domingo, 6 de outubro de 2024
Analogos de GLP1 no tratamento da dependência
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
Combo: Tô na Nutro e agora + Metodologia de estudo para a prova de título.
Durante todo o mês de Outubro venderei o combo composto pelo e-book: To na Nutro e agora? e o Metodologia de estudos para a prova de titulo de 2025.
O material foi atualizado durante 2024 e é um norte para quem deseja se preparar para a prova de título.
Interessados, enviem mensagem para menutrologia@gmail.com
A mentoria para a prova de título de 2025 começará em Novembro de 2024 e as duas turmas (terça-feira e quarta-feira) estão preenchidas.
Dr. Frederico Lobo
CRM-GO 13192 - RQE 11915
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
Epitomee Medical anuncia liberação da FDA para sua cápsula, dispositivo de controle de peso
quarta-feira, 2 de outubro de 2024
Pequi - O ouro do cerrado e suas propriedades nutricionais
Começou a safra do Pequi. Ela vai de Outubro a Março. Esse fruto polêmico, patrimônio imaterial dos povos do cerrado. Amado por muitos e odiado por tantos. O nosso ouro. Então, eu como apaixonado por essa árvore do cerrado te darei 10 motivos para você comer pequi esse ano e por todo o resto da sua vida. Pequi é saúde.
1º motivo: Porque pequi é daqui! Parece só um trocadilho bobo, mas não é. Quando levamos em conta uma alimentação saudável, falamos também de comida regional e típica. Ela carrega quantitativo de nutrientes, memórias e identidade cultural. Tem o pequi de Minas? Tem. Tem o do Tocantins? Tem. Tem o do Mato Grosso? Tem. Mas nenhum é igual o de Goiás. Pequi é nosso patrimônio cultura/culinário e pensando nisso (eu acho) a EMBRAPA cerrados conseguiu criar um Pequi sem espinhos ou pequi nutella como alguns denominam.
2º motivo: A polpa possui altíssimo teor de gordura (então lembre-se ele é calórico), com o predomínio dos ácidos graxos monoinsaturados, as tais gorduras “boas” (ácidos graxos oleico - 55,8% e palmítico - 35,1%). Na semente ou amêndoa (que é uma delícia também), há gordura, proteína, zinco. http://periodicos.ufc.br/eu/article/view/89525#:~:text=Em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0s%20suas%20caracter%C3%ADsticas,%C3%B3leos%20e%205%25%20de%20cinzas.
3º motivo: O teor de fibra alimentar bruta contida na polpa do pequi é considerado alto, aproximadamente de 19g em 100g.
4º motivo: Análises minerais da polpa revelam grandes quantidades de niacina, riboflavina, magnésio, potássio, cálcio, zinco, além dos carotenóides.
5º motivo: Possui diversas substâncias com propriedades antioxidantes: compostos fenólicos e carotenóides totais, associados ao combate de radicais livres. O pequi é riquíssimo em carotenos (precursores de vitamina A). O estudo da UFG evidenciou a presença de zeaxantina, luteína, criptoflavina, anteroxantina, mutatoxantina, luteolina,
6º motivo: Seus componentes (antioxidantes) fazem com que o consumo do fruto auxilie no combate aos radicais livres. Inclusive tanto a UNB quando a UFG fazem pesquisa com a polpa/casca/óleo de pequi. Um estudo realizado pela UFG evidenciou que a suplementação (por 14 dias) com óleo de polpa de pequi (C. brasiliense) em corredores promoveu melhora do perfil lipídico, da pressão arterial sistólica/diastólica, redução da pressão arterial induzida pelo exercício e da inflamação oriunda do exercício (corrida). Há dezenas de estudos em animais e in vitro promissores, demonstrando efeitos antioxidantes, antiinflamatórios, cardioprotetores, hepatoprotetores, antigenotóxicos e anticarcinogênicos.
7º motivo: Dá pra comer pequi refogado, com arroz, com frango, com milho, na empadinha da lanchonete, na pamonha e até mesmo no chocolate . O sabor e o aroma marcante do fruto possibilita uma infinidade de criações culinárias.
8º motivo: A amêndoa do pequi contém boa quantidade de óleo que por suas características químicas (ácidos insaturados), pode ser misturado ao mel de abelha e usado como expectorante ou mesmo na indústria cosmética para a produção de sabonetes e cremes para a pele.
9º motivo: Aprender a cozinhar (pequi ou outras comidas regionais) também ajuda a desenvolver e partilhar habilidades culinárias. Seu consumo está profundamente enraizado na culinária do centro-oeste, Tocantins, norte de Minas gerais. Regiões com cerrado. É utilizado em uma variedade de pratos típicos, como o arroz com pequi, frango com pequi, galinhada e outros, sendo um ingrediente essencial para dar sabor e aroma característicos a essas preparações. Sendo assim, está associado à identidade cultural e regional das comunidades do cerrado brasileiro. Ele é valorizado como um símbolo da biodiversidade e da riqueza natural dessas regiões, destacando a importância da preservação e valorização do ecossistema do cerrado. O cultivo, extrativismo racional e a comercialização do pequi representam uma importante atividade econômica para o cerrado. Promovendo geração de renda e o sustento de agricultores familiares e pequenos produtores, fortalecendo a economia local e incentivando a permanência das pessoas no campo.
10º motivo: Patrimônio cultural imaterial: O pequi e as práticas associadas ao seu consumo, como a preparação de pratos tradicionais, são reconhecidos como parte do patrimônio cultural imaterial do Brasil. O consumo e a valorização do pequi contribuem para preservar e transmitir essas tradições às gerações futuras, enriquecendo a diversidade cultural do país.
Por último: Pequi é ótimo pra memória. É ou não ? Piada interna dos goianos, afinal, uma vez que você consome uma boa quantidade de pequi, fica arrotando o gosto por quase 1 dia, lembrando que consumiu. Ou seja, ajuda a memorizar que comeu pequi.
Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 / CRM-SC 32949 - RQE 22416
terça-feira, 1 de outubro de 2024
Frutas, verduras e legumes: Outubro
Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.
Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antixodantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumí-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.
Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina.
Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.
Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais. Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente. Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável.
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Salada 22: Tabule tradicional
Introdução à salada:
https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada.html
Princípios básicos da salada:
https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada-post-1-principios.html
Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã:
Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico:
http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0
Salada 3: Salada de inverno de rúcula:
https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html
Salada 4: Salada com legumes assados:
https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html
Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:
https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html
Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante:
https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html
Salada 7: Salada cítrica de grão de bico:
https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html
Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate:
https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html
Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas:
https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0
Salada 10: Salada com molho homus
https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html
Salada 11: Salada de atum crocante:
https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html
Salada 12: Trigo cozido com especiarias
https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html
Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel
https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html
Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado
https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html
Salada 15: Salada Waldorf
https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html
Salada 16: Salada de inverno cítrica
https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html
Salada 17: Salada de inverno de cogumelos
https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html
Salada 18: Salada Grega
https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html
Salada 19: Salada de Chicória (escarola) com páprica defumada
https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-19-salada-de-chicoria-escarola.html
Salada 20: Salada de chicória com tahine
https://www.ecologiamedica.net/2024/08/salada-20-salada-de-chicoria-com-tahine.html
Salada 21: Salada de chicória com tofu amassado
Salada 22: Tabule tradicional
domingo, 8 de setembro de 2024
Chip da beleza’: regulamentação de implantes hormonais é urgente
É necessário regulamentar, fiscalizar e frear tratamentos que transformam o corpo humano em um playground químico do mau uso de hormônios. Imagine um cenário onde médicos prescrevem, vendem e farmácias de manipulação produzem “hormônios mágicos”, “chips da beleza”, fórmulas e soros para felicidade, amor, juventude, menopausa, libido, potência, músculos e emagrecimento. Imagine essas promessas circulando livremente em consultórios, na mídia e nas redes sociais, sem respaldo ético e científico e sem dados confiáveis de eficácia e segurança. Parece exagero? Pois bem, essa é a realidade no Brasil.
Existe apenas um implante hormonal devidamente aprovado no Brasil: o Implanon, um contraceptivo bem estudado e registrado. Hormônios em dosagens, combinações e vias de administração pouco estudadas e sem aprovação estão sendo produzidos, divulgados e comercializados em larga escala. Essas fórmulas combinam substâncias de forma aleatória em misturas perigosas, vendidas como se fossem a última palavra em saúde e bem-estar.
O país foi tomado por uma febre de modulação hormonal e implantes oferecidos como soluções milagrosas para tudo. Mas a verdade é que esse mercado tem pouco de milagre e muito de perigo. E quem paga o preço dessa aventura? O paciente, que, na ânsia de resultados rápidos, coloca sua saúde em risco.
Matéria completa em: https://veja.abril.com.br/coluna/letra-de-medico/chip-da-beleza-regulamentacao-de-implantes-hormonais-e-urgente/
Hora de dizer adeus ao IMC?
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Vantagens da obesidade
- Comer o que se gosta. Não ter limites quanto à qualidade (tipo) da comida. Gostam de comer algo mais palatável ou se é algo com sabor mais comum e que não estimula tanto as papilas gustativas e a produção de dopamina).
- Comer o quanto se quer, na hora que quer, como quer. Não ter limites quanto à quantidade da comida.
- Não precisar sofrer com limites (dieta é uma restrição, é uma limitação e por isso quanto mais restritiva, maiores as chances do paciente abandonar o tratamento).
- Conhecer novos estabelecimentos de comida. Comer novidades. Há pacientes afoitos por novidades, a novidade leva a uma maior produção de dopamina. No fim, garimpar novos lugares pode se tornar um hobby e fonte de prazer.
- Não precisar "sofrer" em academia/estúdios, sentindo dor muscular, cansando, abdicando de uma hora do dia. Por mais que na prática percebamos que a dor dá lugar a um prazer (talvez por reação bioquímica no cérebro), a idéia que os pacientes sedentários possuem é: malhar dói !
- Evitar relacionamentos amorosos e com isso evitar sofrimentos de uma vida a dois. É inegável que portadores de obesidade podem ter uma maior dificuldade para acharem parceiros (as). Com isso evitam sofrer em relacionamentos.
- A comida é um anestésico diante dos sofrimentos cotidianos, diante de situações que incomodam ou causam dor emocional. Mesmo o efeito anestésico sendo de curta duração e o prazer proporcionado por ela também. A comida pode ser uma válvula de escape.
- Sendo portador de obesidade, o paciente não precisa ficar se preocupando com a saúde. Ou seja, ele se esquiva de procurar auxílio ao médico anualmente, para realizar exames que podem escancarar uma verdade difícil de ser vista. Isso também é uma vantagem, mesmo sabendo que lá no fundo isso é mentira, que todos nós temos medo de adoecer. Muitas vezes uma negação da realidade na qual o paciente está inserido.
- Viver em sociedade é prazeroso mas pode ser doloroso. Relações interpessoais podem ser fonte de angústia, raiva, aflição. Quando você se torna obeso, você pode voluntariamente evitar eventos sociais em que terá que relacionar com pessoas que você não tem afinidade. Ou seja, o isolar-se socialmente e com isso reduzir atritos também pode ser uma das vantagens da obesidade.
- Mas para outros, viver em sociedade é prazeroso e a comida é um dos meios de agrupar pessoas queridas. Ou seja, se uns tiram vantagem ao evitar o contato, outros veem isso como uma forma de socializar. Socializar, confraternizar, comemorar, "resenhar" geralmente envolve comes e bebes.
- Fuga da auto-responsabilidade e de autocuidados. Ter consciência de que está acima do peso e assumir a responsabilidade de parte disso é um ato que demonstra maturidade emocional e até mesmo intelectual. Quando o portador de obesidade se nega a assumir isso, ele traz à tona um lado rebelde, infanto-juvenil, no qual ele se exime de se responsabilizar por parte do problema. Menos peso no ombro, mesmo que isso custe mais peso no corpo.
- Ser portador de obesidade, faz com que algumas pessoas se vejam na obrigação de ser legal com as pessoas, boazinhas, engraçadas, inteligentes e mais competente que as demais. Um fato de compensação pois se acha inferior por estar acima do peso. Ser uma pessoa mais legal e querida pela maioria (mesmo que essa maioria seja veladamente preconceituosa) pode ser uma vantagens para alguns.
terça-feira, 3 de setembro de 2024
O aumento do risco de suicídio em usuários de esteroides anabolizantes
A postagem abaixo foi feita por um amigo psiquiatra. Há muitos anos estamos trocando experiências sobre efeitos dos Esteróides anabolizantes (EAAs) na saúde mental humana. E o que tenho percebido me assusta, ano após ano.
Quando comecei a atender em 2009, jamais imaginaria que a situação chegaria ao ponto atual. Consigo relatar pelo menos uns 50 casos de pacientes que tiveram a vida devastada após uso de anabolizantes. Vi, ouvi, acolhi:
- Pacientes com depressão que tiveram sintomas agravados, principalmente ao final de ciclos ou quando a droga vai decaindo na circulação.
- Pacientes com quadro de ansiedade generalizada que após uso de EAAs abriram quadro de síndrome do pânico ou ficaram extremamente hiper-reativos, agressivos.
- Pacientes borderline que após uso tiveram exacerbação dos sintomas, com consequências legais/criminais.
- Pacientes com transtorno bipolar que fizeram mania psicótica após início do uso.
- Pacientes com transtorno bipolar que desencadearam mania e foram a falência ou se endividaram.
- Pacientes com transtorno ansioso que começaram a ter ideação suicida e outros até tentaram suicídio.
- Pacientes com transtorno bipolar que passaram a ter compulsão sexual após o uso, levando ao término de casamentos de décadas.
- Pacientes previamente saudáveis que após o uso abriram quadro de esquizofrenia.
- Pacientes com TDAH que pioraram os sintomas após o uso e passaram a ter comportamentos de risco.
- Pacientes bipolares que passaram a ter comportamento de risco e contraíram DSTs.
- Paciente que com o uso tornou-se totalmente agressivo, destruindo o seio familiar, seja por agressão aos filhos ou violência doméstica contra a esposa.
- Pacientes que sob uso de EAAs tornam-se um perigo para a vida em sociedade, devido agravamento de transtornos psiquiátricos de base, favorecendo brigas de trânsito, agressões físicas contra terceiros e até mesmo a praticar crimes.
Setembro amarelo
Por quase 15 anos relutei adentrar esse tema. Perdi meu pai no dia 10 de setembro de 2003, ironicamente ele suicidou no dia mundial de prevenção do suicídio. Assunto espinhoso e que por muitos anos foi tabu pra mim.
O setembro amarelo começou nos Estados Unidos, quando Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Era um jovem muito habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo. Por conta disso, ficou conhecido como "Mustang Mike". Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte.
No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem "Se você precisar, peça ajuda.". A iniciativa foi o estopim para um movimento importante de prevenção ao suicídio, pois os cartões chegaram realmente às mãos de pessoas que precisavam de apoio. Em consequência dessa triste história, foi escolhido como símbolo da luta contra o suicídio, o laço amarelo.
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza, em todo o país a campanha do setembro amarelo. Na qual durante todo o mês procuramos conscientizar as pessoas sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento. Falar sobre suicídio é importante.
Ao longo dos anos fui sabendo de várias histórias de médicos que, assim como meu pai suicidaram. Pai e mães de colegas médicos, amigos, profissionais da área da saúde, familiares, professores e alguns pacientes. Baseado nesse histórico, ao longo de quase toda minha vida profissional sempre questionei na consulta sobre ideação suicida. As vezes durante a consulta, as vezes no questionário pós-consulta. E pasmem, é muito prevalente. Uma boa parte das pessoas tiveram alguma vez na vida ideação suicida e isso não quer dizer que elas um dia suicidarão. Porém, atenção deve ser dada!
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde - OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas suicidam por dia no Brasil, o que significa que o suicídio mata mais brasileiros do que doenças como a AIDS e o câncer.
O assunto é envolto em tabus, por isso, a organização da campanha da ABP acredita que falar sobre o tema é uma forma de entender quem passa por situações que levem a ideias suicidas.
Com isso, podemos ajudá-las a partir do momento em que as ideações são identificadas. É por isso que “Falar é a melhor solução” é o slogan da campanha, cujos envolvidos na sua organização acreditam que conscientizando as pessoas poderemos prevenir 9 em cada 10 situações de atos suicidas.
Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países da América vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade. Pós-pandemia o cenário é ainda pior.
Falar importa?
Sim, falar importa, ouvir também, mas, quando falamos de ideação suicida devemos ter em mente que o mais adequado é uma escuta especializada. E o que seria isso? É a escuta feita por um profissional que entende do tema e que inclusive conhece técnicas para fazer o paciente falar e essa fala ser terapêutica. Competência técnica e científica.
Cansei de ver nos últimos anos pessoas totalmente despreparadas falando em redes sociais (no mês de setembro) que estavam abertas para conversar com quem estivesse em sofrimento psíquico. "Quem estiver mal me chame no direct para conversar", Isso é irresponsável.
Os profissionais mais habilitados para isso são os psicólogos e psiquiatras. Eles tem estudo/formação na área, formas de manejar, técnicas para lidar com a prevenção do suicídio. Isso não quer dizer que essas pessoas não possam dar suporte, mas se realmente quer ajudar, oriente essa pessoa a ter um suporte especializado. Isso é o correto. O paciente com sofrimento psíquico precisa de escuta especializada. Saber ouvir também é uma arte.
O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas. É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. Sendo assim, deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do paciente, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito. É a consequência final de um processo.
Pessoas que já tentaram suicídio tem de 5 a 6 vezes mais chance de tentar o ato novamente. A posvenção inclui as habilidades e estratégias para cuidar de si mesmo ou ajudar outra pessoa a se curar após a experiência de pensamentos suicidas, tentativas ou morte.
Fatores protetores: existem alguns fatores relacionados à vida de uma pessoa, que podem atuar como proteção para o suicídio.
- Ausência de doença mental
- Autoestima elevada
- Bom suporte familiar
- Capacidade de adaptação positiva
- Capacidade de resolução de problemas
- Estar empregado
- Realização de pré-natal
- Laços sociais bem estabelecidos com amigos e familiares
- Relação terapêutica positiva
- Frequência a atividades religiosas
- Ter sentido existencial
- Senso de responsabilidade com a família
- Ter crianças em casa
Fatores de risco: existem alguns fatores que aumentam o risco de suicídio:
- Câncer, HIV, doenças neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença de Huntington e epilepsia; doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. doença pulmonar obstrutiva crônica, além de doenças reumatológicas, como o lúpus eritematoso sistêmico.
- Aumentar contato com familiares e amigos
- Buscar e seguir tratamento adequado para doença mental
- Envolvimento em atividades religiosas ou espirituais
- iniciar atividades prazerosas ou que tenham significado para a pessoa, como trabalho voluntário e/ou hobbies
- Reduzir ou evitar o uso de álcool e outras drogas