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domingo, 9 de julho de 2017

UPDATE: Chronic Fatigue Syndrome (CFS)

Chronic fatigue syndrome (CFS) is a disorder characterized by a state of chronic fatigue that persists for more than 6 months, has no clear cause, and is accompanied by cognitive difficulties.
CFS was initially termed encephalomyalgia (or myalgic encephalomyelitis) because British clinicians noted that the essential clinical features of CFS included both an encephalitic component (manifesting as cognitive difficulties) and a skeletal muscle component (manifesting as chronic fatigue).
More recently, the US Institute of Medicine (IOM) proposed that the condition be renamed “systemic exertion intolerance disease” (SEID) to better reflect the condition's hallmark defining symptom, postexertional malaise. [1]
Various unrelated infectious diseases (eg, pneumonia, Epstein-Barr virus [EBV] infection, diarrhea, upper respiratory tract infections) appear to lead to a state of prolonged fatigue in some persons. Generally, if this condition is accompanied by cognitive difficulties, it is referred to as CFS.
The cause of CFS is unknown, but the disorder is probably an infectious disease with immunologic manifestations. EBV has been excluded as a cause of CFS, even though EBV infection is one of the many causes that may lead to a state of chronic fatigue. CFS is not synonymous with chronic EBV infection or chronic infectious mononucleosis.
A síndrome da fadiga crônica (SFC) (também chamada de encefalomielite miálgica [ME]), é um distúrbio caracterizado por fadiga profunda inexplicável que é agravada pelo esforço. 

A fadiga é acompanhada por disfunção cognitiva e comprometimento do funcionamento diário que persiste por mais de 6 meses. 

A SFC é uma doença biológica, não um distúrbio psicológico. A patogênese exata é desconhecida. Numerosos mecanismos e moléculas foram implicados que levam a anormalidades na disfunção imunológica, regulação hormonal, metabolismo e resposta ao estresse oxidativo, incluindo função prejudicada das células natural killer e/ou função das células T, citocinas elevadas e autoanticorpos (fator reumático, anticorpos antitireoidianos , antigliadina, anticorpos anti-músculo liso e aglutininas frias). 

Suspeita-se de infecções; no entanto, nenhum papel causal foi estabelecido. 

Pacientes com SFC chegam ao pronto-socorro com uma lista complexa de sintomas, incluindo intolerância ortostática, fadiga, mal-estar pós-esforço (PEM) e diarreia. 

CFS afeta 836.000 a 2,5 milhões de americanos. Estima-se que 84-91% dos indivíduos com a doença não foram diagnosticados; portanto, a verdadeira prevalência é desconhecida. 

No geral, a SFC é mais comum em mulheres do que em homens e ocorre mais comumente em adultos jovens e de meia-idade.

A idade média de início é de 33 anos, embora casos tenham sido relatados em pacientes com menos de 10 anos e mais de 70 anos. Pacientes com SFC sofrem perda de produtividade e altos custos médicos que contribuem para uma carga econômica total de US$ 17 a 24 bilhões anualmente.

A SFC foi originalmente denominada encefalomielite miálgica (EM) porque os médicos britânicos notaram um componente muscular esquelético manifestando-se como fadiga crônica e um componente encefalítico manifestando-se como dificuldades cognitivas. No entanto, esse termo é considerado impreciso por alguns especialistas porque há falta de encefalomielite em exames laboratoriais e de imagem, e a mialgia não é um sintoma central da doença. 

A National Academy of Medicine (anteriormente The Institute of Medicine) propôs que a condição fosse chamada de doença de intolerância ao esforço sistêmico (SEID) para refletir melhor o sintoma definidor da condição, o mal-estar pós-esforço. 

A causa da SFC é desconhecida e não há testes diretos para diagnosticar a SFC. Se a fonte da fadiga puder ser explicada, o paciente provavelmente não tem SFC. O diagnóstico é de exclusão que atende aos critérios clínicos abaixo.

Critério de diagnóstico

De acordo com a Academia Nacional de Medicina, o diagnóstico de SFC (EM) requer a presença dos 3 sintomas a seguir por mais de 6 meses, e a intensidade dos sintomas deve ser moderada ou grave por pelo menos 50% do tempo:
Fadiga: diminuição ou prejuízo perceptível na capacidade de um paciente de se envolver em atividades que desfrutava antes do início da doença, com esse prejuízo continuando por mais de 6 meses e associado a fadiga grave de início recente, não relacionada ao esforço e não aliviado pelo repouso.
Mal-estar pós-esforço (PEM): Os pacientes apresentam piora dos sintomas e função após exposição a estressores físicos ou cognitivos que foram previamente bem tolerados.
Sono não reparador: Os pacientes se sentem tão cansados ​​após uma noite de sono.
O cumprimento do critério para o diagnóstico requer todos os 3 sintomas acima, juntamente com um dos   sintomas abaixo: 
Comprometimento cognitivo - Problemas com o pensamento ou função executiva, agravados por esforço, esforço ou estresse ou pressão do tempo.
Intolerância ortostática - Agravamento dos sintomas ao assumir e manter a postura ereta. Os sintomas são melhorados, embora não necessariamente eliminados, deitando-se ou elevando os pés.
Etiologia

Muitos vírus foram estudados como causas potenciais de SFC; no entanto, nenhuma relação causal definitiva foi determinada. Historicamente, herpesvírus humano tipo 6, enterovírus, vírus da rubéola,  Candida albicans , bornavírus,  Mycoplasma, Chlamydia pneumoniae,  retrovírus, vírus coxsackie B, citomegalovírus e vírus relacionados ao vírus da leucemia murina xenotrópica foram estudados e não foram encontrados para causar CFS.

Algumas pessoas infectadas com vírus Epstein-Barr, vírus Ross River,  Coxiella burnetii  ou Giardia  desenvolveu critérios para SFC, mas nem todos os indivíduos com SFC tiveram essas infecções.

Outros estudos observaram alterações no funcionamento das células natural killer (NK) e diminuição da resposta das células T a determinados antígenos específicos. 

Fatores ambientais também são suspeitos de desencadear a SFC; no entanto, nenhum fator específico foi identificado.

Laboratório na SFC

Os achados laboratoriais são normais na SFC. Os testes são usados ​​para avaliar outras causas subjacentes de fadiga, como segue:
Hemograma
Bioquímica, incluindo eletrólitos, testes de função renal e hepática
Função da tireoide
Proteína C-reativa
VHS
CPK
Culturas, títulos virais, estudos do líquido cefalorraquidiano (em alta suspeita de infecção
Outros testes podem incluir o seguinte:
Polissonografia
Eletrocardiografia (ECG)
Teste ergométrico
Tilt test
A tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM) do cérebro são úteis para descartar distúrbios do sistema nervoso central (SNC) em pacientes com sintomas do SNC inexplicáveis. Os resultados da tomografia computadorizada e da ressonância magnética podem ser normais em pacientes com SFC. Os achados dos estudos de imagem do SNC não são específicos para a SFC e, portanto, são usados ​​apenas para descartar explicações alternativas em vez de diagnosticar a SFC.
De acordo com uma revisão sistemática de Shan et al, a observação consistente da resposta lenta do sinal de ressonância magnética funcional (fMRI) sugere acoplamento neurovascular anormal na SFC. Almutairi et al, em outra revisão sistemática, descobriram que estudos de fMRI demonstraram aumentos e diminuições nos padrões de ativação em pacientes com SFC, mas observaram que isso pode estar relacionado à demanda de tarefas. Eles também notaram que o sinal de fMRI não pode diferenciar entre excitação neural e inibição ou processamento neural específico da função.
Tratamento

O tratamento é amplamente de suporte e se concentra no alívio dos sintomas. Grandes estudos randomizados e controlados, como o Pacing, Graded Activity e Cognitive Behavior Therapy: um estudo randomizado de Avaliação (PACE) e revisões Cochrane recomendaram a terapia cognitivo-comportamental (TCC) como um método eficaz para o tratamento da SFC em adultos. No entanto, o relatório de vigilância do National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda contra a TCC. 

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde (AHRQ) removeram a TCC como tratamento recomendado para SFC devido a evidências insuficientes.

O exercício não é uma cura para a SFC. Uma revisão Cochrane avaliou a terapia de exercício para pacientes com SFC. O estudo descobriu que os pacientes se sentiram menos cansados ​​após a terapia de exercícios e melhoraram em termos de sono, função física e saúde geral. 

No entanto, os autores não puderam concluir que a terapia com exercícios melhorou os resultados de dor, qualidade de vida, ansiedade e/ou depressão. 

O estudo PACE descobriu que a terapia de exercícios graduais (GET) efetivamente melhorou as medidas de fadiga e funcionamento físico. No entanto, as atualizações do relatório de vigilância das diretrizes do NICE recomendam contra o GET.

Prognóstico

A SFC não tem cura, seus sintomas podem persistir por anos e seu curso clínico é pontuado por remissões e recaídas. Um estudo prospectivo sugere que aproximadamente 50% dos pacientes com SFC podem retornar ao trabalho de meio período ou período integral.

Maior duração da doença, fadiga grave, depressão  e ansiedade são fatores associados a um pior prognóstico. 

Bons resultados estão associados a uma menor gravidade da fadiga na linha de base, uma sensação de controle sobre os sintomas e nenhuma atribuição da doença a uma causa física. 

Apesar da considerável carga de morbidade associada à SFC, não há evidências de aumento do risco de mortalidade.

Pacientes com síndrome de fadiga crônica (encefalomielite miálgica) geralmente relatam fadiga pós-esforço e sensação de cansaço excessivo após tarefas relativamente normais que fizeram por anos antes da SFC sem nenhum problema específico. 

Os pacientes também relatam fadiga mesmo após períodos prolongados de descanso ou sono. Pelo menos um quarto dos pacientes com SFC estão confinados à cama ou à casa em algum momento de sua doença. Pacientes com SFC frequentemente relatam uma história de infecção prévia semelhante à gripe que precipitou o estado prolongado de fadiga e seguiu a doença inicial.

Pacientes com SFC geralmente relatam problemas com memória de curto prazo, mas não com memória de longo prazo. Eles também podem relatar dislexia verbal que se manifesta como a incapacidade de encontrar ou dizer uma determinada palavra durante a fala normal. Isso normalmente perturba os pacientes com SFC e pode interferir em sua ocupação.

A Academia Nacional de Medicina observa 5 sintomas principais da SFC:
Redução ou prejuízo na capacidade de realizar atividades diárias normais, acompanhada de fadiga profunda
Mal-estar pós-esforço (piora dos sintomas após esforço físico, cognitivo ou emocional)
Sono não reparador
Deficiência cognitiva
Intolerância ortostática (sintomas que pioram quando a pessoa fica em pé e melhoram quando a pessoa se deita)
Exame físico

O exame físico geralmente não revela anormalidades. Alguns pacientes podem apresentar sinais vitais ortostáticos positivos.

Muitos pacientes com ou sem SFC têm linfonodos pequenos, móveis e indolores que mais comumente envolvem o pescoço, a região axilar ou a região inguinal. Um único linfonodo muito grande, sensível ou imóvel sugere um diagnóstico diferente de SFC. Da mesma forma, a adenopatia generalizada sugere um diagnóstico diferente da SFC.

Na orofaringe, a descoloração roxa ou crescente carmesim de ambos os pilares tonsilares anteriores na ausência de faringite é um marcador frequente em pacientes com SFC. A causa dos crescentes carmesins é desconhecida, mas eles são comuns em pacientes com SFC. No entanto, os crescentes carmesim não são específicos para CFS.

Pontos-gatilho, que sugerem fibromialgia , estão ausentes em pacientes com SFC. A fibromialgia e a SFC raramente coexistem no mesmo paciente.

Considerações de diagnóstico

A SFC é um diagnóstico de exclusão. A principal tarefa diagnóstica é diferenciá-lo de outros distúrbios que também possuem um componente de fadiga. A SFC pode ser distinguida de outras causas de fadiga com base na presença de disfunção cognitiva, que está ausente em quase todos os outros distúrbios produtores de fadiga. Uma vez diagnosticada uma causa específica de fadiga, a SFC é excluída por definição.

É especialmente importante descartar distúrbios sistêmicos, particularmente malignidades linforreticulares, em pacientes que apresentam fadiga. 

Outras doenças podem ser excluídas com base na história, exame físico ou achados laboratoriais. Em alguns casos, essas outras causas potenciais de fadiga devem ser reinvestigadas várias vezes.

Diagnósticos diferenciais
Insuficiência adrenal
Anemia
Doença celíaca
Depressão
Infecção pelo HIV 
Hipotireoidismo
Doença de Lyme
Esclerose múltipla
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)
Hipotensão ortostática
Polimialgia Reumática
Síndrome de taquicardia postural (POTs)
Síndrome de hipermobilidade articular
Fibromialgia
Síndrome das pernas inquietas
Tratamento farmacológico

Nenhum medicamento foi aprovado pela FDA para o tratamento da SFC. Ensaios clínicos descobriram que os agentes antivirais são ineficazes no alívio dos sintomas da SFC. 

Vários medicamentos demonstraram ser ineficazes, incluindo antibióticos, glicocorticóides, agentes quelantes, vitaminas intravenosas (IV), vitamina B-12 e suplementos vitamínicos ou minerais IV ou orais. Os antidepressivos não têm papel importante no tratamento da SFC.

Um estudo duplo-cego randomizado controlado por placebo para avaliar o efeito da inibição de citocinas com anakinra, um antagonista do receptor de interleucina-1 humana recombinante (IL-1), foi conduzido e não mostrou nenhuma melhora na gravidade da fadiga tanto no curto prazo ( 4 semanas) ou a longo prazo (6 meses). Estudos futuros podem avaliar a inibição de outras citocinas como IL-6, fator de necrose tumoral e/ou interferons.

Até o momento, nenhuma intervenção baseada em evidências está disponível para o tratamento da SFC.

Fonte: https://emedicine.medscape.com/article/235980-overview?src=soc_fb_170627_mscpedt_reference_mdscp_mdscp_update
Because no direct tests aid in the diagnosis of CFS, the diagnosis is one of exclusion but that meets certain clinical criteria, which are further supported by certain nonspecific tests. The diagnosis of CFS also rests on historical criteria (ie, otherwise unexplained fatigue for more than 6 months accompanied by cognitive dysfunction). The absence of cognitive dysfunction should exclude CFS as a potential diagnosis.
Because no cause of CFS has been determined, no effective therapy exists for CFS.
For patient education resources, see the Back, Ribs, Neck, and Head Center, as well as Chronic Fatigue Syndrome, Fibromyalgia, and Fatigue.
Diagnostic criteria
According to the Centers for Disease Control and Prevention (CDC), [2] in order to receive a diagnosis of CFS, a patient must (1) have severe chronic fatigue of at least 6 months’ duration, with other known medical conditions excluded by clinical diagnosis, and (2) concurrently have 4 or more of the following symptoms:
Substantial impairment in short-term memory or concentration
Sore throat
Tender lymph nodes
Muscle pain
Multijoint pain without swelling or redness
Headaches of a new type, pattern or severity
Unrefreshing sleep
Postexertional malaise lasting more than 24 hours
The symptoms must have persisted or recurred during 6 or more consecutive months of illness and must not have predated the fatigue.
The CDC case definition also states that any unexplained abnormality detected on examination or other testing that strongly suggests an exclusionary condition must be resolved before further classification is attempted. Conditions that do not exclude CFS include the following:
Any condition defined primarily by symptoms that cannot be confirmed by diagnostic laboratory tests, including fibromyalgia, anxiety disorders, somatoform disorders, nonpsychotic or melancholic depression, neurasthenia, and multiple chemical sensitivity disorder
Any condition under specific treatment sufficient to alleviate all symptoms related to that condition and for which the adequacy of treatment has been documented, including hypothyroidism for which the adequacy of replacement hormone has been verified by normal thyroid-stimulating hormone levels, or asthma in which the adequacy of treatment has been determined by pulmonary function and other testing
Any condition, such as Lyme disease or syphilis, that was treated with definitive therapy before development of chronic symptoms
Any isolated and unexplained physical examination finding, or laboratory or imaging test abnormality that is insufficient to strongly suggest the existence of an exclusionary condition, including an elevated antinuclear antibody titer that is inadequate, without additional laboratory or clinical evidence, to strongly support a diagnosis of a discrete connective tissue disorder
In children, CFS is poorly defined. Most studies of CFS in the pediatric age range have followed the CDC criteria. However, whether the adult CDC case definition can be applied to children and adolescents is debatable.
Children have typically been referred to specialty clinics after extensive screening by their primary care physician has yielded negative or nonspecific test results. Therefore, common short-lived causes of fatigue are effectively excluded. The length of fatigue (6 months) also effectively excludes many common illnesses and probably should be retained in any forthcoming pediatric case definition.
In 2015, the IOM proposed new diagnostic criteria for both adults and children, as follows: [1]
Ongoing (>6 months) substantial reduction or impairment in the ability to engage in pre-illness levels of occupational, educational, social, or personal activities accompanied by fatigue, which is often profound, is of new or definite onset (not lifelong), is not the result of ongoing excessive exertion, and is not substantially alleviated by rest
Postexertional malaise (often described by patients as a "crash" or "collapse" after even minor physical or mental exertion)
Unrefreshing sleep
Cognitive impairment and/or orthostatic intolerance

Pathophysiology
Because the immune system is upregulated in CFS, the levels of antibodies to various previously encountered antigens are increased. Although increased titers do not indicate a causal relationship in CFS, the titers are nonetheless useful as laboratory clues, which, when taken together, are common in patients with CFS.
Because so many patients with a possible diagnosis of CFS are found to have elevated levels of immunoglobulin G (IgG) viral capsid antigen (VCA) EBV, this determination should be considered as an incidental finding in CFS. Most patients with CFS demonstrate elevated IgG, coxsackievirus B, human herpesvirus 6 (HHV-6), and/or C pneumoniae titers. Patients with CFS also commonly have a decreased percentage of natural killer (NK) cells. Most patients with CFS have 2 of the 3 above-mentioned immunological abnormalities.

Etiology
Many viruses have been studied as potential causal agents, including EBV, HHV-6, coxsackievirus B, spumaviruses, and even human T-cell leukemia virus strains; however, no definitive causal relation has been determined. A role for xenotropic murine leukemia virus–related virus (XMRV) and other murine retroviruses was posited, [3, 4] but XMRV has been ruled out as a cause of CFS. [5, 6, 7, 8]
Patients with CFS are often referred to an infectious disease specialist because of elevated levels of immunoglobulin G (IgG) to the viral capsid antigen (VCA) of EBV. Increased IgG titers to the VCA of EBV are common in the general population, regardless of whether the patient is fatigued. An increased IgG VCA EBV titer indicates past exposure to EBV but does not indicate acute disease or explain the patient’s chronic fatigue state. EBV infection is often the precipitating event that has triggered the patient’s chronic fatigue.
Some have suggested that the infectious agent responsible for CFS is Chlamydia pneumoniae, which may become activated after contact with another infectious agent. In hospitals or commercial laboratories, immunoglobulin M (IgM) tests and IgG enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) are used to test for C pneumoniae. As with elevated EBV IgG VCA titers, many individuals in the healthy population have elevated IgG titers to C pneumoniae.
Some patients with CFS are found to have elevated IgM C pneumoniae titers, indicating a recent C pneumoniae infection, and these patients are the most likely to respond to antichlamydial therapy. However, definitive proof supporting causality is lacking. [9, 10]Some investigators studying the potential role of C pneumoniae in CFS believe that serum tests are insensitive and that a more sensitive test (eg, polymerase chain reaction [PCR]) should be used for evaluation. PCR for C pneumoniae is a very sensitive technique but, unfortunately, is available only in research centers.
Candida albicans and other yeast infections do not cause CFS.
Epidemiology
CFS is common in the United States, but the data are difficult to interpret because the various studies define CFS in different ways. Outside the United States, CFS appears to be less common, but it probably exists worldwide. Overall, CFS is more common in females than in males. [11] It occurs most commonly in young to middle-aged adults.

Prognosis
As suggested by the term chronic, the clinical course of CFS is punctuated by remissions and relapses, often triggered by intercurrent infection, stress, exercise, or lack of sleep. The course in adolescents is similar to that in adults.
Most cases improve to some degree over time.
History
Patients with chronic fatigue syndrome (CFS) present with prolonged fatigue of an indeterminate cause. If the source of the fatigue can be explained, the patient probably does not have CFS.
Patients with CFS often report a history of an antecedent infection that precipitated the prolonged state of fatigue and followed the initial illness. The patient may have a history of Epstein-Barr virus (EBV) infectious mononucleosis, cytomegalovirus(CMV) infectious mononucleosis, pneumonia, diarrhea, or upper respiratory tract infection.
Patients with acute disease caused by these infections experience fatigue during the acute illness, but the fatigue resolves as the patient recovers. In patients with CFS, the fatigue continues for 6 months or more after they have recovered from the acute infectious event.
From a personality standpoint, patients with CFS are usually cardiac type A intensive people. They are not malingerers, and they do not seek secondary gain. As a group, they typically want a fully functioning life to be restored to them, and they become frustrated by their inability to perform their work and home tasks because of their prolonged fatigue and cognitive dysfunction.
Patients with CFS may be depressed because of their inability to perform normal duties at home and at work, but they are not depressive individuals per se. Depressive individuals typically report longstanding depression (of several years’ duration), and they typically lack the cognitive dysfunction characteristic of individuals with CFS.
Patients with CFS typically report problems with short-term memory but not with long-term memory. They may also report verbal dyslexia that is manifested as the inability to find or say a particular word during normal speech. This typically disturbs patients with CFS and may interfere with their occupation.
Patients with CFS also typically report postexertional fatigue, feeling excessively tired after doing relatively normal tasks that they did for years before their CFS without any particular problem. Patients also report fatigue even after prolonged periods of rest or sleep. Patients with CFS do not recharge or arise refreshed after sleeping and rarely have sore throats or fevers.
The diagnosis of CFS depends on eliminating other causes of chronic persistent fatigue. Many patients have lifestyles that would make anyone feel fatigue on a long-term basis. This may be related to job, family, or home stress. Patients with malignancy should be excluded because fatigue often accompanies neoplastic disease.Many patients who experience fatigue but not CFS have a supratentorial component to the illness, and psychosomatic illness often manifests as otherwise unexplained fatigue.
If the above conditions can be excluded, then the diagnosis of CFS may be considered.

Physical Examination
CFS should be diagnosed only after other causes of fatigue are excluded and the fatigue has lasted for at least 6 months. An absence of cognitive difficulties should exclude a diagnosis of CFS. Signs of adrenal or thyroid disorders should also exclude a diagnosis of CFS, in that the fatigue is explained by endocrinologic factors. Similarly, HIV infection and AIDS may also cause chronic fatigue.
The physical examination often reveals no abnormalities, but left axillary node involvement or crimson crescents are the most consistent findings on physical examination.
Many patients with or without CFS have small, moveable, painless lymph nodes that most commonly involve the neck, axillary region, or inguinal region. A single lymph node that is very large, tender, or immobile suggests a diagnosis other than CFS. Similarly, generalized adenopathy suggests a diagnosis other than CFS.
In the oropharynx, purple or crimson discoloration of both anterior tonsillar pillars in the absence of pharyngitis is a frequent marker in patients with CFS. The cause of crimson crescents is not known, but they are common in patients with CFS. However, crimson crescents are not specific for CFS.
Trigger points, which suggest fibromyalgia, are absent in patients with CFS. CFS and fibromyalgia rarely coexist in the same patient.

Diagnostic Considerations
Chronic fatigue syndrome (CFS) is, in large measure, a diagnosis of exclusion. The key diagnostic task is to differentiate it from other disorders that also have a fatigue component. CFS may be distinguished from other causes of fatigue on the basis of the presence of cognitive dysfunction, which is absent in almost all other fatigue-producing disorders. Once a specific cause of fatigue has been diagnosed, CFS is excluded by definition.
Careful perusal of the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) criteria indicates that essentially any chronic illness that produces extensive disability in a setting of persistent fatigue may be included in the differential diagnosis. Conditions that can cause fatigue include the following:
Chronic heart disease
Psychiatric illnesses
Thyroid disease
Connective tissue diseases
Chronic anemia
Neoplastic disease
Chronic infections (eg, AIDS)
Endocrine diseases (eg, Addison disease)
Inflammatory bowel disease
Drug abuse
Liver disease
Renal disease
Patients with psychosomatic disorders may have elevated titers of immunoglobulin G (IgG) to Epstein-Barr virus (EBV) viral capsid antigen (VCA), which may be incorrectly interpreted as evidence for CFS. EBV infection may precede CFS, but it does not cause CFS. Such patients do not present with the physical findings or abnormal laboratory findings that characterize CFS. Such patients also lack the cognitive dysfunction characteristic of CFS.
CFS is readily differentiated from Lyme disease. Patients from areas with endemic Lyme disease may have elevated IgG Lyme titers. Few have neuroborreliosis, which is diagnosed by simultaneously measuring cerebrospinal fluid and serum IgM and IgG Lyme titers. CSF IgM titers that are higher than serum IgM titers indicate neuroborreliosis (if the patient has not been treated with antibiotics). Acute Lyme disease usually has a neurologic component.
Because fibromyalgia does not cause cognitive defects, it is readily differentiated from CFS. Furthermore, patients with CFS do not have the trigger points that are characteristic of fibromyalgia.
It is especially important to rule out systemic disorders, particularly lymphoreticular malignancies, in patients who present with fatigue. Other diseases may be ruled out on the basis of the history, physical examination, or laboratory findings. These other potential causes of fatigue sometimes must be reinvestigated several times.
Differential Diagnoses
Hypothyroidism
Lyme Disease
Rehabilitation and Fibromyalgia
Laboratory Studies
Laboratory tests have 2 functions in chronic fatigue syndrome (CFS). First, they may be used to assess the possibility that another condition is causing the fatigue; second, they may be used to help diagnose CFS. CFS laboratory abnormalities are not specific, but, taken together, they can make up a pattern consistent with CFS in patients who have a cognitive dysfunction in whom other diseases have been excluded as a cause for their fatigue.
The Centers for Disease Control and Prevention (CDC) has recommended a “basic battery” that includes the following:
Complete blood count (CBC)
Liver function tests
Thyroid function tests
Erythrocyte sedimentation rate (ESR)
Serum electrolyte level measurement
Some clinicians also include antinuclear antibody and morning cortisol measurements. Adrenal function tests are useful for the purposes of exclusion.
The most consistent laboratory abnormality in patients with CFS is an extremely low ESR, typically in the range of 0-3 mm/h. An normal ESR or one that is in the upper reference range suggests another diagnosis.
Most patients with CFS usually have 2 or 3 of the following nonspecific abnormalities:
Elevated immunoglobulin M (IgM)/immunoglobulin G (IgG) coxsackievirus B titer
Elevated IgM/IgG human herpesvirus 6 (HHV-6) titer
Elevated IgM/IgG C pneumoniae titer
Decrease in natural killer (NK) cells (either percentage or activity)
The WBC count in patients with CFS is normal. Leukopenia, leukocytosis, or an abnormal cell differential count indicates a diagnosis other than CFS, and another cause should be pursued to explain these findings.Results of liver function tests are within the reference range in patients with CFS. Increased levels of serum transaminases, alkaline phosphatase, or lactic dehydrogenase should prompt a search for another explanation because these values are typically normal CFS.
Serum protein electrophoresis is normal in patients with CFS but may be used to rule out other diseases that cause fatigue, including lymphoma and myeloma.
Urinalysis findings are unremarkable in CFS.
Other Tests
CT, MRI, and PET
Computed tomography (CT) or magnetic resonance imaging (MRI) of the brain is useful for ruling out central nervous system (CNS) disorders in patients with otherwise unexplained CNS symptoms. Results of CT scans and MRI may be normal in patients with CFS. Findings of CNS imaging studies are not specific for CFS and are thus used to rule out alternative explanations rather than to diagnose CFS.
Positron emission tomography (PET) shows hypoperfusion in the frontoparietal/temporal region.

Approach Considerations
Because most cases of chronic fatigue syndrome (CFS) may be due to a viral infection, no uniformly effective therapy exists for CFS. Trials of antiviral agents have been ineffective in relieving the symptoms of CFS. In patients with elevated C pneumoniae levels, particularly those with increased immunoglobulin M (IgM) titers, antichlamydial therapy may be effective. No special diet or vitamin supplements are effective.
Otherwise, treatment is largely supportive and responsive to symptoms.

Exercise Therapy
In a 2017 Cochrane review, exercise therapy for patients with CFS was evaluated. The study found that patients felt less fatigued following exercise therapy and felt improved in respect to sleep, physical function, and general health. However, the authors could not conclude that exercise therapy improved the outcomes of pain, quality of life, anxiety, and/or depression. [12]

Medication Summary
Trials of antiviral agents have been ineffective in relieving the symptoms of chronic fatigue syndrome (CFS). Various medications have been shown to be ineffective, including steroids, liver extract, chelating agents, intravenous (IV) vitamins, vitamin B-12, and IV or oral vitamin or mineral supplements. Antidepressants have no major role to play in the treatment of CFS.
Antibiotics, Tetracyclines
Class Summary
Antibiotics are used in patients with elevated immunoglobulin M (IgM) Chlamydia pneumoniae titers.
Doxycycline (Vibramycin, Doryx, Oracea, Oraxyl, Adoxa)
View full drug information
Doxycycline is a second-generation tetracycline. Compared with tetracycline, it is much more active against many pathogens and has a different adverse-effect profile and pharmacokinetic characteristics. Doxycycline inhibits bacterial growth, possibly blocking dissociation of peptidyl t-RNA from ribosomes, causing RNA-dependent protein synthesis to arrest.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dieta LOW CARB: O que é? Como é? Funciona?



Já tem alguns meses que vários leitores estão pedindo pra eu escrever sobre a dieta low carb. Só gosto de escrever algo quando vou realmente a fundo no tema. No momento estou aplicando em mim e para isso tive que estudar bastante o tema, vamos lá... Convidei alguns amigos que entendem do tema para que pudessem me auxiliar a traduzir os princípios da dieta para uma linguagem de mais fácil compreensão.

Ao final do texto há 28 referências bibliográficas com o link para os artigos sobre o tema. (Dr. Frederico Lobo).


O que é a dieta Low carb ?

Antes de tudo, devemos deixar claro que AINDA há poucos estudos com evidência científica robusta, mostrando a eficácia da adoção de uma dieta com menor teor de carboidratos.

Há vários conceitos (que variam de acordo com o teor de carboidrato) mas a grosso modo, pode-se classificar como uma dieta Low carb, quando a ingestão de carboidratos fica abaixo de 130 gramas de carboidrato por dia e acima de 50 gramas (já que abaixo de 50 gramas é dieta cetogênica). Isso quando se fala em quantidade (não porcentagem) de carboidrato.

Em uma dieta convencional, a ingestão de carboidratos deve ficar entre 45-55% do total de nutrientes ingeridos no dia. Ou seja, você um um volume calórico total por dia e ele se distribui entre 3 macronutrientes: Carboidratos, Proteínas e Gorduras. O preconizado pelas sociedades médicas e de nutrição é que essa ingestão fique acima de 45% e abaixo de 60%. O restante se distribui entre proteínas e gorduras.

Já na dieta low carb a ingestão diária de carboidratos permanece abaixo de 30% do total de calorias ingeridas. Alguns autores colocam como abaixo de 20%. Para fins de adesão do paciente, preconizo de 20 a 30%.

Alguns estudos tem mostrado que não importa a distribuição dos macronutrientes. O essencial é a redução da quantidade de calorias. Por mais que alguns profissionais sejam contrários a utilização da contagem de calorias, infelizmente ainda é o melhor método quando se olha as evidências científicas. Porém não podemos ser cegos às evidências clínicas, ou seja, pacientes eliminando gordura mesmo com dietas não-hipocalóricas.

Assim como também devemos lembrar que alguns pesquisadores preconizam que dietas hipocalóricas podem acabar piorando o quadro do paciente, sendo portanto, crucial que o foco seja: Respeitar a fome e melhorar a percepção dos sinais de saciedade. É isso que o pessoal da Nutrição Comportamental tem defendido.  (Dica de livros: 1) O peso das dietas, Dra. Sophie Deram; 2) Nutrição comportamental, Marle Alvarenga e colaboradores).

Variações de dieta Low carb

Há algumas variações de dieta Low Carb. A que apresentaremos aqui no blog é a tradicional. Na qual há redução do teor de carboidrato da dieta. As outras variações são:
  • Dieta Atkins: dentre as dietas com redução de carboidratos, ela foi a primeira que trouxe o conceito de low-carb de volta para o grande público,  por volta da  década de 70. Idealizada pelo médico americano Robert Atkins, ela apresenta 4 fases distintas e uma regra principal para todas elas: limitar a quantidade máxima de carboidratos líquidos ingeridos por dia. A ideia é começar com uma grande restrição de carboidratos (ingerindo no máximo 22 g de carbs líquidos por dia, de modo a tentar induzir cetose) e ir aumentando essa quantidade a cada vez que se muda a “fase” da dieta – algo que acontece conforme seu peso vai diminuindo.
  • Dieta Cetogênica ou Keto: os benefícios dessa dieta foram descobertos inicialmente por médicos que buscavam uma alternativa para o tratamento da epilepsia. Foram percebendo que o número de crises assim como tempo de duração reduzia e observaram uma considerável perda de gordura corporal. Idealmente a proporção diária de macronutrientes (em calorias) seria algo como: 60% – 70% de gorduras / 20% – 30% de proteínas / 5-10% de carboidratos líquidos (Carboidrato líquido é o carboidrato total menos a quantidade de fibra alimentar presente no alimento). Pode-se utilizar fitas para detecção de corpos cetônicos na urina., com isso o paciente consegue monitorar melhor se está em cetose ou não. 
  • Dieta Paleo/Primal: a dieta paleolítica tem suas raízes em uma alimentação similar à existente no período das cavernas (os praticantes supõem isso), ou seja: foca em comer alimentos naturais e que respeitem o modo como nosso organismo evoluiu para se alimentar. Ou seja, ingere-se o mínimo de alimentos processados, eliminando totalmente o açúcar refinado, o trigo e algumas leguminosas. Um ponto a se destacar é que a chamada dieta paleo possui inúmeras vertentes.  Umas mais e outras menos permissivas, incluindo a dieta paleo low-carb que visa o emagrecimento por meio da restrição de carboidratos (como frutas e raízes, alimentos que teoricamente seriam liberados na dieta paleo).
  • Dieta Slow carb: criada e difundida por Tim Ferriss em seu livro “4 Horas Para O Corpo”, a dieta slow carb chegou em 2010 com uma proposta de ser uma dieta simples e fácil de ser seguida. As regras: evite carboidratos de alto índice glicêmico e faça um dia do lixo uma vez por semana.

O destino de cada macronutriente

Ao ingerir mais calorias do que as que são gastas nas atividades diárias (física e gasto energético basal para manter as funções dos órgãos adequadas), a tendência é que o excesso seja armazenado na forma de gordura.

Mas atenção: caloria – ou quilocaloria – não é uma substância que vem dentro da comida, e sim uma unidade de medida de energia. O valor calórico de um alimento serve, portanto, para indicar quanta energia ele fornece para o corpo. Um ser humano precisa consumir todo dia, em média,  de 30 a 35 calorias por quilo de seu peso.

Nesse caso, se a pessoa ingere mais calorias do que isso, o corpo estoca como gordura. Ao ingerir menos calorias, o corpo emagrece, queimando essas reservas para atender à necessidade diária de energia.

Como já citado acima, os 3 macronutrientes ingeridos são:
  1. Os carboidratos (comum em pães, massas, cereais, folhas, legumes, leguminosas, grãos e açúcares), 
  2. As proteínas (abundante nas carnes, ovos, leite, queijos),
  3. Os lipídios ou triglicerídeos (óleos e gordura). 
Ao fim da digestão, o alimento é quebrado em:
  1. Glicose (vinda dos carboidratos ou CHO), 
  2. Aminoácidos (vindos da quebra das proteínas ou PTN),
  3. Ácidos graxos livres (vindos dos triglicerídeos ou TG).
O intestino  absorve os nutrientes para jogá-los na corrente sanguínea e cada um tomar seu rumo. Para compreender como funciona a dieta low carb, é essencial que se conheça o mínimo sobre o metabolismo de carboidratos e de lipídios. e É IMPORTANTE SALIENTAR que no metabolismo de proteínas, quando elas são consumidas em excesso elas levarão a um processo denominado gliconeogênese (ou neoglicogênese), ou seja, forma de glicose a partir de compostos não-glicados (não-carboidratos), nesse caso lactato, glicerol e aminoácidos (proteínas).

Metabolismo de carboidratos

Dos macronutrientes, o metabolismo de carboidratos é o mais complexo. A grosso modo podemos definir que os carboidratos possuem dois destinos principais. Após ser ingeridos, são quebrados (sofrem uma reação chamada hidrólise) ao longo do trato digestivo em subprodutos que depois virarão glicose. Ou seja, todo carboidrato vira glicose. A principal função dos carboidratos é energética.

Os carboidratos podem ser classificados em:

1) Monossacarídeos: são os carboidratos simples em sua estrutura. São assim chamados pois não precisam passar pela hidrólise, já que são praticamente "glicose pura". Todos com função energética. São pequenos e possuem de 3 a 6 átomos de carbono. Quem são eles ?
  • Glicose, 
  • Frutose, 
  • Galactose, 
2) Oligossacarídeos: são carboidratos formados pela união de 2 a 6 monossacarídeos. Não são tão simples mas nem tao complexos.  Os oligossacarídeos mais importantes são dissacarídeos e os principais são:
  • Lactose que é a união de dois monossacarídeos (glicose + galactose), é o açúcar do leite.
  • Maltose: que é a união de dois monossacarídeos (glicose + glicose), é o açúcar do malte.
  • Sacarose: que é a união de dois monossacarídeos (glicose + frutose ), que é o açúcar da cana e da beterraba.
Dentre os oligossacarídeos temos ainda:
  • Açúcar invertido: utilizado pela indústria alimentícia, consiste em um xarope quimicamente produzido a partir da sacarose. A fórmula da reação química é a seguinte: sacarose + água = glicose + frutose. No nosso meio é o famoso adoçante sucralose. 
  • Dextrinas: são misturas de polímeros de D-glucose (α-1,4). Na produção industrial, é obtido através da hidrólise ácida do amido. Nem todas formas de dextrinas são digeríveis, essas formas não digeríveis são usadas como complemento de fibras alimentares. A maltodextrina é usada como aditivo alimentar é altamente digerível, sendo absorvida tão rapidamente quanto a glucose. 
  • Isomaltose: Produzida a partir da sacarose da beterraba.
  • Rafinose estaquiose: Os frutooligossacarídeos (rafinose e estaquiose) são polímeros naturais de frutose que usualmente são encontrados ligados a uma molécula inicial de glicose. São totalmente resistentes à digestão no trato gastrintestinal, sendo quase que inteiramente pelas usados pelas bifidobactérias do cólon, dessa forma promovem a integridade da mucosa gastrintestinal.
3) Polissacarídeos: são carboidratos complexos em sua estrutura. Como o nome sugere (poli é um termo derivado do grego e quer dizer muitos), os polissacarídeos são compostos macromoleculares (moléculas gigantes), formadas pela união de muitos (centenas) monossacarídeos.  Serão quebrados e virarão glicose. Os três polissacarídeos mais conhecidos são:
  • Amido: É o polissacarídeo de reserva energética dos vegetais. As batatas, arroz, milho, inhame, feijão, mandioca, trigo estão repletos de amido, armazenado pelo vegetal e consumido em épocas desfavoráveis pela planta. Mas para o amido ser aproveitado pelo corpo, é preciso digeri-lo, o que ocorre primeiramente na boca e depois no intestino, com adição de água e a participação de catalisadores orgânicos, isto é, substâncias que favorecem ou aceleram as reações químicas.
  • Glicogênio: É um polissacarídeo de reserva energética dos animais; portanto, equivalente ao amido dos vegetais. No nosso organismo, a síntese de glicogênio ocorre no fígado, a partir de moléculas de glicose. 
  • Celulose: É o polissacarídeo de papel estrutural, isto é, participa da parede das células vegetais. Poucos seres vivos conseguem digeri-lo, entre eles alguns microrganismos que habitam o tubo digestivo de certos insetos (cupins) e o dos ruminantes (bois, cabras, ovelhas, veados etc.).
Os principais carboidratos da dieta são: o amido, a sacarose, frutose e lactose.  A absorção dos carboidratos pelas células do intestino delgado é realizada após hidrólise dos oligossacarídeos e polissacarídeos em seus componentes monossacarídeos (carboidratos de estrutura simples).

Destinos dos monossacarídeos

Após sofrerem várias reações, cada um dos monossacarídeos terá um destino e uma via bioquímica específica. a frutose e galactose virarão glicose no fígado. Enquanto a glicose entrará em uma cascata de reações, dentre elas a glicólise (quebra da glicose para gerar energia) que ocorre no citoplasma das células.

Glicólise

Na glicólise aeróbica (que ocorrre nas células que tem citoplasma) cada molécula de glicose é convertida em duas moléculas de piruvato, cada uma com três átomos de carbonos em um processo no qual vários átomos de carbono são oxidados. Parte da energia livre liberada da glicose é conservada na forma de ATP e de NADH. O resultado do processo total da glicólise é a formação de 2 ATP, 2 NADH e 2 piruvato, às custas de uma molécula de glicose. Os principais destinos desses compostos formados na glicólise são: Ciclo de Krebs (lactato) , Ciclo de Cori (Acetil-CoA), Síntese de proteínas (alanina) e Gliconeogênese (oxaloacetato).

Na glicólise anaeróbica (que ocorre em células sem mitocôndrias), o produto final da glicólise é o lactato e não o piruvato.

Glicogênese 

A glicogênese é a síntese do glicogênio a partir da glicose. O glicogênio é um polissacarídio composto de unidades repetidas de D−glicose unidas por ligações glicosídicas α, constituindo a principal forma de reserva de polissacarídeos nos tecidos animais. Os maiores depósitos estão presentes no fígado e músculos esqueléticos. O glicogênio é armazenado em grânulos intracelulares que também contêm as enzimas que catalisam as reações para a sua síntese e degradação.

A glicose armazenada sob a forma de glicogênio no fígado e músculos destinam-se a diferentes funções:

  • Glicogênio hepático: Atua como reservatório de glicose para a corrente sanguínea com a distribuição para outros tecidos. Acumula após as refeições e, quando necessário, é degradado lentamente para manter a concentração de glicose no sangue mais ou menos constante. As reservas de glicogênio hepático no homem apresentam importante papel como fonte de glicose no período entre as refeições e, em maior extensão, durante o jejum noturno.
  • Glicogênio muscular: Serve como combustível para gerar ATP durante a atividade muscular aumentada. É formado durante o repouso após as refeições. Os níveis de glicogênio muscular apresentam menor variabilidade do que os teores hepáticos em resposta a ingestão de carboidratos.
É importante salientar que o tecido adiposo também necessita glicose para a síntese de triacilglicerol, ou seja, o excesso de carboidrato (quando o necessário já foi para os estoques de glicogênio ou para a glicólise) vai virará triglicerídeos (gordura).

Metabolismo de lipídios

O metabolismo dos lipídios ocorre no fígado. Sendo que esses lipídios são provenientes de duas fontes: os alimentos ingeridos (gorduras e óleos) e da reserva orgânica que é o tecido  gorduroso (adiposo). Diariamente, ingerimos cerca de 25gramas a 105gramas de lipídios. Estes lipídios estão na comida geralmente sob forma de triglicerídeos (TG).

O armazenamento de ácidos graxos na forma de TG é mais eficiente e quantitativamente mais importante do que o de carboidratos na forma de glicogênio (ou seja, temos muito mais reserva energética na forma de gorduras do que na forma de carboidrato).

Quando os hormônios e outras substâncias sinalizam que o corpo precisa de energia, promove-se então a liberação destes TG.  O objetivo é convertê-los em ácidos graxos livres novamente, os quais serão oxidados para produzir energia. No entanto, outras formas de lipídios fazem parte da dieta diária, como os fosfolipídios, o colesterol e as vitaminas lipossolúveis.

Resumindo: se sobra TG, o tecido adiposo "puxa" o excedente e o armazena na forma de gordura que pode ser embaixo da pele (subcutânea) ou ao redor dos órgãos (gordura visceral).

Os dois princípios básicos da dieta Low carb

O primeiro consiste em evitar picos de insulina e com isso evitar uma maior captação de glicose (atividade anabólica).

O segundo princípio consiste em "orientar" o corpo a utilizar o tecido adiposo como fonte de energia.

O vídeo abaixo, elaborado pela equipe do Autoridade Fitness descreve claramente o funcionamento da dieta low carb,




Mas porque evitar picos de insulina? Mas o que que a insulina tem a ver com emagrecimento ?

A insulina é um hormônio como já citado, com ação anabólica, ou seja, ela "joga" a glicose dentro da célula. Quando o paciente está com glicose suficiente, parte dessa glicose vai para o músculo e vira glicogênio muscular ou hepático. Quando o paciente não precisa de tanta glicose, ela é desdobrada em triglicerídeos e vira gordura no tecido adiposo. Além disso quando o nível de insulina está elevado, ela dificulta a remoção dos lipídios já armazenados (lipólise). Lembre-se, a insulina tem ação anabólica e no emagrecimento desejamos uma ação catabólica.

Resumindo: a insulina inibe a lipólise (queima de gordura como fonte de energia) e estimula a lipogênese (produção de gordura).

Mas como evitar esses picos de insulina ou elevação permanente dela ? Ou utilizando medicação ou reduzindo o teor de carboidrato na dieta.

O baixo consumo de carboidratos leva a uma diminuição na liberação de insulina, o que se traduz em uma maior mobilização dos estoques de gordura para serem utilizados como fonte de energia. Além disso, se há menos insulina circulante, há menor risco de hipoglicemias e também menor risco de aumento do apetite. Ou seja, quando o teor de insulina está "controlado", ocorre uma menor variação na glicemia e hoje sabemos que essas variações glicêmicas podem desencadear aumento do apetite ou episódios de compulsão alimentar. Além disso, estudos em diabéticos (tanto tipo 1 quanto tipo 2) tem mostrado que uma menor variabilidade glicêmica está correlacionada a um menor risco de complicações macrovasculares (infarto, avc), microvasculares (doença renal crônica, amputações, pé diabético, retinopatia diabética).

Sendo assim, o principal objetivo da dieta low carb é obrigar o corpo a utilizar gordura como sua principal fonte de energia. Além disso objetiva-se manter a lipólise (quebra da gordura) por mais tempo já que o teor de carboidratos é reduzido e o nível de insulina decai.

Dieta Low carb versus Dieta No carb

É importante salientar que na dieta Low carb o teor de carboidrato é reduzido, porém não drasticamente como em uma dieta cetogênica, no qual o objetivo é induzir o corpo a produzir corpos cetônicos a partir de gordura e utilizar esses corpos cetônicos como fonte exclusiva de energia. Na cetose o corpo não mais obtém energia a partir da glicose. O resultado é uma mobilização das reservas de gordura do organismo (= queima de gordura), que agora passam a ser utilizadas como combustível para o metabolismo.

Entretanto essa diminuição de carboidratos é uma faca de dois gumes. Se por um lado quanto mais você restringe carboidratos, mais você tende a emagrecer, por um outro lado quanto mais você entra em cetose, mais sintomas você apresenta. Além disso não há estudos conclusivos (a longo prazo) sobre as repercussões metabólicas e hormonais de uma dieta No carb.

O que pesquisadores, médicos e nutricionistas tem se perguntado é:
  • A longo prazo, esses corpos cetônicos poderiam mudar a nossa homeostase ?  Causariam lesões em órgãos ? 
  • O paciente perderia massa magra (proteólise) para utilizar essa massa magra como fonte energética? 
  • Favoreceria piora dos quadros de compulsão alimentar nos quadros de Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica? Pioraria quadros de Bulimia, Anorexia, Vigorexia ou Ortorexia?
  • Acarretaria uma diminuição da taxa metabólica basal? 
  • Alteraria o funcionamento do hipotalâmico?
  • Teria benefício inferior ou igual ao de dietas hipocalóricas mas com a distribuição de macronutrientes diferentes?
São perguntas que ainda não sabemos. Além disso percebemos claramente que a adesão a uma dieta No carb é bem difícil.

Dentre os sintomas de cetose temos:
  1. fraqueza, 
  2. vertigem, 
  3. dor de cabeça, 
  4. hálito cetônico, 
  5. indisposição, 
  6. poliúria (micção frequente e em grande quantidade), 
  7. câimbras 
Geralmente esses sintomas são transitórios e após 15 a 20 dias desaparecem. Ou seja, o paciente começa o processo de cetoadaptação, conseguindo até mesmo praticar atividade física de alta intensidade.

Todos esses sintomas podem ocorrer em uma dieta No carb ou cetogênica. Na dieta Low carb, como o corpo ainda continua utilizando a glicose como fonte de energia (mas passa a utilizar a gordura também) os sintomas são mais leves ou não ocorrem. Entretanto a queima de gordura é menos acentuada.

Na dieta low carb o paciente emagrece, principalmente logo após os primeiros dias de alteração nos hábitos alimentares (graças à eliminação do excesso de glicogênio estocado). Ou seja, não é uma perda em sua maior parte de gordura e sim de água. Depois dessa depleção de glicogênio muscular é que se inicia a queima de gordura propriamente dita.

Composição da dieta Low carb e adesão

Uma dieta Low carb como já citado acima, deve conter de 130 até 50gramas de carboidrato por dia, ou de 20 a 30% de carboidratos no volume energético total. É importante salientar que na dieta low carb a base da dieta não é proteína e sim vegetais folhosos, legumes e gorduras. Ou seja, é uma dieta pobre em alimentos industrializados.

A composição então proposta por alguns profissionais seria:
  • Carboidratos: 20 a 30%
  • Gorduras: 50 a 60%
  • Proteínas: 30 a 40%
É importante salientar que a digestão das proteínas exige muito mais energia do corpo que a quebra dos carboidratos, e como resultado, há uma aceleração do metabolismo como resposta ao aumento da ingestão de proteínas. Modesto mas há.

Os aminoácidos também são essenciais para a formação de massa muscular, que por sua vez gasta mais energia do que o tecido adiposo. Modesto aumento na taxa metabólica basal, mas há.

E por último, as proteínas ajudam a controlar o apetite, pois promovem mais saciedade, pois não causam um grande pico de insulina, além de retardarem o esvaziamento gástrico.

O que pode e o que não pode

No começo, até se alcançar a perda de peso, alguns alimentos não são permitidos, depois a longo prazo, na manutenção pode-se reintroduzir os carboidratos complexos (como por exemplo arroz, feijão).

Alimentos Permitidos
  • Proteínas de alto valor biológico: carne, frango, peixe, ovo, leite, soja.
  • Carne vermelha magra, peito de frango, peixes, ovos, whey protein isolado. Embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, peito de peru, etc.) são permitidos, mas deve-se ficar atento à quantidade de sódio (que promove retenção de líquidos) e de carboidratos nos rótulos, já que no processo de defumação utiliza-se açúcar.
  • Frutas com baixo índice glicêmico: limao, acerola, maracujá, morango, pêssego, ameixa, cereja, amora, framboesa, mirtilos, damasco, açaí e abacate.
  • Laticínios: aqueles com alto teor de gordura contêm menos carboidratos que os laticínios light, mas por outro lado são ricos em gordura saturada, que deve ser consumida com moderação. Creme de leite, cream cheese e parmesão são alguns dos laticínios permitidos na dieta low carb.
  • Gorduras boas: nozes, amêndoas, azeite,  abacate, salmão, atum e sardinha.
  • Vegetais: folhas verdes (couve, rúcula, alface, agrião, etc.) e vegetais não amiláceos (couve flor, rabanete, brócolis, alho poró, aspargo), cenoura, abrobrinha, chuchu, beterraba.
  • Outros: maionese, leite de coco, frutos do mar, gelatina sem açúcar e adoçantes (sucralose e aspartame).
  • Bebidas: café, chás sem açúcar (camomila, erva doce, etc.) e água sem gás.
Alimentos Não permitidos na fase inicial
  • Arroz, batata inglesa, milho, trigo, açúcar, farinhas.
  • Álcool
  • Refrigerantes diet, light ou zero
  • Leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico)



Os principais erros cometidos por quem faz dieta Low carb 

1) Não focar na verdadeira base alimentar que deve ser vegetais e folhas! 
  • A base alimentar deve ser comida de verdade deixando de lado os industrializados, ou seja, consumir os alimentos mais próximos da forma como são encontrados na natureza. O correto é deixarmos de lado os industrializados que são os que apresentam maiores concentrações de açúcares por porção, aumentando o consumo de vegetais, principalmente de baixo amido, como as verduras e folhas, e não focar em proteínas e gorduras. Existem vários alimentos Low carb disponíveis no mercado, porém nada saudáveis.
2) Exagerar nas fontes de proteínas e gorduras
  • Em uma dieta low carb (bem formulada, portanto é FUNDAMENTAL que você passe por um nutricionista), a quantidade de vegetais deve ser maior do que a quantidade de produtos animais (carnes e leite e derivados como manteigas, iogurtes e queijos) e gorduras refinadas mesmo que saudáveis, como óleo de coco e azeite. Isso é importante para a flora intestinal e para o equilíbrio nutricional da dieta, evitando com que você fique com o intestino preso e careça de vitaminas e minerais. 
  • Qualquer exagero leva à auto sabotagem.
  • Na low carb se incentiva perder o medo do consumo de proteínas e gorduras naturais dos alimentos e não tê-las como sua base alimentar ou elas em maior concentração na sua refeição
3) Cortar muito o consumo de carboidratos ao ponto de se preocupar com os carboidratos dos vegetais
  • Quando se elimina os carboidratos refinados e se passa a consumir os carboidratos vindos de folhas, legumes e tubérculos, o volume alimentar tende a aumentar contribuindo para o aumento da saciedade, porém a quantidade de carboidratos ingeridos tende a diminuir. Diferente de quando se consome produtos industrializados que apresentam alta concentração de carboidratos refinados em pouca porção.
  • Uma dieta Low carb não deve ser No carb. Trata-se de restringir açúcar, farináceos e excesso de amido e não ficar preso à contagem de carboidratos “do bem”. 
  • Lembre-se: Ninguém engorda comendo muita cenoura ou batata e sim pelo consumo de carboidratos “lixos” que não nos fazem bem e são viciantes! Ex: xarope de glicose, açúcar invertido, maltodextrina, xarope de frutose e etc..!
4) Comer sem fome (Respeite a FOME)
  • Ao se adaptar ao estilo de vida low carb o resultado é um ajuste na regulação de hormônios que estão ligados com a fome, compulsão e ansiedade, além do aumento expressivo da saciedade pelo consumo de gorduras boas, ou seja, gorduras naturais dos alimentos. Com isso haverá diminuição da fome. A fome é uma reação fisiológica do organismo que deve ser respeitada. Um exemplo bem básico e simples: da mesma forma que vamos ao banheiro evacuar ou fazer xixi quando o organismo avisa também devemos comer quando temos fome! Fome é diferente de vontade de comer. A vontade de comer é muito seletiva, já a fome não, você come o que tem!
5) Comer além da saciedade (Respeite a SACIEDADE)
  • Como a fome, a saciedade também deve ser fisiológica e neste caso o bom senso é muito bem vindo. Com uma alimentação focada na qualidade nutricional dos alimentos a quantidade tende a ser autorregulada pelo corpo se atentando para a sensibilidade dos receptores de apetite e saciedade.
6) Comer muitos laticínios e derivados 
  • Algumas pessoas reagem mal ao uso de laticínios e com isso acabam dificultando ou estabilizando a perda de peso. O consumo de laticínios deve ser de forma esporádica, para dar sabor às preparações e reduzir a monotonia alimentar. Caso contrário, se usados em excesso são insulinogênicos e acabam ativando muito a insulina, mecanismo contrário ao que se busca com a Low Carb. 
7) Não ter paciência para esperar a adaptação metabólica acontecer, ou seja, não esperar o organismo a se adaptar utilizando outras vias metabólicas como fonte energia
  • A dieta tradicional da população brasileira, sem dúvidas, tem como maior substrato energético os carboidratos, considerados fonte de energia rápida. Porém, com o consumo reduzido de carboidratos o organismo precisa se adaptar para uma nova utilização energética que deverá ser utilizando os estoques de energia armazenados no tecido adiposo ou mais conhecidos como pneuzinhos.
8) Comparar seus resultados com os dos outros
  • Cada organismo se adapta e reage de forma individual. Existem os que perdem peso de forma rápida e depois estacionam e existem os que perdem peso de forma gradativa. Não compare seus resultados com os de seus amigos ou de alguém da internet.
9) Uma dieta low carb não precisa ser VERY low carb ou cetogênica para ser efetiva
  • Cada pessoa tolera um nível de carboidratos para emagrecer e sem ganhar peso. Há pessoas que toleram grandes quantidades e outras menores. Dietas muitos restritivas não são sustentáveis.
10) Buscar resultados rápidos
  • Resultados rápidos são passageiros.
  • Cuidado com o efeito sanfona! Procure um estilo de vida que seja sustentável, duradouro e que consiga fazer pelo resto da vida 
E o que jejum intermitente?

O jejum intermitente (JI) ou Time-Restricted Feeding (TRF) vem ganhando cada vez mais popularidade, principalmente entre os praticantes de dieta Low Carb e cetogênica. Mas há muitas informações distorcidas sendo disseminadas na internet. Existe uma fundamentação científica, alguns pacientes tem resultados, mas como toda "modinha" as informações vão sendo distorcidas no meio do caminho. Abaixo postarei um texto escrito por uma amiga, a nutricionista Rita de Cassia.

Mas afinal, existem estudos científicos para tal estratégia?

Sim, existem. Mas vamos primeiro a alguns conceitos importantes. De acordo com a literatura, a definição para o jejum intermitente é “estratégia que envolve a restrição total ou parcial do consumo de energia (restrição que varia de 50 a 100%) em 1 a 3 dias por semana”.

Porém, por ser de difícil adesão, foi criada uma estratégia alternativa, conhecida como “time-restricted feeding (TRF)”, que em português significa restrição de tempo de alimentação.

No TRF os indivíduos têm o consumo de alimentos limitados dentro de uma janela de tempo (que varia de 3 a 4h, 7 a 9h ou 10 a 14h), o que induz a um tempo de jejum que varia de 10 a 21 horas por dia. Isso significa que o paciente fará entre 1 a 3 refeições ao dia.

Isso deu origem a alguns métodos populares, sendo largamente difundidos pela internet:

  • Método 16/8: Também chamado de o protocolo Leangains. A pessoa realiza praticamente 2 refeições diárias (por exemplo, uma refeição as 13h e outra as 21h), em uma janela de 8 horas e totalizando 16 horas de jejum.
  • Método do jejum completo: Isso envolve o jejum durante 24 horas, uma ou duas vezes por semana. Por exemplo, o intervalo entre o jantar de um dia anterior até o jantar no dia seguinte.

  • Dieta 5:2: Ficou conhecida popularmente pelo livro “The Fast Diet”. Nele, em dois dias não consecutivos da semana, os indivíduos só comem 500-600 calorias e voltam a consumir normalmente nos outros 5 dias.
É claro que apenas este último não foi desenvolvido por grandes estudos científicos. Até porque já sabemos que o que importa não é o valor calórico dos alimentos e sim a sua densidade nutricional. Então vamos detalhar sobre o que existe de pesquisas científicas neste tema:
  • No estudo de revisão publicado pelo autor Rothschild e colaboradores em 2014, verificou que 11 estudos tinham avaliado os efeitos do TRF em humanos, sendo que a maioria (6 estudos) avaliou os feitos do TRF de 10-12 horas. Entre os estudos que avaliaram o TRF de 4 horas ou 7-8 horas, nenhum efeito benéfico foi encontrado na população estudada. Por outro lado, notavelmente, os estudos que implementaram o TRF de 10-12 horas demonstraram reduções consistentes no peso corporal de 1-3%, além de melhorias nos parâmetros metabólicos, como níveis de lipídios sanguíneos e glicemia. Esses resultados já seriam esperados, pois a expansão da janela de alimentação torna a estratégia mais viável para que o indivíduo consiga consumir os alimentos dentro de suas necessidades durante ao longo do dia. Isso ocorre porque o jejum de 7 a 8 horas foi realizado durante o sono e, portanto, não se trata de nenhuma novidade ao que já é preconizado dentro de uma dieta equilibrada.
  • Além disso, as evidências científicas para os riscos e benefícios do uso do TRF e do jejum intermitente são limitadas, pois os estudos não foram realizados em longo prazo e muitas vezes realizados com um número limitado de participantes. Dessa maneira, enquanto não houver evidências científicas suficientes para respaldar o uso dessas estratégias, elas não devem ser indicadas para garantir um emagrecimento saudável.
  • Em 2015 foram publicados outros estudos de revisão com atualização sobre as evidências científicas para essa estratégia. O artigo “Health effects of intermittent fasting: hormesis or harm? A systematic review” publicado em uma das maiores revistas de nutrição do mundo, trouxe uma revisão sistemática sobre o tema. Eles concluem que faltam estudos clínicos robustos para comprovar o real benefício do jejum intermitente na saúde. No entanto, existem estudos que demonstram que o jejum intermitente realmente provoca melhorias na saúde metabólica, desempenho cognitivo e cardiovascular, porém com algumas falhas metodológicas.
  • O outro artigo, publicado em agosto de 2015, foi nada menos do que pela Academia Americana de Nutrição e Dietética (Eat Right), com o título “Intermittent Fasting and Human Metabolic Health”. A publicação também reforça que são necessários mais estudos que avaliem principalmente os efeitos em longo prazo. Visto que os períodos de jejum podem alterar o equilíbrio da produção dos hormônios da fome/saciedade, o que pode promover distúrbio lá na frente. Deve-se investigar também sobre as alegações referentes ao envelhecimento e biomarcadores longevidade.
  • As recomendações atuais para o emagrecimento ainda ressaltam a importância para o fracionamento das refeições e evitar se alimentar com muita fome. No entanto, ainda não está claro também se essa recomendação é válida para todos de uma maneira generalizada.
Esses artigos deixam claro que o jejum intermitente pode ser uma abordagem promissora para o emagrecimento e melhorar a saúde metabólica para as pessoas quem conseguem se adaptar ao jejum ou comer muito pouco em certas horas do dia ou dias da semana. Ou seja, tudo se refere a INDIVIDUALIDADE!

Abaixo, dois vídeos da Dra. Rita de Cássia. Nutricionista e mestre em Nutrição Humana pela USP.






Referências:
  1. Santos FL, et al. Systematic review and meta-analysis of clinical trials of the effects of low carbohydrate diets on cardiovascular risk factors. Obes Rev. 2012 Aug 21. doi: 10.1111/j.1467-789X.2012.01021.x.
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Autores:
Dr. Frederico Lobo - Médico 
Dr. Flávio Melo - Médico pediatra.
Dr. Thiago Omena - Médico especialista em clínica médica.
Dra. Ana Paula Rodrigues - Nutricionista especialista em Nutrição esportiva.
Dra. Samara Bergamelli - Nutricionista especialista em Nutrição esportiva e com foco em Dieta Low Carb.