terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dieta LOW CARB: O que é? Como é? Funciona?

Em tempo: 8 anos após escrever esse texto, hoje tenho convicção de que são poucos os pacientes que tem melhor resposta à dieta Low Carb. Há sim, pacientes que respondem bem à redução dos carboidratos, mais do que à redução de lipídios e proteínas. Mas isso não é tão comum quanto se pensa. Ou seja, após 8 anos, o déficit calórico continua sendo fundamental no processo de emagrecimento.

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Já tem alguns meses que vários leitores estão pedindo pra eu escrever sobre a dieta low carb. Só gosto de escrever algo quando vou realmente a fundo no tema. No momento estou aplicando em mim e para isso tive que estudar bastante o tema, vamos lá... Convidei alguns amigos que entendem do tema para que pudessem me auxiliar a traduzir os princípios da dieta para uma linguagem de mais fácil compreensão.

Ao final do texto há 28 referências bibliográficas com o link para os artigos sobre o tema. (Dr. Frederico Lobo).


O que é a dieta Low carb ?

Antes de tudo, devemos deixar claro que AINDA há poucos estudos com evidência científica robusta, mostrando a eficácia da adoção de uma dieta com menor teor de carboidratos.

Há vários conceitos (que variam de acordo com o teor de carboidrato) mas a grosso modo, pode-se classificar como uma dieta Low carb, quando a ingestão de carboidratos fica abaixo de 130 gramas de carboidrato por dia e acima de 50 gramas (já que abaixo de 50 gramas é dieta cetogênica). Isso quando se fala em quantidade (não porcentagem) de carboidrato.

Em uma dieta convencional, a ingestão de carboidratos deve ficar entre 45-55% do total de nutrientes ingeridos no dia. Ou seja, você um um volume calórico total por dia e ele se distribui entre 3 macronutrientes: Carboidratos, Proteínas e Gorduras. O preconizado pelas sociedades médicas e de nutrição é que essa ingestão fique acima de 45% e abaixo de 60%. O restante se distribui entre proteínas e gorduras.

Já na dieta low carb a ingestão diária de carboidratos permanece abaixo de 30% do total de calorias ingeridas. Alguns autores colocam como abaixo de 20%. Para fins de adesão do paciente, preconizo de 20 a 30%.

Alguns estudos tem mostrado que não importa a distribuição dos macronutrientes. O essencial é a redução da quantidade de calorias. Por mais que alguns profissionais sejam contrários a utilização da contagem de calorias, infelizmente ainda é o melhor método quando se olha as evidências científicas. Porém não podemos ser cegos às evidências clínicas, ou seja, pacientes eliminando gordura mesmo com dietas não-hipocalóricas.

Assim como também devemos lembrar que alguns pesquisadores preconizam que dietas hipocalóricas podem acabar piorando o quadro do paciente, sendo portanto, crucial que o foco seja: Respeitar a fome e melhorar a percepção dos sinais de saciedade. É isso que o pessoal da Nutrição Comportamental tem defendido.  (Dica de livros: 1) O peso das dietas, Dra. Sophie Deram; 2) Nutrição comportamental, Marle Alvarenga e colaboradores).

Variações de dieta Low carb

Há algumas variações de dieta Low Carb. A que apresentaremos aqui no blog é a tradicional. Na qual há redução do teor de carboidrato da dieta. As outras variações são:
  • Dieta Atkins: dentre as dietas com redução de carboidratos, ela foi a primeira que trouxe o conceito de low-carb de volta para o grande público,  por volta da  década de 70. Idealizada pelo médico americano Robert Atkins, ela apresenta 4 fases distintas e uma regra principal para todas elas: limitar a quantidade máxima de carboidratos líquidos ingeridos por dia. A ideia é começar com uma grande restrição de carboidratos (ingerindo no máximo 22 g de carbs líquidos por dia, de modo a tentar induzir cetose) e ir aumentando essa quantidade a cada vez que se muda a “fase” da dieta – algo que acontece conforme seu peso vai diminuindo.
  • Dieta Cetogênica ou Keto: os benefícios dessa dieta foram descobertos inicialmente por médicos que buscavam uma alternativa para o tratamento da epilepsia. Foram percebendo que o número de crises assim como tempo de duração reduzia e observaram uma considerável perda de gordura corporal. Idealmente a proporção diária de macronutrientes (em calorias) seria algo como: 60% – 70% de gorduras / 20% – 30% de proteínas / 5-10% de carboidratos líquidos (Carboidrato líquido é o carboidrato total menos a quantidade de fibra alimentar presente no alimento). Pode-se utilizar fitas para detecção de corpos cetônicos na urina., com isso o paciente consegue monitorar melhor se está em cetose ou não. 
  • Dieta Paleo/Primal: a dieta paleolítica tem suas raízes em uma alimentação similar à existente no período das cavernas (os praticantes supõem isso), ou seja: foca em comer alimentos naturais e que respeitem o modo como nosso organismo evoluiu para se alimentar. Ou seja, ingere-se o mínimo de alimentos processados, eliminando totalmente o açúcar refinado, o trigo e algumas leguminosas. Um ponto a se destacar é que a chamada dieta paleo possui inúmeras vertentes.  Umas mais e outras menos permissivas, incluindo a dieta paleo low-carb que visa o emagrecimento por meio da restrição de carboidratos (como frutas e raízes, alimentos que teoricamente seriam liberados na dieta paleo).
  • Dieta Slow carb: criada e difundida por Tim Ferriss em seu livro “4 Horas Para O Corpo”, a dieta slow carb chegou em 2010 com uma proposta de ser uma dieta simples e fácil de ser seguida. As regras: evite carboidratos de alto índice glicêmico e faça um dia do lixo uma vez por semana.

O destino de cada macronutriente

Ao ingerir mais calorias do que as que são gastas nas atividades diárias (física e gasto energético basal para manter as funções dos órgãos adequadas), a tendência é que o excesso seja armazenado na forma de gordura.

Mas atenção: caloria – ou quilocaloria – não é uma substância que vem dentro da comida, e sim uma unidade de medida de energia. O valor calórico de um alimento serve, portanto, para indicar quanta energia ele fornece para o corpo. Um ser humano precisa consumir todo dia, em média,  de 30 a 35 calorias por quilo de seu peso.

Nesse caso, se a pessoa ingere mais calorias do que isso, o corpo estoca como gordura. Ao ingerir menos calorias, o corpo emagrece, queimando essas reservas para atender à necessidade diária de energia.

Como já citado acima, os 3 macronutrientes ingeridos são:
  1. Os carboidratos (comum em pães, massas, cereais, folhas, legumes, leguminosas, grãos e açúcares), 
  2. As proteínas (abundante nas carnes, ovos, leite, queijos),
  3. Os lipídios ou triglicerídeos (óleos e gordura). 
Ao fim da digestão, o alimento é quebrado em:
  1. Glicose (vinda dos carboidratos ou CHO), 
  2. Aminoácidos (vindos da quebra das proteínas ou PTN),
  3. Ácidos graxos livres (vindos dos triglicerídeos ou TG).
O intestino  absorve os nutrientes para jogá-los na corrente sanguínea e cada um tomar seu rumo. Para compreender como funciona a dieta low carb, é essencial que se conheça o mínimo sobre o metabolismo de carboidratos e de lipídios. e É IMPORTANTE SALIENTAR que no metabolismo de proteínas, quando elas são consumidas em excesso elas levarão a um processo denominado gliconeogênese (ou neoglicogênese), ou seja, forma de glicose a partir de compostos não-glicados (não-carboidratos), nesse caso lactato, glicerol e aminoácidos (proteínas).

Metabolismo de carboidratos

Dos macronutrientes, o metabolismo de carboidratos é o mais complexo. A grosso modo podemos definir que os carboidratos possuem dois destinos principais. Após ser ingeridos, são quebrados (sofrem uma reação chamada hidrólise) ao longo do trato digestivo em subprodutos que depois virarão glicose. Ou seja, todo carboidrato vira glicose. A principal função dos carboidratos é energética.

Os carboidratos podem ser classificados em:

1) Monossacarídeos: são os carboidratos simples em sua estrutura. São assim chamados pois não precisam passar pela hidrólise, já que são praticamente "glicose pura". Todos com função energética. São pequenos e possuem de 3 a 6 átomos de carbono. Quem são eles ?
  • Glicose, 
  • Frutose, 
  • Galactose, 
2) Oligossacarídeos: são carboidratos formados pela união de 2 a 6 monossacarídeos. Não são tão simples mas nem tao complexos.  Os oligossacarídeos mais importantes são dissacarídeos e os principais são:
  • Lactose que é a união de dois monossacarídeos (glicose + galactose), é o açúcar do leite.
  • Maltose: que é a união de dois monossacarídeos (glicose + glicose), é o açúcar do malte.
  • Sacarose: que é a união de dois monossacarídeos (glicose + frutose ), que é o açúcar da cana e da beterraba.
Dentre os oligossacarídeos temos ainda:
  • Açúcar invertido: utilizado pela indústria alimentícia, consiste em um xarope quimicamente produzido a partir da sacarose. A fórmula da reação química é a seguinte: sacarose + água = glicose + frutose. No nosso meio é o famoso adoçante sucralose. 
  • Dextrinas: são misturas de polímeros de D-glucose (α-1,4). Na produção industrial, é obtido através da hidrólise ácida do amido. Nem todas formas de dextrinas são digeríveis, essas formas não digeríveis são usadas como complemento de fibras alimentares. A maltodextrina é usada como aditivo alimentar é altamente digerível, sendo absorvida tão rapidamente quanto a glucose. 
  • Isomaltose: Produzida a partir da sacarose da beterraba.
  • Rafinose estaquiose: Os frutooligossacarídeos (rafinose e estaquiose) são polímeros naturais de frutose que usualmente são encontrados ligados a uma molécula inicial de glicose. São totalmente resistentes à digestão no trato gastrintestinal, sendo quase que inteiramente pelas usados pelas bifidobactérias do cólon, dessa forma promovem a integridade da mucosa gastrintestinal.
3) Polissacarídeos: são carboidratos complexos em sua estrutura. Como o nome sugere (poli é um termo derivado do grego e quer dizer muitos), os polissacarídeos são compostos macromoleculares (moléculas gigantes), formadas pela união de muitos (centenas) monossacarídeos.  Serão quebrados e virarão glicose. Os três polissacarídeos mais conhecidos são:
  • Amido: É o polissacarídeo de reserva energética dos vegetais. As batatas, arroz, milho, inhame, feijão, mandioca, trigo estão repletos de amido, armazenado pelo vegetal e consumido em épocas desfavoráveis pela planta. Mas para o amido ser aproveitado pelo corpo, é preciso digeri-lo, o que ocorre primeiramente na boca e depois no intestino, com adição de água e a participação de catalisadores orgânicos, isto é, substâncias que favorecem ou aceleram as reações químicas.
  • Glicogênio: É um polissacarídeo de reserva energética dos animais; portanto, equivalente ao amido dos vegetais. No nosso organismo, a síntese de glicogênio ocorre no fígado, a partir de moléculas de glicose. 
  • Celulose: É o polissacarídeo de papel estrutural, isto é, participa da parede das células vegetais. Poucos seres vivos conseguem digeri-lo, entre eles alguns microrganismos que habitam o tubo digestivo de certos insetos (cupins) e o dos ruminantes (bois, cabras, ovelhas, veados etc.).
Os principais carboidratos da dieta são: o amido, a sacarose, frutose e lactose.  A absorção dos carboidratos pelas células do intestino delgado é realizada após hidrólise dos oligossacarídeos e polissacarídeos em seus componentes monossacarídeos (carboidratos de estrutura simples).

Destinos dos monossacarídeos

Após sofrerem várias reações, cada um dos monossacarídeos terá um destino e uma via bioquímica específica. a frutose e galactose virarão glicose no fígado. Enquanto a glicose entrará em uma cascata de reações, dentre elas a glicólise (quebra da glicose para gerar energia) que ocorre no citoplasma das células.

Glicólise

Na glicólise aeróbica (que ocorrre nas células que tem citoplasma) cada molécula de glicose é convertida em duas moléculas de piruvato, cada uma com três átomos de carbonos em um processo no qual vários átomos de carbono são oxidados. Parte da energia livre liberada da glicose é conservada na forma de ATP e de NADH. O resultado do processo total da glicólise é a formação de 2 ATP, 2 NADH e 2 piruvato, às custas de uma molécula de glicose. Os principais destinos desses compostos formados na glicólise são: Ciclo de Krebs (lactato) , Ciclo de Cori (Acetil-CoA), Síntese de proteínas (alanina) e Gliconeogênese (oxaloacetato).

Na glicólise anaeróbica (que ocorre em células sem mitocôndrias), o produto final da glicólise é o lactato e não o piruvato.

Glicogênese 

A glicogênese é a síntese do glicogênio a partir da glicose. O glicogênio é um polissacarídio composto de unidades repetidas de D−glicose unidas por ligações glicosídicas α, constituindo a principal forma de reserva de polissacarídeos nos tecidos animais. Os maiores depósitos estão presentes no fígado e músculos esqueléticos. O glicogênio é armazenado em grânulos intracelulares que também contêm as enzimas que catalisam as reações para a sua síntese e degradação.

A glicose armazenada sob a forma de glicogênio no fígado e músculos destinam-se a diferentes funções:

  • Glicogênio hepático: Atua como reservatório de glicose para a corrente sanguínea com a distribuição para outros tecidos. Acumula após as refeições e, quando necessário, é degradado lentamente para manter a concentração de glicose no sangue mais ou menos constante. As reservas de glicogênio hepático no homem apresentam importante papel como fonte de glicose no período entre as refeições e, em maior extensão, durante o jejum noturno.
  • Glicogênio muscular: Serve como combustível para gerar ATP durante a atividade muscular aumentada. É formado durante o repouso após as refeições. Os níveis de glicogênio muscular apresentam menor variabilidade do que os teores hepáticos em resposta a ingestão de carboidratos.
É importante salientar que o tecido adiposo também necessita glicose para a síntese de triacilglicerol, ou seja, o excesso de carboidrato (quando o necessário já foi para os estoques de glicogênio ou para a glicólise) vai virará triglicerídeos (gordura).

Metabolismo de lipídios

O metabolismo dos lipídios ocorre no fígado. Sendo que esses lipídios são provenientes de duas fontes: os alimentos ingeridos (gorduras e óleos) e da reserva orgânica que é o tecido  gorduroso (adiposo). Diariamente, ingerimos cerca de 25gramas a 105gramas de lipídios. Estes lipídios estão na comida geralmente sob forma de triglicerídeos (TG).

O armazenamento de ácidos graxos na forma de TG é mais eficiente e quantitativamente mais importante do que o de carboidratos na forma de glicogênio (ou seja, temos muito mais reserva energética na forma de gorduras do que na forma de carboidrato).

Quando os hormônios e outras substâncias sinalizam que o corpo precisa de energia, promove-se então a liberação destes TG.  O objetivo é convertê-los em ácidos graxos livres novamente, os quais serão oxidados para produzir energia. No entanto, outras formas de lipídios fazem parte da dieta diária, como os fosfolipídios, o colesterol e as vitaminas lipossolúveis.

Resumindo: se sobra TG, o tecido adiposo "puxa" o excedente e o armazena na forma de gordura que pode ser embaixo da pele (subcutânea) ou ao redor dos órgãos (gordura visceral).

Os dois princípios básicos da dieta Low carb

O primeiro consiste em evitar picos de insulina e com isso evitar uma maior captação de glicose (atividade anabólica).

O segundo princípio consiste em "orientar" o corpo a utilizar o tecido adiposo como fonte de energia.

O vídeo abaixo, elaborado pela equipe do Autoridade Fitness descreve claramente o funcionamento da dieta low carb,




Mas porque evitar picos de insulina? Mas o que que a insulina tem a ver com emagrecimento ?

A insulina é um hormônio como já citado, com ação anabólica, ou seja, ela "joga" a glicose dentro da célula. Quando o paciente está com glicose suficiente, parte dessa glicose vai para o músculo e vira glicogênio muscular ou hepático. Quando o paciente não precisa de tanta glicose, ela é desdobrada em triglicerídeos e vira gordura no tecido adiposo. Além disso quando o nível de insulina está elevado, ela dificulta a remoção dos lipídios já armazenados (lipólise). Lembre-se, a insulina tem ação anabólica e no emagrecimento desejamos uma ação catabólica.

Resumindo: a insulina inibe a lipólise (queima de gordura como fonte de energia) e estimula a lipogênese (produção de gordura).

Mas como evitar esses picos de insulina ou elevação permanente dela ? Ou utilizando medicação ou reduzindo o teor de carboidrato na dieta.

O baixo consumo de carboidratos leva a uma diminuição na liberação de insulina, o que se traduz em uma maior mobilização dos estoques de gordura para serem utilizados como fonte de energia. Além disso, se há menos insulina circulante, há menor risco de hipoglicemias e também menor risco de aumento do apetite. Ou seja, quando o teor de insulina está "controlado", ocorre uma menor variação na glicemia e hoje sabemos que essas variações glicêmicas podem desencadear aumento do apetite ou episódios de compulsão alimentar. Além disso, estudos em diabéticos (tanto tipo 1 quanto tipo 2) tem mostrado que uma menor variabilidade glicêmica está correlacionada a um menor risco de complicações macrovasculares (infarto, avc), microvasculares (doença renal crônica, amputações, pé diabético, retinopatia diabética).

Sendo assim, o principal objetivo da dieta low carb é obrigar o corpo a utilizar gordura como sua principal fonte de energia. Além disso objetiva-se manter a lipólise (quebra da gordura) por mais tempo já que o teor de carboidratos é reduzido e o nível de insulina decai.

Dieta Low carb versus Dieta No carb

É importante salientar que na dieta Low carb o teor de carboidrato é reduzido, porém não drasticamente como em uma dieta cetogênica, no qual o objetivo é induzir o corpo a produzir corpos cetônicos a partir de gordura e utilizar esses corpos cetônicos como fonte exclusiva de energia. Na cetose o corpo não mais obtém energia a partir da glicose. O resultado é uma mobilização das reservas de gordura do organismo (= queima de gordura), que agora passam a ser utilizadas como combustível para o metabolismo.

Entretanto essa diminuição de carboidratos é uma faca de dois gumes. Se por um lado quanto mais você restringe carboidratos, mais você tende a emagrecer, por um outro lado quanto mais você entra em cetose, mais sintomas você apresenta. Além disso não há estudos conclusivos (a longo prazo) sobre as repercussões metabólicas e hormonais de uma dieta No carb.

O que pesquisadores, médicos e nutricionistas tem se perguntado é:
  • A longo prazo, esses corpos cetônicos poderiam mudar a nossa homeostase ?  Causariam lesões em órgãos ? 
  • O paciente perderia massa magra (proteólise) para utilizar essa massa magra como fonte energética? 
  • Favoreceria piora dos quadros de compulsão alimentar nos quadros de Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica? Pioraria quadros de Bulimia, Anorexia, Vigorexia ou Ortorexia?
  • Acarretaria uma diminuição da taxa metabólica basal? 
  • Alteraria o funcionamento do hipotalâmico?
  • Teria benefício inferior ou igual ao de dietas hipocalóricas mas com a distribuição de macronutrientes diferentes?
São perguntas que ainda não sabemos. Além disso percebemos claramente que a adesão a uma dieta No carb é bem difícil.

Dentre os sintomas de cetose temos:
  1. fraqueza, 
  2. vertigem, 
  3. dor de cabeça, 
  4. hálito cetônico, 
  5. indisposição, 
  6. poliúria (micção frequente e em grande quantidade), 
  7. câimbras 
Geralmente esses sintomas são transitórios e após 15 a 20 dias desaparecem. Ou seja, o paciente começa o processo de cetoadaptação, conseguindo até mesmo praticar atividade física de alta intensidade.

Todos esses sintomas podem ocorrer em uma dieta No carb ou cetogênica. Na dieta Low carb, como o corpo ainda continua utilizando a glicose como fonte de energia (mas passa a utilizar a gordura também) os sintomas são mais leves ou não ocorrem. Entretanto a queima de gordura é menos acentuada.

Na dieta low carb o paciente emagrece, principalmente logo após os primeiros dias de alteração nos hábitos alimentares (graças à eliminação do excesso de glicogênio estocado). Ou seja, não é uma perda em sua maior parte de gordura e sim de água. Depois dessa depleção de glicogênio muscular é que se inicia a queima de gordura propriamente dita.

Composição da dieta Low carb e adesão

Uma dieta Low carb como já citado acima, deve conter de 130 até 50gramas de carboidrato por dia, ou de 20 a 30% de carboidratos no volume energético total. É importante salientar que na dieta low carb a base da dieta não é proteína e sim vegetais folhosos, legumes e gorduras. Ou seja, é uma dieta pobre em alimentos industrializados.

A composição então proposta por alguns profissionais seria:
  • Carboidratos: 20 a 30%
  • Gorduras: 50 a 60%
  • Proteínas: 30 a 40%
É importante salientar que a digestão das proteínas exige muito mais energia do corpo que a quebra dos carboidratos, e como resultado, há uma aceleração do metabolismo como resposta ao aumento da ingestão de proteínas. Modesto mas há.

Os aminoácidos também são essenciais para a formação de massa muscular, que por sua vez gasta mais energia do que o tecido adiposo. Modesto aumento na taxa metabólica basal, mas há.

E por último, as proteínas ajudam a controlar o apetite, pois promovem mais saciedade, pois não causam um grande pico de insulina, além de retardarem o esvaziamento gástrico.

O que pode e o que não pode

No começo, até se alcançar a perda de peso, alguns alimentos não são permitidos, depois a longo prazo, na manutenção pode-se reintroduzir os carboidratos complexos (como por exemplo arroz, feijão).

Alimentos Permitidos
  • Proteínas de alto valor biológico: carne, frango, peixe, ovo, leite, soja.
  • Carne vermelha magra, peito de frango, peixes, ovos, whey protein isolado. Embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, peito de peru, etc.) são permitidos, mas deve-se ficar atento à quantidade de sódio (que promove retenção de líquidos) e de carboidratos nos rótulos, já que no processo de defumação utiliza-se açúcar.
  • Frutas com baixo índice glicêmico: limao, acerola, maracujá, morango, pêssego, ameixa, cereja, amora, framboesa, mirtilos, damasco, açaí e abacate.
  • Laticínios: aqueles com alto teor de gordura contêm menos carboidratos que os laticínios light, mas por outro lado são ricos em gordura saturada, que deve ser consumida com moderação. Creme de leite, cream cheese e parmesão são alguns dos laticínios permitidos na dieta low carb.
  • Gorduras boas: nozes, amêndoas, azeite,  abacate, salmão, atum e sardinha.
  • Vegetais: folhas verdes (couve, rúcula, alface, agrião, etc.) e vegetais não amiláceos (couve flor, rabanete, brócolis, alho poró, aspargo), cenoura, abrobrinha, chuchu, beterraba.
  • Outros: maionese, leite de coco, frutos do mar, gelatina sem açúcar e adoçantes (sucralose e aspartame).
  • Bebidas: café, chás sem açúcar (camomila, erva doce, etc.) e água sem gás.
Alimentos Não permitidos na fase inicial
  • Arroz, batata inglesa, milho, trigo, açúcar, farinhas.
  • Álcool
  • Refrigerantes diet, light ou zero
  • Leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico)



Os principais erros cometidos por quem faz dieta Low carb 

1) Não focar na verdadeira base alimentar que deve ser vegetais e folhas! 
  • A base alimentar deve ser comida de verdade deixando de lado os industrializados, ou seja, consumir os alimentos mais próximos da forma como são encontrados na natureza. O correto é deixarmos de lado os industrializados que são os que apresentam maiores concentrações de açúcares por porção, aumentando o consumo de vegetais, principalmente de baixo amido, como as verduras e folhas, e não focar em proteínas e gorduras. Existem vários alimentos Low carb disponíveis no mercado, porém nada saudáveis.
2) Exagerar nas fontes de proteínas e gorduras
  • Em uma dieta low carb (bem formulada, portanto é FUNDAMENTAL que você passe por um nutricionista), a quantidade de vegetais deve ser maior do que a quantidade de produtos animais (carnes e leite e derivados como manteigas, iogurtes e queijos) e gorduras refinadas mesmo que saudáveis, como óleo de coco e azeite. Isso é importante para a flora intestinal e para o equilíbrio nutricional da dieta, evitando com que você fique com o intestino preso e careça de vitaminas e minerais. 
  • Qualquer exagero leva à auto sabotagem.
  • Na low carb se incentiva perder o medo do consumo de proteínas e gorduras naturais dos alimentos e não tê-las como sua base alimentar ou elas em maior concentração na sua refeição
3) Cortar muito o consumo de carboidratos ao ponto de se preocupar com os carboidratos dos vegetais
  • Quando se elimina os carboidratos refinados e se passa a consumir os carboidratos vindos de folhas, legumes e tubérculos, o volume alimentar tende a aumentar contribuindo para o aumento da saciedade, porém a quantidade de carboidratos ingeridos tende a diminuir. Diferente de quando se consome produtos industrializados que apresentam alta concentração de carboidratos refinados em pouca porção.
  • Uma dieta Low carb não deve ser No carb. Trata-se de restringir açúcar, farináceos e excesso de amido e não ficar preso à contagem de carboidratos “do bem”. 
  • Lembre-se: Ninguém engorda comendo muita cenoura ou batata e sim pelo consumo de carboidratos “lixos” que não nos fazem bem e são viciantes! Ex: xarope de glicose, açúcar invertido, maltodextrina, xarope de frutose e etc..!
4) Comer sem fome (Respeite a FOME)
  • Ao se adaptar ao estilo de vida low carb o resultado é um ajuste na regulação de hormônios que estão ligados com a fome, compulsão e ansiedade, além do aumento expressivo da saciedade pelo consumo de gorduras boas, ou seja, gorduras naturais dos alimentos. Com isso haverá diminuição da fome. A fome é uma reação fisiológica do organismo que deve ser respeitada. Um exemplo bem básico e simples: da mesma forma que vamos ao banheiro evacuar ou fazer xixi quando o organismo avisa também devemos comer quando temos fome! Fome é diferente de vontade de comer. A vontade de comer é muito seletiva, já a fome não, você come o que tem!
5) Comer além da saciedade (Respeite a SACIEDADE)
  • Como a fome, a saciedade também deve ser fisiológica e neste caso o bom senso é muito bem vindo. Com uma alimentação focada na qualidade nutricional dos alimentos a quantidade tende a ser autorregulada pelo corpo se atentando para a sensibilidade dos receptores de apetite e saciedade.
6) Comer muitos laticínios e derivados 
  • Algumas pessoas reagem mal ao uso de laticínios e com isso acabam dificultando ou estabilizando a perda de peso. O consumo de laticínios deve ser de forma esporádica, para dar sabor às preparações e reduzir a monotonia alimentar. Caso contrário, se usados em excesso são insulinogênicos e acabam ativando muito a insulina, mecanismo contrário ao que se busca com a Low Carb. 
7) Não ter paciência para esperar a adaptação metabólica acontecer, ou seja, não esperar o organismo a se adaptar utilizando outras vias metabólicas como fonte energia
  • A dieta tradicional da população brasileira, sem dúvidas, tem como maior substrato energético os carboidratos, considerados fonte de energia rápida. Porém, com o consumo reduzido de carboidratos o organismo precisa se adaptar para uma nova utilização energética que deverá ser utilizando os estoques de energia armazenados no tecido adiposo ou mais conhecidos como pneuzinhos.
8) Comparar seus resultados com os dos outros
  • Cada organismo se adapta e reage de forma individual. Existem os que perdem peso de forma rápida e depois estacionam e existem os que perdem peso de forma gradativa. Não compare seus resultados com os de seus amigos ou de alguém da internet.
9) Uma dieta low carb não precisa ser VERY low carb ou cetogênica para ser efetiva
  • Cada pessoa tolera um nível de carboidratos para emagrecer e sem ganhar peso. Há pessoas que toleram grandes quantidades e outras menores. Dietas muitos restritivas não são sustentáveis.
10) Buscar resultados rápidos
  • Resultados rápidos são passageiros.
  • Cuidado com o efeito sanfona! Procure um estilo de vida que seja sustentável, duradouro e que consiga fazer pelo resto da vida 
E o que jejum intermitente?

O jejum intermitente (JI) ou Time-Restricted Feeding (TRF) vem ganhando cada vez mais popularidade, principalmente entre os praticantes de dieta Low Carb e cetogênica. Mas há muitas informações distorcidas sendo disseminadas na internet. Existe uma fundamentação científica, alguns pacientes tem resultados, mas como toda "modinha" as informações vão sendo distorcidas no meio do caminho. Abaixo postarei um texto escrito por uma amiga, a nutricionista Rita de Cassia.

Mas afinal, existem estudos científicos para tal estratégia?

Sim, existem. Mas vamos primeiro a alguns conceitos importantes. De acordo com a literatura, a definição para o jejum intermitente é “estratégia que envolve a restrição total ou parcial do consumo de energia (restrição que varia de 50 a 100%) em 1 a 3 dias por semana”.

Porém, por ser de difícil adesão, foi criada uma estratégia alternativa, conhecida como “time-restricted feeding (TRF)”, que em português significa restrição de tempo de alimentação.

No TRF os indivíduos têm o consumo de alimentos limitados dentro de uma janela de tempo (que varia de 3 a 4h, 7 a 9h ou 10 a 14h), o que induz a um tempo de jejum que varia de 10 a 21 horas por dia. Isso significa que o paciente fará entre 1 a 3 refeições ao dia.

Isso deu origem a alguns métodos populares, sendo largamente difundidos pela internet:

  • Método 16/8: Também chamado de o protocolo Leangains. A pessoa realiza praticamente 2 refeições diárias (por exemplo, uma refeição as 13h e outra as 21h), em uma janela de 8 horas e totalizando 16 horas de jejum.
  • Método do jejum completo: Isso envolve o jejum durante 24 horas, uma ou duas vezes por semana. Por exemplo, o intervalo entre o jantar de um dia anterior até o jantar no dia seguinte.

  • Dieta 5:2: Ficou conhecida popularmente pelo livro “The Fast Diet”. Nele, em dois dias não consecutivos da semana, os indivíduos só comem 500-600 calorias e voltam a consumir normalmente nos outros 5 dias.
É claro que apenas este último não foi desenvolvido por grandes estudos científicos. Até porque já sabemos que o que importa não é o valor calórico dos alimentos e sim a sua densidade nutricional. Então vamos detalhar sobre o que existe de pesquisas científicas neste tema:
  • No estudo de revisão publicado pelo autor Rothschild e colaboradores em 2014, verificou que 11 estudos tinham avaliado os efeitos do TRF em humanos, sendo que a maioria (6 estudos) avaliou os feitos do TRF de 10-12 horas. Entre os estudos que avaliaram o TRF de 4 horas ou 7-8 horas, nenhum efeito benéfico foi encontrado na população estudada. Por outro lado, notavelmente, os estudos que implementaram o TRF de 10-12 horas demonstraram reduções consistentes no peso corporal de 1-3%, além de melhorias nos parâmetros metabólicos, como níveis de lipídios sanguíneos e glicemia. Esses resultados já seriam esperados, pois a expansão da janela de alimentação torna a estratégia mais viável para que o indivíduo consiga consumir os alimentos dentro de suas necessidades durante ao longo do dia. Isso ocorre porque o jejum de 7 a 8 horas foi realizado durante o sono e, portanto, não se trata de nenhuma novidade ao que já é preconizado dentro de uma dieta equilibrada.
  • Além disso, as evidências científicas para os riscos e benefícios do uso do TRF e do jejum intermitente são limitadas, pois os estudos não foram realizados em longo prazo e muitas vezes realizados com um número limitado de participantes. Dessa maneira, enquanto não houver evidências científicas suficientes para respaldar o uso dessas estratégias, elas não devem ser indicadas para garantir um emagrecimento saudável.
  • Em 2015 foram publicados outros estudos de revisão com atualização sobre as evidências científicas para essa estratégia. O artigo “Health effects of intermittent fasting: hormesis or harm? A systematic review” publicado em uma das maiores revistas de nutrição do mundo, trouxe uma revisão sistemática sobre o tema. Eles concluem que faltam estudos clínicos robustos para comprovar o real benefício do jejum intermitente na saúde. No entanto, existem estudos que demonstram que o jejum intermitente realmente provoca melhorias na saúde metabólica, desempenho cognitivo e cardiovascular, porém com algumas falhas metodológicas.
  • O outro artigo, publicado em agosto de 2015, foi nada menos do que pela Academia Americana de Nutrição e Dietética (Eat Right), com o título “Intermittent Fasting and Human Metabolic Health”. A publicação também reforça que são necessários mais estudos que avaliem principalmente os efeitos em longo prazo. Visto que os períodos de jejum podem alterar o equilíbrio da produção dos hormônios da fome/saciedade, o que pode promover distúrbio lá na frente. Deve-se investigar também sobre as alegações referentes ao envelhecimento e biomarcadores longevidade.
  • As recomendações atuais para o emagrecimento ainda ressaltam a importância para o fracionamento das refeições e evitar se alimentar com muita fome. No entanto, ainda não está claro também se essa recomendação é válida para todos de uma maneira generalizada.
Esses artigos deixam claro que o jejum intermitente pode ser uma abordagem promissora para o emagrecimento e melhorar a saúde metabólica para as pessoas quem conseguem se adaptar ao jejum ou comer muito pouco em certas horas do dia ou dias da semana. Ou seja, tudo se refere a INDIVIDUALIDADE!

Abaixo, dois vídeos da Dra. Rita de Cássia. Nutricionista e mestre em Nutrição Humana pela USP.






Referências:
  1. Santos FL, et al. Systematic review and meta-analysis of clinical trials of the effects of low carbohydrate diets on cardiovascular risk factors. Obes Rev. 2012 Aug 21. doi: 10.1111/j.1467-789X.2012.01021.x.
  2. Sackner-Bernstein J, Kanter D, Kaul S (2015) Dietary Intervention for Overweight and Obese Adults: Comparison of Low-Carbohydrate and Low-Fat Diets. A Meta-Analysis. PLoS ONE 10(10): 
  3. Mansoor, N., Vinknes, K.J., Veierød, M.B. and Retterstøl, K. (2016) ‘Effects of low-carbohydrate diets v. low-fat diets on body weight and cardiovascular risk factors: a meta-analysis of randomised controlled trials’, British Journal of Nutrition, 115(3), 466–479.
  4. Mente A, et al. A systematic review of the evidence supporting a causal link between dietary factors and coronary heart disease. Arch Intern Med. 2009 Apr 13;169(7):659-69.
  5. Hooper L, et al. Reduced or modified dietary fat for preventing cardiovascular disease. Cochrane Database Syst Rev. 2011 Jul 6;(7):CD002137.
  6. Shai I, et al. Weight loss with a low-carbohydrate, mediterranean, or low-fat diet. N Engl J Med 2008;359(3);229–41.
  7. Bazzano L, et al. Effects of Low-Carbohydrate and Low-Fat Diets: A Randomized Trial. Ann Intern Med. 2014;161(5):309-318.
  8. Gardner CD, et al. Comparison of the Atkins, Zone, Ornish, and learn Diets for Change in Weight and Related Risk Factors Among Overweight Premenopausal Women. The a to z Weight Loss Study: A Randomized Trial. JAMA. 2007;297:969–977.
  9. Brehm BJ, et al. A Randomized Trial Comparing a Very Low Carbohydrate Diet and a Calorie-Restricted Low Fat Diet on Body Weight and Cardiovascular Risk Factors in Healthy Women. J Clin Endocrinol Metab 2003;88:1617–1623.
  10. Samaha FF, et al. A Low-Carbohydrate as Compared with a Low-Fat Diet in Severe Obesity. N Engl J Med 2003;348:2074–81.
  11. Aude YW, et al. The National Cholesterol Education Program Diet vs a Diet Lower in Carbohydrates and Higher in Protein and Monounsaturated Fat. A Randomized Trial. Arch Intern Med. 2004;164:2141–2146.
  12. Volek JS, et al. Comparison of energy-restricted very low-carbohydrate and low-fat diets on weight loss and body composition in overweight men and women. Nutrition & Metabolism 2004, 1:13.
  13. Yancy WS Jr, et al. A Low-Carbohydrate, Ketogenic Diet versus a Low-Fat Diet To Treat Obesity and Hyperlipidemia. A Randomized, Controlled Trial. Ann Intern Med. 2004;140:769–777.
  14. Krebs NF, et al. Efficacy and Safety of a High Protein, Low Carbohydrate Diet for Weight Loss in Severely Obese Adolescents. J Pediatr 2010;157:252-8.
  15. Summer SS, et al. Adiponectin Changes in Relation to the Macronutrient Composition of a Weight-Loss Diet. Obesity (Silver Spring). 2011 Mar 31. [Epub ahead of print]
  16. Halyburton AK, et al. Low- and high-carbohydrate weight-loss diets have similar effects on mood but not cognitive performance. Am J Clin Nutr 2007;86:580–7.
  17. Volek JS, et al. Carbohydrate Restriction has a More Favorable Impact on the Metabolic Syndrome than a Low Fat Diet. Lipids 2009;44:297–309.
  18. Partsalaki I, et al. Metabolic impact of a ketogenic diet compared to a hypocaloric diet in obese children and adolescents. J Pediatr Endocrinol Metab. 2012;25(7-8):697-704.
  19. Daly ME, et al. Short-term effects of severe dietary carbohydrate-restriction advice in Type 2 diabetes–a randomized controlled trial. Diabet Med. 2006 Jan;23(1):15–20.
  20. Westman EC, et al. The effect of a low-carbohydrate, ketogenic diet versus a low- glycemic index diet on glycemic control in type 2 diabetes mellitus. Nutr. Metab (Lond.)2008 Dec 19;5:36.
  21. Bueno NB, et al. Very-low-carbohydrate ketogenic diet v. low-fat diet for long-term weight loss: a meta-analysis of randomised controlled trials. Br J Nutr. 2013 May 7:1-10.
  22. Rothschild J, Hoddy KK, Jambazian P, Varady KA. Time-restricted feeding and risk of metabolic disease: a review of human and animal studies. Nutr Rev. 2014;72(5):308-18.
  23. Horne BD, Muhlestein JB, Anderson JL. Health effects of intermittent fasting: hormesis or harm? A systematic review. Am J Clin Nutr. 2015;102(2):464-70.
  24. Grant M. Tinsley, Paul M. La Bounty. Effects of intermittent fasting on body composition and clinical health markers in humans. Nutrition Reviews Oct 2015, 73 (10) 661-674; DOI: 10.1093/nutrit/nuv041
  25. Patterson RE, Laughlin GA, LaCroix AZ, Hartman SJ, Natarajan L, Senger CM, et al. Intermittent Fasting and Human Metabolic Health. J Acad Nutr Diet. 2015;115(8):1203-12.
  26. LeCheminant JD, Christenson E, Bailey BW, Tucker LA. Restricting night-time eating reduces daily energy intake in healthy young men: a short-term cross-over study. Br J Nutr. 2013 Dec;110(11):2108-13.
  27. Sherman H, Frumin I, Gutman R, Chapnik N, Lorentz A, Meylan J, et al. Long-term restricted feeding alters circadian expression and reduces the level of inflammatory and disease markers. J Cell Mol Med. 2011;15(12):2745-59.
  28. Lamine F, Bouguerra R, Jabrane J, Marrakchi Z, Ben Rayana MC, Ben Slama C, Gaigi S. Food intake and high density lipoprotein cholesterol levels changes during ramadan fasting in healthy young subjects. Tunis Med. 2006;84(10):647-50.

Autores:
Dr. Frederico Lobo - Médico 
Dr. Flávio Melo - Médico pediatra.
Dr. Thiago Omena - Médico especialista em clínica médica.
Dra. Ana Paula Rodrigues - Nutricionista especialista em Nutrição esportiva.
Dra. Samara Bergamelli - Nutricionista especialista em Nutrição esportiva e com foco em Dieta Low Carb.

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Em tempo: 2024: 8 anos após escrever esse texto, hoje tenho convicção de que são poucos os pacientes que tem melhor resposta à dieta Low Carb. Há sim, pacientes que respondem bem à redução dos carboidratos, mais do que à redução de lipídios e proteínas. Mas isso não é tão comum quanto se pensa. Ou seja, após 8 anos, o déficit calórico continua sendo fundamental no processo de emagrecimento.

Caso queira agendar uma consulta presencial ou online, clique aqui. Eu e e minha equipe de nutricionistas poderemos te auxiliar.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A indústria do açúcar fez todo mundo de bobo


traduzido do New York Times. Veja o original clicando aqui.

Documentos históricos recentemente revelados mostraram que a indústria do açúcar pagou cientistas na década de 60 para minimizar a relação entre consumo de açúcar e doenças do coração, além de dizer que a gordura era a culpada.

Documentos internos da indústria do açúcar, recentemente descobertos por um pesquisador da Universidade da Califórnia e publicados nesta segunda no JAMA, sugerem que cinco décadas de pesquisas sobre o papel da alimentação e doenças cardíacas – incluindo as recomendações nutricionais atuais – talvez tenham sido direcionadas em grande parte pela indústria do açúcar.

“Eles conseguiram desvirtuar a discussão sobre o açúcar por décadas”, disse Stanton Glantz, professor de Medicina na UCSF e autor do artigo no JAMA.

Documentos mostram que um grupo chamado “Sugar Research Foundation” (Fundação para Pesquisas sobre o Açúcar), conhecido atualmente como “Sugar Association” (Associação da Indústria do Açúcar), pagou três cientistas de Harvard o equivalente a 50 mil dólares (em moeda atual) para que publicassem uma revisão sobre o açúcar, gordura e doenças cardíacas em 1967.

Os estudos usados nesta revisão foram “selecionados” pelo grupo e o artigo, publicado no prestigioso New England Journal of Medicine, minimizou a relação entre consumo de açúcar e doenças do coração, colocando a luz no papel da gordura saturada.

Oss cientistas de Harvard e os executivos da indústria do açúcar os quais eles ajudaram não estão mais vivos. Um dos cientistas pagos, D. Mark Hegsted, que depois se tornou o diretor de Nutrição do Departamento de Agricultura dos EUA, onde em 1977 ajudou a escrever o precursor das diretrizes alimentares do governo.

Outro cientista foi Frederick J Stare, chefe do departamento de Nutrição de Harvard.

Em um pronunciamento em resposta ao artigo publicado no JAMA, a Associação da Indústria do Açúcar comentou que esta revisão dde 1967 foi publicada em uma época em que os periódicos médicos não pediam aos pesquisadores que divulgassem as fontes de recursos nem conflitos de interesse. O New England Journal of Medicine começou a pedir este tipo de informação em 1984.

A indústria também “deveria ter sido mais transparente nestas atividades de pesquisa”, diz o pronunciamento. Ainda assim, defendeu as pesquisas financiadas pela indústria como importantes no debate científico. Disse ainda que muitas décadas de pesquisa haviam concluído que o açúcar “não tem um papel especial em doenças do coração”.

A Associação ainda questionou as motivações por trás do artigo da JAMA. “Ainda mais preocupante é o uso crescente de artigos ‘caçadores de cliques’ se sobrepor á qualidade da pesquisa científica”, disseram. “Estamos desapontados em ver um periódico como o JAMA entrar nesta onda”.

Apesar da venda de influência revelada nos documentos datar de 50 anos atrás, as revelações são importantes porque o debate a respeito dos danos causados pelo açúcar e gordura saturada continuam ainda hoje, disse o Dr. Glantz.

Por muitas décadas, as autoridades de Saúde encorajaram os americanos a melhorar sua dieta através da redução dos níveis de gordura, o que levou muitas pessoas a consumir alimentos low fat cheios de açúcar. Alguns especialistas acreditam que isso levou à crise atual de obesidade.

“Foi muito esperto por parte da indústria do açúcar, pois estas revisões, ainda mais se publicadas em periódicos de respeito, tendem a direcionar a discussão científica”, comentou.

O Dr. Hegsted usou sua pesquisa para influenciar as diretrizes alimentares do Governo, que diziam que a gordura saturada era um fator para doenças cardíacas enquanto que o açúcar era mostrado como uma caloria vazia relacionado à cárie dos dentes.

Ainda hoje, os avisos contra a gordura saturada se mantém como uma pedra fundamental das diretrizes alimentares, apesar de recentemente a AHA (American Heart Association), WHO (World Health Organization) e outras autoridades no assunto começarem a colocar o açúcar como algo que aumenta o risco de doença cardiovascular.

Marion Nestle, professora de Nutrição, estudos sobre alimentos e saúde pública da Universidade de Nova Iorque, escreveu um editorial dizendo que os documentos evidenciavam que a indústria do açúcar encomendaram as pesquisas para “tirar a culpa do açúcar como um importante fator de risco.”

“Acho isso absurdo”, disse, “Não se vê por aí exemplos tão claros. A quantidade de dinheiro que receberam é atordoante”.

A Dra. Nestle comentou ainda que os esforços da indústria para influenciar a ciência da Nutrição continuam atualmente.

Ano passado, um artigo do New York Times revelou que a Coca Cola, maior produtora de bebidas açucaradas, havia repassado milhões de dólares em financiamento para pesquisadores que buscavam minimizar a relação entre tais bebidas e obesidade.

Em Junho, a Associated Press noticiou que os fabricantes de doces estavam bancando estudos que concluíam que crianças que comem doces tendem a pesar menos que as outras.

O artigo no JAMA se baseou em milhares de páginas de correspondências e outros documentos que Cristin E. Kearns, um pós-graduando da UCSF, descobriu nos arquivos de Harvard, Universidade de Illinois e outros.

Os documentos mostram que em 1964, John Hickson, um executivo da indústria do açúcar, discutiu um plano com seus pares para mudar a opinião pública “através de nossas pesquisas, informação e programas legislativos”.

Naquela época, os estudos haviam começado a apontar o relacionamento entre dietas de alto teor de açúcar e as altas taxas de doenças cardíacas no país.

Em paralelo, outros cientistas, incluindo o famoso médico de Minnesota, Ancel Keys, investigavam a teoria de que a gordura saturada e colesterol da dieta que apresentavam o maior risco.

Hickson propôs contrapor as descobertas alarmantes sobre o açúcar com pesquisas financiadas pela indústria. “Assim podemos publicar os dados e refutar nossos inimigos”, escreveu.

Em 1965, Hickson encomendou a revisão ao pesquisadores de Harvard, a fim de acabar com os estudos anti-açúcar. Foram pagos cerca de 6,5 mil dólares – o equivalente a 49 mil atualmente. Hickson selecionou os artigos a serem colocados na revisão e deixou claro que ele gostaria de ver resultados a favor da indústria.

Dr Hegsterd, de Harvard, tranquilizou os executivos. “Estamos bem por dentro de seus interesses”, escreveu, “e vamos satisfazê-los da melhor maneira possível.”

Enquanto trabalhavam na revisão, os pesquisadores compartilhavam os rascunhos iniciais com os executivos, que respondiam que estavam gostando do resultado. Os cientistas diziam que os dados condenando o açúcar eram fracos e davam muito mais importância aos dados implicando a gordura saturada.

“Pode ficar tranquilo que é isso que queríamos e esperamos ansiosamente para que saiam na imprensa”, Hickson disse.

Após a revisão ser publicada, o debate sobre açúcar e doenças cardíacas murchou, enquanto que dietas low fat tiveram o apoio de muitas autoridades da saúde, contou Dr. Glantz;

“Pelos padrões atuais, eles agiram muito mal”, completou.

Fonte: http://www.comidadeverdade.com.br/blog/index.php/2016/09/12/industria-do-acucar-fez-todo-mundo-de-bobo/


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Verdade ou mito: Os alimentos perdem nutrientes ao serem aquecidos no microondas?

Fazer comida no micro-ondas é pior do que ferver ou fritar?

Basta uma busca rápida na internet para encontrar sites e blogs que garantem que o uso do microondas faz mal à saúde e resulta na perda de vitaminas e nutrientes dos alimentos.
Mas essa ideia de que o microondas é pior do que outras formas de cozinhar não tem base científica, explica o programa da BBC Trust Me, I’m a Doctor (em tradução livre, Confie em mim, sou médico).
O microondas cozinha os alimentos usando ondas de energia semelhantes às de rádio, porém mais curtas.

Seletivas, essas ondas afetam sobretudo a água e outras moléculas assimétricas eletricamente: carregadas positivamente em um extremo e negativamente no outro.

As microondas fazem com que essas moléculas vibrem e gerem calor, que rapidamente se estende às moléculas próximas para esquentar e cozinhar a comida.

Esse processo pode afetar as vitaminas e nutrientes dos alimentos, mas essas mudanças não são exclusivas do microondas, e sim resultado do processo de aquecimento.

Quando se esquenta a comida, algumas vitaminas - como a C - se decompõem, explica a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em seu site sobre medicina e saúde.
Mas isso acontece independentemente de se o alimento é esquentado em forno convencional, no fogão ou no microondas.

Uma forma de manter nutrientes é picar alimentos logo antes de cozinhar

As proteínas também se “desnaturalizam” (ou seja, se decompõe e às vezes perdem suas propriedades) quando são esquentadas, por qualquer meio.

Mas como os tempos de preparo são mais curtos, cozinhar com microondas de fato ajuda a preservar a vitamina C e outros nutrientes.

Cozinhar com água

Os nutrientes dos alimentos também se perdem quando a comida é cozida com água.
Diversos estudos científicos concluíram que ao ferver as verduras, boa parte de seus nutrientes se solta na água.

A vitamina C e muitas das vitaminas B, como a B6 e a B12, são mais vulneráveis porque são solúveis em água.

E normalmente essa água não é aproveitada, mas descartada – o que faz com que os nutrientes também se percam.
A perda de nutrientes durante a fervura é maior do que em outras técnicas, como o microondas, a fritura ou o vapor.

Ferver verduras faz com que nutrientes fiquem na água

Então a melhor forma de reter as vitaminas e os nutrientes dos alimentos ao cozinhá-los é usar tempos curtos, que limitem a exposição ao calor, e um método de cozinhar que use menos líquido.
Um artigo publicado em 2009 no Journal of Food Science concluiu, por exemplo, que o microondas mantém melhor os níveis de antioxidantes de alimentos como feijão, aspargos e cebola do que a fervura, o cozimento na panela de pressão ou o forno.

Mas se o que mais te preocupa é manter o valor nutritivo dos alimentos, o melhor é cozinhar no vapor. Além disso, há outros passos que você pode fazer para conservar ao máximo o valor nutritivo dos alimentos. Conselhos úteis para impedir a perda de nutrientes ao cozinhar:

  1. Descascar e cortar o alimento logo antes de preparar ou consumir
  2. Lavar de forma rápida antes de cozinhar
  3. Empregar formas de cozimento em que a água e o alimento entrem em contato o mínimo possível
  4. Esperar que a água ferva completamente para submergir o alimento, já que isso reduzirá o tempo de cozimento necessário
  5. Cozinhar hortaliças al dente e esfriá-las após cozinhar, para preservar suas vitaminas
  6. Aproveitar a água das verduras cozidas para fazer outros alimentos, como sopas
  7. Evitar armazenar frutas e hortaliças por muito tempo na geladeira
  8. Acrescentar vinagre ou suco de limão, que contribuem para a conservação das vitaminas e absorção de alguns minerais, como o ferro


Fonte: Fundação Espanhola de Dentistas e Nutricionistas e Associação para a Promoção do Consumo de Frutas e Hortaliças “5 al dia”, da Espanha

'Epidemia de câncer'? Alto índice de agricultores gaúchos doentes põe agrotóxicos em xeque


O agricultor Atílio Marques da Rosa, de 76 anos, andava de moto quando sentiu uma forte tontura e caiu na frente de casa em Braga, uma cidadezinha de menos de 4 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul. "A tontura reapareceu depois, e os exames mostraram o câncer", conta o filho Osmar Marques da Rosa, de 55 anos, que também é agricultor. Seu Atílio foi diagnosticado há um ano com um tumor na cabeça, localizado entre o cérebro e os olhos. Por causa da doença, já não trabalha em sua pequena propriedade, na qual produzia milho e mandioca.

Para ele, o câncer tem origem: o contato com agrotóxicos, produtos químicos usados para matar insetos ou plantas dos quais o Brasil é líder mundial em consumo desde 2009. "Meu pai acusa muito esse negócio de veneno. Ele nunca usou, mas as fazendas vizinhas sempre pulverizavam a soja com avião e tudo", diz Osmar.

O noroeste gaúcho, onde seu Atílio mora, é campeão nacional no uso de agrotóxicos, segundo um mapa do Laboratório de Geografia Agrária da USP, elaborado a partir de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para especialistas que lidam com o problema localmente, não há dúvidas sobre a relação entre o veneno e a doença.

"Diversos estudos apontam a relação do uso de agrotóxicos com o câncer", diz o oncologista Fábio Franke, coordenador do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital de Caridade de Ijuí, que atende 120 municípios da região.

O glifosato é o agrotóxico mais usado no país, e fabricado pela Monsanto, que rechaça a relação do uso do produto com a doença.

A empresa diz tratar-se de "um dos herbicidas mais usados no mundo, por mais de 40 anos e em mais de 160 países", e que "nenhuma associação do glifosato com essas doenças é apoiada por testes de toxicologia, experimentação ou observações".

Já o Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal), que representa os fabricantes de agrotóxicos, encaminhou o questionamento da BBC Brasil para a Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), que responde basicamente pelas mesmas empresas.

Em nota, a Andef afirma que "toda substância química, sintetizada em laboratório ou mesmo aquelas encontradas na natureza, pode ser considerada um agente tóxico" e que os riscos à saúde dependem "das condições de exposição, que incluem: a dose (quantidade de ingestão ou contato), o tempo, a frequência etc.".

Oncologista Fábio Franke vê relação direta entre agrotóxicos e câncer

Um dos principais problemas é que boa parte dos trabalhadores não segue as instruções técnicas para o manejo das substâncias.

"Nós sempre perguntamos se usam proteção, se usam equipamento. Mas atendemos principalmente pessoas carentes. Da renda deles não sobra para comprar máscaras, luvas, óculos. Eles ficam expostos", diz Emília Barcelos Nascimento, voluntária da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Ijuí.

Anderson Scheifler, assistente social da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer da cidade (Aapecan), corrobora: "Temos como relato de vida dessas pessoas um histórico de utilização excessiva de defensivos agrícolas e, na maioria das vezes, sem uso de proteção".

'Alarmante epidemia'

Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comparou o número de mortes por câncer da microrregião de Ijuí com as registradas no Estado e no país entre 1979 e 2003 e constatou que a taxa de mortalidade local supera tanto a gaúcha, que já é alta, como a nacional.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o Rio Grande do Sul é o Estado com a maior taxa de mortalidade pela doença. Em 2013, foram 186,11 homens e 140,54 mulheres mortos para cada grupo de 100 mil habitantes de cada sexo.

O índice é bem superior ao registrado pelos segundos colocados, Paraná (137,60 homens) e Rio de Janeiro (118,89 mulheres).

O Estado também é líder na estimativa de novos casos de câncer neste ano, também elaborada pelo Inca - 588,45 homens e 451,89 mulheres para cada 100 mil pessoas de cada sexo.
Em 2014, 17,5 mil pessoas morreram de câncer em terras gaúchas - no país todo, foram 195 mil óbitos.


Especialistas ligam uso de agrotóxicos à alta incidência de câncer no RS

Anualmente, cerca de 3,6 mil novos pacientes são atendidos na unidade coordenada por Franke. Se incluídos os antigos, são 23 mil atendimentos. Destes, 22 mil são bancados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) - os cofres públicos desembolsam cerca de R$ 12 milhões por ano para os tratamentos.
Segundo o oncologista, a maioria dos doentes vem da área rural - mas o problema pode ser ainda maior, já que os malefícios dos agrotóxicos não ocorrem apenas por exposição direta pelo trabalho no campo, mas também via alimentação, contaminação da água e ar.

"Se esses números fossem de pacientes de dengue ou mesmo uma simples gripe, não tenho dúvida de que a situação seria tratada como a mais alarmante epidemia, com decreto de calamidade pública e tudo. Mas é câncer. Há um silêncio estranho em torno dessa realidade", afirma o promotor Nilton Kasctin do Santos, do Ministério Público da cidade de Catuípe.

"Milhares de pessoas estão morrendo de câncer por causa dos agrotóxicos", acrescenta ele, que atua no combate aos produtos.

Mas, segundo a Andef, "o setor de defensivos agrícolas apresenta o grau de regulamentação mais rígido do mundo".

Salto no consumo


Mais de 1,1 mil pessoas morreram por intoxicação com agrotóxico no país em 8 anos
A comercialização de agrotóxicos aumentou 155% em dez anos no Brasil, apontam os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), estudo elaborado pelo IBGE no ano passado - entre 2002 e 2012, o uso saltou de 2,7 quilos por hectare para 6,9 quilos por hectare.

O número é preocupante, especialmente porque 64,1% dos venenos aplicados em 2012 foram considerados como perigosos e 27,7% muito perigosos, aponta o IBGE.

O Inca é um dos órgãos que se posicionam oficialmente "contra as atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil" e "ressalta seus riscos à saúde, em especial nas causas do câncer".
Como solução, recomenda o fim da pulverização aérea dos venenos, o fim da isenção fiscal para a comercialização dos produtos e o incentivo à agricultura orgânica, que não usa agrotóxico para o cultivo de alimentos.

Márcia Sarpa Campos Mello, pesquisadora do instituto e uma das autoras do "Dossiê Abrasco - Os impactos dos Agrotóxicos na Saúde", ressalta que o agrotóxico mais usado no Brasil é o glifosato - vendido com o nome de Roundup e fabricado pela Monsanto.

Segundo ela, o glifosato está relacionado aos cânceres de mama e próstata, além de linfoma e outras mutações genéticas.

"A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 80% dos casos de câncer são atribuídos à exposição de agentes químicos. Se os agrotóxicos também são esses agentes, o que já está comprovado, temos que diminuir ou banir completamente esses produtos", defende.

A Monsanto, entretanto, rechaça a opinião. Procurada pela BBC Brasil, a empresa afirma que o registro do glifosato na União Européia foi renovado por 18 meses, em junho.

A renovação, porém, não passou sem polêmica. A intenção inicial era que a renovação fosse por 15 anos. França, Itália, Suécia e Países Baixos foram contra. Um dos motivos é a recente classificação da Agency for Research on Cancer (IARC), parte da Organização Mundial da Saúde, que classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno para humanos".


Fabricante afirma que glifosato é seguro para a saúde

Procurada, a Monsanto afirma que "todos os usos de produtos registrados à base de glifosato são seguros para a saúde e o meio ambiente, o que é comprovado por um dos maiores bancos de dados científicos já compilados sobre um produto agrícola".

Três vezes mais

Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o brasileiro consome até 12 litros de agrotóxico por ano.

A bióloga Francesca Werner Ferreira, da Aipan (Associação Ijuiense de Proteção ao Ambiente Natural) e professora da Unijuí (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul), alerta que a situação é ainda pior no noroeste gaúcho, onde o volume consumido pode ser três vezes maior.

Ela conta que produtores da região têm abusado das substâncias para secar culturas fora de época da colheita e, assim, aumentar a produção. É o caso do trigo, que recebe doses extras de glifosato, 2,4-D, um dos componentes do "agente laranja", usado como arma química durante a Guerra do Vietnã, e paraquat.


A agricultura é uma das atividades mais importantes para a economia do noroeste gaúcho
Segundo o promotor Nilton Kasctin do Santos, este último causa necrose nos rins e morte das células do pulmão, que terminam em asfixia sem que haja a possibilidade de aplicação de oxigênio, pois isso potencializaria os efeitos da substância.

"Nada disso é invenção de palpiteiro, de ambientalista de esquerda ou de algum cientista maluco que nunca tomou sol. Também não é invenção de algum inimigo do agronegócio. Sabe quem diz tudo isso sobre o paraquat? O próprio fabricante. Está na bula, no rótulo", alerta o promotor.

No último ano, 52 pessoas morreram por intoxicação por paraquat em terras gaúchas, segundo o Centro de Informação Toxicológica do Estado.

No Brasil, 1.186 mortes foram causadas por intoxicação por agrotóxico de 2007 a 2014, segundo a coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da USP, Larissa Bombardi.

A estimativa é que para cada registro de intoxicação existam outros 50 casos não notificados, afirma ela. A pesquisa da professora aponta ainda que 300 bebês de zero a um ano de idade sofreram intoxicação no mesmo período.

A Syngenta, fabricante do paraquat, não se manifestou sobre os casos de intoxicação e afirmou endossar o posicionamento da Andef.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37041324

Pesquisa indica que poluição pode danificar cérebro e contribuir para Alzheimer


É sabido que ambientes poluídos provocam dificuldades respiratórias, problemas cardíacos e até morte prematura. Agora, um novo estudo traz mais um motivo de alerta: partículas de compostos de ferro oriundas da poluição do trânsito podem chegar ao cérebro.
Amostras do cérebro de corpos de pessoas que viveram e morreram na Cidade do México - que é um dos lugares mais poluídos do mundo e onde uma grande nuvem cinzenta paira no ar - foram analisados em um laboratório da Universidade de Lancaster, na Inglaterra.
Pequenas demais para serem vistas a olho nu, nanopartículas de um óxido de ferro chamado magnetita foram encontradas nos tecidos cerebrais. As amostras do México foram comparadas com o mesmo tipo de material coletado em Manchester.

"Identificamos milhões de partículas de poluição no cérebro. Num grama de cérebro humano, haverá milhares de partículas. É um milhão de oportunidades para essas partículas provocarem danos nas células do cérebro", explica a professora Barbara Maher, da Universidade de Lancaster.
Magnetita pode ocorrer naturalmente no cérebro em pequenas quantidades, mas as partículas formadas ali têm um formato irregular distinto.
Já as partículas identificadas no estudo são bem mais numerosas e de formato diferente, arredondado e regular, características que somente poderiam ser criadas nas altas temperaturas de um motor de veículos ou sistema de freios.
"É uma descoberta. É toda uma nova área para ser investigada e entendida - se essas partículas de magnetita estão causando ou acelerando doenças neurodegenerativas."
Essas partículas são inaladas - as maiores são barradas no nariz, mas as menores vão parar nos pulmões e na corrente sanguínea. As minúsculas podem se conectar aos nervos e seguir direto para o cérebro, onde foram achadas nesse estudo.

Uma forte suspeita ainda não comprovada empiricamente é que essas partículas são capazes de quebrar conexões entre as células cerebrais, exatamente como acontece com doenças como o Alzheimer. Apesar de o estudo não provar que a poluição no cérebro automaticamente causa doenças, não está descartada essa possibilidade.
"Esse estudo mostra pela primeira vez que partículas da poluição podem parar no cérebro. Obviamente isso é muito importante, mas ainda não há evidência do papel delas no Alzeihmer. Isso é algo que não sabemos", diz Clare Walton, da organização Alzheimer Society.

"As causas da demência são complexas e até agora não houve pesquisas suficientes para dizer se viver em cidades ou áreas poluídas aumenta o risco da doença. "
Ela diz que formas práticas de reduzir os riscos de desenvolver demência incluem exercícios regulares, uma dieta saudável e evitar o fumo.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37285555

domingo, 7 de agosto de 2016

ALERTA: Noz-da-índia

Foi publicado recentemente uma nota técnica da SES do Mato Grosso do Sul, dando um pouco mais de detalhes sobre o efeitos potencialmente perigosos associados ao uso da noz-da-índia (Aleurites moluccana L.). Vale a pena ler e divulgarem intensamente, para alcançarmos o maior número de pessoas possível. Serve de alerta à população.


Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
Secretaria de Estado de Saúde
Superintendência Geral de Vigilância em Saúde
Coordenadoria Estadual de Vigilância em Saúde Ambiental
Centro Integrado de Vigilância Toxicológica - CIVITOX

Nota Técnica nº001/2016/CIVITOX/CVA/SGVS/SES/MS

Assunto: Intoxicação pelo uso da “Noz da Índia”

Também chamada de Nogueira de Iguape, Nogueira, Nogueira da Índia, Castanha Purgativa, Nogueira-de-Bancul, Cróton das Moluscas, Nogueira Americana, Nogueira Brasileira, Nogueira da Praia, Nogueira do Litoral, Noz Candeia, Noz das Moluscas, Pinhão das Moluscas.

O seu nome científico Aleurites moluccana L. (Willd.), da família Euphorbiaceae, é uma árvore exótica, natural da Indonésia, Malásia e Índia e largamente cultivada no Sul do Brasil, Argentina e Paraguai.

O seu uso vem sendo divulgado na Internet para emagrecimento, por suas propriedades laxativas, porém, existem diversas referências que citam sua toxicidade, principalmente das sementes não processadas, as quais contém saponinas (toxalbumina) e forbol. A dose tóxica é geralmente superior a 3 nozes, mas a sintomatologia tóxica já pode ser observada após a ingestão de apenas uma semente, porém isso vai depender de paciente para paciente, levando em consideração idade, peso e comorbidades.

Os sintomas ocorrem após 20-40 minutos após a ingesta. São eles: náuseas, vômitos, cólicas abdominais violentas, tenesmo e diarréia, evoluído para sede intensa, secura nas mucosas, letargia e desorientação. Nos casos mais graves: desidratação acentuada, dilatação das pupilas (midríase), taquicardia, taquipnéia, respiração irregular, cianose e aumento da temperatura corporal (hipertermia).

A diarréia intensa pode levar a disturbios hidroeletrolíticos graves, comprometimentos dos rins e alteração na condução cardíaca por perda de ions com o sódio e o potássio, essenciais na homeostase (equilibrio) do organismo. Quadros neurológicos compreendendo câimbras nos músculos dos membros, parestesias, sensação de formigamento, cefaléia e hiporreflexia, também são descritos. Lesões renais são observadas, geralmente como conseqüência dos graves distúrbios hidroeletrolíticos. Lesões irritativas em lábios e boca podem ocorrer devido às simples mastigação do caroço da semente.

Não existe no Brasil nenhum produto registrado contendo a espécie Aleurites moluccanus. Assim, os produtos que estão sendo divulgados em sites na internet encontram-se irregulares e não devem ser utilizados. Em um estudo realizado na Argentina, após a avaliação botânica de todas as espécies que eram divulgadas na internet como “ Noz da Índia” (Aleurites moluccana), descobriu- se que eram na verdade Thevetia peruviana (Nome popular: Chapéu de Napoleão). As sementes dessa planta quando ingeridas, são altamente tóxicas por possuírem grandes concentrações de glicosídeos cardiotônicos, estando proibido o seu uso em diversos países, como México, Austrália e Argentina.

O fato de o paciente perder peso não significa que está emagrecendo. Pelo contrário, está perdendo conteúdo importante para o organismo vivo, como água e eletrólitos. Os produtos “naturais” para emagrecer podem trazer diversos riscos à saúde e intoxicações graves, sendo CONTRA-INDICADO o seu USO.

O tratamento dos casos de intoxicação por essas plantas deve ser realizado em um ambiente hospitalar e notificado ao CIVITOX pelos telefones: 0800 722 6001/ 3386-8655/ 150.


Campo Grande, 05 de fevereiro de 2016

Dr. Alexandre Moretti de Lima
Professor Auxiliar em Dermatologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Médico Toxicologista do CIVITOX/MS

Karyston Adriel Machado da Costa
Coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental e Centro Integrado de Vigilância
Toxicológica – CIVITOX

Angela Cristina Cunha Castro Lopes
Superintendente Geral de Vigilância em Saúde
Secretaria de Estado de Saúde

Avenida do Poeta - Parque dos Poderes – Bloco 07
CEP: 79.031-902 – Campo Grande/MS
Telefones: (67) 3318-1737 (67) 3386-8655

Fonte: http://www.saude.ms.gov.br/2016/02/05/nota-tecnica-referente-a-intoxicacao-pelo-uso-da-planta-noz-da-india/

ALERTA: Falsas promessas de cura do Diabetes Mellitus tipo 2



A Sociedade Brasileira de Diabetes vem sendo insistentemente acionada por um número crescente de questionamentos sobre FALSAS promessas de cura do diabetes, divulgadas por meio de diversas mídias e contrariando determinação expressa do Código de Ética Médica, que proíbe a prática de consultas e prescrições terapêuticas sem a devida avaliação clínica por parte do médico e equipe responsável.

No dia 24 de julho, o programa Domingo Espetacular da TV Record, divulgou uma matéria questionável sobre a suposta cura do diabetes, sendo essa abordada de forma imprudente. A Sociedade Brasileira de Diabetes desaprova tal conteúdo e alerta sobre os perigos das recomendações expostas nessa reportagem.

Esclarecemos que, quando o paciente é bem orientado por profissionais sérios e éticos, o diabetes pode sim ser controlado com medidas eficazes de educação em diabetes, alimentação saudável, prática de exercícios e tratamento farmacológico. Por outro lado, promessas de curas milagrosas e não fundamentadas, através da exploração inescrupulosa de pessoas menos informadas, constituem-se em risco considerável para a saúde pública, principalmente quando o agente infrator chega a recomendar a redução e/ou suspensão do tratamento farmacológico prescrito, sem nem mesmo conhecer as peculiaridades clínicas de cada paciente.

A Sociedade Brasileira de Diabetes já tomou as providências éticas cabíveis junto ao Conselho Regional de Medicina do Ceará, região de inscrição do médico citado na matéria, e está aguardando medidas urgentes para o devido encaminhamento ético e legal deste assunto.



São Paulo, 02 de agosto de 2016.


DR. LUIZ A. TURATTI
Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes

DRA. MARISTELA STRUFALDI I DRA. DEISE REGINA BAPTISTA
Coordenadoras do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes

Vitamina C e resfriados: razão (ciência) versus emoção (placebo)

A ciência (séria) mostra que vitamina C suplementada não funciona para prevenção ou tratamento de resfriados e gripes. Sim, tudo que você ouviu até hoje era pura lenda urbana. Mas calma, que neste post vou te mostrar outras formas comprovadas de melhorar nossa resistência.
Não passa sequer um dia em minha prática clínica, sem que um familiar me conte que está dando vitamina C suplementada para seu filho, para prevenir ou tratar o resfriado comum ou gripes.
Frequentemente essa orientação parte desde profissionais da saúde, até o pipoqueiro da esquina, ou seja, é praticamente uma lenda urbana.
Sempre explico com paciência que não há nenhum estudo que comprove que para a população geral, exista efeito dessa prática. Por mais que se saiba que o uso desse suplemento, em pequenas doses, não traz riscos, o desperdício financeiro e a exposição à corantes e excipientes em suas formulações não devem ser ignoradas.
Na maioria das vezes, é bom para quem o vende.
Neste estudo de revisão sobre prevenção e tratamento do resfriado comum, publicado no Canadian Medical Association Journal, em 2014, fica bastante claro que o uso de vitamina C suplementada na prevenção e tratamento dos resfriados não tem suporte da ciência.
Em uma análise de 29 estudos de boa qualidade, com cerca de 12.000 participantes no total, não se demonstrou nenhum efeito da vitamina C como preventivo, a não ser nos indivíduos que praticam atividade física extenuante.
Também não se demonstra nenhum efeito no tratamento.

Se a vitamina C não funciona, o que pode ser feito?

Bem, do ponto de vista da ciência, em relação à prevenção, há eficácia de medidas de proteção:
  • Lavar as mãos.
  • Suplementação de zinco para aqueles com baixa ingestão (prefiro através da comida).
  • Suplementação ou ingestão de alho.
Quanto ao tratamento:
  • Hidratação.
  • Zinco.
  • Anti-térmicos e analgésicos com moderação.
  • Mel para maiores de 1 ano.
  • Algumas opções farmacológicas para casos selecionados, é o que a ciência nos oferece.
Antibióticos, obviamente, além de não terem nenhum efeito, fazem mal!
E agora, ficamos com o quê? Para a maioria, com o que a vovó dizia: muita água e frutas (hidratação), gargarejos, limpeza nasal, lambedor (sem mel para os menores de 1 ano, com mel para os demais) e uma canja bem caprichada, com carnes e arroz (sim, tem Zinco!).
Como dizia Hipócrates, faça do teu alimento o teu medicamento.
Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/vitamina-c-e-resfriados-razaociencia-versus-emocaoplacebo/

Semanal Mundial da Amamentação por Dr. Flávio Melo

Meu amigo Flávio Melo (pediatra) do site http://www.pediatradofuturo.com.br fez ao longo dessa semana vários posts sobre amamentação. Excelente material e de leitura obrigatória para as mamães que estão amamentando, as grávidas ou qualquer mulher que anseia por esse momento sublime.

Amamentação – parte 1 – produção do leite materno

O leite materno é o alimento essencial e mais importante para o bebê.  Por mais que o ambiente, o hospital (se for o caso) ou as pessoas tentem te fazer pensar que a amamentação é algo difícil e extraordinário, na verdade é um ato natural e instintivo para você e o bebê.
Claro que entender o processo de produção pode ajudar. Então, de uma forma simplificada, quero que você saiba o passo a passo.
O passo a passo da produção de leite materno
1- Os hormônios da gravidez – estrógeno e progesterona – preparam os seios para o que virá depois: acontece o aumento das mamas, da sensibilidade e a dilatação dos vasos sanguíneos.
2- Após o nascimento começa a ação de outros dois hormônios secretados pela glândula hipófise. Um deles estimula a produção, chamado prolactina, e o outro estimula a ejeção do leite, chamado ocitocina.
3- A produção do leite é sob demanda, ou seja, quanto mais o menino mama, mais a mama produz.
4- Até mesmo mulheres que adotam, com ajuda profissional, podem conseguir produzir leite e amamentar.
E quando a “fábrica” está devagar, o que fazer?
1- Como você já viu acima, a amamentação tem que ser sob livre demanda.
2- Melhorar a pega do bebê. Clique aqui para ver algumas mini aulas gravadas pela fonoaudióloga Isa Crivellaro.
3- Verificar se ele não tem anquiloglossia (língua presa).
4- Amamentar à noite.
5- Ofereça o seio mesmo quando o bebê não demonstre fome.
6- Ofereça sempre os dois seios em cada mamada, mas não fique trocando de seio a cada instante. Espere esvaziar um para oferecer o outro.
7- Retirar o leite (ordenhar) pode aumentar a produção e caso seja suficiente, você pode e deve doar. Os prematuros agradecem!
8- Nada de complemento.
9- Compressas mornas nos seios (nada de bolsa térmica) ou massageá-los embaixo do chuveiro pode ajudar.
10- Relaxe, aproveite o momento único. Não foque nos problemas, foque no amor que você transmite para esse ser maravilhoso, gestado por você e que agora você tem nos braços.
11- Durma bem, na medida do possível.
12- Beba muita água, entre 3 a 4 litros de água por dia. O leite materno é 87% água!
13- Remédios para produzir leite? Só com avaliação médica!
14- Anticoncepcionais? Só com avaliação médica.
15- Se está com dor, por algum motivo, ela sozinha pode ser a causa da baixa produção e precisa de tratamento.

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/amamentacao-parte-1-producao-do-leite-materno/

Amamentação – Parte 2 – Qual a composição do leite materno e como melhorar

O leite materno (LM) é mais do que um alimento completo: é um alimento “vivo”. Transforma-se e se adapta às necessidades do bebê nas diferentes fases do crescimento.
A composição do leite materno muda de acordo com o tempo e pode mudar de acordo com a alimentação da mãe. Por isso é tão importante não fazer restrições alimentares desnecessárias durante a lactação, sem a ajuda do seu pediatra e da nutricionista.
As fases do leite materno
1 – Colostro
É o leite produzido nos primeiros 5 a 7 dias após o parto. É rico em componentes imunogênicos e proteínas, como a imunoglobulina A secretora, a lactoferrina, leucócitos (por isso chamo de alimento vivo) e fatores de desenvolvimento/crescimento. Sua função essencial é prover proteção ao bebê, por isso a quantidade de lactose não é tão grande.
2 – Leite de transição
Após a primeira semana, ocorre o aumento da produção do leite e gradativamente aumenta a quantidade de lactose, para prover as necessidades do bebê em crescimento rápido.
3 – Leite Maduro
Ao redor do final do primeiro mês, o leite já está com sua composição e produção estabilizadas, o bebê já está adaptado ao aleitamento, o leite materno já está maduro.
Qual a composição do leite materno?
Em média, 100 ml tem 67 calorias. A mãe produz cerca de 750 ml de leite maduro por dia e gasta cerca de 500-600 calorias para esse fim.
Em termos de macronutrientes (média), carboidratos (lactose e oligossacarídeos) representam 55% do total, gorduras (palmítico e oléico, linoléico e linolênico, DHA e ARA) 37,5% e proteínas (80% de proteínas do soro e 20% de caseína) 7,5%.
Já em termos de micronutrientes, a depender da alimentação da mãe, há níveis variáveis de vitamina A, B1,B2,B6,B12, D e Iodo.
É muito importante que a lactante consuma ou suplemente quantidades adequadas de vitamina D, pois normalmente tem pouco no leite materno (o bebê também deve ser suplementado).
Componentes Imunogênicos
Esses são talvez os componentes mais importantes, pois determinam uma série de estímulos positivos para a flora intestinal e auxiliam na modulação da resposta imunológica, tão importante para evitar doençasalérgicas, metabólicas e inflamatórias no futuro.
Há desde células do sistema imunológico, como macrófagos, linfócitos T até as recentemente descobertas células tronco, cuja função e importância ainda é investigada.
Também estão presentes as chamadas citocinas e quimocinas, que ao entrarem em contato com o sistema imunológico intestinal do bebê, funcionam como moduladores da resposta e maturadores. Protegem e preparam para os inúmeros contatos com elementos estranhos que acontecem no início da vida.
Os elementos mais recentemente estudados foram os oligossacarídeos do leite materno (HMOs), que são carboidratos que estimulam e nutrem as bactérias da flora intestinal. São os nossos primeiros e importantíssimos pre-bióticos.
Antes se pensava que o LM era estéril, mas recentemente se descobriu que existe uma microbiota/flora, que muda de acordo com as características maternas e ao longo do período da lactação. Ou seja, até no leite materno tem Vitamina S.
Fatores de crescimento
Além de tudo exposto acima, no há hormônios, como a leptina, grelina, adiponectina, que auxiliam na saciedade e no metabolismo e também no desenvolvimento e crescimento de diversos órgãos, desde o intestino até o cérebro.
Pois é, como vocês podem ver, o LM é um alimento rico, vivo e essencial. Mas a sua alimentação e estilo de vida pode influenciar em diversos aspectos da sua composição.
Como turbinar o seu leite? Assunto para o post de amanhã.
Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/parte-2-qual-composicao-do-leite-materno-e-como-melhorar/

Amamentação – Parte 3 – Leite Materno: como turbinar?

Como você já viu nos posts anteriores, o leite materno é produzido sob demanda, é um alimento vivo e que se transforma de acordo com as fases e necessidades do bebê.
Pensávamos até certo tempo atrás que a composição não variava muito com a dieta materna, mas estudos recentes desbancaram essa teoria.
De acordo com a quantidade e qualidade da dieta materna, podem ocorrer variações importantes nos seus constituintes.
E o pior é que basta o menino chorar mais um pouquinho, que todo mundo começa a te aperrear para mudar a alimentação, tirando exatamente tudo o que é importante para uma boa composição do teu leite, como as fontes de vitaminas, minerais e gorduras boas.
Aí te dizem:
– Comer peixe amamentando? Nem pensar! É carregado! Mas torta de chocolate pode!
E aí sou eu (o pediatra) e o bebê que choramos!
Então, vamos turbinar o leite materno?
Antes de mais nada, esse é um momento crucial para um nutricionista te ajudar, pois somente ele tem a autorização legal para prescrever o cardápio.
Só vou listar aqui algumas regrinhas gerais, ok?
Regra geral 1: coma alimentos com densidade nutricional!
Peixes e frutos do mar: salmão, algas, mariscos e sardinhas. Olho na qualidade e procedência!!!
Carnes: carne de boi, porco, cordeiro, frango e carnes de órgão, como o fígado (uma vez por semana).
Frutas e hortaliças: tomate, frutas vermelhas (se o bolso deixar), repolho, couve, alho e brócolis.
Sementes e castanhas: amêndoas, nozes, chia e linhaça.
Outros: ovos, aveia, tubérculos (batata doce, cará), quinoa, e chocolate com alto teor de cacau (70% ou mais).
A lista é enorme: o importante é não restringir mas qualificar.
Evite ao máximo os ultra-processados. Sei que você sempre vai ter uma tortinha à mão e umas lembrancinhas para os glutões que vem visitar a bebê, mas resista sempre que possível!
Regra 2: saiba quais vitaminas e minerais têm sua quantidade variável no leite de acordo com a alimentação
Vitamina B1 (Tiamina) – peixe, porco, sementes, castanhas e pão.
Vitamina B2 (Riboflavina) – queijo, amêndoas, castanhas, carne vermelha, peixes do mar e ovos.
Vitamina B6 – sementes, castanhas, peixe, frango, porco, bananas e frutas secas.
Vitamina B12 – mariscos, fígado, peixes do mar, caranguejo e camarão.
Colina – ovos, fígado de boi, fígado de frango, peixes do mar e amendoim.
Vitamina A – batata doce, cenoura, folhosos verdes escuros, carnes de órgãos e ovos.
Vitamina D – óleo de fígado de bacalhau, peixes do mar, alguns cogumelos e alimentos fortificados (laticínios)
Selênio – castanha do Brasil/Pará (uma só), frutos do mar, peixe, trigo integral e sementes.
Iodo – algas desidratadas, bacalhau, leite e sal iodado.
Incluir esses alimentos na sua alimentação vai aumentar a quantidade dos elementos no leite materno e seu bebê vai agradecer.
Além disso, os ácidos graxos essenciais que você consome (comendo animais marinhos por exemplo), fará com que a quantidade de ômega-3, especialmente DHA e ARA, subam no leite materno.
Esses são elementos essenciais para o desenvolvimento cerebral e visual do bebê. Se sua nutricionista e pediatra perceberem que sua dieta é deficiente, eles podem ser suplementados.
Regra 3: saiba quais são as fontes de outros minerais importantes, cujo consumo não altera muito a composição do leite (mas devem fazer parte da dieta materna!)
Folato: feijões, lentilhas, folhosos verdes, aspargos e abacate!
Cálcio: leite, iogurte, queijo, folhosos verdes e leguminosas.
Ferro: carne vermelha, porco, frango, frutos do mar, feijões, hortaliças verdes e frutas secas.
Cobre: frutos do mar, grãos integrais (verdadeiros!!!), nozes, feijões, carnes de órgãos e batata.
Zinco: ostras (cuidado com a qualidade!), carne vermelha, frango, feijões, nozes e laticínios.
Se você não comer esses alimentos em quantidade suficiente, o corpo vai usar suas reservas para não prejudicar a composição do leite. Por isso, se não comer bem e com qualidade, vai se sentir fraca!
Se não for possível comer alguns alimentos, é importante que seu médico e nutricionista prescrevam suplementos, mas essa é uma situação especial. Em geral, a nutrição deve vir da Comida de Verdade!
Regra 4: o que consumir com moderação
Algumas coisas precisam de moderação, mas não estão proibidas. Exemplo:
Cafeína – cerca de 1% da cafeína que você consome é transferida para o leite materno. Quantidades pequenas de cafeína não causam danos, em torno de 2 xícaras médias por dia.
Álcool – o ideal é não consumir álcool, pois ele vai para o leite materno e o bebê demora muito mais para metabolizar. Seu corpo leva de 1-2 horas para “limpar” da corrente sanguínea o equivalente à uma taça pequena de vinho, uma lata de cerveja ou uma dose de destilados. Portanto, em uma situação excepcional onde você queira ingerir uma taça de vinho, por exemplo,espere pelo menos 2 horas para oferecer o seio após ingerir.
Leite de vaca – cerca de 2-6% dos bebês podem desenvolver alergia à proteína do leite de vaca (APLV), mesmo em aleitamento materno exclusivo. Não tomar leite de vaca não evitará a APLV, mas caso exista essa suspeita, a dieta da mãe precisará estar 100% restrita para verificar o diagnóstico e durante o tratamento.
E aí, aprendeu como turbinar seu leite materno? Se gostou, compartilhe!
No próximo post, tudo de bom que o leite materno faz para a saúde do teu bebê.
Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/leite-materno-como-turbinar/

Amamentação – Parte 4 – O que evita no bebê

Como você já deve ter lido e aprendido nos posts anteriores, o leite materno é um alimento completo para as necessidades do seu bebê.
Mas ele não é somente a nutrição perfeita pra ele, pois também tem impacto na saúde à curto, médio e longo prazo.
A cada dia essa lista abaixo aumenta, mas já passou dos dedos de uma mão. Seguem abaixo os benefícios do LM (leite materno) pro seu bebê:
– seus anticorpos, como por exemplo a Imunoglobulina A, protegem o bebê, formando uma camada protetora nas vias aéreas (nariz e garganta) e no trato digestório.
Por isso mesmo, nem sempre que você fica resfriada o seu bebê pega. Afinal, você pode até dar a doença, mas também está dando a proteção.
– redução nos episódios de otites: 3 ou mais meses de aleitamento exclusivo podem reduzir o risco em 50%e qualquer período de amamentação reduz em 23%.
– redução nos episódios de infecções respiratórias: o aleitamento exclusivo por mais de 4 meses reduz o risco de hospitalização por essas doenças em 72%.
– redução no risco de gripes e resfriados: bebês em AM exclusivo por 6 meses, tem um risco 63% menor de ter infecções sérias nas vias aéreas superiores.
– redução no risco de infecções intestinais: redução de 64%, mesmo após a cessação da amamentação.
– o leite materno reduz em 60% o risco de uma infecção grave dos prematuros, a enterocolite necrotizante.
– redução de 50% no risco de morte súbita no lactente.
– amamentar exclusivamente por pelo menos 3 a 4 meses, está ligado a cerca de 35% de redução do risco de asma, dermatite atópica e rinite.
– bebês que são amamentados no momento da primeira exposição ao glúten, tem um risco 52% menor de desenvolver doença celíaca.
– bebês amamentados tem 30% menos chance de desenvolver doença inflamatória intestinal.
– pelo menos 3 meses de amamentação reduz o risco de diabetes tipo 1 em 30% e diabetes tipo 2 em 40%.
Além de todas as doenças acima, o aleitamento promove um ganho de peso saudável. As taxas de obesidade em bebês amamentados são cerca de 15-30% menores, comparados aos bebês que tomam fórmula artificial.
Cada mês que dura o aleitamento, ocorre uma redução de 4% no risco de obesidade futura.
Seu bebê prematuro também terá chances reduzidas de problemas de desenvolvimento, se amamentado exclusivamente.
Como vocês podem ver, a lista é extensa e impressionante. Cabe a nós, profissionais de saúde e às famílias, dar todo o apoio e suporte à amamentação, até porque os benefícios não são somente para o bebê, mas também para a mãe.
Mas aí já é o assunto do post de amanhã.
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Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/amamentacao-parte-4-o-que-evita-no-bebe/

Amamentação – Parte 5 – O que evita na mamãe

Nos posts anteriores, você aprendeu:
Como o leite materno é produzido.
Sua composição.
Como comer para turbiná-lo.
Benefícios do AM para o bebê.
Mas aí você faz todo o esforço do mundo, passa dias e noites insones e não ganha nada?
Primeiro, nem preciso falar do vínculo psicológico que esse momento proporciona. E isso ajuda tanto a mãe, quanto o bebê.
Mas não é só isso.
Benefícios do aleitamento materno para as mamães
1) Só para produzir o leite materno, você gasta em torno de 500 calorias por dia. Claro que com uma dieta desequilibrada isso se dilui no primeiro milk shake, hambúrguer gourmet #sqn e mega torta que comer.
Mas se comer direitinho, o “peso” da gestação vai embora rapidinho (rimou?!?!?).
2) Após o parto, o útero, que ficou enorme, precisa contrair e voltar a ficar do tamanho de um punho fechado no máximo. Essa involução ocorre sob o comando da ocitocina, que é liberada em grandes quantidades durante o trabalho de parto, reduzindo o risco de sangramentos e auxiliando as contrações.
Mas você que amamenta também continua a secretar ocitocina e o processo de involução uterina é mais acelerado. Sabe aquela sua amiga que ficou 6 meses de cinta?
3) Às vezes, a tristeza no pós-parto supera a felicidade de ser mãe. Aí vem a temida depressão puerperal. Cerca de 15% das puérperas podem ter.
A ocitocina também é chamada do hormônio anti-ansiedade. Como vimos, quem amamenta produz mais. Então, no fim das contas, quem amamenta tem menor risco de depressão pós-parto.
4) A amamentação reduz o risco de câncer de mama e de ovário em 28%. Cada ano de aleitamento reduz o risco de câncer de mama em 4,3%. Isso deve encorajar você a amamentar além dos dois anos de idade.
5) Ocorre também um risco menor de síndrome metabólica, que predispõe ao diabetes, problemas cardíacos e a obesidade grave. Também há um risco de 10-50% menor de desenvolver pressão alta, artrite e dislipidemias.
6) Seu bolso agradece. As fórmulas, além de não chegarem aos pés do LM, estão pela hora da morte…
Você viu acima todos os benefícios maternos de amamentar, mas infelizmente, há situações que a amamentação deve ser proibida ou postergada.
Outras vezes, a orientação de não amamentar está incorreta.
Esse será o assunto do próximo post. Depois da série, fique certa que saberá mais sobre amamentação que a maioria das suas amigas.
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Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/amamentacao-parte-5-o-que-evita-na-mamae/

Amamentação – Parte 6 – Quando não amamentar (e os mitos que te dizem)

Espero que você que está acompanhando a série de posts em homenagem à Semana Mundial de Aleitamento Materno 2016 já esteja bastante segura e motivada para amamentar.
Exclusivamente até os 6 meses e com outros alimentos até 2 anos ou mais.
Mas não é raro que eu receba no consultório mães frustradas por terem tido a amamentação contraindicada. Os motivos podem ser vários: um quadro infeccioso que demandou uso de antibióticos, um processo infeccioso atual ou por causa de alguma doença detectada no recém nascido.
Muitas vezes essa indicação está simplesmente incorreta! E é justamente para te ajudar a não deixar o aleitamento materno desnecessariamente, que escrevo esse novo post da série.
Primeiro, vamos falar sobre infecções, pois infelizmente ainda vejo mamães tendo alta da maternidade com a prescrição de antibióticos de rotina nos 7 dias posteriores à cirurgia.
Além de afetar a microbiota da mãe, isso afeta também a microbiota do leite materno, pois agora você já sabe que até no leite materno há micróbios do bem.
Mamães com infecção crônica ou infecção aguda
As únicas infecções que contraindicam o aleitamento materno são por HTLV1/HTLV2 e HIV.
No caso da mãe apresentar uma infecção mais grave – chamada septicemia – e estar internada em UTI, é recomendado ofertar leite humano de banco. Pelo menos até que as condições clínicas dela estejam mais estáveis.
Nas doenças respiratórias transmitidas por gotículas, como a Tuberculose na fase aguda, Coqueluche e Influenza/H1N1, está indicada que você ordenhe seu leite e tome precauções de contato respiratório até que o tratamento seja instituído e diminua o risco de transmissão (dependendo de cada doença).
Já para Hepatite B, fazer vacina e imunoglobulina no bebê e amamentar logo após.
Se for Herpes Simples, só atrasar o início da amamentação se houver lesões ativas no seio ou mamilo.
Fique atenta: não há contraindicação de amamentar no caso de Dengue, Zyka ou Chikungunya.
Quais são as doenças dos bebês que contraindicam a amamentação?
– Galactosemia clássica.
– Má absorção congênita de Glicose-Galactose (CGGM).
– Deficiência congênita de lactase.
– Fenilcetonúria e Doença da urina de Xarope do bordo.
E quando a mãe está doente ou tem alguma doença ou problema crônico?
Em casos selecionados de algumas doenças maternas, a amamentação poderá ser contraindicada ou postergada até melhora das suas condições clínicas.
A depressão grave pós-parto, a psicose puerperal e o distúrbio bipolar descompensado precisam de atenção!
Doenças cardíacas graves, como insuficiência cardíaca grave, se encaixam nesta situação. Assim como em portadores de esclerose múltipla severa.
Nas lactantes que passaram por cirurgia de mamoplastia redutora, pode haver dificuldades com a amamentação.
E quando a mãe está usando ou usou fármacos, drogas lícitas ou ilícitas?
Poucos fármacos contraindicam a amamentação. Normalmente está contraindicada a amamentação com o uso de:
Sedativos do grupo dos opióides (ex. morfina, codeína).
Alguns psicotrópicos e antiepilépticos (doxepina, zonisamida, por exemplo).
Os anticoncepcionais combinados de estrogênio/progesterona.
Isotretinoína (para acne).
Diversas drogas para tratamento do câncer.
Anti inflamatórios e 99% dos antibióticos são compatíveis com o aleitamento.
Uma lista completa de drogas e sua compatibilidade na gestação pode ser encontrada clicando aqui.
E no caso de drogas lícitas ou ilícitas?
Como você já leu no post sobre como turbinar o leite, o uso de álcool no aleitamento materno deve ser evitado. Além da passagem do álcool para o bebê, pode haver alteração do sabor do leite materno e diminuição da lactogênese (produção de leite).
Nesse estudo, a ingestão do equivalente a 1 lata de cerveja ou 1 taça de vinho chegou a reduzir a produção de leite em 23%!
“- Mas Dr. Flávio, e a tal da cerveja preta para aumentar a produção do leite?”
Essa respondo no último post da série, sobre mitos da amamentação, ok?
No caso do tabagismo, além dos efeitos na saúde materna, a nicotina passa através do LM, altera o sabor, reduz a produção de prolactina e está associado a um menor tempo de aleitamento. O passivo também!
Essa parte abaixo é para os profissionais de saúde que se deparam com uma gestante em trabalho de parto que consumiu drogas. Não é tão raro, infelizmente, e sempre fica a dúvida se deve liberar ou não o aleitamento.
Se houve uso de drogas ilícitas imediatamente antes do parto ou durante o aleitamento, a recomendação é suspender a amamentação pelos seguintes períodos:
Anfetamina e ecstasy: 24–36 horas.
Barbitúrico: 48 horas.
Cocaína, crack: 24 horas.
Etanol: 2-3 horas por dose ou até estar sóbria.
Heroína e morfina: 24 horas.
LSD: 48 horas.
Maconha: 24 horas.
Fenciclidina: 1–2 semanas
Há estudos que discutem esse assunto em maior profundidade, como este aqui de 2013 publicado no PubMed e este outro também de 2013 publicado no Clinics Obstetricts and Gynecology.
Resumindo…
Como você leu neste post, talvez muitos dos motivos que já te contaram que contraindicariam a amamentação não são baseados na ciência e peço que você compartilhe a informação correta e científica, para incentivar cada vez mais o aleitamento materno, mesmo quando a mãe ou o bebê tem algum tipo de problema.
Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/parte-6-quando-nao-amamentar-e-os-mitos-que-te-dizem/

Parte 7 – 24 MITOS da amamentação que você precisa saber!

Esse é o último post da série de 7 que fiz essa semana em homenagem à Semana Mundial de Aleitamento Materno 2016.
Espero que possa ter te ensinado algo novo e estimulado as famílias a dar apoio cada vez maior a este ato tão importante para uma boa saúde das futuras gerações.
Vamos recapitular  o que falamos nesta série:
Post 1: Como é a produção do leite materno
Post 2: Qual a composição do leite materno
Post 3: Como turbinar seu leite
Post 4: Benefícios para o bebê
Post 5: Benefícios para a mamãe
Post 6: Quando não amamentar (e quais os mitos que te dizem)
Mas mesmo com toda a informação disponível, a amamentação muitas vezes é comprometida com mitos, preconceitos e atitudes negativas.
Como vocês sabem que gosto de desmistificar, compartilho a tradução desse texto publicado por Lisa Marasco, assistente de aleitamento.
Foi publicado no site da La Leche League International, uma organização que apoia, dá treinamento e consultoria para profissionais e famílias com problemas de amamentação.
24 Mitos comuns sobre amamentação
Mito 1 : Amamentar frequentemente leva à baixa produção de leite, contribuindo para o desmame.
Realidade: O suprimento de leite é otimizado quando um bebê saudável mama sob livre demanda, sempre que ele necessitar.
O reflexo de ejeção de leite funciona mais na presença de mais estímulo de sucção, que acontece quando você não limita as vezes que o seu bebê vai ao seio. A mama é fábrica (80%) e estoque (20%).
Referências:
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Woolridge, M. and Baum, J. Infant appetite-control and the regulation of the breast milk supply. Child Hosp Qtrly 1992; 3:113-19.
Mito 2: A lactante só precisa amamentar de 4 a 6 vezes ao dia para manter o suprimento de leite para o bebê.
 Realidade: Os estudos mostram que quando uma lactante amamenta precocemente e frequentemente, uma média de 10 vezes ao dia nas duas primeiras semanas, sua produção de leite é bem maior.
Seu bebê ganha mais peso e ela tende a manter a amamentação por um período mais longo. A produção do leite está relacionada diretamente com a frequência e o suprimento de leite diminui quando as mamadas são infrequentes ou limitadas.
Daly, S., Hartmann, R Infant demand and milk supply: Part 1 and 2. J Hum Lact 1995; 11(1):21-37.
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Riordan, I. and Auerbach, K. Breastfeeding and Human Lactation. Boston and London: Jones and Bartlett 1993; 88.
 Mito 3: Bebês mamam todo o leite que precisam nos primeiros 5 a 10 minutos.
Realidade: Enquanto muitos bebês mais velhos podem obter a maioria do leite nos primeiro 5 a 10 minutos, isso não pode ser generalizado para todos os bebês.
Recém-nascidos, que estão aprendendo a mamar e não são tão eficientes na sucção, frequentemente necessitam de mais tempo para mamar.
A habilidade de sugar também tem a ver com a o reflexo de ejeção materno, que varia entre as lactantes. Enquanto certas mães podem ejetar imediatamente, algumas podem não ser tão eficientes.
Algumas ejetam o leite em pequenas alíquotas, várias vezes na mesma mamada. Melhor do que tentar adivinhar como você funciona, é observar os sinais de saciedade do bebê como relaxamento de mãos e braços e auto-desprendimento.
Lucas, A., Lucas, P., Aum, J. Differences in the pattern of milk intake between breast and bottle-fed infants.Early Hum Dev 1981; 5:195.
Stuart-Macadam, P., Dettwyler, K. Breastfeeding: Biocultural Perspectives. Hawthorne, New York: Aldine de Gruyter, 1995; 129-37.
 Mito 4: A lactante deve espaçar as mamadas, para que seus seios tenham tempo para encher novamente de leite.
Realidade: Cada dupla mãe/bebê são únicos. O corpo de uma lactante está sempre produzindo leite. Suas mamas funcionam em parte como estoque, algumas armazenando mais que outras.
Quanto mais vazia estiver a mama, mais rápido o corpo produz leite para abastecê-las. Quanto mais cheias as mamas estiverem, mais a produção fica lenta. Se uma mãe fica forçadamente esperando que as mamas encham, seu corpo pode interpretar que está produzindo demais e reduzir a produção total.
 Daly, S., Hartmann, R. Infant demand and milk supply: Part 2. J Hum Lact 1995; 11(1):21-37.
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Mito 5: Bebês precisam de 6 a 8 mamadas por dia até 2 meses de vida, 5 a 6 com 3 meses e não mais que 4 ou 5 aos 6 meses de idade.
Realidade: Um bebê em aleitamento materno exclusivo sob livre demanda, varia sua ingesta de acordo com o suprimento de leite da mãe e sua capacidade de armazenamento, bem como de acordo com as suas necessidades de desenvolvimento.
Surtos de crescimento e doenças podem mudar temporariamente seu padrão de alimentação. Estudos mostraram que bebês em AM sob livre demanda vão estabilizar o ritmo de amamentação em um padrão que se enquadra na sua necessidade.
Além disso, a ingesta calórica de uma bebê em AM aumenta no final da mamada. Dessa forma, colocar limites na frequência e no tempo pode levar à menor ingesta calórica do que a sua necessidade.
Daly, S., Hartmann, R. Infant demand and milk supply: Part 1. J Hum Lact 1995; 11(1):21-6.
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Mito 6: É a quantidade de leite que o bebê ingere (quantitativo), e não o tipo, leite humano ou fórmula (qualitativo), que determina o intervalo das mamadas
Realidade: Bebês em aleitamento materno exclusivo tem esvaziamento gástrico mais rápido do que bebês em uso de leite artificial (1,5 horas versus 4 horas), devido ao menor tamanho das moléculas de proteína no leite materno.
Enquanto a quantidade ingerida é um fator que pode determinar a frequência de alimentações, o tipo de leite também é muito importante.
Estudos antropológicos com leite de mamíferos confirmam que bebês humanos tendem à amamentar frequentemente e sempre o fizeram ao longo de toda nossa evolução.
 Lawrence R. Breastfeeding: A Guide for the Medical Professional, 4th ed. St. Louis: Mosby 1994; 254.
Marmet, C., Shell, E. Breastfeeding Is Important. Encino, California: Lactation Institute, 1991:4.
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Mito 7: Nunca acorde um bebê para mamar.
Realidade: Enquanto a maioria dos bebês consegue indicar quando necessitam se alimentar, os recém-nascidos podem não acordar sozinhos com facilidade e devem ser acordados, se necessário, para comer pelo menos 8 vezes ao dia.
Isso pode acontecer por medicamentos que a mãe tomou no parto, medicações que a mãe esteja tomando, icterícia, traumatismos, chupetas e comportamento de recusa após pouca resposta à sinais de fome.
Além disso, mães que querem ter a vantagem da contracepção natural proporcionada pelo Aleitamento Materno Exclusivo, percebem que há um atraso no retorno do ciclo menstrual quando o bebê continua mamando no período noturno.
American Academy of Pediatrics Policy Statement on Breastfeeding and the use of Human Milk. Pediatrics1997; 100(6):1035-39.
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Tips for Rousing a Sleepy Newborn. LLLI, 1997. Publication No.485.
Mito 8: O metabolismo de um bebê é desorganizado ao nascimento e requer a implantação de uma rotina alimentar para estabilizar essa desorganização.
 Realidade: Rotina só vale para o ritual do sono noturno e não para a amamentação. Ao longo do tempo o bebê vai se adaptando ao ritmo familiar e adquirindo um padrão de horário e frequência, espaçando a alimentação.
Mas isso ocorre aos poucos, a rotina do sono envolve o período noturno, mas sempre que o bebê acordar dando sinais de fome, deve ser alimentado.
Mohrbacher, N., Stock, J. BREASTFEEDING ANSWER BOOK. Schaumburg, Illinois: LLLI, 1997; 24-29.
Sears, W. The Fussy Baby. LLLI 1985;12-13.
Mito 9: : Lactantes sempre devem oferecer os dois seios na mamada
Realidade: É mais importante deixar o bebê terminar o primeiro seio, mesmo que signifique não mamar no outro seio na mesma mamada.
O leite posterior é obtido gradualmente enquanto o seio é drenado. Alguns bebês, se mudados prematuramente de seio, podem se fartar no leite anterior dos dois seios, que é menos calórico.
Nesta situação pode não obter quantidades equilibradas de leite anterior e posterior, resultando em um bebê irritado e pouco ganho de peso.
Nas primeiras semanas, muitas mães oferecem ambos os seios na mamada, mas nesse caso pode ser um facilitador para aumentar a produção.
Mohrbacher, N., Stock, J. BREASTFEEDING ANSWER BOOK. Schaumburg, Illinois: LLLI, 1997; 25.
Stuart-Macadam, P., Dettwyler, K. Breastfeeding: Biocultural Perspectives. Hawthorne, New York: Aldine de Gruyter, 1995; 129.
Woolridge, M., Fisher, C. Colic, “overfeeding” and symptoms of lactose malabsorption in the breastfed baby: a possible artifact of feed management? Lancet 1988; II(8605):382-84.
Woolridge, M. et al. Do changes in pattern of breast usage alter the baby’s nutritional intake? Lancet336(8712):395-97.
Mito 10: Se um bebê não está ganhando peso, pode ser devido à baixa qualidade do leite materno. O mito do leite fraco.
Realidade: Estudos mostraram que mesmo mulheres desnutridas são capazes de produzir leite materno em quantidade e qualidade suficientes para suprir o crescimento do bebê.
Na maioria dos casos, o ganho de peso está relacionado à baixa ingesta de leite ou por um problema de saúde do bebê.
Mohrbacher, N., Stock, J. BREASTFEEDING ANSWER BOOK. Schaumburg, Illinois: LLLI, 1997; 116-32.
Wilde, C. et al. Breastfeeding: matching supply with demand in human lactation. Proc Nutr Soc1 1995; 54:401-06. 
Mito 11: A baixa produção de leite é comumente causada por estresse, cansaço e/ou pouco líquido ou alimento na dieta materna 
Realidade: A causa mais comum de problemas no suprimento de leite materno são as mamadas infrequentes ou pega ou posição do bebê inadequada.
Ambas são normalmente devido à orientações inadequadas à lactante. Problemas de sucção no bebê também podem impactar na produção do leite materno.
Estresse, cansaço e má nutrição são causas raras de falha no suprimento de LM porque o corpo tem mecanismos de sobrevivência extremamente desenvolvidos para proteger a amamentação durante períodos de suprimento insuficiente de alimentos para a mãe.
Dusdieker, B., Stumbo, J., Booth, B. et al. Prolonged maternal fluid supplementation in breastfeeding.Pediatrics 1090; 86:737-40.
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World Health Organization. Not enough milk. Division of Child Health and Development Update Feb 1995 21. http://www.who.ch/programmes/cdr/pub/newslet/update/updt-21.htm
Mito 12: A mãe deve tomar leite para produzir leite
Realidade: Uma dieta saudável, com hortaliças, frutas, gorduras boas, proteínas de qualidade e carboidratos de baixo índice glicêmico é tudo o que uma mãe necessita para ter os nutrientes adequados para a produção de LM.
Cálcio pode ser obtido por outras fontes que não dos leites/laticínios, como folhosos verdes escuros, peixes como a sardinha e nozes/sementes. Nenhum outro mamífero toma leite para produzir leite.
Behan, E. Eat Well, Lose Weight While Breastfeeding. New York: Villard Books, 1992; 145-46.
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Mito 13: A sucção não nutritiva não tem base científica.
Realidade: Lactantes experientes aprendem que os padrões de sucção e necessidades dos bebês variam. Enquanto alguns lactentes tem suas necessidades alcançadas durante a mamada, outros bebês necessitam de sucção adicional ao seio após a mamada, mesmo que não estejam mais famintos.
Bebês podem sugar ao seio quando estão sentido solidão, medo ou dor.
Riordan, J., Auerbach, K. Breastfeeding and Human Lactation. Boston and London: Jones and Bartlett, 1993; 96-97.
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Mito 14: A mama não deve ser uma chupeta para o bebê.
Realidade: Confortar e atingir as necessidades de sucção ao seio é algo forjado pela natureza. Chupetas são literalmente um substituto materno quando esta não está disponível.
Outras razões para usar o seio como chupeta inclui um melhor desenvolvimento orofacial, uma amenorréia lactacional mais prolongada, evita a confusão de bicos e estimula um suprimento adequado de leite, terminando por aumentar as taxas de sucesso da amamentação.
American Academy of Pediatrics Policy Statement on Breastfeeding and the use of Human Milk. Pediatrics1997; 100(6):1035-39.
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Mito 15: Não existe confusão de bicos.
Realidade: A amamentação ao seio e por mamadeiras requerem diferentes habilidades motoras.
Bicos de silicone proporcionam um time de hiper-estímulo que os bebês podem introjetar ao invés do seio, que é mais suave. Como resultado, alguns bebês desenvolvem uma confusão de sucção e aplicam modos de sucção inapropriados ao seio quando estes trocam entre seio e mamadeira.
Blass, E. Behavioral and physiological consequences of suckling in rat and human newborns. Acta Paediatr Suppl 1994; 397:71-76.
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Nipple Confusion – Overcoming and Avoiding This Problem. LLLI, 1992. Publication No.32.
Mito 16: Amamentação frequente pode causar depressão pós parto.
Realidade: Acredita-se que a depressão pós parto é causada pela flutuação hormonal após o nascimento e pode ser exacerbada pelo cansaço e pela falta de apoio social, pelo fato desta ocorrer mais frequentemente em mulheres que tem uma história de problemas antes da gestação.
Astbury, J. et al. Birth events, birth experiences and social differences in postnatal depression. Aust J Public Health.1994; 18(2):176-64.
Dunnewold, A. Breastfeeding and postpartum depression: is there a connection? BREASTFEEDING ABSTRACTS, LLLI, May 1996; 25.
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Mito 17: Amamentar sob livre demanda não aumenta o vinculo mãe-bebê.
Realidade: O caráter responsivo da amamentação sob livre demanda resulta na sincronização de ambos, levando à um vínculo melhorado.
Ainsworth, M. Infant-mother attachment. Am Psych 1979; 34(10):932-37.
Berg-Cross, L., Berg-Cross, G., McGeehan, D. Experience and personality differences among breast and bottle-feeding mothers. Psych of Women Qtrly 1979; 3(4):344-58.
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Temboury, M. et al. Influence of breastfeeding on the infant’s intellectual development. J Ped Gastro Nutr1994; 18:32-36.
Mito 18: Mães que colocam muitos os bebês no colo, os deixam mimados.
Realidade: Bebês que são mais acalentados choram por menos tempo durante o dia e exibem mais segurança à medida que amadurecem.
Anisfeld, E. et al. Does infant carrying promote attachment? An experimental study of the effects of increased physical contact on the development of attachment. Child Dev 1990; 61:1617-27.
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Mito 19: É importante que outros familiares alimentem o bebê, para criar vínculo.
Realidade: A alimentação não é o único método pelo qual os outros membros da família criam vínculo com o bebê. Acalentar, balançar, conversar, dar banho e brincar são muito importantes para seu crescimento, desenvolvimento e ligação com outras pessoas.
Heller, S. The Vital Touch: How Intimate Contact with Your Baby Leads to Happier, Healthier Development.New York: Henry Holt, 1997;54-55, 60-61.
Mito 20: A alimentação sob livre demanda tem um impacto negativo no relacionamento marido/mulher
Realidade: Pais maduros percebem que as necessidades do bebês são intensas, mas diminuem ao longo do tempo. Na realidade, o trabalho conjunto de criar um bebê pode servir para aproximar ainda mais o casal, à medida que estes vão se desenvolvendo.
Bocar, D., Moore, K. Acquiring the parental role: a theoretical perspective. LLLI Lactation Consultant Series.Unit 16. Garden City Park, New York: Avery, 1987.
Sears, W. BECOMING A FATHER. Schaumburg, Illinois: LLLI 1986; 29-50,119-29.
 Mito 21: Alguns bebês são alérgicos ao leite materno.
Realidade: O leite materno é a substância mais natural e fisiológica que o bebê pode ingerir.
Se um bebê tem sintomas relacionados à alimentação, normalmente é por uma proteína da dieta materna que passa pelo leite materno. Esse problema acaba quando se retira a proteína suspeita da dieta materna por um tempo e a amamentação pode continuar normalmente.
Hudson, I. et al. A low allergen diet is a significant intervention in infantile colic: results of a commmunity-based study. J Allergy Clin Immunol 1995; 96:886-92.
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Mito 22: A amamentação frequente causa obesidade na criança na infância.
Realidade: Estudos mostram que bebês que controlam seu padrão de amamentação e ingesta, tendem a tomar a quantidade adequada de leite. O leite artificial e a introdução muito precoce de sólidos e não o AME sob demanda, tem sido implicado em obesidade na infância.
Dewey, K., Lonnerdal, B. Infant self-regulation of breast milk intake. Acta Paediatr Scand 1986; 75:893-98.
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Mito 23: A amanetação deitado pode causar otites.
Realidade: Pelo fato do leite materno ser um alimento vivo e com anticorpos e imunoglobulinas, o bebê tem menor risco de desenvolver infecções no ouvido, não importando a posição em que é amamentado.
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Mito 24: O leite materno não serve mais após 1 ano de idade, porque sua qualidade diminui após os 6 meses de idade.
Realidade: A composição do leite materno muda para atingir as necessidades do bebê à medida que ele cresce. Mesmo quando um bebê está comendo outros alimentos, o leite materno é a principal fonte de nutrição no primeiro ano de vida.
No segundo ano de vida ele se torna uma suplementação para a alimentação sólida. Além disso, o amadurecimento completo do sistema imunológico demora entre 2 e 6 anos.
O leite materno continua a complementar e impulsionar o sistema imune por todo o período que durar o aleitamento materno. Na hora da doença, muitas vezes o bebê recusa tudo, menos o leite materno.
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