A AIDS é uma doença ocasionada pelo Human
Immunodeficiency Virus (HIV) ou vírus da imunodeficiência humana, que
leva a uma depleção imunológica. Durante a infecção inicial, o portador do
HIV passar por um breve (as vezes menos de 14 dias) período doente, com
sintomas semelhantes aos da gripe. Normalmente isto é seguido por um período
prolongado sem qualquer outro sintoma. À medida que a doença progride, ela
interfere gradativamente no sistema imunológico, tornando a pessoa muito mais
propensa a ter outros tipos de doenças, como infecções oportunistas e câncer,
que geralmente não afetam as pessoas com um sistema imunológico saudável.
Antes de tudo faz-se necessário compreender,
que HIV e AIDS são diferentes. Nem todo paciente HIV (soropositivo) tem AIDS
mas todo paciente com AIDS é HIV. A AIDS é a depleção imunológica ocasionada pelo
vírus. Ela se manifesta através de infecções por agentes (vírus, fungos,
bactérias) que quando presentes em um indivíduo imunocompetente (sadio) o
organismo conseguiria resolver o processo infeccioso. Ou seja, o indivíduo fica
vulnerável a agentes que normalmente não são "tão patogênicos" para
alguém que esteja com o imunológico saudável.
A evolução da infecção divide-se em quatro
estágios:
- (1) infecção aguda pelo HIV;
- (2) infecção crônica assintomática;
- (3) infecção sintomática e
- (4) SIDA ou HIV avançado
A primeira razão para esse post é que quase
semanalmente recebo no ambulatório de nutrologia (SUS) pacientes soropositivos.
Eles vêm encaminhados pelo serviço de infectologia do município. Ao encaminhar
o paciente, o infectologista acredita que um suporte nutricional adequado possa
ser útil e que esse suporte possa alterar o curso da doença e o seu
prognóstico. A segunda razão, é que há pouco material sobre o tema, até mesmo
nos livros de nutrição/nutrologia.
Felizmente o suporte nutricional combinado
com o tratamento convencional (médico) com infectologistas (é inegável que a
terapia anti-retroviral mesmo com todos seus efeitos colaterais é um grande
avanço no tratamento da doença) gera bons resultados. Vejo isso nos inúmeros
pacientes atendidos ao longo desses anos. Acredito e defendo que um suporte
nutricional adequado possa mudar o prognóstico da doença.
Segundo o Projeto Diretrizes publicado em
201: Terapia Nutricional na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS),
de autoria da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e a
Associação Brasileira de Nutrologia: "O estado nutricional do
paciente com HIV/AIDS adquiriu importância na prática clínica devido à
desnutrição e aos efeitos colaterais da terapia antirretroviral. Mesmo na era
HAART (terapia antirretroviral de alta eficácia/highly active antirretroviral
therapy), não é pequeno o número de pacientes com perda de peso corporal e
alterações importantes de composição corporal. Assim, recomenda-se atuar de
imediato em qualquer indivíduo HIV+, assintomático ou na vigência de AIDS, que
tenha perda de peso. Logo, deve-se instituir terapia nutricional (TN) e
farmacológica, quando indicada. Essa vigilância contribui para sobrevida de
pacientes HIV+, ao retardar a imunodepressão de origem nutricional e a
ocorrência de infecções oportunistas. Ao manter-se a homeostase corporal e a
autoestima, melhora-se também a qualidade de vida do paciente com
HIV/AIDS".
O foco da nutrologia no caso
do paciente HIV+/AIDS consiste em:
1) Evitar a desnutrição, reduzir o
catabolismo proteico e a perda de peso corporal
2) Minimizar o estresse oxidativo, os
sintomas e prevenir as infecções oportunistas
3) Suporte nutricional adequado e balanceado
de acordo com as necessidades do indivíduo,
4) Evitar e tratar sinais e sintomas que
acometem o trato digestivo do paciente portador de AIDS.
5) Melhorar a tolerância ao tratamento
antirretroviral,
6) Auxiliar o paciente a manter a composição
corporal;
7) Promover melhor qualidade de vida
Diminuição do catabolismo proteico
A infecção pelo HIV aumenta o catabolismo proteico
(é uma doença consumptiva) e com isso o paciente perde massa magra facilmente.
A desnutrição, a perda de peso e a depleção da massa celular
metabolicamente ativa podem ocorrer em todos os estágios da doença. A infecção
pelo HIV está relacionada a aumento do gasto energético basal (25 a 29% de
aumento), por isso é classificada como uma doença consumptiva.
O norteamento do tratamento nutricional deve
ser nesse sentido, combater essa perda de peso, perda de massa magra a fim de
se evitar suas repercussões no sistema imune.
Alguns
estudos demonstraram que 18% dos pacientes, monitorados durante um ano,
perderam acima de 10% do peso corporal durante visitas seriadas, enquanto que
21% perderam acima de 5% do peso corporal prévio. 8% apresentaram Índice de
Massa Corporal (IMC)
Essa
perda de massa magra, segundo inúmeros estudos está relacionada:
1)
Maior mortalidade,
2)
Aceleração da progressão da doença,
3)
Perda de músculo e com isso diminuição da força muscular e piora do estado
funcional do indivíduo.
Hoje
já se sabe que a desnutrição tem um efeito
negativo no prognóstico, independentemente da imunodeficiência e carga viral,
ou seja, mesmo que o paciente esteja em TARV, com carga indetectável, deve-se
combater a desnutrição.
É mandatória a realização de
Bioimpedanciometria nesses pacientes, sempre que disponíveis no serviço.
Minimizar
o estresse oxidativo, os sintomas e prevenir as infecções oportunistas
A
infecção pelo HIV leva a um alto grau de stress oxidativo. A terapia
nutrológica deve objetivar também a diminuição da produção de radicais livres.
Nós orientamos o paciente a ingerir fontes de alguns minerais, aminoácidos e
vitaminas que sabidamente podem minimizar esse estresse oxidativo. Quando
necessário, a suplementação, desde que comprovado o déficit laboratorialmente.
Além disso frisamos as fontes ambientais que estimulam a produção de radicais
livres. Com aporto adequado de nutrientes associado à TARV podemos minimizar os
riscos desse paciente contrair alguma infecção oportunistica.
Suporte
nutricional adequado e balanceado de acordo com as necessidades do indivíduo
Nesse
caso, objetivamos fornecer os nutrientes necessários para melhoria do sistema
imunológico, em especial os linfócitos T-Helper (CD4+ e CD8+), especificando
quais nutrientes podem favorecer melhora no quantitativo de linfócitos.
Segundo
o Projeto Diretrizes devemos incluir dentro da avaliação laboratorial os "testes
bioquímicos, como albumina, contagem total de linfócitos, CD4, CD8, carga
viral, dosagem de testosterona total, determinar a função da tireóide,
avaliação das funções renal e hepática, concentração sérica de eletrólitos,
zinco, selênio, vitamina A e vitamina B12 estão associados com a progressão da
doença".
Alguns medicamentos utilizados na TARV
(fumarato de tenofovir disoproxil antirretroviral da classe dos inibidores de
transcriptase reversa análogo de nucleosídeos) pode levar a toxicidade renal,
óssea e endócrina. Portanto o nível de Vitamina D, assim como de Paratormônio
devem ser acompanhados em indivíduos que estão em TARV. Na literatura há
controvérsias se a 25-OH-Vitamina D deve ser solicitada para todos os
pacientes HIV+.
Evitando e tratando sinais e sintomas que
acometem o trato digestivo do paciente HIV+/AIDS
Devido
ao uso das medicações na TARV ou pela própria fisiopatologia da doença, esses
pacientes são vulneráveis a algumas condições: perda do apetite, náuseas,
vômitos, diarréias, perda de massa magra, fraqueza. Sendo dever do médico dar o
suporte adequado para tais sintomas.
Como
já citado acima, o portador do HIV tem como principal característica o
desarranjo da função imune, que no final leva á perda dos linfócitos T-helper
(CD4+), necessitando de uma Terapia Nutricional, que possa abranger não apenas
os sintomas relacionados a AIDS ou à terapia antirretroviral (TARV) instituída,
mas traga ao indivíduo uma melhor qualidade de vida.
Os
pacientes portadores de AIDS vivenciam um elevado grau de estresse oxidativo,
ou seja, alta produção de radicais livres, por causa do déficit imunológico,
combinado às constantes infecções, além de ações do próprio organismo
produzindo radicais livres na tentativa de eliminar o vírus. Com isso o suporte
nutrológico adequado, associado à terapia anti-retroviral tem proporcionado aos
pacientes uma grande melhora de qualidade de vida.
Desde
a década de 90, o Dr. Helion Póvoa, precursor da prática ortomolecular no
Brasil, atende pacientes com HIV e tem uma ONG no Rio de Janeiro que visa
atender pacientes carentes soropositivos. "O suporte é orientando a parte
nutricional e suplementando os nutrientes deficientes (comprovados
laboratorialmente)". O Dr. quando vivo, afirmava que pacientes soropositivos
que ingeriam vitaminas, minerais e aminoácidos para combater a grande
quantidade de radicais livres formados na infecção pelo HIV têm a carga viral
diminuída muito mais rapidamente, desaparecendo as complicações decorrentes da
doença. Talvez pelo efeito antioxidante dos nutrientes. O Dr. Helion Póvoa
destacava, no entanto, que a função dos antioxidantes neste caso é de
coadjuvante ao tratamento convencional: "A carga viral da doença é muito
grande e só se consegue diminuí-la com um tratamento tão violento quanto esse
com os anti-retrovirais. Mas não há dúvida de que o uso de vitaminas e outros
antioxidantes é capaz de representar melhoras espetaculares em pacientes com
Aids".
Eu
particularmente sou da linha defensora de que em processos infecciosos, devemos
evitar antioxidantes sintéticos, optando apenas pela alimentação (antioxidantes
naturais). Na vigência de processos infecciosos, a produção endógena de
radicais livres apesar de gerar alguns sintomas, é crucial na tentativa de
eliminar o agente. Existe um fino equilíbrio entre antioxidantes endógenos e
esses radicais livres. A partir do momento que entramos com antioxidantes
sintéticos, podemos alterar a cinética e as consequências não estão ao nosso
alcance. Portanto, a melhor estratégia é a utilização de alimentos, reservando
os produtos sintéticos apenas para os quadros com deficit laboratorial
comprovado e que não tiveram melhora com o aumento do aporte (ingestão das
principais fontes daquele respectivo nutriente).
Segundo
o Prof. Helion Póvoa, existe uma proteína, chamada NF-KappaB, que é produzida
intensamente no organismo de quem tem o vírus da Aids, pois é fundamental à
multiplicação do vírus HIV. Os antioxidantes naturais são capazes de inibir a
síntese do fator NF-KappaB e assim auxiliar na inibição da multiplicação do
HIV, podendo auxiliar na diminuição da carga viral no paciente e
proporcionando-lhe grande melhora do estado geral. Mas nem de longe esse efeito
é superior ao da TARV. Sendo iatrogenia qualquer médico que advogue contra o
uso da TARV. Tenho visto médicos alegando que o uso de baixas doses de
Naltrexona (uma medicação utilizada para tratar alcoolismo e dependência de
cocaína) pode reduzir a carga viral e aumentar os níveis de linfócitos T CD4+.
Não há estudos com evidências sólidas mostrando que esse tipo de terapia possa
ser realmente eficaz na infecção por HIV. A tabela abaixo resumo os principais
compostos bioativos (com suas principais fontes alimentares) com ação sobre
NF-KappaB)

Os pacientes em uso da TARV também podem
apresentar Dislipidemias (aumento de colesterol ou de triglicérides) e alguns
alimentos combinados com a prática regular de atividade física podem ser
adjuvantes ao tratamento. Dentre os alimentos que podem reduzir os níveis de
colesterol LDL temos os ricos em ômega 3 (salmão, atum, sardinha, linhaça,
chia), os ricos em fitoesteróis (soja). Para a redução de triglicérides temos
os alimentos ricos em Niacina (vitamina B3, presente em carnes e amendoim).
A dieta deve ser avaliada quanto à adequação
nutricional individual, considerando-se os sintomas associados à infecção por
HIV, como:
• perda de peso,
• anorexia,
• diminuição dos níveis de energia,
• alterações gastrintestinais,
As necessidades energéticas variam dependendo
do estado de saúde do indivíduo no momento da infecção por HIV, progressão da
doença e desenvolvimento de complicações que prejudicam a ingesta e utilização
de nutrientes.
Segundo o prof. Dr. Dan Waitzberg, os
indivíduos portadores do vírus HIV desenvolvem dois modelos de desnutrição, a
protéico-calórica (DPC) e a Wasting Syndrome.
A primeira se desenvolve devido à ausência ou
redução da utilização do nutriente, e pode ser causada por ingestão calórica
abaixo da necessidade calórica total ou má absorção de nutrientes.
Já na Wasting Syndrome é definida como uma
perda de peso não intencional de 10% ou mais do peso corpóreo usual, diarréia,
fraqueza ou febre por mais de 30 dias.
É comum também os pacientes em TARV apresentarem
algum grau de Lipodistrofia (que é diferente da Síndrome Consumptiva).
Geralmente detectamos ao exame físico a lipoatrofia na região da face, dos
membros superiores e inferiores e uma proeminência das veias superficiais
associadas ou não ao acúmulo de gorduras na região do abdome, da região
cervical (gibas) e das mamas. Essa lipodistrofia pode ser ocasionada por
fatores metabólicos: aumento sérico de lipídeos, intolerância à glicose,
aumento da resistência periférica à insulina e diabetes mellitus,
associados ou não às alterações anatômicas. Podendo ser tratada com uso de GH e
Testosterona pelo endocrinologista.
É de grande importância à utilização de
nutrientes, minerais e vitaminas envolvidos na função imunológica, já que o
paciente se encontra em constante estresse oxidativo e necessita de equilíbrio
nutricional; a ingesta de proteínas adequada é importante para promover o
equilíbrio positivo de nitrogênio e repleção de massa magra corpórea.
A atividade bactericida e antiviral dos
linfócitos e a capacidade de multiplicação e secreção de Imunoglobulinas é
afetada pelos oxidantes celulares, sendo assim é fundamental no tratamento
dietoterápico a introdução de alimentos que tenha nutrientes com capacidade
antioxidante (exemplo açaí, chá verde, cacau, frutas vermelhas, alho, cebola,
fontes de selênio e zinco).
Como o paciente soropositivo necessita de um
tratamento medicamentosos que podem ter efeitos colaterais, é interessante
fornecer na alimentação substâncias que ajudam no processo de destoxificação do
organismo a fim de minimizar os desconfortos e melhorar a metabolização destes
pelo fígado, como a utilização:
• Das brássicas: brócolis, couve flor,
couve-de-bruxelas, couve e repolho
• Bioflavonóides (ex: quercetina que ativa o
citocromo P450),
• Ervas e temperos naturais: alho, cebola,
orégano, cúrcuma (açafrão), gengibre, alecrim, tomilho.
MACRONUTRIENTES
As proteínas são essenciais para a manutenção
da massa magra e portanto é o principal macronutriente a ser analisado na terapia
nutricional do paciente HIV.
Sua ingestão varia de acordo com a fase da
doença. Na fase estável da doença, a necessidade protéica deve ser 1,2 g/kg
peso atual/dia. Na fase aguda, a necessidade de proteínas aumenta para 1,5 g/kg
de peso atual/dia podendo chegar até a 2g/kg/dia.
Carboidrato devem corresponder a pelo menos
50% do volume calórico total (VCT). Podendo ter uma redução desse aporte caso
coexista síndrome metabólica ou dislipidemia.
Habitualmente os lipídios ficam entre 30 a
35% do volume calórico total. Mas se existir dislipidemia, o recomendado é que:
o paciente ingira menos de 200mg de colesterol/dia, Gorduras saturadas menos de
7 % do VCT e uma redução da gordura total para até 30% do VCT.
MICRONUTRIENTES
Não há consenso na literatura sobre os
nutrientes que estão reduzidos nos pacientes HIV+/AIDS. Alguns estudos mostram
que apresentam níveis diminuídos de vitamina A, E, B12, zinco e selênio.
Portanto aqui, na minha opinião, os nutrientes que devem
receber atenção especial na infecção pelo HIV são:
1- AMINOÁCIDOS:
A – Arginina: Whey, albumina, carnes e
amendoim, suplementação
B – Cisteína: Whey, albumina, peixes, frango,
suplementação
C – Ornitina: Whey, albumina, dieta,
suplementação
2- VITAMINAS com ação
antioxidante:
A - Vitamina A e Betacaroteno
B - Vitamina C + Quercetina (bioflavonóide)
C - Vitamina E: a suplementação pode ser
deletéria, já que a elevada concentração sérica de vitamina E está associada
com marcadores anormais para aterosclerose e pode aumentar risco de
complicações cardiovasculares em adultos infectados por HIV.
D - Complexo B (principalmente B12, já que alguns
medicamentos utilizados na TARV podem depletá-la, mas há estudos mostrando que
os níveis sobem após a instituição da TARV)
E - Vitamina D: sol
3- MINERAIS com ação
antioxidante:
A - Selênio: principal fonte a castanha do
pará (deve-se a todo custo evitar a suplementação sintética, já que alguns
estudos mostram que o risco de câncer de próstata pode aumentar)
B - Germânio: principal fonte o gengibre
C - Zinco: principais fontes: ostras, frutos
do mar, carne vermelha, oleaginosas (É um mineral que comumente doso e está
baixo, mesmo nos pacientes que estão ingerindo boa quantidade de proteína
animal). Atenção especial deve ser dada às fontes de zinco, já que ele é um dos
principais nutrientes relacionados à imunidade, em especial aos linfócitos T.
Além disso o estress oxidativo aumenta a demanda de zinco.
4- L-GLUTATIONA:
A glutationa é um antioxidante tripeptídeo
formado por 3 aminoácidos: Glicina, ácido glutâmico e cisteína. Ela é o
substrato da enzima glutationa peroxidase (GSH) que catalisa a redução do
peróxido de hidrogênio através de um mecanismo de óxido-redução. É também a
melhor forma de transporte no plasma de cisteína e dos grupos sulfidrílicos,
que aumentam a atividade e a proliferação dos linfócitos T e a sua
diferenciação de T para B. O paciente portador de HIV pode apresentar um
déficit grande de glutationa. Ela auxilia na modulação do sistema imune. Como o
corpo fabrica a própria glutationa, é possível incentivar a produção dela
ingerindo alimentos que auxiliam o corpo a produzir maiores quantidades. Ou
seja, deve-se estimular o consumo de proteínas magras e de alto valor
biológico: carnes, ovos, leite e soja. Além disso deve-se estimular o consumo
de vegetais in natura, crus, pois no processo de cocção os níveis de Glutationa
dos vegetais podem decair. As seguintes frutas e legumes contêm a maior
quantidade de glutationa por porção: aspargos, batatas, pimentas, cebolas,
cenouras, abacates, brócolis, espinafre, alho, abóbora, tomates, toranjas,
maçãs, laranjas, bananas, pêssegos e melão. Supostamente, o composto químico
cianohidroxibutano aumenta os níveis séricos de glutationa e ele pode ser
encontrado em brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas e no repolho. A beterraba
possui um efeito positivo sobre a atividade das enzimas GSH. Outra estratégia
para aumentar a glutationa é o acréscimo de temperos à dieta. Alguns temperos,
como cúrcuma, canela, cominho e cardamomo possuem compostos que ajudam na
restauração de níveis saudáveis de glutationa, além de elevar a atividade das
enzimas GSH. O selênio aumenta os níveis de glutationa peroxidase, ou seja,
castanha do pará. O consumo de fontes de ácido alfa-lipóico (ALA), também pode
elevar a glutationa, já que ele promove a síntese da glutationa no corpo. O ALA
é um potente antioxidante natural, endógeno, que consegue regenerar
antioxidantes já oxidados, como as vitaminas C e E. Os alimentos ricos em ácido
alfa-lipóico são: espinafre, tomates, ervilhas, couve-de-bruxelas, maionese e
farelo de arroz. Muitos deles já são naturalmente ricos em glutationa. A
atividade física é uma outra maneira de estimular o corpo a produzir mais
glutationa. Estudos tem mostrado que todos os tipos de exercícios moderados
elevam os níveis de glutationa no sangue. Estão incluídos exercícios aeróbicos,
musculação e a combinação entre atividades aeróbicas e musculação. Alguns
fatores ambientais podem exercer um efeito negativo níveis séricos de
Glutationa, tais como: Poluição ou toxinas no ar, uso de drogas, infecções
bacterianas ou virais, radiação, agrotóxicos.
5- N-ACETIL-CISTEÍNA:
É uma substância endógena, formada a partir
do aminoácido cisteína e que tem como uma de suas funções, reciclar os níveis
de L-glutationa. Portanto todo alimento que for fonte de cisteína, favorecerá
um aumento dos níveis de N-acetil-cisteína.
6 - ÁCIDO ALFA-LIPÓICO:
Ele promove a síntese de glutationa endógena.
As principais fontes ja foram citadas acima.
7 - COENZIMA Q10:
Nutriente que melhora o aporte de energia na
mitocôndria. É um antioxidante que auxilia no processo imunológico. As
principais fontes nutricionais são: peixes, soja, germe de trigo, algas,
oleaginosas, gergelim e brócolis.
8 - PROBIÓTICOS:
São bactérias que vivem no intestino e que a
cada dia são mais estudas, mostrando papel importante na imunomodulação. A
principal fonte alimentar são os iogurtes e coalhadas. Os estudos ainda são
controversos e inclusive alguns recomendam não se utilizar probióticos
industrializados em pacientes imunocomprometidos. Até o momento o uso de
algumas cepas de probióticos tem mostrado benefícios na faixa pediátrica,
principalmente quando ocorre disfunção intestinal e queda dos linfócitos T
CD4+.
9 - ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS e
MONOINSATURADOS: os óleos de origem vegetal, ricos em ômega 3 e 9 estimulam
as célular natural Killers, que são "policiais" do nosso sistema
imunológico. Alguns trabalhos têm estudado o efeito da suplementação de ácido
graxos ômega-3 nas complicações metabólicas presentes em pacientes em TARV.
Nessa revisão, que incluiu vinte estudos originais, foi visto que a
suplementação com ácido graxo ômega-3 resultou em significativa redução nos
níveis séricos de triglicérides, redução da lipogênese relacionada a síndrome
metabólica.
FONTES DE NUTRIENTES
Zinco:
|
Ostras, Arroz
Integral, Ovo, Grãos integrais, sementes, amêndoas, avelãs
|
Cobre
|
Ostras, Tofu, Ervilha,
cacau em pó, salmão (Alasca), legumes, cereais integrais, frutas vermelhas,
amêndoa, folhas verde-escuro, nozes, pistaches, avelã, aves, ameixas, soja.
|
Vitamina A
|
Batata doce, cenoura,
espinafre, abóbora, manga, damasco, brócolis, pêssego, papaia, laranja.
|
Vitamina C:
|
suco de acerola, suco
de laranja, kiwi, manga, melão, papaia, morango, couve-flor, limão.
|
Vitamina E:
|
amêndoas cruas, batata
doce, abacate, damasco, azeite de oliva extra-virgem, ovos/gema de ovo
(caipira), espinafre, aspargo, pepino.
|
Vitamina B3:
|
peixes, aves, avelã,
nozes, amêndoa, pistaches, ovos.
|
Vitamina B5:
|
Suco de l aranja,
peito de frango (caipira).
|
Vitamina B6:
|
banana, frango, arroz
integral e outros grãos integrais. Comer preferencialmente alimentos crus,
pois a vitamina B6 se perde na elevação da temperatura
|
Vitamina B12
|
ostras, atum, ovo
caipira, porco, peito de frango (caipira)
|
Ácido Fólico:
|
espinafre, feijão,
suco de laranja, brócolis, alface, repolho, banana, ovo caipira.
|
Vitamina D:
|
óleo de fígado de
bacalhau, arenque, slmão, sardinha, camarão, gema de ovo caipira. SOL
|
Enxofre:
|
peixes, aves, ovos,
legumes, verduras, algas, alho, cebola, repolho, avelã, couve de Bruxelas,
amêndoa, alface, nozes, pistaches.
|
Silício:
|
beterraba, repolho,
alfafa, aveia integral, arroz integral, alface, pectina de frutas cítricas,
confrey, folhas verde escruras, cavalinha (chá), polpa de cana, cebola.
|
Proantocianidinas/
Antocianidinas
|
uva, morango, cereja,
framboesa, amora, açaí.
|
Uso de suplementos orais em
pacientes HIV+/AIDS
Segundo o projeto diretrizes, os suplementos
orais estão indicados quando o paciente se alimenta por via oral, mas não
o suficiente para manter suas necessidades energéticas. Para doentes
sem complicações, em que se deseja aumentar o peso, o uso de suplementos orais
pode auxiliar muito a ampliar a ingestão alimentar.
A suplementação oral também é benéfica em
períodos de maior necessidade energética, quando o metabolismo basal está
aumentado, como, por exemplo, em episódios de algumas infecções oportunistas. A
via enteral deve ser considerada sempre que a alimentação oral estiver
insuficiente.
Deve ser postulado seu uso naqueles casos em
que houve perda de peso (>5% em
três meses) ou depleção da Massa magra
corporal (>5% em três meses) ou então nos pacientes com IMC < 18 kg/m².
INTERAÇÃO NUTRIENTES COM DROGAS
Algumas drogas utilizadas na TARV têm sua
absorção diminuída na presença de gorduras e portanto a sua
administração deve ser sem com ou sem alimento mas sem alimentos gordurosos.
Enquanto o Efavirenz tem sua absorção aumentada quando ingerido com alimentos
gordurosos.
São elas: Zidovudina, Abacavir, Didanosina,
Tenofovir, Estavudina, Lamivudina
A Zidovudina pode levar a anemia por depleção
dos níveis de cobre e zinco, portanto os níveis devem ser dosados.
A didanosina tem risco de pancreatite quando
consumida com álcool.
Efavirenz, Nevirapina, Ritonavir, Indinavir,
Nelfinavir, Saquinavir, Lopinavir, Amprenavir, Atazanavir devem ser consumidos
com alimentos e não devem ser consumidos com: Erva de São João
(Hypericum), cápsulas de alho, Ginseng, Ginkgo Biloba, Equinácea.
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