sábado, 12 de junho de 2021

A importância da prática de exercícios na obesidade

 









terça-feira, 8 de junho de 2021

Como a Diabetes pode ser prevenida com o auxílio da Nutrição e Nutrologia

 Conforme a 9ª edição do Atlas de Diabetes da International Diabetes Federation, a IDF, publicado em 2019, existem 463 milhões de adultos com diabetes mundo afora. O número, que por si só já chama atenção, carrega um indicador ainda mais preocupante: mais da metade dos adultos não são diagnosticados. Já a publicação Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020 aponta que, em 2045, serão 628,6 milhões  de diabéticos no planeta.

No entanto, o dado que mais preocupa é o número de pacientes pré-diabéticos, que supera o de pacientes com diabetes tipo 2. Segundo a Federação Internacional de Diabetes, em 2017 havia 14,6 milhões de brasileiros com pré-diabetes diante, de 12,5 milhões de diabéticos em idade adulta. Nesses pacientes, o nível de açúcar no sangue é elevado, mas não o suficiente para ser diagnosticado com a doença.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o paciente é considerado pré-diabético quando os valores de glicemia marquem:
  • Em jejum: entre 100 e 125 mg/dL;
  • Glicemia medida duas horas após a ingestão de 75 gramas de glicose anidra: entre 140 e 199 mg/dL;
  • Hemoglobina glicada entre 5,7 e 6,4%.
Aspectos como o maior fluxo urbano, acentuado nas últimas décadas, a transição nutricional, o sedentarismo e o envelhecimento populacional figuram entre as principais causas para a elevação da prevalência da condição.

Nesse contexto, o nutricionista torna-se o profissional com maior propriedade para prevenir a diabetes mellitus tipo 2 – que responde por cerca de 90% do total de pacientes. Trata-se de uma enfermidade crônica, mas que pode ser evitada com mudanças no estilo de vida e sem a necessidade de intervenção farmacológica.

Principais evidências da diabetes mellitus tipo 2

Pacientes com hábitos alimentares pobres em fibras, ricos em gordura saturada e em carboidratos mais simples, entre eles os açúcares, têm maior tendência ao ganho de peso. Isso porque a alimentação está ligada à produção de insulina, hormônio que tende a acumular em pessoas propensas ao desenvolvimento da DBM 2. Caso a alimentação irregular persista, o organismo pode desenvolver resistência à insulina, desencadeando a doença.

Por isso, a combinação de um plano alimentar regrado (com incentivo à perda de peso para pacientes com sobrepeso) e a redução das calorias por conta de atividades físicas é essencial para esses pacientes.
Indivíduos com pré-diabetes costumam apresentar outros fatores que aumentam as chances de problemas cardiovasculares, como hipertensão, obesidade e dislipidemia. Aqui, é importante atentar para fatores de risco como o tabagismo.

Planos alimentares para prevenção da diabetes

O principal ponto para a prevenção da diabetes mellitus tipo 2 é a qualidade dos alimentos consumidos. Esse fator chega a ser mais importante do que as restrições em si. Não existe uma estratégia alimentar universal para evitar a doença, dadas as particularidades de cada pessoa.
A maior ingestão de alimentos considerados essenciais à promoção da saúde e a diminuição de alguns grupos nutricionais como os ultraprocessados são medidas essenciais para evitar a pré-diabetes. São eles:
  • Alimentos à base de plantas;
  • Menor consumo de carne vermelha;
  • Dieta mediterrânea rica em azeite, frutas e legumes;
  • Cereais integrais, leguminosas e frutas in natura;
  • Produtos lácteos com baixo teor de gordura;
  • Consumo moderado de álcool.
Seguindo essas diretrizes e orientações, o risco de desenvolver diabetes é reduzido. Se o paciente levar uma rotina conforme as recomendações dietéticas, que levam em consideração as preferências individuais, pode-se aderir a um tratamento preventivo nutricional em longo prazo.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Qual a diferença entre o Nutrólogo e Nutricionista ?


Qual a diferença entre nutricionista e nutrólogo ? Talvez essa seja uma das perguntas que mais ouço ao longo do meu dia, seja no consultório particular, seja no ambulatório de Nutrologia clínica que atuo no SUS.

Muitos pacientes estão optando ir ao Nutrólogo ao invés de irem ao nutricionista, apenas porque a maioria dos planos de saúde cobrem consultas ilimitadas com o Nutrólogo, ou porque o mesmo prescreve medicações para emagrecer.

Alguns ilusoriamente acreditam que médico entende mais de alimentos e dietas do que nutricionistas ou que nutricionistas entendem mais de doenças nutricionais que médicos Nutrólogos titulados. O melhor caminho é ir em qual?

Na minha opinião e baseado na minha prática clínica de quase 14 anos:
  • Se você é um paciente saudável, não apresenta doenças e deseja um plano alimentar: vá a um nutricionista, tranquilamente. Ele será o profissional mais habilitado para atender suas necessidades.
  • Mas se você apresenta sintomas ou alguma doença específica vá primeiro ao Nutrólogo e posteriormente ao nutricionista para receber um plano alimentar. 
  • O Nutrólogo pode até saber montar um plano alimentar, mas o profissional mais habilitado é o nutricionista. O importante é que se faça a investigação do sinal/sintoma e/ou diagnóstico correto da doença. Isso quem tem competência e dever por lei é o médico, baseado na Lei do Ato Médico e até mesmo na própria Lei que regulamenta a profissão de Nutricionista.
Mas quais as diferenças entre um e o outro?

Primeira diferença: A graduação

O Nutrólogo é médico e o nutricionista é nutricionista. Graduações diferentes, com tempo de formação diferente. A formação apesar de ser dentro da área da saúde e correlata à alimentação (no caso do médico que faz Nutrologia), possui enfoque diferente.

O médico estudou 6 anos para se formar em medicina, posteriormente fica de 3 a 5 anos se especializando. O nutricionista estuda 4 anos para formar (na maioria das particulares o curso dura 4 anos e nas Federais dura 5 anos em período integral). Posteriormente faz pós-graduações ou residência multiprofissional com duração média de 2 anos.

Se partirmos do pressuposto de tempo de estudo, obviamente e inquestionavelmente o nutricionista é o profissional mais habilitado para a Prescrição de dieta e orientações nutricionais. Enquanto o médico é o mais habilitado para DIAGNOSTICAR e orientar sobre a fisiopatologia, prognóstico e como se dá o tratamento das doenças nutricionais.

Segunda diferença: as áreas de atuação

A Nutrologia é uma das especialidades dentro da medicina. Dividindo-se em 2 sub-especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina: Nutrologia pediátrica e Nutrologia Parenteral e enteral.

Já o nutricionista é um profissional com formação generalista, humanista e crítica. É capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e nutrição se apresentem fundamentais. Sua atuação visa a promoção, manutenção e recuperação da saúde através da nutrição. Além disso é parte essencial no processo de prevenção de doenças (em nível coletivo ou individual). 

A nutrição possui as seguintes áreas de atuação estabelecidas de acordo com a RESOLUÇÃO CFN Nº 689, de 04 de maio de 2021

I. Educação Alimentar e Nutricional;
II. Gestão de Políticas Públicas e Programas em Alimentação e Nutrição;
III. Nutrição Clínica;
IV. Nutrição Clínica em Cardiologia;
V. Nutrição Clínica em Cuidados Paliativos;
VI. Nutrição Clínica em Endocrinologia e Metabologia;
VII. Nutrição Clínica em Gastroenterologia;
VIII. Nutrição Clínica em Gerontologia;
IX. Nutrição Clínica em Nefrologia;
X. Nutrição Clínica em Oncologia;
XI. Nutrição Clínica em Terapia Intensiva;
XII. Nutrição de Precisão;
XIII. Nutrição e Alimentos funcionais;
XIV. Nutrição e Fitoterapia;
XV. Nutrição em Alimentação Coletiva;
XVI. Nutrição em Alimentação Coletiva Hospitalar;
XVII. Nutrição em Alimentação Escolar;
XVIII. Nutrição em Atenção Primária e Saúde da Família e Comunidade;
XIX. Nutrição em Esportes e Exercício Físico;
XX. Nutrição em Estética;
XXI. Nutrição em Marketing;
XXII. Nutrição em Saúde Coletiva;
XXIII. Nutrição em Saúde da Mulher;
XXIV. Nutrição em Saúde de Povos e Comunidades Tradicionais;
XXV. Nutrição em Saúde Indígena;
XXVI. Nutrição em Saúde Mental;
XXVII. Nutrição em Transtornos Alimentares;
XXVIII. Nutrição em Vegetarianismo e Veganismo;
XXIX. Nutrição Materno-Infantil;
XXX. Nutrição na Produção de Refeições Comerciais;
XXXI. Nutrição na Produção e Tecnologia de Alimentos e Bebidas;
XXXII. Qualidade e Segurança dos Alimentos;
XXXIII. Segurança Alimentar e Nutricional; e
XXXIV. Terapia de Nutrição Parenteral e Enteral.

Terceira diferença: o tipo de diagnóstico 

Legalmente o nutricionista fica restrito ao diagnóstico nutricional (de acordo com a Lei nº 8234 de 17/09/1991 que regulamenta a nutrição), enquanto o médico ao diagnóstico nosológico (de doença) e instituição da terapêutica.  Ou seja, nutricionista não dá diagnóstico de doença.  

Quem determina se o tratamento de determinada doença será apenas dietético ou terá intervenção medicamentosa ou cirúrgica é o médico.

Quarta diferença: solicitação de exames

Ambos os profissionais podem solicitar exames laboratoriais para elucidação diagnóstica. Entretanto o nutricionista geralmente não solicitam exames de imagem, eletrocardiograma, teste ergométrico, monitorização ambulatorial da pressão arterial, holter, exames laboratoriais que necessitem de monitoração médica durante a realização, polissonografia. Porém, solicitam DEXA e Bioimpedância.

Mas os nutricionistas possuem competência legal para solicitar exames laboratoriais?  A resposta é: Sim. Por lei eles podem solicitar os exames necessários ao diagnóstico nutricional, à prescrição dietética e ao acompanhamento da evolução nutricional. Isso está prescrito nas seguintes normatizações: Lei Federal 8.234/91, artigo 4º, inciso VIII, Resolução CFN nº 306/03, Resolução CFN nº 380/05 e Resolução CFN nº 417/08. 

Exames que geralmente nutricionistas solicitam: Hemograma, Uréia, Creatinina, Ácido úrico, Glicemia de jejum, Insulina, Perfil lipídico, Transaminases, Gama-GT, Proteínas totais e frações, Dosagem sérica ou urinária de vitaminas, minerais, marcadores inflamatórios que tenham correlação com nutrientes como a homocisteína. 

Mas a solicitação de exames por parte dos nutricionistas é limitada aos aspectos nutricionais, para o médico, ela é mais abrangente. 

Quinta diferença: o arsenal terapêutico 

O nutricionista tem como arsenal terapêutico:

  • Orientações nutricionais com educação em saúde (um dos papéis mais nobres quando se fala em prevenção);
  • Plano dietético;
  • Prescrição de suplementos orais desde que respeitem as doses estabelecidas pela Agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA). Os Níveis Máximos de Segurança de Vitaminas e ou Minerais estão dispostos no anexo da Portaria SVS MS 40/1999.
  • Prescrição de plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos: a prescrição de fitoterápicos e preparações magistrais, a partir de 2016, será uma atribuição exclusiva do nutricionista portador de título de especialista em Fitoterapia pela ASBRAN. Quem iniciou pós-graduação na área até Maio de 2015 poderá prescrever sem título, os demais apenas com prova de título de especialista.
É vedado ao nutricionista a prescrição de:
  • Produto que use via de administração diversa do sistema digestório; PORTANTO nutricionista não pode prescrever NADA que seja de uso tópico (pele), nasal, ocular, endovenoso, intramuscular. É importante salientar isso pois temos visto nutricionistas prescrevendo Citoneurim Intramuscular para correção de anemia megaloblástica, Noripurum endovenoso, Liraglutida e até mesmo hormônios. 
  • Medicamentos ou produtos que incluam em sua fórmula medicamentos; SOMENTE médico e dentista podem prescrever medicamentos. A nutricionista que prescreve qualquer tipo de medicamento, seja ele uma simples dipirona ou um hormônio está infringindo o código de ética médica e isso pode ser considerado exercício ilegal da profissão médica;
  • Medicamentos à base de vitaminas e minerais sujeitos a prescrição médica; Algumas doses de vitaminas e minerais deixam de ter efeito de suplementação e passam a ter ação medicamentosa como altas doses de Vitamina B12, Vitamina B6, Ácido fólico, Vitamina D3, Vitamina A. Nesse caso somente médicos podem prescrever. A ANVISA determina os níveis máximos desses nutrientes. 
  • Suplementos com quantidades de nutrientes superiores aos níveis máximos regulamentados pela Anvisa ou na falta destes o Tolerable Upper Intake Levels – UL;
  • Prescrição de fitoterápicos que necessitem de receita médica conforme a Instrução Normativa nº 5, de 12 de dezembro de 2008 da ANVISAProdutos que não atendam às exigências para produção e comercialização regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (exemplo suplementos importados que não foram aprovados pela ANVISA, por exemplo DHEA, Melatonina etç).
O médico nutrólogo tem além de todo o arsenal terapêutico citado acima:

  • Prescrição de nutrientes via endovenosa (Parenteral);
  • Prescrição de suplementos em doses mais altas ou exclusivos para prescrição médica;
  • Prescrição de vitaminas, minerais e ácidos graxos em doses medicamentosas, que muitas vezes excedem as doses estabelecidas pela ANVISA. Exemplo: Citoneurim fornecendo 1mg de vitamina B12. Ácido fólico de 5mg prescrito na gestação. Ácido alfa-lipóico de 600mg prescrito para neuropatia diabética.
  • Prescrição de medicamentos: antibióticos, antiinflamatórios, analgésicos, antitérmicos, corticóides, hipoglicemiantes, anti-hipertensivos, antiarritmicos, antiulcerosos, psicotrópicos, medicações endovenosas, intramusculares, nasais, retais, tópicas.
  • Prescrição de fitoterápicos que necessitem de receita médica conforme a Instrução Normativa nº 5, de 12 de dezembro de 2008 da ANVISA.]
Sexta diferença: prescrição de dietas (diferença que gera polêmica)

O nutrólogo trata das doenças ligadas à ingestão alimentar (doenças nutricionais ou como a ABRAN prefere denominar, doenças nutroneurometabólicas). 

O diagnóstico destas doenças deve ser feito por médicos e tratadas por médicos. Só depois de um diagnóstico, o médico encaminhará o paciente ao nutricionista para solicitar o acompanhamento nutricional. É importante salientar que o paciente é livre para ir em quem quiser, entretanto o diagnóstico deve ser firmado antes.

O bom Nutrólogo diagnostica e encaminha para o nutricionista montar o cardápio. É assim que eu prefiro trabalhar e tenho tido bons resultados. Tenho parceria com várias nutricionistas e trabalhamos de forma harmônica. Faço inquérito alimentar, solicito os exames necessários, detecto as deficiências nutricionais laboratoriais e só então encaminho para que eles com todo conhecimento do curso de Nutrição e pós-graduação em Nutrição clínica possam montar o plano alimentar conforme as diretrizes por mim sugeridas

Segundo parecer jurídico do Conselho Federal de Medicina (CFM), o médico está habilitado a prescrever dietas apenas em casos de doenças. Ou seja, quando envolve estética, é vetado a ele. 

O Conselho Federal de Nutrição (CFN) não entende dessa forma e defende que a prescrição de dieta via oral seja atividade privativa da nutrição, conforme a lei federal que regulamenta a profissão. Alega que uma resolução não pode transpor uma lei federal.

Essa discussão na minha humilde opinião, acabou ano passado, quando o Supremo Tribunal de Federal (STF) determinou: "Por outro lado, as atividades de planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de serviços pertinentes à alimentação e nutrição, consultório de nutrição e dietética, e de assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e em consultório de nutrição não impedem nem prejudicam aquelas pertinentes a outras áreas de nível superior, notadamente referentes a bioquímicos e médicos nutrólogos".

O que corrobora com o despacho COJUR n.º 515/2019 do Conselho Federal de Medicina, de 13/11/2019. Expediente CFM n.º 9789/2019. Assunto: Consulta sobre a possibilidade de médicos receitarem dietas. Possibilidade nos termos da regulamentação da profissão. Atividade abrangida pela profissão médica. ADI 803/DF. Arguição de exercício ilegal da profissão de Nutricionista.  Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/despachos/BR/2019/515_2019.pdf

Há quase um século e meio, o primeiro item da prescrição médica é a dieta. Médicos vinham fazendo isso nos últimos 100 anos. A Nutrologia no Brasil é anterior à Nutrição e surgiu na América Latina com o Médico argentino Pedro Escudero na década de 30.

A Nutrição surgiu assim como a fisioterapia, com a função de auxiliar a medicina e hoje caminha com as próprias pernas. Tornou-se uma grande ciência e que quando bem praticada pode mudar a vida dos pacientes, seja curando ou mudando o prognóstico de doenças.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Nutrólogo em Florianópolis

Venho por meio deste post comunicar aos meus fiéis leitores (11 anos de blog), que em breve (2022) começarei a atender em Florianópolis e Joinville. Não deixarei o consultório de Nutrologia em Goiânia, mas passarei a atender em ambas as cidades de 15 em 15 dias. 

Ou seja, em breve mais um Nutrólogo em Florianópolis. Assim que tirar meu CRM-SC e RQE em Santa Catarina comunicarei o endereço dos consultórios. 

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Prescrição de esteróides anabolizantes para fins estéticos - Uma prática condenada pelo Conselho Federal de Medicina


Os riscos do uso não médico (Handelsman, 2006) de esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) é um tema recorrente em artigos científicos, jornais e revistas especializadas. No momento está ganhando notoriedade na mídia pois alguns médicos "instituíram" por conta própria a prescrição para fins estéticos.

Esse consumo tem sido relacionado a homens e mulheres jovens de variadas camadas sociais e padrões econômicos, que buscam obter rapidamente a musculosidade (hipertrofia e definição muscular) e a melhora do desempenho físico (efeito ergogênico).

Indubitavelmente, com a forte demanda, a fiscalização frouxa e com altos lucros falando mais altos, médicos turbinam os resultados graças a uma roleta-russa química na qual se destaca o abuso dos EAA.


A insatisfação com a imagem corporal tem sido descrita como uma das causas do abuso de EAA, exercendo considerável influência na motivação de homens jovens, que buscam um ideal de musculosidade, tomando por base modelos de corpo masculino sugeridos pela mídia, particularmente em publicações especializadas. É claramente um transtorno psiquiátrico. Vemos uma ascensão dos transtornos alimentares (Bulimia, anorexia, transtorno da compulsão alimentar periódica, vigorexia, ortorexia). A crença de que corpo bonito é um corpo sarado ou bombado, na maioria das vezes irreais pelos métodos convencionais, ou seja, quase sempre "esculpido por EAA", acaba sendo gatilho para esses transtornos alimentares e uso de EAA (com seus efeitos adversos).




Os danos provocados pelo uso indiscriminado de EAA são apontados em vários estudos (Bispo et al., 2009; Samaha et al., 2008; McCabe et al., 2007; Graham et al., 2006;).

Complicações funcionais cardíacas e hepáticas, bem como diversos tipos de câncer que podem levar à morte estão entre os efeitos adversos mencionados com maior frequência, seguidos de alterações psíquicas e comportamentais de indivíduos que abusaram de doses de EAA, envolvendo, em alguns casos, episódios de agressão e violência interpessoal (Thiblin, Pärklo, 2002).



Portanto, sob esta ótica, o consumo de substâncias ergogênicas, seja no âmbito esportivo ou amador, não é recomendado, por não compensarem os danos que traz para os indivíduos saudáveis. O uso de EAA é reservados para casos específicos. A  indicação  mais  precisa  da  terapia com EAA é quando a função endócrina dos testículos está deficiente. As principais indicações são:
  1. Hipogonadismo
  2. Caquexia: seja por HIV, Câncer, Doença pulmonar obstrutiva crônica, Miastenia gravis, 
  3. Para o tratamento de anemias causadas pela produção deficiente de eritrócitos; anemia aplástica congênita, anemia aplástica adquirida, a mielofibrose e as anemias hipoplásticas;
  4. Insuficiência renal cursando com desnutrição, sarcopenia e caquexia
  5. Sarcopenia
  6. Angioedema hereditário
  7. Grandes queimados
  8. Puberdade tardia

De acordo com a portaria Nº 344 de 12 de maio de 1998(DOU de 1/2/99), atualizada  pela  resolução RDC  nº  18/2015 da  Agência Nacional de Vigilância Sanitária  - ANVISA,  os esteróides  anabolizantes  são os seguintes:



É importante salientar que NENHUM Nutrólogo, Endocrinologista, Médico do Esporte ou qualquer médico tem aval do Conselho Federal de Medicina e respectivas sociedades médicas para prescrever anabolizantes com finalidade estética ou efeito ergogênico. O uso deve ser reservado para doenças. Prescrição para outros fins não é ensinado nas residências ou pós-graduações de Nutrologia ou Endocrinologia. Portanto se o seu médico te prescreveu com essa finalidade, ele cometeu uma infração ética, podendo receber processo ético-profissional pelo Conselho Regional de Medicina.

#AnabolizantesSoParaDoentes
#AnabolizantesParaFinsEsteticos
#BombaTôFora

Vamos para as comprovações LEGAIS dessa proibição:
1) Antes de PROIBIÇÃO por parte do CFM, existe desde 2000 uma Lei federal na qual obriga as farmácias a reterem por 5 anos as receitas de anabolizantes. "A receita de que trata este artigo deverá conter a identificação do profissional, o número de registro no respectivo conselho profissional (CRM ou CRO), o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e telefone profissionais, além do nome, do endereço do paciente e do número do Código Internacional de Doenças (CID), devendo a mesma ficar retida no estabelecimento farmacêutico por cinco anos." Portanto se necessita de CID, subentende-se perante a justiça que a finalidade não é estética e sim em decorrência de alguma doença. Link para a lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9965.htm

A lei é confirmada na Cartilha para prescrição, elaborada pelo CFM: http://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/cartilhaprescrimed2012.pdf
Como nesse caso há uma quebra do sigilo médico (pois informará a doença do paciente através do número do CID 10) recomenda-se, embora seja dever legal, que o médico obtenha autorização por escrito do paciente para divulgar o diagnóstico.

2) Resolução CFM Nº 1.999/2012 que trata sobre a
 "A falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento."
"CONSIDERANDO que é vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda
não aceita pela comunidade científica;"
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária realizada em 27 de setembro de
2012,
"RESOLVE:
Art. 1º A reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada, de acordo com a existência de nexo causal entre a deficiência e o quadro clínicoou de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados."
Portanto, de acordo com o CFM, se não há déficit de um hormônio, com comprovação laboratorial e quadro clínico, esse hormônio não deve ser prescrito. Ou seja, finalidade estética é proibida pelo Conselho Federal de medicina. Link para a resolução: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

3) Parecer do CFM sobre Modulação hormonal bioidêntica e fisiologia do envelhecimento. Link para o parecer: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/2012/29_2012.pdf

4) Parecer do CFM sobre Prescrição de anabolizantes e hormônio de crescimento para
ganho de massa muscular em atletas. Link para o parecer: http://old.cremerj.org.br/anexos/ANEXO_PARECER_CFM_19.pdf


Autores:

Dr. Frederico Lobo (Nutrólogo de Goiânia - GO) @drfredericolobo
Dra. Natalia Jatene (Endocrinologista de Goiânia - GO) @dra.nataliajatene
Dr. Ricardo Martins Borges (Nutrólogo de Ribeirão Preto – SP, mestre em medicina pela FMRP – USP) @clinicaricardoborges,
Dra. Tatiana Abrão (Endocrinologista e Nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,
Dr. Daniella Costa (Nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,
Dr. Mateus Severo (Endocrinologista de Santa Maria – RS, Mestre em Ciências Médicas – Endocrinologia pela UFRGS e doutorando em Ciências médicas – Endocrinologia pela UFRGS) @drmateusendocrino,
Dr. Pedro Paulo Prudente (Médico do esporte  e Acupunturista em Goiânia - GO) @vivamelhorsemdor
Dra. Patrícia Salles (Endocrinologista de São Paulo – SP, mestre em Endocrinologia pela FMUSP), @endoclinicdoctors,
Dra. Camila Bandeira (Endocrinologista de Manaus – AM) @endoclinicdoctors,
Dra. Flávia Tortul (Endocrinologista de Campo Grande – MS) @flaviatortul,
Dr. Reinaldo Nunes (Endocrinologista e Nutrólogo de Campos – RJ, mestre em endocrinologia pela UFRJ) @drreinaldonunes.
Prof. Márcio José de Souza - Personal Trainer 


Bibliografia:







Bispo, M. et al. Anabolic steroid-induced cardiomyopathy underlying acute liver failure in a young bodybuilder. World J. Gastroenterol., v.15, n.23, p.2920-2, 2009.

Graham, M.R. et al. Homocysteine induced cardiovascular events: a consequence of long term anabolic androgenic steroid (AAS) abuse. Br. J. Sports Med., v.40, n.7, p.644-8, 2006.

Handelsman, D.J. Testosterone: use, misuse and abuse. Med. J. Aust., v.185, n.8, p.436-9, 2006.

McCabe, S.E. et al. Trends in non-medical use of anabolic steroids by U.S. college students: results from four national surveys. Drug Alcohol Depend., v.90, n.2-3, p.243- 51, 2007.

Samaha, A.A. et al. Multi-organ damage induced by anabolic steroid supplements: a case report and literature review. J. Med. Case Rep., v.2, n.340, 2008. Disponível em: www.jmedicalcasereports.com/content/2/1/340>

Thiblin, I.; Pärklo, T. Anabolic androgenic steroids and violence. Acta Psychiatr. Scand., v.106, suppl. 412, p.125-8, 2002.

Ingerir qualquer quantidade de álcool não é seguro para a saúde cerebral e pode causar danos ao cérebro



Segundo um novo estudo: Não há um nível seguro de consumo de álcool. O aumento do consumo de álcool foi associado a uma pior saúde cerebral. 

O estudo observacional, que ainda não foi revisado por pares, pesquisadores da Universidade de Oxford estudaram a relação entre o consumo auto-relatado de álcool de cerca de 25.000 pessoas no Reino Unido e suas ferramentas de varredura cerebrais.

Os pesquisadores notaram que beber tinha um efeito na massa cinzenta do cérebro - regiões do cérebro que resultaram "partes importantes onde a informação é processada", de acordo com a autora principal Anya Topiwala, pesquisadora clínica sênior de Oxford.

"Quanto mais as pessoas bebiam, menor era o volume de sua massa cinzenta", disse Topiwala por e-mail.

“O volume do cérebro diminui com a idade e mais severamente com a demência. O volume do cérebro menor também prediz um pior desempenho nos testes de memória”, explicou ela.

Embora o álcool tenha contribuído apenas com uma pequena contribuição para isso (0,8%), foi uma contribuição maior do que outros fatores de risco 'modificáveis'", disse ela, explicando que os fatores de risco modificáveis ​​são "aqueles pelos quais você pode fazer algo, em contraste com o envelhecimento."

O tipo de álcool não importa

A equipe também investigou se certos padrões de consumo de álcool, tipos de bebida e outras condições de saúde fizeram diferença no impacto do álcool na saúde do cérebro.

Eles descobriram que não havia um nível "seguro" de bebida - o que significa que consumir qualquer quantidade de álcool era pior do que não beber. Eles também não encontraram evidências de que o tipo de bebida - como vinho, destilados ou cerveja - afetou os danos ao cérebro.

No entanto, certas características, como pressão alta, obesidade ou consumo excessivo de álcool, podem colocar as pessoas em maior risco, acrescentaram os pesquisadores.

“Tantas pessoas bebem 'moderadamente' e pensam que isso é inofensivo ou mesmo protetor”, disse Topiwala à CNN por e-mail.

“Como ainda não encontramos uma 'cura' para doenças neurodegenerativas como a demência, conhecer os fatores que podem prevenir danos cerebrais é importante para a saúde pública”, acrescentou.

Sem limite seguro

Os riscos do álcool são conhecidos há muito tempo: estudos anteriores descobriram que não há quantidade de licor, vinho ou cerveja que seja segura para sua saúde geral.

O álcool foi o principal fator de risco para doenças e morte prematura em homens e mulheres com idades entre 15 e 49 anos em todo o mundo em 2016, sendo responsável por quase uma em cada 10 mortes, de acordo com um estudo publicado no The Lancet em 2018.

"Embora ainda não possamos dizer com certeza se não há 'nenhum nível seguro' de álcool em relação à saúde do cérebro no momento, já se sabe há décadas que beber muito faz mal à saúde do cérebro", Sadie Boniface, chefe de pesquisa da o Instituto de Estudos do Álcool do Reino Unido, disse à CNN por e-mail.

"Também não devemos esquecer que o álcool afeta todas as partes do corpo e há vários riscos à saúde", disse Boniface, que não participou do estudo da Universidade de Oxford.

Tony Rao, pesquisador clínico visitante de Psiquiatria para Idosos do King's College London, disse à CNN que, dado o grande tamanho da amostra, é improvável que as descobertas do estudo tenham surgido por acaso.

Rao disse que o estudo replica pesquisas anteriores que mostraram não haver limite seguro no nível de consumo de álcool por seu papel nos danos à estrutura e função do cérebro humano.

"Pesquisas anteriores descobriram que mudanças sutis que demonstram danos ao cérebro podem se apresentar de maneiras que não são imediatamente detectáveis ​​em testes de rotina da função intelectual e podem progredir sem verificação até que se apresentem com mudanças mais perceptíveis na memória", disse ele.

"Mesmo em níveis de consumo de baixo risco", disse ele, "há evidências de que o consumo de álcool desempenha um papel maior nos danos ao cérebro do que se pensava anteriormente. O estudo (Oxford) descobriu que esse papel era maior do que muitos outros fatores de riscos modificáveis, como fumar."

"A interação com a hipertensão e a obesidade no aumento dos danos causados ​​pelo álcool ao cérebro enfatiza o papel mais amplo da dieta e do estilo de vida na manutenção da saúde do cérebro", acrescentou.

“Compartilhar é se importar”

Instagram:@dr.albertodiasfilho

EndoNews: Lifelong Learning

Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde

sexta-feira, 14 de maio de 2021

A personalização do tratamento médico



Virou moda falar que o médico exerce uma Medicina Personalizada. Mas afinal, o que é essa Medicina personalizada? Será que é real ou fake ? 

A razão desse post não é diminuir o trabalho de ninguém, mas sim alertar meus seguidores sobre o que acredito deveria ser o correto na Medicina/Nutrição/Fisioterapia/Odontologia/Enfermagem/Psicologia. 

Por que o exercício de uma Medicina personalizada é tão difícil e muitas vezes pode ser utópica, dependendo do contexto em que tentamos praticar ?

Com o decorrer do tempo e ao longo dos meus estudos de diversos temas dentro da Medicina estou percebendo que por mais que eu me apegasse a uma teoria, a uma ideia, a uma modalidade terapêutica, o que de real existe é O PACIENTE. 

E o que quero dizer com isso? Que cada paciente é único. Ou seja, infelizmente um tipo de terapia não servirá para todos. 

 - Não ?
Não, a dieta da vizinha pode ser que sirva ou não para você. 
Não, o treino que serve para o seu primo, talvez não promova os mesmos benefícios para você.
Não, a adoção de um respectivo hábito de vida pode ser que seja ótima para a sua mães, mas para você será uma catástrofe. 
Não, uma suplementação ou medicação que deu certo com seu amigo (a) pode ser que nem faça efeito no seu caso. 
Não, os exames que foram solicitados para seu familiar não são os mesmos que aos quais você precisa ser submetido.

E isso ocorre por que?  Porque somos diferentes. Simplesmente isso. Temos demandas diferentes, reações diferentes e consequentemente desfechos diferentes.

Ou seja, precisamos personalizar o tratamento do paciente. Isso faz parte da boa prática médica, afinal temos que olhar o paciente como um todo.
Olhar:
  • Sua história de vida
  • Sua genética (história patológica familiar)
  • Sua história patológica pregressa
  • Suas preferências alimentares
  • Sua dinâmica ao longo do dia, desde quando acorda até hora de dormir
  • O contexto social em que ele está inserido.
  • O ambiente em que ele está vivendo
  • As relações interpessoais
  • Suas fontes de prazer
  • Suas alergias
  • Os tratamentos que já foram feitos e não deram certo
  • Mudanças que já foram feitas e deram resultado
  • Seu(s) propósito(s) de vida

Com base nisso enxergar a infinidade de tratamentos que podem ser utilizados. Isso é personalização. 

Mas o que tenho visto no consultório são inúmeros pacientes sendo submetidos a protocolos que não respeitam a própria natureza do paciente. Condutas impostas, como se fossem verdades absolutas e que não condizem com a natureza daquele paciente. Tudo isso denominado de uma medicina personalizada. 

Ou seja, uma personalização Fake !

Cada um é cada um. 

Não é porque terapia cognitivo comportamental (uma linha da psicologia) funciona para um paciente obeso, que irá funcionar para todos. Por essas e outras quando atendo um indivíduo acima do peso, tento enxergar todo o contexto por trás do peso e com isso indicar um profissional específico em meio a uma gama de colegas que me dão suporte.

Ex. um paciente que tem dificuldade de se conectar com o próprio corpo, uma pessoa extremamente racional, na qual a racionalidade é até deletéria por atrapalharem as próprias emoções. Eu vou indicar psicanálise para essa pessoa? Não. Prefiro indicar Psicologia corporal. 

Ex 2: um paciente desorganizado, que fica refém das próprias emoções, confuso. Eu vou indicar uma abordagem Y, sendo que sei que ele poderá ter benefícios com a terapia cognitivo comportamental? Claro que indicarei a terapia cognitivo comportamental naquele momento e posteriormente ele pode escolher um outro tipo de terapia que se sinta mais confortável. 

A mesma coisa funciona quando se trata de dietas. Quando comecei a treinar o Rodrigo Lamonier (o nutricionista que trabalha comigo e me acompanha em todos atendimentos), bati em duas teclas:
  1. Inicialmente o paciente que escolhe o tipo de dieta que ele quer seguir.
  2. Se ele não tivesse experiência com aquela dieta, encaminharíamos o paciente para um outro nutricionista.
Resultado: ele se dedicou a estudar inúmeros tipos de dieta, mas teve algumas que ele não ficou tão bom. Por um simples motivo: aquele tipo de dieta é como se fosse um estilo de vida e ele não vive aquele estilo de vida. 
Ex. veganos. Eu sei conduzir a investigação déficits? Sei. Ele sabe montar um plano alimentar para um vegano, escolher as suplementações? Sim. Mas ele não é e nem nunca será tão bom quanto a Karla Escoda (uma nutricionista que vive isso 24h por dia). Não temos problema algum em encaminhar esse paciente para o profissional. 
  • Isso é personalizar o tratamento.
  • Isso é reconhecer a real demanda do paciente. 
  • Isso é respeitar a necessidade do paciente.
  • Isso é cuidar. 
A mesma coisa vale para o tipo de dieta. A gente deixa o paciente escolher o tipo de dieta que ele acha menos chato fazer. Mostrando obviamente aspectos científicos prós e contras a escolha dele. Quer seguir? Tudo bem. Até quando o paciente consegue ? E como os exames laboratoriais responderão à aquele novo padrão dietético? Ele estará feliz? Ou seja, pode ser que precisemos mudar. Muitas vezes aquela estratégia não foi a melhor. Isso é aceitar que aquilo falhou e temos que mudar a estratégia. Isso é personalizar. 

Uma Medicina personalizada deveria ser a regra, mas na atualidade é a exceção. Mas é a exceção porque demanda:
  1. Escuta
  2. Tempo
  3. Estudo
  4. Raciocínio clínico em cima de cada caso
  5. Paciência e perspicácia para aguardar e avaliar os desfechos.
Quando profissionais da área da saúde passarem a exercer suas funções dessa forma, acredito que os pacientes serão melhor acolhidos e ficarão mais satisfeitos com os tratamentos.

#FicaAdica 


quinta-feira, 13 de maio de 2021

Pão de fermentação natural x fermentação química

 


Entre o pão de fermentação natural e o de fermentação química, você sabe qual é a melhor opção? 
Bom, em se tratando da composição nutricional geral (calorias, por exemplo), NÃO há diferenças significativas entre eles.

Porém, em outros aspectos, o pão de fermentação natural é bem melhor, pois, normalmente:
  • Gera uma resposta glicêmica melhor;
  • Possui digestibilidade e absorção mais facilitada, o que é muito positivo, principalmente em pacientes com intolerâncias alimentares;
  • Resulta em menor produção de gases intestinais;
  • Sabor mais marcante do que o de fermentação química;
  • Alguns pacientes também relatam ter menos sintomas gastroesofágicos (refluxo) e mais saciedade.
  • Logo, caso você tenha acesso ao pão de fermentação natural, ele pode sim ser uma ótima opção para seu cardápio.
Obs: isso não significa que o pão de fermentação química seja ruim

Autores:
Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Prof. Educação física
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo

Medicina integrativa, será que estão integrando verdadeiramente o paciente ?


É muito comum que nos questionem, se nós como Nutrólogos, trabalhamos com Medicina integrativa. A resposta é: Não! 

Não com essa Medicina integrativa que propagam por aí. A verdadeira medicina integrativa não deveria sequer ser chamada de Medicina, pois, consiste em preceitos básicos que deveriam ser adotados por todos os médicos. Entretanto, alguns "portadores" de diplomas se intitulam médicos integrativos pelo Hype do termo. Como se, ser integrativo, fosse um diferencial. 

A partir do momento que um médico se diz especialista em Medicina integrativa ele está cometendo uma infração ética, pois, não é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.  Baseado na Resolução 1.974/11. "É vedado ao médico, na relação com a imprensa, na participação em eventos e no uso das redes sociais: d) divulgar especialidade ou área de atuação não reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina ou pela Comissão Mista de Especialidades; assim como e) anunciar títulos científicos que não possa  comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina".

Uma prática integrativa deveria ser a regra e não a exceção. Tornar esse tipo de prática uma especialidade médica ou mesmo área de atuação não tem fundamento, pois, são princípios norteadores de uma boa prática médica.


O objetivo é simplesmente integrar os vários sistemas do corpo humano e olhar o paciente de forma global (holística), considerando aspectos não só orgânicos, mas também os emocionais, espirituais,  sociais e ambientais. 

O ser humano não é dissociado da sociedade e muito menos da natureza. Logo, uma visão dissociada não é o que preza a boa prática médica. Deixar de agregar à prática clínica, novas técnicas que demostram evidência em ensaios clínicos  além de certificado de "obsolescência" por parte do médico, pode ser considerado, na nossa visão, negligência. A ciência vem evoluindo. A Medicina acompanha essa evolução.

Toda a nossa medicina ocidental é baseada na tradição hipocrática do pensamento médico. O exame clínico foi todo moldado nos princípios do método hipocrático. Ou seja, resume-se a  “observar, estudar o paciente e não somente a doença, avaliar honestamente e ajudar a natureza”. A visão integradora de Hipócrates permeia toda a sua obra. Logo, a tradição hipocrática em sua essência é totalmente integrativa e acima de tudo ética. 

Achamos um artigo bem interessante que fez um quadro com inúmeros conceitos do que alguns autores acreditam ser Medicina Integrativa.



Mas antes de falarmos o que é realmente a Medicina chamada integrativa, precisamos falar quando e onde surgiu esse conceito. 

O início

No anos 60, intensificou-se a procura mundial por novas modalidades terapêuticas ditas “alternativas”. Isso ocorreu, principalmente, pelo aumento da incidência das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, combinado com e a insatisfação com o modelo vigente de saúde. 

Desde 1978, a OMS incentivou em nível mundial os cuidados de saúde primários e a integração de “práticas médicas tradicionais” eficazes para promover a saúde global – sendo essa a primeira “tentativa de integração” da medicina dita "integrativa" nos sistemas públicos de saúde.  

Mas a primeira utilização do termo, data de 1994, por Andrew Weil, médico americano da Universidade do Arizona, na qual se definia medicina integrativa como uma “medicina” orientada à saúde, que tinha como foco um olhar global do paciente, olhando não só aspectos relacionados às doenças, mas também o seu estilo de vida. Em 1980, EUA e Inglaterra adotaram a denominação “medicina complementar” e hoje muitos preferem. 

Na teoria a ideia parece bem interessante. Uma área que amplia os olhares da Medicina convencional e faz a Medicina evoluir. Mas não é isso que temos visto nos consultórios médicos brasileiros. A verdadeira Medicina Integrativa “Integrative Medicine” está presente em mais de 60 (sessenta) centros universitários acadêmicos americanos como: Harvard, Arizona, Massachusetts, Mayo Clinic, Cleveland Clinic, Califórnia, entre outras. 

Infelizmente, no Brasil ela foi deturpada, apesar dos esforços de alguns profissionais sérios da área, como é o caso do pioneiro na "Medicina integrativa" no Brasil.

O Dr. Paulo de Tarso Lima, médico cirurgião de São Paulo, foi até a Universidade do Arizona beber da fonte e conhecer mais de perto o berço  do movimento. A ideia do Dr. Paulo é excelente. Criou inclusive um pós-graduação na área (a pioneira no Brasil). É o idealizador e cofundador do serviço de Medicina Integrativa do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo - SP.

O que aconteceu no Brasil?

Os princípios da chamada  "Medicina integrativa" foram corrompidos por alguns profissionais, que viram nessa "nova especialidade" uma forma de:
  1. Lucrarem, 
  2. Venderem produtos, 
  3. Criarem doenças inexistentes, 
  4. Defenderem valores de referência supra-ótimos,
  5. Agregarem práticas que são proibidas pelo Conselho Federal de Medicina.  Resolução Nº1999/2012.
        "De acordo com Andrew Weil, existem princípios definitivos da medicina integrativa a serem respeitados, como consta a seguir.
        • Paciente e praticante são parceiros no processo de cura.
        • Todos os fatores que influenciam a saúde, bem-estar e doença são levados em consideração, incluindo mente, espírito e comunidade, bem como o corpo
        • O uso apropriado de métodos convencionais e alternativos facilita a resposta de cura inata do corpo.
        • Intervenções eficazes, naturais e menos invasivas devem ser usadas sempre que possível. A medicina integrativa não rejeita a medicina convencional nem aceita terapias alternativas sem crítica.
        • O bom “remédio” é baseado em boa ciência. É orientado pela investigação e aberto a novos paradigmas. Juntamente com o conceito de tratamento, os conceitos mais amplos de promoção da saúde e prevenção de doenças são primordiais.
        • Praticantes da "medicina integrativa" devem exemplificar seus princípios e comprometer-se com a autoexploração e o autodesenvolvimento. Desse modo, pode-se clarificar a importância da relação terapêutica, a abordagem do paciente como um todo, a orientação para a “cura/melhoria” e a participação ativa do paciente no tratamento.
          A medicina integrativa pode ser entendida como a “combinação” da medicina convencional com a medicina complementar, com base em evidências científicas e com a finalidade de oferecer maior variedade de opções terapêuticas aos pacientes."

        Resumindo: na teoria a "Medicina integrativa' é bonita e o modelo ideal no exercício da Medicina, na minha concepção. Porém o que se vê são médicos e profissionais da área da saúde que usurpam o termo e propagam teorias como se elas fizessem parte da grade do que é estudado na Medicina integrativa. Médicos que criam suas próprias teorias e saem por aí afirmando que aquilo faz parte da "Medicina Integrativa". 

        Exemplo bem simples: prescrição de anabolizantes para quem não tem indicação. Indo mais além, prescrição de anabolizantes para fins estéticos. Prescrição de medicações que ainda têm pouca ou nenhuma evidência da eficácia ou segurança. Restrições alimentares infundadas. Utilização de exames não reconhecidos pelas sociedades médicas. Demonização da indústria farmacêutica e prescrição exagerada de formulações manipuladas, elaboradas de forma irracional. 

        Integração é acima de tudo:

        • Respeitar o paciente, 
        • Enxergá-lo de forma global, 
        • Não ignorar a ciência, 
        • Não aceitar estudos fajutos como evidência de algo. 

        O programa de pós-graduação do Einstein contempla terapias de toque, técnicas que trabalham a conexão mente/corpo e as medicinas chinesa e indiana. Mas deixa claro a necessidade de a todo momento se fazer uma análise crítica e realizarem ensaios clínicos para a ciência evidenciar o que realmente funciona e merece ser incorporado à prática clínica cotidiana. A universidade de Harvard tem em seu site, uma parte que trata de Medicina complementar: https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2 Na qual visa mostrar quais evidências existem em diversas práticas. 


        Alguma das áreas estudas e defendidas pelo "Medicina integrativa":

        "Acupuntura: A prática milenar de origem chinesa vira e mexe é colocada à prova pela ciência. Nos últimos anos, pesquisadores queriam saber se a ação das agulhadas em pontos específicos não era algo apenas deflagrado pela mente (o tal efeito placebo) e decifrar como ela interfere no organismo. No final de 2012, um dos maiores estudos na área, financiado pelo Centro Nacional de Medicina Complementar e Alternativa dos EUA, jogou evidências sobre a discussão: depois de revisar 29 pesquisas, totalizando quase 18 mil participantes, o trabalho mostra que a acupuntura tradicional ajuda a combater dores crônicas nas costas, na cabeça e ligadas à artrite. “Essa é a maior análise já feita para verificar se há diferenças entre a terapia de verdade e a baseada em pontos falsos, o placebo. Ela resolve a questão de que a acupuntura não se restringe a um mero efeito da mente”, diz o epidemiologista Andrew Vickers, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, líder da investigação. Estudos já identificaram áreas do cérebro acionadas pelas agulhas, entre elas nosso centro de controle da dor. “A acupuntura promove a liberação de substâncias analgésicas, as endorfinas, mas precisamos entender agora como se dá essa ação permanente na dor crônica”, diz Vickers. É uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.
        Origem: China Antiga
        Principais indicações: dor nas costas, dor de cabeça, problemas nas articulações, pressão alta, sintomas indesejados da menopausa e da gravidez, ansiedade, depressão, insônia, efeitos adversos de tratamento contra o câncer, distúrbios cognitivos.
        Contraindicações: pessoas com alergia intensa ou lesões na pele, muita sensibilidade a agulhas, fobia de ser picada e imunidade baixa.
        Onde faltam evidências: enxaqueca crônica, tratamento de alguns tipos de câncer, doenças cardíacas agudas."

        "Musicoterapia: Assim como um sambão instiga o corpo a se mexer e uma sonata nos deixa contemplativos, a capacidade que a música tem de alterar o ânimo é utilizada com fins terapêuticos. “As melodias interferem no sistema límbico, nosso centro das emoções, alteram o padrão de ondas cerebrais e propiciam a liberação de substâncias relaxantes e analgésicas”, diz Eliseth Leão, cujo mestrado e doutorado tratam de musicoterapia. Um experimento da Universidade do Kentucky, nos EUA, mostrou que pessoas submetidas a cirurgia e expostas a uma seleção musical durante e após a operação se recuperaram mais rápido que aquelas que só ouviram os médicos conversando. A hipótese é que sons plácidos aliviem o estresse e tirem o foco da situação a ser enfrentada. As sessões de musicoterapia duram, em geral, 20 minutos e podem ser em grupo ou individuais. “A escolha do repertório respeita o objetivo do tratamento e o perfil do paciente”, diz Eliseth. E a terapia continua até fora do consultório, já que é possível escutar um playlist em casa.  
        Origem: embora o uso da música em rituais terapêuticos remonte à Antiguidade, sua entrada pra valer na medicina moderna se deu na década de 1960.
        Principais indicações: controle do estresse, dores agudas e crônicas, ansiedade, depressão, distúrbios cognitivos, autismo, recuperação no câncer.
        Contraindicações: vítimas recentes de derrame e portadores de epilepsia musicogênica (condição rara em que os estímulos sonoros provocam convulsões).
        Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas que geram estados de excitação e alucinação."
         
        "Homeopatia: Quem é que nunca fez (ou pelo menos já ouviu falar em alguém que fez) um tratamento com gotinhas ou comprimidos homeopáticos? Desde que a Associação Médica Brasileira a reconheceu como uma especialidade em 1980, a homeopatia se tornou bastante popular no país. Tal avanço não eliminou, contudo, a desconfiança de uma extensa parcela dos próprios médicos, que acreditam na falta de evidências capazes de legitimar seu uso. “A medicina hoje é muito atrelada ao mercado e a indústria farmacêutica teme a homeopatia pelo fato de que ela é simples, mais barata e contraria o filão dos laboratórios, que é a doença em si”, opina o pediatra e homeopata Renan Marino, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Marino desenvolveu uma experiência pioneira com um remédio homeopático frente à epidemia de dengue que assolava essa cidade no interior paulista. Cerca de 20 mil doses foram distribuídas entre a população e houve uma queda de 80% no número de casos da infecção registrados — e nenhuma pessoa evoluiu para a forma hemorrágica e mais grave da doença. Hoje, o especialista investiga o potencial da homeopatia em crianças com hiperatividade. “Em 80% dos casos, podemos tirar a droga normalmente receitada e só o homeopático já consegue equilibrar a agitação”, conta. Apesar desses resultados, há pesquisadores que questionam sua eficácia e modo de ação. O médico alemão Edzard Ernst, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, afirma, depois de inúmeras investigações no campo das terapias alternativas, que seu efeito não passa de placebo. “Um remédio homeopático costuma ser tão diluído que não chega a ter qualquer molécula ativa. Há quem defenda que algum tipo de energia é transferido ao produto no processo de diluição, mas essa hipótese é implausível”, diz. Com base nisso, Ernst salienta que a homeopatia não deveria substituir intervenções convencionais diante de um problema de saúde mais grave.
        Origem: criada pelo alemão Samuel Hahnemann no século 19 com base em princípios descritos pelo grego Hipócrates no século 4 a.C.
        Indicações: pode ser usada sozinha ou junto a um tratamento convencional em diferentes problemas, como resfriados, bronquite e sinusite, doenças que geram dor crônica e queimaduras.
        Contraindicações: não há, a menos que existam reações adversas a compostos específicos.
        Onde faltam evidências: Infecções severas, alergias e dermatites intensas, quadros que cobram internação."

        "Fitoterápicos: Um dos hábitos mais antigos da humanidade é recorrer à natureza para abrandar males do corpo e da alma. E não é à toa que uma porção de remédios, hoje fabricados por farmacêuticas, tem seu princípio ativo baseado em substâncias encontradas originalmente em plantas. A fitoterapia se apoia justamente no princípio de usar o que o reino vegetal oferece para tratar doenças e isso pode ser feito por meio de extratos, infusões, cápsulas, pomadas... Sua força no Brasil parece vir das nossas heranças históricas — basta pensar na cultura indígena — e da diversidade da nossa flora. Acontece que, a exemplo de outras práticas, o uso de plantas carece do carimbo científico, ainda mais porque dosagens e combinações equivocadas são capazes de derrubar o organismo. Felizmente, muitas instituições, como a Universidade Estadual de Campinas e a Federal de Santa Catarina, investem na pesquisa de fitoterápicos. E, antenado à tendência, o próprio SUS oferece 12 extratos de plantas em sua rede. “São fitoterápicos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em critérios de eficácia e segurança”, diz Carlos Gadelha, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (confira no esquema ao lado).
        Origem: plantas são usadas como remédios em todo o mundo desde a pré-história.
        Principais indicações: dores, processos inflamatórios, problemas gastrointestinais e do aparelho respiratório e colesterol alto
        Contraindicações: em tese, todos os fitoterápicos podem apresentar riscos e efeitos adversos, daí a necessidade de uma indicação médica.
        Adendo: Salientamos que mais ensaios clínicos devam ser feitos com fitoterápicos, já que apesar da imensa gama de produtos no mercado, uma minoria tem realmente evidência científica que justifique a sua prescrição. Exemplo: fitoterápicos para obesidade. Os estudos até o momento não nos convence, justificando a sua prescrição. "

        "Aromaterapia: O químico francês René Gattefossé descobriu quase sem querer, nos anos 1920, o poder dos óleos essenciais: depois de queimar a mão, ele percebeu que o aroma da lavanda acalmava a dor. De lá pra cá, essa estratégia foi estendida para uma legião de plantas e virou abordagem terapêutica, a aromaterapia. Hoje, em países como Inglaterra e França, ela deixou spas para ser incorporada ao ambiente hospitalar. O óleo de lavanda, um dos mais famosos, já é usado em alas de queimados devido ao seu efeito calmante e analgésico. O potencial do método se deve à alta concentração do princípio ativo presente no óleo: o efeito de uma gota equivaleria ao de 25 xícaras do chá. “No tratamento, levamos em conta as queixas do paciente e suas preferências aromáticas. O uso pode ser feito por meio de cremes, sabonete líquido, massagem com o óleo ou através de um vaporizador”, explica Sandra Spiri, presidente da Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia. Hoje a principal ação dos óleos essenciais é o combate ao estresse e à ansiedade, o que justificaria, segundo novos trabalhos, seu benefício cardiovascular. Na Universidade Médica Taipei, em Taiwan, notou-se que uma curta exposição ao óleo de tangerina, por exemplo, ajuda a baixar a pressão arterial.
        Origem: há relatos de que, na Antiguidade, egípcios, romanos, hindus e chineses já usavam óleos essenciais. Mas a terapia entrou na era científica com o químico francês René Gattefossé, no início do século 20.
        Principais indicações: controle de estresse, ansiedade e dores.
        Contraindicações: idosos ou pessoas que tomam muitos medicamentos, indivíduos com alergia e gestantes.
        Onde faltam evidências: quadros de náusea e vômito intensos; o uso terapêutico isolado é, muitas vezes, pouco efetivo."

        "Hipnose: Quando chegamos em casa e não lembramos o percurso das últimas quadras é porque estávamos numa espécie de transe — o inconsciente se manifesta enquanto é mantida uma reserva de vigilância. A hipnose nos induz a um estado semelhante e isso já é explorado no tratamento de depressão, fobias, distúrbios sexuais e alimentares. Até condições com sintomas mais físicos são enfrentadas — e convém esclarecer que o paciente é submetido a um treinamento até poder passar pelo tratamento. Um estudo publicado pelas universidades de Baylor, Texas e Indiana, nos EUA, com 187 mulheres com calorões motivados pela menopausa, mostrou que aquelas submetidas à hipnose tiveram uma redução de 74% na frequência desse incômodo contra 13% do grupo de controle.
        Origem: o termo e seus precursores, Jean-Martin Charcot, Josef Beurer e Sigmund Freud, vêm do final do século 19.
        Principais indicações: distúrbios psicológicos, transtornos sexuais e alimentares, controle da dor, de vícios e manias, insônia.
        Contraindicações: não há, mas é ineficaz em pessoas não-suscetíveis.
        Onde faltam evidências: como anestésico em cirurgias de grande porte, dores agudas e doenças nervosas."

        "Técnicas de respiração: Uma ação simples e até obrigatória para o organismo vem sendo explorada como coadjuvante no tratamento de distúrbios psicológicos. Trabalhar o ritmo da respiração, utilizando mais o diafragma (o músculo que impulsiona o inspirar e o expirar) e controlando a entrada e a saída de ar, é uma tática bem-sucedida para subjugar e afastar ataques de pânico e ansiedade, como indicam estudos do psiquiatra Antonio Egidio Nardi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Isso ajuda a complementar o tratamento com remédios", diz. Há diversos treinos de respiração e um dos mais famosos é o método Sudarshan Krya, do ioga, tema de trabalhos na Universidade Harvard que demonstraram sua eficácia no controle do estresse, colesterol e insônia. Num experimento do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), os médicos observaram que exercícios respiratórios melhoraram os níveis de pressão arterial de idosos. “O ritmo de respiração mais lento ativa o lado calmo do sistema nervoso autônomo, estimulando o relaxamento dos vasos”, justifica o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho. Esta e outras técnicas ainda colaboram para controlar a asma e minorar a dor no parto.
        Origem: algumas técnicas, como a do ioga, têm registros milenares
        Principais indicações: controle do estresse, de crises de ansiedade, ataques de pânico, dores agudas e da pressão arterial.
        Contraindicações: a princípio, não há.
        Onde faltam evidências: até agora, não há evidências contrárias, mas o uso terapêutico isolado não controla totalmente doenças crônicas."
         
        "Meditação: Pessoas que dedicam um espaço da agenda a essa desconexão com o mundo — e olha que existem diversas formas de meditação — não só viveriam menos abatidas pelo estresse como estariam mais blindadas contra doenças. Um trabalho da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, acaba de demonstrar, depois de um teste com 154 voluntários, que indivíduos que meditam meia hora por dia correm menor risco de sofrer com gripes e resfriados e perder dias de trabalho por isso. “É provável que, interferindo no sistema nervoso, a prática ajude a regular a imunidade”, diz o autor, Bruce Barrett. Além da verve preventiva, a meditação também tem passado nas provas que avaliam sua capacidade de melhorar sintomas e dar qualidade de vida: há estudos com resultados positivos em hipertensão, esclerose múltipla e doença de Parkinson. “Estamos avaliando, com exames de ressonância magnética, o impacto da meditação tibetana em pessoas que sofreram danos cognitivos por causa da quimioterapia”, conta Paulo de Tarso Lima, do Hospital Albert Einstein.
        Origem: depende do tipo (budista, cristã, transcendental...). A prática está ligada a religiões e culturas orientais desde a Antiguidade
        Principais indicações: gerenciamento do estresse, controle da dor, ansiedade e depressão, distúrbios nervosos, controle de efeitos colaterais de terapias agressivas.
        Contraindicações: a princípio, não existem, mas a prática tem de ser devidamente orientada.
        Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas em crise, tratamento do câncer em si."
         
        "Massagem: Ninguém duvida do poder relaxante de uma boa massagem, mas os profissionais da área ainda lutam para diferenciar uma simples sessão antiestresse (feita até no shopping) de uma intervenção capaz de fazer o corpo reagir a algum desconforto ou problema de saúde. Embora a base seja a mesma — manipular tecidos moles do corpo —, existem várias categorias de massagem: sueca, chinesa, shiatsu, clínica... A exemplo de outras terapias, essa abordagem deve seus louros a minimizar a tensão e toda a cascata de irregularidades desencadeada por ela, como cansaço constante, dores musculares e pressão alta. Isso porque o estado de relaxamento propiciado em uma sessão baixa a concentração de cortisol, o hormônio do estresse, e melhora a qualidade do sono, imprescindível para manter o sistema nervoso sob equilíbrio. Mas a técnica pode se prestar também a efeitos mais localizados. Um estudo capitaneado pela Universidade Duke, nos EUA, aponta que, quando aplicada uma hora por dia toda semana, a massagem sueca, marcada por manipulações mais intensas focadas na musculatura, é eficaz no controle da dor em pessoas com artrose no joelho, problema que não raro resiste a tratamentos convencionais. Hoje, aliás, se busca distinguir os conceitos de massagem terapêutica e clínica. “A primeira é mais de caráter preventivo, enquanto a segunda visa intervir para ajudar a corrigir um problema”, diz Rogério Pires, presidente da Associação Brasileira de Massoterapia Clínica.
        Origem: é uma prática milenar que faz parte, desde a Antiguidade, da cultura indiana, chinesa, tailandesa, romana e egípcia.
        Principais indicações: controle do estresse, melhoria da qualidade do sono, gerenciamento da dor, constipação intestinal e recuperação de problemas musculares.
        Contraindicações: pessoas em tratamento contra alguns tipos de câncer, indivíduos com varizes acentuadas ou diante de um processo inflamatório acentuado na pele ou nas articulações.
        Onde faltam evidências: dores agudas e intensas, alguns tipos de câncer, lesões ortopédicas."

        "Quiropraxia: Quem já ouviu falar nesse método, bastante popular nos Estados Unidos, tende a pensar que ele é uma espécie de massagem com estalos nas costas. Mas a proposta vai além disso. “Por meio de movimentos precisos na coluna, que por vezes geram estalidos, a quiropraxia visa melhorar o alinhamento das vértebras para que a comunicação do sistema nervoso com a periferia se dê de forma mais harmoniosa”, explica Ana Paula Facchinato, coordenadora do curso de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. O principal alvo da técnica é, de fato, toda a extensão da coluna vertebral, e há situações em que seu potencial supera o de remédios. Um estudo da Universidade de Ciências da Saúde Northwestern, nos EUA, revelou recentemente que técnicas de manipulação como a quiropraxia são mais eficazes em controlar dores na região do pescoço que medicamentos e exercícios caseiros. Só vale lembrar que, antes de recorrer ao método, é preciso fazer uma avaliação detalhada da origem do incômodo, até porque em alguns quadros de hérnia de disco e osteoporose ela é contraindicada.
        Origem: Estados Unidos, pelo estudioso de fisiologia e biomecânica humana canadense Daniel Palmer, em 1895.
        Principais indicações: dor na lombar, dor no pescoço, problemas decorrentes de postura e de alterações no corpo (como gestantes).
        Contraindicações: osteoporose grave, hérnia de disco e doenças reumatológicas em crise, vítimas de derrame e algumas pessoas com histórico de câncer.
        Onde faltam evidências: tratamento de dores agudas ligadas à hérnia de disco ou reumatismos."

        Autores:
        Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
        Dra. Karoline Calfa - Médica Nutróloga e Conselheira do CRM-ES.

        Referência bibliográfica:
        1. https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2
        2. https://revistamedicinaintegrativa.com/estado-da-arte-da-medicina-integrativa-no-mundo/
        3. http://medintegrativa.com.br/medicina-integrativa/
        4. http://medintegrativa.com.br/sobre/
        5. https://www.einstein.br/especialidades/hematologia/atendimento-consultas/medicina-integrativa
        6. http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnpic.php
        7. https://www.scielo.br/pdf/csc/v16n3/16.pdf

        sexta-feira, 7 de maio de 2021

        Como melhorar o controle glicêmico?

        Controlar o diabetes: A alimentação se torna uma das grandes preocupações das pessoas quando elas são diagnosticadas com diabetes.

        E a recomendação para esses pacientes de seguirem uma dieta específica não é à toa, pois, em pessoas diabéticas a produção de insulina é baixa ou mal utilizada. Por isso, ao comer certos alimentos- como carboidratos, ou aqueles ricos em açúcar e frutose- em excesso, a pessoa pode elevar muito os níveis glicêmicos no sangue, e agravar seu quadro diabético.

        Além disso, quando a causa do diabetes é a obesidade, a dieta e alimentação adequada é ainda mais fundamental. Uma vez que a pessoa com um quadro dessas duas doenças associadas – obesidade e diabetes- perde gordura visceral através de uma boa dieta, o organismo dela se torna também menos intolerante à insulina e, por consequência, os níveis de glicemia diminuem.

        Outro ponto a se destacar é que quando falamos em “dieta”, não é o mesmo que regimes da moda, mas sim um modo de comer planejado, que deve ser orientado profissionalmente, a fim de controlar a diabetes.

        Mas e quando você faz várias restrições na dieta, tira todos os doces, e mesmo assim não consegue controlar a doença?

        Algumas dicas para melhorar o controle glicêmico
         
        1 – Um plano de alimentação, no caso dos diabéticos, é uma necessidade primordial para o controle e tratamento da condição.

        Por isso, essas pessoas devem contar com a ajuda de um nutricionista, que poderá passar uma dieta individualizada para elas, que esteja de acordo com seu peso, sexo e idade. Sempre com o objetivo de evitar ou minimizar as flutuações extremas de glicemia, mas incluindo todos os nutrientes que essa pessoa precisa ter em sua alimentação. 

        Dessa forma, apesar das restrições necessárias, ela não deixará de ter uma dieta prazerosa. E, com devida orientação, poderá até mesmo, eventualmente e na quantidade correta, consumir alimentos doces e com açúcar.

        2 – Medir a glicemia antes e após as refeições é outra atitude que pode ajudar muito a controlar o diabetes através da dieta. Mas essa medição só deve ser feita com indicação de seu médico, por isso, converse com ele antes para confirmar se você pode e deve realizar esse controle glicêmico.

        Os períodos anterior e posterior às refeições são chamados de pré e pós-prandial. Medir a glicemia nesses períodos ajuda a perceber como determinados alimentos consumidos a cada refeição podem interferir no seu nível glicêmico. Dessa forma, o paciente terá uma melhor consciência sobre o que deve mais evitar para manter o controle do diabetes.
        Essa técnica também vai ajudar na recomendação da dosagem de insulina que o médico irá recomendar.

        3 – Para um melhor controle do diabetes através da dieta, é ideal que os pacientes também também associem a alimentação adequada com a prática regular a de atividade físicas.
        Estudos referenciados nas Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes apontam que exercícios físicos que aliam treinamento de resistência e aeróbicos são capazes de diminuir o nível de glicose no organismo em cerca de 0,77% após 12 semanas.

        Mas é necessário que, antes de iniciar a prática, o diabético consulte o médico que poderá avaliar qual é o melhor exercício para ele, de acordo com as particularidades do seu quadro clínico.
        Além de tudo isso, é necessário lembrar que o diabetes é uma doença crônica e progressiva. Por isso, o uso de remédios recomendados pelo médico pode ser necessário e é algo que vai auxiliar o controle da doença, a fim de evitar complicações.

        Vale lembrar também que restrições por conta própria, especialmente no caso dos diabéticos, não são recomendáveis. O paciente não tem o conhecimento necessário para restringir sua dieta, podendo até mesmo entrar em prejuízo nutricional por conta disso.

        Autor: Dr. Leônidas Tavares Silveira - Médico Nutrólogo e Endocrinologista.