segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Parabéns aos aprovados na prova de título de Nutrologia de 2024

Foi publicado hoje o resultado dos aprovados na prova de título de Nutrologia de 2024. Esse ano somente duas afilhadas prestaram, porém, ambas foram aprovadas. http://abran.org.br/media/files/lista-de-aprovados-2024.pdf

Dra. Ana Gabriela Magalhães - Divinópolis - MG

Dra. Esthefânia Garcia de Almeida - Araxá - MG

Muito feliz pela aprovação de ambas. Participaram de praticamente todas as mentorias que realizei em 2023/2024. Destrincharam o edital, resolveram todo o banco de questões (mais de 1500 questões). Leram os mais de 600 Flashcards. Resultado: aprovação.

Em 2025 pelo menos 8 afilhados prestarão e espero novamente 100% de aprovação. O Brasil precisa de bons Nutrólogos.

Att

Dr. Frederico Lobo


domingo, 1 de dezembro de 2024

Frutas, verduras e legumes: Dezembro

   


Por que consumir alimentos da safra? Existem vantagens?

Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.

Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antixodantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumí-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.

Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina. 

Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.

Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais.  Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente.  Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável. 


Frutas de Dezembro
Abacaxi Pérola
Acerola
Ameixa nacional
Amora
Cereja estrangeira
Coco Verde
Figo
Framboesa
Graviola
Kiwi Estrangeiro
Laranja Pera
Lichia
Limāo Taiti
Maçã Fuji, Red Del e Granny Smith
Manga Haden, Palmer, Tommy
Maracujá Doce
Melancia
Melāo Amarelo
Nectarina nacional e estrangeira
Pêssego nacional
Romā
Uva Itália, Niagara, Rubi



Verduras e Legumes de Dezembro
Alho-poró
Abobrinha
Aspargos
Beterraba
Brócolis
Cenoura
Couve-bruxelas
Cogumelo
Endívias
Hortelã
Manjericão
Maxixe
Mostarda
Nabo
Palmito
Pepino
Pimentões
Rabanete
Rúcula
Salsa
Salsāo
Tomate

Autores
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915, CRM-SC 32.949, RQE 22.416
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Nutricionista e Profissional da Educação física

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Diagnóstico de diabetes é atualizado- Por Dra. Natália Jatene - Endocrinologista


O diabetes é uma condição de saúde crônica que tem impactado cada vez mais pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil, de acordo com a endocrinologista Dra Natália Jatene. 

A doença é caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue, que ocorre devido a problemas na produção ou ação da insulina, um hormônio essencial para o metabolismo energético do organismo. A insulina é responsável por permitir que a glicose entre nas células, onde será usada como fonte de energia. Quando há um desequilíbrio nessa função, os níveis de glicose no sangue ficam altos, gerando uma série de complicações ao longo do tempo.

Incidência e Prevalência

A incidência e a prevalência do diabetes têm crescido de forma alarmante nos últimos anos. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), atualmente mais de 16 milhões de brasileiros vivem com essa condição, e estima-se que cerca de 8% da população adulta seja afetada pela doença. Esse aumento é atribuído principalmente a mudanças no estilo de vida, como sedentarismo, má alimentação e aumento da obesidade, que são fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

O diabetes é uma das principais causas de complicações como doenças cardiovasculares, amputações, cegueira e insuficiência renal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com diabetes quadruplicou nas últimas décadas, com cerca de 422 milhões de adultos afetados globalmente. Isso mostra a necessidade urgente de medidas preventivas e de conscientização, além de um cuidado médico adequado para os que já convivem com a doença.

Sinais e Sintomas

Os sintomas podem variar dependendo do tipo da doença e da gravidade. No entanto, alguns sinais clássicos e iniciais podem indicar a presença da condição:
1. Poliúria (aumento da frequência urinária)
2. Polidipsia (sede excessiva):
3. Polifagia (fome excessiva):
4. Perda de peso inexplicável
5. Cansaço e fraqueza
6. Infecções frequentes

Além desses sinais, o diabetes tipo 2 pode ser assintomático em suas fases iniciais, o que torna o diagnóstico precoce mais difícil. Por isso, muitas vezes o diabetes tipo 2 só é descoberto quando surgem complicações mais graves, como problemas cardíacos, renais ou visão prejudicada.

Principais Tipos de Diabetes

Diabetes Tipo 1: É uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. A causa exata do diabetes tipo 1 não é conhecida, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos. Esse tipo é mais comum em crianças, adolescentes e jovens adultos, e os sintomas costumam aparecer rapidamente.


Diabetes Tipo 2: Este é o tipo mais comum, representando cerca de 90% dos casos. Ele ocorre devido à resistência à insulina, onde as células não respondem adequadamente ao hormônio, além de uma produção insuficiente de insulina. O tipo 2 está fortemente associado ao excesso de peso, sedentarismo e fatores genéticos.

Diabetes Gestacional: Esse tipo ocorre durante a gravidez e é caracterizado pela hiperglicemia (alta concentração de glicose no sangue) que surge pela primeira vez durante a gestação. Ele aumenta o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê, e a mulher que teve diabetes gestacional tem mais chances de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

Outros Tipos de Diabetes: Há outros tipos menos comuns, que podem ser causados por condições genéticas, uso de medicamentos como corticosteroides, doenças do pâncreas e algumas síndromes endócrinas.

Fisiopatologia do Diabetes

A fisiopatologia do diabetes varia de acordo com o tipo. No diabetes tipo 1, o sistema imunológico destrói as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Com isso, há um déficit absoluto de insulina, o que impede o transporte da glicose para as células. No diabetes tipo 2, o problema é a resistência das células à insulina e uma secreção inadequada do hormônio pelo pâncreas. A insulina é produzida, mas as células do corpo não conseguem responder a ela adequadamente, o que resulta na permanência de glicose elevada no sangue.

No diabetes gestacional, acredita-se que os hormônios da placenta criem uma resistência temporária à insulina, comprometendo o controle da glicose durante a gravidez. O controle inadequado desses níveis pode trazer consequências graves tanto para a mãe quanto para o bebê, como macrossomia fetal (bebês muito grandes), hipertensão e risco de pré-eclâmpsia.

Diagnóstico do Diabetes

As novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) de 2024 introduziram mudanças importantes nos critérios diagnósticos do diabetes mellitus (DM) e pré-diabetes, destacando avanços para uma detecção mais precoce da condição:

Principais atualizações:
Incorporação do TTGO-1h:
A glicemia de 1 hora após a ingestão de 75 g de glicose no Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG, agora chamado TTGO) foi incluída nos critérios diagnósticos:
Diabetes: ≥ 209 mg/dL.
Pré-diabetes (hiperglicemia intermediária): 155-208 mg/dL.
Este critério é mais sensível e prático que o de 2 horas, permitindo diagnóstico precoce e intervenções mais eficazes.

Critérios diagnósticos revisados:
Glicemia de jejum: ≥ 126 mg/dL.
HbA1c: ≥ 6,5%.
Glicemia ao acaso com sintomas típicos: ≥ 200 mg/dL.
Glicemia após 2h no TTGO: ≥ 200 mg/dL.

Recomendações para rastreamento do Diabetes:
Indicado a partir dos 35 anos ou em indivíduos mais jovens com sobrepeso/obesidade e ao menos um fator de risco adicional (ex.: histórico familiar, hipertensão, dislipidemias, sedentarismo, SOP, entre outros).
Uso do questionário FINDRISC para avaliar o risco de diabetes tipo 2 em pessoas com menos de 35 anos, complementando a triagem.

Reforço na confirmação diagnóstica:
Exige-se a repetição de qualquer exame alterado, salvo em casos específicos (ex.: combinação de glicemia de jejum elevada e HbA1c ≥ 6,5%).
Essas mudanças visam ampliar a precisão e a praticidade no diagnóstico, além de permitir intervenções preventivas mais cedo, reduzindo riscos de complicações graves associadas a condição

Tratamento e Importância do Endocrinologista

O tratamento da doença varia conforme o tipo e a gravidade da condição. Para o diabetes tipo 1, a única opção de tratamento é a insulina, que pode ser administrada por injeções ou bombas de insulina. Já o diabetes tipo 2 pode ser tratado com mudanças no estilo de vida, medicamentos orais (como metformina) e, em alguns casos, com insulina ou outros injetáveis, caso o controle glicêmico não seja atingido com as medicações orais.

Nos últimos anos houve um grande avanço no tratamento da hiperglicemia , com medicamentos que trazem benefícios além do controle glicêmico como a redução do peso , mortalidade cardiovascular, impedir progressão de doença renal e também em tratar a doença gordurosa do fígado

O desconhecimento dos sintomas, e os inúmeros mitos e estigmas que envolvem a doença muitas vezes levam o paciente a não buscar atendimento especializado em tempo hábil de se prevenir as complicações

O médico endocrinologista é de fundamental importância no diagnóstico e acompanhamento da doença pois o tratamento requer monitorização contínua e a realização de exames periódicos para avaliar o controle glicêmico e a presença de complicações. O endocrinologista também orienta o paciente sobre a importância de aderir ao tratamento, manter uma alimentação saudável, praticar atividade física e realizar a automonitorização da glicose, especialmente para os que usam insulina.

A Importância do Estilo de Vida e Prevenção

Para prevenção as mudanças no estilo de vida são essenciais. Uma alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, ajuda a manter o peso adequado e reduz o risco de resistência à insulina. A prática regular de atividade física, de preferência 150 minutos semanais de atividades aeróbicas, também é recomendada. Para aqueles com histórico familiar ou que apresentem fatores de risco, como obesidade ou hipertensão, a realização de exames periódicos pode ajudar a identificar precocemente a condição e prevenir complicações.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

No Brasil, ultraprocessados causam perda anual de pelo menos R$ 10 bilhões - Por Meghie Rodrigues (O Joio e O Trigo)

Novo estudo calcula custos relativos a mortes e doenças relacionadas ao consumo de biscoitos, salgadinhos, macarrão instantâneo, sorvete e companhia O aumento no consumo de produtos ultraprocessados está gerando um custo bilionário à economia brasileira. 

Mais especificamente, o Brasil perde R$ 10,4 bilhões todos os anos com mortes e doenças agravadas pela ingestão contínua de ultraprocessados. Esta é a principal conclusão de um relatório lançado nesta quinta-feira (21) pela ACT Promoção da Saúde, organização que atua na defesa de políticas de saúde pública. 

Segundo o estudo, quase o total desse montante (R$ 9,2 bilhões) responde pelas perdas econômicas causadas pela morte prematura de pessoas em idade produtiva, o que gera uma baixa no mercado de trabalho. 

O número reforça os achados de um estudo publicado em 2022 no American Journal of Preventive Medicine, que estimou a morte de 57 mil brasileiros por ano por doenças intimamente ligadas com o consumo de ultraprocessados. 

O número corresponde a 10,5% das mortes por todas as causas no país. Os achados foram novidade até para quem esteve à frente do estudo. “A parte dos custos nos surpreendeu bastante porque estamos falando de apenas 20% das calorias vindo de ultraprocessados — o impacto que isso tem no aumento de fatores de risco é muito maior proporcionalmente falando,” diz o biólogo Eduardo Nilson, autor do relatório e pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) e da Fiocruz Brasília. Ele também é autor do estudo que estimou as 57 mil mortes. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE de 2017-2018 mostram que cerca de 20% calorias consumidas pelo brasileiro adulto — ou 400 em uma dieta de 2.000 calorias diárias — vêm de produtos ultraprocessados. 

O consumo desses produtos entre os brasileiros aumentou 5,5% na última década. “Quando se fala de consumo de ultraprocessados, falamos da proporção em média que estes produtos ocupam na dieta do brasileiro”, explica Deborah Carvalho Malta, professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista em inquéritos epidemiológicos, Malta coordenou o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) entre 2006 e 2015.[1]  

Fechando a conta dos R$ 10,4 bilhões em perdas, o estudo também estimou que hospitalizações, procedimentos ambulatoriais e farmácia popular geram um custo de quase R$ 1 bilhão por ano (R$ 933,5 milhões) ao Sistema Único de Saúde, o SUS. Além disso, ainda há os custos previdenciários — de aposentadorias precoces e licenças médicas — e os custos por absenteísmo, causados por internações e licenças médicas: somam R$ 263,2 milhões ao ano. 

O prejuízo totalizado, segundo o estudo, é duas vezes o valor investido anualmente no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e 300 vezes o que é investido no programa de Cozinhas Solidárias.

Para ler a reportagem completa acesse o site do O Joio e O trigo: https://ojoioeotrigo.com.br/2024/11/no-brasil-ultraprocessados-custam-r-10-bilhoes-aos-cofres-publicos/


terça-feira, 19 de novembro de 2024

Ozempic e Mounjaro ganham versão manipulada: é seguro? Pode ou não pode?

Mas antes de explicar, sugiro que você me siga no instagram: @drfredericolobo para mais informações de qualidade em Nutrologia e Medicina. Lá, posto principalmente nos stories, informação de qualidade e no feed, junto com meus afilhados postamos sobre vários temas. Caso queira agendar consulta presencial ou por telemedicina, clique aqui.

 

Link para a reportagem: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/11/11/versoes-manipuladas-de-ozempic-e-mounjaro-sao-cercadas-de-polemica-entenda.htm

Horas sentado, anos perdidos: malefícios do comportamento sedentário

 Quando se fala em evolução da espécie, a primeira imagem que vem à cabeça de muita gente é aquela representação em fileira que vai do macaco até o homem moderno, da esquerda para a direita.

Nos últimos tempos, porém, artistas resolveram atualizar a figura que encerra a linha, colocando um sujeito à frente de um computador. 

O desenho contém imprecisões científicas, mas tem lá seu fundinho de verdade, ao menos ao expor um dos hábitos mais frequentes do ser humano no século 21: ficar sentado.

Se olharmos pelo retrovisor da história biológica, veremos que nosso corpo não foi projetado para o imobilismo.

Pois é, pode parecer um tanto mais cômodo, mas horas e horas numa cadeira cobrarão um preço da saúde. E aí, já parou para pensar como anda sua rotina de trabalho e lazer e como ela repercute no organismo?




Medicamentos para obesidade podem ajudar a reduzir o consumo de álcool

Pontos principais:

Medicamentos para obesidade, juntamente com um programa de telessaúde, podem reduzir o consumo de álcool dos pacientes.

A redução no consumo de álcool foi especialmente notada entre aqueles com maior peso corporal e aqueles que bebiam mais no início do estudo.

SAN ANTONIO — Medicamentos para obesidade, independentemente da classe ou geração, foram associados à redução do consumo de álcool entre indivíduos participantes de um programa de perda de peso por telessaúde, de acordo com uma apresentação feita por uma palestrante.

Durante o evento ObesityWeek, Michelle I. Cardel, PhD, MS, RD, FTOS, diretora de nutrição da Weight Watchers e professora adjunta da Universidade da Flórida, apresentou dados indicando que pessoas envolvidas em um programa de manejo da obesidade por telessaúde que receberam prescrição de medicamentos para perda de peso relataram beber menos álcool. A redução foi especialmente observada entre mulheres, indivíduos com maior peso corporal e aqueles que apresentavam altos níveis de consumo de álcool no início do estudo.

“Anedoticamente, ouvimos de pacientes que eles simplesmente não tinham mais interesse em álcool. Seus desejos haviam diminuído. Quando bebiam, sentiam-se muito mal e relataram que estavam bebendo muito menos do que antes de iniciar os medicamentos para obesidade. Principalmente, isso foi relatado por pacientes em medicações GLP-1, como semaglutida ou tirzepatida,” disse Michelle I. Cardel ao Healio. “Então, ficamos curiosos. Avaliamos o consumo de álcool em nosso protocolo clínico inicial. E se começarmos a avaliá-lo após o início do tratamento e verificarmos as mudanças? 

Quando analisamos os dados, ficamos realmente surpresos ao ver que a maioria das pessoas estava reduzindo o consumo de álcool. Isso ocorreu em todas as classes de medicamentos para obesidade. Achávamos que veríamos isso apenas com os GLP-1 devido ao efeito nos centros de adição no cérebro. Ficamos muito surpresos ao observar esse efeito também com medicamentos como naltrexona ou metformina.”

Todos os participantes desta análise estavam inscritos em um programa de manejo de peso por telessaúde e iniciaram um medicamento para obesidade entre janeiro de 2022 e agosto de 2023, com reposição do mesmo medicamento entre outubro e novembro de 2023.
No início do estudo, 14.053 participantes forneceram informações sobre idade, sexo, raça, altura, peso e consumo semanal de álcool, sendo novamente avaliados no momento da reposição da medicação.

No geral:
4% dos participantes estavam usando metformina.
5% estavam em bupropiona/naltrexona (Contrave, Nalpropion Pharmaceuticals).
Menos de 7% estavam usando agonistas de receptor GLP-1 de primeira geração, como liraglutida (Saxenda ou Victoza, Novo Nordisk) ou dulaglutida (Trulicity, Eli Lilly).
A maioria usava GLP-1 de segunda geração:
44% em tirzepatida para diabetes (Mounjaro, Eli Lilly).
13% em semaglutida injetável 0,5 mg, 1 mg ou 2 mg (Ozempic, Novo Nordisk).
Menos de 1% em semaglutida oral 7 mg ou 14 mg (Rybelsus, Novo Nordisk).
28% em semaglutida injetável 2,4 mg (Wegovy, Novo Nordisk).
Menos de 1% em tirzepatida para perda de peso (Zepbound, Eli Lilly).

Cardel e colegas observaram uma redução significativa no consumo semanal de álcool em todas as classes de medicamentos para obesidade, com 45% a 51% dos participantes relatando menor consumo semanal de álcool (P para todos < .0001).

Comparados às mulheres, os homens tiveram menor probabilidade de reduzir o consumo semanal de álcool (OR ajustada = 0,74; IC 95%, 0,64-0,85; P < 0,0001), mas não houve diferenças de acordo com idade ou raça/etnia, de acordo com a apresentação.

Em comparação com indivíduos classificados como sobrepeso, maior classe de obesidade inicial foi associada a uma maior probabilidade de reduzir o consumo de álcool:
classe de obesidade I (OR ajustada = 1,26; IC 95%, 1,07-1,48; P = 0,0045);
classe de obesidade II (OR ajustada = 1,49; IC 95%, 1,26-1,77; P < 0,0001); e
classe de obesidade III (OR ajustada = 1,63; IC 95%, 1,36-1,96; P < 0,0001).

Além disso, em comparação com indivíduos que bebiam menos no início do estudo — uma a três doses por semana para mulheres e uma a seis doses por semana para homens — aqueles que relataram maior consumo de álcool inicial tiveram maior probabilidade de reduzir o consumo enquanto usavam um medicamento para obesidade (OR ajustada = 5,97; IC 95%, 5,17-6,91; P < 0,0001), especialmente os com níveis mais altos de consumo semanal (OR ajustada para pelo menos sete doses por semana para mulheres e 15 doses por semana para homens = 19,18; IC 95%, 13,25-28,86; P < 0,0001).

“Ficamos muito surpresos ao ver essa redução em todas as diferentes classes de medicamentos para obesidade,” disse Cardel ao Healio. “Isso levanta a questão: será que é um efeito fisiológico exclusivo dos medicamentos ou é o fato de que, quando as pessoas estão em uma jornada de manejo de peso, as estratégias de mudança comportamental incorporadas para reduzir a ingestão calórica acabam também diminuindo o consumo de álcool? Ou seria uma combinação de ambos? Precisamos de pesquisas futuras com estudos randomizados e controlados por placebo para realmente conseguir diferenciar os efeitos dos medicamentos isoladamente das estratégias que as pessoas adotam ao tentar perder peso.”

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Minha experiência com o Vipassana

Novembro de 2018 embarquei em uma aventura com meu melhor amigo. Somos amigos desde 2003 e há anos planejávamos participar do Vipassana no interior de São Paulo. 

Mas afinal, o que é Vipassana e por que resolvemos fazer?

O Vipassana é uma técnica de meditação redescoberta por Buda (Gotama) há mais de 2.500 anos. Significa “ver as coisas como realmente são”, que busca erradicar o sofrimento humano por completo, trata-se de uma arte de viver.

Já tinha feito alguns cursos de meditação ao longo da vida, mas fazer Vipassana era um desafio. Mas por qual motivo? Porque para aprender vipassana é necessário um curso completo de 10 dias! Ou seja, eu tive que decidir abdicar de 10 dias da minha vida, e, além disso, 10 dias em silêncio em um Centro de Meditação em Santana de Parnaíba. 

Mas mais do que apenas silêncio, no Vipassana não podemos nos comunicar com gestos e nem olhares. Ou seja, cada um em sua vivência. 

Então fomos. Saímos de Goiânia e descemos em Guarulhos. De lá um Uber nos levou para Santana de Parnaíba. Uma propriedade rural em meio a uma mata fechada. Entregamos nossos pertences, incluindo celular, livros ou qualquer forma de distração. 

A programação diariamente era essa:

4:00 -  Tocava o sino para acordamos.
05:00 - Sentavamos na cama e ficávamos meditando no quarto
6:30 - 8:00h - Nos dirigíamos para tomar o café da manhã vegetariano;  
8:00 - 9:00h - Dirigíamos para a sessão de meditação em grupo no salão coletivo. Mulheres de um lado e homens do outro.
11:00 - 12:00h - Almoçávamos no refeitório, lavávamos os pratos e depois nos dirigíamos para a meditação no quarto ou na sala, segundo instruções do professor;
13:00 - 14:30h - Meditávamos na sala ou no quarto;
14:30 - 15:30h - Sessão de meditação em grupo no salão;
15:30 - 17:00h -  Meditação na sala ou no quarto segundo instruções do professor;
17:00 - 18:00h - Pausa para o chá no refeitório. Lanche vegano, sendo a última refeição do dia;
18:00 - 19:00h  - Sessão de meditação em  grupo no salão;
19:00 - 20:15h - Palestra;
20:15 - 21:00h - Sessão de meditação em  grupo no salão;
21:00 - 21:30h  - Horário para perguntas públicas no salão de meditação (sobre a palestra da noite e também sobre a técnica);
21:30h - Hora de se recolher para o quarto;
22:00h - Apagar das luzes.  

Alimentação vegetariana muito saborosa, com pouco sal, sem cebola e sem alho. Sendo que a última refeição era o lanche às 17:00. Depois somente no outro dia, no café da manhã. Ou seja, jejum em média de 14 horas. 


Algumas regras do espaço, ou seja, diretrizes (silas) que todos os alunos concordam em seguir:
  • Não matar qualquer ser (incluindo insetos e outros animais);
  • Abster-se de roubar;
  • Abster-se de qualquer atividade sexual;
  • Abster-se de mentir;
  • Abster-se de usar qualquer intoxicante (salvo remédios prescritos).
  • Observar o nobre silêncio: não é permitido conversar, fazer gestos, comunicar com olhares ou mandar bilhetes para os outros colegas. Qualquer problema deveríamos conversar com os instrutores. 
  • Durante a meditação, tínhamos que seguir as instruções e orientações exatamente como eram dadas. 
  • Não podíamos ter nenhuma outra prática espiritual ou religiosa. A justificativa era que assim sentiríamos os benefícios de Vipassana de forma justa e pura. Aqui se inclui canto de mantras, queima de incensos, Yoga, jejum, orações.
  • Separação de homens e mulheres, isso ocorria em todos os ambientes, começando no 1º dia e terminando no último.  
  • Abster-se de contato físico com qualquer pessoa;
  • Não podíamos praticar nenhum exercício físico além da caminhada. 
  • Não podíaos usar objetos religiosos: terços, japamalas, cristais, imagens.
  • Proibido tabaco ou qualquer substância. 
  • A nossa vestimenta tinha que ser simples, confortavel e com cores claras. 
Os alunos antigos (aqueles que já concluíram o curso de 10 dias) devem seguir mais três preceitos:
Não comer após o meio-dia;
Não usar adereços;
Não dormir em camas elevadas.


E por que resolvi fazer?

Testar meus limites e aprender uma nova técnica de meditação. Ver como meu corpo e cérebro funcionaria. 

O que achei?

Experiência incrível. Pensei que fosse enlouquecer com aquele silêncio. O jejum me fez perder muito líquido. O sono ficou muito profundo. Insights surgiram da hora que eu acordava até a hora de dormir. Refleti sobre o meu propósito de vida, sobre meus planos. Foi uma experiência surreal. Porém, na noite do 5º dia, após o instrutor dar uma coordenada da técnica, achei que não fosse conseguir e desisti. 

Informei o instrutor, comuniquei meu amigo, pedi o Uber, 23:00 já estava em Goiânia. 

Vale a pena?

Muito. Quero tentar concluir os 10 dias, pois, descobri que a coordenada não era tão impossível. Meu amigo terminou os 10 dias e achou burrice eu ter desistido. 

Qual o custo?

Não tem valor específico. Cada um dá o quanto pode. 

Como participar?

Fazer a inscrição no site, meses antes e aguardar. https://www.dhamma.org/pt-BR/schedules/schsarana

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Afilhados aprovados na seleção de 2025

Os afilhados aprovados na seleção de apadrinhamento em 2025 foram:

1) Caroline Abbud - Médica 
2) Gabriel Barbosa - Médico

Ambos serão treinados até passarem na prova de título de Nutrologia.

Próxima seleção: de 10/10/2025 a 13/11/2025

Link para participar da seleção: https://forms.gle/RfoBAy8StUMwNo9YA

No momento os meus afilhados são:

1. Adrielly Cunha – Médica em Goiânia – GO: @adriellyocunha

2. Alexis Souza – Especializando em Nutrologia (USP) em São Paulo – SP

3. Aline Rocha Lima - Médica Oncologista em São Paulo - SP

4. Ana Carolina Baminger – Médica em Ji-Paraná – RO: @Anacarolinabaminger

5. Ana Gabriela De Magalhães – Médica especialista em Clínica Médica em Divinópolis – MG: @Draanagabriela_Magalhaes

6. Ana Carolina Miranda – Médica especialista em Endocrinologia em Recife – PE

7. Ana Paula Pires Lázaro – Médica especialista em Clínica Médica e Endocrinologia em Fortaleza – CE: @Dra_Anapaulalazaro

8. Camila Duarte Froehner (Monitora) – Médica especialista em Clínica Médica e Nutróloga em Lages – SC – @dra.camila_froehner

9. Carla Letícia Rigo Grzybowski – Médica especialista em Clínica Médica e Medicina Intensiva em Porto Alegre – RS: @Carlagrzybowski

10. Caroline Abbud – Médica em São Paulo – SP: @carolineabbud

11. Edite Magalhães (Monitora) – Médica especialista em Clínica Médica e Nutróloga em Recife – PE – @draeditemagalhaes

12. Emanoel Junio Eduardo – Médico especialista em Medicina de família e comunidade e especializando em Nutrologia USP – São Paulo – DF: @Emanoelje

13. Esthefânia Garcia De Almeida – Médica especialista em Clínica Médica e Endocrinologia em Araxá – MG: @Draesthefaniagalmeida

14. Fausto Mota – Médico e Nutricionista em Curitiba – PR

15. Gabriel Henrique Barbosa – Médico em São Paulo – SP: @drgabrielhbarbosa

16. Harla Dalferth – Médica Nutróloga em São Paulo – SP

17. Helena Bacha (Monitora) – Médica especialista em Nutrologia – São Paulo SP

18. Jhony Willians – Médico Endocrinologista em Maceió – AL – @drjhonywgusmao

19. Lara Virginia Lordello Melo – Médica especialista em Clínica Médica em São Paulo – SP: @Lara_Lordello_Melo

20. Lia Bataglini – Médica especialista em Nutrologia – São Paulo SP

21. Lourdes Menezes – Médica especialista em Clínica Médica em São Paulo – SP: @Lourdes.Menezes__

22. Márcio José de Souza - Nutricionista e Profissional de Educação física - Joinville - SC

23. Marta Maria Coelho De Sousa –Médica em São Paulo – SP: @Marta.Coelhoo

24. Rodrigo Serrano – Médico em João Pessoa – PB – @rodserranoandrade

25. Paulo Victor Quinan – Médico Residente de Oncologia clínica – Goiânia – GO

26. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional de Educação física - Goiânia - GO

27. Vanessa Sinnott Esteves – Médica Nutróloga e especialista em Clínica Médica em Porto Alegre – RS: @Dravanessanutro


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Grupo NUTROpdfs

Grupo de educação continuada em Nutrologia, criado pelos membros do Movimento Nutrologia Brasil: https://t.me/+QbffHC2qvqxhODkx

Nosso site: https://movimentonutrologiabrasil.com.br/

Instagram: @nutrologiabrasil

Curso de Nutrologia para acadêmicos: @cursodenutrologia

sábado, 2 de novembro de 2024

Abordagem nutricional da candidíase de repetição

A mulher que nunca sofreu desse mal, que atire a primeira pedra! Sim, pois quando chega o desconforto, quase sempre sabem do que se trata. É uma das queixas ginecológicas mais comuns na minha prática clínica. 

Mas antes de explicar, sugiro que você me siga no instagram: @drfredericolobo para mais informações de qualidade em Nutrologia e Medicina. Lá, posto principalmente nos stories, informação de qualidade e no feed, junto com meus afilhados postamos sobre vários temas. Para agendamento de consulta presencial ou por telemedicina, clique aqui.

Mas porque isso acontece? Primeiro, é importante saber que a Candidíase é uma doença ocasionada por fungos, especificamente pela Candida Albicans, que pode se manifestar na pele (micoses), boca (mais conhecido como “sapinho”), estômago, intestino e no órgão genital feminino.

Várias são as causas para o aparecimento da Candidíase: 
  • Alteração no sistema imunológico: geralmente deficiente decorrente de déficit de nutrientes ou outras doenças que podem levar a alteração imunológica. As mais comuns são diabetes, pacientes oncológicos em quimioterapia ou pacientes com infecções de repetição e que fazem uso de vários ciclos de antibiótico
  • Disbiose intestinal (desequilíbrio na flora intestinal na qual a flora patogênica se sobressai à flora normal), 
  • Roupas íntimas de tecido sintético
  • Má higiene pessoal
  • Climatério e menopausa
  • Distúrbios hormonais
  • Relações sexuais
  • Período menstrual
  • Consumo exagerado de alimentos ricos de carboidratos refinados
  • Dieta com restrição severa de alguns nutrientes, levando ao déficit nutricional.
  • Privação de sono
OS sintomas geralmente são ardência, corrimento vaginal em grumos (queijo talhado), vermelhidão, desconforto na relação sexual, irritação. Esses sintomas são especificamente femininos, pois, apesar do homem também se contaminar, quase nunca é manifestado, devido a questões hormonais ou quando manifestamos é a na forma de apenas uma vermelhidão ou ardor na glande.

O que muitas mulheres não entendem, mesmo depois de terem realizado todo o tratamento (o marido também precisa muitas vezes) uso de antifúngicos, cremes vaginais, é que o quadro pode voltar ao longo da vida. E aí entra o ginecologista para fazer a investigação. 

Por trás de tudo isso, há outros sintomas que podemos correlacionar com o por quê dessa manifestação persistente: 
  • Avidez por doces: não se sabe o motivo, mas é uma queixa comum nas pacientes com candidíase de repetição. 
  • Fadiga inexplicável
  • Ansiedade exacerbada
  • Presença de Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO) e Supercrescimento fúngico (SIFO)
Esses sintomas podem coexistir nos quadros de candidíase crônica. Nunca achei explicação lógica e nem evidências na literatura científica, mas o fato é que quando tratamos corretamente através de medicações e dieta, a maioria desses sintomas tendem a melhorar. Porém, com alta recorrência.

Para o fungo sobreviver, é necessário um ambiente favorável para seu crescimento e multiplicação. Isso também é determinado pela alimentação. Simples assim: quando sua alimentação é rica em carboidratos refinados, álcool, refrigerantes e uma dieta pobre em fibras, o ambiente intestinal fica mais propício para uma microbiota patogênica,  o que de forma indireta favorece o surgimento da candidiase. A constipação intestinal também pode favorecer a recorrência das crises. Assim como a ocorrência de infecções urinárias de repetição. Ao longo dos anos tenho visto muito isso no consultório.

Hoje em dia, grande parte da população adquiriu hábitos alimentares e comportamentais que os deixam mais expostas e susceptíveis a agressores. Alimentos industrializados,  junk foods, refrigerantes e outras facilidades aumentaram a demanda e procura por esse tipo de produto, fazendo com que o fator nutricional e a qualidade do alimento não seja a opção mais importante para alimentação cotidiana.

Os fungos, quando crescem de maneira desordenada, podem favorecer que outros tipos de fungos cresçam também, aproveitando esse ambiente propício e pode influenciar em diversas reações, que vão muito além do desconforto da mulher. 

Fique atenta se você ingere carboidratos refinados em excesso. Alguns autores (sem evidência científica) acreditam que o fungo produz uma neurotoxina (substância que envia mensagens para o cérebro), fazendo com que na ausência desses alimentos, você tenha maior avidez por carboidratos refinados, em especial, alimenos doces.

Fique alerta aos principais fatores de risco para um crescimento fúngico desordenado:
- Baixo consumo de frutas, legumes e verduras: baixa ingestão de fibras. Menos de 35g por dia já pode ser facilitador
- Alimentação pobre em nutrientes: baixa densidade nutricional
- Alto consumo de carboidratos refinados
- Jejuns prolongados podem levar a uma redução da atividade imunológica
- Alto consumo de adoçantes artificiais: alguns autores acreditam que eles influenciem a microbiota intestinal
- Estresse mental e emocional (principalmente correlacionado aos fatores acima)
- Uso frequente de antiácidos, antibióticos, corticoides, anticoncepcionais, laxantes
- Higiene e roupas íntimas inadequadas, pouco ventiladas

Para evitar recorrência, sempre ao fazer o tratamento farmacológico para fungos, faz se necessário um tratamento nutricional concomitante. 

Somente um médico será capaz de diagnosticar seu caso e instituir o tratamento adequado para seu caso.

O tratamento pode incluir:
  • Uso de antifungicos orais como Fluconazol ou Itraconazol
  • Uso de cremes vaginais como Nistatina ou Miconazol
  • Uso de óvulos vaginais com probióticos e alguns ácidos
  • Banhos de assentos
  • Ajuste dietético, com adequação do volume calórico
  • Uso de fitoterápicos
  • Reposição de vitaminas e minerais que se estiverem em déficit podem piorar a resposta imunológica
  • Tratamento da doença de base
  • Uso de probióticos via Oral (cepas específicas)
Treinei o meu nutricionista ao longo dos anos para elaborar um plano alimentar para tais pacientes. O paciente primeiro passa em consulta comigo e posteriormente o nutricionista elabora o plano alimentar.

A maioria dos casos apresentam melhora quando seguem a dieta à risca. Porém há alta taxa de recorrência, principalmente naquelas pacientes que retomam os hábitos alimentares e de vida anteriores.

Primeira coisa que fazemos aqui na clínica é indicar uma Ginecologista especialista nisso. Ela faz a coleta da secreção vaginal no consultório, lê a lâmina e prescreve o tratamento imediatamente. 

Dra. Fernanda Ferrari – Médica Ginecologista e Obstetra (Infecções do trato urinário) – CRM 26482 RQE 18563. Fone: 62 99124-8721. Site: www.fernandaferraria.com.br Instagram: @fernandaferrari

Posteriormente, o paciente passa em consulta comigo e depois com nutricionista Rodrigo. 

Autor: Dr. Frederico Lobo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Médico Nutrólogo 

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Frutas, verduras e legumes: Novembro

   


Por que consumir alimentos da safra? Existem vantagens?

Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.

Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antixodantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumí-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.

Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina. 

Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.

Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais.  Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente.  Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável. 


Frutas de Novembro
Abacate breda
Abacaxi pérola
Acerola
Amora
Banana prata
Coco verde
Graviola
Jaboticaba
Jaca
Laranja lima
Maçã fuji e red del
Mamão havaí
Manga palmer e tommy
Melāo amarelo
Melancia
Nectarina nacional
Pêssego
Sapoti
Tangerina murcote
Uva thompson



Verduras e Legumes de Novembro
Almeirāo
Abobrinha
Aspargos
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cebola
Cenoura
Couve
Espinafre
Hortelã
Manjericão
Maxixe
Mostarda
Nabo
Palmito
Pepino
Rabanete
Tomate

Autores
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915, CRM-SC 32.949, RQE 22.416
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Nutricionista e Profissional da Educação física

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Os produtos químicos que desregulam o sistema endócrino estão por toda pare e podem ter muitos impactos na saúde de acordo com alguns pesquisadores

Uma classe de produtos químicos – provavelmente encontrados em produtos espalhados por muitas casas nos Estados Unidos – pode estar afetando sua saúde hormonal.

A questão é até que ponto as pessoas devem se preocupar com esses produtos químicos desreguladores endócrinos (EDCs), como ftalatos , BPA ou bisfenol A , e retardantes de chama bromados ?

A literatura científica sobre EDCs ainda está crescendo, mas foram sugeridas associações entre exposição e problemas de saúde, incluindo desenvolvimento cerebral, fertilidade e puberdade, disse o Dr. Michael Bloom, professor de saúde global e comunitária na Faculdade de Saúde Pública da Universidade George Mason, em Fairfax, Virgínia.

E embora ainda haja muitas questões que os pesquisadores querem explorar em torno dos EDCs, organizações como o Environmental Working Group, uma organização sem fins lucrativos que pesquisa e defende produtos mais seguros, estão incentivando indivíduos a tomar medidas para evitar a exposição.

Produtos químicos desreguladores endócrinos afetam os hormônios, que são substâncias químicas que desempenham o papel importante de transportar mensagens por todo o corpo para coordenar diferentes funções em órgãos, pele, músculos e outros tecidos, de acordo com a Cleveland Clinic.

Veja o que os especialistas têm a dizer sobre EDCs e o que você precisa saber sobre eles.

O que são EDCs?

Produtos químicos desreguladores endócrinos não são produzidos pelo corpo humano, mas influenciam a maneira como seus hormônios funcionam, disse Bloom. Hormônios são essenciais para muitos processos biológicos no corpo, como puberdade, reprodução e desenvolvimento cerebral.

Alguns desses produtos químicos podem imitar os hormônios que seu corpo produz, como estrogênio ou testosterona. Outros EDCs impactam a síntese hormonal para que o corpo produza mais hormônio, menos hormônio ou altere a forma como ele se decompõe, ele acrescentou.

Ftalatos, por exemplo, são produtos químicos sintéticos que os fabricantes costumam usar em centenas de produtos, como recipientes para alimentos e bebidas e embalagens plásticas. Esses EDCs interferem na produção de testosterona, de acordo com a Endocrine Society .

Retardadores de chama bromados são usados ​​em eletrônicos, roupas e móveis, e estão associados ao funcionamento anormal da tireoide, que tem um papel fundamental no desenvolvimento infantil, disse a sociedade.

“Os produtos químicos que desregulam o sistema endócrino afetam de alguma forma a comunicação hormonal”, disse Bloom. “E a comunicação hormonal é um caminho crítico pelo qual nosso cérebro se comunica com os tecidos, e os tecidos se comunicam entre si, e a função diária que nos mantém funcionando, esperançosamente com alta eficiência.”

A exposição crônica a uma substância que bloqueia ou altera a atividade hormonal pode ter consequências sérias, acrescentou Alexa Friedman, cientista sênior da equipe de vida saudável do Environmental Working Group.

“Qualquer coisa que afete seus hormônios provavelmente afetará outros resultados de saúde”, disse ela.

Impactos na saúde dos desreguladores endócrinos
A crescente literatura científica sugere que os desreguladores endócrinos podem desempenhar um papel em condições como transtorno de déficit de atenção e transtornos de controle de impulso, acrescentou Bloom.

“Os hormônios desempenham um papel importante no desenvolvimento do cérebro e no funcionamento normal do cérebro, portanto, ser exposto a esses EDCs no início da vida pode mudar seu desenvolvimento”, disse Friedman.

Esses produtos químicos também podem estar ligados à tendência de puberdade precoce em meninas , que “está associada a um risco aumentado de problemas psicossociais, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer de mama”, disse a Dra. Natalie Shaw, chefe do Grupo de Neuroendocrinologia Pediátrica do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental.

Estudos também mostraram preocupações em torno da sensibilidade à insulina e diabetes , obesidade e fertilidade , disse Bloom.

O problema de se aprofundar mais na pesquisa investigativa é que é difícil estudar os EDCs e seus impactos prejudiciais ao corpo humano, ele acrescentou.

A maioria das evidências vem do uso de modelos celulares, nos quais tecidos ou células em uma placa são expostos a altas concentrações de produtos químicos –– mais altas do que a maioria das pessoas entraria em contato naturalmente, disse Bloom.

Para entender o que um nível de exposição mais “biologicamente realista” faria, os pesquisadores podem observar amostras de urina para detectar a presença de EDCs e comparar os níveis com diferentes marcadores de saúde, disse ele.

Mas a literatura científica atual é controversa, disse Bloom. Alguns estudos dizem que sim, a exposição a EDC é um fator de risco significativo para resultados de saúde mais precários, enquanto outros relatórios contradizem isso.

“Estamos em uma posição em que é como, 'é melhor prevenir do que remediar?'”, acrescentou.

Pesquisadores, órgãos reguladores e indivíduos estão debatendo se vale a pena fazer mudanças agora, caso a pesquisa mostre que é necessário eliminar os EDCs, ou esperar para evitar o custo e o esforço que vêm com a substituição de produtos para aqueles que apresentam menor risco de exposição aos produtos químicos, disse Bloom.

Como você está exposto

Pode ser desafiador cortar totalmente a exposição aos desreguladores endócrinos, disse Friedman.

“O maior problema com os EDCs é que eles estão muito presentes no meio ambiente e em tudo o que usamos”, acrescentou ela.

Produtos para cuidados com a pele e cuidados pessoais são fontes de exposição para crianças e adultos, tanto na composição química dos próprios produtos quanto na embalagem plástica em que estão contidos, disse Bloom.

Pesticidas usados ​​na agricultura e encontrados em produtos podem ter desreguladores endócrinos, e as águas subterrâneas também podem estar contaminadas, acrescentou Friedman.

A CNN entrou em contato com a National Pest Management Association e o Personal Care Products Council para comentar.

“Acredite ou não, concentrações bastante significativas são encontradas na poeira doméstica”, acrescentou Bloom.

A presença de poeira é uma preocupação especial quando se trata de crianças pequenas e bebês que passam muito tempo perto do chão, disse ele.

Muitas pessoas de cor são expostas a níveis maiores de disruptores endócrinos, disse Bloom. Alguns pesquisadores especularam que isso ocorre porque os produtos comercializados para elas, incluindo produtos para cuidados com os cabelos, têm concentrações maiores, disse Bloom.

“Alguém que segue sua rotina regular usando seus produtos de cuidados pessoais favoritos, bebendo água da torneira, comendo produtos –– pode estar exposto a níveis muito, muito pequenos de EDCs de muitas maneiras diferentes que se acumulam ao longo da vida”, disse Friedman.

Reduzindo sua exposição

Pode ser difícil dizer quais produtos podem expô-lo a mais desreguladores endócrinos apenas olhando o rótulo, disse Bloom.

Os componentes de muitos produtos são proprietários, ou seja, protegidos pela propriedade da empresa, por isso nem sempre são claramente rotulados, acrescentou.

“Não há requisitos claros de rotulagem, e a indústria pode mudar o que usa ao longo do tempo”, disse Bloom.

Isso significa que um produto testado há dois anos pode ser fabricado de forma diferente agora e apresentar diferentes níveis de exposição, acrescentou.

“Pesquisadores científicos e cientistas de saúde ambiental estão constantemente tentando alcançar os produtos usados ​​pela indústria”, disse Bloom.

Há medidas que agências governamentais estão tomando para ajudar a proteger os consumidores e mais pesquisas ainda estão sendo feitas, de acordo com uma declaração por e-mail da Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

“A EPA tomou medidas para regulamentar esses produtos químicos no meio ambiente e fornece escrutínio adicional para produtos químicos, incluindo pesticidas, por meio do Programa de Triagem de Disruptores Endócrinos”, disse o comunicado.

No entanto, a prevalência de EDCs e a falta de clareza na rotulagem não significa que não haja nada que você possa fazer.

Friedman recomenda encontrar mudanças administráveis ​​que você pode fazer que ainda se encaixem no seu orçamento, prioridades e estilo de vida. Substituir gradualmente os produtos de cuidados pessoais, um de cada vez, conforme você usa os produtos individuais, é um ótimo lugar para começar, ela disse. Filtrar EDCs do abastecimento de água também é uma maneira administrável de começar, ela acrescentou.

Há muitos bancos de dados on-line confiáveis ​​disponíveis ao público para pesquisar produtos de cuidados pessoais mais seguros, como o SkinSafeProducts.com , desenvolvido por alergistas e dermatologistas da Clínica Mayo, e o Skin Deep do EWG, disse Bloom.

Não se trata de reformular tudo –– Friedman tem cabelos cacheados, então ela continua com o mesmo xampu e condicionador, mas ela encontra produtos que não se importaria em trocar e faz mudanças neles, ela disse.

O EWG também tem um banco de dados de água encanada para que as pessoas possam pesquisar a qualidade da água potável por código postal e usar um guia de filtragem de água para escolher o sistema certo para elas.

“Pode não ser tão fácil (para as pessoas) mudar onde vivem, talvez até mesmo sua água –– esses tipos de fontes ambientais que são apenas parte da sua vida: o ar que você respira, as coisas às quais você é exposto no trabalho, etc.”, ela disse. “Mas produtos de cuidados pessoais são uma coisa em que eu acho que as pessoas têm muita autonomia e o que elas estão comprando dentro da razão.”

Certos produtos químicos podem desencadear puberdade precoce em meninas

Em resumo

* Compostos encontrados em fragrâncias e outros produtos desencadearam vias de sinalização em células de camundongos e humanos que podem ajudar a dar início à puberdade precoce.

* As descobertas sugerem a necessidade de mais estudos desses compostos em pessoas.

Em todo o mundo, o número de meninas que experimentam puberdade precoce aumentou drasticamente na última década. Puberdade é o período da vida em que uma pessoa se torna sexualmente madura. Quando esse processo começa em meninas com menos de 8 anos, é chamado de puberdade precoce ou puberdade precoce. A puberdade precoce pode levar a desafios sociais e a um risco aumentado de certos problemas de saúde mais tarde na vida, incluindo doenças cardíacas, diabetes e câncer de mama.

Dado o aumento repentino de casos de puberdade precoce em meninas, cientistas têm se perguntado se compostos no ambiente, conhecidos como disruptores endócrinos, podem estar contribuindo para isso. Disruptores endócrinos são substâncias naturais ou artificiais que podem imitar, bloquear ou interferir nos hormônios do corpo.

A cascata de hormônios que inicia a puberdade começa em uma parte do cérebro no hipotálamo, que então ativa células na hipófise anterior. Os pesquisadores ainda não compreendem totalmente como o corpo desencadeia essa cascata, mas dois receptores encontrados em neurônios nessas regiões, o receptor do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRHR) e o receptor de kisspeptina (KISS1R), provavelmente desempenham um papel.

Estudos que utilizaram amostras de sangue ou urina para buscar substâncias químicas que possam ativar esses receptores conseguem refletir apenas uma exposição breve. Além disso, esses estudos não conseguem observar diretamente os efeitos sobre os neurônios.

Para entender melhor como substâncias químicas podem afetar o GnRHR e o KISS1R, uma equipe de pesquisa liderada pelos cientistas do NIH, Drs. Menghang Xia e Natalie Shaw, usou linhagens de células humanas modificadas que produzem GnRHR ou KISS1R. Eles expuseram essas células a cerca de 10.000 compostos, incluindo medicamentos aprovados e substâncias químicas artificiais encontradas no ambiente. Os resultados foram publicados em 27 de agosto de 2024, na revista Endocrinology.

A equipe identificou vários compostos que poderiam ativar os receptores. Em seguida, realizaram mais experimentos com um composto que ativava o KISS1R chamado musk ambrette. Musk ambrette é uma molécula de fragrância que pode ser encontrada em produtos como sabonetes, detergentes e loções.

Em neurônios que produzem KISS1R, a exposição ao musk ambrette no laboratório ativou o gene para uma molécula conhecida por ser produzida quando o KISS1R é ativado. Resultados semelhantes foram observados com cinco compostos que poderiam potencialmente ativar o GnRHR.

Para testar os efeitos em um organismo vivo, a equipe tratou embriões de peixe-zebra com musk ambrette durante seu desenvolvimento. Peixes-zebra e humanos se desenvolvem de maneira semelhante, usando os mesmos processos e genes equivalentes. Após a eclosão, as larvas de peixe-zebra expostas ao musk ambrette apresentavam aparência semelhante às que não foram expostas a substâncias químicas. No entanto, a área do cérebro responsável pela liberação dos hormônios que desencadeiam a puberdade estava expandida nas larvas expostas ao musk ambrette.

“São necessárias mais pesquisas para confirmar nossos achados”, observa Shaw. “Mas a capacidade desses compostos de estimular receptores chave no hipotálamo e na hipófise levanta a possibilidade de que essa exposição possa ativar prematuramente o eixo reprodutivo em crianças.”

—por Sharon Reynolds

domingo, 27 de outubro de 2024

A concorrência tornará os medicamentos para obesidade melhores, mais baratos e mais acessíveis

A concorrência tornará os medicamentos para perda de peso melhores, mais baratos e mais acessíveis
Novo Nordisk e Eli Lilly enfrentam um número crescente de concorrentes

Entre os muitos novos participantes no mercado de medicamentos para perda de peso está a Hims & Hers, uma farmácia eletrônica americana mais conhecida por vender remédios para disfunção erétil e queda de cabelo. Desde maio, a empresa oferece sua própria versão do Wegovy, um popular injetável para emagrecimento, graças a uma peculiaridade da lei americana que permite que farmácias reproduzam alguns medicamentos de marca quando há escassez. Analistas esperam que a empresa arrecade cerca de US$ 145 milhões com seu medicamento para perda de peso este ano.

Nos últimos dois anos, as vendas em alta do Wegovy e de seu principal concorrente, o Zepbound, impulsionaram o valor de mercado combinado da Novo Nordisk e da Eli Lilly, as fabricantes desses medicamentos, de US$ 560 bilhões para US$ 1,3 trilhão. O hormônio GLP-1, que é a base de ambos os medicamentos, tem se mostrado altamente eficaz em ajudar os usuários a perder peso, a ponto de seus fabricantes terem dificuldades em atender à demanda.

Além disso, pesquisadores estão agora descobrindo que os benefícios desses medicamentos vão muito além da perda de peso, justamente quando os preços devem cair e formas mais convenientes estão em desenvolvimento. A Bloomberg Intelligence, uma empresa de pesquisa, prevê que os gastos globais com medicamentos para perda de peso aumentarão de US$ 15 bilhões neste ano para US$ 94 bilhões até 2030 (veja o gráfico 1). Com centenas de concorrentes de olho em um vasto mercado de usuários potenciais, os medicamentos contra obesidade estão se configurando como um dos maiores e mais disputados campos de batalha da história da indústria farmacêutica.

Até agora, seguradoras de saúde e governos têm sido relutantes em cobrir os custos do uso de GLP-1s para perda de peso (uma dose menor é prescrita para diabetes). Nos Estados Unidos, o maior mercado de longe para esses medicamentos, o Wegovy pode custar até US$ 17.500 por ano para aqueles que pagam do próprio bolso. Apenas metade dos pacientes com seguro privado tem cobertura para ele. O Medicare, o sistema de saúde pública do país para idosos, é proibido por lei de fornecer medicamentos contra a obesidade.

No entanto, à medida que crescem as evidências de que esses medicamentos para emagrecimento oferecem benefícios além dos cosméticos, seguradoras e governos podem começar a vê-los de forma diferente. Muitos dos 110 milhões de americanos obesos sofrem de condições relacionadas, que vão de doenças cardíacas à apneia do sono. Medicamentos para perda de peso poderiam ajudar. Há também indicações iniciais de que GLP-1s poderiam ser usados para tratar transtornos de uso de substâncias, doença de Alzheimer e várias outras condições. O Escritório de Orçamento do Congresso estima que, com esses novos usos, cerca de um quinto da população do Medicare, aproximadamente 16 milhões de pacientes, poderá ter acesso a esses medicamentos até 2026.

Ao mesmo tempo, a concorrência provavelmente tornará os medicamentos para perda de peso tanto melhores quanto mais baratos. Embora a Novo Nordisk e a Eli Lilly devam dominar o mercado por enquanto, concorrentes estão correndo para desenvolver alternativas, forçando a dupla a continuar inovando. A Citeline, uma empresa de pesquisa, estima que mais de 300 candidatos a medicamentos estão em desenvolvimento, muitos dos quais devem chegar ao mercado nos próximos anos (veja o gráfico 2). Patrik Jonsson, chefe da divisão da Eli Lilly responsável por medicamentos para perda de peso, afirma que o nível de competição é algo que ele nunca experimentou antes.

Uma área de concorrência é a facilidade de uso. A Amgen, uma grande empresa americana de biotecnologia, está desenvolvendo um medicamento que poderá ser injetado pelos pacientes talvez apenas uma vez por mês, em vez de uma vez por semana, como atualmente. Outra solução é eliminar a agulha por completo. Pílulas não só são mais simples de produzir, como também evitam a necessidade de armazenamento refrigerado, que é caro. Tanto a Eli Lilly quanto a Novo Nordisk devem lançar medicamentos orais de GLP-1 em 2026.

As farmacêuticas também estão competindo para produzir tratamentos mais eficazes, incluindo a experimentação com outros ingredientes ativos. Alguns candidatos a medicamentos buscam aumentar a porcentagem de perda de peso, chegando talvez a um quarto do peso corporal dos pacientes. Outros focam na redução dos efeitos colaterais, o que deve atrair mais pessoas ao tratamento. Cerca de um terço dos usuários de GLP-1 desiste em três meses, muitas vezes devido a náuseas, vômitos, perda muscular e outros efeitos desagradáveis. A Zealand Pharma, uma empresa de biotecnologia dinamarquesa que está desenvolvendo um medicamento para perda de peso que atua em outro hormônio, a amilina, afirma que ele pode oferecer benefícios de perda de peso semelhantes aos dos GLP-1, mas com menos desses problemas.

Toda essa competição deverá reduzir os preços. A Eli Lilly já cortou pela metade o preço de suas injeções. O banco de investimentos Jefferies estima que, até o final desta década, o custo anual dos medicamentos para perda de peso nos Estados Unidos cairá para cerca de US$ 3.000. Ainda assim, esses preços continuarão fora do alcance da vasta quantidade de pacientes em países pobres. Dos 1 bilhão de adultos obesos no mundo, mais de dois terços vivem em países em desenvolvimento, segundo a Federação Mundial da Obesidade, uma ONG. Empresas farmacêuticas da China e da Índia estão de olho nesses mercados.

Na China, quase metade de todos os adultos estão com sobrepeso ou obesidade, tornando o país um mercado potencial enorme para medicamentos para perda de peso. A semaglutida (ingrediente ativo do Wegovy) e a tirzepatida (ingrediente ativo do Zepbound) já foram aprovados para tratar a obesidade no país. A Eli Lilly e a Innovent, uma empresa chinesa de biotecnologia, estão desenvolvendo um medicamento chamado Mazdutide para esse mercado, que deverá estar disponível a partir do próximo ano por cerca de metade do preço do Zepbound nos EUA.

Os genéricos serão ainda mais importantes para ampliar o acesso a esses medicamentos nos países em desenvolvimento. A expiração de patentes ajudará: a semaglutida perderá sua proteção na China e na Índia em 2026, o que deve desencadear uma enxurrada de biossimilares (como são conhecidas as versões genéricas de medicamentos biológicos). Na China, oito biossimilares de medicamentos para perda de peso estão programados para entrar no mercado após 2026. 

Os fabricantes de medicamentos da Índia, que fornecem mais medicamentos genéricos do que qualquer outro país, também estão desenvolvendo suas próprias versões. O mercado de medicamentos para perda de peso não deverá “perder peso” tão cedo.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Perda de músculo e sarcopenia no tratamento medicamentoso da obesidade

Terapias farmacológicas com ‘multi-agonistas’ baseados em incretina estão avançando rapidamente no cenário terapêutico para obesidade. A perda de massa muscular esquelética com esses potentes agentes de perda de peso está surgindo como um possível efeito colateral. Portanto, é importante determinar se os multi-agonistas aumentam o risco de sarcopenia em pacientes suscetíveis.

Ao longo da última década, a farmacoterapia baseada em incretinas — especificamente, a classe de agonistas do receptor de peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1R) e sucessores multi-agonistas — gerou grande entusiasmo no campo da obesidade. Esses agentes são geralmente baseados na ação comprovada do GLP-1R para suprimir o apetite e reduzir a ingestão alimentar. 

Outras ações agonistas em receptores relacionados, incluindo o receptor do peptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIPR), o receptor de glucagon (GCGR) e o receptor de amilina, promovem efeitos sinérgicos, como melhora na supressão do apetite, aumento do gasto energético e da lipólise hepática. 

Potentes candidatos a fármacos multi-agonistas baseados em incretinas estão agora sendo desenvolvidos rapidamente em várias linhas de desenvolvimento de medicamentos. Modulando várias vias de balanço energético, esses agentes podem reduzir o peso corporal total em 10–25%, o que rivaliza com os resultados alcançados por intervenções cirúrgicas. Porém, a preservação da massa muscular esquelética durante o tratamento para perda de peso está se tornando uma consideração importante no desenvolvimento desses medicamentos.

Compreendendo cerca de 40% do peso corporal total, o músculo esquelético desempenha muitas funções, incluindo locomoção, manutenção da postura e equilíbrio, respiração e papéis metabólicos essenciais, como armazenamento de nutrientes, metabolismo energético e produção de calor. A contribuição do músculo esquelético para o gasto energético é, portanto, importante para promover a perda de peso sustentável. 

No entanto, a perda de peso, por qualquer meio, está associada à perda de tecido magro e de massa muscular esquelética (MME). A sarcopenia definida como baixa força muscular juntamente com quantidade ou qualidade muscular reduzida é reconhecida como um importante fator de risco para deficiência, morbidade e mortalidade. Complicando ainda mais a situação, há a obesidade sarcopênica, uma condição na qual a complexa interação metabólica entre o tecido adiposo e o músculo esquelético leva à inflamação muscular, lipotoxicidade e fraqueza em pacientes com obesidade.

Os ensaios de Fase III forneceram uma visão inicial sobre o efeito das novas farmacoterapias para perda de peso na massa corporal magra (LBM) e na massa muscular esquelética (MME). 

No ensaio STEP-1, uma subanálise de 140 pessoas com obesidade sem diabetes, que receberam semaglutida na dose de até 2,4 mg uma vez por semana durante 68 semanas, mostrou que aproximadamente de 40% (6,92 kg) da perda de peso corporal total veio da massa magra (medida por absorciometria de raios-X de dupla energia, DXA). 

Essa proporção de LBM em relação à perda total de peso corporal é consistente com o uso de semaglutida 1,0 mg uma vez por semana no ensaio SUSTAIN 8. Apesar desses achados, a proporção de LBM em relação ao peso corporal total aumentou em ambos os estudos. Nessas análises post hoc, não houve avaliação da força muscular, uma vez que isso não era um desfecho dos estudos originais. Outros estudos com doses menores de semaglutida mostraram efeitos mínimos na MME ou na força de preensão manual. 

Curiosamente, em humanos, infusões de GLP-1 recrutam a microvasculatura do músculo esquelético e levam à melhora da oxigenação e do metabolismo dos tecidos. 

Portanto, o efeito da agonização de GLP-1R no músculo esquelético pode proporcionar um efeito protetor diante da restrição energética.

O co-agonista GLP-1R–GIPR tirzepatida demonstrou resultados impressionantes no ensaio SURMOUNT-1, com uma perda média de peso corporal total de 15–21% em pessoas com sobrepeso ou obesidade sem diabetes ao longo de 72 semanas. Uma subanálise de DXA de 255 participantes mostrou que cerca de 25% (5,67 kg) da perda total de peso corporal veio da massa magra (LBM). Apesar desse achado, a proporção de massa gorda total em relação à massa magra total diminuiu mais no grupo da tirzepatida, e os escores de atividade física aumentaram. A tirzepatida também demonstrou melhorar a qualidade muscular com redução da infiltração de gordura.

Portanto, a perda de massa gorda após a perda de peso mediada por GLP-1R (com ou sem GIPR) pode atenuar qualquer efeito negativo da obesidade na função muscular, além de levar a melhorias gerais na mobilidade. Em conjunto, ensaios clínicos demonstram perda de massa magra com farmacoterapia direcionada ao GLP-1R e GLP-1R–GIPR, mas as evidências são fracas quanto à tradução disso em redução da força muscular ou sarcopenia; de fato, há evidências de melhora na composição muscular e na capacidade e atividade física geral.

Vários outros co-agonistas e agonistas triplos que também tem como alvo o GCGR estão atualmente em fases avançadas de desenvolvimento de medicamentos e próximos de implantação clínica. Por exemplo, o tri-agonista de aplicação semanal retatrutida resulta em uma notável perda de 24,2% do peso corporal total ao longo de um período de tratamento de 48 semanas. 

Devido à atividade hepática do GCGR, os multi-agonistas GLP-1R–GCGR e GLP-1R–GCGR–GIPR reduzem os níveis circulantes de aminoácidos. O que ainda não está claro é se a hipoaminoacidemia desencadeada por esses agentes leva à maior perda de massa muscular e, consequentemente, à fraqueza muscular funcional em humanos a longo prazo. Também não se sabe se a hipoaminoacidemia pode ser revertida com intervenções simples, como uma dieta rica em proteínas.

Um fator chave que dificulta a pesquisa nesta área é a falta de padronização das métricas para avaliação do músculo esquelético. Diversas medições de massa muscular esquelética (SMM), incluindo avaliações substitutivas, são frequentemente relatadas em estudos clínicos (por exemplo, massa livre de gordura ou massa corporal magra - LBM). É importante ressaltar que a LBM fornece uma medida composta de músculos, ligamentos, tendões, tecidos de órgãos e água, com a massa livre de gordura também incluindo normalmente a massa óssea; portanto, essas medições não são medidas “puras” de SMM. As modalidades de imagem também variam amplamente e incluem DXA, análise de bioimpedância, além de modalidades mais focadas no músculo esquelético, como ressonância magnética (MRI) ou tomografia computadorizada (CT). 

Embora a SMM e seus substitutos sejam frequentemente relatados, as avaliações de força não são rotineiramente relatadas em ensaios de farmacoterapia para perda de peso, como mencionado anteriormente. A massa muscular por si só é um indicador fraco de força, e a força é um melhor preditor dos resultados negativos da sarcopenia: por isso, a redução da força muscular — apoiada por mudanças na massa muscular, qualidade ou desempenho físico — está no centro das definições internacionais de consenso sobre sarcopenia. Para o futuro, a avaliação do músculo esquelético deve ser padronizada em grandes projetos de ensaios clínicos para facilitar a comparabilidade. O DXA de corpo inteiro, a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada são ferramentas validadas para avaliar a SMM descritas nas diretrizes internacionais de sarcopenia. Métodos mais sofisticados, como escores-Z para volume de tecido muscular livre de gordura avaliado por MRI, foram sugeridos. A qualidade muscular também pode ser avaliada com estudos de imagem seccionais que detalham especificamente a arquitetura e a composição muscular. Para avaliações de força muscular e desempenho físico, combinações de testes de força de preensão manual, velocidade de marcha e a bateria de testes curtos de desempenho físico podem ser usadas.

Uma questão fundamental enfrentada pelos medicamentos multi-agonistas para perda de peso é o efeito sobre o músculo esquelético em indivíduos com risco aumentado de sarcopenia ou com sarcopenia já estabelecida. Além do envelhecimento e da obesidade, os fatores de risco para sarcopenia incluem múltiplas condições crônicas, inatividade e estado nutricional. Assim, investigar a farmacoterapia para perda de peso em populações com redução da massa muscular esquelética (SMM) e força é justificável. Se a farmacoterapia para perda de peso causar perda de SMM e, talvez, piorar a sarcopenia, é possível prevenir isso? 

Embora pareça sensato recomendar um aumento na ingestão de proteínas alimentares junto com exercício físico, não há consenso claro sobre a quantidade ou o tipo de proteína a ser consumida. 

Além disso, a frequência, o tipo e a intensidade ideais da intervenção de exercício ainda não estão claros e merecem mais investigação, especialmente considerando que muitos pacientes terão sarcopenia estabelecida ou outras incapacidades que podem impedir atividades físicas intensas. Vários compostos voltados especificamente para o anabolismo muscular estão sendo investigados para serem administrados juntamente com a farmacoterapia para perda de peso. Um deles, o bimagrumabe (um anticorpo monoclonal contra o receptor de activina II), está atualmente sendo estudado como terapia complementar ao semaglutida. A necessidade real e os efeitos a longo prazo desses agentes anabólicos precisam ser claramente estabelecidos.

Em resumo, o foco da farmacoterapia para perda de peso deve mudar de uma simples redução de peso para uma perda de peso saudável, com preservação da massa muscular esquelética (SMM), força e qualidade. 

Investigações adicionais são necessárias sobre os efeitos dos multi-agonistas no músculo esquelético, especialmente em pacientes com sarcopenia. Essa abordagem permitirá, no futuro, terapias de perda de peso mais eficazes e personalizadas.

Caixa 1 Perguntas não respondidas para farmacoterapia de perda de peso e músculo esquelético

Há redução tanto na massa quanto na função muscular (isto é, sarcopenia) com medicamentos para perda de peso?

Quais medidas de desfechos musculares são as melhores para serem usadas em ensaios clínicos?

O risco de sarcopenia aumenta com o avanço da idade, obesidade, MAFLD ou MLTC?

O risco de perda muscular aumenta com os multi-agonistas que têm como alvo o GCGR?

Qual é a melhor forma de implementar estratégias de exercício e suplementação de proteína na dieta?

Os agentes anabólicos musculares são uma solução para proteger o músculo esquelético?

GCGR, receptor de glucagon; MAFLD, doença hepática gordurosa associada ao metabolismo; MLTC, condições crônicas de longa duração.

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By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
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Embaixador das Comunidades Médicas de Endocrinologia - EndócrinoGram e DocToDoc