quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Alimentação e prevenção de Alzheimer

Enquanto algumas pessoas herdam genes que aumentam a probabilidade de desenvolver algum tipo de demência, muitas têm a oportunidade de reduzir substancialmente seus riscos adotando um estilo de vida saudável, sugere a Organização Mundial de Saúde (OMS), em relatório divulgado neste ano. E, tão importante quanto manter corpo e mente ativos, a alimentação tem papel fundamental na prevenção do Alzheimer.

Em todo o mundo, cerca de 50 milhões de pessoas têm demência e, com um novo caso surgindo a cada três segundos, esse número, com o envelhecimento da população, tende a triplicar até 2050. O Alzheimer, tipo mais comum, representa entre 60% e 70% dos casos. Causa e cura ainda são desconhecidas, e os principais avanços científicos são no sentido de mapear comportamentos e intervenções para retardar ou prevenir o declínio cognitivo.

Se, por um lado, a idade é o fator de risco mais forte, por outro, a demência não é uma consequência natural ou inevitável do envelhecimento. Na verdade, estudos recentes demonstraram, segundo a OMS, uma relação entre o comprometimento cognitivo e hábitos como inatividade física, uso de álcool e tabaco e dietas não saudáveis, assim como certas condições médicas, como colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade.

“Hoje sabemos que o estilo de vida pode proteger ou aumentar o risco de ter demências e que em torno de um terço dos casos podem ser preveníveis”, afirma Celene Queiroz Pinheiro de Oliveira, geriatra e diretora da Associação Brasileira de Alzheimer - Regional São Paulo (ABRAz-SP). “Nesse quesito, a nutrição tem um papel central”, ressalta.

Nelson Iucif Junior, diretor do Departamento de Geriatria da Associação Brasileira de Nutrologia, não só corrobora com a importância da boa alimentação como mostrará evidências científicas que sugerem uma forte relação entre flora intestinal e saúde do cérebro na palestra "Microbiota e Doença de Alzheimer", no 23º Congresso Brasileiro de Nutrologia, de 26 a 28 de setembro, em São Paulo.

Ele explica que, conforme envelhecemos, naturalmente aumenta o grau de inflamação (“inflammaging”) orgânica, que é agravado com doenças como aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias do coração), disbiose (intestino preso) e isquemia (diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea): “Isso aumenta a permeabilidade intestinal de tal forma que substâncias agressivas passam para a corrente sanguínea e vão atingir o cérebro, facilitando o desencadeamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer”.

Qual a melhor dieta para a prevenção do Alzheimer?

Muitos estudos tratam do assunto, pontua a geriatra. O mais importante deles, o WW Fingers, conduzido na Finlândia em 2013 e agora com desdobramentos para vários países, mostra que a dieta mediterrânea, a prática de exercícios regulares e o controle rigoroso de diabetes, colesterol alto e hipertensão arterial reduziram em 31% a manifestação de demências num grupo de 1.200 pessoas de 60 a 77 anos de idade, seguidas por dois anos.

Há pesquisas que mostram que a dieta dash (para hipertensão) é forte aliada também na prevenção de Alzheimer, assim como a dieta mind, que une as duas (dash e mediterrânea) e incorpora ao cardápio substâncias neuroprotetoras e antioxidantes para combater o declínio cognitivo. “O fato é que não existe um alimento mágico e um alimento matador”, lembra o nutrólogo. “É o conjunto da alimentação que faz toda a diferença.”

Coloque no seu cardápio para prevenir o Alzheimer:

  • Vegetais, com ênfase nos folhosos e verdes;
  • Fibras e cereais integrais;
  • Frutas;
  • Gorduras boas, como as presentes no azeite, nos óleos vegetais e nas oleaginosas, mas não abuse, já que são calóricos;
  • Peixes, aves e carnes magras (limitada a 2 vezes por semana);
  • Azeite de oliva;
  • Leite e derivados, para quem não tem intolerância.

Use com moderação:

  • Carnes vermelhas gordurosas e embutidos;
  • Álcool, “o uso constante em doses altas é extremamente tóxico para o organismo, incluindo o cérebro”; o consumo elevado, segundo a ABRAz (≥38 g/dia ou 23 drinques/semana), aumenta em 10% o risco de desenvolver demência.

Tire do seu cardápio para a prevenção do Alzheimer:

  1. Comidas industrializadas;
  2. Fast foods e frituras;
  3. Embutidos;
  4. Bolos, bolachas recheadas e produtos que contém gorduras trans.


Fonte: https://institutomongeralaegon.org/longevidade-e-saude/saude-fisica/prevencao-do-alzheimer?fbclid=IwAR0DHpfig0CDkYUQK8sRLdJ0vlYBn9QFf8AUyISPe_gRQZsnW8c-6TlKmPg

Alimentar-se fora de casa pode favorecer obesidade

Um estudo inédito feito em cinco países, incluindo o Brasil, analisou o conteúdo energético das refeições servidas em restaurantes fast food com os restaurantes de serviço à La Carte e o comparou com os índices dos Estados Unidos. 

Segundo uma das pesquisadoras envolvidas, Professora Dra. Vivian Suen Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e médica nutróloga da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), 94% das refeições de serviço completo e 72% das refeições de fast food continham 600 quilocalorias ou mais. 

O estudo não é uma defesa aos restaurantes fast food, mas a pesquisadora destaca que o tamanho das porções mesmo quando se trata de comida saudável, deve ser levado em consideração como um alerta no combate à obesidade.

“Consumir as porções atuais de um restaurante tradicional e uma refeição de fast food diariamente forneceria entre 70% e 120% da energia diária que um indivíduo precisa. Isso é o aporte energético suficiente para uma mulher sedentária, sem refeições adicionais como bebidas, lanches, aperitivos ou sobremesas”, declara.

O alto conteúdo energético da alimentação consumida fora de casa tanto nas refeições de serviço completo quanto nos fast foods é um fenômeno generalizado que provavelmente está aumentando a epidemia global de obesidade – considerado maior problema de saúde pública do mundo.

Os resultados dos dados da investigação apontaram que a quantidade de calorias medida em refeições em restaurantes no Brasil, Gana, Índia e Finlândia não foi significativamente diferente dos valores altos relatados anteriormente para os EUA. Apenas a China teve os valores inferiores aos dos EUA. As refeições de fast food continham significativamente menos energia do que as refeições dos restaurantes de serviço completo.

Vivian pondera: “A consistência dos resultados obtidos na pesquisa nos países analisados sugere que o alto conteúdo energético de refeições preparadas fora de casa, em geral, e não apenas nas redes de fast food, pode ser um importante contribuinte para a epidemia global da obesidade e uma meta potencialmente impactante para as intervenções de saúde pública”.

O estudo intitulado, “Measured energy content of frequently purchased restaurant meals: multi-country cross sectional study” (Mensuração do conteúdo energético das refeições mais pedidas em restaurantes: um estudo comparativo entre países), financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), analisou 223 refeições selecionadas aleatoriamente, 111 menus completos e restaurantes de fast food populares no Brasil, China, Finlândia, Gana e Índia. 10 refeições de cinco cantinas foram estudadas na Finlândia. Para elaborar esta pesquisa estiveram envolvidos pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Instituto de Saúde Pública e Nutrição Clínica da Finlândia, Departamento de Alimentação e Nutrição da Universidade da Georgia, Escola de Ciência e Nutrição da Universidade de Boston; Laboratório de Biologia Molecular do Instituto de Genética e Desenvolvimento da Academia Chinesa de Pequim, Instituto de Biologia e Desenvolvimento Científico da Inglaterra, Departamento de Medicina, Endocrinologia e Nutrição Clínica da Finlândia e do Centro de Excelência em Evolução Animal e Genética da Academia Chinesa de Ciências.

O estudo: https://www.bmj.com/content/bmj/363/bmj.k4864.full.pdf

Fonte: http://abran.org.br/2019/01/16/estudo-aponta-que-refeicoes-fora-de-casa-contribuem-com-aumento-da-obesidade/

Benefícios dos queijos brancos: Queijo minas, cottage e ricota:

Os queijos brancos são ótimas opções para quem deseja manter uma alimentação equilibrada.

Versáteis, podem aparecer no café da manhã, no lanche e nas saladas. E ainda são cheios de nutrientes: proteína, cálcio, vitaminas e minerais, por exemplo.

O médico Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), explica que todas as versões desse alimento podem ser interessantes para a saúde. “Mas vale lembrar que os queijos brancos têm menos gordura que os amarelos, portanto, são mais indicados para quem tem o objetivo de emagrecer”, diz. 

Esse é o caso do queijo minas, do cottage e da ricota. Abaixo, você descobre as características de cada um desses queijos brancos.

Cottage 

Esse queijo se parece com uma pasta em pedaços, sendo mais macio e de sabor mais marcante.

É bastante indicado para quem quer seguir uma dieta mais light. “Ele possui uma quantidade menor de calorias em comparação com o queijo minas e a ricota e também menos gorduras”, afirma Durval. 

Por conter menos leite em sua composição, apresenta menor quantidade de cálcio. Também ajuda a equilibrar a flora intestinal.

Uma fatia e meia (50 g) de queijo cottage tem, em média:

  • 46 calorias
  • 2,15 g de gorduras
  • 186 mg de sódio 
  • 41,3 mg de cálcio

Queijo minas frescal

De consistência mais mole e úmida que os outros, é o mais calórico das três opções, mas você encontra no mercado versões com menor teor de gordura. Apesar de apresentar um número maior de calorias, o queijo minas pode fazer parte de uma dieta balanceada porque não deixa de ser uma boa fonte de proteínas e cálcio.

É importante destacar que o queijo minas frescal não é a mesma coisa que o queijo minas padrão (queijo minas curado ou pasteurizado). O frescal, mais branquinho e macio, forma soro. Já o minas padrão é seco e firme.

Em uma porção de 50 g de queijo minas frescal você encontra:

  • 132 calorias
  • 10,1 g de gorduras
  • 150 mg de sódio 
  • 289 mg de cálcio

Ricota

Essa é a opção que contém menos sódio, além de teor de gordura e colesterol mais baixo.  “A ricota é feita com o soro do queijo e não diretamente do leite. É uma excelente fonte de cálcio e vitaminas A, B, D e E. Ajuda a fortalecer os ossos, prevenindo a osteoporose”, detalha Durval.

Uma porção de 50 g de ricota apresenta:

  • 70 calorias
  • 4,0 g de gorduras
  • 141 mg de sódio 
  • 126 mg de cálcio


Fonte: https://cuidai.com.br/queijo-minas-cottage-ricota-queijos-brancos/

Consumo de carne vermelha e risco cardiovascular

Estudos observacionais sugerem que a ingestão de carne vermelha está associada ao aumento do risco de doença cardiovascular (DCV), enquanto que essa associação não foi observada com o consumo regular de aves. 

Por outro lado, fontes de proteínas vegetais e padrões alimentares vegetarianos parecem ser cardioprotetores, um achado apoiado por uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados que mostram diminuição do colesterol LDL (0,16 mmol/L), colesterol não HDL (0,18 mmol/L) e apolipoproteína B (apoB) (0,05g/L) quando a proteína animal é substituída pela proteína da planta.

Como é sabido que os ácidos graxos saturados da dieta (AGSs) aumentam as concentrações plasmáticas de colesterol LDL, geralmente se supõe que o conteúdo de AGS da carne vermelha contribui para sua associação com o risco de DCV. Essa suposição é apoiada pela falta de diferenças significativas no colesterol total, no colesterol LDL e no colesterol HDL em ensaios clínicos randomizados, em que a carne vermelha magra (carne bovina, suína ou cordeiro) em comparação com frango/ave magra foi consumida como parte de um dieta com baixo AGS (7 a 11% da energia total [E]).

Efeitos equivalentes da carne vermelha comparada à carne branca nos lipídios e lipoproteínas plasmáticos também foram relatados em metanálises de ensaios clínicos randomizados, embora esses resultados não tenham sido avaliados em relação ao teor de AGS das dietas.

Em resumo, até o momento não houve avaliação sistemática da interação potencial da fonte de proteína na dieta e do conteúdo de AGS nas concentrações de colesterol LDL e nas medidas aterogênicas relacionadas às lipoproteínas, incluindo níveis de partículas de lipoproteínas.

OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo principal do presente ensaio clínico (Animal and Plant Protein and Cardiovascular Health: APPROACH) foi testar as diferenças nos efeitos das lipoproteínas de dietas nas quais a principal fonte de proteína é a carne vermelha, em comparação com dietas com conteúdo total de proteína semelhante de carne branca (aves) ou fontes de proteínas vegetais, e para determinar se esses efeitos foram modificados comparando a alta com a baixa ingestão de AGS.

MÉTODOS

Homens e mulheres geralmente saudáveis, 21 a 65 anos, índice de massa corporal de 20 a 35 kg/m2, foram aleatoriamente designados para 1 de 2 grupos paralelos (alto ou baixo AGS) e, em cada um, alocados em carne vermelha, carne branca, e dietas proteicas sem carnes consumidas por 4 semanas cada uma em ordem aleatória. Os desfechos primários foram LDL-colesterol, apolipoproteína B (apoB), partículas pequenas + médias de LDL e colesterol total / alta densidade de lipoproteínas.

RESULTADOS

A análise incluiu participantes que completaram todas as três atribuições de proteína na dieta (61 para alto AGS; 52 para baixo AGS). O colesterol LDL e a apoB foram maiores com carne vermelha e branca do que com dieta sem carne, independentemente do teor de AGS (P <0 0="" a="" afetados="" ags="" alta="" ao="" apob:="" apob="" aumento="" aumentou="" baixo="" branca.="" carne="" colesterol="" com="" compara="" culas="" da="" de="" densidade="" devido="" diferiram="" dio="" e="" em="" enquanto="" entre="" exceto="" fonte="" foram="" grande="" grandes="" independente="" isso="" ldl="" lipoprote="" m="" n="" na="" nas="" o="" ocorreu="" os="" p="" para="" part="" pela="" pequeno="" prim="" principalmente="" prote="" respectivamente="" resultados="" rios="" sem="" significativamente="" todos="" total="" vermelha="">

CONCLUSÕES

Os resultados estão de acordo com as recomendações que promovem dietas com alta proporção de alimentos à base de plantas, mas, com base nos efeitos de lipídios e lipoproteínas, não fornecem evidências para a escolha de carne branca em vez de vermelha para reduzir o risco de DCV.

Este estudo foi registrado no Clinicaltrials.gov como NCT01427855. Am J Clin Nutr 2019; 110: 24–33.

Estudo: http://abran.org.br/new/wp-content/uploads/2019/09/abran_artigo_20092019.pdf

Fonte: http://abran.org.br/2019/09/20/efeitos-da-ingestao-de-carne-vermelha-branca-ou-proteinas-vegetais-no-risco-de-doenca-cardiovascular/

Pular café da manhã e efeito no metabolismo energético e no ritmo diurna da glicemia de jovens saudáveis

As atuais estratégias terapêuticas para a obesidade se concentraram principalmente no desequilíbrio entre gasto energético e consumo de energia, mas o tempo das refeições também foi estudado como um fator que controla o peso corporal. A refeição consumida após um jejum noturno, ou seja, café da manhã, é frequentemente descrita como “a refeição mais importante do dia”, e acredita-se que contribua para uma boa saúde e nutrição, fornecendo nutrientes essenciais no início do dia.

Revisões sistemáticas, incluindo uma metanálise, sugerem que é globalmente observada uma associação positiva entre pular o café da manhã e estar com sobrepeso ou obesidade, independentemente das diferenças culturais entre os países. O efeito térmico dos alimentos após o café da manhã é maior do que após o almoço e o jantar, e isso sugere a possibilidade de que o gasto energético acumulado durante 24h (gasto energético de 24 horas) seja afetado pelas diferenças nos hábitos alimentares diários: tomar café da manhã ou pulando o café da manhã. No entanto, estudo anterior não observou nenhum efeito de pular o café da manhã no gasto energético de 24 horas, e outro estudo relatou um ligeiro aumento no gasto energético de 24 horas após o pulo do café da manhã em comparação com um padrão de três refeições. Tomados em conjunto, os resultados dos estudos de calorimetria estritamente controlada não enfatizaram a ligação epidemiológica entre pular o café da manhã e aumentar o peso corporal.

O desalinhamento das refeições com o relógio biológico está associado a um maior risco de obesidade e diabetes tipo 2. Os efeitos de pular o café da manhã no perfil de glicose de 24 horas foram avaliados usando um sistema de monitoramento contínuo de glicose (CGMS), mas os resultados são inconsistentes; a glicose média de 24 horas foi aumentada ao pular o café da manhã em estudo anterior, enquanto a curva glicêmica em 24 horas em outro estudo não foi diferente entre pular o café da manhã e três refeições. Na tentativa de obter uma melhor compreensão da dinâmica glicêmica, métodos avançados de análise de séries temporais foram desenvolvidos. A análise de flutuação diluída (DFA) da dinâmica glicêmica revelou que reduzir e interromper o tempo sentado com atividade intermitente de intensidade de luz pode desempenhar um papel na manutenção do controle glicêmico. É possível, portanto, que os efeitos de pular o café da manhã na dinâmica glicêmica em uma condição de vida livre possam ser diferentes daqueles observados quando um indivíduo permanece em uma câmara metabólica.

Uma maneira plausível de esclarecer os efeitos de pular o café da manhã no metabolismo energético e no controle glicêmico é avaliar os efeitos de pular repetidamente no café da manhã, em vez dos efeitos de um único incidente de pular o café da manhã.

OBJETIVOS DO ESTUDO

A hipótese do estudo foi de que pulos repetidos no café da manhã e comportamento sedentário afetam o metabolismo energético e a flutuação glicêmica. Observe que o período de intervenção da refeição de 6 dias como o período limite superior do CGMS. Assim, o objetivo do estudo foi esclarecer a influência de 6 dias consecutivos de pular o café da manhã no metabolismo energético e no controle glicêmico de jovens saudáveis ​​do sexo masculino, além de alterar a composição corporal como desfechos secundários.

MÉTODOS

Dez homens jovens participaram de 2 ensaios (com ou sem café da manhã) que duraram 6 dias consecutivos, ambos foram realizados com uma semana de intervalo com um desenho repetido de medidas. Durante a intervenção da refeição, a glicemia de cada indivíduo foi medida usando o sistema de monitoramento contínuo de glicose. Se o café da manhã era ignorado, os participantes faziam grandes refeições no almoço e no jantar, de modo que a ingestão de energia em 24 horas era idêntica à da condição de 3 refeições. Às 22h, do quinto dia, os indivíduos entraram em uma câmara respiratória do tamanho de uma sala, onde permaneceram por 33 horas, e foram instruídos a realizar um comportamento sedentário.

RESULTADOS

Os níveis de glicose foram semelhantes entre as 2 refeições durante os primeiros 5 dias de intervenção, mas a glicemia às 23h foi maior na condição de pular o café da manhã do que na condição de 3 refeições. Pular o café da manhã elevou a resposta glicêmica pós-prandial após o almoço no primeiro dia de intervenção. No sexto dia, não houve diferenças significativas no gasto energético de 24 horas e na oxidação do substrato. Quando os indivíduos permaneceram em uma câmara metabólica, o nível de atividade física diminuiu significativamente, a estabilidade glicêmica deteriorou-se levemente e a glicemia média ao longo de 24 h foi maior no ensaio de pular o café da manhã do que no ensaio de 3 refeições.

CONCLUSÕES

O estilo de vida sedentário e o pulo repetido no café da manhã causaram flutuações anormais de glicose, enquanto o metabolismo energético de 24 horas permaneceu inalterado.

Registro de Ensaio Clínico: Este estudo foi registrado em http://www.umin.ac.jp/english/ como UMIN000032346.

Am J Clin Nutr 2019; 110: 41–52.

O estudo: http://abran.org.br/new/wp-content/uploads/2019/09/abran_artigo_27092019.pdf

Fonte: http://abran.org.br/2019/09/27/existe-relacao-entre-pular-o-cafe-da-manha-e-aumentar-o-peso-corporal/

Uma Lei para alertar sobre os riscos do uso excessivo de telas na infância


Iniciativa é da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS). Assim como a indústria do cigarro passou a ser obrigada a alertar sobre os riscos do tabagismo com dizeres nas embalagens, fabricantes de celular poderão, em breve, ter a obrigação de dispor de um alerta nos seus equipamentos. O objetivo é informar os males que o uso excessivo de telefones celulares, televisão e tablets causam no desenvolvimento da criança.

A iniciativa é da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) e a proposta será apresentada em forma de Projeto de Lei pelo deputado estadual Pedro Pereira. A intenção é fazer um projeto de lei para que, em todas as embalagens de dispositivos eletrônicos vendidos, tenha uma etiqueta com a recomendação de um uso moderado - principalmente durante a infância. A medida permitirá orientar a sociedade sobre os perigos do uso excessivo e indicar qual é o tempo máximo ideal que as crianças podem ficar expostas a essas tecnologias.

O anúncio oficial do Projeto de Lei será feito no primeiro dia de atividades do 39º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP) que acontece de 9 a 12 de outubro na FIERGS, reunindo cerca de sete mil participantes, em Porto Alegre (RS).

Justificativa

Os benefícios e prejuízos das tecnologias é um foco de atenção de todos os profissionais que lidam com as questões da saúde durante a infância e a adolescência. Estudos científicos comprovam que a tecnologia influencia comportamentos através do mundo digital, modificando hábitos na infância que podem causar prejuízos e danos à saúde física e mental dos jovens, com impacto em diversos aspectos.

A neurociência comprovou, através de exames de Ressonância Magnética, que o uso excessivo de telas prejudica o desenvolvimento cerebral das crianças. Por isso, elas não devem ser expostas de forma precoce a dispositivos eletrônicos.

Por outro lado, o celular tornou-se uma alternativa fácil aos pais, já que poupa o esforço que eles fariam com brincadeiras ou contando histórias, por exemplo. Tendo acesso a vídeos, cores e canções que ajudam na distração das crianças, os responsáveis passaram a usar esse artifício desde muito cedo, em bebês de poucos meses, o que prejudica o período da aquisição da linguagem e da estrutura psíquico-social, que ocorre principalmente nos dois primeiros anos de vida. É claro que é necessário conviver com os avanços da tecnologia e saber tirar proveito deles, mas não se pode esquecer que, durante o processo de formação da criança, é muito importante que ela receba estímulos através de canções de ninar, histórias contadas pelos pais e brincadeiras que gerem algum tipo de interação, pois é essa troca de estímulos que vai fazer com que o seu desenvolvimento seja saudável.

É comprovado que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos prejudica a qualidade do sono: crianças e adolescentes que ficam muito tempo conectados dormem menos e dormem mal. O contato com as telas dentro de uma ou duas horas antes de dormir induz à insônia e à dificuldade de iniciar o sono, isso é decorrente do alto estímulo visual que a luz azul provoca. A baixa qualidade do sono, por sua vez, provoca outros problemas de saúde, como a obesidade, alterações de humor (ansiedade e depressão), déficit de atenção e diminuição do rendimento escolar.

O tempo que jovens e crianças dedicam às telas suprime o tempo que eles poderiam ter dedicado a atividades lúdicas, esportivas e de interação com outras pessoas. Isso é um fator que provoca o sedentarismo, que, junto à obesidade, contribui para o surgimento de futuras doenças cardiovasculares e diabetes.

Evidências científicas mostram que o tempo de conexão excessivo das crianças e da família afetam a convivência, o diálogo e as suas relações interpessoais, alterando a qualidade do vínculo e a dinâmica familiar - pontos que são muito importantes para o desenvolvimento saudável de uma criança. Inclusive existem pesquisas em que crianças afirmaram achar que os pais preferem o celular a elas, causando um sentimento de carência e exclusão por serem deixadas de lado.

Além de todos os danos que os dispositivos eletrônicos podem causar à saúde, existem também os impactos causados pelos conteúdos das mídias. Alguns conteúdos mais violentos podem estimular condutas agressivas, antissociais e autolesivas. Também existem evidências científicas sobre a relação do uso excessivo de redes sociais com depressão e problemas de autoestima.

Portanto, é muito importante que os pais saibam dos impactos que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos tem no desenvolvimento das crianças e, a partir disso, possam controlar da melhor forma o tempo que seus filhos ficam conectados às telas.

Helena Muller
Cristina Targa Ferreira
Sergio Amantea
Diretoria SPRS

Os efeitos de uma dieta baseada em vegetais ricos em inulina na saúde intestinal e no comportamento nutricional


Efeitos de uma dieta baseada em vegetais ricos em inulina na saúde intestinal e no comportamento nutricional em humanos saudáveis

Por vários anos, a microbiota intestinal tem sido apontada como um ecossistema atraente que desempenha um papel fundamental na fisiologia do hospedeiro. Alterações da composição intestinal microbiana têm sido associadas a uma ampla variedade de condições, como obesidade, diabetes tipo 2, doença inflamatória intestinal, autismo e distúrbios comportamentais. Na dieta, alguns carboidratos não digeríveis, chamados prebióticos, são fermentados pela microbiota intestinal, conferindo assim benefícios potenciais à saúde. Foi demonstrado que a suplementação dietética com frutanos purificados do tipo inulina (ITFs) exerce efeitos positivos na saúde em humanos, como melhora da permeabilidade intestinal, diminuição da massa gorda, aumento da produção de peptídeos de incretina no intestino que atuam na saciedade e melhora no controle do apetite. No entanto, pouco se sabe sobre o efeito da ITF no comportamento e no apetite, ao considerar o consumo de vegetais naturalmente ricos em ITF. Além disso, dados recentes sugerem que a fermentação da fibra alimentar pode levar ao desconforto intestinal, principalmente em pacientes com síndrome inflamatória intestinal.

Surpreendentemente, apenas alguns estudos tentaram analisar o impacto de prebióticos que ocorrem naturalmente em produtos alimentícios na composição e função da microbiota intestinal e na tolerância gastrointestinal. Os ITFs ocorrem principalmente nas raízes das plantas, como alcachofra-girassol , alho-poró ou cercefi, onde atuam como um polímero de armazenamento e de preservação do estresse.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Neste estudo, foi desenvolvido um protocolo para uma intervenção dietética diária que durou 2 semanas com vegetais ricos em ITF para atingir uma ingestão mínima de pelo menos 9 g ITF/d em voluntários saudáveis. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da intervenção nutricional na composição e atividade da microbiota intestinal, ingestão de nutrientes, comportamento relacionado a alimentos e sintomas gastrointestinais. A composição da microbiota intestinal estava relacionada aos sintomas gastrointestinais. Também foi avaliada a persistência dos efeitos 3 semanas após a conclusão da intervenção alimentar.

MÉTODOS

Um único grupo de estudos composto por 26 indivíduos saudáveis. Durante duas semanas, os participantes foram instruídos a aderir a uma dieta controlada baseada em vegetais ricos em ITF (fornecendo uma ingestão média de 15 g ITF/d). Foram organizados três dias de teste: antes e após a intervenção nutricional e três semanas após o retorno à dieta habitual. Foram avaliados a ingestão de nutrientes, comportamento alimentar, composição da microbiota fecal, fermentação microbiana e sintomas gastrointestinais.

RESULTADOS

As principais modificações microbianas durante a intervenção foram uma proporção aumentada do gênero Bifidobacterium, um nível reduzido de Clostridiales não classificados e uma tendência para diminuir as Oxalobacteraceae. Essas alterações foram revertidas três semanas após a intervenção. Os voluntários mostraram maior saciedade, um desejo reduzido de comer alimentos doces, salgados e gordurosos e uma tendência para aumentar as atitudes hedônicas em relação a alguns vegetais ricos em inulina. Apenas episódios de flatulência foram relatados durante a intervenção na dieta, enquanto o desconforto intestinal, inversamente associado ao Clostridium cluster IV e Ruminococcus callidus, foi melhorado ao final da intervenção.

CONCLUSÕES

Um maior consumo de vegetais ricos em ITF permite um aumento substancial de fibras alimentares bem toleradas, o que por sua vez pode melhorar o comportamento relacionado aos alimentos. Além disso, leva a modificações benéficas da composição e função da microbiota intestinal.

Este estudo está registrado em clinictrial.gov como NCT03540550. Am J Clin Nutr 2019; 109: 1683–1695.