúrio nos comprimidos, mais alta era a probabilidade de um íbis macho acasalar com outro macho.

De acordo com os cientistas, o estudo prova que o mercúrio pode reduzir drasticamente a reprodução dos pássaros e possivelmente de outros animais.

Ainda não se sabe exatamente como esse mecanismo funciona, mas é sabido que o mercúrio altera os sinais hormonais, o que poderia ter um impacto direto no comportamento sexual mediado por esses hormônios.

Além disso, os machos contaminados com taxas mais altas de mercúrio realizavam menos rituais de acasalamento, o que tornava mais provável que eles fossem "ignorados" pelas fêmeas.

Contaminação

Habitats pantanosos, como o Parque Nacional de Everglades, na Flórida, onde vivem essas aves, são especialmente vulneráveis à contaminação por mercúrio.

Bactérias encontradas na lama grossa e com pouco oxigênio alteram quimicamente o mercúrio, criando sua forma mais tóxica: o mercúrio metilado.

Essa substância química atua como uma espécie de impostor biológico, imitando hormônios responsáveis pelos sinais químicos naturais do corpo.

Alguns desses sinais são importantes no comportamento sexual. Eles podem estimular um animal a realizar um ritual de acasalamento ou motivá-lo a copular.

"Estamos vendo efeitos muito grandes no comportamento reprodutivo mesmo com baixas concentrações de mercúrio, então nós realmente deveríamos prestar mais atenção nisso", disse Frederick.

Cientistas acreditam que o próximo passo deve ser estudar o comportamento de animais contaminados por mercúrio na natureza.

FONTE: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2010/12/101201_aveshomossexuais_is.shtml

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Olhos revelam efeito da poluição no coração, segundo estudo

Fotos digitais de microartérias do fundo do olho permitem observar diretamente como vasos sanguíneos que irrigam o coração se contraem sob os efeitos da poluição do ar, segundo estudo publicado nesta terça-feira.

Este trabalho permite revelar que pessoas com boa saúde expostas a altos níveis de poluição sofrem uma constrição das artérias da retina, sinal de um risco mais elevado a desenvolver doenças cardiovasculares, explicaram os autores deste estudo divulgado na PloS Medicine, publicação na internet da Public Library of Science nos Estados Unidos.

Trabalhos anteriores já haviam estabelecido um vínculo entre a poluição do ar e as doenças cardíacas.

Mas este último estudo, feito com 4.607 participantes entre pessoas de 45 a 84 anos durante dois anos, é aparentemente o primeiro a examinar os efeitos da poluição nos vasos pequenos, chamados microvasos, dos humanos, segundo Sara Adar, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Michigan (norte), uma das co-autoras da pesquisa.

Durante um período de dois anos, os cientistas mediram os níveis de partículas finas em suspensão no ar nas pessoas que participaram do estudo antes de fazer exame de fundo de olho para avaliar a exposição à contaminação a curto prazo.

Nenhum dos participantes tinha antecedentes de problemas cardíacos.

O estudo mostra que quem esteve exposto durante curtos períodos ao ar pouco contaminado tinha microvasos sanguíneos equivalentes aos de uma pessoa três anos mais velha.

Mas as pessoas expostas a um ar fortemente contaminado durante períodos prolongados tinham microvasos de alguém sete anos mais velho, o que se traduz em "um crescimento de 3% das doenças cardíacas em quem vive em áreas menos contaminadas", disseram os autores.

FONTE: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/afp/2010/11/30/olhos-revelam-efeito-da-poluicao-no-coracao-segundo-estudo.jhtm

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa

Um dos palestrantes do Fórum Peter Rembischevski adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.

‘”Proibir totalmente a utilização ou estabelecer um outro parâmetro de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA) composto encontrado na fabricação de policarbonato, um tipo de resina utilizada na produção da maioria dos plásticos – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária.

Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania que acontece dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo(CREMESP), Peter abordará o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela SBEM-SP.

Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo porque cada uma delas interpreta os resultados das pesquisas científicas em animais por meio intra-venoso, de maneiras distintas causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A ingestão de Bisfenol-A por meio intra-venoso é absorvida pelo organismo de modo diferente se comparada com a ingestão via oral, como acontece na maioria das vezes, por humanos. A reação do organismo é diferente dependendo da maneira que o Bisfenol-A é absorvido. O organismo dos animais e dos seres humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie é também para a outra. É o princípio da correlação inter-espécies. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não é capaz de sustentar sua proibição”.

Ele reforça que talvez a discussão fique sobre o limiar da dose, abaixo da qual não produz efeito negativo, como é o caso do ferro. Afinal, a dose faz o veneno – uma dose baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.

Nova Era

Peter ressalta que apesar de ainda não haver um consenso, as agências reguladoras mudaram a postura e, hoje, não esperam ter a certeza se uma substância é noviça ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, as agências utilizam o princípio da precaução – o que significa que mesmo antes de ter uma certeza, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro. Antigamente, esperava-se anos até que se comprovasse a veracidade das pesquisas. Hoje, as agências incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto .
Peter ainda reforça que o mercado mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras já está mudando. Os produtos com Bisfenol-A estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, os produtos com BPA perderam 50% do mercado no Japão, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.

FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/

Europa proíbe bisfenol A e no Brasil médicos se mobilizam


Mais proteínas e menos carboidratos refinados - New England Journal Of Medicine

Um grupo de pesquisadores europeus descobriram que comer mais proteínas e menos carboidratos refinados ajuda a ficar dentro do peso normal. A equipe mostrou que homens e mulheres que perderam pelo menos oito por cento do seu peso em uma dieta de baixas calorias foram mantidos em uma dieta de alimentos ricos em proteínas e pobre em carboidratos refinados por seis meses. Eles tinham menor probabilidade de recuperar qualquer peso, e também foram os menos propensos a abandonar o estudo. Talvez pelo fato da regulação dos níveis glicêmicos, já que uma dieta do tipo evita variações abruptas nos níveis de insulina, comum em quem ingere muito carboidrato refinado.

Os participantes foram divididos em grupos alimentares: diferentes quantidades de proteína, uma quantidade moderada de gordura, e diferentes quantidades de carboidratos classificados como de alto ou baixo índice glicêmico.

O Índice glicêmico (IG) é uma medida de quão rápido um alimento é convertido em açúcar no sangue. Alto-GI alimentos, como pão branco e outros alimentos que contenham carboidratos refinados, produzem um aumento rápido da glicose no sangue, enquanto os alimentos de baixo índice glicêmico, como pães integrais, causa um aumento mais lento do açúcar no sangue e com isso solicita menos insulina do pâncreas. Acredita-se que esse mecanismo auxilie na saciedade.

O estudo foi publicado no New England Journal of Medicine. Elaborado pelo Dr. Thomas Meinert Larsen e seus colaboradores da Universidade de Copenhague.
O autor relatou que os resultados "traduzir em recomendações dietéticas diferentes para uma utilização mais ampla, provavelmente, ainda tem que ser descoberto porque o índice glicêmico não é realmente uma ferramenta fácil e simples de usar para a maioria pessoas "

Larsen e os seus colegas selecionaram inicialmente 773 homens e mulheres e suas famílias em oito diferentes países da Europa Ocidental. Essas famílias foram distribuídas aleatoriamente em um dos cinco diferentes dietas de manutenção de peso por 26 semanas. Nenhum calorias restritas, mas quatro das dietas que ditam a proporção de proteínas, gorduras e carboidratos refinados que deveriam fazer parte da alimentação diária. Um grupo que comeu sem restrições serviram como controle. Resto dos grupos foram:
• de baixa proteína, dieta de baixo IG
• de baixa proteína, dieta de alto IG
• de alta proteína e dieta com IG baixo
• de alta proteína e dieta com IG alto

Os grupos de baixa proteína consumida 13 por cento das calorias como proteína, nos grupos de alta proteína, 25 por cento da energia total consumida foi de proteína.

Pessoas em todos os grupos puderam comer o quanto quisessem. Para se certificar de que eles seguiram suas dietas, os participantes do estudo eram orientadas sobre o que os alimentos para preparar, diários alimentares apresentados e submetidos a testes de urina para verificar a quantidade de proteína que consumiu. Uma pequena parcela dos participantes tiveram suas refeições preparadas por eles.

Os resultados mostraram que 71% completaram o estudo.
26 por cento das pessoas no grupo de alta proteína ou de grupos de baixo IG abandonaram o estudo.
As 548 pessoas que mantiveram a dieta comendo pouca proteína e e ingerindo alimentos com alto índice glicêmico ganharam uma quantidade significativa de peso (1,67 kg, em média). 

Dr. David Ludwig, diretor do "Peso ideal para a Vida" Programa do Hospital Infantil de Boston, disse que a perda de peso a curto prazo é mais fácil do que mantê-lo ao longo do tempo. Ludwig co-autor de um editorial que acompanha o estudo.

Ele disse: "A natureza da dieta e como essa dieta afeta nossa biologia subjacente pode ter muito a ver com a probabilidade de que estamos a cumprir, para permanecer na dieta." Pessoas que etsavam ingerindo mais proteína alimentos com baixo IG parecem gostar deste tipo de dieta, talvez porque eles estavam sentindo menos fome e mais energia ... ou apenas de perceber que eles estavam fazendo melhor e tendo mais resultados".
"Não há nada que motive mais que o sucesso quando se trata de perda de peso ", acrescentou.

Ele disse que esta poderia ser uma dieta fácil de seguir. "Adicionando uma porção de nozes e feijão na dieta diária e abolindo os grãos refinados, associado a mudanças nos hábitos alimentares, teríamos um impacto potencialmente enorme na saúde pública, e isso é uma alteração ao alcance de todos. "

James O. Hill, diretor do Centro para Nutrição Humana da Universidade do Colorado, que não fazia parte da equipe observou: "Não há muita diferença entre os grupos agora." Mas ele elogiou a equipe para focar no peso manutenção, um aspecto muitas vezes negligenciado da perda de peso. "Este é o tipo de pesquisa que deve ser feito", disse ele.

Artigo: Diets with High or Low Protein Content and Glycemic Index for Weight-Loss Maintenance
Autores: Thomas Meinert Larsen, et al.
Ano: 2010
Periódico: New England Journal Of Medicine
Disponível em: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1007137?query=TOC

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Alzheimer: prevenção baseada na combinação de alimentos antioxidantes

Azeite de oliva, castanhas, peixes, aves, frutas, saladas, vegetais crucíferos (couve, couve-flor, couve-de-bruxela, repolho, brócolis) e vegetais folhosos verde-escuros: se esses itens costumam entrar no seu prato em porções generosas, ótimo.

Entre outros benefícios o consumo combinado (não isolado) diário  pode diminuir o risco de  progressão  e surgimento da Doença de Alzheimer. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, publicada na revista científica Archives of Neurology.

A explicação do estudo é que tais alimentos são ricos em: Gordura monoinsaturada; Gordura polinsaturada (omega 3 e 6); Vitamina E; Vitamina B12; Folato.

Tais nutrientes possuem potencial antioxidante, sendo assim, diminuem o estresse oxidativo cerebral e com isso evita a progressão da doença.

Hoje alguns sites noticiaram que um grupo de cientistas suecos da Universidade Dundee criaram uma fórmula barata e eficaz na prevenção do Alzheimer. Encontrei artigos isolados sobre o tema na revista " Proceedings of the National Academy of Sciences". A fórmula consiste na combinação de um antidiabético chamado Metformina e de um polifenol denominado Resveratrol, encontrado na semente e casca de uvas, principalmente as mais escuras. Como não encontrei o artigo, apenas cito a combinação do estudo.

Artigo:
Título: Food Combination and Alzheimer Disease Risk: A Protective Diet
Autores: Yian Gu; Jeri W. Nieves; Yaakov Stern; Jose A. Luchsinger; Nikolaos Scarmeas.
Ano: 2010
Periódico: Archives of Neurology
Disponível em: http://archneur.ama-assn.org/cgi/content/abstract/67/6/699

Alemanha em alerta: produtores de bisfenol A devem encontrar alternativa ao químico

Agência Federal do Meio Ambiente apresenta relatório histórico questionando a segurança do bisfenol A

Uma semana após a proibição do bisfenol A no estado americano de Vermont, é a vez do bisfenol A retornar aos holofotes mundiais. Desta vez, a Alemanha entra em alerta contra o químico. Relatório sobre químicos tóxicos da Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha, publicado nesta quarta-feira, destaca a periculosidade do bisfenol A.

O relatório contempla o que é uma substância química, onde ela acontece e quais são os riscos para a saúde humana e o meio ambiente. O bisfenol A recebeu destaque pelas novas pesquisas realizadas e a crescente preocupação dos consumidores em relação ao químico. No documento, a Agência Federal do Meio Ambiente explica os riscos do BPA e aponta as opções políticas para o futuro.

O presidente da Agência, Jochen Flasbarth, recomenda aos produtores e usuários de produtos químicos que busquem substâncias alternativas e pede que o princípio de precaução seja aplicado para proteção dos seres humanos e do meio ambiente.

O bisfenol A está presente em muitos objetos do cotidiano: alimentos enlatados, mamadeiras, garrafas e recipientes plásticos, DVDs, papel térmico e embalagens de alimentos. O químico migra do plástico, já que possui moléculas instáveis, contaminando alimentos e seres humanos. A produção, transformação e reciclagem do bisfenol A pode também contaminar rios e lagos. A produção mundial anual do BPA, matéria-prima para a fabricação de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, é de 3,8 milhões de toneladas.

Como já foi demonstrado por muitas pesquisas com animais, o bisfenol A age como o hormônio sexual feminino estrogênio. O produto químico é menos potente que o hormônio sexual natural, mas há evidências de que interfere principalmente na reprodução. O bisfenol A já foi associado em pesquisas ao câncer de mama, de próstata, diabetes, obesidade, síndrome de hiperatividade, infertilidade, aborto e puberdade precoce e tardia.

A EFSA, correspondente a Anvisa na Europa está reavaliando a utilização do bisfenol A e tem a previsão de publicação de um novo relatório ainda este ano. O Canadá, Dinamarca, Costa Rica e França, no entanto, já proibiram, como medida de precaução, o bisfenol A em mamadeiras e outros produtos infantis. Segundo Jochen Flasbarth, ainda há alguma lacunas em relação ao bisfenol A, no entanto, como precaução, as evidências disponíveis são suficientes para limitar o uso de certos produtos contendo o químico.

A agência que regula produtos químicos na Europa – REACH (Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas)- reforça a responsabilidade da indústria química. As empresas que fabricam o bisfenol A, ou que utilizam a substância, são responsáveis pela avaliação dos riscos do químico em todo seu ciclo de vida e devem minimizá-los. A Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha vai analisar a questão cuidadosamente para decidir quais medidas adicionais serão tomadas para proteger os seres humanos e o meio ambiente.

Como precaução, a Agência recomenda aos fabricantes, importadores e usuários de bisfenol A que substituam o químico imediatamente.

Fonte – umweltbundesamt.de / dw-online.de / O Tao do Consumo

Nova pesquisa revela que exposição ao bisfenol A é gravemente subestimada

Americanos estão expostos a quantidade oito vezes superior que a permitida por lei; químico presente no plástico e em latas é associado a câncer e diabetes infantil

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) afirma que a ingestão diária de até 50 microgramas de bisfenol A (BPA) por peso corporal não traza problemas para a saúde. Mas uma nova pesquisa publicada no jornal científico Environmental Health Perspectives sugere que diariamente estamos expostos a uma quantidade no mínimo oito vezes superior. “Os números encontrados na pesquisa são assustadores porque indicam que as agências reguladoras subestimaram substancialmente o nível atual de exposição humana”, afirma o estudo. A pesquisa também confirma que o BPA é processado de maneira similar por ratos, macacos e humanos, o que torna possível extrapolar estudos feitos com animais para humanos.

Embora o bisfenol A venha sendo bastante pesquisado nas últimas décadas ainda é considerado um assunto polêmico entre cientistas e políticos. A senadora democrata Dianne Feistein está preparando uma emenda proibindo o químico em embalagens alimentares infantis para o “Ato de Modernização na Segurança Alimentar”, que está no Senado a espera de aprovação. Republicanos e representantes da indústria plástica e alimentar se opõem à emenda. Afirmam que as pesquisas ainda não são conclusivas.

O bisfenol A é um composto químico e seu uso foi associado a uma maior incidência de problemas cardíacos, diabetes, anormalidades no fígado e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. Alguns estudos também provam que o bisfenol é responsável pelo crescimento de células cancerígenas, diminuição de esperma e micropenia.

Atualmente, o bisfenol A é proibido em quatro países: França, Canadá, Costa Rica e Dinamarca. Nos Estados Unidos, pelo menos sete estados também já proibiram a fabricação de mamadeiras com o policarbonato. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as determinações de produtos devem ser adotadas pelo Mercosul e, portanto, precisam ser aceitas dentro do bloco econômico antes de serem incorporadas na legislação de cada país.

Hormônios são essenciais durante o desenvolvimento de fetos e bebês e podem determinar entre outras coisas o sexo do bebê. Como o BPA imita o funcionamento do estrogênio, ele é um interferente endócrino. De acordo com Thomas Zoeller, professor de biologia na Universidade de Massachusetts, o bisfenol A não se limita a interagir com um receptor. “Ele tem a habilidade de se ligar a três receptores, o estrogênio, o hormônio masculino e receptores de hormônios da tireoide”, disse Zoeller.

Método – Alguns cientistas não têm certeza se a habilidade do BPA de se ligar a receptores pode mesmo acarretar danos à saúde. Todos concordam, porém, que o BPA é parecido com o estrogênio e de fato, foi primeiro sintetizado com o objetivo de ser utilizado com um substituto do estrogênio antes de ser usado como revestimento interno de latas e em plásticos de policarbonato.

Dentro da esfera científica, a controvérsia é a seguinte: Será que o fígado processa o químico e o expele quase completamente pela urina ou será que o BPA entra para a corrente sanguínea onde pode agir como hormônio?

De acordo com Zoeller para responder essa pergunta seria necessário realizar uma pesquisa onde humanos recebessem uma dose de BPA conhecida e tivessem seu sangue analisado, mas um experimento assim levantaria questões éticas. O único estudo com humanos foi feito em 2002 pelo pesquisador alemão Wolfgang Völkel, da Universidade de Würzburg.

Segundo Völkel, o fígado remove mais de 99% do BPA da corrente sanguínea e humanos o excretam dentro de seis horas. Ele registrou a presença de BPA no sangue depois das seis horas em alguns voluntários, mas considerou a quantidade insignificante.

Esse é um dos pontos da controvérsia. Alguns pesquisadores dizem que o método que Völkel usou para medir o BPA no sangue não era sensível o suficiente e que ele superestimou a habilidade do químico passar por nosso sistema sem causar danos.

O novo estudo, liderado por Julia Taylor, uma bióloga da Universidade de Missouri, utiliza um tipo de teste mais sensível. Ela alimentou os ratos e macacos com uma quantidade fixa de BPA por dia. E então analisou o sangue dos animais e achou quantidades “biologicamente ativas”do BPA.

O estudo sugere que o bisfenol A não é completamente removido pelo fígado e que circula no sangue em quantidades que são preocupantes, diz Taylor. “Foi a primeira vez que se comparou em um estudo ratos e macacos e macacos e humanos”, disse Taylor. “Para nós cientistas, pelo menos no senso acadêmico, o resultado da pesquisa é uma confirmação do que já pensávamos.” O estudo também possibilita extrapolar os resultados de ratos e macacos para humanos, já que todos processam o bisfenol A de maneira similar.

O estudo sugere que nem todas as formas de exposição ao bisfenol A são conhecidas. “Os dados provam que é preciso reconsiderar hipóteses anteriores sobre o BPA, como por exemplo que o químico é rapidamente excretado do corpo e a diferença do metabolismo entre espécies,” disse Linda Birnbaum, diretora do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental. “O artigo destaca a necessidade de compreender melhor todas as possíveis fontes de exposição humana.”

O que fazer?

Mas e os consumidores que continuam se preocupando com sua própria exposição diária a esse polêmico químico? Como podem reduzir a exposição? O Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental recomenda os seguintes passos:

• Utilizar mamadeiras sem bisfenol A (BPA free);
• Não aquecer no microondas embalagens que sejam feitas com plástico de policarbonato;
• Reduzir o consumo de enlatados;
• Utilizar recipientes para guardar e armazenar alimentos feitos de vidro, porcelana ou aço inox sempre que possível, especialmente para alimentos ainda quentes;
• Evitar comprar produtos de plástico feitos com BPA.


FONTE: http://www.funverde.org.br/blog/archives/7867

domingo, 21 de novembro de 2010

TEDxSP 2009 - Paulo Saldiva: Exclusão e racismo ambiental

Instituto Saúde e Sustentabilidade


Excelente vídeo elaborado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade. Vale a pena assistir.
O que o vídeo relata não acontece apenas em São Paulo, mas sim em todas as cidades em que seus governantes não possuem uma visão ecossustentável e acreditam que o correto é o "Progresso" a qualquer custo !
No site do Instituto está disponível um Sumário de evidências criado num Workshop que aconteceu ano passado na USP. O sumário intitulado: Sumário de evidências: Saúde, sustentabilidade e cidadania - um observatório de caso urbano tendo como cénário a região metropolitana de São Paulo está disponível no seguinte link e vale a pena ser lido.
Os exemplos utilizados valem para todas as cidades que enfrentam diversos problemas relacionados à alterações ambientais e que geram impacto em todo ecossistema. Isso inclui impacto na saúde humana com perda de qualidade de vida, diversas doenças relacionadas às múltiplas poluições (água, solo, atmosférica, sonora, eletromagnética), rombos nos cofres públicos (internação hospitalar, medicações)...
É como o Dr. Paulo Saldiva disse em uma entrevista: os nossos governantes deveriam receber Formação para gerir cidades, pensando sempre em impactos ambientais a curto, médio e longo prazo.
Acredito que deveriam utilizar a cabecinha e perceber que gastos inteligentes no presente podem evitar rombos futuros. Porém, infelizmente não é assim que a banda toca. Tem palhaço querendo descobri o que faz um deputado federal...
Para conhecer mais sobre o trabalho do Instituto Saúde e Sustentabilidade visite o site: http://www.saudeesustentabilidade.org.br/

Novo livro de Ecologia médica: “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.


No Brasil, 80% da população reside em áreas urbanas, mas será que fazemos ideia dos problemas que a falta de cuidados com o meio ambiente nas metrópoles pode causar para a nossa saúde física e mental? Alertar para os possíveis malefícios da vida na cidade é a intenção do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”, do médico patologista Paulo Saldiva.

Na obra, que está sendo lançada pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, o autor pretende mostrar como os problemas de mobilidade, a constante exposição à poluição do ar, a contaminação das águas, a grande quantidade de ruídos, a falta de saneamento, as inundações e as ilhas de calor, entre outros malefícios da vida moderna, afetam a nossa saúde.

A intenção do livro não é causar pânico nas pessoas, mas sim alertar para o fato de que, habituados à vida na cidade, nos acostumamos com uma porção de problemas que, pouco a pouco, destroem nossa saúde. A partir da leitura da obra, o autor espera despertar nas pessoas a consciência a respeito da importância de darmos mais atenção a ecologia urbana.

Para ser produzido, o livro contou com a contribuição de pesquisadores e estudiosos de renome na área de saúde ambiental, como o ex-diretor da Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Alfred Szwarc. O lançamento da obra acontecerá em São Paulo, no dia 23 de novembro. Na ocasião, além de sessão de autógrafos, o autor ministrará a palestra “O homem e a questão ambiental: vilão ou vítima?”, que fala de um dos temas do livro. Os interessados em participar não precisam fazer inscrição prévia e, após o lançamento, o livro estará disponível para compra no site do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

Lançamento e palestra do livro “Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles”
Data: 23 de novembro
Horário: a partir das 19h
Local: Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos
Endereço: Av. das Nações Unidas, nº 4777, Pinheiros – São Paulo/SP

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O consumo de grãos integrais está inversamente relacionado a gordura visceral

Estudos observacionais têm ligado o maior consumo de grãos integrais à diminuição da adiposidade abdominal, no entanto, a associação entre consumo de grãos integrais e refinados e a gordura nos compartimentos de corporal ainda não foi relatada. Diferentes aspectos da dieta podem ser diferencialmente relacionados com a distribuição de gordura corporal.

Pesquisadores da Harvard Medical School avaliaram a associação entre o consumo de grãos integrais e refinados e o tecido adiposo abdominal subcutâneo (TAS) e tecido adiposo visceral (TAV). A ingestão de grãos integrais foi inversamente associada com a TAS (P <0,001) e TAV (P <0,001), após ajuste para idade, sexo, tabagismo e consumo total de energia e álcool. Em contraste, a ingestão de grãos refinados foi positivamente associada com a TAS (P = 0,01) e TAV (P <0,001).

Os dados mostraram que o aumento do consumo de grãos integrais está associado com redução do TAV nos adultos, enquanto o consumo mais elevado de grãos refinados está associado a maior TAV.

A pesquisa foi publicada na revista The American Journal of Clinical Nutrition.

Fonte: The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 92, Number 5, 2010, Pages 1165-1171

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Harvard diz que Bisfenol-A (BPA) também compromete a formação de cromossomos

De acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, publicada esta semana, o bisfenol A (BPA) causa a infertilidade em vermes podendo matar embriões e danificar cromossomos.

Os testes foram realizados com o verme C. elegans, muito utilizado por pesquisadores por ter sua biologia muito similar à dos seres humanos.

Geneticistas da Escola revelaram que em vermes expostos ao BPA, alguns processos de reparação do DNA foram prejudicados nas células que são essências na formação de esperma e ovos. Reportagem de Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do sítio O Tao do Consumo.

A exposição ao químico também danificou a integridade de cromossomos e causou a morte de células. Cromossomos do grupo de controle permaneceram normais, já os cromossomos no grupo exposto ao BPA se apresentaram frágeis e fragmentados. A consequência foi a morte de embriões e vermes menos férteis na pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Demonstramos que a exposição de vermes ao BPA em concentrações internas correspondentes a modelos em mamíferos, causa um aumento de infertilidade e morte embrionária,” escreveram os autores. “Os resultados mostraram que o mecanismo dos efeitos do bisfenol A nos vermes tem o potencial de ser paralelo na reprodução humana,” de acordo com observações que acompanham a publicação do estudo.

A conclusão da pesquisa com certeza esquentará ainda mais o debate sobre a segurança do BPA. O bisfenol A é um químico usado na fabricação de plásticos e como revestimento interno de latas. O problema de sua utilização em embalagens alimentares é que suas moléculas não são estáveis e migram da embalagem para os alimentos.

BPA: uma “substância tóxica”
Pesquisas já associaram o BPA a doenças cardíacas, diabetes, infertilidade, obesidade, puberdade precoce e câncer em humanos. Gestantes e crianças pequenas são o grupo mais afetado. O bisfenol A passa da placenta para o feto e sua presença em bebês e crianças pode comprometer seriamente o sistema reprodutivo já que eles não metabolizam a substância da mesma maneira que adultos.

A preocupação é grande já que o químico foi estimado estar presente em mais de 90% da população dos Estados Unidos e do Canadá.

No mês passado o bisfenol A foi incluído na lista de substâncias tóxicas no Canadá. Ele já foi proibido em mamadeiras e copos infantis na França, Canadá, Dinamarca e Costa Rica além de 7 estados americanos. As proibições foram baseadas no princípio de precaução que pede que quando pesquisas sugerem que uma substância é prejudicial à saúde, sua utilização seja suspensa até prova ao contrário.

A Organização Mundial da Saúde publicou ontem relatório com o resultado da reunião de especialistas sobre o BPA que aconteceu na semana passada no Canadá e afirmou que a maior fonte de exposição ao bisfenol A vem de alimentos, já que ele migra de embalagens para o conteúdo interno.
Fontes:
CBC News
Organização Mundial da Saúde
LA Times
Proceedings of the National Academy of Sciences

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2010/11/16/harvard-diz-que-bisfenol-abpa-tambem-compromete-a-formacao-de-cromossomos/

domingo, 14 de novembro de 2010

Aditivos alimentares e seus possíveis efeitos


Pro teste realiza pesquisa com 24 refrigerantes e o resultado: 7 deles têm Benzeno

Em uma pesquisa com 24 refrigerantes, a Pro Teste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – verificou que 7 têm benzeno, substância potencialmente cancerígena:
1) Sukita Zero
2) Fanta Laranja Light
3) Fanta Laranja,
4) Sprite Zero,
5) Sukita,
6) Dolly Guaraná,
7) Dolly Guaraná Diet

O benzeno surge da reação do ácido benzoico com a vitamina C. Como não há regra para a quantidade do composto em refrigerantes, usou-se o limite para água potável: 5 microgramas por litro.

Os casos mais preocupantes foram o da Sukita Zero, que tinha 20 microgramas, e o da Fanta Light, com 7,5 microgramas. Os outros cinco produtos estavam abaixo desse limite (Dolly Guaraná, Dolly Guaraná Diet, Fanta Laranja, Sprite Zero e Sukita)

Fernanda Ribeiro, técnica da Pro Teste, diz que é difícil estudar a relação direta entre o benzeno e o câncer em humanos, mas que já se sabe que a substância tem alto potencial carcinogênico e que, se consumida regularmente, pode favorecer tumores. “Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há limite seguro para ingestão dessa substância”, diz. Matéria de Flávia Mantovani, da Folha de S. Paulo, em 05/05/2009

A química Arline Abel Arcuri, pesquisadora da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) e integrante da Comissão Nacional Permanente do Benzeno, diz que o composto vem sendo relacionado especialmente a leucemias e, mais recentemente, também ao linfoma.

O fato de entrar em contato com o benzeno não significa necessariamente que a pessoa vá ter câncer –há organismos mais e menos suscetíveis. “Mas não somos um tubo de ensaio para saber se resistimos ou não, e não há limites seguros de tolerância. O ideal, então, é não consumir”, diz Arcuri.

O benzeno está presente no ambiente, decorrente principalmente da fumaça do cigarro e da queima de combustível. Na indústria, é matéria-prima de produtos como detergente, borracha sintética e náilon.

Nesse caso, não contamina o consumidor por se transformar em outros compostos. A principal preocupação é proteger o trabalhador da indústria.

O efeito do benzeno é lento, mas, quanto maior o tempo de exposição e a quantidade do composto, maior a probabilidade de desenvolver o tumor.

Adoçantes e corantes

A pesquisa da Pro Teste encontrou, ainda, adoçantes na versão tradicional do Grapette, não informados no rótulo. O problema é maior no caso de crianças, que devem ingerir menos adoçantes.

Foram reprovados outros seis produtos [Fanta Laranja, Fanta Laranja Light, Grapette, Grapette Diet, Sukita e Sukita Zero] que tinham os corantes amarelo crepúsculo –que, segundo estudos, favorece a hiperatividade infantil– e amarelo tartrazina –com alto potencial alergênico. “O amarelo crepúsculo já foi proibido na Europa. E muitas crianças têm alergia a alguns alimentos e, depois, descobre-se que o problema é o amarelo tartrazina”, diz Ribeiro.

Os corantes são aprovados no Brasil, mas, para a Pro Teste, as empresas deveriam substituí-los por outros que não sejam problemáticos, assim como no caso do ácido benzoico. “É um problema fácil de ser resolvido”, diz Ribeiro.

Outro lado

A Coca-Cola, responsável pela Fanta, afirmou, em nota, que cumpre a lei e que os corantes de bebidas são descritos no rótulo. Afirma, ainda, que o benzeno está presente em alimentos e bebidas em níveis muito baixos.

A AmBev, que fabrica a Sukita, informou que trabalha “sob os mais rígidos padrões de qualidade e em total atendimento à legislação brasileira”.

Cláudio Rodrigues, gerente-geral da Refrigerantes Pakera, que fabrica o Grapette, diz que a bebida tradicional pode ter sido contaminada por adoçantes porque as duas versões são feitas na mesma máquina. “Os tanques são lavados, mas pode ter ficado resíduo de adoçante no lote testado.”

Comentário de Carol Salsa

Especulamos mais sobre o assunto e, verificamos que o benzeno vem sendo investigado há mais tempo. Em 01 de abril de 2006, um artigo intitulado “ Refrigerantes são tirados das prateleiras”, escrito por Valerie Elliot, da Times online veiculado na web através da página http://www.nossofuturoroubado.com.br/old/0606te%20refri.htm com tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, em maio de 2006, discute a ação do benzeno em refrigerantes no Reino Unido.

Outro artigo , de 04/06/2007 , indica o link http://www.ksd.uscounts.gov/opinions/062163KHV-78.pdf para a leitura na íntegra da decisão da juíza Kathryn H. Vratil da Justiça Federal de Kansas em relação ao assunto.

No Brasil, onde estão as autoridades de segurança alimentar para endossarem ou não as argumentações das técnicas da Pro Teste ?

Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2009/05/15/pesquisa-revela-que-sete-refrigerantes-tem-tem-benzeno-substancia-potencialmente-cancerigena/

Para ler mais sobre Testes do Pro Teste: http://www.proteste.org.br/

Para ler mais sobre corantes: http://www.ecologiamedica.net/2010/11/aditivos-alimentares.html

sábado, 13 de novembro de 2010

Pesquisa relaciona aumento do risco de obesidade à contaminação pelo agrotóxico atrazina

Um novo estudo [Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance], publicado na PLos One, mostra que ratos submetidos à exposição prolongada ao agrotóxico atrazina tiveram sobrepeso quando alimentados com dieta normal e obesidade quando alimentados com dietas de alto teor de gordura. Estas condições de saúde podem levar à diabetes e podem ser responsáveis por danos às estruturas críticas nas células responsáveis pela elaboração de energia.


Os resultados sugerem um novo mecanismo para explicar resultados de estudos anteriores que encontraram uma associação entre as áreas dos Estados Unidos com pesada aplicação de atrazina e a alta prevalência de obesidade.
Para os primeiros meses de estudo os ratos expostos à atrazina e alimentados com dieta normal pesaram o mesmo. No entanto, ao final do estudo, os ratos alimentados com a dieta normal, expostos à água potável com resíduos de atrazina, ficaram 5% mais pesados do que os ratos não expostos ao agrotóxico. Os ratos expostos à atrazina, que foram alimentados com a dieta com alto teor de gordura ficaram 10% mais pesados do que os que não foram expostos mas que foram alimentados com a mesma dieta com alto teor de gordura.

Não foram observadas diferenças no consumo alimentar e no nível de atividade entre os grupos de ratos.

A gordura visceral, ou a gordura que envolve os órgãos do corpo, bem como a gordura dentro dos próprios órgãos, foi a razão para o excesso de peso.

Os ratos expostos à atrazina foram mais resistentes à insulina e os níveis de glicose e insulina em ambos foram significativamente maiores do que nos ratos não expostos à atrazina.

Ensaios de atividade mitocondrial mostrou que a atrazina atuou diretamente , prejudicando o funcionamento das mitocôndrias.

O excesso de gordura em seres humanos é atualmente uma ‘epidemia’ nos Estados Unidos e está associada a doenças cardiovasculares, diabetes e uma série de outros problemas.

Embora as concentrações de atrazina utilizadas neste estudo fossem inferiores aos limites tolerados na água potável (3 microgramas por litro), a dose de baixa concentração utilizada neste estudo foi de mais de 10 mil vezes menor do que a dose necessária para causar efeitos reprodutivos, de acordo com outros estudos em ratos e está no intervalo das doses requeridas para aumentar o risco de câncer em células humanas (Wetzel et al. 1994; Sanderson et al., 2000).


Outras fontes de consulta:

Hayes TB, A Collins, M Lee, M Mendoza, N Noriega, AA Stuart and A Vonk 2002. Hermaphroditic, demasculinized frogs after exposure to the herbicide atrazine at low ecologically relevant doses. Proceedings of the National Academy of Sciences 99:5476-5480.

National Tap Water Database. Environmental Working Group.

Petersen KF, D Befroy, S Dufour, J Dziura, C Ariyan, DL Rothman, L DiPietro, GW Cline and GI Shulman 2003. Mitochondrial dysfunction in the elderly: possible role in insulin resistance. Science 300:1140-1142.

Sanderson JT, W Seinen, JP Giesy and M van den Berg 2000. 2-chloro-s-triazine herbicides induce aromatase (CYP19) activity in H295R human adrenocortical carcinoma cells: A novel mechanism for estrogenicity? Toxicological Sciences 54:121-127.

Wetzel LT, LG Luempert, CB Breckenridge, MO Tisdel, JT Stevens, AK Thaker, PJ Extrom and JC Eldridge 1994. Chronic effects of atrazine on estrus and mammary-tumor formation in female Sprague-Dawley and Fischer-344 rats. Journal of Toxicology and Environmental Health 43:169-182.

O artigo “Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance“, publicado na PLos One, está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:

Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance

Soo Lim1, Sun Young Ahn4, In Chan Song2, Myung Hee Chung3, Hak Chul Jang1, Kyong Soo Park1, Ki-Up Lee5, Youngmi Kim Pak4*, Hong Kyu Lee1*

1 Department of Internal Medicine, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 2 Department of Radiology, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 3 Department of Pharmacology, Seoul National University College of Medicine, Seoul, Korea, 4 Age-Related and Brain Diseases Research Center, Department of Nanopharmaceutical and Life Sciences, Department of Physiology, Kyung Hee University College of Medicine, Seoul, Korea, 5 Department of Internal Medicine, University of Ulsan College of Medicine, Seoul, Korea

Abstract

There is an apparent overlap between areas in the USA where the herbicide, atrazine (ATZ), is heavily used and obesity-prevalence maps of people with a BMI over 30. Given that herbicides act on photosystem II of the thylakoid membrane of chloroplasts, which have a functional structure similar to mitochondria, we investigated whether chronic exposure to low concentrations of ATZ might cause obesity or insulin resistance by damaging mitochondrial function. Sprague-Dawley rats (n = 48) were treated for 5 months with low concentrations (30 or 300 µg kg?1 day?1) of ATZ provided in drinking water. One group of animals was fed a regular diet for the entire period, and another group of animals was fed a high-fat diet (40% fat) for 2 months after 3 months of regular diet. Various parameters of insulin resistance were measured. Morphology and functional activities of mitochondria were evaluated in tissues of ATZ-exposed animals and in isolated mitochondria. Chronic administration of ATZ decreased basal metabolic rate, and increased body weight, intra-abdominal fat and insulin resistance without changing food intake or physical activity level. A high-fat diet further exacerbated insulin resistance and obesity. Mitochondria in skeletal muscle and liver of ATZ-treated rats were swollen with disrupted cristae. ATZ blocked the activities of oxidative phosphorylation complexes I and III, resulting in decreased oxygen consumption. It also suppressed the insulin-mediated phosphorylation of Akt. These results suggest that long-term exposure to the herbicide ATZ might contribute to the development of insulin resistance and obesity, particularly where a high-fat diet is prevalent.

Citation: Lim S, Ahn SY, Song IC, Chung MH, Jang HC, et al. (2009) Chronic Exposure to the Herbicide, Atrazine, Causes Mitochondrial Dysfunction and Insulin Resistance. PLoS ONE 4(4): e5186. doi:10.1371/journal.pone.0005186

Editor: German Malaga, Universidad Peruana Cayetano Heredia, Peru

Received: February 10, 2009; Accepted: February 19, 2009; Published: April 13, 2009

Copyright: © 2009 Lim et al. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.



Funding: This work is supported by the IT R&D program of MIC/IITA [2006-S075-01 to HK Lee, Development of an early diagnostic system of metabolic syndrome based on nanosensor integrated network computing], a Korea Science and Engineering Foundation (KOSEF) grant (M10642140004-06N4214-00410 to YK Pak) and a grant from the 21C Frontier Functional Proteomics Project (FPR08A1-070 to YK Pak) from the Ministry of Education, Science & Technology, Korea. The funders had no role in study design, data collection and analysis, decision to publish, or preparation of the manuscript.

Competing interests: The authors have declared that no competing interests exist.

* E-mail: ykpak{at}khu.ac.kr (YKP); hkleemd{at}snu.ac.kr (HKL)

FONTE:  http://www.ecodebate.com.br/2009/05/30/pesquisa-relaciona-aumento-do-risco-de-obesidade-a-contaminacao-pelo-agrotoxico-atrazina/

Pesquisadores associam lúpus e artrite reumatoide à exposição a inseticidas, por Henrique Cortez

Um estudo [Farm History, Insecticide Use and Risk of Autoimmune Rheumatic Disease in the Women's Health Initiative Observational Study] recente mostra que as mulheres que usam inseticidas possuem elevado risco de desenvolvimento de doenças auto-imunes, como artrite reumatoide e lúpus. Os resultados do estudo, ainda não publicado, foram apresentados, em 17 de outubro de 2009, durante a reunião anual do Colégio Americano de Reumatologia, realizada em Filadélfia, PA, EUA.

O estudo, que analisou mais de 75.000 mulheres, mostra que a exposição a inseticidas, pelo menos, seis vezes por ano, eleva em quase duas vezes e meia o risco de desenvolver artrite reumatoide e lúpus em relação às que não foram expostas aos inseticidas. O risco duplica se os inseticidas foram utilizados em casa por 20 anos ou mais.

Contratar um jardineiro ou sociedade comercial para aplicar inseticidas também resultou em uma duplicação do risco, mas apenas se eles foram usados a longo prazo, diz Christine G. Parks, PhD, epidemiologista do National Institute of Environmental Health Sciences em Research Triangle Park, NC, uma das principais pesquisadores que analisaram dados do Women’s Health Initiative (WHI) Observational Study*.

“Nossos novos resultados fornecem suporte para a idéia de que fatores ambientais podem aumentar a susceptibilidade ou desencadear o desenvolvimento de doenças auto-imunes em alguns indivíduos”, disse Parks. Embora o estudo não confirme a relação direta de causa e efeito, a Dra. Parks acrescentou: “Precisamos começar a pensar sobre o que os produtos químicos ou outros fatores relacionados ao uso de inseticidas pode mexplicar estes resultados.”

Das 76.861 mulheres na pós-menopausa, principalmente mulheres brancas, com idades entre 50 a 79, no estudo WHI, 178 delas tinham artrite reumatóide e 27 tinham lúpus. Um adicional de oito mulheres tinham ambos os transtornos.

Como parte do estudo, as mulheres foram consultadas sobre uma série de questões relacionadas à agricultura e uso de inseticidas. “O mais importante, as relações que observamos não foram explicadas por outros fatores que foram considerados, incluindo a história de fazenda, idade, raça, etnia, fatores socioeconômicos, como educação e ocupação, tabagismo e outros fatores de risco para a doença,” Dra. Parks diz.

“Os resultados são bastante consistentes porque eles mostram que quanto maior a exposição, maior o risco”, diz Darcy Majka, MD, professor assistente de medicina da Northwestern University Feinberg School of Medicine, outro pesquisador que analisou os dados da WHI .

Segundo a Dra. Parks, os estudos mostram que cerca de três quartos das famílias dos EUA relatam o uso de inseticidas em casa, nos jardim ou ambos. A exposição doméstica a inseticidas em casa pode ser bastante persistente, não só porque os produtos degradam lentamente como porque sua aplicação tende a ser continuada ao longo do tempo.

* O Women’s Health Initiative (WHI) foi um importante programa de 15 anos de pesquisa, instituído para avaliar e identificar as causas de morte mais comuns, a deficiência e má qualidade de vida em mulheres na pós-menopausa, com especial foco nas doenças cardiovasculares, câncer e osteoporose.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract da apresentação:

Farm History, Insecticide Use and Risk of Autoimmune Rheumatic Disease in the Women’s Health Initiative Observational Study
Christine G. Parks1, Brian T. Walitt2, Mary Pettinger3, Jiu-Chiuan Chen4, Anneclaire de Roos3, Julie Hunt3, Gloria Sarto5 and Barbara V. Howard6, 1National Institute of Environmental Health Science, Research Triangle Park, NC, 2Washington Hospital Center, Washington, DC, 3Fred Hutcinson Cancer Research Center, Seattle, WA, 4USC Keck School of Medicine, Los Angeles, 5University of Wisconsin Medical Center, Madison, 6Medstar Research Institute, Washington, DC
Presentation Number: 614

Purpose: Farming has been previously associated with the autoimmune rheumatic diseases (ARD), including rheumatoid arthritis (RA) and systemic lupus erythematosus (SLE). The exposure(s) underlying this association are not well-understood, and few studies have directly addressed the role of pesticides, including personal and residential insecticide use.

Method: Using data from the Women’s Health Initiative Observational Study (n=76,861, aged 50-79 years), we examined self-reported lifetime personal or commercial residential insecticide use and having lived or worked on a farm in relation to risk of incident ARD, confirmed by use of disease modifying anti-rheumatic drugs at year 3 of follow-up (n=213; 178 with RA only, 27 with SLE only, and 8 with both RA and SLE), and excluding unconfirmed cases. Hazard ratios (HR) and 95% confidence intervals (CI) were estimated by multivariate models adjusting for age and covariates, including race, region, education, occupation, history of smoking, asthma, other autoimmune diseases, co-morbidity, and reproductive factors.

Results: Compared with never use, personal insecticide use (mixing or applying) was associated with ARD risk, with stronger associations among those with a greater frequency (age-adjusted HR=2.47; 95%CI 1.51, 4.03 for ? 6 times per year) and duration of use (age-adjusted HR=2.07; 95% CI 1.31, 3.25 for ? 20 years). Increasing cumulative insecticide use (years X applications) also showed a significant trend of association (p=0.0004) with ARD risk, and these associations persisted after adjusting for farming and covariates. Having lived or worked on a farm was also associated with ARD risk (age-adjusted HR=1.97; 95% CI 1.14, 3.42 for ?20 years), but the effect size was diminished after adjusting for covariates and insecticide use. Despite the small number of SLE cases, disease-stratified analyses indicated similar associations as seen for RA. In those who had lived or worked on a farm, frequent commercial application to home or garden was also associated with ARD risk, even after adjusting for covariates and personal insecticide use (adjusted HR=2.73; 95%CI 1.1, 6.78 for ?6 times per year). Long-term commercial residential insecticide exposure was significantly associated with ARD risk regardless of farming history (age-adjusted HR=1.85; 95% CI 1.13, 3.04 for ?20 years).

Conclusion: Insecticide exposure may increase risk of ARD in post-menopausal women. These findings, based on self-report, provide rationale for further investigation of specific personal and environmental insecticide exposures in relation to ARD.

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2009/11/30/pesquisadores-associam-lupus-e-artrite-reumatoide-a-exposicao-a-inseticidas-por-henrique-cortez/