terça-feira, 20 de maio de 2025

Análogos de glp-1 e Saúde Mental

Agonistas do Receptor de GLP-1 e Saúde Mental: Uma Revisão Sistemática e Meta-análise

Pontos-chave

Pergunta: Quais são os desfechos psiquiátricos, de qualidade de vida e cognitivos com o uso de agonistas do receptor de GLP-1 (GLP1-RA) em comparação com placebo em ensaios clínicos com pacientes com diabetes e/ou obesidade?

Achados: Esta revisão sistemática e meta-análise com mais de 107.000 pacientes mostrou que, em comparação com o placebo, o tratamento com GLP1-RA não esteve associado a aumento do risco de eventos adversos psiquiátricos. Além disso, o tratamento com GLP1-RA foi associado a melhorias na qualidade de vida relacionada à saúde física e mental, bem como à redução de comportamentos alimentares emocionais e ao aumento do controle alimentar.

Significado: O tratamento com GLP1-RA é seguro do ponto de vista psiquiátrico e pode estar associado a melhora no bem-estar mental — fator que deve ser considerado na escolha terapêutica para obesidade e diabetes, condições frequentemente ligadas à pior saúde mental e qualidade de vida.

Resumo

Importância: Pessoas com obesidade e diabetes apresentam piores desfechos psiquiátricos e cognitivos, além de menor qualidade de vida (QV), em comparação com pessoas sem essas condições. Os agonistas do receptor de GLP-1 (GLP1-RA), utilizados no tratamento do diabetes e da obesidade, podem também influenciar positivamente esses desfechos.

Objetivo: Conduzir uma meta-análise de ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo para avaliar os efeitos dos GLP1-RAs sobre desfechos psiquiátricos, cognitivos e de QV.

Fontes de dados: Foram pesquisadas as bases de dados MEDLINE, Embase, PsycINFO e CENTRAL desde sua criação até 24 de junho de 2024.

Seleção dos estudos: Ensaios clínicos duplo-cegos, controlados por placebo, com adultos com sobrepeso/obesidade e/ou diabetes, que relataram desfechos psiquiátricos, cognitivos ou de qualidade de vida.

Extração e análise dos dados: 

A extração de dados foi feita por dois revisores de forma paralela. Utilizou-se modelo de efeitos aleatórios na meta-análise. As medidas de efeito foram razão de risco logarítmica (log[RR]) e diferença média padronizada (Hedges g). A qualidade metodológica foi avaliada pela ferramenta RoB2 da Cochrane, e a certeza das evidências pelo GRADEpro.

Desfechos principais: Risco de eventos adversos psiquiátricos (graves e não graves), mudanças na gravidade dos sintomas mentais, qualidade de vida relacionada à saúde e cognição.

Resultados: Foram incluídos 80 ensaios clínicos randomizados, totalizando 107.860 pacientes. A média de idade foi de 60,1 (±7,1) anos; 43.251 (40,1%) eram mulheres e 64.608 (59,9%) homens.
O tratamento com GLP1-RA não foi associado a risco aumentado de eventos adversos psiquiátricos graves (log[RR] = –0,02; IC 95%, –0,20 a 0,17; p = 0,87) nem não graves (log[RR] = –0,03; IC 95%, –0,21 a 0,16; p = 0,76), nem a piora de sintomas depressivos (g = 0,02; IC 95%, –0,51 a 0,55; p = 0,94), comparado ao placebo.

Houve associação significativa com melhora no controle alimentar (g = 0,35; IC 95%, 0,13 a 0,57; p = 0,002), alimentação emocional (g = 0,32; IC 95%, 0,11 a 0,54; p = 0,003), qualidade de vida relacionada à saúde mental (g = 0,15; IC 95%, 0,07 a 0,22; p < 0,001), à saúde física (g = 0,20; IC 95%, 0,14 a 0,26; p < 0,001), à diabetes (g = 0,23; IC 95%, 0,15 a 0,32; p < 0,001) e ao peso (g = 0,27; IC 95%, 0,18 a 0,35; p < 0,001), quando comparado ao placebo.

Conclusões e relevância: Em pacientes com sobrepeso/obesidade e/ou diabetes, o uso de GLP1-RA não se associa a maior risco de eventos psiquiátricos adversos nem à piora de sintomas depressivos, e está associado a melhora da qualidade de vida, do controle alimentar e do comportamento alimentar emocional. Esses achados reforçam a segurança psiquiátrica desses medicamentos e sugerem que eles contribuem tanto para o bem-estar físico quanto emocional.

* Introdução

Pessoas que vivem com obesidade e/ou diabetes apresentam maior risco de morbidade psiquiátrica. Em comparação com a população geral, indivíduos com diabetes tipo 2 têm o dobro de chance de desenvolver depressão, com taxas ainda mais elevadas no diabetes tipo 1. 

Observa-se uma relação bidirecional entre condições metabólicas e psiquiátricas: pessoas com obesidade têm 55% mais chance de desenvolver depressão, enquanto a depressão aumenta em 58% o risco de desenvolver obesidade. Além disso, a presença de comorbidades psiquiátricas piora os desfechos do diabetes, incluindo menor adesão ao tratamento, pior controle glicêmico e aumento das complicações diabéticas. 

Pessoas com diabetes e obesidade também apresentam maior risco de déficits cognitivos. Como consequência, observa-se uma redução na qualidade de vida (QV) desses indivíduos.

Os agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1 (GLP1-RAs) são tratamentos inovadores e altamente eficazes para obesidade e diabetes tipo 2, com evidências também de benefício no diabetes tipo 1. 

Um número crescente de estudos pré-clínicos e clínicos sugere que os GLP1-RAs também podem melhorar desfechos psiquiátricos, cognitivos e de qualidade de vida. Assim, esses medicamentos podem promover benefícios tanto físicos quanto emocionais em pessoas com distúrbios metabólicos.

Apesar disso, apenas três meta-análises anteriores de ensaios clínicos randomizados (ECRs) avaliaram seus efeitos psiquiátricos. Uma relatou apenas desfechos de depressão, mostrando que, em uma amostra agrupada de 2.071 pacientes, o tratamento com GLP1-RA foi associado à redução de sintomas depressivos em comparação com outros antidiabéticos em pacientes com diabetes tipo 2, mas foi limitada pelo uso de dados observacionais e populações heterogêneas. A segunda analisou desfechos psiquiátricos associados ao liraglutida, em comparação com placebo, no tratamento da obesidade; apesar de considerar o perfil neuropsiquiátrico do liraglutida como seguro, observou-se aumento numérico de ideação e comportamento suicida no grupo tratado com liraglutida. Mais recentemente, uma meta-análise de 31 ECRs comparando GLP1-RAs com placebo ou outras medicações não encontrou alteração em desfechos psiquiátricos.

Até o momento, seis estudos realizaram meta-análises de desfechos de qualidade de vida em ECRs com GLP1-RAs para obesidade e/ou diabetes. 

Esses estudos mostraram predominantemente efeitos positivos sobre a QV e a função física, embora nenhum tenha examinado especificamente a QV relacionada à saúde mental.

Nosso objetivo foi sintetizar de forma abrangente as evidências de ensaios clínicos duplo-cegos, randomizados e controlados por placebo, com indivíduos com sobrepeso/obesidade e/ou diabetes, que avaliaram desfechos de saúde mental — especificamente, o risco de eventos adversos psiquiátricos e mudanças em escalas validadas de sintomas psiquiátricos, QV relacionada à saúde mental e cognição. 

Além disso, buscamos explorar a relação entre fatores demográficos (como idade e sexo), magnitude da perda de peso e redução da hemoglobina glicada (HbA1c) sobre esses desfechos.

Discussão

Investigamos a associação entre agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1 (GLP1-RAs) e desfechos em saúde mental. 

Nosso principal achado é a ausência de evidência de aumento no risco de eventos adversos psiquiátricos com o uso de GLP1-RAs em comparação com placebo, em pessoas com sobrepeso/obesidade ou diabetes. Esse dado é importante, considerando preocupações recentes de agências regulatórias internacionais e da Organização Mundial da Saúde quanto a um possível aumento no risco de suicidabilidade, autoagressão e eventos adversos psiquiátricos em pacientes que utilizam GLP1-RAs. No entanto, os relatos de segurança têm sido inconsistentes, e nossa análise avança esse debate ao incluir grupos placebo para controlar potenciais fatores de confusão.

Nossos resultados também são consistentes com uma análise post hoc recente de quatro ensaios clínicos controlados por placebo com semaglutida em indivíduos com sobrepeso/obesidade, que não encontrou diferença na gravidade da depressão ou em ideação/comportamento suicida em comparação ao placebo. Esse estudo também amplia uma meta-análise anterior que mostrou aumento numérico de suicidabilidade com liraglutida em comparação ao placebo nos primeiros estudos clínicos, incluindo agora um número 20 vezes maior de participantes para testar essa hipótese de forma mais robusta.

Dado que não observamos diferença em relação ao placebo, os sinais de segurança relatados anteriormente provavelmente refletem o risco aumentado já conhecido de depressão e suicidabilidade em pessoas com obesidade e diabetes, e não um efeito direto do tratamento com GLP1-RA. De fato, nossos resultados estão alinhados com um grande estudo de coorte retrospectivo recente que não encontrou maior risco de ideação suicida em pessoas tratadas com semaglutida em comparação com outros medicamentos para obesidade ou diabetes.

Não observamos associação entre o uso de GLP1-RA e alteração em sintomas depressivos em comparação ao placebo. Contudo, essa interpretação deve ser feita com cautela devido ao número reduzido de estudos, além de escores basais baixos — provavelmente porque pacientes com depressão foram excluídos dos ensaios. 

Vale destacar que uma meta-análise anterior que reuniu dados de ECRs e estudos observacionais, incluindo pacientes com e sem distúrbios neurológicos (como doença de Parkinson), observou que o tratamento com GLP1-RA foi associado à redução de sintomas depressivos em comparação a outros agentes antidiabéticos.

Futuros ECRs com GLP1-RAs devem coletar rotineiramente dados sobre sintomas depressivos e incluir pessoas com transtornos psiquiátricos, para apoiar a compreensão dos efeitos desses medicamentos sobre a saúde mental.

Observamos uma associação entre o tratamento com agonistas do receptor de GLP-1 (GLP1-RAs) e uma melhora significativa no comportamento de alimentação restritiva, além de uma redução na alimentação emocional, em comparação com o placebo. Esse achado era esperado, dado o conhecido efeito de saciedade induzido pelo neuropeptídeo GLP-1 no cérebro e seu papel fisiológico no sistema de recompensa mesolímbico, levando à redução da ingestão alimentar. Esses resultados estão em consonância com um ensaio clínico randomizado em pessoas com obesidade que demonstrou que a exenatida reduziu as respostas cerebrais, em exames de ressonância magnética funcional, a estímulos alimentares em áreas do cérebro relacionadas ao apetite e recompensa.

Além disso, uma revisão sistemática de estudos pré-clínicos demonstrou efeitos benéficos do GLP-1 em distúrbios relacionados ao sistema de recompensa, tanto com substâncias de abuso quanto com alimentos altamente palatáveis. De fato, estudos clínicos piloto mostraram efeitos positivos dos GLP1-RAs no transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), e uma revisão sistemática recente sugeriu que esses medicamentos poderiam ser reposicionados para essa indicação. Nossos achados oferecem evidências adicionais nesse sentido e apoiam a realização de ensaios clínicos específicos para TCAP.

Nosso estudo também identificou uma associação entre o uso de GLP1-RAs e uma melhora significativa na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) em comparação ao placebo, em todos os domínios avaliados, incluindo saúde física e mental. Curiosamente, não observamos uma relação entre a melhora na QVRS relacionada à saúde mental e a magnitude da perda de peso ou da redução da HbA1c. Isso sugere que os benefícios mentais associados ao uso de GLP1-RAs podem não ser totalmente mediados pela perda de peso — sabidamente associada à melhora de qualidade de vida na obesidade — ou pelo controle glicêmico. Pode haver, portanto, um efeito cerebral direto que media os benefícios psicológicos do tratamento com GLP1-RAs. Embora se saiba que a sinalização do GLP-1 em áreas como o hipocampo, o sistema de recompensa mesolímbico e a área tegmental ventral contribui para o controle da ingestão alimentar, ainda não está claro quais vias estão envolvidas nos efeitos psicológicos observados. 

Estudos futuros devem buscar caracterizar melhor os mecanismos centrais dos GLP1-RAs.

Observamos maiores melhorias na QVRS física entre mulheres e pacientes mais jovens. A razão para isso não é clara, já que a pior qualidade de vida em pessoas com diabetes tipo 2 costuma estar associada ao sexo feminino e ao aumento da idade. O tratamento com GLP1-RAs também foi associado a uma melhora significativa na qualidade de vida geral em comparação ao placebo; no entanto, esse resultado deve ser interpretado com cautela devido ao pequeno número de estudos incluídos e ao pequeno tamanho do efeito observado. Os tamanhos de efeito para outras melhorias de QVRS com GLP1-RAs foram modestos, embora comparáveis aos de uma meta-análise prévia que comparou GLP1-RAs com o tratamento padrão.

Por fim, não conseguimos observar evidências claras de associação entre o tratamento com GLP1-RAs e desfechos cognitivos, devido ao pequeno número de estudos disponíveis. No entanto, nossos resultados são consistentes com duas meta-análises recentes que investigaram cognição em pacientes com diabetes tipo 2 tratados com GLP1-RAs. Há algumas evidências de que esses medicamentos possam ter efeitos neuroprotetores em doenças neurodegenerativas associadas ao diabetes, como Alzheimer e Parkinson, e estudos futuros devem explorar mais esse potencial.

* Forças e limitações

Os pontos fortes do nosso estudo incluem o grande número de ensaios clínicos e participantes incluídos, o que proporciona alto poder estatístico e maior confiança nos resultados. A heterogeneidade foi de baixa a moderada, com baixo risco de viés de publicação. As limitações incluíram dados ausentes de 19 estudos independentes que não conseguimos obter, apesar de contato com os autores, além de nossa revisão estar limitada à síntese qualitativa de desfechos relacionados à ansiedade, suicidalidade e medidas cognitivas.

Além disso, os estudos não coletaram dados sobre uma gama mais ampla de sintomas psiquiátricos, como alterações nos níveis de energia/atividade, sono ou sintomas obsessivos. Ademais, como o diagnóstico psiquiátrico grave prévio — incluindo transtorno depressivo maior, suicidalidade e transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) — foi invariavelmente critério de exclusão nos ensaios clínicos randomizados incluídos, não se sabe se os resultados desta meta-análise podem ser aplicados a populações psiquiátricas, o que limita a generalização dos achados para todos os pacientes com sobrepeso/obesidade e diabetes. De fato, é possível que a ausência de mudanças observadas nas escalas de depressão e de alguns comportamentos alimentares desordenados tenha ocorrido devido à exclusão de pacientes com escores elevados nessas escalas na linha de base.

Foram utilizadas diferentes doses de GLP1-RAs entre os estudos incluídos, o que pode ter contribuído para a heterogeneidade e diluição das associações observadas. No entanto, não observamos diferenças relevantes nos resultados das meta-análises que compararam estudos com doses mais altas versus mais baixas, o que oferece segurança de que os resultados não foram confundidos por doses inadequadas. Por fim, os desfechos de saúde mental analisados foram secundários, e não desfechos primários dos estudos incluídos.

* Conclusões

De forma geral, nossos resultados oferecem segurança quanto ao perfil psiquiátrico dos agonistas do receptor de GLP-1 e sugerem que o tratamento com GLP1-RAs está associado à melhora do bem-estar mental, além dos já conhecidos benefícios à saúde física. Esses fatores devem ser considerados na escolha das opções terapêuticas para sobrepeso/obesidade e diabetes, dado que essas condições estão associadas a pior saúde mental e qualidade de vida. Novos estudos são necessários para esclarecer se essas associações em saúde mental são secundárias à perda de peso ou refletem um processo neurobiológico direto, assim como para determinar o impacto desses medicamentos em populações com transtornos psiquiátricos.

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Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2833558

A relação entre a alimentação e o ganho de músculos: mitos e dicas


Assim como boa parte das disciplinas da saúde, a nutrição padece de grande vulnerabilidade a evidências anedóticas. Como todos nós nos alimentamos, a crença comum de que “se funcionou para mim, funcionará para você também” se intensifica, facilitando a propagação dos tão disseminados “mitos da nutrição”. Contribui para isso, um importante viés de confirmação presente em boa parte da população, que opta por seguir o caminho mais fácil e buscar informações em fontes que validem seus comportamentos ou crenças, independente do embasamento científico ou da qualificação profissional de quem as propaga.

Além disso, há outro problema: a nutrição não é uma ciência exata, o que significa que novas diretrizes são periodicamente revistas e/ou estabelecidas em função do avanço da ciência, gerando ainda mais confusão entre a população geral. Isso reforça o comportamento de consumo de conteúdos paralelos e menos confiáveis, aumentando ainda mais o descrédito dos profissionais da área, frequentemente vistos como inacessíveis ou excessivamente complexos.

Um dos tópicos mais estudados na nutrição é justamente o que mais atrai pessoas às academias ao redor do mundo: o papel da nutrição no ganho de massa muscular. Dentro e fora dos consultórios e academias, o objetivo predominante é sempre o mesmo: perder gordura e ganhar massa muscular. É importante destacar que a massa muscular desempenha papel fundamental na nossa saúde, longevidade e qualidade de vida, embora boa parte das pessoas limite-se ao seu impacto estético subjetivo.

Independentemente disso, o ganho de massa muscular sofre influência de vários fatores, destacando-se dois principais: o estímulo mecânico provido pelo exercício e a alimentação adequada. Partindo do pressuposto de que o indivíduo está sendo bem orientado em relação ao seu programa de exercícios, o próximo passo é avaliar e ajustar a alimentação. Cabe enfatizar que cada um dos macronutrientes da nossa dieta, conhecidos como carboidratos, gorduras e proteínas, desempenham um papel específico e igualmente fundamental; nenhum é “vilão ou mocinho”. Um bom planejamento alimentar contemplará a quantidade, distribuição, formas de preparo, fontes, entre outros desses macronutrientes, sempre levando em conta crenças, rotinas, cultura e preferências pessoais. Em casos específicos, avaliar a necessidade de suplementos alimentares que podem ajudar nos ajustes necessários para a adequada ingestão destes nutrientes pode ser necessário.

Boa parte das dúvidas surgem justamente nessa última etapa. É, por exemplo, na distribuição dos macronutrientes que aparecem alguns dos modismos nutricionais, as novas tendências e as dietas da vez. A seguir, abordaremos os principais mitos propagados atualmente, explicando de forma simplificada as limitações que os tornam falsos.

Veganos e Proteínas

A afirmação de que “veganos não consomem proteínas suficientes para o ganho de massa muscular” é amplamente difundida, mas incorreta. Embora a dieta vegana exclua fontes de proteína animal, ela oferece uma ampla variedade de fontes vegetais ricas em proteínas que, quando combinadas adequadamente, podem suprir plenamente as necessidades de quem busca o ganho de massa muscular.

É verdade que as fontes animais tendem a ter um perfil de aminoácidos mais completo, ou seja, contêm todos os aminoácidos essenciais em proporções adequadas para a construção muscular. Por outro lado, muitas fontes vegetais, quando avaliadas isoladamente, podem não ser tão completas. No entanto, é nesse ponto que o planejamento nutricional se torna essencial. Ao combinar diferentes fontes vegetais, como arroz e feijão, é possível obter um perfil completo de aminoácidos, garantindo que as necessidades proteicas sejam atendidas, permitindo que veganos ganhem massa muscular.

Recentemente, um estudo publicado por um grupo de pesquisa da USP demonstrou que em comparação a onívoros (indivíduos que consomem produtos animais), veganos não tem qualquer desvantagem para ganhar músculos em resposta a um programa de exercícios, uma vez que suas dietas sejam adequadas para atender a demanda total de proteína. O mesmo grupo também mostrou, ao avaliar a dieta de mais de 700 veganos no Brasil, que a grande maioria deles atende às recomendações básicas de consumo proteico e de aminoácidos essenciais.

Jejum Intermitente

Há anos, o jejum intermitente tem sido promovido como uma estratégia milagrosa para alcançar a tão desejada perda de gordura e o ganho simultâneo de massa muscular. No entanto, a ideia de que ele é superior a outros métodos ou dietas para esses objetivos não encontra respaldo na literatura científica. Veja, não se afirma que o jejum intermitente seja ineficaz, mas sim que ele não se destaca em relação a outras abordagens.

A ciência parece congruente em apontar que a principal razão para a perda de peso em qualquer estratégia nutricional é o déficit calórico – ou seja, consumir menos calorias do que se gasta. O jejum intermitente pode facilitar esse processo ao restringir a janela de alimentação, mas o mecanismo de perda de gordura não difere significativamente de outras estratégias, como a restrição calórica contínua.

No que se refere ao ganho de massa muscular, além de não ser superior, o jejum intermitente pode ser até menos eficaz que outras abordagens. Isso ocorre porque a limitação da janela de alimentação pode dificultar o consumo adequado de proteínas e calorias, essenciais para otimizar o ganho muscular, especialmente em indivíduos que buscam hipertrofia. Portanto, apesar de ser uma estratégia válida em alguns casos, o jejum intermitente pode impor obstáculos ao ganho de massa muscular, tornando o processo menos prazeroso, eficiente e duradouro, caso haja restrições alimentares por longos períodos.

Suplementos Proteicos e BCAA

Há décadas os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs: leucina, isoleucina e valina) têm sido amplamente comercializados sob a premissa de aumentar a síntese proteica e, consequentemente, otimizar o ganho de massa muscular. No entanto, as evidências científicas não sustentam essas alegações, já que grande parte desse argumento se baseia na extrapolação das propriedades bioquímicas desses aminoácidos, e não sobre seus efeitos clínicos.

Os BCAAs — em particular a leucina -, podem, de fato ativar vias de crescimento muscular. No entanto, a ingestão de proteínas completas não só é significativamente mais eficaz na ativação destes mecanismos quanto necessária para a construção muscular, pois fornecem todos os aminoácidos essenciais, e não apenas os três que compõem os BCAAs. Sem uma quantidade adequada e variada de TODOS os aminoácidos essenciais, não é possível, de fato, construir músculos.

Já sobre os suplementos proteicos (por exemplo whey, albumina, caseína ou soja), é importante destacar que seu consumo só se justifica em situações onde o consumo de proteínas não pode ser alcançado via dieta, ou há necessidade específica de complementação da alimentação habitual. Mesmo assim, e ao contrário do que os “influencers” de plantão gostariam que você acreditasse, o aumento do consumo proteico não possui propriedades miraculosas. Ele, sozinho, não é responsável por ganhos “instagramáveis” de massa muscular, servindo muito mais como adjuvante ao processo e com resultados bem mais modestos do que os rótulos de suplementos, e boa parte dos profissionais, normalmente sugerem.

Creatina e ganho de massa muscular

A creatina, ao contrário da maioria dos produtos comercializados, é um suplemento amplamente respaldado por evidências científicas e tem ganhado destaque por seus efeitos positivos no desempenho físico, especialmente em modalidades que dependam de força e potência. Ao aumentar a disponibilidade de fosfocreatina, um composto essencial para a rápida regeneração de energia, a suplementação com creatina permite que sustentemos esforços de alta intensidade por períodos ligeiramente mais longos, ou que consigamos manter maiores intensidades médias de exercício em condições de intermitência (esforços caracterizados por múltiplos estímulos de exercício de alta intensidade intercalados por intervalos de recuperação). Esse mecanismo pode potencializar indiretamente os ganhos de massa muscular, já que otimiza o estímulo do exercício, este sim responsável direto pelos ganhos de massa muscular. Desta forma, a creatina se torna uma opção atrativa para aqueles que desejam aumentar tanto o desempenho como o volume muscular.

Apesar de sua eficácia comprovada, muitos mitos sobre a creatina ainda são disseminados. Um dos mais comuns é a ideia de que a creatina causa danos aos rins. A literatura científica mostra, porém, que o uso de creatina nas doses recomendadas, de 3 a 5 gramas por dia, é seguro, mesmo a longo prazo, não se associando a problemas renais ou a qualquer outra piora de parâmetros clínicos. Cumpre destacar que o uso de creatina por pacientes portadores de doenças renais não é indicado, já que não há estudos sobre sua segurança para essa população. Outro mito bastante difundido é que a creatina pode causar desidratação, cãibras musculares ou problemas gastrointestinais. Entretanto, esses efeitos também foram refutados por diversas pesquisas e tais alegações não encontram respaldo científico. O que de fato ocorre, mas que não deve ser compreendido como um efeito negativo, é um possível e esperado aumento do volume hídrico dentro da célula muscular já que a creatina é lá armazenada. Esse efeito pode refletir no aumento de peso corporal que pode variar desde poucos gramas até 1-3 kg. Entretanto, esse aumento de peso não deve ser confundido com aumento de massa muscular ou de gordura, sendo resultado apenas do aumento da incorporação de água dentro da célula muscular a fim de equilibrar a osmolaridade do meio.

Embora muitos dos mitos populares sobre nutrição e treinamento sejam atraentes ao grande público, é crucial basear as condutas clínicas sobre Nutrição em evidências científicas. A nutrição esportiva, quando bem aplicada, pode otimizar o desempenho e os resultados desejados, seja no contexto de uma alimentação vegana, com o ajuste correto de proteínas, ou no uso de estratégias como o jejum intermitente e a escolha de suplementos específicos. Compreender os princípios da alimentação e treinamento e desmistificar as informações errôneas são passos fundamentais para alcançar objetivos de forma eficaz e saudável. Portanto, a educação contínua e o acompanhamento com profissionais qualificados são essenciais para uma abordagem bem-sucedida e informada para o ganho saudável de massa muscular.

Referências bibliográficas

1. Hevia-Larraín V, Gualano B, Longobardi I, Gil S, Fernandes AL, Costa LAR, et al. High-Protein Plant-Based Diet Versus a Protein-Matched Omnivorous Diet to Support Resistance Training Adaptations: A Comparison Between Habitual Vegans and Omnivores. Sports Med. 1o de junho de 2021;51(6):1317–30.

2. Leitão AE, Esteves GP, Mazzolani BC, Smaira FI, Santini MH, Santo André HC, et al. Protein and Amino Acid Adequacy and Food Consumption by Processing Level in Vegans in Brazil. JAMA Netw Open. 24 de junho de 2024;7(6):e2418226.

3. Calorie Restriction with or without Time-Restricted Eating in Weight Loss | New England Journal of Medicine [Internet]. [citado 18 de setembro de 2024]. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2114833

4. Jackman SR, Witard OC, Philp A, Wallis GA, Baar K, Tipton KD. Branched-Chain Amino Acid Ingestion Stimulates Muscle Myofibrillar Protein Synthesis following Resistance Exercise in Humans. Front Physiol [Internet]. 7 de junho de 2017 [citado 18 de setembro de 2024];8. Disponível em: https://www.frontiersin.org/journals/physiology/articles/10.3389/fphys.2017.00390/full

5. Kreider RB, Kalman DS, Antonio J, Ziegenfuss TN, Wildman R, Collins R, et al. International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine. J Int Soc Sports Nutr. 13 de junho de 2017;14(1):18.

Autores:
Felipe Marticorena
Hamilton Roschel
Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Qual o melhor exercício físico para o diabético ? Por Dra. Lia Bataglini (Nutróloga)

O exercício físico é uma parte essencial do manejo do diabetes, sendo importante tanto para o controle glicêmico quanto para a redução dos riscos cardiovasculares e melhora do bem-estar geral. Além disso, o exercício auxilia na perda de peso e na prevenção de complicações relacionadas ao diabetes.

Recomendações gerais

Adultos com Diabetes Tipo 1 e Tipo 2: Devem realizar ao menos 150 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada a vigorosa por semana, distribuídos em pelo menos três dias, sem mais de dois dias consecutivos sem atividade. Para indivíduos fisicamente aptos, 75 minutos semanais de exercício vigoroso ou intervalado podem ser suficientes.
Treinamento Resistido: Deve ser realizado 2–3 vezes por semana, em dias não consecutivos.
Flexibilidade e Equilíbrio: São recomendados especialmente para idosos, incluindo atividades como yoga e tai chi.
Atividades Cotidianas: Pessoas que não atingem as recomendações mínimas devem ser incentivadas a aumentar gradualmente o nível de atividade física (caminhadas, jardinagem, natação, dança etc.). Longos períodos sedentários devem ser interrompidos a cada 30 minutos para melhorar o controle glicêmico.
 
Benefícios do Exercício

Redução do risco cardiovascular, melhora da aptidão cardiorrespiratória, melhora da sensibilidade à insulina, força muscular e controle do peso. Também auxilia na redução dos níveis de HbA1c, triglicerídeos, colesterol LDL e circunferência abdominal. Melhora na mobilidade, especialmente em pessoas com excesso de peso.
 
População Jovem

Crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 ou 2 devem realizar pelo menos 60 minutos diários de atividade aeróbica moderada a vigorosa, além de atividades de fortalecimento muscular e ósseo pelo menos três vezes por semana. O tempo sedentário, como uso recreativo de telas, deve ser limitado a menos de 2 horas por dia.
 
Exercícios e Complicações

Retinopatia: Atividades vigorosas podem ser contra indicadas para pacientes com retinopatia proliferativa ou grave. A consulta com um oftalmologista é recomendada antes de iniciar atividades intensas.
Neuropatia Periférica: É importante garantir o uso de calçados adequados e a inspeção diária dos pés. Exercícios de intensidade moderada como caminhadas podem ser seguros.
Neuropatia Autonômica: A avaliação cuidadosa do risco cardiovascular é essencial, especialmente para pacientes com respostas cardíacas reduzidas ou hipotensão postural.
 
Hipoglicemia

Pacientes em uso de insulina ou secretagogos devem monitorar os níveis de glicose antes e após o exercício. Caso os níveis de glicose estejam abaixo de 90 mg/dL, a ingestão de carboidratos pode ser necessária para evitar hipoglicemia.

Exercício em Tratamentos com Fármacos para Controle de Peso e Cirurgia Metabólica

Indivíduos tratados com farmacoterapia ou submetidos a cirurgia metabólica devem priorizar exercícios de fortalecimento muscular para manutenção da massa magra.

Por fim,

O exercício físico é parte essencial do manejo do diabetes e deve ser recomendado para todos os indivíduos com a condição, salvo contra indicações específicas. A adesão às recomendações deve ser incentivada e adaptada às necessidades e capacidades individuais.


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sábado, 3 de maio de 2025

O que você precisa saber sobre a Tirzepatida (Mounjaro, Zepbound)?


A Tirzepatida é um medicamento inovador no tratamento do diabetes tipo 2 e  da obesidade. Foi aprovado recentemente pela ANVISA no Brasil para Diabetes, mas não para obesidade, ainda. Ou seja, para o tratamento da obesidade é off label.

É uma molécula desenvolvida pela Eli Lilly (um grande laboratório farmacêutico) e ela combina dois mecanismos de ação em uma única molécula, oferecendo vantagens em relação a outros medicamentos da mesma classe, como a Semaglutida (Ozempic/Wegovy) e a Liraglutida (Victoza/Saxenda).  

Mecanismo de Ação
A Tirzepatida é um agonista dual dos receptores de GLP-1 (glucagon-like peptide-1) e GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide). Mas o que essas substâncias fazem? 

- GLP-1:  
  - Aumenta a secreção de insulina dependente de glicose.  
  - Reduz a liberação de glucagon (diminuindo a produção hepática de glicose).  
  - Retarda o esvaziamento gástrico, aumentando a saciedade.  

- GIP:  
  - Potencializa os efeitos do GLP-1.  
  - Melhora a sensibilidade à insulina.  
  - Contribui para a redução do apetite e da gordura visceral.  

Essa dupla ação faz com que a Tirzepatida seja mais eficaz no controle glicêmico e na perda de peso quando comparado às suas antecessoras: Liraglutida e Semaglutida, já que elas agem apenas em GLP-1.

Indicações de Uso
- Diabetes tipo 2:  
  - Como terapia adjuvante a dieta e exercícios em adultos.  
  - Indicada para pacientes com obesidade ou resistência à insulina.  

- Obesidade (em alguns países, como EUA, sob o nome Zepbound®):  No Brasil, ainda não é liberado para obesidade.
  - Para pacientes com IMC ≥ 30 kg/m² (obesidade).  
  - Ou IMC ≥ 27 kg/m² + comorbidades (hipertensão, dislipidemia, apneia do sono).  

Contraindicações para o uso
- Histórico de carcinoma medular de tireoide (CMT) ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2).  
- Alergia à Tirzepatida ou qualquer componente da fórmula.  
- Gravidez e lactação (não há estudos suficientes em humanos; recomenda-se evitar).  
- Pancreatite aguda prévia ou risco aumentado.  

Doses, formas farmacêuticas e via de administração:
Vendido somente com receita médica, a Tirzepatida não está disponível na forma oral, somente injetável para aplicação no subcutânea.   
Deve-se fazer escalonamento da dose para evitar os efeitos colaterais. Assim como a semaglutida,a aplicação é semanal. 

Efeitos Colaterais Mais Comuns
Gastrointestinais (mais frequentes):  
  - Náuseas (30-40% dos casos).  
  - Vômitos (10-20%).  
  - Diarreia ou constipação (15-25%).  
  - Dor abdominal (5-10%).  
Metabólicos:  
  - Hipoglicemia (principalmente se combinada com insulina ou sulfonilureias).  
Outros:  
  - Diminuição do apetite.  
  - Fadiga.  
  - Reações no local da injeção (leve vermelhidão ou coceira).  

Riscos e Precauções
- Pancreatite: Suspender se houver dor abdominal intensa e persistente.  
- Doença da vesícula biliar: Relacionada à perda de peso rápida.  
- Retinopatia diabética: Monitorar em pacientes com histórico.  

Preço no Brasil (2025)
Os preços do tratamento com a Tirzepatida variam conforme o canal de compra e a adesão ao programa de suporte da Lilly. Para pacientes cadastrados no “Programa Lilly Melhor Para Você”, os valores são:
  • 2,5 mg: R$ 1.406,75 (e-commerce) / R$ 1.506,76 (lojas físicas)
  • 5 mg: R$ 1.759,64 (e-commerce) / R$ 1.859,65 (lojas físicas)
Já fora do programa, os preços podem chegar até R$ 2.384,34 para a dosagem de 5 mg, considerando o ICMS de 18%. 

Ainda não há previsão de chegada das doses de 10 e 15mg no Brasil.

Comparativo com Semaglutida e Liraglutida
A Tirzepatida é considerada superior em vários aspectos:  


Apesar da superioridade sobre as suas "primas", ainda não prescreverei a medicação. Motivo: Prefiro ter prudência e aguardar os efeitos colaterais e formas de manejá-los. Estudar mais sobre o mecanismo de ação, como fazer um escalonament eficaz. Não estou falando que nunca prescreverei, mas por agora não. Talvez daqui 6 meses.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Frutas, legumes e verduras da temporada: Maio

Por que consumir alimentos da safra? Existem vantagens?

Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.

Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antioxidantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumi-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.

Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina. 

Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.

Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais.  Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente.  Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável. 

Frutas de Maio
Abacate fortuna/quintal
Banana maçã e nanica e prata
Caqui
Carambola: atenção para quem tem problema renal
Goiaba
Graviola
Kiwi nacional
Laranja lima, baia e pera
Maçã nacional gala e estrangeira
Mamão formosa e hawaí
Maracujá doce e azedo
Melancia
Pêra estrangeira
Tangerina cravo e ponkan



Verduras e legumes de Maio
Abóbora japonesa e seca
Abobrinha brasileira e italiana
Acelga
Agrião
Alface
Almeirāo
Batata-doce amarela
Berinjela
Cará
Cebola estrangeira
Chuchu
Ervilha torta
Espinafre
Gengibre
Inhame
Jiló
Mandioca
Mandioquinha
Nabo
Rabanete
Repolho
Rúcula
Salsa

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915. 

Congelando alimentos

📌 Regras gerais para congelar alimentos: 
  1. Lave e seque bem os alimentos antes de congelar.
  2. Corte em pedaços (se necessário) para facilitar o uso posterior.
  3. Use embalagens herméticas (sacos de freezer, potes vedados) para evitar queimaduras pelo frio.
  4. Anote a data no pacote para controle.
🥦 VERDURAS E LEGUMES (CRUS)
Muitos vegetais precisam de branqueamento (mergulhar em água fervente por 1-3 min, depois resfriar em água gelada) antes de congelar para preservar cor, textura e nutrientes.


🍓 FRUTAS
Podem ser congeladas cruas, mas algumas perdem textura ao descongelar (melhor para smoothies, sucos ou receitas).
🌿 ERVAS FRESCAS
Para evitar oxidação, congele em azeite, água ou forminhas de gelo.

As principais técnicas para congelado de ervas são:
  • Congelar inteiras: Modo de fazer: Lave, seque bem e guarde em sacos herméticos (retire o ar). Esse método é ideal para as ervas resistentes como alecrim, tomilho, sálvia.
  • Picadas em azeite: Modo de fazer: Pique as ervas, coloque em forminhas de gelo e cubra com azeite. Congele. Ideal para: Manjericão, orégano, salsinha (para cozinhar).
  • Cubos de água: Modo de fazer: Bata as ervas com água, despeje em forminhas de gelo e congele. Ideal para Salsinha, coentro, cebolinha (para sopas).
  • Pasta de alho/ervas: Modo de fazer: Misture ervas picadas com alho e azeite, congele em porções. Ideal para temperos prontos para refogar.
Principais ervas que podem ser congeladas: 
  • Manjericão: Congelar as folhas em azeite (cubos) ou purê. Durará por até 4–6 meses. Desvantagem: Escurece facilmente; adicione limão.
  • Salsinha: Congelar picada em água ou azeite. Durará por até 6–8 meses. Dica: Congele em porções pequenas.
  • Coentro: Congelar picado em cubos de água. Durará por até 6 meses. Dica: Evite congelar talos grossos.
  • Cebolinha: Congelar cortada em rodelas. Durará por até 8–10 meses. 
  • Hortelã: Congelar as folhas inteiras ou picadas. Durará por até 6 meses. Ótima para chás e drinks.
  • Alecrim: Congelar os falhos inteiros. Durará por até 12 meses. 
  • Tomilho: Congelar os galhos inteiros ou folhas soltas. Durará por até 12 meses: Dica, ainda congelado com o galho, esfregue para liberar as folhinhas. 
  • Sálvia: Congelar as folhas inteiras (secas). Durará por até 12 meses. Dica: pode ser congelada sem azeite.
  • Orégano: Congelar as folhas em azeite ou secas. Durará por até 6–8 meses. Dica: a versão em azeite é ideal para pizzas.
Algumas especiarias também podem ser congeladas para preservar o aroma:
  • Gengibre: Ralado ou em pedaços (sem casca). Durará por até 6 meses. Descongele apenas a parte necessária.
  • Alho: Dentes inteiros ou picado em azeite. Durará por até 6 meses. Cuidado por que pode ficar com textura mole.
  • Pimentas frescas: Inteiras ou cortadas (sem sementes). Durará por até 8 meses
💡 DICAS PARA USO APÓS CONGELAR:
Ervas em azeite/água: Adicione diretamente em sopas, molhos ou refogados.

Ervas inteiras: Descongele na geladeira e use em pratos quentes (não ficam crocantes).

Para decorar: Ervas congeladas não mantêm a textura fresca; use apenas em preparações cozidas.

⚠️ O QUE NÃO CONGELAR BEM:
  • Pepino, alface, rabanete (ficam moles e aquosos).
  • Tomate inteiro (pode ser congelado como polpa para molhos).
  • Batata crua (escurece; prefira congelar cozida ou em purê).
💡 DICAS:
  • Descongele na geladeira ou use diretamente em preparações quentes (sopas, refogados).
  • Frutas congeladas são ótimas para vitaminas ou sobremesas.
  • Quer uma versão mais detalhada ou com instruções para algum alimento específico? 

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Poluição da água com ansiolítico afeta o salmão e torna peixes 'destemidos

Usado para tratar a ansiedade, um medicamento comum que vem poluindo os cursos d'água mundo afora parece agora estar influenciando o comportamento migratório do salmão selvagem do Atlântico, concluiu um estudo realizado na Suécia.

Publicado na revista Science, o estudo descobriu que o salmão selvagem se tornou menos avesso a riscos quando exposto ao medicamento psicoativo clobazam (nomes comerciais: Frisium, Urbanil). Isso, por sua vez, teria mudado forma como os peixes migram.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Gestação e aspectos nutrológicos


Minha afilhada, Dra. Lia Bataglini está grávida e aproveitando esse momento único, decidiu abordar o tema em suas redes sociais e site. 

Para acompanhar, acese: https://liabataglini.com.br/blog/ e o Instagram: https://www.instagram.com/liabataglini


Vídeo 1: Quanto a gestante deve ganhar de peso durante a gravidez?
Vídeo 2: Quais suplementos são imprescindíveis na gestação?
Vídeo 3: Intestino preso na gestação
Vídeo 4: Diabetes Gestacional
Vídeo 5: Controle de carboidratos na gestação
Vídeo 6: Controle de proteínas na gestação