segunda-feira, 5 de maio de 2025
Qual o melhor exercício físico para o diabético ? Por Dra. Lia Bataglini (Nutróloga)
O exercício físico é uma parte essencial do manejo do diabetes, sendo importante tanto para o controle glicêmico quanto para a redução dos riscos cardiovasculares e melhora do bem-estar geral. Além disso, o exercício auxilia na perda de peso e na prevenção de complicações relacionadas ao diabetes.
Recomendações gerais
Adultos com Diabetes Tipo 1 e Tipo 2: Devem realizar ao menos 150 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada a vigorosa por semana, distribuídos em pelo menos três dias, sem mais de dois dias consecutivos sem atividade. Para indivíduos fisicamente aptos, 75 minutos semanais de exercício vigoroso ou intervalado podem ser suficientes.
Treinamento Resistido: Deve ser realizado 2–3 vezes por semana, em dias não consecutivos.
Flexibilidade e Equilíbrio: São recomendados especialmente para idosos, incluindo atividades como yoga e tai chi.
Atividades Cotidianas: Pessoas que não atingem as recomendações mínimas devem ser incentivadas a aumentar gradualmente o nível de atividade física (caminhadas, jardinagem, natação, dança etc.). Longos períodos sedentários devem ser interrompidos a cada 30 minutos para melhorar o controle glicêmico.
Benefícios do Exercício
Redução do risco cardiovascular, melhora da aptidão cardiorrespiratória, melhora da sensibilidade à insulina, força muscular e controle do peso. Também auxilia na redução dos níveis de HbA1c, triglicerídeos, colesterol LDL e circunferência abdominal. Melhora na mobilidade, especialmente em pessoas com excesso de peso.
População Jovem
Crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 ou 2 devem realizar pelo menos 60 minutos diários de atividade aeróbica moderada a vigorosa, além de atividades de fortalecimento muscular e ósseo pelo menos três vezes por semana. O tempo sedentário, como uso recreativo de telas, deve ser limitado a menos de 2 horas por dia.
Exercícios e Complicações
Retinopatia: Atividades vigorosas podem ser contra indicadas para pacientes com retinopatia proliferativa ou grave. A consulta com um oftalmologista é recomendada antes de iniciar atividades intensas.
Neuropatia Periférica: É importante garantir o uso de calçados adequados e a inspeção diária dos pés. Exercícios de intensidade moderada como caminhadas podem ser seguros.
Neuropatia Autonômica: A avaliação cuidadosa do risco cardiovascular é essencial, especialmente para pacientes com respostas cardíacas reduzidas ou hipotensão postural.
Hipoglicemia
Pacientes em uso de insulina ou secretagogos devem monitorar os níveis de glicose antes e após o exercício. Caso os níveis de glicose estejam abaixo de 90 mg/dL, a ingestão de carboidratos pode ser necessária para evitar hipoglicemia.
Exercício em Tratamentos com Fármacos para Controle de Peso e Cirurgia Metabólica
Indivíduos tratados com farmacoterapia ou submetidos a cirurgia metabólica devem priorizar exercícios de fortalecimento muscular para manutenção da massa magra.
Por fim,
O exercício físico é parte essencial do manejo do diabetes e deve ser recomendado para todos os indivíduos com a condição, salvo contra indicações específicas. A adesão às recomendações deve ser incentivada e adaptada às necessidades e capacidades individuais.
(disponível: https://doi.org/10.2337/dc25-S005)
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sábado, 3 de maio de 2025
O que você precisa saber sobre a Tirzepatida (Mounjaro, Zepbound)?
A Tirzepatida é um medicamento inovador no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade. Foi aprovado recentemente pela ANVISA no Brasil para Diabetes, mas não para obesidade, ainda. Ou seja, para o tratamento da obesidade é off label.
É uma molécula desenvolvida pela Eli Lilly (um grande laboratório farmacêutico) e ela combina dois mecanismos de ação em uma única molécula, oferecendo vantagens em relação a outros medicamentos da mesma classe, como a Semaglutida (Ozempic/Wegovy) e a Liraglutida (Victoza/Saxenda).
Mecanismo de Ação
A Tirzepatida é um agonista dual dos receptores de GLP-1 (glucagon-like peptide-1) e GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide). Mas o que essas substâncias fazem?
- GLP-1:
- Aumenta a secreção de insulina dependente de glicose.
- Reduz a liberação de glucagon (diminuindo a produção hepática de glicose).
- Retarda o esvaziamento gástrico, aumentando a saciedade.
- GIP:
- Potencializa os efeitos do GLP-1.
- Melhora a sensibilidade à insulina.
- Contribui para a redução do apetite e da gordura visceral.
Essa dupla ação faz com que a Tirzepatida seja mais eficaz no controle glicêmico e na perda de peso quando comparado às suas antecessoras: Liraglutida e Semaglutida, já que elas agem apenas em GLP-1.
Indicações de Uso
- Diabetes tipo 2:
- Como terapia adjuvante a dieta e exercícios em adultos.
- Indicada para pacientes com obesidade ou resistência à insulina.
- Obesidade (em alguns países, como EUA, sob o nome Zepbound®): No Brasil, ainda não é liberado para obesidade.
- Para pacientes com IMC ≥ 30 kg/m² (obesidade).
- Ou IMC ≥ 27 kg/m² + comorbidades (hipertensão, dislipidemia, apneia do sono).
Contraindicações para o uso
- Histórico de carcinoma medular de tireoide (CMT) ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2).
- Alergia à Tirzepatida ou qualquer componente da fórmula.
- Gravidez e lactação (não há estudos suficientes em humanos; recomenda-se evitar).
- Pancreatite aguda prévia ou risco aumentado.
Doses, formas farmacêuticas e via de administração:
Vendido somente com receita médica, a Tirzepatida não está disponível na forma oral, somente injetável para aplicação no subcutânea.
Deve-se fazer escalonamento da dose para evitar os efeitos colaterais. Assim como a semaglutida,a aplicação é semanal.
Efeitos Colaterais Mais Comuns
Gastrointestinais (mais frequentes):
- Náuseas (30-40% dos casos).
- Vômitos (10-20%).
- Diarreia ou constipação (15-25%).
- Dor abdominal (5-10%).
Metabólicos:
- Hipoglicemia (principalmente se combinada com insulina ou sulfonilureias).
Outros:
- Diminuição do apetite.
- Fadiga.
- Reações no local da injeção (leve vermelhidão ou coceira).
Riscos e Precauções
- Pancreatite: Suspender se houver dor abdominal intensa e persistente.
- Doença da vesícula biliar: Relacionada à perda de peso rápida.
- Retinopatia diabética: Monitorar em pacientes com histórico.
Preço no Brasil (2025)
Os preços do tratamento com a Tirzepatida variam conforme o canal de compra e a adesão ao programa de suporte da Lilly. Para pacientes cadastrados no “Programa Lilly Melhor Para Você”, os valores são:
- 2,5 mg: R$ 1.406,75 (e-commerce) / R$ 1.506,76 (lojas físicas)
- 5 mg: R$ 1.759,64 (e-commerce) / R$ 1.859,65 (lojas físicas)
Já fora do programa, os preços podem chegar até R$ 2.384,34 para a dosagem de 5 mg, considerando o ICMS de 18%.
Ainda não há previsão de chegada das doses de 10 e 15mg no Brasil.
Comparativo com Semaglutida e Liraglutida
A Tirzepatida é considerada superior em vários aspectos:
Apesar da superioridade sobre as suas "primas", ainda não prescreverei a medicação. Motivo: Prefiro ter prudência e aguardar os efeitos colaterais e formas de manejá-los. Estudar mais sobre o mecanismo de ação, como fazer um escalonament eficaz. Não estou falando que nunca prescreverei, mas por agora não. Talvez daqui 6 meses.
Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
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Dr. Frederico Lobo
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quinta-feira, 1 de maio de 2025
Frutas, legumes e verduras da temporada: Maio
Por que consumir alimentos da safra? Existem vantagens?
Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.
Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antioxidantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumi-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.
Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina.
Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.
Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais. Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente. Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável.
Frutas de Maio
Abacate fortuna/quintal
Banana maçã e nanica e prata
Caqui
Carambola: atenção para quem tem problema renal
Goiaba
Graviola
Kiwi nacional
Laranja lima, baia e pera
Maçã nacional gala e estrangeira
Mamão formosa e hawaí
Maracujá doce e azedo
Melancia
Pêra estrangeira
Tangerina cravo e ponkan
Verduras e legumes de Maio
Abóbora japonesa e seca
Abobrinha brasileira e italiana
Acelga
Agrião
Alface
Almeirāo
Batata-doce amarela
Berinjela
Cará
Cebola estrangeira
Chuchu
Ervilha torta
Espinafre
Gengibre
Inhame
Jiló
Mandioca
Mandioquinha
Nabo
Rabanete
Repolho
Rúcula
Salsa
Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915.
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Congelando alimentos
📌 Regras gerais para congelar alimentos:
- Lave e seque bem os alimentos antes de congelar.
- Corte em pedaços (se necessário) para facilitar o uso posterior.
- Use embalagens herméticas (sacos de freezer, potes vedados) para evitar queimaduras pelo frio.
- Anote a data no pacote para controle.
🥦 VERDURAS E LEGUMES (CRUS)
Muitos vegetais precisam de branqueamento (mergulhar em água fervente por 1-3 min, depois resfriar em água gelada) antes de congelar para preservar cor, textura e nutrientes.
🍓 FRUTAS
Podem ser congeladas cruas, mas algumas perdem textura ao descongelar (melhor para smoothies, sucos ou receitas).
🌿 ERVAS FRESCAS
Para evitar oxidação, congele em azeite, água ou forminhas de gelo.
As principais técnicas para congelado de ervas são:
- Congelar inteiras: Modo de fazer: Lave, seque bem e guarde em sacos herméticos (retire o ar). Esse método é ideal para as ervas resistentes como alecrim, tomilho, sálvia.
- Picadas em azeite: Modo de fazer: Pique as ervas, coloque em forminhas de gelo e cubra com azeite. Congele. Ideal para: Manjericão, orégano, salsinha (para cozinhar).
- Cubos de água: Modo de fazer: Bata as ervas com água, despeje em forminhas de gelo e congele. Ideal para Salsinha, coentro, cebolinha (para sopas).
- Pasta de alho/ervas: Modo de fazer: Misture ervas picadas com alho e azeite, congele em porções. Ideal para temperos prontos para refogar.
Principais ervas que podem ser congeladas:
- Manjericão: Congelar as folhas em azeite (cubos) ou purê. Durará por até 4–6 meses. Desvantagem: Escurece facilmente; adicione limão.
- Salsinha: Congelar picada em água ou azeite. Durará por até 6–8 meses. Dica: Congele em porções pequenas.
- Coentro: Congelar picado em cubos de água. Durará por até 6 meses. Dica: Evite congelar talos grossos.
- Cebolinha: Congelar cortada em rodelas. Durará por até 8–10 meses.
- Hortelã: Congelar as folhas inteiras ou picadas. Durará por até 6 meses. Ótima para chás e drinks.
- Alecrim: Congelar os falhos inteiros. Durará por até 12 meses.
- Tomilho: Congelar os galhos inteiros ou folhas soltas. Durará por até 12 meses: Dica, ainda congelado com o galho, esfregue para liberar as folhinhas.
- Sálvia: Congelar as folhas inteiras (secas). Durará por até 12 meses. Dica: pode ser congelada sem azeite.
- Orégano: Congelar as folhas em azeite ou secas. Durará por até 6–8 meses. Dica: a versão em azeite é ideal para pizzas.
Algumas especiarias também podem ser congeladas para preservar o aroma:
- Gengibre: Ralado ou em pedaços (sem casca). Durará por até 6 meses. Descongele apenas a parte necessária.
- Alho: Dentes inteiros ou picado em azeite. Durará por até 6 meses. Cuidado por que pode ficar com textura mole.
- Pimentas frescas: Inteiras ou cortadas (sem sementes). Durará por até 8 meses
💡 DICAS PARA USO APÓS CONGELAR:
Ervas em azeite/água: Adicione diretamente em sopas, molhos ou refogados.
Ervas inteiras: Descongele na geladeira e use em pratos quentes (não ficam crocantes).
Para decorar: Ervas congeladas não mantêm a textura fresca; use apenas em preparações cozidas.
⚠️ O QUE NÃO CONGELAR BEM:
- Pepino, alface, rabanete (ficam moles e aquosos).
- Tomate inteiro (pode ser congelado como polpa para molhos).
- Batata crua (escurece; prefira congelar cozida ou em purê).
💡 DICAS:
- Descongele na geladeira ou use diretamente em preparações quentes (sopas, refogados).
- Frutas congeladas são ótimas para vitaminas ou sobremesas.
- Quer uma versão mais detalhada ou com instruções para algum alimento específico?
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sexta-feira, 18 de abril de 2025
Poluição da água com ansiolítico afeta o salmão e torna peixes 'destemidos
Usado para tratar a ansiedade, um medicamento comum que vem poluindo os cursos d'água mundo afora parece agora estar influenciando o comportamento migratório do salmão selvagem do Atlântico, concluiu um estudo realizado na Suécia.
Publicado na revista Science, o estudo descobriu que o salmão selvagem se tornou menos avesso a riscos quando exposto ao medicamento psicoativo clobazam (nomes comerciais: Frisium, Urbanil). Isso, por sua vez, teria mudado forma como os peixes migram.
Para ler a reportagem na íntegra acesse: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2025/04/18/poluicao-da-agua-com-ansiolitico-afeta-o-salmao-e-torna-peixes-destemidos.htm
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Dr. Frederico Lobo
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segunda-feira, 14 de abril de 2025
Gestação e aspectos nutrológicos
Minha afilhada, Dra. Lia Bataglini está grávida e aproveitando esse momento único, decidiu abordar o tema em suas redes sociais e site.
Para acompanhar, acese: https://liabataglini.com.br/blog/ e o Instagram: https://www.instagram.com/liabataglini
Vídeo 2: Quais suplementos são imprescindíveis na gestação?
Vídeo 3: Intestino preso na gestação
Vídeo 4: Diabetes Gestacional
Vídeo 5: Controle de carboidratos na gestação
Vídeo 6: Controle de proteínas na gestação
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Dr. Frederico Lobo
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sexta-feira, 11 de abril de 2025
Uma forma atípica de diabetes em pacientes com baixo IMC (Diabetes tipo 5)
OBJETIVO
A diabetes em indivíduos com baixo IMC (<19 kg/m²) é reconhecida há mais de 60 anos como uma condição prevalente em países de baixa e média renda (PBMR), tendo sido formalmente classificada como “diabetes mellitus relacionado à desnutrição” pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1985. Desde que a OMS retirou essa categoria em 1999, nosso objetivo foi definir as características metabólicas desses indivíduos para estabelecer que se trata de uma forma distinta de diabetes.
DESENHO DO ESTUDO E MÉTODOS
Estudos metabólicos de ponta foram utilizados para caracterizar indivíduos indianos com “diabetes de baixo IMC” (LD), nos quais todas as formas conhecidas de diabetes foram excluídas por meio de análise imunogenética. Eles foram comparados com grupos demograficamente pareados: um grupo com diabetes tipo 1 (DM1), um grupo com diabetes tipo 2 (DM2) e um grupo sem diabetes. A secreção de insulina foi avaliada por desconvolução do peptídeo C. A sensibilidade hepática e periférica à insulina foi analisada com estudos de clamp hiperglicêmico-euglicêmico pancreático em etapas. O conteúdo de lipídios hepáticos e miocelulares foi avaliado por espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (¹H-RMN).
RESULTADOS
A resposta secretória total de insulina foi menor no grupo LD em comparação com o grupo magro sem diabetes e com o grupo DM2. A produção endógena de glicose foi significativamente menor no grupo LD em relação ao grupo DM2 (média ± erro padrão da média: 0,50 ± 0,1 vs. 0,84 ± 0,1 mg/kg·min; P < 0,05). A captação de glicose foi significativamente maior no grupo LD em comparação com o grupo DM2 (10,1 ± 0,7 vs. 4,2 ± 0,5 mg/kg·min; P < 0,001). O tecido adiposo visceral e os lipídios hepatocelulares foram significativamente menores no grupo LD do que no grupo DM2.
CONCLUSÕES
Este é o primeiro estudo a demonstrar que indivíduos com LD em PBMR apresentam um perfil metabólico único, sugerindo que se trata de uma entidade distinta que merece investigação adicional.
Introdução
A diabetes e suas complicações atingiram proporções epidêmicas em todo o mundo. A estimativa é que a carga global de diabetes em adultos aumente de 537 milhões de casos em 2021 para 783 milhões até 2045, com cerca de 80% dos afetados vivendo em países de baixa e média renda (PBMR). A existência de uma forma única de diabetes em indivíduos com baixo IMC foi relatada pela primeira vez por Hugh-Jones em 1955, ao encontrar um grupo de pacientes na Jamaica que não se encaixavam nas descrições clássicas de diabetes tipo 1 (DM1) ou tipo 2 (DM2). Desde então, casos de indivíduos com baixo IMC e diabetes (LD) foram documentados em diversos outros PBMR, incluindo Bangladesh, Nigéria, Índia, Etiópia, Coreia, Tailândia e Uganda, com relatos iniciais da Índia sugerindo uma prevalência de aproximadamente 23%. Essa entidade foi formalmente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1985 como uma forma distinta de diabetes, denominada “diabetes mellitus relacionado à desnutrição” (MRDM, na sigla em inglês).
Relatos iniciais dessa forma de diabetes documentaram uma série de características comuns, incluindo histórico de desnutrição na infância ou durante a gestação, com persistência de IMC baixo (tipicamente <19 kg/m²) na vida adulta; início precoce da diabetes (idade <30 anos); predominância masculina (~85%); ausência de cetonúria ou cetose, apesar de hiperglicemia descontrolada (glicemia de jejum >200 mg/dL); altas necessidades de insulina (>60 UI/dia ou 2,0 UI/kg/dia); e aumento do risco de complicações relacionadas à diabetes. Embora as elevadas necessidades de insulina nesses indivíduos muito magros sugiram resistência à insulina, isso nunca foi estudado de forma rigorosa.
O relatório da OMS de 1999 recomendou a exclusão do MRDM da classificação oficial da diabetes, por falta de evidência robusta de que a desnutrição ou a deficiência proteica, por si só, causem diabetes. No entanto, dados epidemiológicos subsequentes continuaram a apoiar essa entidade como uma forma única e relativamente prevalente da doença. As estimativas de MRDM entre pacientes com diabetes na Índia e no Irã variam entre ~6% e 21%, após exclusão de casos com patologias pancreáticas visíveis . Maiti et al. relataram recentemente que indivíduos com baixo peso (IMC <18,5 kg/m²) e diabetes em áreas rurais da Índia apresentavam o dobro de chances de glicemia >270 mg/dL em comparação com aqueles com IMC normal ou elevado. Entre mais de 4.700 indivíduos com diabetes insulino-dependente em áreas rurais da Etiópia, o IMC médio foi de 16,7 kg/m² para homens e 16,5 kg/m² para mulheres, com uma predominância masculina de 2 para 1, e quase todos os pacientes eram resistentes à cetose. Os investigadores sugeriram que a maioria dos indivíduos estudados na Etiópia provavelmente tinha uma forma não autoimune de diabetes, proposta como MRDM.
Em uma revisão sistemática recente sobre formas atípicas de diabetes, os autores observaram que a prevalência de DM1 pode estar sendo superestimada entre indivíduos com baixo peso em PBMR, cujas características clínicas seriam consistentes com a definição original de MRDM. Isso sugere que muitos desses indivíduos podem estar sendo tratados de forma inadequada e destaca a necessidade de mais estudos para caracterizar melhor a diabetes em contextos com poucos recursos.
Pacientes com LD oriundos de PBMR frequentemente têm acesso limitado a testes apropriados, podendo ser erroneamente classificados como portadores de DM1. Isso tem implicações terapêuticas relevantes, considerando que o tratamento para DM1 é complexo, requer múltiplas aplicações diárias de insulina e manejo intenso de diversos parâmetros clínicos. Isso é especialmente relevante diante de dificuldades comuns nesses países, como o custo, o acesso e o armazenamento adequado da insulina. Além disso, a insulinoterapia pode levar à hipoglicemia, principalmente em pacientes com insegurança alimentar. Assim, uma avaliação correta dos defeitos metabólicos desses pacientes permitiria aos profissionais de saúde personalizar o tratamento de forma mais apropriada e, possivelmente, evitar o uso desnecessário de insulina.
Neste estudo, portanto, utilizamos metodologias de ponta para definir as características metabólicas dessa entidade ainda pouco compreendida, o MRDM, realizando uma caracterização fenotípica rigorosa de um grupo de indivíduos (LD) que atendem aos critérios da OMS para essa condição. Esse estudo foi viabilizado de forma única no Christian Medical College, em Vellore, na Índia, onde tais avaliações sofisticadas puderam ser realizadas em pacientes com suspeita de MRDM. Pesquisas como essa são essenciais para o desenvolvimento futuro de estratégias terapêuticas adequadas para essa condição ainda pouco compreendida.
Conclusões
Este é o primeiro estudo a utilizar técnicas de ponta para caracterizar de forma abrangente a secreção de insulina, a sensibilidade hepática e periférica à insulina, a composição corporal total, o volume de tecido adiposo abdominal e os teores lipídicos hepáticos e intramiocelulares em indivíduos com LD. Também comparamos indivíduos com LD com sujeitos com DM1, DM2 e controles sem diabetes com IMC semelhante.
Antes do procedimento, o controle glicêmico nos grupos LD e DM2 era semelhante, conforme indicado pelos níveis de frutosamina, sugerindo ausência de glucotoxicidade aguda. No entanto, a capacidade secretória de insulina foi substancialmente menor no grupo LD em comparação aos indivíduos com DM2 e aos controles sem diabetes, embora ainda maior do que nos sujeitos com DM1. É relevante destacar que o grupo LD apresentou valores médios significativamente mais baixos do índice de Matsuda, do índice insulinogênico e dos índices de disposição em comparação com o grupo magro sem DM. Consistente com relatos anteriores, os indivíduos com DM2 demonstraram perda da secreção de insulina de primeira fase e retorno lento aos níveis basais. Os valores médios do ISI e do índice de Matsuda foram maiores no grupo LD do que no grupo DM2, o que pode ser atribuído a um defeito predominante na secreção de insulina e à provável ausência de resistência endógena à insulina no grupo LD. Notavelmente, no grupo com DM2, a característica predominante é a resistência à insulina, levando a valores médios significativamente mais baixos de ISI e índice de Matsuda e a valores mais altos no HOMA-IR.
No procedimento de clamp hiperinsulinêmico-euglicêmico, foi observada uma correlação positiva significativa entre o tecido adiposo subcutâneo (SAT) e a produção endógena de glicose (EGP) na fase de baixa insulina, fornecendo evidências sobre o possível papel do SAT na redução da sensibilidade à insulina no grupo LD. Notavelmente, a sensibilidade periférica à insulina (valor de Rd) no grupo LD não diferiu da observada no grupo DM1 nem nos controles magros, sugerindo que o grupo LD era mais sensível à insulina do que o grupo com DM2.
Dada a escassez de estudos que tenham seguido rigorosamente a definição de MRDM, a taxa de prevalência, a fisiopatologia e o perfil metabólico dessa condição permanecem mal compreendidos . Observações clínicas anteriores caracterizavam pacientes magros com diabetes como resistentes à insulina, com base na necessidade de altas doses de insulina, apesar do baixo IMC. Uma característica marcante descrita nesses estudos é a completa ausência de cetose ou cetonúria, atribuída à mobilização tardia de ácidos graxos livres (AGLs) do tecido adiposo e à supressão do glucagon pós-prandial, independentemente da deficiência periférica de insulina.
Outros estudos sugeriram um defeito na secreção de insulina, com valores reduzidos de insulina e peptídeo C em jejum, e resposta comprometida após sobrecarga oral de glicose ou após administração intravenosa de tolbutamida, embora as metodologias rigorosas aplicadas sejam exclusivas deste estudo. Em um estudo recente conduzido em uma coorte sueca, voltado à identificação de subgrupos de diabetes de início na idade adulta, pesquisadores relataram um novo agrupamento de pacientes com diabetes severamente deficiente em insulina (SIDD), caracterizado por títulos negativos de anticorpos anti-GAD-65, IMC relativamente baixo (~28,9 kg/m²), baixa secreção de insulina, início mais precoce da doença e controle metabólico ruim.
Esses pacientes necessitavam de insulinoterapia, além de medicamentos orais para controle glicêmico, e a maioria era resistente à cetose.
No entanto, nesse estudo, não foram avaliados os padrões de resistência à insulina com técnicas fisiológicas específicas, nem os perfis de composição corporal, e os mecanismos etiológicos do SIDD ainda precisam ser esclarecidos.
Embora nossos sujeitos com LD também apresentassem defeitos predominantes na secreção de insulina, foram caracterizados por IMC muito baixo (média de 18,3 kg/m²) e pertenciam à etnia indo-asiática. Os resultados de nossas avaliações rigorosas da ação da insulina e da composição corporal total, incluindo lipídios hepáticos e volumes de tecido adiposo abdominal, revelaram um fenótipo metabólico único, distintamente diferente do DM2. Esse fenótipo de LD provavelmente também difere do que foi recentemente chamado de SIDD em uma coorte de indianos asiáticos, que apresentava um IMC bem mais alto (24,9 kg/m²). No entanto, tanto as observações de Ahlqvist et al. quanto os resultados atuais reforçam a necessidade de revisitar a classificação do diabetes e identificar novos subgrupos da doença.
As metodologias de ponta utilizadas neste estudo avançam em relação a relatos anteriores que sugeriam uma capacidade secretória de insulina reduzida e resistência à cetose em indivíduos com LD. Os sujeitos com LD neste estudo apresentaram níveis basais e pós-carga glicêmica médios mais altos de insulina e peptídeo C, além da ausência de cetose, quando comparados aos indivíduos com DM1. Isso sugere que a secreção de insulina nesses indivíduos era suficiente para inibir a cetogênese, mas insuficiente para evitar excursões glicêmicas pós-prandiais.
Especula-se que esse defeito na capacidade secretória de insulina possa estar relacionado à redução da massa de células β, uma vez que padrões epidemiológicos mostram que o LD predomina entre populações de baixa renda e áreas rurais de países em desenvolvimento, onde dietas pobres em proteína são comuns. Em nosso estudo, os participantes eram índios asiáticos recrutados de áreas rurais, onde a dieta básica é à base de arroz e trigo, sendo que o grupo LD apresentou uma ingestão proteica significativamente menor em comparação com o grupo magro sem DM.
A desnutrição proteica materna já foi estudada em roedores, com relatos de que os filhotes dessas mães apresentam menor massa de células β e reduzida capacidade de regeneração dessas células. Notavelmente, embora a desnutrição ou inanição nos primeiros anos de vida possa predispor ao DM2 na idade adulta, o que distingue o LD do DM2 é que os indivíduos com LD permanecem com baixo peso ao longo do desenvolvimento. Em humanos, recém-nascidos pequenos para a idade gestacional tendem a ter menor fração de células das ilhotas pancreáticas e menos vascularização pancreática.
Embora alguns relatos clínicos tenham sugerido que pacientes com LD são resistentes à insulina, há escassez de estudos dinâmicos e sofisticados avaliando essa sensibilidade nesse grupo. Garg et al. (52) realizaram previamente clamps hiperinsulinêmico-euglicêmicos em indivíduos com LD no norte da Índia, mas sem corrigir a glucotoxicidade ou utilizar traçadores de glicose para medir a sensibilidade hepática e periférica à insulina. Como há fortes evidências em animais e humanos de que a correção da hiperglicemia melhora a secreção e a resistência à insulina, corrigimos a hiperglicemia para eliminar o efeito da toxicidade da glicose. Os resultados indicam que a sensibilidade hepática e periférica à insulina no grupo LD foi semelhante à dos grupos com DM1 e não diabéticos magros, enquanto os sujeitos com DM2 eram mais resistentes à insulina.
A análise da composição corporal revelou que a massa magra total e a massa magra troncular foram significativamente menores no grupo LD em comparação com o grupo magro sem DM, motivo pelo qual corrigimos a captação de glicose com base na massa magra. Os triglicerídeos séricos e a razão VAT/SAT foram mais altos no grupo LD do que no grupo magro sem DM, e o volume de gordura visceral (VAT) foi mais alto do que no grupo com DM1. Além disso, o conteúdo de lipídios hepáticos no grupo LD foi variável, mas significativamente menor que no grupo DM2, sendo semelhante ao dos grupos DM1 e não DM. Também observamos considerável variabilidade nas medidas de composição corporal no grupo LD, embora o estudo não tenha sido dimensionado para investigar correlações entre essas medidas e a sensibilidade à insulina no próprio grupo LD.
Em um estudo com indivíduos normoglicêmicos e baixo IMC (média de 21,8 kg/m²) que haviam sofrido desnutrição no primeiro ano de vida, esses sujeitos apresentaram menor sensibilidade à insulina e maior volume de gordura abdominal. Estimou-se que a gordura abdominal explicava 65% da variância na sensibilidade à insulina desses indivíduos. Hipotetiza-se que a desnutrição fetal leve a um acúmulo de gordura visceral em indivíduos magros, promovendo maior reserva de glicose nesse tecido e em outros tecidos sensíveis à insulina. No entanto, são necessários estudos funcionais com biópsias de gordura visceral para determinar se os volumes aumentados de VAT contribuem para a menor sensibilidade periférica à insulina em alguns indivíduos com LD.
Embora a associação entre VAT e disfunção de células β e resistência à insulina seja bem documentada em sujeitos com DM2 com sobrepeso ou obesidade, seu papel potencial no LD deve ser explorado em estudos futuros, incluindo avaliação de adipocinas, citocinas inflamatórias e biópsias de gordura.
Este estudo fornece insights importantes e únicos sobre as características metabólicas da pouco compreendida entidade MRDM, por meio de uma rigorosa “fenotipagem” com metodologias de ponta, em indivíduos que atendem à classificação da OMS para essa condição. Foi realizado no CMC, o único centro na Índia com capacidade para executar esses estudos sofisticados. A complexidade dos estudos metabólicos limitou o tamanho da amostra e impediu a realização simultânea de estudos genéticos de grande escala. Análises futuras com amostras maiores podem ajudar a explorar a base genética dessa condição. Também são necessários estudos adicionais para caracterizar melhor esse fenótipo único e formular estratégias terapêuticas baseadas em evidências. Considerando os desafios de custo e acesso à insulina, especialmente em países de baixa e média renda, minimizar ou evitar o uso de insulina quando clinicamente apropriado seria benéfico. Dada a deficiência secretória de insulina, ainda é incerto se, e em que medida, os secretagogos de insulina seriam eficazes no controle glicêmico desses indivíduos.
Apesar dos pontos fortes, este estudo apresenta várias limitações. As observações foram transversais, não permitindo estabelecer relações de causa e efeito. Além disso, a amostra incluiu apenas participantes do sexo masculino, o que impede avaliar o perfil metabólico de mulheres com LD. Estudar os hormônios incretínicos e os níveis de glucagon nesse grupo provavelmente também traria mais insights sobre a etiologia metabólica do fenótipo. A comparação entre os pesos ao nascimento dos grupos do estudo não foi possível, já que a maioria dos sujeitos era de áreas rurais da Índia e nascidos em casa ou em centros de saúde primários há mais de três décadas, sem documentação oficial do peso ao nascer. Ainda assim, este é o primeiro estudo a oferecer uma avaliação abrangente das características metabólicas únicas de pacientes com LD.
Em resumo, este estudo é o primeiro a avaliar de forma abrangente o perfil metabólico de indivíduos com LD, negativo para autoanticorpos, resistentes à cetose e sem complicações microvasculares ou macrovasculares significativas, em comparação com indivíduos com DM1 e DM2 bem definidos na Índia. Após a correção da toxicidade glicêmica, esse grupo único apresentou um fenótipo fundamentalmente distinto de DM1 ou DM2. Especificamente, os resultados demonstram que a principal característica fisiológica do LD é um defeito na capacidade secretória de insulina — e não resistência à insulina, como sugerido anteriormente. Além disso, o DM2 é caracterizado por aumento da produção hepática de glicose e redução da captação periférica, o que não é observado no LD, reforçando que o LD provavelmente não é um subtipo de DM2. Ainda há muito a ser aprendido sobre essa entidade metabólica distinta — incluindo sua epidemiologia, fisiopatologia, história natural e estratégias terapêuticas ideais — especialmente em contextos clínicos de poucos recursos nos países de baixa e média renda.
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By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
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Artigo original: https://diabetesjournals.org/care/article/45/6/1428/146920/An-Atypical-Form-of-Diabetes-Among-Individuals
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
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Aditivos alimentares em ultraprocessados e risco de Diabetes mellitus tipo 2 - Estudo brasilero investiga correlação
Quase 70% de todos os alimentos nos supermercados dos Estados Unidos são ultraprocessados, o que significa que os alimentos contêm aditivos usados para adicionar sabor e cor, criar textura, prolongar a vida útil e evitar que os ingredientes se separem.
No entanto, existem poucas pesquisas sobre o impacto dos aditivos na saúde, e os poucos dados disponíveis analisam os possíveis danos de ingredientes individuais, como corantes alimentares e óleo vegetal bromado , bem como contaminantes que vazam dos alimentos pela embalagem.
No entanto, grupos de aditivos frequentemente usados pela indústria em certas categorias de alimentos podem ser mais prejudiciais quando consumidos juntos do que sozinhos, de acordo com um novo estudo que descobriu que duas dessas misturas estavam associadas a um pequeno, mas significativo, aumento de diabetes tipo 2.
“A pesquisa mostra que a ingestão de certos grupos de aditivos aumenta o risco de diabetes além do efeito de cada aditivo individual”, disse Carlos Augusto Monteiro, professor emérito da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, no Brasil, por e-mail.
“O fato de a regulamentação de aditivos considerar seus efeitos na saúde individualmente, e não como parte de uma combinação, tem sido criticado porque esses aditivos são consumidos em grupos, e não isoladamente”, disse Monteiro. “A pesquisa demonstra que essa crítica é absolutamente válida.”
Monteiro, que não participou do estudo, criou o sistema de classificação NOVA , frequentemente utilizado , que agrupa os alimentos por níveis de processamento. Alimentos em seu estado natural, como frutas, vegetais, carne, leite e ovos, são considerados não processados ou minimamente processados.
Sais, óleos e especiarias são ingredientes culinários processados. Vegetais e frutas enlatados, pães e queijos são considerados processados. Alimentos embalados e prontos para consumo, carnes processadas e bebidas açucaradas e dietéticas que contêm aditivos nunca ou raramente utilizados em cozinhas e que passam por extenso processamento industrial são considerados ultraprocessados.
O Conselho Internacional de Associações de Bebidas, que representa a indústria, disse à CNN por e-mail que o estudo era "absurdo".
"A alegação deste estudo é altamente enganosa e serve apenas para incutir medo e confusão entre os consumidores. Décadas de evidências científicas robustas mostram que esses ingredientes são seguros", disse Kate Loatman, Diretora Executiva do ICBA.
Agrupamentos de aditivos
Os aditivos frequentemente usados em alimentos ultraprocessados incluem conservantes para resistir a mofo e bactérias; emulsificantes para impedir que ingredientes incompatíveis se separem; corantes e corantes artificiais; intensificadores de fragrância e sabor; agentes antiespumantes, de volume, branqueadores, gelificantes e glaceantes; e açúcar, sal e gorduras adicionados ou alterados, projetados para tornar os alimentos mais atraentes.
A indústria frequentemente combina os mesmos aditivos repetidamente em um tipo específico de alimento porque eles têm propriedades complementares, disse a autora sênior do estudo, Mathilde Touvier, diretora da Equipe de Pesquisa em Epidemiologia Nutricional do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica, uma organização pública de pesquisa.
Certos alimentos podem atrapalhar a luta do seu corpo contra células cancerígenas, diz estudo
“Um refrigerante diet contém uma mistura de adoçantes, corantes e acidulantes artificiais, como aspartame, acessulfame de potássio (Ace-K), caramelo de sulfito de amônia e ácido cítrico”, disse Touvier por e-mail. “O mesmo vale para um iogurte diet saborizado — com emulsificantes e adoçantes artificiais — ou um pão industrializado com emulsificantes, conservantes, etc.”
Além disso, as pessoas costumam comer certos alimentos juntos, criando assim grupos exclusivos de aditivos, disse Touvier, que também é o principal pesquisador do grupo NutriNet-Santé, um estudo de longo prazo sobre a relação entre nutrição e saúde.
Considere um consumidor regular de fast-food que come uma refeição típica composta por um hambúrguer em um pão industrializado, batata frita e refrigerante, ou um cachorro-quente em pão industrializado com batata frita e refrigerante. Comer os mesmos alimentos ultraprocessados juntos regularmente pode contribuir para a formação desses aglomerados de substâncias químicas, disse ela.
As pessoas costumam comer os mesmos alimentos ultraprocessados juntos regularmente, expondo-se assim a certos grupos de aditivos.
Mais prejudicial juntos do que sozinhos
A nova pesquisa, publicada terça-feira na PLOS Medicine, analisou dados nutricionais e de saúde de mais de 108.000 adultos participantes do estudo francês NutriNet-Santé. Estudos anteriores com essa população revelaram uma associação entre adoçantes artificiais, emulsificantes como polissorbato 80 , carragenina, goma xantana e goma guar , e os nitratos encontrados em carnes processadas com um risco aumentado de diabetes tipo 2.
Os participantes foram questionados sobre sua ingestão alimentar por marca no início do estudo, utilizando o banco de dados Open Food Facts , uma lista de ingredientes, alérgenos e informações nutricionais de mais de 3 milhões de alimentos de 150 países, por marca comercial. Conhecer a lista nutricional e de ingredientes de cada alimento permitiu aos pesquisadores construir um banco de dados de aditivos conhecidos consumidos por cada pessoa.
Alimentos ultraprocessados representam mais da metade das calorias que um adulto americano médio consome. Eles também estão associados a uma ampla variedade de problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas, obesidade e diabetes. Meg Tirrell, da CNN, visita o NIH, onde pesquisadores tentam descobrir por que os alimentos ultraprocessados levam a resultados tão ruins para a saúde e por que é tão difícil parar de comê-los.
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Eles representam até 70% da dieta americana. Mas os EUA não têm uma política sobre alimentos ultraprocessados.
“Essas misturas são orientadas por dados”, disse a primeira autora do estudo, Marie Payen de la Garanderie, uma estudante de doutorado na Equipe de Pesquisa em Epidemiologia Nutricional do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica.
“Não decidimos 'a priori' agrupar os aditivos. Essas 5 misturas refletem as mais frequentemente ingeridas pelos participantes do NutriNet-Santé”, disse de la Garanderie por e-mail. “Este estudo é o primeiro a estimar a exposição a misturas de aditivos alimentares em uma grande coorte da população em geral e a analisar sua relação com a incidência de diabetes tipo 2.”
Os dados nutricionais foram então comparados com registros médicos até dezembro de 2023 para verificar quem desenvolveu diabetes tipo 2.
“Ajustamos cuidadosamente todos os modelos para ingestão de energia, açúcares adicionados, ácidos graxos saturados, sódio, fibra alimentar, etc., a fim de isolar um efeito potencial das misturas estudadas, independentemente do efeito bem conhecido do açúcar no diabetes tipo 2”, disse Touvier.
Dos cinco grupos de aditivos, dois foram associados a um aumento modesto no risco de diabetes, independentemente da qualidade nutricional da dieta ou de fatores sociodemográficos e de estilo de vida.
O primeiro grupo consistiu em amidos modificados, pectina, goma guar, carragenina, polifosfatos, sorbatos de potássio, curcumina e goma xantana. A goma xantana e a goma guar são derivadas de plantas e, de acordo com alguns estudos , são tipicamente seguras, até mesmo benéficas . No entanto, outros estudos encontraram perturbações na microbiota intestinal e inflamação.
Os alimentos neste grupo incluem sobremesas cremosas lácteas, como pudins prontos para consumo, molhos à base de gordura, como molho de queijo, e caldos.
“Amidos modificados são um grupo de aditivos de fosfato”, disse Elizabeth Dunford, professora assistente adjunta do departamento de nutrição da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, que não estava envolvida no estudo.
“Há uma infinidade de pesquisas que mostram o efeito prejudicial que a ingestão de fosfato tem na função renal, e isso certamente está ligado a efeitos negativos no diabetes tipo 2”, disse Dunford em um e-mail.
O segundo grupo associado a um risco aumentado de diabetes tipo 2 incluiu ácido cítrico, citratos de sódio, ácido fosfórico, caramelo de sulfito de amônia, acessulfame de potássio ou Ace-K, aspartame, sucralose, goma arábica, ácido málico, cera de carnaúba, extrato de páprica, antocianinas, goma guar e pectina. Esses aditivos são normalmente encontrados em bebidas açucaradas e adoçadas artificialmente.
“Um dos grupos contém vários emulsificantes, enquanto o outro contém vários adoçantes sem açúcar — ambos os grupos com componentes individuais cuja associação com diabetes já foi demonstrada, então as descobertas são muito consistentes”, disse Monteiro.
Muito mais pesquisas precisam ser feitas para obter uma “compreensão mais profunda” das potenciais interações de misturas de aditivos alimentares no metabolismo, disse de la Garanderie.
“A pesquisa parece completa”, disse Dunford. “Acredito que este artigo é um bom primeiro passo para destacar as potenciais consequências negativas para a saúde de combinações específicas de aditivos.”
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
17:38
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