domingo, 19 de junho de 2016

Quais alimentos fazem seu bebê dormir melhor? Ou: conheça a melatonina

Como prometi, esse é o grand finale da série sobre sono em bebês.
E para fechar a série queria dar uma dica que não tem em nenhum dos mil livros de sono no bebê que você já leu, nas noites insones…
Conheça a melatonina
Pois é, como já escrevi, uma das condições necessárias para seu filho dormir, é liberar adequadamente o hormônio melatonina, que é produzido no cérebro, na glândula pineal.
Sempre se pensou que a melatonina fosse exclusividade dos animais, que plantas não o produziam (planta dorme?), mas tudo faz sentido quando se estuda a fundo o assunto..
A melatonina, além de ser um indutor do sono, é um potente anti-oxidante, ajudando à “limpar” toda a “sujeira” produzida pelo seu corpo ao longo do dia.
Com certeza você já ouviu dizer que o sono envolve a reparação do corpo e a Melatonina é o maestro desse processo noturno de “faxina orgânica”.
Pois é, mas aí alguns cientistas avaliaram a disponibilidade de Melatonina em plantas e eureka! – ela estava lá.

Quais alimentos tem melatonina

No artigo do link acima está uma lista completa da concentração de melatonina em plantas, mas destaco, por ordem de concentração:
  • Cerejas (as maiores fontes dentre as frutas!)
  • Banana
  • Tomate
  • Morango
  • Mirtilos
  • Linhaça
  • Amêndoas
  • Arroz
  • Mostarda
  • Lentilhas
  • Brócolis

Mas ainda dá pra ficar melhor

E quando você junta com alimentos com Triptofano, um aminoácido que ajuda a produzir a serotonina, que também ajuda no sono, aí as coisas melhoram mais ainda.
Fontes de triptofano:
  • Espinafre
  • Ovos
  • Sementes de gergelim
  • Peixe
  • Frango
  • Lentilhas
  • Arroz negro
  • Grão de bico
  • Bananas
  • Cerejas
Viu que tem alimentos com Melatonina e Triptofano ao mesmo tempo?!?!?
Deus é maravilhoso, não?
A melatonina também está presente em ervas/fitoterápicos, mas estas só podem ser prescritas e usadas com orientação médica.
Mas Doutor, você não tem aí nenhuma receitinha?
Pois é, para não decepcionar, como não sou um Masterchef, mas tenho amigos que o são, pedi à minha amiga Patrícia Ayres, estudante de nutrição e culinarista de mão cheia, para criar três receitas especiais, que você pode incluir na alimentação do seu bebê, para ajudá-lo a dormir.
A primeira receita já está aqui neste post. Amanhã e sábado publico as outras. Fique atenta!
Imprima, cole na geladeira e faça!

Receita 1 – Smoothie do Soninho

smoothie-do-soninho
  • Tempo de preparo: Rápido.
  • Facilidade de preparo: Fácil.
  • Rendimento: 1 porção.
Ingredientes
      • 1 banana madura.
      • ½ xícara de leite de coco.
      • 1 colher de sopa de farinha de linhaça.
      • ½ colher de sopa de uva passa.
      • 1 colher de sopa de amêndoas.
Instruções
  • Comece batendo a banana e o leite de coco até adquirir cremosidade.
  • Adicione o restante dos ingredientes e bata por 1 minuto.
Dicas da Paty
Se não conseguir achar farinha de linhaça de boa procedência, faça a sua. Basta bater a linhaça no liquidificador e guarde na geladeira.
Deixe as amêndoas de molho de um dia para o outro. Dessa forma fica mais fácil triturar. Pode tirar a pele, se preferir.

Mais receitas?

Repito: acessem novamente nosso blog amanhã e depois. Teremos mais duas receitas exclusivas e deliciosas da Paty.

Finalizando a série do sono

Sei que sono é um tema bastante extenso e que gera sofrimento e descabelamento de mães e pais, ainda mais em crianças maiores que 3 anos de idade.
Mas o intuito da série do sono, foi tentar ajudar vocês a começar certo, para depois não tentar aprumar o trem desgovernado.
Quem sabe no futuro não faço uma série com os maiores de 3 anos?
Se gostou, curta e compartilhe!
Ajudem os filhos dos seus amigos a dormir com #comidadeverdade

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/category/sono/

Crianças que convivem com animais tendem a ter menos alergia aos pêlos

Link para a reportagem: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/06/criancas-que-convivem-com-animais-tendem-ter-menos-alergia-aos-pelos.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=bemestar

Hormônios para tudo e para todos - por Dr. Alfredo Guarischi, médico

Converso frequentemente com o Dr. Amélio Godoy Matos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Com excelente formação científica, pratica a medicina com nobreza, pureza de propósitos e honestidade. Está, como eu, preocupado com a medicina.

A saúde vem sendo agredida e vilipendiada, entre diversos aspectos, também por práticas mercantilistas e desprovidas de embasamento técnico-científico. A endocrinologia, a geriatria e a nutrologia são especialmente vulneráveis, e estamos assistindo, até na grande mídia, a uma escandalosa onda de solicitações de exames inadequados, que geram propostas e formulações de tratamentos estranhos.

Godoy me relatou que tem visto resultados de dosagens hormonais na saliva e no cabelo, e dosagens de pregnenolona, aldosterona, insulina, iodo, melatonina e outras substâncias, independentemente do sexo, idade ou queixa do paciente! Além de inúteis, essas dosagens são caríssimas, não são autorizadas pelos planos de saúde e em geral não são realizadas nos principais laboratórios de análises clínicas.

Pacientes jovens com queixas inespecíficas, frequentemente com excesso de peso, o procuram levando uma parafernália desses exames e diagnósticos variados de déficit de melatonina, falta de ritmo da cortisona, baixa da testosterona, baixo metabolismo etc. As mulheres parecem estar sob uma epidemia de baixa de testosterona, como esse fosse seu principal hormônio.

Não obstante serem pessoas sem qualquer disfunção hormonal patológica, aparecem medicadas com melatonina, iodo, suplementos diversos e, claro, testosterona. Testosterona para todos! Essa parece ser a última poção mágica.

As terminologias sedutoras, como “nova medicina”, “modulação hormonal”, “nutroendocrinologia”, “hormônios bioidênticos” e “anti-aging”, parecem uma grande novidade, mas, para os profissionais sérios como Godoy, trata-se na verdade de mensagens marqueteiras de má fé.

A real nova medicina vem-se desenvolvendo com o movimento médico “choosing wisely” - ‘escolhendo com sabedoria’. Tem como referência a medicina baseada em evidências científicas, que visa proporcionar os melhores cuidados em saúde, com a escolha de exames e procedimentos realmente necessários e sem excesso de diagnósticos e tratamentos.

A maioria de médicos competentes e honestos não deve ser complacente com a minoria ativa, sôfrega por enriquecimento e notoriedade que despreza as práticas médicas adequadas em troca dos serviços “especiais”. A sociedade leiga parece contaminada por essas “novidades”.
Cabe aos conselhos de medicina, de farmácia, de nutrição e de nutrologia e às agências reguladoras dar a palavra final sobre esse tema.

Escrever sobre as ideias de Amélio Godoy Matos é uma mobilização responsável em defesa da medicina e dos pacientes.

Subscrevo os ideais desse experiente professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que busca esclarecer a todos a escolher com sabedoria.

A suplementação de zinco é associada a melhor processamento de glicose em pré-diabéticos

Um estudo, publicado na edição de Diabetes Research and Clinical Practice (maio, 2016), descobriu que a suplementação de zinco melhorou a capacidade de homens e mulheres pré-diabéticos para processar a glicose. “Uma série de pequenos estudos indicam que a suplementação de zinco melhora o processamento de glicose”, nota autores M. R. Islam, Universidade de Newcastle, Austrália e do Instituto de Pesquisa Médica Hunter, e seus colegas. “Neste estudo piloto, duplo cego, controlado por placebo e randomizado, nos propusemos a investigar se a suplementação de zinco entre adultos pré-diabéticos melhora a glicemia de jejum, o índice HOMA (um índice de resistência à insulina) e, finalmente, previne o desenvolvimento do diabetes tipo 2.”

O estudo incluiu 55 pacientes pré-diabéticos residentes em Bangladesh, que é uma das regiões mais deficientes de zinco do mundo. Os indivíduos receberam 30mg de sulfato de zinco ou um placebo diariamente, durante seis meses. A glicemia de jejum, parâmetros HOMA – incluindo a função das células beta do pâncreas, a sensibilidade e resistência à insulina, zinco sérico e os lipídios foram medidos no início e no final do estudo.


No final do período do tratamento, os participantes que receberam zinco apresentaram menor concentração de glicose em jejum, em comparação com o grupo placebo, bem como em comparação com os níveis medidos no seu próprio grupo no início do estudo. A função da célula beta, a sensibilidade e a resistência à insulina também melhoraram entre aqueles que receberam zinco.

Como potenciais mecanismos, os autores observam que o zinco é necessário para a ação da insulina e metabolismo de carboidratos, para moderar os níveis de citocinas inflamatórias, que podem destruir as células beta, para a prevenção de polipeptídio amiloide das ilhotas de se agregarem em fibras amiloides, que têm um efeito tóxico sobre as células beta, para reduzir o estresse oxidativo e outras funções de proteção.

“Do nosso conhecimento, este é o primeiro estudo a mostrar uma melhora no processamento da glicose usando parâmetros HOMA em participantes com pré-diabetes”, Dr. Islam e associados anunciaram.

Fonte: http://www.lifeextension.com/newsletter/2016/4/Zinc-supplementation-associated-with-better-glucose-handling-in-prediabetics/Page-01?utm_source=eNewsletter&utm_medium=email&utm_content=Header&utm_campaign=EZXX00E

Existe gordura boa no organismo?

As células de gordura branca são responsáveis por armazenar energia excedente consumida em forma de gordura, já as células de gordura marrom têm como principal característica serem termogênicas, ou seja, regulam a produção de calor e, consequentemente a temperatura corporal, para isso queimam energia excedente. As células de gordura marrom estão mais presentes em recém-nascidos e filhotes de mamíferos. Muitos estudos têm se concentrado em como transformar células de gordura branca em células de gordura marrom. Mas, para isso, é necessário encontrar um método eficaz e viável economicamente para medir, sem risco para a saúde, a atividade da gordura marrom no organismo.

Um estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha, publicado na revista Nature Communications, mostrou que uma pequena amostra de sangue pode ser suficiente para medir essa atividade. O estudo, feito em camundongos e em um pequeno coorte de humanos, mostrou o microARN-92ª como uma possível medida indireta da atividade de consumo de energia das células de gordura marrom.

O professor Alexander Pfeifer, diretor do Instituto de Farmacologia e Toxicologia da Universidade de Bonn, vem investigando a gordura marrom em ratos durante anos. Ele foi tentando entender como transformar células de gordura branca desfavorecidas, em marrons, que consomem energia. Mas precisava se chegar ao marcador que tornasse possível medir a atividade das células marrom.

Em colaboração com a Universidade de Maastricht (Holanda), Turku (Finlândia) e do Hospital Universitário Hamburg-Eppendorf, os pesquisadores encontraram uma maneira fácil de exibir atividade de gordura marrom: microARN-92ª. Os microARNs são conhecidos por serem responsáveis ​​pela regulação de genes. Os pesquisadores mostraram, pela primeira vez, que as células de gordura marrom entregam esses microARNs para o sangue por meio de exossomos, que "podem ser vistos como pequenos pacotes fornecidos pelas células de gordura marrom por meio da circulação”. Mais ainda não se sabe como se dá tal mecanismo.

Muitos microARNs foram investigados durante a investigação e verificou-se que o o microARN-92ª está presente em humanos e camundongos, e está relacionado à atividade de gordura marrom. Sempre que miR-92ª é baixo na circulação, as pessoas são capazes de queimar um grande quantidade de energia com a gordura marrom. Para provar a conexão em seres humanos, os cientistas testaram 41 participantes da Finlândia e Países Baixos. "Nós encontramos uma relação significativa entre a atividade de gordura marrom e miR-92ª, que precisa ser comprovado em coortes maiores", afirmam os pesquisadores.

O biomarcador pode habilitar testes de eficácia de novos fármacos. "O miR-92ª  parece ser um promissor biomarcador para testar novas drogas em matéria de redução de peso ou transição de gordura branca para gordura marrom em seres humanos”, destacam.

Estudo de referência: Yong Chen, Joschka J. Buyel, Mark J. W. Hanssen, Franziska Siegel, Ruping Pan, Jennifer Naumann, Michael Schell, Anouk van der Lans, Christian Schlein, Holger Froehlich, Joerg Heeren, Kirsi A. Virtanen, Wouter van Marken Lichtenbelt, Alexander Pfeifer. Exosomal microRNA miR-92a concentration in serum reflects human brown fat activity.Nature Communications, 2016; 7: 11420 DOI: 10.1038/ncomms11420

Fonte: http://www.abeso.org.br/noticia/existe-gordura-boa-no-organismo-

Água alcalina faz bem para a saúde?

Aumentar o consumo de água se associa com vários benefícios dietéticos

Um estudo recente que analisou os hábitos alimentares de mais de 18.300 adultos norte-americanos encontrou que a maioria das pessoas que aumentaram seu consumo de água (água corrente ou geladeira ou garrafa) em 1%, reduziram sua ingestão calórica diária total, bem como a ingestão de gordura saturada, açúcar, sódio e colesterol.

As pessoas que aumentaram seu consumo de água por 1, 2 ou 3 copos por dia diminuíram o consumo total de energia em 68 a 205 calorias diárias e a ingestão de sódio em 78 a 235 miligramas, de acordo com um estudo realizado pelo professor de cinesiologia e saúde comunitária Ruopeng An da Universidade de Illinois. Também consumiram entre 5 a 18 gramas a menos de açúcar e diminuíram o consumo de colesterol em 7 a 21 miligramas diários.

"O impacto da ingestão de água corrente sobre a dieta foi similar em todas as raças/etnias, níveis de educação e de renda e condição de peso corporal", disse An. "Esta descoberta indica que poderia ser suficiente projetar e fornecer intervenções nutricionais universais e campanhas de educação que promovam o consumo de água corrente para substituir de bebidas calóricas em diferentes subgrupos populacionais sem grandes preocupações sobre a personalização da mensagem e estratégias".

Na examinou dados de 4 grupos (2005-12) da Pesquisa Nacional de Exame Nutricional e Saúde efetuadas pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde. Foi solicitado aos participantes que recordassem o que comeram e beberam durante 2 dias que estavam separados por entre 3 a 10 dias.

No estudo calculou a quantidade de água corrente que consumiu cada pessoa como porcentagem da ingestão dietética de agua diária de alimentos e bebidas combinados. As bebidas como o chá preto sem açúcar, chá de ervas e café, não foram contabilizadas como fontes de água corrente, mas o seu teor de água foram incluídos no cálculo An do consumo de água dietética total dos participantes.

Em média, os participantes consumiram cerca de 4,2 copos de água corrente em forma diária, correspondendo a pouco mais de 30% do total de água dietética ingerida. A ingestão calórica média dos participante foi de 2.157 calorias, incluindo 125 calorias de bebidas açucaradas e 432 calorias de alimentos não essenciais, que correspondem a alimentos pouco nutritivos com alto conteúdo calórico, como sobremesas, massas e lanches mistos que agregam variedade, mas não são necessários para uma dieta saudável.

Um aumento pequeno, mas estatisticamente significativo de 1% no consumo diário de água corrente dos participantes foi associado a uma diminuição por parte dos participantes de 8,6 calorias na ingestão enérgica diária, como assim também com leves reduções da ingestão de bebidas açucaradas e alimentos não essenciais, juntamente com o consumo de gordura, açúcar, sódio e colesterol.

Embora An tenha descoberto que a diminuição foi maior entre os homens e adultos jovens e de mediana idade, sugere que pode estar associado com uma maior ingestão calórica diária nestes grupos.


Referências:

R. An, J. ‎McCaffrey. Plain water consumption in relation to energy intake and diet quality among US adults, 2005-2012. Journal of Human Nutrition and Dietetics, 2016; DOI: 10.1111/jhn.12368

domingo, 29 de maio de 2016

Quantidade de selênio nas castanhas-do-brasil varia de acordo com região

Pequena no tamanho, mas grande em benefícios, a castanha-do-brasil é mundialmente reconhecida como a maior fonte natural de selênio (Se). Este mineral, essencial ao corpo humano, combate o envelhecimento celular e oferece outros tantos benefícios. Mas será que o teor de selênio é o mesmo em qualquer castanha encontrada no supermercado? Pesquisas realizadas na Universidade Federal de Lavras (Ufla), em parceria com pesquisadores da Embrapa mostraram que não é bem assim. Os cientistas descobriram que as concentrações do mineral nas amêndoas de castanha-do-brasil variaram muito entre as regiões produtoras do País. Aquelas coletadas no Amazonas e no Amapá, por exemplo, apresentaram cerca de 30 vezes mais Se do que as oriundas do Mato Grosso e Acre.

Existe uma recomendação de se ingerir cerca de 55 microgramas de selênio (mcg) por dia, sendo o limite máximo permitido de 400 mcg de Se/dia. Com base nesses dados, os pesquisadores avaliaram a quantidade de Se em castanhas coletadas em castanhais nativos do Mato Grosso, Acre e Amapá, e também de quatro clones cultivados no Amazonas (Fazenda Aruanã, em Itacoatiara), uma vez que a castanheira ocorre em todo o bioma amazônico, cuja maior área encontra-se em território brasileiro.

Outro resultado interessante foi que os teores de selênio em clones de castanheira cultivados na Fazenda Aruanã também apresentaram diferenças nas quantidades observadas. "Esse último resultado sugere que não só o solo influencia na quantidade de selênio presente na castanha, mas também a capacidade da planta (genótipo) em absorver esse elemento", explica a pesquisadora da Embrapa Rondônia, Lúcia Wadt. Antes desse resultado, os cientistas se questionavam se apenas o solo teria influência no teor de selênio da castanha.

Os pesquisadores também descobriram nesse trabalho que a diferença nos teores de selênio entre plantas muito próximas pode chegar a mais de cinco vezes, mas ainda não se sabe quais fatores estão influenciando a quantidade do mineral nas amêndoas. Para se ter ideia, o estudo mostra que as variações são de 0,5 a 3,5 mg kg-1 em amostras coletadas no Acre, 0,5 a 2 mg kg-1 em amostras do Mato Grosso, 20 a 82 mg kg-1 em amostras do Amapá e 11 a 98 mg kg-1 em amostras do Amazonas.

Com base nesses resultados, não é possível definir um número único de castanhas a serem consumidas diariamente a fim de completar a recomendação diária de 55 mcg de selênio por dia. No entanto, embora  não se possa generalizar, a pesquisa revelou que uma única castanha da amostra coletada no Amazonas pode oferecer em média a quantidade de 185,7 mcg de Se, ou seja, 3,4 a mais do que o recomendado e as oriundas da amostra do Amapá oferecem cerca de 2,3 vezes a concentração de 55 mcg/dia. Já uma castanha entre as pesquisadas no Acre ou no Mato Grosso não oferece nem 10% desse teor recomendado e para atingi-lo seria necessário comer 11 amêndoas da amostra acriana e 15 da coleta mato-grossense.

Os pesquisadores ressaltam que esses resultados são de uma pesquisa inicial e os valores apresentados não podem ser tomados como padrões, pois há muita variação entre plantas de uma mesma região. No entanto, serve de alerta para que o consumidor observe a origem da castanha que está adquirindo e os valores de selênio informados no rótulo das embalagens. "Esses resultados servem também para alertar as empresas que processam e embalam a castanha-do-brasil sobre a importância de se avaliar o teor de selênio para cada lote ou região de origem da matéria-prima", complementa Wadt.

Além da quantidade do mineral presente no alimento é importante saber o percentual de aproveitamento da substância no organismo, ou a quantidade que o corpo é capaz de absorver dele, chamado de biodisponibilidade do selênio. Somente com esse dado é possível preconizar as quantidades a serem ingeridas.

Devido à ampla variação entre os teores de Se na castanha dependendo da região geográfica, e ainda entre a capacidade de cada planta absorver o mineral, há necessidade de mais estudos sobre a biodisponibilidade do selênio para que se tenham valores concretos de recomendação de ingestão deste alimento para a população. "Comer uma castanha-do-brasil por dia não deve ser uma recomendação generalizada. É preciso saber a concentração e a biodisponibilidade de selênio da castanha que está sendo consumida", alerta a pesquisadora.

Este estudo foi realizado por um grupo de pesquisadores das Unidades da Embrapa do Amazonas, Amapá e Rondônia, da Universidade Federal de Lavras e da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Tupã.

A castanha e o selênio

É comumente divulgado que o consumo de uma castanha por dia ajuda a combater doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, câncer e obesidade. Um estudo da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, comprovou que a ingestão diária de duas castanhas eleva em cerca de 65% o teor de selênio no sangue, mas alertou sobre os problemas com a toxidade desse mineral. Outro estudo da USP, que ganhou o prêmio Jovem Cientista do CNPq em 2015, também comprovou efeitos benéficos do selênio, nesse caso, contra o mal de Alzheimer. De uma maneira geral, os nutricionistas brasileiros recomendam a ingestão de uma única castanha por dia, mas também alertam que quantidades elevadas do mineral podem provocar intoxicação por selênio, ou selenose, causadora de perda de cabelo, fadiga, fraqueza das unhas, lesões na pele e problemas gastrointestinais.

Renata Siva (MTb 12361/MG)
Embrapa Rondônia
rondonia.imprensa@embrapa.br
Telefone: (69)3219-5011 / 5041

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/11010983/quantidade-de-selenio-nas-castanhas-do-brasil-varia-de-acordo-com-regiao

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Orientações nutrológicas para gestantes com Diabetes Gestacional



O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é uma das complicações obstétricas mais comuns. No Brasil um estudo realizado em 2000, mostrou que a prevalência varia de 4,7 a 12% do total de gestações que ocorrem anualmente aqui.

Motivo do surgimento dessa intercorrência: durante a gravidez ocorrem várias alterações no metabolismo de carboidratos.
  • No primeiro trimestre: ocorrem as hipoglicemias em jejum pois o feto “solicita” a glicose, além de uma diminuição na necessidade de insulina. Nessa fase o hormônio mais prevalente é a Gonadotrofina coriônica humana (HCG) e que tem pouca ação no metabolismo de carboidratos.
  • Com o avançar da gestação ocorre: aumento dos níveis de estrogênios, progesterona, hormônio lactogênio placentário. Eles sobem a medida que a placenta vai crescendo. Todos eles têm ação antagônica à da insulina. Ou seja, se a insulina “joga” a glicose dentro da célula, esses hormônios tendem a aumentar a glicose no sangue e aumentar a resistência periférica à ação da insulina. São chamado de contra-reguladores ou contra-insulínicos. Associa-se a isso a elevação do cortisol e prolactina, que também diminuem a sensibilidade à insulina. Pra completar a situação: aumenta-se o peso e a ingestão calórica, o que favorece ainda mais um aumento da glicemia e piora da resistência insulínica. Esse aumento da resistência periférica à insulina tem como objetivo: desviar captação de glicose da mãe e direcioná-la para o feto, além de favorecer aumento do tecido adiposo materno. Conclusão: a gestação apresenta aumento dos níveis de insulina circulante, pois o pâncreas tenta compensar a demanda periférica para manter a glicemia normal. Se a glicemia da mãe aumenta (no caso das mães que desenvolvem DMG, essa glicemia consegue alcançar a circulação fetal e acaba estimulando o pâncreas do feto a aumentar a produção da insulina. Com isso o feto fica com mais insulina e utiliza mais a sua glicose. Isso pode levar a um quadro de macrossomia fetal (fetos grandes) e posteriormente favorecer hipoglicemias no pós-parto. 
Dentre os fatores de risco para DMG temos:
Acima de 25 anos
Obesidade ou ganho de peso na gestação
Deposição central excessiva de gordura corporal
História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau
Baixa estatura: < 1,50m
Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio
Hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual
Antecedentes obstétricos de morte fetal ou neonatal, de macrossomia fetal ou de DMG.

Diagnóstico: há controvérsias na literatura sobre o melhor método para o diagnóstico de DMG.

A International Association Diabetes and Pregnancy Study Groups (IADPSG) publicou um consenso que sugere o seguinte:
  • TODA gestante deve ter uma glicemia de jejum dosada como triagem, de preferência no primeiro trimestre. 
  • TODA gestante deve realizar um teste oral de tolerância à glicose com 75g de glicose anidra (TOTG 75g) entre 24 e 28 semanas. 
  • A glicemia de jejum deve ser abaixo de 85mg/dL. Acima disso é: rastreamento positivo. Se ficou abaixo de 85, repete-se a glicemia de jejum após a 20ª semana. Se continuar abaixo de 85, repete após a 24ª semana. Se ficou acima, compreende um rastreamento positivo. 
  • Se a glicemia de jejum desde o começo for acima de 110mg/dL, repete-se o exame e se confirmado: fecha-se o diagnóstico de DMG.
  • Se for entre 86 e 109 mg/dL: espera-se até entre a 24ª e 26ª semana para realizar um TOTG75 2 horas após o almoço. 
  • Se  < 140mg/dL, exclui DMG. 
  • Se > 140mg/dL: confirma DMG. 
Confirmado DMG a primeira medida a ser tomada é o início de uma dieta. Razões: as portadoras de DMG tem maior incidência de hipertensão arterial e pré-eclâmpsia, além de maiores chances de uma cesariana. No pós-parto aumenta-se as chances de permanecerem com diabetes tipo 2 ou desenvolvê-lo no futuro. 

Se utilizaremos insulinoterapia ou só dieta, dependerá da monitorização de glicemia. É essencial a monitorização para que o tratamento seja efetivo. O ideal é a monitorização diária com Hemoglucoteste (HGT), com aferição em jejum, 1h após almoço, 1 hora após o jantar e 2 horas após almoço ou jantar. 
Glicemia de jejum: deve ficar abaixo de 92mg/dL
Glicemia 1 hora após almoço: deve ficar abaixo de 140mg/dL
Glicemia 2 horas após almoço: deve ficar abaixo de 120mg/dL
Fonte: Fifth International Workshop Conference

O proposto por alguns endocrinologistas (BANDEIRA, 2015) é:
  • Toda semana realizar 1 glicemia de jejum e 2h pós-prandiais em laboratório. 
  • O controle domiciliar deve conter de 3 a 7, dependendo dos valores encontrados e da dieta.
  • SE após 2 semanas de dieta os níveis de glicose continuarem elevados:
  • Jejum acima de 105mg/dL
  • 2h pós prandial, acima de 130mg/dL
  • Recomenda-se iniciar a terapia com insulina. 
  • Outro indicativo para iniciar a terapia com insulina é a medida da circunferência abdominal fetal na Ultrassonografia. Se acima do percentil 75, entre 29 e 33 semanas, pode-se iniciar o uso de insulina. 
Como o feto precisa de glicose constantemente e a privação pode gerar formação de corpos cetônicos na mãe, deve-se evitar períodos de jejum de mais de 4 a 5 horas

A dieta deve ser individualizada de acordo com os exames laboratoriais, suplementando aquilo que for necessário.

Abolir açúcar durante a gestação e optar por adoçantes não-calóricos: sucralose, aspartame, sacarina, acessulfame-K, todos com moderação. 

Trocar todos os carboidratos refinados por carboidratos integrais.

A fim de alterar a carga glicêmica, acrescentar gorduras monoinsaturadas (azeite) e poliinsaturadas (óleo de linhaça, chia, ômega 3) às refeições, assim como proteínas magras e fibras.  

O ganho de peso deve ser controlado. Sendo que o ganho de peso ideal na gestação é baseado nas recomendações do Institute of Medicine (IOM-2009) e leva em consideração o índice de massa corpórea (IMC) pré-gravidez (tabela 2). Numa gravidez normal o ganho de peso ocorre devido a aumento de tecidos maternos e dos produtos da concepção, conforme a tabela 1.



Nenhuma mulher, independente do IMC prévio deve perder peso durante a gravidez.

Portanto se o você estava com o IMC: adequado previamente. O aceitável é que ganhe de 11 a 16kg. 

No caso de gestações gemelares estima-se um ganho de 16 a 24kg, sendo que no 2º e 3º trimestre, deve-se ganhar 700g por semana. PORÉM há uma intercorrência obstétrica: DMG. Nesse caso o máximo deve ser 16kg, aceitando-se até 20kg por ser gestação gemelar. 

Necessidades dietéticas

A necessidade calórica diária deve ficar entre 30 a 35kcal/kg de peso. No caso de obesas a American Diabetes Association (ADA) sugere 24kcal/kg de peso atual e 12kcal para obesas mórbidas.

A restrição da quantidade de carboidratos a 40% do total diário de calorias pode ser útil para obtenção de glicemias pós-prandiais adequadas. 25% a 30% de proteínas e 25% a 30% de gorduras.

Exemplo: P: 60kg. Se optarmos por ofertar 30kcal/kg, precisaremos de um plano alimentar de 1800kcal. Sendo que 40% dessas 1800kcal devem ser de carboidratos, ou seja, 720kcal ingeridas no dia, devem ser oriundos de carboidratos. Cada grama de carboidrato fornece 4kcal. 

Recomendações básicas:
1. Evitar cafeína.
2. Abolir álcool.
3. Evitar embutidos, enlatados e produtos ultraprocessados.
4. Ingerir diariamente: 35ml de água para cada kg de peso corporal. 
5. Praticar pelo menos 45 minutos de atividade física, de preferência com intensidade moderada, caso não tenha contraindicação. 
6. Trocar todos os carboidratos refinados e os de alto índice glicêmico, por integrais e de baixo índice glicêmico.
7. Acrescentar fibras à alimentação. 

Lembre-se que nas 3 principais refeições você sempre deverá ingerir: 
  1. 1 fonte de carboidrato (integral e de baixo índice glicêmico)
  2. 1 fonte de proteína
  3. 1 fonte de gordura
  4. 1 fonte de fibra.

Bibliografia
  1. GOLBERT, A; GOLBERT, MB; MACHADO, V. Diabetes e gestação. In: BANDEIRA, F et al. Endocrinologia e diabetes. Rio de Janeiro: MedBooks, 2015. 852-856.
  2. RASMUSSEN, KM; YAKTINE, AL. Weight Gain During Pregnancy: Reexamining the Guidelines. Institute of Medicine; National Research Council. 2009. Disponível em: http://www.nationalacademies.org/hmd/~/media/Files/Report%20Files/2009/Weight-Gain-During-Pregnancy-Reexamining-the-Guidelines/Report%20Brief%20-%20Weight%20Gain%20During%20Pregnancy.ashx
  3. MELO, ME. Ganho de peso na gestação. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO. 2009.
  4. SCHMIDT, MI; REICHELT, AJ. Consenso sobre diabetes gestacional e diabetes pré-gestacional. Arq Bras Endocrinol Metab,  São Paulo ,  v. 43, n. 1, p. 14-20,  Fev.  1999. 
  5. Diabetes mellitus gestacional. Rev. Assoc. Med. Bras,  São Paulo ,  v. 54, n. 6, p. 477-480,  Dez.  2008 .   Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302008000600006&lng=en&nrm=iso>. access on  26  May  2016.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302008000600006.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Consequências do uso de EAA (anabolizantes) sem indicação médica criteriosa

O uso de esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) está cada vez mais difundido, principalmente entre praticantes de atividade física e atletas. As principais causas apontadas para o uso de anabolizantes incluem: insatisfação com a aparência física, baixa autoestima, pressão social, o culto pelo corpo que a nossa sociedade tanto valoriza e a falsa aparência saudável. Estudos estimam que um número tão alto quanto 30% dos praticantes de academia abusam ou já abusaram do uso de hormônios para tal fim. Uma parcela não desprezível dos usuários tem uma percepção equivocada de que o uso de EAA é seguro ou que os efeitos adversos são controláveis, o que é um verdadeiro erro!!  Os esteroides anabolizantes oferecem riscos graves à saúde física e mental.

O uso de EAA compreende o abuso de testosterona e seus derivados. A testosterona permanece ainda como o EAA mais popular devido ao seu baixo preço, acesso relativamente fácil e dificuldade de distinguir, em exames de sangue, a testosterona exógena da endógena. A testosterona é produzida, na sua maior parte, pelos testículos e promovem o desenvolvimento de características sexuais masculinas. Na medicina, o uso da testosterona está indicado basicamente nos casos de hipogonadismo masculino (situação em que os homens deixam de produzir o hormônio ou o produzem em menor quantidade do que o normal), em alguns casos de transsexualismo, sarcopenias e, raramente, no rol de terapias de última linha em câncer de mama avançado em mulheres.

No ano de 1935 a testosterona foi sintetizada pela primeira vez e, em 1939, sugeriu-se que os hormônios sexuais poderiam aumentar o desempenho atlético. Em 1945, ocorreu a popularização no meio atlético através da publicação do The Male Hormone, do escritor Paul de Kruiff. Em 1956, quando o Laboratório Ciba criou a metandrosterona, comercializada com o nome de Dianabol, os relatos da eficácia desta droga difundiram-se pela comunidade de levantadores de peso.    Já em 1964, nas Olimpíadas de Tóquio, os EAA foram largamente utilizados em diversas modalidades; e durante a competição “Mister America”, em 1972, estimou-se que 99% dos atletas estreantes fizeram ou faziam uso de EAA. O controle do doping, para detecção de EAA, começou a ser feito somente a partir da Olimpíada de Montreal, em 1976. Segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), doping é definido como o uso de qualquer substância endógena ou exógena em quantidades ou vias anormais com a intenção de aumentar o desempenho do atleta em uma competição. No Brasil, os EAA foram considerados agentes dopantes a partir de 1985, segundo publicado na Portaria 531, de 10 de julho de 1985.

Os efeitos dos EAA sobre o comportamento dos usuários têm sido há muito tempo pesquisados, assim como os vários efeitos adversos em diferentes órgãos e sistemas do corpo. Além disso, já está comprovado que os EAA podem induzir efeitos sobre o sistema de recompensa do cérebro, o que pode tornar os usuários  mais suscetíveis ao abuso de outras drogas. Os usuários de EAA normalmente usam hormônios em doses absurdas, aumentando ainda mais os risco!! Doses de testosterona que, na prática médica, são usadas a cada 21 dias, chegam a ser usadas diariamente por vários dias seguidos!!

Na tabela abaixo estão descritos alguns dos efeitos adversos dessas substâncias:

EFEITOS CARDIOVASCULARES
Dislipidemia (alteração dos níveis de gordura no sangue)
Doença aterosclerótica (formação de placas dentro dos vasos, podendo levar à infarto cardíaco e derrame cerebral)
Cardiomiopatia (aumento do músculo cardíaco, prejudicando o funcionamento do coração)
Arritmias
Anormalidades de coagulação
 Hipertensão Arterial

NEUROPSIQUIÁTRICOS
Distúrbios do humor e depressão, inclusive com relatos de suicídio
Comportamento agressivo e violento
Alteração cognitiva e de memória
Dependência de EAA
Aumento do abuso de outras drogas

HOMENS
Supressão de hormônios importantes na produção endógena de testosterona (hipogonadismo), levando a perda de libido, distúrbios de ereção, atrofia dos testículos
Ginecomastia (aumento das mamas)
Aumento da próstata
Câncer de próstata
Infertilidade

MULHERES
Supressão de hormônios importantes na produção endógena de estrogênios, levando a distúrbios da menstruação
Infertilidade
Atrofia das mamas
Excesso de pelos e alopecia (perda de cabelo do couro cabeludo)
Aumento do clitóris
Alteração da voz

MUSCULOESQUELÉTICO
Fechamento prematuro das cartilagens de crescimento (adolescentes), prejudicando crescimento
Ruptura de tendões


RENAL
Falência renal secundária à rabdomiólise (lesão muscular)
Glomeruloesclerose (fibrose no rim, prejudicando seu funcionamento)
Câncer renal

DERMATOLÓGICO
Acne
Estrias
Excesso de pelos e alopecia (perda de cabelo do couro cabeludo)

HEPÁTICOS (fígado)
Inflamação e colestase
Hepatite
Câncer de fígado

Como podemos ver acima, os EAA são drogas que podem provocar efeitos colaterais gravíssimos, sendo que muitos deles podem ser IRREVERSÍVEIS!! Ainda assim, os usuários de EAA continuam usando tais substâncias de maneira desenfreada, sem considerar os efeitos colaterais ou julgando, erroneamente, que os benefícios são maiores do que os riscos. Testosterona só deve ser usada em doses adequadas e se há uma necessidade clínica ou patológica com indicação médica para o seu uso!

Médicos sérios e éticos não compactuam com o uso de anabolizantes com fins de melhorar desempenho ou forma física!! Se você quer melhorar seu desempenho físico ou composição corporal, procure uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, nutricionistas e educadores físicos, buscando adequar sua dieta e rotina de exercícios para atingir o seu objetivo!

Fonte: http://fernandaendocrino.com.br/index.php/2016/05/16/consequencias-do-uso-de-esteroides-anabolizantes/

domingo, 15 de maio de 2016

Alimentos com potencial de prevenir o diabetes mellitus – baseado em evidências

Vivemos uma verdadeira epidemia de diabetes! Hoje no Brasil são mais de 12 milhões de pessoas convivendo com a doença. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention dos Estados Unidos, 2 em cada 5 americanos vai desenvolver diabetes no decorrer de suas vidas. Como compartilhamos cada vez mais diversos aspectos culturais com aquela população, é esperado que tenhamos cada vez mais pessoas diabéticas aqui no Brasil também.

Entre as recomendações formais para a prevenção do diabetes estão redução do peso e atividades físicas regulares. Contudo, acumulam-se evidências de que o consumo regular de certos alimentos também possam ajudar a prevenir a doença. Vamos conhecê-los?

1- Mirtilos e uvas
Um estudo publicado na revista BMJ em 2013 compilou dados de 3 coortes totalizando mais de 187 mil pessoas que foram seguidas por até 24 anos. Neste estudo o consumo de 3 porções de mirtilo por semana reduziu o risco de diabetes em 26 por cento. Já o consumo de uvas reduziu o risco em 12 por cento. Outras frutas que também se mostraram protetoras foram maçãs e bananas. Detalhe: o efeito protetor vale apenas para o consumo das frutas inteiras. O consumo de suco teve efeito contrário! Isto é, aumentou o risco de diabetes.

2- Oleaginosas
Castanhas, nozes, amêndoas, macadâmias, avelãs e pistaches são ricos em gorduras insaturadas, proteínas de alto valor biológico, fibras, vitaminas e minerais (potássio, cálcio, magnésio e selênio), além de fitoquímicos (flavonoides, carotenoides e fitosteróis). Estes nutrientes têm efeitos protetores do coração, antioxidantes, anticancerígenos e anti-inflamatórios, explicando por que são capazes de reduzir mortalidade. O consumo regular de oleaginosas também tem efeitos metabólicos importantes como melhora do controle da glicemia (açúcar no sangue), redução do LDL (colesterol ruim) e triglicerídeos, aumento do HDL (colesterol bom), redução da pressão arterial e auxílio em manter o peso ideal, reduzindo o risco de obesidade. Além disso, quem consome oleaginosas acaba deixando de consumir carboidratos, o que é benéfico até mesmo para quem já convive com o diabetes.

3- Café
Apesar dos dados ainda não serem definitivos, diversos estudos associam o consumo do café preto a menor risco de diabetes. Um desses estudos calculou que aumentar o consumo em 1 xícara e meia por dia já é capaz de oferecer redução no risco de diabetes de 11 por cento em 4 anos.

4- Chocolate amargo
Chocolates com altas concentrações de cacau são ricos em polifenóis. Estas substâncias antioxidantes são responsáveis por benefícios como redução no risco de doenças cardiovasculares, além de ter efeitos metabólicos semelhantes aos das oleaginosas. No entanto, as versões ao leite e branco, por terem alto teor de açúcar e gordura adicionada, não são recomendadas e podem ser até deletérias.

5- Iogurte desnatado
Ao contrário do que alguns blogueiros propagam, derivados lácteos magros, especialmente o iogurte desnatado se associam a menor risco de diabetes. No estudo EPIC-Norfolk, o consumo de iogurte desnatado nos lanches reduziu o risco de diabetes em 47 por cento. Outros estudos mostram que derivados lácteos desnatados fermentados, como o iogurte desnatado, melhoram a função da insulina, explicando o mecanismo de prevenção do diabetes.

6- Azeite de oliva
Um dos poucos alimentos rigorosamente avaliados dentro de pesquisa de alta qualidade metodológica, no estudo PREDIMED, o consumo regular de 50 mL por dia de azeite de oliva se mostrou efetivo não só na redução no risco de diabetes como na redução de doenças cardiovasculares (risco cerca de 30 por cento menor para ambos os desfechos).

Dicas interessantes, não? Contudo, vale lembrar que mudanças nos hábitos alimentares devem ser preferencialmente realizadas sob supervisão de profissional qualificado, seja médico ou nutricionista, após apropriada avaliação clínica.

Referências:
1-Muraki I, Imamura F, Manson JE, et al. Fruit consumption and risk of type 2 diabetes: results from three prospective longitudinal cohort studies. BMJ.2013;347:f5001.
2-Jaceldo-Siegl K, Haddad E, Oda K, Fraser GE, Sabaté J. Tree nuts are inversely associated with metabolic syndrome and obesity: the Adventist Health Study-2. PLoS One. 2014;9:e85133.
3-Bhupathiraju SN, Pan A, Manson JE, Willett WC, van Dam RM, Hu FB. Change in coffee intake and subsequent risk of type 2 diabetes: three large cohorts of US men and women. Diabetologia.2014;57:1346-1354.
4- Stetka BS. 7 health benefits of chocolate. Medscape. February 6, 2013.
5- O’Connor LM, Lentjes M, Luben R, Khaw KT, Wareham NJ, Forouhi NG. Dietary dairy product intake and incident type 2 diabetes: a prospective study using dietary data from a 7-day food diary. Diabetologia.2014;57:909-917.
6- Estruch R, Ros E, Salas-Salvadó J, Covas MI, Corella D, Arós F, Gómez-Gracia E, Ruiz-Gutiérrez V, Fiol M, Lapetra J, Lamuela-Raventos RM, Serra-Majem L, Pintó X, Basora J, Muñoz MA, Sorlí JV, Martínez JA, Martínez-González MA; PREDIMED Study Investigators. Primary prevention of cardiovascular disease with a Mediterranean diet. N Engl J Med. 2013 Apr 4;368(14):1279-90.

Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576


Fonte: http://www.drmateusendocrino.com.br/2016/04/17/alimentos-com-potencial-de-prevenir-o-diabetes-mellitus-baseado-em-evidencias/

Óleo de coco baseado em evidências (nada de achismos)

A internet é uma grande fonte de informação, e isso é inegável. No entanto, nem tudo que lemos em sites, blogs ou redes sociais passa por crivo científico criterioso. A literatura médica é vasta. E os diferentes estudos são hierarquizados de acordo com sua qualidade metodológica e com a força das evidências.

Por exemplo, um estudo pequeno que disse que determinado tratamento em ratinhos pode baixar o colesterol não deve ser interpretado da mesma maneira que outro estudo que avaliou a mesma intervenção em um grande número de seres humanos e observou que este tratamento não serviu para reduzir infartos ou mortes.

Em outras palavras, estudos que replicam as situações da vida real de maneira mais apropriada “pesam mais” na balança da ciência. Dito isto, vamos ao óleo de coco…

Basta digitarmos “óleo de coco” no Google para nos maravilharmos com efeitos positivos no colesterol e no risco cardiovascular, além de potencial antioxidante e até mesmo emagrecedor. Contudo, ao fazermos a mesma pesquisa na base de dados médicos Pubmed, podemos perceber que o óleo de coco ainda precisa provar muita coisa…

O óleo de coco virgem, que é obtido através da prensagem a frio do coco, retém grande quantidade de fitoesteróis, tocotrienóis, tocoferóis, além de outros compostos bioativos, substâncias que realmente têm potencial de redução do colesterol e efeito antioxidante. Contudo, aqui cabem duas ressalvas. O processo de fabricação do óleo de coco é bastante variável na indústria. Quando o processo de extração do óleo não controla a temperatura de forma apropriada, perde-se grande parte dos antioxidantes. Além disso, o potencial efeito benéfico dos fitoesteróis é contrabalanceado pelo alto teor de gordura saturada (92%).

Os defensores do óleo de coco argumentam que a gordura saturada nele presente é diferenciada. Os ácidos láurico e mirístico, por serem de ácidos graxos de cadeia média, seriam rapidamente metabolizados favorecendo a elevação do colesterol HDL (bom), menor oxidação do colesterol LDL (ruim) e queima de gordura, com potencial redução do risco cardiovascular e do peso. No entanto, os estudos que evidenciaram estes possíveis benefícios foram feitos em ratos (1) ou apresentaram limitações metodológicas (2). Como vimos no início deste texto, a Medicina hierarquiza a pequisa e, até agora, o óleo de coco permanece no nível mais baixo de evidência, isto é, precisa, no mínimo, ser melhor estudado.

Em março de 2016, um grupo de pesquisadores da Nova Zelândia compilou toda a literatura disponível sobre os potenciais benefícios do óleo de coco e publicou na revista Nutrition Reviews o artigo intitulado “Coconut oil consumption and cardiovascular risk factors in humans” (3).

Os autores localizaram 21 estudos (8 controlados e 13 observacionais). Segundo os autores, o óleo de coco aumentou os níveis de colesterol total e colesterol LDL (ruim). Apesar de aumentar os níveis de colesterol, o óleo de coco aparentemente não aumentou o risco de doenças cardiovasculares, pelo menos em populações que culturalmente o consomem.

Ou seja, o óleo de coco parece não aumentar o risco de problemas cardíacos dentro da dieta dos povos polinésios, mas não podemos dizer o mesmo dentro da dieta Ocidental.

Em resumo, não existem provas definitivas que o óleo de coco ajude a melhorar a imunidade e o metabolismo ou a reduzir o risco de doenças cardíacas. Não é um suplemento, muito menos um remédio. A preferência pelo seu uso restringe-se mais a uma opção culinária e deve ser feita com moderação.

Para quem ficou interessado nos antioxidantes e nos fitoesteróis, a sugestão é consumir a polpa do coco, que também é rica em fibras. Mas dentro de uma alimentação equilibrada, com atividades físicas regulares e… sem esperar milagres!

Fontes:
1 – Nevin KG, Rajamohan T. Beneficial effects of virgin coconut oil on lipid parameters and in vitro LDL oxidation. Clin Biochem. 2004 Sep;37(9):830-5.

2 – Cardoso DA, Moreira AS, de Oliveira GM, Raggio Luiz R, Rosa GA. COCONUT EXTRA VIRGIN OIL-RICH DIET INCREASES HDL CHOLESTEROL AND DECREASES WAIST CIRCUMFERENCE AND BODY MASS IN CORONARY ARTERY DISEASE PATIENTS. Nutr Hosp. 2015;32(5):2144.

3 – Eyres L, Eyres MF, Chisholm A, Brown RC. Coconut oil consumption and cardiovascular risk factors in humans. Nutr Rev. 2016 Apr;74(4):267-80.

Autor: Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576
www.facebook.com/drmateusendocrino

Fonte: http://www.drmateusendocrino.com.br/2016/05/01/oleo-de-coco-baseado-em-evidencias/

Sua avó estava certa: canja de galinha faz bem para a gripe!


Alguns estudos nas últimas décadas encontraram relação entre tomar canja de galinha e melhora nos sintomas da gripe. Sua avó estava certa! Leia o post para entender melhor e ver como se proteger com uma bela receita de canja

Era só escorrer o nariz e começar a tossir que sua avó dizia:

– Ah, vou preparar uma canja extra forte pra você melhorar!

E aí você até aceitava, meio à contragosto, pois preferia mesmo tomar aquele efervescente com zilhões de gramas de uma vitamina que saía quase toda na urina. E melhorava. E sempre atribuía a melhora ao efervescente.

Pois é, eu respeito muito as avós e sinto informar, para os que reviram os olhos quando sentem o cheiro da canja perfumando a casa, que elas estão cobertas de razão!

Canja de galinha melhora os sintomas da gripe, Nossas avós já diziam

Esse estudo de 2000, publicado na revista CHEST, maior periódico de doenças pulmonares do mundo, deixou alguns cientistas de cabelo em pé, pois ninguém havia pensado nisso antes!

Os autores demonstraram que a ingestão de uma canja de galinha caprichada, com hortaliças variadas, causava uma  diminuição/balanceamento da resposta inflamatória, o que ajudava a diminuir os sintomas (tecnicamente falando isso acontecia pela redução significativa da quimioatração dos neutrófilos). Só não descobriram o que exatamente tinha esse efeito.

Ainda nessa linha de pesquisa canja/gripe, pesquisadores da universidade de Moscou, descobriram que o elemento responsável pela modulação dessa resposta inflamatória frente aos vírus da Influenza (um dos tipos de gripe), eram os peptídeos e isopeptídeos da carnosina, presentes na carne do frango.

Incrível, não?

Calma, vacina e ida ao médico ainda são importantes no caso do H1N1

Claro que não estou dizendo para ninguém deixar de se prevenir com a vacina! Como a eficácia dela não é 100%, caso você tenha os sintomas da H1N1, não deixe de ir ao médico, nem de se medicar com o que ele prescreveu. Mas, definitivamente, brilhe os olhos quando sua avó lhe oferecer aquela canja de galinha, feita com tanto amor e sapiência.

Afinal, amor de avó é amor em dobro!

Não sabe a receita da canja?

Caldo de Galinha

Ingredientes

1 peito de frango com pele e osso
1 colher de café de sal
2 folhas de louro
1 ramo de alecrim
1 colher de chá de curcuma fresca (açafrão em pó)
1/2 cebola picada
2 dentes de alho amassado
1/3  de cenoura
3 colheres de sopa de alho poro em rodelas
1 chuchu picado
cheiro verde e pimenta do reino a gosto
1 pequena batata doce picada

Modo de fazer

Coloque todos os ingredientes (menos o cheiro verde e a pimenta do reino) em uma panela grande e funda e complete com água.
Deixe ferver ate cozinhar todos os ingredientes
Desligue o fogo e inclua a pimenta e o cheiro verde.
Sirva a seguir

Compartilhem à vontade!

Autor: Dr. Flavio Melo - Médico pediatra - CRM-PB 5239 - RQE: 3065

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/canja-de-galinha-faz-bem-para-a-gripe/

Quanto açúcar escondido seu filho come? por Dr. Fávio Melo (Médico Pediatra)

O açúcar escondido está em 80% dos produtos industrializados. Pior: muitas vezes vem disfarçados com outros nomes que você nem imagina que são açúcares. Aprenda neste post a identificar e evitar o açúcar escondido que seu filho come.

O problema do açúcar escondido

Apesar da ciência da alimentação humana discordar em inúmeros pontos de vista, se tem um que não se tem praticamente nenhuma dúvida é o impacto negativo do alto consumo de açúcar adicionado dos alimentos, que prefiro chamar de açúcar escondido.

Em especial, o consumo do chamado xarope de frutose ou xarope de milho de alta frutose (em inglês HFCS – High Fructose Corn Syrup), uma forma mais barata e industrialmente plausível, causa uma verdadeira tempestade no seu metabolismo.

Em doses excessivas, que é o que se vê nos dias de hoje principalmente na forma de bebidas (refrigerantes, sucos industrializados, leites adoçados), ultrapassa rapidamente a capacidade e a necessidade do nosso organismo de utilizá-lo, direcionando o armazenamento na forma de gordura (sim, açúcar em excesso se transforma em gordura no organismo!).

A partir daí se inicia todo o processo de inflamação, excesso de liberação de insulina e acúmulo de gordura, que estão na base da obesidade, hipertensão, diabetes e esteatose hepática.

Seus triglicérides sobem por dois motivos básicos: excesso de açúcar/carboidratos e excesso de calorias.

Suco de laranja tem bastante açúcar

Não se inclui nesse contexto este mesmo açúcar presente nas frutas inteiras, onde estão em menor quantidade e acompanhado de fibras, que desaceleram seu impacto metabólico, além de sua saciedade ser bem maior.

Exemplo prático: um copo de suco de laranja – quatro a cinco laranjas. Você consegue comer cinco laranjas de uma vez? Mas consegue “beber” tranquilamente, não?

Até a OMS recomenda baixo consumo de açúcar

Por esse motivo, a OMS recomenda nos dias de hoje um consumo ideal de 5% das calorias diárias na forma de açúcar adicionado, com um máximo de 10%, incluindo o mel e sucos de frutas 100% na conta.

Trocando em miúdos: em média, de 4 a 6 colheres de chá para uma criança e mulheres e de 6 a 10 colheres de chá para um adulto masculino. Você pode pensar: mas é muito açúcar!!!!!

Você come açúcar sem saber: Açúcar escondido por alimento


Créditos: nutricionista Fernanda Bortolon

Vou repetir o alerta: o açúcar está escondido em muitos alimentos do seu dia a dia. Não conte como açúcar apenas o pó branco que você adiciona ao café. Esse é o explícito, claro, que todo mundo sabe.

Mas você sabia que um refrigerante em lata (não diet/zero) contém sete colheres de açúcar?

Ou seja, se seu filho consome uma lata de refrigerante por dia, já passa da conta! Isso é açúcar escondido!

O açúcar escondido está presente em 80% dos industrializados que comemos.

Em média, estamos comendo seis vezes mais açúcar do que deveríamos. E o resultado está aí, uma pandemia de obesidade e síndrome metabólica.

É só o açúcar a causa? Definitivamente não! Mas devemos começar por ele!

A solução: Comida de Verdade!

Comida de Verdade é gostosa e saudável. Tudo aquilo que não está em uma embalagem contendo nomes incompreensíveis nos ingredientes, inclusive uma das 52 denominações técnicas do açúcar escondido. Isso sim é Comida de Verdade. Veja a foto: as opções são inúmeras, disponíveis e dá pra ser barato.

Autor: Dr. Flavio Melo - Médico pediatra - CRM-PB 5239 - RQE: 3065

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/quanto-acucar-escondido-seu-filho-come/

Seu filho toma antibióticos todos os dias e você não sabe. Por Dr. Flavio Melo (Médico, pediatra)


A conta é simples: produtores usam antibióticos nos animais que comemos e, portanto, ingerimos uma quantidade considerável destes, sem saber quanto. Não subestime o tamanho do problema. Veja neste post quais os impactos disso e o que pode ser feito.

Essa semana li um artigo na maior revista de pediatria do mundo, a Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria (AAP) que me deixou preocupado, revoltado e instigado, tudo ao mesmo tempo.

Em poucas palavras, é o que está no título: você, eu, nossos filhos, os sãos e os doentes, tomamos antibióticos todos os dias!

Não é lenda urbana – o uso de antibióticos nos animais é abusivo

É uma grande preocupação, tanto que a AAP escreveu esse relatório técnico essa semana, que vou tentar resumir aqui pra vocês.

Em 2012, vendeu-se 15 toneladas de antobióticos para uso animal, comparando com 3 toneladas para uso humano. Aproximadamente 60% dos antibióticos usados para animais, tem relevância para a saúde humana, sendo inclusive usados para tratamento das nossas doenças infecciosas.

Aí começa o problema: nos EUA, não há controle para venda de antibióticos para uso veterinário e provavelmente, igualmente a nós, muitos animais “tomam” antibióticos sem nenhuma necessidade.

Do mesmo jeito que me irrito com a prescrição excessiva de Amoxicilina para “viroses”ou “garganta” – aquele nome de uma estrutura do corpo que virou nome de doença (garganta não é doença!!!!) – nos animais, ocorre prescrição abusiva, e pior, sem controle! Nos EUA, 97% sem prescrição veterinária.

Só que no caso dos animais, muitas vezes os antibióticos são usados em baixas doses, cronicamente, em caráter “preventivo”, para “promover crescimento”, para “melhorar a eficiência da sua alimentação”: todos eufemismos para seu uso abusivo.

Antibióticos são frequentemente usados na raçãoE onde eles vão? Na comida que o animal come, frequentemente uma ração, e da mesma forma que engordamos e acumulamos gordura maléfica ao redor dos órgãos, ocorre com os animais. E provavelmente da mesma forma que as alterações na flora intestinal causam esses efeitos em nós, nos animais não é diferente.

Resumindo: comemos carnes de animais com péssima qualidade de composição, animais entupidos de antibióticos, doentes por esse motivo e adoecemos duplamente!

E o pior: comemos pequenas doses de antibióticos de uso humano diariamente, podemos estar sendo contaminados com bactérias que causam intoxicações alimentares cada vez mais poderosas (Salmonela, Estafilococos, Campilobacter), causando um brutal aumento na resistência bacteriana nos humanos.

Então, não vamos colocar somente na conta dos médicos a questão da resistência bacteriana, vamos dividir a conta com a indústria alimentícia e veterinária (tô morto a partir de hoje…).

E agora, o que fazer?

Primeiro, cobrar o controle da prescrição excessiva de antibióticos tanto dos médicos, quanto dos veterinários.

Segundo, comprar carnes de pequenos produtores, carne orgânica (frango caipira, carne de gado alimentado com pasto), digamos, pode ser um caminho.

E fica bem claro, que a preocupação está longe de ser os hormônios que supostamente fazem o frango crescer (não acredito nisso, deixo claro para os especialistas da área de produção animal não me crucificarem) e sim os antibióticos que eles comem todos os dias que devemos ter cuidado.

Autor: Dr. Flavio Melo - Médico pediatra - CRM-PB 5239 - RQE: 3065

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/seu-filho-toma-antibioticos-todos-os-dias-e-voce-nao-sabe/