quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Diabetes tem relação com a sua rotina: entenda melhor


Todo mundo já sabe que o diabetes é uma doença cujas estatísticas têm aumentado todos os dias. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o diabetes tipo 2 está entre as 4 doenças não transmissíveis com maior prevalência no mundo todo! E sabe o que? É evitável! Agora uma vez instalada é muito difícil tratar… Hoje não existe tratamento ouro, mas a mudança de estilo de vida é uma das prioridades.

O diabetes tipo 2 é consequência de um estilo de vida não saudável?

O diabetes tipo 2 não se desenvolve de uma hora pra outra numa pessoa como é o caso do diabetes do tipo 1 que acontece quando o pâncreas pára de produzir insulina.

O diabetes tipo 2 é uma doença que se desenvolve bem mais lentamente… Ela começa geralmente com uma condição conhecida como resistência à insulina. A pessoa, ao contrário de um portador de diabetes tipo 1, produz insulina, mas as células são resistentes à ação da insulina. Então as células não reconhecem a insulina que é a responsável por abrir os canais por onde a glicose (o açúcar do sangue) passa para dar energia pras células. Se a glicose não entra nas células ele fica circulando em grandes quantidades no sangue e acho a essa altura você já adivinhou né? Hiperglicemia crônica e sofrimento celular!

Essa glicose em excesso no sangue leva às complicações metabólicas associadas à diabetes tipo 2: problemas na retina, nos rins, problemas na circulação, derrames e infartos.

Prevenção e tratamento no diabetes

O diabetes é uma doença que pode ser evitada se a resistência à insulina for detectada precocemente e a abordagem central na prevenção e tratamento da resistência à insulina é uma mudança no estilo de vida e se necessário, medicação.

Os estudos que tentam explicar melhor o que acontece no corpo no desenvolvimento do diabetes estão sempre focados em quantidade e qualidade de consumo alimentar, atividades físicas e medicação.

No entanto, outros fatores estão sendo investigados. Os fatores circadianos (relacionados aos ritmos biológicos) como excesso de exposição à luz durante a noite, o momento em que as pessoas comem durante o dia e ciclo sono-vigília são também muito importantes na prevenção e tratamento da resistência à insulina, como bem escreveu a nutricionista Rosana Dantas no seu livro “A melatonina não serve só para te fazer dormir”.

Distúrbios dos ritmos e diabetes tipo 2

Em uma revisão muito interessante recentemente publicada na revista Nature, pesquisadores descreveram como um distúrbio nos ritmos biológicos pode aumentar as chances de uma pessoa desenvolver resistência à insulina e diabetes tipo 2.

O sistema circadiano é regulado pelo ciclo claro/escuro ambiental, ou seja do dia e da noite durante as 24h e toda nossa fisiologia se adapta a essas mudanças que acontecem invariavelmente todos os dias da nossa vida!

Então nosso corpo durante o dia, tem um metabolismo diferente do que acontece durante a noite.

Alguns exemplos: o hormônio cortisol tem um pico no início da manhã que é uma hora em que o corpo precisa de energia para começar o dia. O cortisol, entre outras coisas, vai nos estoques energéticos buscar essa energia extra necessária pra gente se levantar e começar o dia (já que, normalmente, ficamos um jejum durante nossas horas de sono)! Outros hormônios relacionados diretamente com nosso metabolismo como a insulina e a leptina também têm seus picos durante o dia, já que, desde que o mundo é mundo somos seres diurnos e fazemos nossas refeições durante o dia!

Só que hoje temos luz elétrica, então acabamos ficando mais tempo acordados e pior, às vezes ficamos horas antes de dormir olhando pro celular ou pra TV… resultado? Dormimos mais tarde que nossos ancestrais e a fome acaba vindo e acabamos comendo neste momento onde não tem níveis de insulina suficientes para colocar a glicose dentro das células. Nosso corpo tolera melhor a glicose durante o dia e menos durante a noite. E esse excesso de glicose acaba ficando na circulação. Se isso acontece cronicamente a resistência à insulina pode se estabelecer.

Rotina é tão importante quanto comer e ser ativo!

O que acontece é que, se nosso comportamento está desalinhado com nossos ritmos biológicos, isso pode contribuir à um estresse metabólico e causar o desenvolvimento da resistência à insulina, ou seja, nossos ritmos de sono e vigília e de ingestão de alimentos devem estar alinhados aos ritmos dos nossos relógios biológicos que determinam os ritmos da circulação de vários hormônios no nosso corpo. Várias evidências têm confirmado a hipótese de que uma ruptura dos ritmos circadianos contribui para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

Estudos em humanos mostraram que um desalinhamento dos ritmos leva uma queda na tolerância à glicose. Algumas alterações genéticas associadas à regulação dos ritmos levam à intolerância à insulina (A Rosana fala sobre isso muito bem no livro dela). Outros estudos têm associado resistência à insulina também a problemas na qualidade e duração do sono.

Eu acredito que em breve serão adicionados tratamentos com foco nos ritmos biológicos ao protocolo de prevenção e tratamento da resistência à insulina, síndrome metabólica e diabetes. Colocar os ritmos biológicos em evidência pode fazer parte do tratamento para várias patologias no (espero próximo) futuro.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Trabalho de polinização das abelhas foi estimado em 43 bilhões no Brasil

Vale a pena assistir ao vídeo em: https://www.valor.com.br/video/5999696748001/trabalho-de-polinizacao-das-abelhas-foi-estimado-em-r-43-bilhoes-no-brasil?fbclid=IwAR3Jfq4U8eyFN7wahHQY2axnAUCKXdsjZIRgq2jmeEfdTA_UP1PXmZe0lfo

Cidades devem pensar em árvores como infraestrutura de saúde pública

Respirar ar puro é o sonho de qualquer morador de uma grande cidade, ainda que ele goste muito do meio urbano. E as ruas arborizadas, além de bonitas e agradáveis, são comprovadamente benéficas para a saúde física e mental. Então, porque não incluí-las nas verbas de financiamento da saúde? É isso que questiona a organização The Nature Conservancy, que criou um documento onde explica e demonstra em números as razões pelas quais isso deve ser feito.

Um White Paper é uma espécie de guia, um documento oficial, que detalha um determinado problema, indicando causas, conceitos e, principalmente, soluções para enfrentá-lo. O documento tem com base os Estados Unidos, onde se gasta menos de um terço de 1% dos orçamentos municipais em plantio e manutenção de árvores e, como resultado, as cidades norte-americanas perdem quatro milhões de árvores por ano.

“Imagine se houvesse uma ação simples que os líderes da cidade pudessem tomar para reduzir a obesidade e a depressão, melhorar a produtividade, aumentar os resultados educacionais e reduzir a incidência de asma e doenças cardíacas entre seus residentes. As árvores urbanas oferecem todos esses benefícios e muito mais” afirma a organização.

Mas, sabemos, alguns só se convencem quando os números entram na jogada. Por isso, foi estimado que gastar apenas oito dólares por pessoa, uma vez por ano, em média, em uma cidade americana poderia suprir a lacuna de financiamento e impedir a perda de árvores urbanas e todos os seus benefícios potenciais. Apesar do número não ser uma sugestão de valor, ele mostra que o investimento não é impossível.

Investimento desigual

O investimento no plantio de novas árvores – ou mesmo em cuidar daquelas que existem – é perpetuamente subfinanciado. Apesar das evidências, diz o relatório, as cidades estão gastando menos em árvores do que nas décadas anteriores.

Além disso, com muita frequência, a presença ou ausência da natureza urbana está ligada ao nível de renda de um bairro, resultando em enormes desigualdades na saúde. Em algumas cidades americanas, as expectativas de vida em diferentes bairros, localizadas a poucos quilômetros de distância, podem diferir em até uma década. Nem toda essa disparidade de saúde está conectada à cobertura arbórea, mas os pesquisadores estão cada vez mais certos de que bairros com menos árvores têm piores resultados de saúde, por isso a desigualdade no acesso à natureza urbana piora estes diferentes níveis de saúde.

Como ter mais árvores na cidade

O documento traz uma série de dicas que podem ser aplicadas pelo poder público e privado. Confira abaixo as principais delas:

Implementação de políticas para incentivar o plantio privado de árvores.
Mais trocas municipais que facilitem a colaboração de vários departamentos, como órgãos de saúde pública e agências ambientais.
Vincular o financiamento de árvores e parques a metas e objetivos de saúde.
Investir tempo e esforço na educação da população sobre os benefícios tangíveis da saúde pública e o impacto econômico das árvores.

Fonte: 

Usar Cannabis uma única vez pode alterar o cérebro do adolescente

O uso de maconha, mesmo feito apenas uma ou duas vezes, pode alterar significativamente o volume de substância cinzenta (VSC) em várias partes do cérebro em desenvolvimento do adolescente, sugere nova pesquisa.

Após analisar dados de um grande programa de pesquisa avaliando o desenvolvimento do cérebro adolescente e a saúde mental, pesquisadores descobriram que algumas regiões ricas em receptores canabinoides encontram-se alteradas de forma significativa nos adolescentes que referem ter usado muito pouca Cannabis.

"Quisemos estudar os efeitos da exposição a pequenas quantidades de maconha, porque, apesar do efeito direto das grandes quantidades de Cannabis e de outras drogas já ter sido analisado, o efeito do uso leve ainda é bem pouco estudado", disse ao Medscape o copesquisador Dr. Hugh Garavan, professor de psiquiatria na University of Vermont em Burlington, nos Estados Unidos.

Os achados foram publicados on-line em 14 de janeiro no periódico Journal of Neuroscience.

Amostra homogênea

Apesar de estudos feitos anteriormente terem demonstrado tanto aumento como redução do volume do cérebro humano pelo uso de maconha, a maior parte destas pesquisas foi feita com usuários regulares de grandes quantidades da droga, que também eram tabagistas e etilistas, disse Dr. Hugh.

"Algumas pesquisas com modelos animais demonstraram que mesmo um único uso pode causar efeitos na capacidade e no cérebro, e nós tínhamos esta grande amostra, possibilitando pesquisar adolescentes que informaram ter usado pouco a substância", disse o pesquisador.

Utilizando dados do projeto de pesquisa europeu IMAGEN, com 2.400 participantes, os pesquisadores identificaram quem informou ter usado maconha somente uma ou duas vezes. Esses participantes foram então pareados com participantes de controle utilizando várias variáveis.

Todos os participantes negaram o uso de quaisquer outras substâncias ilícitas e nenhum informou utilizar uma substância controle fictícia, a relevina, o que corroborou a fidedignidade das métricas descritas.

Os dois grupos foram pareados por: idade; mão dominante; desenvolvimento puberal; quociente de inteligência (QI), determinado pela pontuação em uma escala de compreensão verbal e de raciocínio perceptivo; nível socioeconômico; volume da substância cinzenta total; uso de bebidas alcoólicas; e uso de nicotina.

Foram recrutados adolescentes cujos quatro avós eram da mesma nacionalidade do participante, tornando a amostra homogênea em termos raciais e étnicos.

Imagens do cérebro

Nos oito centros do estudo IMAGEN foi realizada ressonância nuclear magnética e morfometria por voxel (MBV) para comparar o volume da substância cinzenta entre os grupos.

magens cruas ponderadas em T1 foram avaliadas em relação à existência de anomalias anatômicas ou artefatos, como movimentação da cabeça ou erros de reconstrução.

Após o processamento da morfometria por voxel, as imagens foram analisadas novamente em busca de erros na segmentação dos tecidos ou a normalização nos espaços definidos pelo Montreal Neurological Institute (MNI). Todas as imagens que não passaram no controle de qualidade foram excluídas.

Havia dados disponíveis sobre um subgrupo de participantes usuários de maconha de 14 anos de idade, com acompanhamento de dois anos para uso de substâncias ilícitas, capacidade cognitiva e psicopatologia aos 16 anos de idade. Isto permitiu a análise das diferenças do volume da substância cinzenta relacionadas com o uso de Cannabis para o futuro desempenho funcional nestas áreas.

Dos 47 adolescentes que informaram ter usado maconha apenas uma ou duas vezes, um foi excluído devido à má qualidade das imagens obtidas. Sendo assim, 46 adolescentes usuários de Cannabis foram incluídos na análise.

Os pesquisadores também identificaram 69 participantes que nunca tinham usado a droga aos 14 anos, mas que referiram ter usado pelo menos 10 vezes na consulta de acompanhamento dois anos depois.

Isto permitiu aos pesquisadores determinar se as diferenças entre o grupo que utilizou maconha e o grupo de controle podem ter precedido o uso da droga.

O uso de outras substâncias foi avaliado no início (aos 14 anos) e no acompanhamento (aos 16 anos) utilizando o European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs , questionário que computa o uso de bebidas alcoólicas, Cannabis, uma vasta variedade de substâncias ilícitas e a medida de controle fictícia relevina.

Os participantes informaram o quão frequentemente usaram cada uma das substâncias durante sua vida, nos últimos 12 meses, nos últimos 30 dias e nos últimos sete dias, utilizando uma escala de sete pontos. Os participantes também informaram a idade na qual experimentaram cada uma das substâncias usadas.

Achado tentador

Adolescentes que informaram ter usado maconha apenas uma ou duas vezes apresentaram maior volume da substância cinzenta em várias regiões cerebrais ricas em receptores canabinoides quando comparados com os não usuários.

As regiões com maior volume da substância cinzenta foram: o lobo temporal bilateral, o córtex cingulado posterior bilateral, os giros linguais e o cerebelo.

"Não sabemos ao certo a razão. Também não sabemos com certeza se as diferenças de volume da substância cinzenta são decorrentes do uso de Cannabis", disse Dr. Hugh.

"É ainda plausível que estas diferenças do volume da substância cinzenta tenham precedido o uso de maconha. Pode ser que as diferenças de volume da substância cinzenta não sejam consequência do uso de Cannabis, mas sejam a razão que levou o adolescente a usar a droga", acrescentou o professor.

Os usuários de maconha tiveram maior pontuação na busca de sensações e algumas medidas de ansiedade em comparação com os não usuários. Entretanto, os pesquisadores não têm certeza se isto foi resultado das diferenças no volume da substância cinzenta ou algum outro fator desconhecido.

"Eu acho que devemos investigar mais profundamente", disse o pesquisador.

"É preciso tentar replicar qualquer achado, especialmente em se tratando de algo tão instigante. Queremos ver se o achado tem mesmo importância e devemos ter cautela ao tirar conclusões".

Achados contrários às expectativas

Comentando os achados para o Medscape, o Dr. William Chow, neurologista e professor adjunto de clínica na University of California em Los Angeles, disse que alguns outros estudos sugeriram a "diminuição do volume cerebral nos lobos temporais nos participantes que fizeram uso de Cannabis".

"Entretanto, eu acho que isto só significa que há variabilidade nos estudos de imagem", disse Dr. William. "Nós ainda não entendemos muito bem o efeito da Cannabis no cérebro".

Também comentando o estudo, Dr. Alex Dimitriu, psiquiatra e médico do sono em Menlo Park, na Califórnia, disse ao Medscape que "os achados parecem ser contrários às expectativas".

"É surpreendente ver que o uso tão mínimo de Cannabis leve a qualquer modificação mensurável das estruturas cerebrais ou seus volumes", disse Dr. Alex, que não participou do estudo.

"Ainda não foi esclarecido se ter mais substância cinzenta é melhor ou pior para o cérebro em desenvolvimento do adolescente, mas persiste o fato de que mesmo o uso em quantidades mínimas causa alterações" acrescentou.

Os autores do estudo informaram não ter conflitos de interesses relevantes. A lista completa de patrocinadores do estudo está disponível no artigo original.

J Neurosci. Publicado on-line em 14 de janeiro de 2019. 

Cientistas alertam para a urgência de política de proteção para polinizadores

O Brasil possui 191 culturas agrícolas utilizadas para a produção de alimentos - que se tem conhecimento sobre o processo de polinização - das quais 60% são visitadas por polinizadores. São diversas as causas que ameaçam o serviço ecossistêmico de polinização, mas o uso de agrotóxicos são os que geram maior preocupação.

A conclusão é do Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil – e seu respectivo sumário para Tomadores de Decisão – lançado nesta quarta-feira (6/2) pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e pela Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (Rebipp). O relatório segue os moldes do diagnóstico global de polinização, lançado em 2015.

Em termos monetários, a polinização representou R$ 43 bilhões em 2018 para o país. Para quantificar, os pesquisadores da Rebbip calcularam o produto da taxa de dependência de polinização pela produção anual considerando 67 cultivos. A soja responde por 60% deste valor, seguida do café (12%), pela laranja (5%) e pela maçã (4%).

No caso da berinjela, por exemplo, a presença do polinizador específico gera um incremento de cerca de 180g por unidade no produto final, segundo Kayna Agostini, professora da Universidade Federal de São Carlos e coordenadora do estudo. “Isso, na prateleira, faz diferença para o produtor”, pontua.

O relatório demonstra como a vulnerabilidade do serviço ecossistêmico de polinização, como a perda de habitat, mudanças climáticas e, principalmente, o uso de agrotóxicos coloca em risco a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade.

A lista de visitantes das culturas agrícolas supera 600 animais, dos quais no mínimo 250 com potencial de polinizador, sendo as abelhas predominantes, representando 66% das espécies, além dos besouros, borboletas, mariposas, aves, vespas, moscas, morcegos e percevejos. 

O relatório aponta o manejo de polinizadores nativos como uma oportunidade ainda pouco explorada. O país possui uma grande diversidade de espécies sem ferrão que, além de produzirem méis de qualidade e de alto valor agregado, proveem a polinização de diversos cultivos agrícolas. De acordo com o documento, apenas 16 espécies são manejadas. E há muito o que se aprender, neste sentido, com as práticas de manejo associadas ao conhecimento local e indígena.

28 livros sobre bioconstrução, permacultura e agroecologia para baixar gratuitamente

Jardinagem, horta, apicultura, reciclagem, agroecologia, permacultura, bioconstrução e vida sustentável. Estes são alguns dos temas tratados em um compilado de manuais práticos e gratuitos reunidos pela plataforma espanhola Ideas Verdes.

O CicloVivo sempre disponibiliza cartilhas e manuais gratuitos sobre os mais diversos temas relacionados à sustentabilidade. Esta no entanto é talvez a maior biblioteca digital com os assuntos mais variados encontrados em um só lugar.

Logicamente, é difícil saber por onde começar com tanta opção boa. Por isso, o próprio site destacou alguns livros em uma lista, confira abaixo.

Permacultura e agroecologia

John Seymour – El Agricultor Autosuficiente

John Seymour – La Vida En El Campo

Fukuoka – La Revolucion De Una Brizna De Paja

Fukuoka – La Senda Del Cultivo Natural

Bill Mollison – Introduccion A La Permacultura

Bill Mollison – La Parabola Del Pollo

Bill Mollison – El Momento Mas Terrible Del Dia

David Holmgren – La escencia de la permacultura

David Holmgren – Dinero Vs Energía fósil

Emilia Hazelip – Coleccion De Agricultura Sinergica

Jairo Restrepo – ABC agricultura organica y harina de rocas

Jairo Restrepo – Abonos Organicos Fermentados

G.E. Xoriguer – Manual Practico para Construir Cajas Nidos

Mariano Bueno – Como Hacer Un Buen Compost

Josep Rosello – Como Obtener Tus Propias Semillas

Jerome Goust – El Placer De Obtener Tus Semillas

Fernandez-Pola – Cultivo De Plantas Medicinales Y Aromaticas

Bioconstrução

Predes – Construccion De Vivienda En Adobe

Gernot Minke – Manual De Construcción Con Paja

Gernot Minke – Manual De Construccion En Tierra

Gernot Minke – Techos Verdes

Johan Van Lengen – Cantos Del Arquitecto Descalzo

Johnny Salazar – Construyendo Con COB

Elias Rosales Escalante – Manual De Tratamiento De Aguas Grises

Bill Steen – La Casa De Fardos De Paja

Lourdes Castillo Castillo – Sanitario Ecológico Seco

Gustavo San Juan – Manual De Construccion De Calentador Solar De Agua

Pedro M. Molina – Como Hacer Hornos De Barro

As publicações estão em Espanhol e podem ser baixadas no link abaixo.

Suplementação com Semente de Uva e Probiótico em ratos, promoveu emagrecimento e melhora de parâmetros metabólicos

Estudo investigou o efeito da combinação de farinha da semente de uvas (SUV) rica em polifenóis (prebiótico) e bactérias do ácido lático (BAL) derivadas do Kefir - 1x1010 UFC de Leuconostoc mesenteroides (LCM) e 1x109 UFC de Lactobacillus kefiri (probiótico) sobre doença metabólica relacionada à obesidade e induzida por dieta rica em gorduras (DRG) em cobaias.

Os ratos foram divididos em 6 grupos: dieta acrescida com 6% de celulose microsalina (grupo controle); dieta acrescida com 5% de SUV; dieta acrescida com 10% de SUV; dieta acrescida com 5% de SUV + BAL; dieta acrescida com 10% de SUV + BAL; e dieta acrescida com BAL por 9 semanas. Ao final do estudo foram coletadas amostras de sangue e de tecido do fígado, intestino e epidídimo, e foi avaliado, também, o conteúdo do ceco.

Os autores verificaram que a suplementação com SUV, BAL isoladas ou associadas reduziu significativamente o ganho de peso das cobaias comparado ao grupo controle, mesmo sem diferença na ingestão energética total. 

O grupo com maior porcentagem de SUV acrescido de BAL foi o que mostrou maior redução de ganho de peso entre os grupos (p<0 2h="" 80="" a="" acrescido="" adiposo="" agcc="" apresentaram="" bal="" ceco="" colesterol="" com="" compara="" concentra="" controle.="" controle="" curva="" das="" de="" deos="" do="" e="" em="" encontrada="" encontrado="" es="" foi="" glic="" glicemia="" grupo="" grupos="" hep="" insulin="" insulinemia="" interven="" jejum="" ldl="" m="" maior="" mica="" nbsp="" neas="" no="" o="" os="" p="" peso="" porcentagem="" quantidade="" que="" redu="" sangu="" suv="" tamb="" tecido="" tico="" todos="" total="" triglicer="">

Foi encontrada uma relação negativa significante entre a quantidade de AGCC e o peso do tecido adiposo. Na análise genética, 6095 genes foram suprimidos enquanto outros 4509 foram super expressos com a suplementação com alta dose de SUV, BAL e alta SUV+BAL, entre estes genes relacionados à resposta de fase aguda, angiogênese, lipopolissacaridases, ácidos graxos, lipase, sistema imonológico, oncogênese, entre outros.

Com isso, os autores concluíram que o consumo combinado de SUV + BAL reduziu a inflamação sistêmica e adipogênese no tecido adiposo, a permeabilidade intestinal, a resistência insulínica, a tolerância glicêmica, em resposta a DRG, e pode fornecer benefícios de sinergismo na prevenção da obesidade e da doença metabólica relacionada à obesidade por meio de alterações da permeabilidade intestinal e expressão de genes adipogênicos.

Referência: 
Cho YJ et al. Antiobesity Effect of Prebiotic Polyphenol-Rich Grape Seed Flour Supplemented with Probiotic Kefir-Derived Lactic Acid Bacteria. J Agric Food Chem. 2018 Nov 28;66(47):12498-12511.

Parecer técnico da ASBRAN sobre o Jejum Intermitente

Na semana passada a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) emitiu um parecer técnico sobre Jejum Intermitente (JI), visto que é uma estratégia que está na moda e ainda não há nada 100% conclusivo sobre ela. 

Em 2015 escrevi um mega texto aqui sobre o tema, com o auxílio de uma amiga Nutricionista (Samara Bergameli) e já naquela época, deixávamos claro que o JI não é para todos os pacientes e muito menos a estratégia salvadora nos casos de emagrecimento.

Discordo em alguns pontos do parecer, mas no geral ele deixa claro o que há de científico até o momento sobre o Jejum. 

Resumindo:
  1. O JI é uma estratégia assim como a restrição calórica contínua (RCC). Há superioridade dele, quando comparado à restrição calórica contínua? Não. Tem pessoas que tem melhores resultados com JI do que com RCC? Sim. 
  2. Estudos em longo prazo não mostram a segurança do JI. Porém, já sabemos que há populações no mundo que simplesmente pulam algumas refeições, exemplo: pulam café da manhã e não há efeitos deletérios até o momento. 
  3. Nosso corpo está adaptado para ficar algumas horas sem se alimentar. Fazemos isso quando dormimos: Jejum de 8 horas. Pq então um jejum de 16 horas seria prejudicial? Poderia ser prejudicial de acordo com o quadro do paciente. Já vi pacientes agravarem quadros psiquiátricos com Jejum. Pacientes desencadearem enxaqueca por jejum. Diabéticos tipo 1 fazerem hipoglicemia em decorrência de Jejum. Ou seja, a estratégia existe, mas mais importante que isso, existe o paciente e suas individualidades. 

PARECER TÉCNICO No. 01/2019
ASSUNTO: JEJUM INTERMITENTE

O jejum intermitente (JI) compreende um padrão alimentar no qual o indivíduo se submete de forma voluntária a períodos de privação de alimentos, com reduzida ou nenhuma ingestão energética, intercalados por períodos de ingestão normal de alimentos e bebidas, a depender do protocolo, podendo ocorrer restrição em dias alternados, jejum de dia inteiro e jejum de tempo limitado. 
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Os efeitos benéficos comumente atribuídos ao JI envolvem a perda de peso, alterações no metabolismo energético, na composição corporal, melhora na microbiota intestinal, glicemia e marcadores de risco cardiometabólico e efeitos relacionados ao retardo no envelhecimento. O jejum intermitente ganhou popularidade ao longo da última década, apesar da prática ser mundialmente realizada desde a antiguidade, especialmente por grupos religiosos, dentre estes os budistas, cristãos, muçulmanos e hindus e, mais recentemente, sua utilização vem sendo disseminada na prática dos nutricionistas.
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Devido a sua grande repercussão, o grupo de pareceristas da Associação Brasileira de Nutrição - ASBRAN emitiu um parecer técnico sobre o assunto.

CONSIDERANDO:

1. As investigações sobre a perda de peso entre indivíduos obesos e com sobrepeso sugerem perdas de peso e de massa magra equivalentes entre JI e restrição energética contínua (REC).

2. Os protocolos sugeridos de restrição alimentar podem favorecer comportamentos de compulsão
alimentar em dias de consumo alimentar. 

3. A hipótese mais aceita cientificamente quanto à gênese da obesidade e demais doenças crônicas não transmissíveis está fortemente associada à falta de estilo de vida saudável (alimentação inadequada e sedentarismo) e não necessariamente ao fracionamento ou intervalos menores ou maiores de alimentação. 

4. O que determina de forma plausível, entre outras consequências, o desequilíbrio na oferta de nutrientes e ingestão de calorias são as mudanças envolvendo a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados de origem vegetal e preparações culinárias à base desses alimentos por produtos industrializados prontos para consumo, com alta densidade calórica, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira. Ainda, tais alterações nos hábitos alimentares são observadas com grande intensidade no Brasil. Esses fatores são preponderantes para o ganho de peso ou sua manutenção, e não a ingestão calórica diária ou seu fracionamento.

5. Os ensaios publicados nas demais situações como diabetes, câncer, nas doenças cardiovasculares, entre outras, até o presente, não são suficientes para confirmar as hipóteses de reversão ou atenuação desses eventos, uma vez que não há estudos controlados acerca dessas observações. Os estudos experimentais que mostram possíveis benefícios para tais doenças não fornecem ainda segurança em seu uso.

6. As recomendações usuais de fracionamento do número de refeições com intervalos de 2 a 3 horas promovem maior oferta e biodisponibilidade dos nutrientes, manutenção de níveis sanguíneos constantes de compostos bioativos, redução de episódios compulsivos, redução do nível de cortisol sanguíneo, aumento das concentrações de hormônios intestinais envolvidos na saciedade e menores níveis plasmáticos de insulina e glicose. Portanto, não há subsídios científicos suficientes para que não seja seguido um padrão alimentar baseado em alimentação diária, com refeições fracionadas em 5 ou 6 porções ao longo do dia.

7. Não se tem evidências científicas suficientes provenientes de estudos controlados envolvendo humanos para suportar os benefícios supracitados do JI. 

8. As condutas relacionadas a esta prática têm sido baseadas em estudos realizados com animais e a partir de dados observacionais do jejum religioso (particularmente Ramadã). As diversas religiões que adotam sua prática realizam isso de forma esporádica e sem alteração do padrão alimentar por longo tempo. Além disso, a cultura alimentar religiosa de cada população não tem permitido, por enquanto, a padronização de estudos para que sejam adotados como bem controlados;

9. Os resultados obtidos são advindos de estudos experimentais com amostra reduzida, o que não é suficiente para sustentar com segurança essa prática em seres humanos
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PARECER:

São necessários ensaios clínicos controlados randomizados, especialmente de longo prazo e envolvendo humanos, sob JI versus dietas convencionais de restrição calórica contínua (RCC) que permitam comprovar a eficácia dos efeitos na saúde atribuídos ao JI, bem como as demais repercussões à saúde, sobretudo seus potenciais efeitos adversos. Esses ensaios devem possuir protocolos consensualmente definidos para suportar a adoção do JI como alternativa terapêutica para as diversas situações. 

Portanto, as alegações para sua utilização ainda são insuficientes para sua recomendação.

Destaca-se que uma alimentação adequada e saudável, baseada nos princípios e recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, orientada por um nutricionista habilitado(a), principalmente quando associada à prática de exercícios físicos e bons hábitos de vida, é capaz de contribuir para a promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde dos indivíduos e da população. 

Por fim, ressalta-se que é dever do nutricionista analisar criticamente questões técnico científicas e metodológicas de práticas, pesquisas e protocolos divulgados na literatura ou adotados por instituições e serviços, bem como a própria conduta profissional e que, ao realizar a prescrição dietética, o(a) profissional deve: I. considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, socioeconômicas, culturais e religiosas; II. Considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, os procedimentos complementares à prescrição dietética; III. respeitar os princípios da bioética.

BIBLIOGRAFIAS

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12. Barbosa JHP, Ferreira RC, Tenório MB. Jejum intermitente como estratégia para controle de peso e promoção da saúde. In: Associação Brasileira de Nutrição; Hordonho AAC, Coppini LZ, Fidelix MSP, organizadoras. PRONUTRI Programa de Atualização em Nutrição Clínica: Ciclo 6. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2018. p. 123-50. (Sistema de Educação Continuada à Distância)
13. Solomon, T.P.; Chambers, E.S.; Jeukendrup, A.E.; et al. The effect of feeding frequency on insulin and ghrelin responses in human subjects. Br J Nutr; 100: 810–819, 2008.
14. Capasso, R.; Izzo, A.A. Gastrointestinal regulation of food intake: general aspects and focus on
anandamide and oleoylethanolamide. J Neuroendocrinol; 20(Suppl 1): 39–46, 2008.
Brasília-DF, 05 de Fevereiro de 2019. 

Link para o parecer: 

Aumento de 14% no risco de mortalidade com a ingestão de alimentos ultraprocessados

Na semana passada foi publicado um estudo de coorte prospectivo observacional que teve como objetivo avaliar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados ​​e o risco de mortalidade por todas as causas.

Durante 7,1 anos, acompanharam 44.551 adultos (≥45 anos) franceses e eles preencheram, pelo menos, 3 a 10 recordatórios alimentares de 24h não consecutivos durante os 2 primeiros anos de acompanhamento. No início do estudo foram colhidas informações sobre questões sócio demográficas, estilo de vida, prática de atividade física, peso, altura e dados antropométricos.

Em média, 29,1% das calorias ingeridas no dia, era oriunda de alimentos ultraprocessados . O maior consumo desses alimentos foi associado a adultos jovens (45-64 anos), com menor rendimento financeiro, menor nível de escolaridade, pessoas que vivendo sozinhas, maior IMC, e menor nível de atividade física. 

Após ajustes dos viéses, foi verificado que aumento no consumo de alimentos ultraprocessados foi positivamente associado com mortalidade por todas as causas (P = 0,008), sendo que o aumento de 10% no consumo de alimentos ultraprocessados foi associado a maior risco de mortalidade em 14%.

Os autores concluíram que consumo de alimentos ultraprocessados parece estar associado ao risco de mortalidade global maior adulta. Estudo prospectivos são necessários para confirmar os achados e discutir os mecanismos pelos quais esse alimentos ​​podem afetar a saúde.


Referência: Schnabel L, Kesse-Guyot E, Allès B, Touvier M, Srour B, Hercberg S, Buscail C, Julia C. Association Between Ultraprocessed Food Consumption and Risk of Mortality Among Middle-aged Adults in France. JAMA Intern Med. 2019 Feb 11.