segunda-feira, 25 de setembro de 2023

A frutose das frutas é um problema? Causa esteatose hepática? Engorda?


Vários trabalhos já demonstraram que o consumo EXCESSIVO de frutose pode ter a sua metabolização um pouco problemática, com consequente aumento do risco da elevação do triglicérides, ácido úrico, piora da resistência à ação da insulina e maior risco de esteatose hepática (gordura no fígado). Em ratos principalmente isso ocorre, mas os estudos em humanos não mostram isso, principalmente quando se trata de consumo de frutas. 

E devido a essa questão, muitas pessoas tem reduzido o consumo das frutas com medo da frutose presente nesse grupo de alimentos.

Mas, a frutose da fruta é mesmo um problema?

A resposta é: NÃO! O problema da frutose está ligado somente devido ao seu consumo através de produtos processados e ultraprocessados, ou seja, aqueles que são adicionados de xaropes diversos (xarope de glicose, xarope de agave, xarope de milho). O consumo de frutas NÃO está associado com os problemas que relatei acima, muito pelo contrário, as frutas exercem papel PROTETOR com relação ao perfil lipídico, gordura no fígado e ação da insulina. A fruta geralmente tem fibra na composição, sendo uma das principais fontes de fibras da nossa alimentação.

Uma banana ou uma maçã, por exemplo, possuem entre 4 a 7g de frutose por unidade, sendo fonte de vitaminas, minerais e fibras que são importantes para a manutenção da saúde. Por outro lado, alguns alimentos ultraprocessados adicionados de xaropes podem conter 30g a 40g de frutose por unidade/porção, com pouca ou nenhuma fibra, além de serem nutricionalmente bem pobres. Esses sim podem trazer consequências negativas se forem frequentes na dieta.

Portanto, comam mais frutas e reduza o consumo de alimentos enriquecidos com xaropes/açúcares.

Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

Quem se identifica com os sintomas de TDAH? Por Dr. Murilo Caetano - Médico Psiquiatra em Goiânia

 Abaixo um vídeo muito interessante de um amigo psiquiatra.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

O impacto do câncer na vida das mulheres

Quando consideramos o impacto social ou econômico da morte de uma mulher com câncer, devemos reconhecer que muito mais de um problema pessoal ou familiar estamos frente a uma catástrofe social. Por todas suas consequências, a influência desproporcional que traz o câncer na vida das mulheres merece maior atenção.

O câncer de mama é o mais comum entre todos os tumores e sua incidência deve aumentar nas próximas décadas, assim como sua mortalidade. O câncer de colo de útero mata 300.000 mulheres em todo o mundo a cada ano, 90% delas em países em desenvolvimento. Dados das Nações Unidas indicam que mais de 4 milhões de mulheres morrem por câncer anualmente, deixando mais de 1 milhão de órfãos. O impacto é maior em países de baixos recursos, onde o diagnóstico precoce e o tratamento mais eficaz estão mal distribuídos ou não são acessíveis particularmente em populações marginalizadas. Existe uma associação entre a morte de uma mãe e mortalidade infantil. A estimativa é que para cada 100 mulheres que morrem por câncer em países africanos, 14-30 crianças morrem como consequência.

Mulheres dedicam 2 a 10 vezes mais tempo em trabalho não remunerado do que homens e reconhecidamente têm um papel fundamental e pouco valorizado no funcionamento social. Sociedades que cuidam de suas mulheres são mais saudáveis e têm um futuro mais próspero e produtivo.

O aumento na incidência e na mortalidade por câncer não é inevitável. Obesidade, álcool e sedentarismo, entre outros fatores de risco, podem e devem ser alvo de estratégias preventivas. Temos que enfrentar o estigma e os mitos associados com a doença e que resultam em diagnósticos tardios. De acordo com a OMS, detectar tumores de mama com menos de 2 cm aumenta as chances de cura e resulta numa diminuição progressiva da mortalidade. Devemos identificar iniquidades e corrigi-las, educar a sociedade e mudar nossa percepção com relação ao câncer na mulher e a profundidade de suas consequências, para todos. Mulheres mais cuidadas e com mais saúde representam um futuro melhor para todos nós. 

Fonte: http://sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=37911

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Comparação entre 04 suplementos proteicos: Whey, caseína, proteína da soja e colágeno - Por Dra. Lia Bataglini

 

A verdade que não te contaram sobre os Implantes hormonais - Por Dra. Natália Jatene

Indivíduos com hábitos noturnos têm maior risco de apresentar diabetes tipo 2


Os “notívagos” têm um risco maior de evoluir com diabetes tipo 2 e são mais propensos a fumar mais, fazer menos exercício e ter maus hábitos de sono em comparação com os indivíduos “madrugadores”, de acordo com um novo estudo, publicado em 11 de setembro no periódico Annals of Internal Medicine.

O trabalho analisou o cronótipo autoavaliado dos participantes, que se refere à preferência circadiana de um indivíduo para dormir e acordar, sendo classificado como madrugador (aquele que prefere acordar cedo e é mais ativo durante o dia) ou notívago (aquele que prefere acordar tarde, sendo mais ativo durante a noite).

Analisando o estilo de vida e os hábitos de sono relatados por mais de 60.000 enfermeiras de meia-idade, pesquisadores do Brigham and Women's Hospital e da Harvard Medical School dos EUA constataram que aquelas que tinham preferência por acordar mais tarde tinham um risco 72% maior de apresentar diabetes e probabilidade 54% maior de apresentar comportamentos pouco saudáveis em comparação com participantes que tendiam a acordar mais cedo.

Após ajuste para seis fatores de estilo de vida — dieta, uso de álcool, índice de massa corporal (IMC), atividade física, tabagismo e duração do sono — a associação entre risco de diabetes tipo 2 e cronótipo noturno diminuiu para 19% o risco de apresentar a doença.

Numa análise de subgrupo, essa associação foi mais forte entre as mulheres que não trabalharam em plantões noturnos nos últimos dois anos ou que trabalharam em plantões noturnos durante menos de dez anos. Para as enfermeiras que trabalharam recentemente em turnos noturnos, o estudo não encontrou associação entre o cronótipo noturno e o risco de diabetes tipo 2.

As participantes, provenientes do Nurses' Health Study II, tinham entre 45 e 62 anos de idade, sem histórico de câncer, doenças cardiovasculares ou diabetes. Os pesquisadores acompanharam o grupo de 2009 a 2017.

Existe uma incompatibilidade entre o ritmo circadiano natural e o horário de trabalho?

Os autores, liderados pelo Dr. Sina Kianersi, Ph.D., da Harvard Medical School, nos EUA, sugerem que os resultados podem estar ligados a uma incompatibilidade entre o ritmo circadiano de uma pessoa e o seu ambiente físico e social — por exemplo, quando alguém vive de acordo com um horário oposto ao de sua preferência circadiana.

Em um estudo de 2015, as enfermeiras que trabalhavam em turnos diurnos há mais de dez anos, mas tinham um cronótipo noturno, apresentavam maior risco de diabetes em comparação com as que tinham um cronótipo diurno (51% mais probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2).

Em um estudo de 2022, um cronótipo noturno foi associado a um risco 30% maior de diabetes tipo 2. Os autores especularam que o desalinhamento circadiano poderia ser o culpado — por exemplo, ser um notívago, mas trabalhar de manhã cedo — o que pode perturbar o metabolismo glicêmico e lipídico.

Estudos anteriores mostraram que hábitos de sono mais curtos ou irregulares estão associados a um maior risco de diabetes tipo 2. Outros estudos também constataram que as pessoas com cronótipo noturno têm maior probabilidade do que os madrugadores de terem hábitos alimentares pouco saudáveis,  praticarem menos atividade física e de serem fumantes e consumidores de álcool.

Este novo estudo não mostrou associação entre o cronótipo noturno e o consumo não saudável de álcool, que os autores definiram como tomar uma ou mais doses de bebida alcóolica por dia.

Em um editorial que acompanha o estudo, dois médicos da Harvard T.H. Chan School of Public Health, nos EUA, alertam que o desenho estatístico do estudo limita sua capacidade de estabelecer a causalidade.

“O cronótipo pode mudar com o tempo, o que pode estar correlacionado com mudanças no estilo de vida”, escrevem Kehuan Lin, Mingyang Song e o médico Dr. Edward Giovannucci. “São necessários ensaios experimentais para determinar se o cronótipo é um marcador de estilo de vida pouco saudável ou um determinante independente”.

Eles também sugerem que fatores psicológicos e o tipo de trabalho realizado pelos participantes podem ser potenciais causas de confusão nos resultados do estudo.

Os autores do estudo observam que seus achados podem não ser aplicáveis para outros grupos que não sejam enfermeiras brancas de meia-idade. A população estudada também tinha um nível de escolaridade relativamente alto e era socioeconomicamente favorecida.

O autorrelato do cronótipo com uma única pergunta também pode resultar em erros de classificação e de aferição, reconhecem os autores.

Os achados destacam a importância de avaliar o cronótipo de um indivíduo para programar o trabalho por plantões — por exemplo, atribuir notívagos aos turnos noturnos pode melhorar a sua saúde metabólica e os hábitos de sono, de acordo com os autores do estudo.

“Dada a importância da modificação do estilo de vida para a prevenção do diabetes, pesquisas futuras são necessárias para avaliar se a melhoria dos comportamentos poderia efetivamente reduzir o risco da doença em pessoas com cronótipo noturno”, concluem os autores.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Uso de polivitamínicos indiscriminadamente podem perturbar o sono, indicam estudos

 Cientistas descobriram um índice levemente maior de sono insuficiente ou interrompido em pessoas que tomavam suplementos multivitamínicos

Milhões de americanos tomam suplementos multivitamínicos todos os dias, na esperança de obter vários tipos de benefícios para a saúde. Mas quando se trata de uma boa noite de sono, será que essas pílulas podem prestar um desserviço?

Ao longo dos anos, relatos sugeriram isso. Alguns usuários alegam que esses suplementos reduzem seu sono e levam a despertar mais frequente no meio da noite. Em um estudo realizado em 2007, pesquisadores recrutaram centenas de participantes e investigaram seus hábitos de sono - incluindo seu uso de vitaminas e medicações -, e então pediram que eles mantivessem um "diário do sono" por duas semanas.

Após controlar fatores como gênero, idade e outras variáveis, os cientistas descobriram um índice levemente maior de sono insuficiente ou interrompido em pessoas que tomavam suplementos multivitamínicos. Mas por terem encontrado apenas uma associação, eles não puderam excluir a possibilidade de que as pessoas com sono mais pobre simplesmente são as com maior tendência a buscar os multivitamínicos.

Se há um efeito, o problema é separar os efeitos das vitaminas individuais. Há alguma evidência de que a vitamina B produz alguma consequência. Alguns estudos mostram que ingerir vitamina B6 antes de ir para a cama pode levar a sonhos muito vívidos, o que pode acordar as pessoas. A B6 ajuda o corpo a converter triptofano em serotonina, um hormônio que afeta o sono. Outros estudos mostram que a vitamina B12 pode afetar os níveis de melatonina, promovendo a vigília.

Para aqueles que suspeitam que seus suplementos multivitamínicos podem estar abreviando seu sono, a melhor solução pode ser simplesmente tomar as pílulas pela manhã, ou pelo menos algumas horas antes de ir para a cama.

Sendo assim, há evidências de que suplementos multivitamínicos podem perturbar o sono noturno.

Fonte: http://tinyurl.com/348no8l

Tenho gases ao comer pão, será que não posso com glúten?


Nas consultas em consultório, a maioria dos pacientes que relatam ter gases ao consumir alimentos com farinha de trigo (pão, bolo, biscoitos, dentre outros) acreditam que o problema está diretamente ligado ao GLÚTEN, devido a alguma sensibilidade ou intolerância a essa proteína.

Mas, e se eu te disser que provavelmente essa piora nos seus sintomas de gases não está relacionado ao glúten, mas sim com os carboidratos fermentáveis presentes no trigo?

O trigo possui uma quantidade considerável de um grupo de carboidratos conhecidos como FRUTANOS, que podem ser os causadores dos seus sintomas gastrointestinais. Os frutanos são carboidratos fermentáveis, resistentes à digestão e que, quando são ingeridos, são fermentados pelas bactérias presentes em todo o trato digestivo, produzindo assim os gases e resultando na distensão abdominal e outros sintomas.

O grande ponto é que muitas pessoas só se lembram do glúten e de alguns FODMAPs (carboidratos fermentáveis) que são mais falados como a lactose e a frutose. No entanto, desconhecem que há uma gama de intolerâncias alimentares possíveis e bem comuns na prática clínica que precisam ser investigadas, incluindo intolerância aos polióis, a rafinose, estaquiose, dentre outras.

E caso você tenha sintomas gastrointestinais, agende seu horário para avaliação do quadro e tratamento dietoterápico.

Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

15 de Setembro - Dia do Nutrólogo

 

Parabéns a todos os Nutrólogos de verdade.

A todos os Nutrólogos éticos, transparentes com seus pacientes e que exercem a Medicina de forma digna e responsável.

A todos os Nutrólogos que não enxergam paciente como troféu e nem o expõem em redes sociais. 

A todos os Nutrólogos que enxergam o paciente em sua totalidade mas nem por isso invadem outras especialidades. Querendo ser Endocrinologista, Ginecologista ou Urologista.

A todos os Nutrólogos que mesmo diante de uma campanha difamatória por parte de alguns profissionais da área da saúde lutam pela moralização da Nutrologia e buscam a cada dia mostrar a importância da especialidade.

Parabéns a todos que honram o título ou residência e vestem a camisa da especialidade. 

A todos que se orgulham de praticar essa especialidade linda.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Seleção de afilhados

Estão abertas as vagas para seleção de afilhados médicos de 2024. Serão 5 vagas para primeiro semestre e 5 vagas para o segundo semestre. Totalizando 10 afilhados que adotarei em 2024 e 2025.  Nova seleção, somente em 2026.

Caso você seja médico, interessado em ser apadrinhado na Nutrologia, leia o site:

Depoimento dos afilhados











Att

Dr. Frederico Lobo
Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 RQE 11.915
CRM-SC 32.949 RQE 22.416



terça-feira, 12 de setembro de 2023

Nova resolução de publicidade médica

Após um processo que durou mais de três anos, de fazer uma consulta pública que recebeu mais de 2.600 sugestões, de realizar quatro webinários e de ouvir as sociedades médicas, o plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou suas regras para a publicidade médica. O novo texto vai permitir que o médico divulgue seu trabalho nas redes sociais, faça publicidade dos equipamentos disponibilizados no seu local de trabalho e, em caráter educativo, use imagens de seus pacientes, ou de banco de fotos.

A Resolução CFM nº 2.336/2023 está disponível em: 

“Por muitos anos, interpretamos de forma restritiva os decretos-lei 20.931/32 e 4.113/42, que regulam o exercício da medicina e nossa propaganda/publicidade. Durante décadas, dividimos a prática da medicina em duas, a do consultório e pequenos serviços autônomos e a hospitalar. Depois da releitura desses dispositivos legais, vimos que deixamos de tratar de forma isonômica as duas formas de prática da medicina. A partir dessa revisão, passamos a assegurar que o médico possa mostrar à população toda a amplitude de seus serviços, respeitando as regras de mercado, mas preservando a medicina como atividade meio. É uma resolução que dá parâmetros para que a medicina seja apresentada em suas virtudes, ao mesmo tempo em que estabelece os limites para o que deve ser proibido”, explica o relator da Resolução CFM nº 2.336/23, conselheiro federal Emmanuel Fortes, que já tinha sido o relator do texto que até hoje regulamentava a publicidade médica (Resolução CFM nº 1.974/2011).

Além de permitir ao médico mostrar o seu trabalho, a nova resolução também autoriza a divulgação dos preços das consultas, a realização de campanhas promocionais, o uso das imagens dos pacientes, investimentos em negócios não relacionados à área de prescrição do médico, além de outras permissões.

Imagens – Se o regramento anterior proibia expressamente o uso de imagens do paciente, o novo texto esclarece como essas imagens podem ser usadas. Pela Resolução CFM nº 2.336/23, a imagem deve ter caráter educativo e obedecer os seguintes critérios: o material deve estar relacionado à especialidade registrada do médico e a foto deve vir acompanhada de texto educativo, contendo as indicações terapêuticas e fatores que possam influenciar negativamente o resultado.

A imagem também não pode ser manipulada ou melhorada e o paciente não pode ser identificado. Demonstrações de antes e depois devem ser apresentadas em conjunto com imagens contendo indicações, evoluções satisfatórias, insatisfatórias e possíveis complicações decorrentes da intervenção. Quando for possível, deve ser mostrada a perspectiva de tratamento para diferentes biotipos e faixas etárias, bem como a evolução imediata, mediata e tardia.

É comum que o paciente publique em suas redes sociais agradecimento ao profissional que o atendeu. Agora, o médico poderá repostar, em suas redes, esses elogios e depoimentos. “A única observação é a de que o depoimento seja sóbrio, sem adjetivos que denotem superioridade ou induzam a promessa de resultados”, esclarece Emmanuel Fortes.

Quando o médico usar imagens de banco de imagens, deverá citar a origem e atender as regras de direitos autorais. Quando a fotografia for dos próprios arquivos de médico ou do estabelecimento onde atue, deve obter do paciente a autorização para publicação. A imagem deve garantir o anonimato do paciente, mesmo que este tenha autorizado o uso, e respeitar seu pudor e privacidade.

A Resolução 2.336/23 autoriza a captura de imagens por terceiros apenas para os partos. Não podem ser filmados por terceiros outros procedimentos médicos. “O nascimento é um momento sublime, daí porque permitimos a filmagem e fotos. Em outras situações, não podemos colocar em risco a segurança do paciente”, argumenta Fortes.

No Manual será estabelecido critérios para a captura de imagens para publicação pelos médicos, preservando a intimidade e à segurança do ato médico para os pacientes.

Continuam proibidos o ensino de técnicas médicas a não-médicos, como previsto na Resolução CFM nº 1.718/2004. “Com esta resolução, afirmamos que o médico poderá mostrar para a sociedade suas habilidades, mas alguns princípios não podemos abrir mão. A vedação do ensino do ato médico a outros profissionais é um deles”, pontua Emmanuel Fortes.

Para o relator da Resolução, houve uma mudança significativa no sentido da norma. “Antes, praticamente só tínhamos vedações. Agora, professamos a liberdade de anúncio, mas com responsabilidade e sem sensacionalismo”, define.

Dieta detox não existe

 No vídeo abaixo, o nosso nutricionista explica o porquê de Dieta Detox não existir. 

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Crossfit ou academia, qual é o melhor para emagrecimento e hipertrofia?

 

Na verdade NÃO há uma modalidade melhor ou pior, já que são práticas bem diferentes e que, se bem indicadas e orientadas por profissionais capacitados, podem trazer múltiplos benefícios à saúde e composição corporal. Veja a seguir algumas das possíveis diferenças.

Com relação a hipertrofia, NÃO há bons trabalhos comparando qual das duas modalidades seria superior para esse fim. No entanto, devido ao enfoque do treinamento e os estímulos realizados, acredito que a musculação seja superior no quesito hipertrofia muscular, e o crossfit na melhora da aptidão cardiorrespiratória.

No gasto calórico das modalidades, pela dinâmica do crossfit, é provável que o gasto calórico da sua prática seja um pouco superior do que da musculação (pensando em treinos com duração semelhante e indivíduos com mesmo tempo de prática de exercícios).

No quesito lesões durante as práticas, os índices de lesões neuromusculares do CROSSFIT (com orientação profissional) NÃO se difere muito da modalidade de musculação quando também bem orientada. As lesões são mais comuns quando o indivíduo é destreinado e não é bem assistido por profissionais capacitados, podendo ocorrer em qualquer uma das modalidades.

Logo, o ideal é que você se movimente e inclua alguma prática de exercícios na sua rotina. O Crossfit pode ser mais interessante caso você goste de algo mais dinâmico e interativo. E a musculação é bem vinda para aqueles que desejam uma modalidade de menor impacto articular, mas com excelentes resultados.

Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Óleos essenciais durante o sono talvez possam melhorar a cognição (memória verbal) de idosos saudáveis



Em uma pesquisa controlada randomizada, os pesquisadores constataram que a exposição de idosos com função cognitiva normal ao aroma de óleos essenciais durante duas horas por noite ao longo de seis meses levou a uma melhora de 226% na memória, em comparação com um grupo controle que foi exposto a apenas uma quantidade ínfima do aroma.

Além disso, imagens de ressonância magnética funcional mostraram que os participantes submetidos ao "estímulo olfativo" apresentam uma melhora do funcionamento do fascículo uncinado esquerdo, uma área cerebral ligada à memória e à cognição, que normalmente passa por uma perda funcional gradual com o avançar da idade.

"Até onde sei, esse nível de melhora [da memória] é muito maior do que o observado em qualquer intervenção em idosos saudáveis. Além disso, também identifcamos a melhora significativa de uma via cerebral relacionada à memória em comparação com os idosos que não foram submetidos ao estímulo olfativo", disse ao Medscape o pesquisador sênior Dr. Michael Leon, Ph.D., professor emérito da University of California, nos EUA.

O estudo foi publicado on-line em 24 de julho no periódico Frontiers of Neuroscience: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnins.2023.1200448/full

A ‘supervia’ cerebral

O estímulo olfativo "é a exposição diária de indivíduos a vários aromas". Estudos com camundongos indicam que a técnica melhora a memória e a neurogênese, segundo os pesquisadores.

Um estudo anterior demonstrou que a exposição diária a óleos essenciais por 30 minutos durante três meses induziu a neurogênese no bulbo olfatório e no hipocampo.

"O sistema olfatório é o único sentido com uma 'supervia' direta [desde os receptores de estímulos olfativos] até as áreas cerebrais relacionadas aos centros de memória. Todos os outros sentidos só conseguem acessar essas áreas cerebrais através do que podemos chamar de 'vias cerebrais secundárias', e, portanto, têm muito menos impacto na manutenção da saúde desses centros de memória."

Quando o olfato é comprometido, "os centros de memória do cérebro começam a se deteriorar e, de forma oposta, quando alguém é submetido ao enriquecimento olfativo, suas áreas de memória se tornam maiores e mais funcionais", acrescentou o pesquisador.

A disfunção olfatória é o primeiro sintoma da doença de Alzheimer e também é encontrada em praticamente todos os distúrbios neurológicos e transtornos psiquiátricos.

"Contabilizei 68 entidades clínicas [relacionadas a alterações olfatórias], como anorexia, ansiedade, [transtorno de déficit de atenção/hiperatividade], depressão, epilepsia e acidente vascular cerebral. Na verdade, quando um indivíduo chega à meia-idade, podemos predizer a mortalidade por todas as causas desse paciente apenas com base na sua capacidade olfatória", disse o Dr. Michael.

Ele e sua equipe desenvolveram um tratamento eficaz para o autismo usando um enriquecimento ambiental focado na estimulação com aromas, além de estimular outros sentidos. "A partir desse momento, passamos a considerar a possibilidade de que o enriquecimento olfativo isolado pudesse melhorar a função cerebral."


Rosa, laranja, eucalipto e muito mais

No estudo, os pesquisadores selecionaram aleatoriamente 43 idosos de 60 a 85 anos para serem expostos no período noturno a aromas de óleos essenciais por meio de um difusor (n = 20; média de idade [desvio padrão] de 70,1 [6,6] anos) ou para participarem de um grupo controle com apenas uma quantidade mínima de aromas (n = 23; média de idade de 69,2 [7,1] anos) durante um período de seis meses.

O grupo experimental foi exposto a um único aroma por noite, dispersado no ambiente por meio de um difusor, durante duas horas todas as noites. Foram utilizados sete aromas agradáveis, alternados semanalmente: 
  • Óleo essencial de rosas
  • Óleo essencial de laranja
  • Óleo essencial de eucalipto
  • Óleo essencial de limão
  • Óleo essencial de hortelã-pimenta
  • Óleo essencial de alecrim
  • Óleo essencial de lavanda
Todos os participantes foram submetidos a uma bateria de testes no início do estudo, dentre eles o Miniexame do Estado Mental, que confirmou a normalidade da função cognitiva. 

No início do estudo e após um acompanhamento de seis meses, os participantes foram submetidos ao Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (TAAVR) e a três subconjuntos da terceira edição da Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (EIWA-III).

A função do sistema olfatório foi avaliada por meio de um teste padronizado de avaliação do olfato (também conhecido como " Sniffin Sticks "), possibilitando que os pesquisadores determinassem se o estímulo olfativo teria melhorado o desempenho olfativo.

Os participantes foram submetidos à ressonância magnética funcional no início do estudo e após seis meses.

As imagens de ressonância magnética cerebral demonstraram uma "diferença clara e estatisticamente significativa de 226% entre os idosos submetidos ao enriquecimento olfativo e os idosos do grupo controle no desempenho no TAAVR, que avalia o aprendizado e a memória (interação grupo x ponto temporal; F = 6,63; P = 0,02; d de Cohen = 1,08; com um "grande tamanho de efeito").

Também foi detectada uma mudança significativa na difusividade média do fascículo uncinado esquerdo no grupo experimental em comparação com o controle (interação grupo x ponto temporal; F = 4,39; P = 0,043; h2p = 0,101; com um "tamanho de efeito médio").

O fascículo uncinado é considerado uma "via neural principal", conectando a amígdala basolateral e o córtex entorrinal ao córtex pré-frontal. Essa via se deteriora com o envelhecimento e em pacientes com Alzheimer. Além disso, "existem indícios de que ela desempenhe um papel na mediação da memória episódica, da linguagem e do processamento socioemocional, além da seleção de memórias concorrentes durante a evocação".

Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos com relação à capacidade olfativa.

Uma das limitações do estudo foi o tamanho reduzido da amostra. Os pesquisadores esperam que os achados "estimulem [a realização de] ensaios clínicos de grande porte para testar sistematicamente a eficácia terapêutica do enriquecimento olfativo no tratamento da perda de memória em idosos".

Resultados animadores, mas ainda preliminares 

Convidado a comentar o estudo pelo Medscape, o Dr. Donald Wilson, Ph.D., professor de psiquiatria pediátrica, neurociência e fisiologia, vinculado ao Child Study Center do NYU Langone Medical Center, nos EUA, disse que vários estudos "demonstraram que problemas relacionados ao olfato estão associados a alterações neurológicas/psiquiátricas e em alguns casos podem preceder outros sintomas de diversos distúrbios/transtornos, como o Alzheimer, a doença de Parkinson e a depressão”.

Pesquisas recentes sugeriram que essa relação possa ser "bidirecional", ou seja, a perda do olfato pode estimular a depressão e o transtorno depressivo pode levar a prejuízos no olfato, disse o Dr. Donald, que também é diretor e pesquisador sênior do Emotional Brain Institute, parte do Nathan Kline Institute for Psychiatric Research, nos EUA, e não participou do estudo.

Essa "interação bidirecional" pode levantar a possibilidade de que "a melhora do olfato possa repercutir em distúrbios não olfativos".

O artigo “agrega” achados de pesquisas anteriores para mostrar que o uso de aromas durante o sono pode melhorar alguns aspectos da função cognitiva e de circuitos cognitivos sabidamente importantes para a memória e a cognição, o que o Dr. Donald chamou de “um achado muito animador, embora ainda relativamente preliminar”.

Uma ressalva é que várias medidas da função cognitiva foram avaliadas e apenas uma (memória verbal) apresentou melhora substancial.

No entanto, existe "um interesse atual muito forte nos aspectos olfativos e não olfativos do treinamento olfatório, e a intervenção mostrada no estudo expande as possibilidades de treinamento durante o sono. Essa pode ser uma ferramenta poderosa na melhora e/ou na recuperação da função cognitiva se estudos longitudinais confirmarem esses achados", disse o Dr. Donald.

Treinei hoje, em quanto tempo vou começar a ver resultado?


Você com certeza já ouviu a frase de que "a pressa é inimiga da perfeição" e, atualmente, a ansiedade e a vontade de se alcançar resultados rápidos são os grandes vilões da evolução clínica positiva das pessoas (com relação à saúde em geral e composição corporal).

A evolução decorrente da prática de exercícios físicos leva tempo, principalmente se o foco principal for a composição corporal (perda de gordura e ganho de massa muscular). E para ver resultados de forma mais nítida, é provável que no primeiro mês você já perceba uma melhora significativa na sua disposição, sono, mobilidade, força muscular e resistência relacionada ao desempenho aeróbio.

Já com relação à massa muscular e gordura corporal, visualmente, as mudanças são mais visíveis a partir ali do terceiro mês, em que o volume e a intensidade da prática de exercícios já estão evoluindo.

Mas tem um ponto extremamente importante, a prática de exercícios trará inúmeros benefícios relacionados a sua saúde como um todo, inclusive que citei um pouco mais acima. Porém, se você quiser ver realmente a mudança na sua composição corporal relacionada à gordura, tenha plena certeza que sua alimentação deverá estar nutricionalmente adequada e com um déficit calórico presente.

Autor: Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416


domingo, 27 de agosto de 2023

Grãos integrais e Diabetes Mellitus tipo 2


Os grãos integrais são verdadeiros aliados na proteção contra o Diabetes tipo 2. É muito comum no consultório e no ambulatório, pacientes recém diagnosticados com pré-diabetes ou diabetes mellitus tipo 2, demonizarem os grãos pelo fato de serem carboidratos. No imaginário popular os carboidratos são açúcares e todo açúcar elevaria a glicemia. Ao longo das ultimas décadas esse tipo de mito vem sendo quebrado. 

Grãos são carboidratos? Sim. 

Carboidratos elevam a glicemia e podem favorecer um mau controle glicêmico? Sim, assim como proteínas e gorduras. Tudo dependerá da quantidade e da composição da refeição. Ou seja, da combinação entre os macronutrientes. 

Carboidratos são riscos em fibras? Sim e esse é o diferencial em auxiliar no melhor controle da glicemia. Além de ricos em fibras, também possuem vitaminas e minerais, favorecendo uma "desaceleração" na absorção de glicose, auxiliando no controle dos níveis de açúcar no sangue.

Ao contrário dos grãos refinados, os integrais mantêm suas partes nutritivas intactas, o que contribui para uma digestão mais lenta e uma sensação de saciedade prolongada, evitando picos de glicemia. 

Opções como aveia, quinoa, arroz integral e trigo integral são algumas das valiosas escolhas para compor uma alimentação equilibrada e saudável. Principalmente se combinados a vegetais folhosos, frutas com baixo índice glicêmico e combinados a fontes proteicas. 

Exerça a criatividade na cozinha e inclua esses alimentos em suas receitas diárias. Cuidar da saúde nunca foi tão saboroso e acessível. Cuide-se, alimente-se bem e desfrute de uma vida plena e equilibrada!

No Site da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) há várias receitas, porém, o profissional mais habilitado para te ajudar nas receitas que se adequam ao seu caso é o Nutricionista.

[Conteúdo exclusivo para médicos] Desnutrição, Caquexia e Sarcopenia - Dr. Pedro Dal Bello

 


Aula que meu amigo Dr. Pedro Dal Bello ministrou no curso de Nutrologia para acadêmicos de medicina.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Fórum EAS

 

O uso de esteroides anabolizantes e similares (EAS) constitui um grave problema mundial de saúde pública, tendo em vista sua grande prevalência, os potenciais danos que essas drogas podem causar ao organismo, a faixa etária jovem dos usuários e o mercado clandestino envolvido.

A perspectiva de ganho de massa magra, perda de massa gorda e/ou aumento de performance induz os indivíduos ao uso ilícito disseminado de EAS, independente de sexo, idade e condição cultural e social.

No entanto, o abuso disseminado dentro e fora do esporte de elite, mas especialmente por jovens que querem melhorar a aparência física, é alarmante e carece de programas específicos de educação, prevenção, tratamento e reabilitação, especialmente no Brasil.

O Fórum EAS se propõe a abordar o tema de forma ampla, envolvendo a ciência, o esporte, a comunidade e o Estado na discussão das evidências científicas e no estabelecimento de estratégias para o uso ético de EAS e para que o uso ilícito de esteroides anabolizantes e similares seja minimizado, a população esclarecida e os usuários adequadamente atendidos e reabilitados. Alternativas para ganho de massa magra e melhora de performance por meio da nutrição, incluindo suplementação, e do treinamento físico serão estabelecidas como opções para evitar o abuso de EAS.

https://www.forumeas.com.br/


terça-feira, 22 de agosto de 2023

Obesidade’ deveria mudar de nome?


A percepção pública de uma doença é uma questão essencial. Os “diabéticos” são agora chamados de “pessoas que vivem com diabetes”; uma “pessoa obesa” agora é um “indivíduo que vive com obesidade”.

Mas qual é a definição de obesidade? Refere-se a uma doença ou a um fator de risco? E será que o termo está tão contaminado com negatividade, culpa e preconceito que a única solução é descartá-lo e substituí-lo completamente? A sociedade (e a medicina) mudou significativamente desde quando a palavra latina obesitas foi adotada, em 1600.

Embora haja tanto em jogo quando se fala em “obesidade”, é incrível que o estigma persista apesar de os conceitos subjacentes terem evoluído tanto. Então, talvez seja mais uma questão de encontrar a opção “menos pior” do que perseguir uma solução impossível que sirva para todos?

Este é o desafio da Comissão de Definição e Diagnóstico da Obesidade Clínica do periódico The Lancet Diabetes & Endocrinology, que deve publicar seus achados iniciais nos próximos meses. A força-tarefa mundial tem 60 líderes no tratamento clínico da obesidade, entre eles representantes com experiência pessoal de obesidade. O líder do projeto é o Dr. Francesco Rubino, médico e chefe de cirurgia bariátrica e metabólica no King's College London, no Reino Unido.

“Dar um novo nome à ‘obesidade’ é muito importante”, afirmou o Dr. Francesco. “A palavra é tão estigmatizada, com tantos mal-entendidos e percepções errôneas, que há quem diga que a única solução é mudar o nome.”

Um possível novo nome foi proposto pela American Association of Clinical Endocrinology e pelo American College of Endocrinology em 2016, em uma tentativa de definir a doença com base na sua característica central de adiposidade: ABCD, sigla em inglês para adiposity-based chronic disease (cuja tradução em português pode ser doença crônica baseada na adiposidade).

O Dr. Francesco é favorável ao termo “ABCD”, mas com algumas ressalvas: “É bom do ponto de vista fisiológico, mas o problema é que seria mais bem compreendido por cientistas e médicos. Não sei o quanto o termo agradaria o público em geral. ‘ABCD’ ainda fica aquém de uma boa definição da doença.”

O médico acrescentou que a abordagem da comissão do periódico The Lancet é chamá-la de “obesidade clínica”. "A ‘obesidade’ em si não transmite necessariamente a mensagem de que você tem um distúrbio ou uma doença”, observou. “É como a diferença de significado entre depressão e depressão clínica, que comunicam duas coisas diferentes.”

Mas o que justifica qualquer renomeação é um maior esclarecimento da definição e do diagnóstico de obesidade. Em 1997, a Organização Mundial da Saúde reconheceu a obesidade como uma doença crônica; em 2013, a American Medical Association (AMA) fez o mesmo, acrescentando que merecia atenção médica; por outro lado, somente em 2021 a Comissão Europeia definiu a obesidade como uma “doença crônica com recidivas, que por sua vez atua como uma porta de entrada para uma série de outras doenças não transmissíveis”.

No entanto, 25 anos após o reconhecimento inicial da obesidade como uma doença, o conceito ainda está repleto de negatividade, seja de forma explícita ou implícita. Esse estigma denigre as pessoas com sobrepeso e obesidade, taxando-as de “preguiçosas, desleixadas, pouco inteligentes e pouco atraentes”.

O Dr. Francesco explicou que, em primeiro lugar, é importante estabelecer e definir os componentes e as características essenciais da doença obesidade. Isso é fundamental para melhorar o acesso ao tratamento clínico, reduzir a culpa pessoal e fomentar um ambiente de pesquisa mais favorável para nortear a tomada de decisões clínicas e políticas.

“Esta é a questão que está no centro da nossa comissão. Temos um problema com a definição atual de obesidade, e a forma como a avaliamos não nos permite definir com precisão quando a obesidade é uma doença”, explicou.

Os rótulos moldam a percepção pública da doença, e a ‘obesidade’ é um exemplo disso

Outra especialista que defende a necessidade de um nome que reflita melhor a definição – seja lá qual for – é a Dra. Margaret Steele, Ph.D., vinculada à School of Public Health da University College Cork, na Irlanda, que, de acordo com a página da universidade, tem um interesse especial em “‘Gordura’ como um fenômeno cultural, social e político”.

Ela acredita que os rótulos — inclusive “obesidade” — têm um papel fundamental na formação das percepções do público. Na era digital e repleta de informações em que vivemos, os limites da medicina e da sociedade se sobrepõem, sendo que a percepção pública está influenciando as decisões de natureza médica de uma forma sem precedentes, gerando controvérsia e divisão – o tratamento da obesidade é um exemplo.

Especificamente, a palavra “obesidade” é amplamente associada a conotações negativas, diz ela, e, portanto, acolhe o diálogo sobre sua redefinição e renomeação. Apesar do amplo apoio geral a um nome e uma definição que reflitam a adiposidade, devido ao seu papel fisiológico central nas complicações da obesidade, a Dra. Margaret acredita que os “efeitos no tecido adiposo são decorrentes de problemas cerebrais e do ambiente alimentar”, e ela deseja que mais atenção seja dada a esses aspectos.

Referindo-se à maioria das sociedades ocidentalizadas, ela descreve como as pessoas que cresceram em tempos de escassez de alimentos, antes que os alimentos processados se tornassem amplamente disponíveis, têm um perfil de paladar diferente daqueles que cresceram depois. “As pessoas que foram criadas na Irlanda dos anos 1940 e 1950 se lembram de ganhar uma laranja como presente no Natal, porque a ideia de que você poderia ter comida o ano todo – qualquer fruta ou vegetal que quisesse e quando quisesse – simplesmente não existia.”

Em comparação, as mudanças sociais que levaram a mais pressão financeira e de tempo nas décadas posteriores fizeram com que alimentos rápidos, com alto teor de gordura, alto teor de açúcar e processados se tornassem mais desejáveis, apontou ela. “A maioria das crianças agora reconhece o nome da empresa e até mesmo a marca específica de fast-food [de que gostam] antes de conhecer o alfabeto.”

O ambiente atual cultivou “uma reação física muito diferente aos alimentos, talvez um tipo diferente de resposta emocional”, acredita ela, destacando a relação estreita entre obesidade, sociedade, saúde mental e opções alimentares.

A Dra. Margaret quer estimular o diálogo sobre o termo usado para descrever os indivíduos convencionalmente descritos como “obesos” ou usando a palavra “obesidade”. “Estamos pensando em termos como, talvez, apetite crônico, ingestão crônica de alimentos ou desregulação da ingestão alimentar.”

Mudar a terminologia médica quando ela se torna obsoleta ou prejudicial não é novidade, argumentou ela em um artigo recente sobre o assunto publicado em  coautoria com o Dr. Francis Finucane, médico endocrinologista consultor dos Galway University Hospitals, na Irlanda.

“No século 20, os termos ‘débil mental’ e ‘mongol’ passaram a ser usados de forma pejorativa na cultura em geral e foram banidos do vocabulário médico”, apontou a Dra. Margaret. Ela acrescentou que mudar o termo “obesidade” pode facilitar a busca dos objetivos estratégicos da medicina clínica “sem causar polêmica desnecessária com aqueles que, dados seus objetivos e contextos pessoais, entendem o índice de massa corporal (IMC) ou peso corporal de maneira radicalmente diferente”.

Obesidade: doença, fator de risco ou ambos?

O Dr. Francesco ressaltou que, antes de qualquer renomeação, é preciso estabelecer e definir os componentes e as características essenciais da doença obesidade. “Esta questão está no centro de nossa comissão e não é uma conversa fácil de se ter.” Ele explicou ainda que o problema com a definição atual de obesidade, e a forma como ela é concebida, concentra-se em grande parte no fato de ela ainda ser considerada um fator de risco para outras doenças.

Segundo o Dr. Francesco, a doença é caracterizada por três fatores: o fenômeno de ter uma causa patogênica, que leva a alterações fisiopatológicas (dos órgãos) e causa manifestações clínicas.

Ele acrescentou que a obesidade é atualmente descrita pelo que pode causar – por exemplo, diabetes tipo 2, câncer ou hipertensão. “Cada uma dessas doenças tem suas próprias manifestações clínicas, mas a obesidade não. [Como doença], não temos uma definição das manifestações clínicas da obesidade além do excesso de adiposidade.”

“O uso do IMC não prediz excesso de adiposidade, nem determina uma doença aqui e agora. Não existe doença sem doença, que é a manifestação clínica e a percepção do paciente de que é uma doença”, explicou o Dr. Francesco, apontando que a comissão do periódico The Lancet está preenchendo essa lacuna de conhecimento ao perguntar: “Se a obesidade é uma doença, então como ela é definida?”.

O médico acrescentou que a circunferência da cintura provavelmente fornece uma medida melhor do que o IMC para indicar diretamente a distribuição anormal da adiposidade, que sabidamente está associada a desfechos cardiometabólicos ruins, “mas não diz se o paciente tem uma doença aqui e agora – apenas que corre o risco de apresentar doenças cardiovasculares no futuro. A maioria das pessoas com acúmulo de gordura abdominal é perfeitamente funcional e não se sente doente”.

Ele também explicou que persiste a confusão sobre se a obesidade – ou excesso de adiposidade – é um fator de risco ou um sintoma de outra doença. “A imagem está borrada e não sabemos como diferenciá-los. Temos apenas um nome, que se aplica a todas essas coisas, e temos um critério – IMC – para diagnosticá-lo!”

O Dr. Francesco acrescentou: “Então, o que define a obesidade? É o diabetes? Não, porque é outra doença. Você não define uma doença como outra doença. Ela tem que ser independente.”

Recentemente, a AMA recomendou que o IMC agora seja usado em conjunto com outras medidas válidas de risco, como, entre outras, gordura visceral, índice de adiposidade corporal, composição corporal, massa de gordura relativa, circunferência da cintura e fatores genéticos e metabólicos.


O Dr. Aayush Visaria, médico residente em medicina interna da Rutgers University, nos Estados Unidos, concorda que um novo nome possa ajudar a mudar a percepção pública da obesidade para melhor. Um estudo que ele apresentou na Endocrine Society Meeting de 2023 constatou que o IMC “subestima muito” a obesidade, conforme publicado pelo Medscape.

Ele concorda com o Dr. Francesco que o desafio está na falta de compreensão precisa dos mecanismos que levam à obesidade: “É multifatorial, não apenas apetite ou ingestão de alimentos. Colocar isso em uma expressão é difícil”.

No entanto, se um novo termo puder incorporar as várias facetas da doença, “no geral, reduzirá o estigma porque passaremos a pensar na obesidade como um processo patológico, não como algo pessoal relacionado à culpa”, disse o Dr. Aayush.

Mas ao mesmo tempo, ele expressou cautela em relação a possíveis conotações negativas associadas à classificação da obesidade como uma doença. A Dra. Margaret também refletiu sobre esse risco, destacando que medicalizar o tamanho corporal pode ser contraproducente ao alimentar o estigma do peso e a gordofobia.

“Medicalizar a obesidade pode desencorajar em vez de fortalecer, mas ao especificar mais claramente que estamos falando sobre um conjunto específico de doenças metabólicas inter-relacionadas, isso tornaria muito mais claro, e que... não se trata de tornar as pessoas magras, não é uma questão estética”, observou a Dra. Margaret.

A palavra ‘obesidade’ dificulta explicações sobre doenças

A Dra. Margaret explicou que seu objetivo é superar a ambiguidade em torno da palavra “obesidade” que dificulta as explicações sobre a obesidade como doença para o público em geral.

“Muita confusão e controvérsia poderiam ser evitadas se esclarecêssemos que quando os médicos dizem que a obesidade é uma doença, eles não querem dizer que ser ‘gordo’ é uma doença”.

No entanto, o tecido adiposo é um órgão endócrino ativo, produzindo hormônios que não funcionam tão bem em pessoas com obesidade, ela observou. “Esse novo conhecimento levou a melhores tratamentos, como medicamentos como semaglutida e tirzepatida. Esses medicamentos, como a cirurgia bariátrica, geralmente levam a uma perda ponderal significativa e a melhoras na saúde metabólica geral.”

O Dr. Francesco também expressou preocupação com a medicalização, conforme determinado pela definição e o diagnóstico e pela disponibilidade de tratamento medicamentoso que poderia levar ao tratamento excessivo. “Atualmente, quando todos com um IMC > 30 kg/m2 têm acesso a todos os tratamentos para obesidade existentes, temos observado escassez de medicamentos. Devemos priorizar esse tratamento.”

Em última análise, o diagnóstico da obesidade como doença precisa de um biomarcador antropométrico que forneça, em nível individual, a confiança de que uma pessoa tem uma doença hoje, ou pelo menos perto de 100% de probabilidade de evoluir com essa doença, afirmou o Dr. Francesco.

“Se usarmos o IMC, ou mesmo a circunferência da cintura, isso pode diagnosticar a doença; mas se a pessoa viver até os 90 anos, qual é o sentido de rotulá-la como doente?” apontou.

“Como médicos, temos que ser cautelosos. Dizemos que isso é uma doença, mas você deve pensar nas implicações para a pessoa que recebe o diagnóstico de uma doença crônica que é substancialmente incurável. Quando dizemos isso, precisamos para ter a certeza.”

A Dra. Margaret Steele e o Dr. Aayush Visaria informaram não ter conflitos de interesses. O Dr. Francesco Rubino informou que recebeu subsídios de pesquisa da Novo Nordisk, Medtronic e Johnson & Johnson. Também realizou trabalho remunerado de consultoria para a GI Dynamics e recebeu honorários por palestras da Medtronic, Novo Nordisk e Johnson & Johnson. É membro do comitê de monitoramento de segurança de dados da GT Metabolic Solutions e prestou consultoria científica não remunerada para a Keyron, Metadeq, GHP Scientific e ViBo Health.