terça-feira, 11 de agosto de 2015

Nutrólogo x Nutricionista - As diferenças


Talvez essa seja uma das perguntas que mais ouço ao longo do meu dia, seja no consultório particular, seja no ambulatório de Nutrologia clínica que coordeno no SUS. Importante salientar que ainda não sou Nutrólogo. Somente após ser aprovado na prova de título de especialista, que será em 2016.

Muitos pacientes estão optando ir ao nutrólogo ao invés de ir ao nutricionista, apenas porque a maioria dos planos cobrem consultas ilimitadas com o nutrólogo, ou porque o mesmo prescreve medicações para emagrecer. Alguns ilusoriamente acreditam que médico entende mais de alimentos e dietas do que nutricionistas ou que nutricionistas entendem mais de doenças nutricionais que médicos nutrólogos titulados. O melhor caminho é ir em qual? Na minha opinião e baseado na minha prática clínica de quase 10 anos:
  1. Se você é um paciente saudável, não apresenta doenças e deseja um plano alimentar: vá a um nutricionista, tranquilamente. Ele será o profissional mais habilitado para atender suas necessidades.
  2. Mas se você apresenta sintomas ou alguma doença específicaprimeiro ao nutrólogo ou qualquer médico e posteriormente ao nutricionista para receber um plano alimentar. O nutrólogo pode até saber montar um plano alimentar, mas o profissional mais habilitado é o nutricionista. O importante é que se faça a investigação do sinal/sintoma e/ou diagnóstico correto da doença. Isso quem tem competência e dever por lei é o médico, baseado na Lei do Ato Médico e até mesmo na própria Lei que regulamenta a profissão de Nutricionista. 

Primeira diferença: A graduação

O nutrólogo é médico e o nutricionista é nutricionista. Graduações diferentes. A formação apesar de ser dentro da área da saúde e correlata à alimentação (no caso do médico que faz Nutrologia), possui enfoque diferente.

O médico estudou 6 anos para se formar em medicina, posteriormente fica de 3 a 5 anos se especializando. O nutricionista estuda 4 anos para formar (na maioria das particulares o curso dura 4 anos e nas Federais dura 5 anos em período integral). Posteriormente faz pós-graduações ou residência multiprofissional com duração média de 2 anos.

É importante ressaltar que na maioria das Universidades, até o momento (exceto USP, Unifesp, UFRJ, UERJ, UFTM, UFRGS) os acadêmicos de medicina não possuem nenhum módulo de nutrição. Apenas aulas sobre macro e micronutrientes. O pouco que vemos é em pediatria e nas cadeiras clínicas estudamos as orientações nutricionais  (bem superficiais) que devem ser dadas em algumas patologias:
Exemplo:
  1. dieta DASH na hipertensão arterial; 
  2. dieta sem irritantes gástricos nos portadores de dispepsia, 
  3. restrição de alimentos que favorecem o refluxo na Doença do refluxo gastroesofágico,
  4. restrição a alérgenos nas alergias alimentares
  5. restrição de proteína e potássio em nefropatas,
  6. restrição de sódio e água em portadores de insuficiência cardíaca,
  7. restrição de alimentos ricos em purinas, frutose e álcool em portadores de gota.
Resumindo: se vê muito pouco ou quase nada de nutrição durante a graduação de medicina. Porém esse panorama está mudando com o novo método de ensino adotado nas universidades, o Problem Based Learning (Aprendizado baseado em problemas - PBL). Com os inúmeros avanços na área da nutrição e dada sua importância na manutenção da saúde, os médicos tenderão a receber mais informações sobre o tema. Várias universidades ja estão colocando Nutrologia na sua grade anual e várias ja acrescentam módulo de abordagem nutricional nas disciplinas clínicas e cirurgicas. 

Exemplo: O médico nutrólogo faz 6 anos de graduação de medicina, 2 anos de residência de clínica médica (ou cirurgia) e 2 anos de residência de nutrologia.
Ou então o médico tem outra formação de base, como por exemplo endocrinologia. Ele fez 6 anos de graduação em medicina, 2 anos de residência em clínica médica, 2 anos de residência em endocrinologia, 2 anos de residência em nutrologia OU pós-graduação da ABRAN, com posterior aprovação na prova de título de nutrologia.

A Nutrologia é uma das áreas que mais tem atraído médicos na atualidade. Médicos de diversas áreas estão migrando para nutrologia ou complementando suas áreas com conhecimentos nutrológicos. Ainda são poucos nutrólogos titulados no Brasil. Segundo o último censo demográfico do CFM (2014), são cadastrados 1536 nutrólogos em todo o país.

Uma nutricionista clínica faz 5 anos de graduação em nutrição e depois 2 anos de pós-graduação em nutrição clínica. Ou então uma nutricionista com pós-graduação em hematologia. Ela faz 5 anos de graduação em nutrição e posteriormente residência multiprofissional em hematologia. Há nutricionistas que optam por fazer residência em oncologia, nefrologia, cardiologia. Outros optam por fazer pós de fitoterapia.

Se partirmos do pressuposto de tempo de estudo, obviamente e inquestionavelmente o nutricionista é o profissional mais habilitado para a PRESCRIÇÃO DE DIETA e orientações nutricionais.

Enquanto o médico é o mais habilitado para DIAGNOSTICAR e orientar sobre a fisiopatologia, prognóstico e como se dá o tratamento das doenças nutricionais.

Segunda diferença: as áreas de atuação

A Nutrologia é uma das especialidades dentro da medicina. Dividindo-se em 2 sub-especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina:
  1. Nutrologia pediátrica e 
  2. Nutrologia Parenteral e enteral. 
Porém a nutrologia pode adentrar em praticamente todas as especialidades médicas: nutrologia geriátrica, nutrologia cardiológica, nutrodermatologia, nutrologia em doenças infecto-parasitárias, nutrologia em ginecologia e obstetrícia.

Já o nutricionista é um profissional com formação generalista, humanista e crítica. É capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e nutrição se apresentem fundamentais. Sua atuação visa a promoção, manutenção e recuperação da saúde através da nutrição. Além disso é parte essencial no processo de prevenção de doenças (em nível coletivo ou individual). A nutrição possui as seguintes áreas de atuação estabelecidas de acordo com a Resolução CFN nº 380/2005.

I - Alimentação Coletiva que se subdivide em:
1) Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN)
2) Alimentação Escolar
3) Alimentação do Trabalhador

II - Nutrição Clínica: Compete ao nutricionista, no exercício de suas atribuições em Nutrição Clínica, prestar assistência dietética e promover educação nutricional a indivíduos, sadios ou enfermos, em nível hospitalar, ambulatorial, domiciliar e em consultórios de nutrição e dietética, visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde. Podendo o nutricionista clínico atuar em: 1) Hospitais, clínicas em geral, clínicas em hemodiálises, instituições de longa permanência para idosos e SPA; 2) Ambulatórios/consultórios; 3) Banco de leite humano (BLH); 4) Lactários/centrais de terapia nutricional; 5) Atendimento domiciliar.

III - Saúde Coletiva: Compete ao nutricionista, no exercício de suas atribuições na área de Saúde Coletiva, prestar assistência e educação nutricional a coletividades ou indivíduos sadios, ou enfermos, em instituições publicas ou privadas e em consultório de nutrição e dietética, através de ações, programas, pesquisas e eventos, direta ou indiretamente relacionados à alimentação e nutrição, visando à prevenção de doenças, promoção, manutenção e recuperação da saúde.

IV - Docência:

V - Atuação nas indústrias de alimentos:

VI - Nutrição Esportiva: necessita ser aprovado na prova de título de especialista.

VII - Marketing na Área de Alimentação e Nutrição:

VIII - Fitoterapia

Quando se fala em Terapia Nutricional em ambiente hospitalar, temos no Brasil o que se denomina: Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN). Ela é basicamente composta por:
  • Médico (sempre o chefe da equipe, de acordo com a resolução da ANVISA)
  • Nutricionista
  • Enfermeiro
  • Farmacêutico.
Cada membro da EMTN tem suas funções bem estabelecidas na resolução RCD N° 63, DE 6 DE JULHO DE 2000. A EMTN deve preferencialmente ser chefiada por um médico titulado em Nutrologia, com curso de pós-graduação na área, de no minimo 360h. Os cálculos da nutrição enteral são feitos por nutricionistas e geralmente os cálculos da parenteral são feitos por nutrólogos. Porém quem assina e prescreve no prontuário é o médico. Quem manipula é o farmacêutico e quem monitora a infusão é o enfermeiro. Ou seja, nutricionista não pode fazer cálculos de parenteral e prescrição, quando há médico nutrólogo na EMTN. 

Terceira diferença: o tipo de diagnóstico 

Legalmente o nutricionista fica restrito ao diagnóstico nutricional (de acordo com a Lei nº 8234 de 17/09/1991 que regulamenta a  nutrição), enquanto o médico ao diagnóstico nosológico (de doença) e instituição da terapêutica.  Ou seja, nutricionista não dá diagnóstico de doença

Quem determina se o tratamento de determinada doença será apenas dietético ou terá intervenção medicamentosa ou cirúrgica é o médico. 


Quarta diferença: solicitação de exames

Ambos os profissionais podem solicitar exames laboratoriais para elucidação diagnóstica.
Entretanto o nutricionista não podem solicitar exames de imagem, eletrocardiograma, teste ergométrico, monitorização ambulatorial da pressão arterial, holter, exames laboratoriais que necessitem de monitoração médica durante a realização, polissonografia.

Mas os nutricionistas possuem competência legal para solicitar exames laboratoriais?  A resposta é Sim. Ele podem solicitar os exames necessários ao diagnóstico nutricional, à prescrição dietética e ao acompanhamento da evolução nutricional. Isso está prescrito nas seguintes normatizações: Lei Federal 8.234/91, artigo 4º, inciso VIII, Resolução CFN nº 306/03, Resolução CFN nº 380/05 e Resolução CFN nº 417/08. Exames que geralmente nutricionistas solicitam: Hemograma, Uréia, Creatinina, Ácido úrico, Glicemia de jejum, Insulina, Perfil lipídico, Transaminases, Gama-GT, Proteínas totais e frações, Dosagem sérica ou urinária de vitaminas, minerais, marcadores inflamatórios que tenham correlação com nutrientes como a homocisteína.

Mas porque o meu plano de saúde não libera os exames solicitados pelo seu nutricionista? Ao que me foi orientado por duas operadoras de saúde, existe uma resolução do Conselho Federal de Medicina no qual proíbe médicos patologistas (geralmente os donos de laboratórios) de executarem solicitações de exames de não-médicos (isso incluiria nutricionistas, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas). Com isso o plano de saúde consegue legalmente vetar a solicitação de exames por parte dos nutricionistas. É errado? Sim. Mas legalmente o patologista tem amparo do CFM. E nessa brecha os planos de saúde aproveitam e economizam.

Enquanto a solicitação de exames por parte dos nutricionistas é limitada aos aspectos nutricionais, para o médico, ela é totalmente abrangente. Sendo importante salientar que quase sempre exames não-laboratoriais são cruciais para a conclusão de alguns diagnósticos.

Quinta diferença: o arsenal terapêutico 

O nutricionista tem como arsenal terapêutico:
  1. Orientações nutricionais com educação em saúde (um dos papéis mais nobres quando se fala em prevenção);
  2. Plano dietético;
  3. Prescrição de suplementos orais desde que respeitem as doses estabelecidas pela Agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA). Os Níveis Máximos de Segurança de Vitaminas e ou Minerais estão dispostos no anexo da Portaria SVS MS 40/1999. 
  4. Prescrição de plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos: a prescrição de fitoterápicos e preparações magistrais, a partir de 2016, será uma atribuição exclusiva do nutricionista portador de título de especialista em Fitoterapia pela ASBRAN. Quem iniciou pós-graduação na área até Maio de 2015 poderá prescrever sem título, os demais apenas com prova de título de especialista.
É vedado ao nutricionista a prescrição de:
  1. Produto que use via de administração diversa do sistema digestório; PORTANTO nutricionista não pode prescrever NADA que seja de uso tópico (pele), nasal, ocular, endovenoso, intramuscular. É importante salientar isso pois temos vistos nutricionistas prescrevendo Citoneurim Intramuscular para correção de anemia megaloblastica, Noripurum endovenoso e Victoza; 
  2. Medicamentos ou produtos que incluam em sua fórmula medicamentos; SOMENTE médico e dentista podem prescrever medicamentos. A nutricionista que prescreve qualquer tipo de medicamento, seja ele uma simples dipirona ou um hormônio, está infringindo o código de ética médica e isso pode ser considerado exercício ilegal da profissão; 
  3. Medicamentos à base de vitaminas e minerais sujeitos a prescrição médica; Algumas doses de vitaminas e minerais deixam de ter efeito de suplementação e passam a ter ação medicamentosa como altas doses de Vitamina B12, Vitamina B6, Ácido fólico, Vitamina D3, Vitamina A. Nesse caso somente médicos podem prescrever. 
  4. Suplementos com quantidades de nutrientes superiores aos níveis máximos regulamentados pela Anvisa ou na falta destes o Tolerable Upper Intake Levels – UL;
  5. Prescrição de fitoterápicos que necessitem de receita médica conforme a Instrução Normativa nº 5, de 12 de dezembro de 2008 da ANVISA
  6. Produtos que não atendam às exigências para produção e comercialização regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (exemplo suplementos importados que não foram aprovados pela ANVISA, por exemplo DHEA, Melatonina etç).
médico nutrólogo tem além do arsenal citado acima:
  1. Prescrição de suplementos em doses mais altas ou exclusivos para prescrição médica;
  2. Prescrição de vitaminas, minerais e ácidos graxos em doses medicamentosas, que muitas vezes excedem as doses estabelecidas pela ANVISA. Exemplo: Citoneurim fornecendo 1mg de vitamina B12. Ácido fólico de 5mg prescrito na gestação. Ácido alfa-lipóico de 600mg prescrito para neuropatia diabética.
  3. Prescrição de: antibióticos, antiinflamatórios, analgésicos, antitérmicos, corticóides, hipoglicemiantes, anti-hipertensivos, antiarritmicos, antiulcerosos, psicotrópicos, medicações endovenosas, intramusculares, nasais ou tópicas.
  4. Prescrição de fitoterápicos que necessitem de receita médica conforme a Instrução Normativa nº 5, de 12 de dezembro de 2008 da ANVISA :
  • Arctostaphylos uva-ursi (uva-ursina)
  • Cimicifuga racemosa (cimicífuga)
  • Echinacea purpurea (equinácea)
  • Ginkgo biloba (ginkgo)
  • Hypericum perforatum (hipérico)
  • Piper methysticum (kava-kava)
  • Serenoa repens (saw palmeto)
  • Tanacetum parthenium (tanaceto)
  • Valeriana officinalis (valeriana)
Aqui faço um adendo a um tema recorrente e que frequentemente vejo na prática clínica. Nutricionistas que trabalham com médicos que prescrevem anabolizantes e estimulam o uso. A prescrição, sugestão ou incentivo de medicamentos do grupo terapêutico dos esteróides ou peptídeos anabolizantes, quando realizada por nutricionista, pode ser enquadrada como CRIME contra a saúde pública, crime de exercício ilegal da medicina e crime de tráfico ilícito de drogas. Conforme: artigos 278 e 282 do Código Penal Brasileiro; Lei nº 11.343/2006 que define drogas como “substâncias ou produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União”; Portaria SVS/MS nº 344/1998, que incluem os esteroides e anabolizantes na lista de drogas e entorpecentes; e Lei nº 9.965/2000, que restringe a venda de esteroides ou peptídeos anabolizantes e dá outras providências e estabelece que estes só devem ser prescritos por médicos ou odontólogos em situações especificas.

Sexta diferença: prescrição de dietas (diferença que gera polêmica)

O nutrólogo trata das doenças ligadas à ingestão alimentar (doenças nutricionais ou como a ABRAN prefere denominar, doenças nutroneurometabólicas). O diagnóstico destas doenças deve ser feito por médicos e tratadas por médicos. Só depois de um diagnóstico, o médico encaminhará o paciente ao nutricionista para solicitar o acompanhamento nutricional. É importante salientar que o paciente é livre para ir em quem quiser, entretanto o diagnóstico deve ser firmado antes.

O bom médico diagnostica e encaminha para o nutricionista montar o cardápio. É assim que eu prefiro trabalhar e tenho tido bons resultados. Tenho parceria com várias nutricionistas e trabalhamos de forma harmônica. Faço inquérito alimentar, solicito os exames necessários, detecto as deficiências nutricionais laboratoriais e só então encaminho para que eles com todo conhecimento do curso de Nutrição e pós-graduação em Nutrição clínica possam montar o plano alimentar conforme as diretrizes por mim sugeridas.

Faço avaliação por bioimpedância, calorimetria indireta, ergoespirometria, cineantropometria (em parceria com um profissional da educação física que trabalha comigo dentro do consultório). Faço o cálculo do volume calórico total de acordo com as particularidades do paciente. Calculo a necessidade de proteína por kilo de peso,  a quantidade de carboidratos, lipídios. De acordo com os achados laboratoriais, com anamnese e inquérito alimentar (recordatório de 7 dias que todos são obrigados a trazer antes do retorno), determino quais nutrientes a nutricionista deve ter mais atenção. Faço uma pequena redação com diretrizes e explicando minha conduta caso eu tenha feito alguma suplementação ou prescrição de medicamentos. Enfim, um tem liberdade para discutir com o outro e agregar benefícios para o paciente. Acredito que essa é a melhor forma de trabalhar.  Nem todos os médicos trabalham dessa maneira. Eu os respeito do mesmo jeito. Tenho colegas que preferem montar o plano alimentar e muitas vezes o paciente pede o plano alimentar.

Segundo parecer jurídico do Conselho Federal de Medicina (CFM), o médico está habilitado a prescrever dietas apenas em casos de doenças. Ou seja, quando envolve estética, é vetado a ele.

O Conselho Federal de Nutrição (CFN) não entende dessa forma e defende que a prescrição de dieta via oral seja atividade privativa da nutriçãoconforme a lei federal que regulamenta a profissão. Alega que uma resolução não pode transpor uma lei federal.

Essa discussão na minha humilde opinião, acabará no Supremo Tribunal de Federal (STF), já que há quase 1 século e meio, o primeiro item da prescrição médica é a dieta. Médicos vinham fazendo isso nos últimos 150 anos. A Nutrição surgiu assim como a fisioterapia, com a função de auxiliar a medicina e hoje caminha com as próprias pernas. Tornou-se uma grande ciência e que quando bem praticada pode mudar a vida dos pacientes, seja curando ou mudando o prognóstico de doenças.

Não nego (e jamais negarei) que o profissional mais habilitado para manejar alimentos e a prescrição deles sejam os colegas nutricionistas

Assim como reconheço que o profissional mais habilitado para diagnosticar e manejar doenças nutricionais seja o nutrólogo.

Mais habilitado e com abordagem mais complexa (pois o diagnóstico de doenças é algo complexo), visto que inúmeras doenças nutroneurometabólicas dependem de intervenção medicamentosa e como já citado acima, apenas o médico poderá prescrever a medicação.

Em Maio de 2015 mais um Conselho Regional foi questionado sobre a legalidade da prescrição de dietas. Abaixo a resposta do parecer.

EMENTA: a prescrição de dieta é atribuição não privativa do médico. Compete aos médicos e nutricionistas, possuindo cada profissional suas atribuições específicas.

CONSULTA: médico ginecologista solicita deste Conselho parecer sobre os seguintes questionamentos:

É permitido ao médico, sob o ponto de vista legal, a prescrição de dietas?

Como deve proceder o médico que recebe algum documento advertindo-o da ilegalidade da prescrição de dietas, vindo de outros Conselhos como o Conselho Regional de Nutrição?
Como deve proceder o médico que recebe algum documento ou intimação proveniente de autoridade legal como juiz, advertindo-o da ilegalidade da prescrição de dietas por médico?

FUNDAMENTAÇÃO:  Há mais de um lustro, o CFM, através da Resolução CFM nº 826/78 reconhece Especialidade de Nutrologia, em âmbito nacional.

Em toda a prática médica a nutrição tem papel preponderante, sendo indispensável que ele conheça bem a nutrologia, para praticá-la no benefício de seus pacientes, sendo esta uma prerrogativa do exercício da medicina. Outros profissionais da saúde, em ação multiprofissional, como os nutricionistas, atuam sob orientação do médico, e, neste caso em particular, colabora na elaboração de dieta personalizada ao paciente. O Conselho de Nutrição, em que pese a Lei 8.234/1991, que regulamenta a profissão do Nutricionista, caso negue ao médico esta prerrogativa de prescrição médica de dietas, pratica cerceamento do exercício profissional do médico, que ficaria impossibilitado de tratar grande parte dos seus pacientes.


De acordo com a citada Lei, são atividades dos nutricionistas: artigo 3º,  inciso VIII “assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e a nível de consultórios de nutrição e dietética, prescrevendo, planejando, analisando, supervisionando e avaliando dietas para enfermos”, e artigo 4º,  inciso VII “prescrição  de  suplementos nutricionais, necessários à complementação da dieta”.
Portanto, a prescrição de dietas cabe aos dois profissionais − médicos e nutricionistas, cada, um, contudo, com suas atribuições especificas.
A responsabilidade da indicação e prescrição médica da terapia nutricional de paciente hospitalizado ou em regime ambulatorial, quer seja enteral ou parenteral, por se tratar de ato que envolve tanto o diagnóstico quanto o tratamento, e por isso ser ato de competência médica, é de responsabilidade do médico assistente. Ao nutricionista, cabe também a prescrição de dietas, sob orientação médica, e dentro de sua competência, a elaboração de cardápio personalizado.

O consulente não se refere a uma dieta específica, o que leva esta parecerista acrescentar que em casos de nutrição parenteral (NP), equipe mínima multiprofissional deve ser composta por um  médico  (coordenador  e  responsável  técnico), uma  nutricionista,  uma  enfermeira  e  um  farmacêutico.  Outros  profissionais  podem ser  acrescidos  conforme  a  necessidade e abrangência do Serviço de Nutrição Parenteral, tendo cada membro sua atribuição bem definida na Portaria nº 272/MS – SNVS/1998.


Destaco, as atribuições do médico e do nutricionista:

São atribuições do médico:

  • Estabelecer o acesso intravenoso central, para a administração da NP;
  • Proceder o acesso intravenoso central, assegurando sua correta localização;
  • Orientar o paciente, os familiares ou o responsável legal quanto aos riscos e benefícios do procedimento;
  • Participar do desenvolvimento técnico-científico relacionado ao procedimento;
  • Garantir os registros da evolução e dos procedimentos médicos.
São atribuições do nutricionista:
  • Avaliar os indicadores nutricionais subjetivos e objetivos, com base em protocolo preestabelecido, de forma a identificar o risco ou a deficiência nutricional e a evolução de cada paciente, até a alta nutricional estabelecida pela equipe multiprofissional de terapia nutricional;
  • Avaliar qualitativa e quantitativamente as necessidades de nutrientes baseadas na avaliação do estado nutricional do paciente;
  • Acompanhar a evolução nutricional dos pacientes em terapia nutricional, independente da via de administração;
  • Garantir o registro, claro e preciso, de informações relacionadas à evolução nutricional do paciente;
  • Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização dos seus colaboradores.

CONCLUSÃO: é permitido ao médico, sob o ponto de vista legal, a prescrição de dietas. Todavia esta atribuição não é privativa do médico.

É o parecer, SMJ.


Recife, 05 de maio de 2015.

Maria Luiza Bezerra Menezes

Consª Parecerista

Fonte: http://cremepe.org.br/2015/08/28/prescricao-medica/

----------

Recentemente o STF proferiu a seguinte decisão:

"DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Atividades privativas de nutricionista e livre exercício profissional

É constitucional a expressão “privativas”, contida no “caput” do art. 3º (1) da Lei 8.234/1991, que regulamenta a profissão de nutricionista, respeitado o âmbito de atuação profissional das demais profissões regulamentadas.

Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada contra o referido dispositivo legal.

O Tribunal afirmou que a Constituição, ao admitir que lei restrinja o exercício das profissões, especificando requisitos mínimos ao exercício de atividades técnicas, apresenta-se como exceção à regra geral da liberdade de exercício profissional. Essas restrições legais precisam ser proporcionais e necessárias e estão restritas às “qualificações profissionais” — formação técnico/científica indispensável para o bom desempenho da atividade.

O caso da profissão de nutricionista requer conhecimentos técnicos e científicos específicos para o desempenho de suas funções.

O Colegiado ressaltou que as atribuições dos profissionais de nível médio são essencialmente diversas daquelas atribuídas com exclusividade aos profissionais de nível superior.

A norma impugnada enumerou como privativas dos nutricionistas atividades eminentemente técnicas que não se confundem com aquelas desempenhadas por outros profissionais de nível médio.

Portanto, não há inconstitucionalidade na exigência de nível superior em nutrição para atividades eminentemente acadêmicas, a exemplo da direção, coordenação e supervisão de cursos de graduação; planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de estudos dietéticos; ensino das matérias profissionais dos cursos de graduação em nutrição; e ensino das disciplinas de nutrição e alimentação nos cursos de graduação da área de saúde e outras afins.

Por outro lado, as atividades de planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de serviços pertinentes à alimentação e nutrição, consultório de nutrição e dietética, e de assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e em consultório de nutrição não impedem nem prejudicam aquelas pertinentes a outras áreas de nível superior, notadamente referentes a bioquímicos e médicos nutrólogos.

Assim, é imperativo destacar que existem ressalvas com relação a outras categorias profissionais, tais como gastroenterologistas, nutrólogos, bioquímicos e demais profissões que, conquanto lidem com atividades correlatas, não têm seu exercício tolhido pela regulamentação da profissão de nutricionista.

Vencido o ministro Marco Aurélio, que julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade do vocábulo “privativas”, constante do art. 3º da referida lei. Pontuou que o art. 5º, XIII (2) da CF revela a liberdade no exercício de qualquer trabalho, ofício, ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

(1) Lei 8.234/1991: “Art. 3º São atividades privativas dos nutricionistas: I - direção, coordenação e supervisão de cursos de graduação em nutrição; II - planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de serviços de alimentação e nutrição; III - planejamento, coordenação, supervisão e avaliação de estudos dietéticos; IV - ensino das matérias profissionais dos cursos de graduação em nutrição; V - ensino das disciplinas de nutrição e alimentação nos cursos de graduação da área de saúde e outras afins; VI - auditoria, consultoria e assessoria em nutrição e dietética; VII - assistência e educação nutricional e coletividades ou indivíduos, sadios ou enfermos, em instituições públicas e privadas e em consultório de nutrição e dietética; VIII - assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e a nível de consultórios de nutrição e dietética, prescrevendo, planejando, analisando, supervisionando e avaliando dietas para enfermos”.
(2) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

ADI 803/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 28.9.2017. (ADI-803)"

Fonte: http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo879.htm


Sétima diferença: o número de consultas pelos planos de saúde

Infelizmente os planos de saúde não são obrigados a cobrir consultas ilimitadas com nutricionistas. Sendo assim, conforme as normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o plano de saúde possui um teto MINIMO no número de consultas com nutricionistas. Totalizando em 12 consultas anuais, desde que sejam respeitados os seguintes critérios

"São obrigatórias 12 consultas/sessões com nutricionistas, quando preenchidos os seguintes critérios pelos pacientes:
a) Diagnóstico confirmado de diabetes
b) Duas consultas médicas especializadas nos últimos 12 meses (endocrinologista /ou oftalmologista e/ou cardiologista e/ou nefrologista);
c)1 EGC (Eletrocardiograma) nos últimos 12 meses;
d) 2 exames de hemoglobina glicosilada nos últimos 12 meses;"

Já com médicos nutrólogos, o número de consultas é ilimitado. Caso o paciente queira ir semanalmente ou quinzenalmente pode comparecer. A nutrologia é uma especialidade médica, a ANS obriga que os planos disponibilizem nutrólogos para os pacientes. Apesar de que a cada dia está mais difícil encontrar nutrólogos pelos planos de saúde.

Abrangência da nutrologia e o que o nutrólogo trata

A abrangência de atuação dos nutrólogos envolve:
  1. diagnosticar e tratar as doenças nutricionais (que incluem as doenças nutroneurometabólicas)
  2. Identificar possíveis “erros” alimentares, hábitos de vida ou estados orgânicos que estejam contribuindo para o quadro nutricional do paciente, já que as interrelações entre nutrientes-nutrientes, nutrientes-medicamentos e de mecanismos regulatórios orgânicos são complexas;
O nutrólogo pode atuar tanto em nível ambulatorial (consultório) quanto em nível hospitalar (pacientes em enfermaria ou na Unidade de terapia intensiva).

Podendo também atuar em nível de domicílio, no caso dos pacientes acamados.

Quando a atuação se dá no ambulatório denominamos de nutrologia clínica, enquanto dentro de hospitais, de hospitalar.

As principais doenças tratadas na nutrologia clínica/hospitalar são:
  1. Obesidade infanto-juvenil e no Obesidade do adulto;
  2. Desnutrição do adulto, da criança e do idoso;
  3. Acompanhamento pré e pós-cirurgia bariátrica;
  4. Dificuldade para ganho de massa magra (adolescentes, adultos e idosos);
  5. Sarcopenia (baixa quantidade de massa magra),
  6. Osteopenia e Osteoporose do idoso e em jovens;
  7. Anorexia nervosa;
  8. Bulimia nervosa;
  9. Vigorexia;
  10. Ortorexia;
  11. Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP),
  12. Síndrome do Comer Noturno;
  13. Aspectos nutricionais da ansiedade; depressão; insônia;
  14. Intolerância à glicose e Diabetes mellitus tipo 2;
  15. Dislipidemias: hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia;
  16. Síndrome metabólica;
  17. Esteatose hepática não-alcóolica (fígado gorduroso);
  18. Alergias alimentares;
  19. Intolerâncias alimentares (lactose, frutose);
  20. Anemias carenciais (Ferropriva, por deficiência de B12, ácido fólico, cobre, zinco, complexo B, vitamina A);
  21. Deficiência e excessos de macronutrientes e micronutrientes;
  22. Constipação intestinal (intestino preso);
  23. Diarréia crônica;
  24. Dispepsias correlacionadas à ingestão de alimentos específicos (má digestão);
  25. Distensão abdominal crônica (gases intestinais);
  26. Disbiose intestinal e Síndrome de Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO);
  27. Síndrome do intestino irritável;
  28. Fadiga crônica;
  29. Fibromialgia (aspectos nutrológicos);
  30. Acompanhamento nutricional pré-gestacional (preparo pré-gravidez), acompanhamento nutricional durante a gestação e amamentação;
  31. TPM (causas ligadas a nutrientes);
  32. Orientações nutrológicas para nefropata (insuficiencia renal aguda, doença renal crônica, cálculo renal),
  33. Orientações nutrológicas para hepatopatas (insuficiência hepática, encefalopatia hepática, esteatose hepática),
  34. Orientações nutrológicas para pneumopatas (Asma, enfisema, fibrose cistica, bronquite crônica, sindromes restritivas, cor pulmonale),
  35. Orientações nutrológicas para cardiopatas (infarto agudo, insuficiência coronariana, insuficiência cardíaca, valvulopatias, arritimias),
  36. Orientações nutrológicas para portadores de doenças autoimunes (artrite reumatóide, lúpus, hashimoto, psoríase, vitiligo);
  37. Infertilidade (aspectos nutrológicos).

Portanto, se você tem alguma dessas condições eu te oriento primeiro a procurar um nutrólogo para fechar o diagnóstico e determinar o tipo de terapêutica a ser utilizada. Mas por que ? O nutricionista não tem nem formação acadêmica e nem competência legal para diagnosticar doença, e sim  competência legal e acadêmica para o diagnóstico nutricional.


Posteriormente procurar um nutricionista de preferência com experiência em nutrição clínica, para que ele possa instituir uma abordagem nutricional para o seu caso e acompanhá-lo paralelamente com o nutrólogo. A abordagem multidisciplinar é de suma importância. Bons profissionais dialogam e buscam o melhor para o paciente. 

Exemplos de atuação do nutrólogo

Uma forma  simples de explicar a diferença é através de exemplos. Imaginemos um paciente:
Sexo masculino, 25 anos, 1,80 110kg. Com queixa de obesidade, irritabilidade, deita tarde, sonolência durante o dia, sensação de que o sono não foi reparador, cansaço, diminuição da libido, alta ingestão de álcool nos finais de semana, baixa ingestão de água, hábitos alimentares errôneos.
História familiar de doenças cardiovasculares e diabetes tipo II. Tem apresentado elevação da pressão arterial ocasionalmente e aumento da frequência cardíaca.

A primeira conduta seria verificar quais as possíveis patologias podem estar presentes. Além da solicitação de exames para verificar como está a pressão arterial e atividade eletrofisiológica cardíaca. Isso um nutricionista conseguiria fazer? Não.

Ou seja, o básico e essencial já estaria prejudicado caso o paciente recorresse primeiramente ao colega nutricionista. O risco cardiovascular desse paciente seria subestimado e isso poderia culminar em um desfecho desfavorável.

A questão do sono é de suma importância. A solicitação de uma polissonografia é crucial para determinar se o sono apresenta alterações como apnéia. Pois se o mesmo apresentar uma apnéia de moderada a grave, tanto a oscilação da pressão, quanto alteração na libido como irritabilidade podem ter uma justificativa. A apnéia deve ser corrigida. A pergunta é: o colega nutricionista vai intervir nisso? Ele sabe manejar isso? Não ! Ele pode indicar o uso de CPAP? Não.

Ele sabe manejar parcialmente a obesidade, dentro do biônimo dieta + atividade física.

Aí entram inúmeras perguntas:
  1. E se esse paciente não responde bem (como é o caso de uma grande parcela dos pacientes) apenas à dieta combinada com atividade física? 
  2. E se esse paciente apresenta associado ao quadro, episódios de compulsão alimentar e faz-se necessário um tratamento medicamentos? Ele vai conseguir intervir? Mais uma vez, a resposta é não.
  3. E se esse paciente tem como obesidade um efeito adverso de alguma medicação que ele ja faz uso? O nutricionista pode retirar? Não. 
  4. E se esse paciente por conta da obesidade vem apresentando Esteatose hepática e ela está evoluindo para esteatohepatite. O nutricionista saberá diagnosticar, ou melhor, ele pode diagnosticar ? Não. 
  5. E se essa apnéia do sono está levando a uma elevação dos níveis de cortisol no período noturno, além de uma diminuição da produção de testosterona decorrente de uma diminuição dos pulsos de LH. O nutricionista saberá diagnosticar sem a Polissonografia? Não. 
Vejam (antes que me crucifiquem nos comentários) que em nenhum momento retiro a importância crucial do colega nutricionista no tratamento. A correção dos hábitos alimentares assim como a educação em saúde são fundamentais, sendo pilares no tratamento. Mas até que se institua o tratamento, várias coisas devem ser investigadas. Não apenas a ponta do iceberg (sinais e sintomas), como muitos nutricionistas e nutrólogos exercem. Em momento nenhum desse texto eu fugi à legislação. O que me irrita é ver nutricionista querendo invadir a medicina (achando que pode diagnosticar doença, por mais que tenha feito pós-graduação em alguma área) e médico querendo invadir a nutrição (realizando o que é função privativa do nutricionista). Cada um no seu quadrado.

Se nutricionista quer diagnosticar e tratar doença, curse medicina. Se o médico quer passar dieta de forma adequada, mais aprofundada, com todos os cálculos, gradue-se em nutrição. 

Medicina nutricional se faz assim, com investigação minuciosa, compreensão das interrelações entre vias bioquímicas. Assim como nutrição clínica se faz com abordagem holística. Um profissional complementa o outro e quem ganha com isso é o paciente.


Autor: Dr. Frederico Lobo (CRM-GO 13192) Médico

Clique na imagem para ampliar

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Gordura acumulada na barriga tem relação com estresse

Bem interessante a reportagem sobre o assunto.

O Cortisol hoje a ciência sabe, que favorece a diferenciação do pré-adipócito em adipócito maduro. Além disso faz quebra de proteínas, piora a ação da insulina, aumenta a retenção de líquidos.

http://globotv.globo.com/rede-globo/bem-estar/v/gordura-acumulada-na-barriga-tem-relacao-com-estresse/3510867/

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Produção de copo de plástico gasta mais água do que lavar copo de vidro

A atitude de optar por copos de plástico no lugar dos de vidro, que tem se tornado comum em bares e restaurantes de São Paulo, não constitui uma contribuição verdadeira para se contornar a crise hídrica, como mostrou o SPTV nesta quarta-feira (11).  Devido aos cortes no abastecimento, moradores também aderiram à prática.

Mas para se se fazer um copinho o plástico precisa ser derretido, colocado em uma forma e resfriado. Esse processo exige bastante água. A maior parte dela é reutilizada. Mas, pelo menos, meio litro vai embora.
A produção de copo descartável chega a consumir 500 ml de água, enquanto a lavagem feita na pia utiliza 400 ml, como estimou a Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFSP) Itapetininga. A lavagem na máquina é ainda mais econômica e gasta apenas 100 ml por copo, isto é, apenas 20% do que é gasto para se produzir um copinho plástico.
Os copos mais procurados do mercado tem capacidade para 200 ml de plástico e custa R$ 0,02. O de 300 ml, que custa R$ 0,04, tem o tamanho mais parecido com o copo utilizado em casa. O copo de plástico mais firme, o cristal, custa R$ 0,16 centavos cada.

Para quem está passando pela falta de água para lavar louça, a compra pode ser a solução do momento. A longo prazo, pode contribuir para prejudicar ainda mais o abastecimento.
O Bom Dia São Paulo já mostrou estabelecimentos na Vila Mariana, na Zona Sul, e na Vila Madalena, bairro boêmio da Zona Oeste, já adotaram os copos de plásticos. Alguns consumidores não se acostumam e chegam até a levar o próprio copo de vidro para o momento do brinde.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/02/producao-de-copo-de-plastico-gasta-mais-agua-do-que-lavar-copo-de-vidro.html

Hortas caseiras melhoram a qualidade da alimentação e criam uma nova relação das pessoas com o que comem

Nunca se buscou tanto uma alimentação saudável como agora. O aumento da longevidade e o avanço da medicina trouxeram a esperança por mais dias de vida e “a receita” para alcançá-los. A ciência já juntou A mais B para dizer como a escolha do que comer pode ser definidora de mais saúde e qualidade de vida. A atenção ao que se come ganhou outra dimensão e hoje, para muita gente, é essencial saber como alhos e bugalhos foram plantados, tratados e colhidos, até chegar ao prato. É nesse contexto que as hortas caseiras vão ganhando espaço, mesmo quando ele é tão pequeno para plantar tudo o que se deseja. Nutricionistas defendem que faz toda a diferença comer o que se planta, e quem entende de horta deixa claro: “Sim, é possível comer a alface que você viu germinar”.

A fisioterapeuta Nádia Fadini Serpa se considera uma “espalhadora de hortas”. Por gostar de cozinhar, já ensaiava plantar os temperos que sempre saía para buscar no meio de suas preparações. Mas o diagnóstico de um câncer e a necessidade de melhorar a alimentação foram definidores para enfiar a mão na terra. Depois da sua horta, ela já montou uma para o prédio onde mora, uma na casa da mãe e outra para a sogra. E é com essa mesma boa vontade que compartilha suas dicas com o Bem Viver. A horta de Nádia é um sucesso, mesmo em um apartamento pequeno. Uma prova de que é possível para todo mundo.

HORTALIÇAS 

As hortas, claro, se adequam à quantidade de terra que se tem para oferecer. Cabe a quem planta e colhe escolher o mais apropriado à sua realidade e, claro, ao seu gosto. Uma das graças da horta é exatamente essa personalização: tem-se à mão o que mais se gosta. Pequenas hortas de ervas são as mais comuns, mas é possível ir além. Dá para plantar cenoura, embora as hortaliças folhosas sejam as de mais fácil cultivo. Aliás, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as hortaliças são aquele grupo de plantas de ciclo biológico curto, consistência tenra de folhas, não lenhosas e não cultivadas em áreas extensas, se comparadas a grandes culturas, como a soja. Popularmente, são conhecidas como verduras e legumes, sendo incluídas nesse grupo a batata, a batata-doce, o milho doce e verde, o melão, o morango e a melancia.

Preparamos um manual com dicas essenciais para quem quer começar. Anime-se! Sua comida vai ficar mais gostosa, e sua saúde, mais em dia.

FEIRA MODERNA

Para quem planeja ter uma horta em casa, a rede de alimentação saudável Salad lançou uma nova edição do Guia salad ou manual prático - Como fazer sua horta. O aplicativo para tablet e smartphone é gratuito e está disponível na App Store e Google Play. Com simplicidade, o objetivo é ensinar o usuário a criar e a manter uma horta orgânica em casa.

Marmita verde 
Além do ganho com a alimentação mais saudável, o cultivo de hortaliças e legumes é sustentável, pois diminui a emissão de poluentes com o transporte, por exemplo

Hortas em pequenos espaços vêm ganhando adeptos há muito tempo. O movimento, iniciado em grandes metrópoles mundiais, começou transformando lajes fora de atividade em telhados verdes. Em Londres, o hábito vem desde o fim dos anos 1980, com lotes vazios transformados em hortas comunitárias, com tarefas e produção compartilhadas. Mais recentemente, a disseminação de informação, a troca de experiência nas redes sociais e o comprometimento de alguns grupos com a oferta de oficinas gratuitas ampliaram o fenômeno, que ganhou ainda mais força com a moda das marmitas “repaginadas”. O mercado também está de olho na tendência: em Belo Horizonte, há imóveis de luxo com hortas planejadas para cada unidade. As pessoas descobriram que é possível ter mais do que um vasinho de manjericão na janela.

Segundo a doutora em botânica Marina Neiva Alvim, coordenadora do projeto Verde Comunitário, projeto de extensão do curso de biologia do Centro Universitário Izabela Hendrix, é possível manter um manejo agroecológico em uma horta caseira, sem uso de insumos químicos comuns na agricultura tradicional. “Escolhemos plantas que têm afinidade uma com a outra, aquelas que afastam pragas e, claro, o que mais se gosta de comer. O resultado são alimentos mais frescos e um maior acesso a nutrientes, porque o metabolismo da planta os destrói com o passar do tempo e o que compramos no supermercado não tem a mesma qualidade do que cultivamos”, explica. Para Marina, além do ganho com uma alimentação mais saudável, há um benefício indireto. “Quando plantamos o que comemos estamos diminuindo a emissão de poluentes com o transporte de alimentos”, diz.

As hortas caseiras são ainda uma ótima maneira de reciclar vasilhames. Segundo Marina, quase tudo dá para plantar em garrafas PET, colocadas de pé ou deitadas, em função do modo como cresce a raiz da planta. A única limitação é o sol: as hortaliças, em geral, precisam de três a cinco horas diárias de sol direto. O da manhã é o ideal, mas, se no seu apartamento ele só bate à tarde, também vai dar certo. No projeto Verde Comunitário, o plantio foi adaptado à realidade das moradias. “É possível plantar sem furar os vasos para a drenagem, já que isso sujaria as áreas e paredes dos apartamentos. Defendemos que quem planta aprenda a irrigar de forma a não encharcar o solo”, explica a especialista. A fisioterapeuta Nádia Serpa, de 36 anos, vê nesse cuidado uma forma de se envolver ainda mais com a produção do que se come.

MAIS VALOR 

Além de mais ricas em nutrientes, as hortaliças cultivadas pelo próprio consumidor aproximam o homem do seu alimento. Rosamara de Souza Gonçalves, coordenadora estadual da Fundação Mokiti Okada, que mantém o programa Horta em vasa e vida saudável, a vivência e o contato com a hortaliça é um dos objetivos. “Nossa filosofia é aproximar pessoas e natureza. Somos seres naturais e, quando plantamos nossa própria comida, nos aproximamos dessa essência”, defende. Fora o aspecto social. Nádia, por exemplo, se aproximou mais dos vizinhos do prédio desde que propôs fazer uma pequena horta de temperos na área comum. “Até o cheiro do lugar fica melhor”, comemora.

Oficinas gratuitas

Plantio em espaços alternativos
Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Alimentar de Belo Horizonte
Telefone: (31) 3277-4851/4779

Germinação e cultivo
Projeto Verde Comunitário, do Centro Universitário Izabela Hendrix
E-mail: verde.comunitario@izabelahendrix.edu.br

Programa Horta em casa e vida saudável
Fundação Mokiti Okada
E-mail: rosa_adv@yahoo.com.br

TRÊS PERGUNTAS PARA... Gabriela Kapim - nutricionista e apresentadora do programa Socorro, meu filho come mal

1) Qual é o consumo diário de hortaliças recomendado para uma alimentação saudável? Qual deve ser a quantidade, a qualidade e a variedade?

É importante comer de cinco a seis hortaliças e de três a quatro frutas por dia, preferencialmente orgânicos. Esse consumo deve ser o mais variado possível, quanto ao tipo, cor, consistência e forma de preparo. Uma hortaliça, por exemplo, pode ser comida crua, assada ou cozida.

2) É possível alcançar esse consumo exclusivamente por meio de uma horta caseira? Se for preciso recorrer a outra fonte, qual a orientação?

Dificilmente conseguimos tudo em uma horta própria, principalmente no caso das frutas. O ideal é que tudo seja orgânico, mas, se não for possível, é melhor comer sem ser orgânico do que deixar de comer esses alimentos.

3) Em função dos pequenos espaços disponíveis para cultivo, o que você indica para plantio, de forma a garantir um consumo variado e equilibrado em termos de nutrientes?

As verduras são mais fáceis de se cultivar em uma horta caseira do que os tubérculos, que precisam de mais profundidade. Se o espaço for pequeno e não der para investir em uma variedade, acho uma hortinha de temperos bem bacana. Ter ervas orgânicas e frescas já faz toda a diferença no sabor das preparações. Além disso, com mais temperos à disposição, dá para variar nas receitas e diminuir o sal. Mas é preciso ter atenção para fazer uma horta já com sementes orgânicas.

Hortas em pequenos espaços 

O desenvolvimento de uma planta está diretamente relacionado ao seu potencial genético, ao manejo da cultura e aos fatores ambientais. O sucesso de sua colheita, portanto, depende de cuidados com todos esses aspectos


MATERIAL NECESSÁRIO

A escolha do minicanteiro depende do espaço disponível e da adequação à hortaliça. Seja qual for, o ideal é ter 20cm de profundidade. Algumas opções:

• tambores de latão ou de plástico
• canteiros de madeira suspensos
• latas e vasilhames recicláveis
• jardineiras de alvenaria
• canos de PVC
• garrafas PET
• baldes
• pneus

LUMINOSIDADE E TEMPERATURA

A luz é, provavelmente, o fator ambiental mais importante para o crescimento e a floração das plantas. Em função de sua necessidade de luminosidade, elas são divididas em plantas de dias longos, que precisam de maior tempo de exposição (cebola e alho); plantas de dias curtos, que necessitam de menor exposição (hortaliças folhosas, pimentas e pimentões) e neutras, que se desenvolvem bem em qualquer condição (tomate e quiabo).

BOAS OPÇÕES

• Hortaliças com parte aérea comestível e ciclo de vida curto: coentro, cebolinha, salsa, alface, chicória, almeirão, rúcula e espinafre
• Condimentares: alecrim, hortelã, erva cidreira, manjericão, alfavaca
• Hortaliças fruto: pimentão, tomate e pimenta
• Tubérculos: embora possível, não é recomendado para pequenos espaços, por necessitarem de canteiros com maior profundidade

PLANTIO DIRETO X MUDAS

As sementes podem ser plantadas diretamente no canteiro no caso de hortas em pequenos espaços. Coloque até três sementes por cova, em uma profundidade de até 1,5cm, ou distribuídas em sulcos com profundidade máxima de 1cm. Quando as mudas apresentarem de três a quatro folhas definitivas, realize o desbaste ou raleio das hortaliças, arrancando as mais fracas e deixando as demais num espaçamento próximo ao recomendado. Tenha cuidado para não afetar as raízes, puxando as mais fracas lentamente pela base. Regue logo após o procedimento. Se preferir, faça a horta a partir de mudas, colocando as sementes em copos descartáveis, com substrato próprio para cultivo de mudas. Geralmente, as mudas devem ser transplantadas para o canteiro quando tiverem de três a quatro pares de folhas definitivas.

NUTRIENTES

A falta ou insuficiência de alguns nutrientes atrasa o desenvolvimento ou impossibilita a planta de completar o seu ciclo de vida. Podem ser divididos em macronutrientes, necessários em maior quantidade (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre) e micronutrientes, em menor quantidade (carbono, cobre, cloro, manganês, zinco, molibdênio e ferro). É preciso cuidar ainda do índice de acidez (se o pH do solo não estiver na faixa adequada, entre 5,5 e 6,5, a raiz não consegue absorver os nutrientes, sendo necessário acrescentar calcário); umidade; disponibilidade dos nutrientes; aeração e temperatura do solo (a faixa favorável à absorção está entre 20°C e 35°C).

PREPARO DO SOLO

1º) Colete terra de barranco, de 20cm a 30cm de profundidade (considerada solo pobre, com pH baixo e livre de sementes de ervas daninha). Peneire para separar as partículas mais finas dos torrões.

2º) Escolha o adubo orgânico (esterco de boi ou cama de frango, desde que bem curtidos, para evitar contaminação) e o adubo químico (granulado NPK 4-14-8, de preferência, ou termofosfatado).

3º) Para cada 50 litros de terra de barranco, acrescente 100 gramas de calcário ou cal hidratada; 34 litros de esterco de gado ou 17 litros de esterco de galinha; 200 gramas de NPI, 4-14-8 ou 200 gramas de adubo termofosfatado.

SOLO ADEQUADO

Um solo fértil deve ter uma quantidade razoável de matéria orgânica, reter água e ser permeável e apresentar os minerais essenciais para o cultivo. Caso contrário, é recomendado acrescentar adubos orgânicos (fezes de animais ou restos vegetais) ou químicos (compostos de nitrogênio, fósforo e potássio), ou misturá-lo a solos mais férteis e regá-lo frequentemente. O solo ideal para plantas é uma mistura do arenoso (menor quantidade) e argiloso (maior quantidade). No entanto, a maior parte dos utilizados para o cultivo de hortaliças são os chamados terra de barranco, terra virgem ou solo virgem, geralmente de coloração vermelha ou amarelada e de baixa fertilidade.

IRRIGAÇÃO

O bom controle da irrigação é essencial, com o cuidado de não encharcar o solo. Se ele estiver pouco arejado, a respiração e produção de energia das plantas será prejudicada. Hortaliças, plantas de ciclo curto, precisam de irrigação constante, que varia com sua idade. Na produção de mudas, ela deve ser diária, com pouca água e maior frequência três vezes por dia. Com o desenvolvimento das plantas, a irrigação deve ser diminuída em frequência e aumentada em volume: as jovens devem receber água uma vez ao dia, e as adultas, de três a quatro vezes por semana. Com clima ameno, a frequência de irrigação deve ser menor; com temperaturas elevadas, maior

ONDE CULTIVAR

O plantio de hortas em pequenos espaços é uma alternativa ao método tradicional para quem não tem disponibilidade de canteiros. O cultivo deve ser feito onde há sol em pelo menos um período do dia (cerca de cinco horas) e luminosidade para a fotossíntese. Desde que atenda esses quesitos, é possível plantar em corredores externos, sacadas e beirais, varandas, janelas, terraços, garagens e fundos de quintal.


As pragas mais comuns em hortaliças são larvas e lagartas; pulgões; percevejos; besouros; mosca-branca; cochonilhas; paquinhas, grilos, gafanhotos e formigas; tripes; cupins, ácaros, lesmas e caracóis. Já as doenças mais recorrentes são provocadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides. Para evitá-los, deve-se garantir que a terra não esteja contaminada. No caso de ataque de pragas e incidência de doenças, alguns produtos naturais ou de preparo caseiro podem auxiliar, como o óleo ou extrato de plantas como neem, fumo, pimenta, cebola, cravo-de-defunto e camomila, além das caldas de sabão neutro ou sulfocálcica. O cultivo de plantas repelentes em torno também ajuda, como coentro, cebolinha, cravo-de-defunto e camomila. Tanto defensivos químicos quanto naturais demandam cuidado na utilização e um período de carência para consumo: cinco dias


Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2015/06/14/noticia_saudeplena,153756/hortas-caseiras-melhoram-a-qualidade-da-alimentacao-e-criam-uma-nova-r.shtml

Uma noite sem dormir pode alterar os genes do relógio biológico nos tecidos

Investigadores suecos da Universidade de Upsala e do Instituto Karolinska descobriram que os genes que controlam os relógios biológicos nas células de todo o organismo são alterados depois de perder uma só noite de sono. Os resultados de seu estudo serão publicados no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism.

"Pesquisas prévias demonstraram que nosso metabolismo é afetado negativamente pela perda de sono e esta foi associada a um incremento no risco de obesidade e diabetes de tipo 2. Dado que a ablação dos genes do relógio nos animais pode causar estes estados patológicos, nossos resultados atuais indicam que as mudanças em nossos genes do relógio podem estar associados a esses efeitos negativos causados pela perda de sono", diz Jonathan Cedernaes, autor principal no estudo e investigador na Universidade de Upsala.

Para o estudo, os investigadores analisaram a 15 homens saudáveis de peso normal que em duas ocasiões separadas foram ao laboratório para permanecer quase duas noites. Durante a segunda noite, os participantes dormiram em forma habitual (mais de oito horas) em uma das duas sessões, enquanto que se mantiveram acordados na outra dessas sessões, mas em ordem aleatória. Para minimizar a influência de diversos fatores ambientais, controlaram-se rigorosamente as condições de luz, a ingestão de alimentos e os graus de atividade no laboratório e os participantes foram limitados à cama quando se mantiveram acordados.

Depois da segunda noite nas duas ocasiões em que os homens foram estudados, obtiveram-se pequenas amostras de tecido adiposo superficial no ventre e de músculo da coxa, duas classes de tecido que são importantes para regular o metabolismo e controlar as concentrações de açúcar em sangue. Do mesmo modo, obtiveram-se amostras de sangue antes e depois que os participantes tinham consumido uma solução de açúcar para avaliar sua sensibilidade à insulina, um procedimento que no geral é realizado para descartar a apresentação de diabetes ou um estado metabólico chamado alteração da sensibilidade à insulina, que pode preceder ao diabetes tipo 2.

As análises moleculares das amostras de tecido obtidas demonstraram que a regulação e a atividade dos genes do relógio eram alteradas depois de uma noite de perda de sono. A atividade dos genes é regulada por um mecanismo chamado epigenético. Isto implica alterações químicas na molécula do DNA como os grupos metilo -um processo chamado metilação- que regula a forma em que os genes são ativados ou inativados. Os investigadores descobriram que os genes do relógio tinham um número crescente de tais marcas de DNA depois da perda de sono. Também observaram que estava alterada a expressão dos genes, que é indicativa de quanto produto de genes é elaborado.

"Até onde sabemos, somos os primeiros em demonstrar diretamente que as mudanças epigenéticos podem ocorrer depois da perda de sono em seres humanos, mas também nestes tecidos importantes", diz o Dr. Cedernaes. "É interessante que a metilação destes genes poderia alterar-se com essa rapidez, e que poderia ocorrer para estes genes do relógio biológico metabolicamente importante", continua.
As mudanças que os investigadores observaram foram, não obstante, diferentes no tecido adiposo e no músculo esquelético. "Isto poderia assinalar que estes relógios moleculares importantes já não estão sincronizados entre esses dois tecidos", diz o Dr. Cedernaes. "O 'assincronismo de relógio' entre os tecidos por si só foi associado a alterações metabólicas, por isso isto poderia indicar que estas mudanças específicas de tecidos estavam associadas a alterações da tolerância ao glicose que nossos participantes mostraram depois da noite que se mantiveram acordados".

Os investigadores nesta etapa não sabem o quão persistentes são estas mudanças. "Poderia ser que estas mudanças se restabelecessem depois de uma ou várias noites de sono satisfatório. Por outra parte, as marcas epigenéticas parecem poder funcionar como uma espécie de memória metabólica e se observou que são alteradas, por exemplo, em trabalhadores por turnos e pessoas que padecem diabetes tipo 2", afirma o Dr. Cedernaes. "Isto poderia significar que pelo menos alguns tipos de perda de sono ou de vigília estendida, como no trabalho por turnos noturnos, poderiam levar a mudanças no genoma dos tecidos que pode afetar o metabolismo por períodos mais prolongados", terminou dizendo o Dr. Cedernaes.

Referências: Jonathan Cedernaes et al, Acute sleep loss induces tissue-specific epigenetic and transcriptional alterations to circadian clock genes in men. JCEM. DOI:10.1210/JC.2015-2284

Fonte: http://www.medicalnewstoday.com/releases/297117.php

Os produtos lácteos aumentam a eficácia dos probióticos

O sucesso dos probióticos para impulsionar a saúde humana pode depender, em parte, da comida, da bebida, ou de outro materiais levando probióticos, de acordo com a pesquisa publicada na Applied and Environmental Microbiology, um jornal da American Society for Microbiology.

"Nossos achados indicam que a maneira pela qual um probiótico é administrado - se no alimento ou na forma de suplemento alimentar ou - poderia influenciar o quão eficaz é esse probiótico para proporcionar os benefícios de saúde desejados", disse a autora para correspondência Maria Marco, PhD, professora associada ao Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Universidade da Califórnia em Davis.

No estudo, os investigadores investigaram a cepa probiótica Lactobacillus casei BL23 em um modelo de rato de colite, ou inflamação do cólon. Os ratos que ingeriram o probiótico no leite tinham reduzido os sintomas em comparação com aqueles que foram alimentados com leite sem o probiótico, e os que receberam o probiótico dentro de um suplemento não alimentar.

Os investigadores também fizeram um censo da microbiota antes e depois da ingestão de L. casei. "Isto não alterou significativamente as populações ou diversidade das bactérias intestinais residentes, sugerindo que os benefícios do probiótico envolvem um efeito directo de L. casei, ou de um produto metabólico destas bactérias sobre o epitélio do intestino, em vez de uma alteração global da microbiota intestinal nativa, disse Marco.

"As cepas de L. casei são comumente adicionadas aos produtos lácteos como probióticos e, enquanto a cepa BL23 não está disponível comercialmente, é geneticamente similar às cepas comerciais e também tem sido estudada por sua capacidade de prevenir ou reduzir a inflamação intestinal", acrescentou.

Segundo os pesquisadores, os produtos lácteos são as matrizes de alimentos mais populares para cepas probióticas. "Notavelmente, a questão de saber se faz alguma diferença consumir probióticos em produtos lácteos, em vez de outros alimentos ou suplementos nutricionais não foi sistematicamente ou mecanicamente investigado em estudos clínicos ou pré-clínicos. "Como sabemos que as bactérias podem se adaptar a seu ambiente, pensamos que as condições a que os probióticos são expostos antes da ingestão poderiam influenciar a sua capacidade de manter ou melhorar a saúde humana".

Fonte: http://www.medicalnewstoday.com/releases/296986.php

O que é que a castanha do Pará tem?


Quem não conhece a castanha do pará? Também conhecida como castanha do Brasil. Seu principal atributo está na presença de selênio, que atua no combate os radicais livres. Embora esse nutriente tenha sua principal função ligada à atividade antioxidante, ele também atua no metabolismo da tireoide, uma vez que ele é essencial à atividade da deiodinase tipo II, que transforma os hormônios T4 em T3 (mais ativo).

Além do selênio, a castanha do Para possui uma série de nutrientes como as vitaminas do complexo B e E, fósforo, fibras e gorduras boas. Entre os benefícios, estão o antienvelhecimento precoce (ajuda no controle do tamanho dos telômeros), a melhora do sistema imunológico como um todo e a capacidade de evitar o surgimento de doenças como o Alzheimer.

Mas atenção! Ela não pode ser consumida em excesso devido aos possíveis efeitos adversos, o selênio é tóxico em doses elevadas, acima de 400µg ao dia. Isso pode ocorrer porque em cada castanha do para encontramos de 50 a 118µg. A toxicidade do selênio está associada a fragilidade, perda de cabelo e unha, irritabilidade, fadiga, aborto e infertilidade.

A recomendação de consumo de castanha do para é de 2 a 3 castanhas ao dia. Mas essa recomendação deve ser individualizada. Por isso, converse sempre com seu nutricionista para que ele possa recomendar o específico para você, ok?

Autora: Dra. Rita de Cassia Castro

O papel dos hormônios no envelhecimento



Estamos ficando mais maduros, isto é um fato! Segundo dados do IBGE, em 2010 havia 18 milhões de pessoas com 60 anos ou mais e em 2050 serão 64 milhões.

O envelhecimento é um processo biológico complexo e progressivo que diminui a função das nossas células. Consequentemente, nosso corpo torna-se menos apto à reprodução e à sobrevivência.

Desde o século 19, tem-se tentado achar uma "fonte de eterna juventude" através do uso de hormônios. Apesar do processo de envelhecimento ter sido apenas parcialmente decifrado e ser decorrente de uma intrincada acumulação de defeitos bioquímicos nos ácidos nucleicos, proteínas e membranas celulares, algumas pessoas ainda insistem em vender a ideia de que uma "modulação hormonal" possa ser capaz de impedir que fiquemos velhos.

As melhores evidências disponíveis até o momento culpam os seguintes processos em fragilizar nosso organismo: estresse oxidativo causado por radicais livre; glicosilação não enzimática de proteínas com perda de suas propriedades; alterações epigenéticas como metilação do DNA e acetilação de histonas, que dificultam a renovação celular e, consequentemente, o funcionamento dos diferentes tecidos. Complicado, não?

No entanto, quais substâncias ou processos bioquímicos desencadeiam ou revertem estes processo ainda são desconhecidos. Além disso, o processo é individualizado, já que pessoas com a mesma idade cronológica podem parecer mais ou menos idosas quando comparadas entre si. Ou seja, a diminuição nos níveis de alguns hormônios é mais provavelmente consequência do que causa do processo de envelhecimento.

Quando avaliamos um indivíduo do ponto de vista hormonal, devemos estar cientes que alterações podem ser tanto devidas a idade quanto a doenças crônicas, muito comuns a medida que o tempo avança, mesmo que assintomáticas. Parece simples, mas na maioria das vezes esta distinção é muito difícil de ser feita principalmente devido a falta de estudos que definam o que é "normal" para uma determinada faixa etária. De uma maneira geral, as seguintes alterações hormonais que aparecem com a idade são relevantes:
1- o único sistema hormonal em que há uma diminuição de função bem definida, abrupta e universal com o envelhecimento é no eixo hipotálamo-hipófise-ovários nas mulheres. É a famosa menopausa.
2- a produção de hormônio do crescimento, testosterona e do hormônio adrenal DHEA diminui com a idade. Existem valores de referência definidos para as diferentes faixas etárias. Contudo, se estes valores são fisiologicamente ótimos, ainda não sabemos.
3- alguns outros hormônios como o TSH, que estimula a tireoide, podem sofrer alteração com a idade. Mas estas alterações são menos previsíveis e os valores de referência são pouco definidos. Logo, qualquer alteração, deve ser cuidadosamente avaliada.
4- alguns hormônios acabam subindo ou diminuindo com a idade devido a uma diminuição ou aumento da sensibilidade dos tecidos alvos. Ou seja, trata-se apenas de um mecanismo de adaptação.

Até aqui, podemos perceber que alterações hormonais podem acontecer com o envelhecimento, mas não são necessariamente causas deste processo. Mas a "modulação hormonal" pregada por alguns adeptos da "medicina anti-aging" pode ajudar? Pode fazer mal? Veremos nos próximos capítulos...

Fonte: UpToDate OnLine

Autor: Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576
www.drmateusendocrino.com
drmateusendocrino.blogspot.com
www.facebook.com/drmateusendocrino

Influência da atividade física na prevenção de demências


Excelente post do meu amigo e tio (Dr. Reinaldo Nunes)

Novas pesquisam mostram que ser fisicamente ativo não só reduz o declínio cognitivo e melhora os sintomas neuropsiquiatricos em pacientes com Demência, mas podem realmente reduzir biomarcadores, incluindo amiloide e proteína Tau no cérebro de pacientes com Alzheimer.

Parte dessa nova pesquisa foi apresentada na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer(AAIC).

Pesquisadores apresentaram resultados em teste neuropsiquiatricos : melhora de sintomas em 66 pacientes com Alzheimer leve a moderado que tiveram pelo menos 80% de adesão a um programa de exercícios aeróbios e mantidos a pelo menos 70% de sua freqüência máxima.

A melhora nestes pacientes foi significativa, mesmo naqueles que foram menos aderentes e não conseguiram obter a freqüência cardíaca prevista em relação ao grupo controle

Atividade física e TDAH em crianças

A atividade física pode melhorar os sintomas de pacientes com TDAH

Uma recente revisão sistemática avaliou estudos de investigação sobre o impacto e os efeitos benéficos de diferentes tipos de exercício sobre as crianças com Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e forneceu recomendações para as comunidades científicas e terapêuticas.

Foram revistos diversos artigos diferentes, que avaliaram os mais diversos tipos de atividade física, com intensidades variadas.

Os estudos, em sua maioria, encontraram efeitos benéficos dos exercícios com o funcionamento social e os sintomas dos pacientes.

Embora o projeto e as intervenções de exercício caracterizados nestes estudos variassem consideravelmente, todos mostraram que o exercício reduziu os sintomas de TDAH e levou a melhorias no comportamento social, nas habilidades motoras, na força e nos parâmetros neuropsicológicos.

Fonte: Acta Paediatrica, Volume 103, Issue 7, páginas 709-714, jul 2014

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Terapia pós-ciclo: os riscos



Tem se tornado cada vez mais comum nos consultórios de endocrinologistas e nutrólogos, pacientes que estão com algumas sequelas metabólicas e hormonais após a utilização de esteróides anabolizantes (gel, intramuscular, comprimido).

Os efeitos mais comuns que temos observado são:

  • Aumento do hematócrito (maior risco de eventos tromboembólicos). 
  • Piora da apnéia do sono ou do ronco. 
  • Agravamento da queda de cabelo (mesmo naqueles que utilizam finasterida durante o ciclo).
  • Acne. 
  • Nas mulheres, aumento de oleosidade da pele, crescimento de pelos na face e engrossamento da voz.
  • Sintomas psiquiátricos: irritabilidade, agressividade, nervosismo, ansiedade, oscilação do humor, assim como tristeza, insônia, fadiga. 
  • Em adolescentes interrupção do processo de crescimento, limitando o mesmo. 
  • Ginecomastia (desenvolvimento de glândulas mamarias no sexo masculino ). 
  • Infertilidade, impotência e aumento da próstata. 
  • Alterações metabólicas e hormonais  como: alterações do TSH, baixissimos níveis de LH e FSH por supressão do eixo, levando a hipogonadismo, níveis baixos de testosterona, baixíssimos níveis de HDL, elevação dos níveis de TGP. Hipertensão arterial e retenção hídrica. 
  • Tendinites e lesões em ligamentos, por desproporcionalidade do aumento de força com a capacidade da adaptação ligamentar e tendínea ou por uso de inibidores da aromatase (anastrazol).

Tudo isso ainda pode ser agravado dependendo da via de administração,tempo de uso, das dosagens usadas, da idade, da higidez do usuário, e associação desnecessária de hormônios tiroidianos, GH , HCG, insulina e corticóides.

Infelizmente pessoas saudáveis muitas vezes usando pela primeira vez, em dose baixa ou achando que é um gel inocente ou comprimido fraquinho, acaba sendo vítima  estes efeitos descritos acima e às vezes com conseqüências seríssimas, como esterilidade, insuficiência hepática ou renal. Hipoglicemia, hipotireoidismo, hipertiroidismo, resistência insulinica, arritmias cardíacas e outros bloqueios de eixo podem acompanhar quanto mais hormônios a pessoa usa desnecessariamente.

O que sempre orientamos: O profissional mais habilitado para avaliação das alterações hormonais e metabólicas  é o endocrinologista. Caso alguém  tenha utilizado anabolizante por conta própria  e/ou outros hormônios sem necessidade ou acompanhamento médico, suspenda o uso. Procure imediatamente o especialista, para que o mesmo te avalie, realize exames e te oriente adequadamente para que não sofra danos à sua saúde.

Bibliografia

BAILLARGEON, J; et al. Risk of Myocardial Infarction in Older Men Receiving Testosterone Therapy. Ann Pharmacother. Set/2014, vol.48, p.1138-1144.

BASARIA, S; et al. Adverse Events Associated with Testosterone Administration. N Engl J Med. Jul/2010, vol.363; p.109-22.

BHASIN, S. Testicular disorders. In: Williams textbook of endocrinology. 11ed. Philadelphia: Saunders/Elsevier. 2008. p. 645-679.

 HOYOS, CM; et al. Effects of testosterone therapy on sleep and breathing in obese men with severe obstructive sleep apnoea: a randomized placebo-controlled trial. Clinical Endocrinology. 2012, vol.77, p.599–607.

RHODEN, Ernani Luis; AVERBECK, Márcio Augusto. Câncer de próstata e testosterona: riscos e controvérsias. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009, vol.53, n.8, p. 956-962.

VIGEN, T; et al. Association of Testosterone Therapy With Mortality, Myocardial Infarction, and Stroke in Men With Low Testosterone Levels. JAMA. 2013, vol.310, n.17, p.1829-1836.

Assinam o post acima os seguintes perfis no instagram: 
Dra. Tatiana Abrão (endocrinologista e nutróloga de Sorocaba - SP) @tatianaabrao,
Dr. Daniella Costa (nutróloga de Uberlândia - MG) @dradaniellacosta,
Dr. Reinaldo Nunes (endocrinologista e nutrólogo de Campos - RJ) @dr.reinaldonunes,
Dr. Mateus Severo (endocrinologista de São Maria - RS) @drmateusendocrino,
Dr. Frederico Lobo (Clínico geral de Goiânia - GO) @drfredericolobo,
Dr. Ricardo Martins Borges (Nutrólogo de Ribeirão Preto - SP) @clinicaricardoborges,
Dr. Pedro Paulo Prudente (Médico do esporte de Gramado - RS) @drpedropauloprudente,
Dra. Patricia Salles (endocrinologista de São Paulo - SP), @endoclinicdoctors,
Dra. Camila Bandeira (endocrinologista de Manaus - AM) @endoclinicdoctors,
Dr. Walter Nobrega (Clínico Geral do Rio de Janeiro - RJ) @drwalternobrega.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Portal Goiânia Mais Saúde

Em parceria com a nutricionista Cristiane Spricigo criei o Portal Goiânia Mais Saúde. Um site que visa facilita a vida dos profissionais da área da saúde, em especial médicos e nutricionistas. Quem trabalha com consultório nunca teve uma lista pronta e completa, com a relação de estabelecimentos comerciais de Goiânia que primam pela saúde e bem-estar do goianiense.

Muitas vezes os pacientes ficam perdidos, sem saber onde comprarão os itens da dieta, medicações, suplementos e outros produtos prescritos. Onde se alimentar ? Onde praticar atividade física ? Onde obter mais dicas de saúde e bem-estar ? Pensando nisso, nós do ‪#‎Goiâniamaissaúde‬ resolvemos facilitar a vida dos nossos colegas e do cidadão goianiense.

O Objetivo do site é listar todos os estabelecimentos que trabalham de forma direta ou indiretamente com saúde e bem-estar. Almejamos ampliar a lista a cada dia e contamos com a sua ajuda: cidadão, lojistas, proprietários de restaurantes, profissionais, donos de centros desportivos. Aceitamos sugestões e teremos o maior prazer em adicioná-lo às nossas categorias.

Para conhecer visite www.goianiamaissaude.com.br

terça-feira, 14 de julho de 2015

Interações entre nutrientes e medicamentos

Interações entre nutrientes


Interações nutrientes/medicamentos

sexta-feira, 3 de julho de 2015

CCA - Comedores compulsivos anônimos


Comedores Compulsivos Anônimos (CCA) é uma Irmandade de indivíduos que, compartilhando experiências, força e esperança estão se recuperando do comer compulsivo. 

Em CCA os membros dão as boas-vindas a todos que desejam parar de comer compulsivamente. Não há taxas ou mensalidades para ser membro de CCA, é um grupo totalmente gratuito.

São auto-sustentados por meio das próprias contribuições, não solicitando nem aceitando doações de fora. CCA não se filia a nenhuma organização pública ou privada, movimento político, ideologia ou doutrina religiosa; nem tomam posição em assuntos externos. O propósito primordial de CCA é abster-nos do comer compulsivo e transmitir esta mensagem de recuperação aos que ainda sofrem.
Há grupos (reuniões semanais e presenciais) de CCA nas principais capitais brasileiras. 

Para conhecer mais visite o site deles: http://www.comedorescompulsivos.org.br/

Para os amigos de Goiânia: www.comedorescompulsivosanonimosgoiania.blogspot.com

Ovo: de vilão a mocinho


Todo dia a mesma ladainha na hora de fazer as orientações nutricionais para pacientes com hipercolesterolemia(colesterol alto).
- O senhor pode comer de 1 a 3 ovos todos os dias.
Aí vem a pergunta clássica: "Mas doutor e o colesterol?".

Só me resta responder: Fica tranquilo pq não irá aumentar, já que os níveis séricos de colesterol não sofrem interferência do colesterol da dieta, na maioria dos indivíduos.

👉 O ovo coitado, tinha que receber indenização por calúnia e difamação 👈.

Um estudo publicado em 2011 no European Journal of Clinical Nutrition, seguiu 14185 indivíduos ao longo de 6 anos e constatou que não havia diferenças entre os grupos estudados no que toca a doença cardiovascular (infarto agudo do miocárdio, AVC ou cirurgia cardíaca e revascularização).

Os grupos foram divididos conforme o consumo de ovo: 1) nenhum ovo ou 1 por semana, 2) 2 a 4 ovos por semana,3) 4 por semana. Foram avaliados 2 vezes ao ano durante 6 anos. Resultado: não foi encontrada qualquer associação entre o consumo de ovo (muito ou pouco) e as doenças cardiovasculares.

Outro estudo, publicado em 2010 no Nutrition Journal buscou verificar o efeito do uso moderado (2 a 3 ovos por dia) na função endotelial e nos níveis de coltesterol e triglicérides em pacientes já portadores de dislipidemia. O estudo conclui que uso moderado de ovos (2 a 3/dia) não alterou função endotelial e dislipidemia de adultos dislipidêmicos. Já o que eles chamam de Ovo substituto apresentou benefícios, talvez por ter 12 vitaminas.

👉 Com isso percebe-se que existe uma fobia dos ovos por parte de alguns pacientes com alterações cardiovasculares prévia. Isso leva muitas pessoas a evitar seu consumo, sem necessidade. O ovo é rico nutricionalmente falando: possui Ácido fólico, B2, B12, Vit A, D, K, Colina, Luteína.
As formas mais saudáveis e que preferencialmente devem ser consumidas são: Ovo mexido, ovo escaldado, ovo cozido.👈 De preferência sempre a Ovos caipiras e se possível (se tiver na sua região) opte pelos caipiras enriquecidos com ômega 3.

👉 Dica: o ovo tem gordura saturada e esta quando ingerida em excesso pode aumentar os níveis de LDL e com isso elevar o risco de eventos cardiovasculares. Portanto como tudo na vida: MODERAÇÃO é a chave. 👈

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Sensibilidade ao glúten não-celíaca

Recente artigo publicado na revista Nature em Jun/2015 fez uma revisão sobre os Espectro da sensibilidade ao glúten não-celíaca, já que nos últimos 5 anos, houve um aumento na utilização da dieta sem gluten em pacientes sem diagnóstico de doença celíaca ou alergia ao trigo (mediada por Inunoglobulina E).


Esta moda tem levado cientistas a pesquisarem a possibilidade da existência de uma nova entidade clínica denominada  de sensibilidade ao glúten não-celíaca (SGNC).

Na revisar da revista Nature os autores discutem as evidências de tal entidade, baseado em estudos duplo-cego e placebo-controlado. O fenótipo dos portadores da SGNC é descrito como sintomas relatados após exposição ao glúten. Os sintomas podem ser intestinais (parecidos com os da Síndrome do Intestino irritável) assim como extra-intestinais (disfunção neurológica, distúrbios psicológicos, fibromialgia e erupções cutâneas).

Além disso, segundo os autores do estudo, as novas evidências sugerem que a SGNC pode estar associada com patologias gastrointestinais orgânicas, tais como Síndrome do intestino irritável, e que a sua presença pode ser um reflexo de alguma doença grave.



Os autores deixam claros que a SGNC é controversa e incerta ainda, principalmente porque não se sabe se é o glúten ou outros compostos não-gluten presentes no grão de trigo que geram os sintomas.
As evidências sugerem que os carboidratos fermentáveis (FODMAPS), inibidores da tripsina e amilase aglutinina presentes no gérmen do trigo também podem ser uma das causas dos sintomas.
Também discutem as novas técnicas que no futuro auxiliarão a diagnosticar a SGNC se ela realmente existir como entidade nosológica.



Fonte: http://www.nature.com/nrgastro/journal/vaop/ncurrent/full/nrgastro.2015.107.html?WT.mc_id=FBK_NatureReviews

Governo contraria a lei e libera agrotóxico mais nocivo à saúde

Contrariando a lei, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a liberação de um agrotóxico mais nocivo à saúde do que outros já existentes no mercado com o mesmo princípio ativo e para o mesmo fim.

À Folha, a agência justificou a liberação como sendo um "erro". Afirmou que o produto foi classificado como mais tóxico porque não conseguiu fazer os testes corretamente. Agora, mesmo sem parte dos exames, a Anvisa vai reclassificar o produto como menos nocivo, a fim de regularizá-lo (leia texto abaixo).



Para que um defensivo agrícola possa ser comercializado, é necessário aprovação do Ibama (órgão ambiental), da Anvisa (saúde) e do Ministério da Agricultura, que avalia a eficácia agronômica e, por fim, emite o registro.

Os testes da Anvisa nessa etapa analisam a toxicidade aguda, que afeta principalmente o agricultor que manuseia e aplica o agrotóxico, além das comunidades no entorno das plantações.

A fabricante do produto liberado no ano passado, a Ourofino, já havia sido beneficiada de falhas na área de toxicologia da Anvisa em 2012, quando um ex-chefe do setor denunciou irregularidades.

Na ocasião, cinco produtos tiveram problemas, como "pular" a avaliação ou obter a aprovação apesar de serem mais tóxicos que os chamados produtos de referência.

Ao proibir a liberação de defensivos mais tóxicos do que os já existentes (produtos de referência), o objetivo da lei, de 1989, é estimular a indústria a desenvolver tecnologias menos danosas.

Após a Folha publicar uma série de reportagens sobre as irregularidades praticadas em 2012, a AGU (Advocacia-Geral da União) emitiu parecer em fevereiro de 2013 reafirmando que "nenhum agrotóxico pode ter toxicidade maior do que a daqueles já registrados para o mesmo fim".

O HERBICIDA

Em setembro de 2014, porém, o herbicida para cana-de-açúcar e café MegaBR, da empresa Ourofino, passou pela Anvisa e obteve registro no Ministério da Agricultura apesar de ter sido classificado como mais tóxico que seus produtos de referência, o Metrimex 500 SC e o Gesapax, da Syngenta.

O MegaBR teve classificação toxicológica de nível 2 (altamente tóxico). Já os de referência são de nível 3 (medianamente tóxico) e nível 4 (pouco tóxico), respectivamente. Todos são feitos à base da substância ametrina.

Nas aprovações suspeitas, em 2012, outro produto da Ourofino também se beneficiou pela Anvisa –o inseticida para cana SingularBR. O produto era mais tóxico que seu produto de referência, o Regent 800 WG, da Basf, e continua no mercado, pois o parecer da AGU não foi retroativo.

A empresa é a mesma que, em 2011, emprestou um jatinho ao então ministro da Agricultura, Wagner Rossi. O episódio acelerou a saída dele do governo. A CGU (Controladoria-Geral da União) investigou o caso e concluiu não haver "evidências suficientes" de irregularidade.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2015/07/1650470-governo-contraria-a-lei-e-libera-agrotoxico-mais-nocivo-a-saude.shtml

Gordura trans piora a memória de homens com até 45 anos, mostra estudo

Um alto consumo de gordura trans — geralmente usada para melhorar o sabor, a textura e a durabilidade de alimentos processados — foi responsável por falhas na memória de homens com até 45 anos de idade, segundo um estudo da Universidade da Califórnia, publicado nesta quarta-feira na revista "Plos One".

Os pesquisadores avaliaram dados de 1.018 homens e mulheres, que tiveram de seguir uma dieta e realizar testes de memorização de palavras. Em média, os homens com 45 anos ou menos recordaram 86 palavras. No entanto, a cada grama adicional de gorduras trans consumida diariamente, o desempenho caía: eles passavam a se lembrar de, em média, 12 palavras a menos. De todos os grupos estudados, o dos homens nessa faixa etária foram os mais afetados.

"As gorduras trans foram mais fortemente associadas a falhas na memória de homens durante seus anos de mais produtividade”, relatou Beatrice Golomb, principal autora do estudo e professora da Escola de Medicina San Diego, da Universidade da Califórnia. "O consumo de gordura trans já havia sido associado a alterações no humor e no comportamento. No entanto, até o momento, ainda não havíamos tido provas de que elas também afetam a memória ou a cognição”, continuou ela.

Os pesquisadores não observaram piora na capacidade de memorização em pessoas mais velhas. Segundo o estudo, com o avanço da idade, há um acúmulo de lesões no cérebro, o que pode tornar mais difícil para o organismo detectar os efeitos da dieta com gordura trans.

Ácidos graxos trans têm sido associados, também, a efeitos negativos sobre a função metabólica, a resistência à insulina, inflamações e à função cardíaca. De acordo com o Centro para o Controle de Doenças, um instituto localizado nos Estados Unidos, o consumo reduzido de gorduras trans poderia evitar de 10 mil a 20 mil ataques cardíacos, e de 3 mil a 7 mil mortes por doenças coronárias por ano, em solo americano.

“Eu sempre digo aos pacientes: enquanto as gorduras trans aumentam a vida útil dos alimentos, elas reduzem a vida útil de pessoas", afirmou Golomb.

Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/gordura-trans-piora-memoria-de-homens-com-ate-45-anos-mostra-estudo-16471044#ixzz3ekSC9xOP

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Exercício e Perda de Peso: Um Mito Prejudicial

O post abaixo, foi publicado em um blog que gosto muito: http://medicinabaseadaemevidencias.blogspot.com.br

O tema é controverso, polêmico e ficou mais polêmico ainda após a publicação de um estudo Britânico esse ano.  Vale a pena ler o post.

Exercício e Perda de Peso: Um Mito Prejudicial

Há mitos e mitos. Há mitos interessantes e há mitos prejudiciais.

O aspecto cultural da mitologia grega é um exemplo da utilidade representativa dos mitos.

O mito de que o arco-íris tem 7 cores é atraente, melhor do que falar a realidade de que o arco-íris não tem cores individuais, tem um espectro contínuo de cores. É apenas um artefato da percepção humana que faz com que ele apareça como uma série de cores separadas. Esse mito, proveniente de uma ilusão visual, não é prejudicial.

Por outro lado, quando os mitos nos desfocam de verdades práticas, estes podem se tornar indesejáveis. A ideia de que a prática regular de exercício físico causa redução de peso significativa é exemplo de um mito prejudicial, causado por uma ilusão cognitiva.

Para resolver a ilusão visual do arco-íris, precisamos de aparelhos especiais de visualização. Para resolver nossas ilusões cognitivas de interpretação do mundo real, precisamos da aparelhagem do método científico.

Ao acreditar fortemente que exercício possui um efeito direto na perda de peso, cada pessoa que  percebemos perder peso durante atividade física servirá de confirmação para nossa crença. E as pessoas que não perdem peso são eliminadas de nossa memória. É o viés cognitivo de confirmação selecionando os casos positivos.

Já o método científico é estatístico, pois leva em conta as pessoas que perdem e as que não perdem peso. E compara a frequência de sucesso na perda de peso entre pessoas que fazem e que não fazem exercício. Em segundo lugar, o método científico se preocupa com vieses. Será que as pessoas que perdem peso fazendo exercício obtém este efeito porque melhoram a dieta em paralelo? Dieta aqui funciona como uma potencial variável de confusão. E como resolver essa confusão? Através de ensaios clínicos randomizados, pois como sabemos a randomização tornam homogêneos os grupos intervenção e controle, eliminando inclusive diferenças de hábitos alimentares, pelo menos no momento baseline.

Em 2010, o US Prevention Task Force publica a revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados comparando orientação para atividade física versus controle, não evidenciando redução estatisticamente significante de adiposidade. Poderíamos imaginar que os indivíduos do grupo exercício enrolaram e não praticaram devidamente. Mas estes estudos descreveram um aumento significativo da prática de atividade e melhora da capacidade funcional no grupo intervenção. Portanto, este não foi um viés. Vejam figura abaixo.



Um ano após, em 2011, é publicado no New England Journal of Medicine o ensaio clínico  randomizado "Weight Loss, Exercise, or Both and Physical Function in Obese Older Adults”, reforçando a ausência de efeito do exercício no peso. Observem o gráfico abaixo, que representa o peso de 4 grupos ao longo de 1 ano: dieta isolada, exercício isolado, ambos ou nada (controle). A linha do grupo exercício isolado está colada na linha do grupo controle. E a linha do grupo exercício e dieta, está colada na linha do grupo dieta isolada. Primeiro, sozinho o exercício não promoveu perda de peso; segundo, o exercício não potencializou a perda de peso da dieta. O resultado é evidente.

Mas o peso não depende apenas de gordura. Seria interessante avaliarmos o impacto do exercício na massa gorda. E isso foi feito pelo estudo, demonstrando que quando o exercício foi associado à dieta a redução de massa gorda foi menor (- 6.3 ± 2.8 Kg) do que a dieta isolada (- 7.1 ± 3.9 Kg).



De fato, exercício nos faz gastar algumas poucas calorias. Mas o que nós perdemos no exercício é facilmente reposto por uma garrafa de Gatorade + 1 banana. E normalmente nós superestimamos o quanto podemos comer a mais por conta do gasto calórico do exercício. Por isso que às vezes até ganhamos peso com o exercício.

E quanto ao metabolismo? Se este aumenta, não aumenta o suficiente para ter efeito no peso, seria apenas a tentativa de convencer que algo funciona através de um argumento mecanicista. Pífio.

Portanto, este é um mito médico. Agora vem a segunda questão, é um mito prejudicial ou tanto faz?

Ao colocar parte da responsabilidade da perda de peso no exercício, retiramos erroneamente parte da responsabilidade da dieta. Vejo com frequência afirmações do tipo “estou fazendo dieta e não perco peso. Preciso começar a fazer exercício." Observem a perda de foco. O que a pessoa precisaria pensar é que deve aprimorar a dieta. Acreditar que o segredo para a resolução do problema está na associação com exercício é anti-científico e não promove a mudança necessária na dieta.

Há pessoas inclusive que acham poder fazer uma dieta menos restrita pois estão fazendo exercício, o que tende a reduzir a efetividade da dieta.

Administradores sabem que foco é o maior segredo gerencial e controle do peso é um dos grandes exemplos de dependência do bom gerencialmente pessoal. Esse mito nos desfoca.

Por outro lado, devemos reconhecer que do ponto de vista pragmático, exercício pode contribuir para a perda de peso em alguns, pois como parte de uma medida geral de mudança de hábitos, pode motivar a pessoa a reduzir a infesta calórica. Imaginem uma pessoa que passa a ter o hobby de corrida. É comum que ao lado disso a pessoa se motive a iniciar uma dieta, pois a perda de peso poderá melhorar seu desempenho na corrida. O exercício entra como um motivador da dieta. Isso é positivo. Porém é diferente de confundir isso com efeito direto do exercício. Há uma evidente utilidade clínica em reconhecer a diferença destas duas coisas.

Já não é a primeira, nem segunda vez que discuto evidências que desmistificam certos benefício do exercício neste Blog. Uma postagem bastante discutida foi a do estudo LOOK-AHEAD, estudo que ficou com a hipótese nula da ausência de beneficio cardiovascular. Isto pode fazer parecer que tenho preconceito contra exercício. O que me salva é meu hábito diário de fazer 1 hora e meia de exercício, pois reconheço outros benefícios da atividade física que vão além da redução de peso ou de risco cardiovascular. Essas reflexões não vêem de um preconceito contra exercício, mas sim de uma predileção em utilizar a lente científica para filtrar as ilusões do mundo real.

Considerando um potencial efeito motivador para uma dieta mais adequada e outros benefícios advindos do exercício (funcionalidade, bem estar, qualidade de vida), pessoalmente sou um incentivador da atividade física quando converso com meus pacientes. Porém há uma diferença entre incentivar e indicar a atividade física como parte de uma conduta preventiva ou terapêutica. Há diferença entre incentivar e impor um falsa verdade para nosso cliente. Esta distinção deve fazer parte de nosso processo de decisão compartilhada.

Devemos também reconhecer que há conflitos de interesse por trás de tudo isso. Indústria produtora de produtos esportivos, equipamentos, novas formas de exercício, academias têm grande interesse em exagerar estes benefícios, sugerindo o sedentarismo como um fator de risco cardiovascular.  Sedentarismo é associado a risco em uma visão univariada, pois o sedentário tem outras características que causam aumento de risco. A validação final de que sedentarismo seria um fator de risco, estaria no critérios de reversibilidade, o mais importante dos Critérios de Causalidade de Hill. E este critério não confirma a ideia. Pois uma variável é fator de risco quando o controle dela reduz o risco do paciente. E estes trabalhos demonstraram que o controle do sedentarismo não reduz o risco. Este é um interessante paradigma a ser discutido.

Observem que o magro que faz exercício quase invariavelmente é disciplinado na dieta. Exercício e dieta vêm junto no pacote de disciplina no indivíduo.

Desta forma, devemos abandonar a fantasia e considerar que o efeito do exercício na perda de peso é um mito que cria uma expectativa prejudicial.

O Mito do Exercício na Perda de Peso pode ser comparado ao Mito do Amor Romântico, prevalente nos dias de hoje. Este mito cria uma expectativa que prejudica o relacionamento de casais, pois pressupõe que as partes devam se complementar plenamente, correspondendo com perfeição aos anseios mútuos, como Romeu e Julieta. Esta expectativa leva a frustração e insatisfação de uma pessoa para com a outra.

Evitando o Mito do Amor Romântico seremos mais tolerantes e aprenderemos a admirar eventuais diferenças de nossos companheiros. Evitando o Mito do Exercício na Perda de Peso, teremos mais foco na medida que de fato impacta no peso, a dieta.

Assim como no amor, o pensamento de vanguarda deve abandonar a visão romântica quanto aos benefícios do exercício, evitando uma distorção da realidade que acaba por inibir o aprimoramento de medidas realmente efetivas. Isto não impede de incentivarmos a prática do exercício, sob o paradigma da qualidade de vida. Devemos ser ao mesmo tempo entusiastas da verdade científica e entusiastas da qualidade de vida promovida pelo movimento saudável de nosso corpo.

Fonte: http://medicinabaseadaemevidencias.blogspot.com.br/2015/06/exercicio-e-perda-de-peso-um-mito.html?spref=fb

terça-feira, 9 de junho de 2015

Proteínas e dieta Vegana

Para aqueles que acham que a dieta vegana não alcança a quantidade mínima de proteína por dia. Por já ter sido ovolactovegetariano recebo frequentemente pacientes que optaram por retirar produtos de origem animal da dieta. Há muitos mitos sobre o tema. Hoje apesar de não ser mais ovolactovegetariano, defendo a dieta, desde que feita sob supervisão de nutricionista experiente na área.

No consultório nunca vi algum vegetariano com hipoproteinemia (baixa quantidade de proteínas no sangue, seja ela albumina ou globulina), muito menos com sarcopenia. Isso prova que a dieta quanto bem elaborada, consegue fornecer um bom perfil de aminoácidos essenciais (aqueles que nosso corpo não consegue produzir e são oriundos da dieta: Triptofano, treonina, histidina, fenilalanina, lisina, metionina, leucina, isoleucina, valina). Porém é comum encontrarmos níveis marginais de Vitamina B12 e ferro (hipoferritinemia).  Mesmo a vitamina B12 se reciclando na circulação enterohepática e mesmo existindo boas fontes de ferro no reino vegetal (ferro não-heme, que é de baixa absorção por não ter ao redor dele o anel de porfirina, o que facilita que substâncias antinutricionais dificultem a sua absorção). Lembrando que o consumo de fontes naturais de vitamina C (ácido ascórbico) potencializa a absorção tanto do ferro-heme quanto do não-heme. Já o cálcio diminuiu a absorção de ambos. Independente de você com carne e receber ferro-heme, é essencial que você consuma fontes vegetais de ferro para alcançar a necessidade diária mínima de ferro, que é de 1 a 2mg/dia de ferro elementar.





SE a dieta for elaborada adequadamente por uma nutricionista com experiência na área, os riscos dessas deficiências são minimizados. Muitas vezes a B12 demora até 4 anos para ficar deficiente, já os níveis de ferritina (principalmente em mulheres) caem mais rapidamente.

Abaixo um vídeo do Dr. Eric Slywitch sobre o tema.



A menos que você tenha doença celíaca, a sensibilidade ao glúten provavelmente é apenas na sua cabeça

Muito interessante a reportagem abaixo. Eu acredito que há sim indivíduos com sensibilidade não-celíaca ao Glúten, mas é uma minoria e ainda não há nada bem estabelecido na literatura. 

90% das vezes as pessoas apresentam melhora dos sintomas gastrintestinais ao retiraram glúten, unicamente por ele ser rico em frutano e entrar no grupo de FODMAPS. 

Enquanto médicos e nutricionistas não estudarem decentemente a estratégia FODMAP (validada cientificamente, nível de evidência II para síndrome do intestino irritável), ficarão cortando desnecessariamente (e iatrogenicamente) glúten e outros alimentos da dieta dos pacientes. 

A maioria dos pacientes que apresentam melhora com a retirada do trigo, possuem na verdade Síndrome do Intestino irritável. Terão melhora não apenas com a retirada do glúten, mas diversos alimentos do grupo de FODMAPS. Tenho visto isso na prática com a nutricionista que trabalha comigo e estamos surpresos com os resultados da estratégia FODMAP. Pena que a maioria dos médicos e nutricionistas desconheçam. 


Unless You Have Celiac Disease, Gluten Sensitivity is Probably Just in Your Head

By now, you’ve probably heard of gluten-free diets. They’re a necessity for the estimated 2 million Americans with celiac disease. For them, eating gluten can trigger an immune response in their small intestines, damaging the organ’s villi that help absorb nutrients. Excluding the protein from their diets saves celiac disease sufferers from intense bouts of intestinal discomfort and other symptoms.

But for many other Americans, eliminating gluten probably does little to ease their symptoms.

That finding comes from a new study led by Peter Gibson, a professor of gastroenterology at Monash University in Australia. Gibson is the same researcher who published a paper in 2011 that reported gluten sensitivity in non-celiac patients. The results of that paper didn’t sit well with him, so he designed a more rigorous study involving 37 patients who didn’t have celiac disease but reported feeling better when on a gluten-free diet.

Ross Pomeroy, writing at Real Clear Science:

Subjects would be provided with every single meal for the duration of the trial. Any and all potential dietary triggers for gastrointestinal symptoms would be removed, including lactose (from milk products), certain preservatives like benzoates, propionate, sulfites, and nitrites, and fermentable, poorly absorbed short-chain carbohydrates, also known as FODMAPs. And last, but not least, nine days worth of urine and fecal matter would be collected. […]

They were first fed a diet low in FODMAPs for two weeks (baseline), then were given one of three diets for a week with either 16 grams per day of added gluten (high-gluten), 2 grams of gluten and 14 grams of whey protein isolate (low-gluten), or 16 grams of whey protein isolate (placebo). Each subject shuffled through every single diet so that they could serve as their own controls, and none ever knew what specific diet he or she was eating. After the main experiment, a second was conducted to ensure that the whey protein placebo was suitable. In this one, 22 of the original subjects shuffled through three different diets — 16 grams of added gluten, 16 grams of added whey protein isolate, or the baseline diet — for three days each.

After the subjects moved off the baseline diet and onto one of the treatment diets, they reported more intestinal pain, bloating, gas, and nausea, regardless of whether the treatment diet was high-gluten, low-gluten, or placebo.

The placebo results were what really stood out to Gibson—patients who received the same diet in the baseline and treatment phases still reported a worsening of symptoms. Gibson says this is a nocebo effect—in other words, it was all in their heads.

So what’s causing these symptoms? Gibson and his co-authors Jessica Biesiekierski and Jane Muir think FODMAPs are a leading candidate. Gluten-free diets seem to help people who report gluten sensitivity because those foods often happen to be free of FODMAPs, the researchers report. Though FODMAP may be an ominous sounding acronym, compounds in the group are found in many everyday foods, nearly all of which are unprocessed and include apples, asparagus, artichokes, milk, pistachios, pears, and lentils.

Fonte: http://www.pbs.org/wgbh/nova/next/body/unless-you-have-celiac-disease-gluten-sensitivity-is-probably-just-in-your-head/

Suplementação tem indicação


De vez em quando o Ministério da Saúde acerta em algumas postagens. Eu incluiria aí o uso de polivitamínicos e poliminerais. Cada vez que um ser compra por conta própria um polivitaminico ou polimineral uma fada morre, um médico infarta e uma nutricionista convulsiona.

ATENÇÃO: Suplementação APENAS sob supervisão de médico ou nutricionista. Whey protein não é isento de efeito colateral, nem BCAA, nem Glutamina, nem termogênico, nem creatina, nem óleo de cártamo e muito menos fitoterápicos. O que é "natural" também mata.

Evolução nutricional apesar dos pesares



A revolução saudável não aconteceu à toa: enquanto redes tradicionais de fast food enfrentam perdas de faturamento no mundo todo, marcas alternativas, que já nasceram apoiadas na bandeira da alimentação saudável, crescem.

Em 2014, as vendas globais do McDonald's caíram 1% –descontando novas lojas. Por aqui, os números ainda são favoráveis: no primeiro trimestre deste ano o faturamento aumentou 3% em relação ao mesmo período de 2014.

Enquanto isso, o Seletti, rede de comida saudável, espera que o faturamento aumente 45% em 2015. "Temos pesquisas de mercado mostrando que a saúde é um fator preponderante na escolha do consumidor. Para a sobrevivência de todo o setor de alimentação, as redes têm que oferecer opções saudáveis", diz João Baptista da Silva Júnior, coordenador do Comitê de Alimentação da ABF (Associação Brasileira de Franchising). Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2015/06/1639573-por-sobrevivencia-redes-de-fast-food-anunciam-menus-mais-saudaveis.shtml

Bisfenol-A

Reportagem sobre Bisfenol-A que participei na revista Bianchini.