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segunda-feira, 23 de março de 2015

Detox: moda ou ilusão ?


Atualmente fala-se muito em dieta detox, programas de detoxificação, desintoxicação, suco detox e etç. Afinal, o que é verdade e o que é mito ? Existe um capítulo sobre o tema na principal referência de farmacologia (GONZALES, FJ, et al. Metabolismo de fármacos. In: BRUNTON L, CHABNER, B, KNOLLMAN,  B. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. Cap 06,  p.123-142. ) O "Goodman" é adotado pela maioria das universidades de medicina e farmácia de todo o mundo. Então sejamos científicos.

Primeira pergunta: Detox existe?

Sim, existe, não da forma como é propagada, de maneira sensacionalista. O termo mais correto seria destoxificação.  Na destoxificação podemos eliminar tanto xenobióticos, fármacos quanto substâncias endógenas (exemplo hormônios, neurotransmissores). O termo desintoxicação ficaria mais ligado a desintoxicação metabólica de drogas = Metabolic Detoxication, Drugs: “redução da atividade farmacológica ou da toxicidade de uma droga (ou outra substância estranha) por um sistema vivo, geralmente por ação enzimática”.

Segunda pergunta: As pessoas querem desintoxicar de que ? 

Drogas? Vai pra clínica de reabilitação.
Metais tóxicos?  Hospitais fazem processo de quelação.
Venenos? Toxicologistas são especialistas nisso.

Agora Desintoxicar de "Jacadas" de final de semana, carnaval, feriados, final de ano? Isso seu organismo faz muito bem, sozinho, sem custo nenhum, basta você fornecer os substratos para que as reações ocorram.

Mas me falaram...

Ah te falaram que você tem xenobióticos e que eles podem causar doenças, então você precisa fazer DETOX? Os tais falados xenobióticos são substâncias estranhas ao nosso corpo e nosso corpo sabiamente consegue por mecanismos eficazes metabolizá-los e eliminá-los.

O processo de Destoxificação

O tal processo de DESTOXIFICAÇÃO englobaria 3 estágios: 2 fases de metabolização e 1 fase de eliminação.

Geralmente esses xenobióticos são APOLARES, ou seja, substâncias lipossolúveis (hidrofóbicas) e para que sejam excretadas precisam sofrer adição de algum componente químico para se tornarem POLARES, Hidrossolúveis, portanto facilmente excretadas via BILE (via intestinal), Renal (urina) e com um peso molecular menor.

Resumindo Destoxificação: “Trata-se de um processo que envolve múltiplas reações bioquímicas com a utilização de múltiplos substratos e dependente de cofatores enzimáticos” Ou seja, no meio desses cofatores entram vários nutrientes que nosso corpo necessita, teoricamente aí que entraria a tal dieta detox.

Mas será que precisamos mesmo de uma Dieta para metabolizar tais substâncias. A resposta é SIM. Precisamos de uma dieta EQUILIBRADA (aqui não inclui suplementos, é apenas alimentação), com todos os nutrientes para que o nosso corpo consiga fazer o tal Detox. Mas não só com nutrientes se faz uma detox.

As fases da destoxificação

Fase 1: nela ocorre uma  biotransformação ou bioativação.
Objetivo: introduzir um novo grupo funcional para modificar o grupo existente, além de fazer a exposição do receptor para a conjugação da fase II.
Nessa fase utiliza-se principalmente de um sistema de enzimático chamado Citocromo P450. Ele é composto por várias isoenzimas e que para funcionarem bem, precisam principalmente dos seguintes nutrientes:

  1. Ferro (principal fonte  são as carnes)
  2. Colina (principal fonte é o ovo), 
  3. B2 (principal fonte é fígado bovino, além de aveia (vixi tem glúten) e amêndoa), 
  4. B3 (principais fontes são as carnes e amendoim)

Tem um adendo importante com relação ao Citocromo P450. Muitas das substâncias fitoquímicas utilizadas nos chás “detox” podem alterar o funcionamento das isoenzimas (CYPs) e com isso alterar de forma negativa o processo natural de detoxificação.  É muito comum utilizarem o chá verde na detox. Seria interessante isso? Usado milenarmente somente agora os pesquisadores estão mostrando que esse chá pode ter seus riscos. Pode por exemplo levar a insuficiência hepática aguda. Pode também por conter cafeína causar agitação, insônia. Quem metaboliza a cafeina é uma isoenzima do citocromo P450 chamada CYP1A2. Algumas pessoas possuem uma baixa de detoxificação pela CYP1A2 e com isso apresentam um aumento nos sintomas de insônia e agitação após o consumo de cafeína.

Após a fase 1 forma-se metabólitos intermediários que levam a produção de radicais livres, dano aos tecidos e precisam ser neutralizados. Mais uma vez: Dieta balanceada dá conta do recado.

Nutrientes envolvidos:
  1. Betacaroteno (Fontes: cenoura, abóbora)
  2. Vitamina C (Fontes: acerola, laranja, todas as frutas cítricas)
  3. Vitamina E (Fontes: óleo de gérmen de trigo (vixi, tem glúten), oleaginosas)
  4. Selênio (Fonte: Castanha do Pará)
  5. Zinco (Fontes: carne, ostras, oleaginosas)
  6. Manganês (Fontes: gérmen de trigo (vixi, mais glúten), oleaginosas, aveia (mais glúten).
  7. Enxofre (Fontes: alho, cebola, couve, repolho).
  8. Ácido fólico: (Fontes: fígado, lentilha, quiabo, feijão, espinafre)
  9. Vitamina B12 (Fontes: alimentos de origem animal)
Mas a detox geralmente não é sem proteína animal? E nos vegetais esses nutrientes estão em quantidade menor ? Sim, mas mesmo assim tem gente que insiste em acreditar que pílulas desses nutrientes, dieta líquida e ausência de proteína animal será mais eficiente que uma alimentação balanceada.

Fase 2: Fase na qual ocorre conjugações.
Objetivo: transformar as toxinas ativadas (metabólitos intermediários) na fase I em moléculas hidrossolúveis – BIOINATIVAÇÃO.

As principais reações que ocorrem são:
  1. Sulfatação: conjugação com sulfato inorgânico
  2. Acetilação: conjugação com acetil-CoA
  3. Acilação: conjugação com glicina, taurina, ou glutamina
  4. Glicuronidação: conjugação com ácido glicurônico
  5. Metilação: conjugação com grupo metil - SAME
  6. Conjugação com glutationa
Essas reações são dependente de enzimas que por sua vez são dependentes de nutrientes. Quem mais auxilia na conjugação é a Glutationa, uma substância formada pela junção de 3 aminoácidos: ácido glutâmico,glicina, cisteína. Fontes principais dos 3? Proteínas.  A pergunta que fica, então porque uma dieta mais líquida?

Nutrientes da fase 2: estarão relacionado a cada uma das reações.
  1. Vitamina C (Fontes: acerola, laranja, todas as frutas cítricas)
  2. Selênio (Fonte: Castanha do Pará)
  3. Zinco (Fontes: carne, ostras, oleaginosas)
  4. Molibdênio: (Fonte: lentilha, feijão, amêndoa, amendoim)
  5. Enxofre (Fontes: alho, cebola, couve, repolho).
  6. Ácido fólico: (Fontes: fígado, lentilha, quiabo, feijão, espinafre)
  7. Vitamina B12 (Fontes: alimentos de origem animal)
  8. Magnésio (Fontes: oleaginosas, caju, acelga, espinafre)
  9. Colina (principal fonte é o ovo), 
  10. B5 (Fontes: fígado de frango, oleginosas, cogumelos, cottage, ovo, abacate).
  11. Taurina: (Fontes: carnes e peixes, também podendo ser sintetizada através da cisteína combinada com B6, Zinco e manganês).
Mas não é somente Nutrientes que podem auxiliar na fase 2. Quem tem papel fundamental na melhora do processo de destoxificação? TREINAMENTO. 

Quer fazer detox e não quer malhar? FURADA, BURRADA. Ao invés de na segunda entrar na detox, opte por ir malhar (tem mais evidências científicas do que dietas líquidas, desequilibradas, laxativas). A prática regular de atividade física melhora os níveis de Glutationa e outras enzimas antioxidantes. O processo de adaptação à atividade física leva a um aumento dos níveis da Glutationa S-Transferase (essencial pro processo de destoxificação). alguns hormônios que sobem com o treinamento (como cortisol e testosterona) melhoram os níveis de Sulfotransferases, essenciais pra fase 2.Além disso, a prática regular de atividade física associado a dieta equilibrada (rica em cisteína e zinco (carne novamente?)) favorece a formação de Metalotioneínas que são substâncias que poupam a sua glutationa e auxiliam na fase 2. Fontes científicas existem várias:
  1.  LEEUWENBURGH,C.et al. Adaptations of glutathione antioxidant system to endurance training are tissue na muscle fiber especific. Am J Physiol.
  2. 272:363-369-1997
  3. LAUGHLIN,M.H. et al.Skeletal muscle oxidative capacity, antioxidant enzymes, and exercices. J Appl Physio, 68(6):2337-2343,1990
  4. MAITI,S.et al. Stress regulation of sulfotransferases in male rat liver. Biochem Biophys Res Commun, 323(1): 235-242,2004
  5. CARLI,G. ET AL. Changes in the exercise-induced hormone response to branched chain amino acid administration. Eur J Appl Phys,64:272-277,1992.
  6. PENKOWA,M. et al.Exercise –induced metallothionein expression in human skeletal muscle fibres. Exp Physiol, 90(4):477-486,2005.
  7. HAIDARA, K. ; MOFFATT. P; DENIZEAU,F. Metallothionein induction induction attenuates the of glutathione depletors in rat hepatocytes. Toxicol Sci, 49(2):297-305,1999.
Fase de excreção

Na fase de eliminação (excreção) o peso molecular determinará por onde o metabólito sairá, se:
  1. Peso molecular >500 daltons sairá pela Bile (depois fezes)
  2. Peso molecular <500 daltons="" li="" pela="" sair="" urina="">
Mas e quem interfere no nosso processo natural de destoxificação? 
  1. Jejum 
  2. Dieta de baixa caloria (Dieta detox é de baixíssima caloria)
  3. Dieta pobre em proteínas (Dieta detox geralmente restringe proteína animal)
  4. Deficiência de aminoácidos, vitaminas e minerais (Dieta detox é deficiente principalmente em vitamina B12 e se for sem carne terá uma quantidade bem menor de determinados aminoácidos cruciais para o processo)
Justamente o que mais se vê nas dietas detox. Então elas estariam auxiliando ou atrapalhando o processo natural de destoxificação ?

Que o processo de destoxificação existe: OK, há evidências científicas sólidas.
Que esse processo é dependente de nutrientes: Ok, tanto na fase 1 quanto na fase 2 eles entram como co-fatores de todo o processo.
Que esses nutrientes podem ser adquiridos apenas com alimentação: Ok, visto as fontes de maior biodisponibilidade

Mas e os estudos que mostram que alguns compostos podem agir na fase 1 e na fase 2? Como o quadro abaixo lista, a maioria dos estudos de referência foram realizados em ratos. Será que podemos extrapolar para humanos? Menos mal que esses fitoquímicos estão em diversos vegetais e frutas.


Problemática da dieta detox

1. Dietas líquidas ou pastosas: na grande maioria das vezes nutricionalmente desequilibradas.
2. Retirada de proteínas animais: o que leva a déficit de proteínas. Faz detox e perde massa magra.
3. Efeito laxativo pela alta ingestão de refeições líquidas/pastosas (daí muita gente acreditar que sente-se mais leve. É ÓBVIO que sente-se mais leve. Tenha uma diarréia pra ver se não se sente mais leve! Facilite a sua digestão utilizando alimentos semi-digeridos, obviamente terá a sensação de leveza.
4. Perda de peso: Muito diferente de emagrecer. Perde-se líquido via retal (amolecimento das fezes e muitas vezes diarréia = efeito laxativo) e massa magra. Somado a isso há o aumento da diurese pela alta ingestão hídrica e de chás com ação diurética.
5. Sensação de tranqüilidade, ilusória: Jacou o final de semana inteiro, tem que arrumar uma forma de se martirizar e aliviar a culpa (criando uma relação doentia com a comida). Solução? Dieta detox por 1 semana. É igual pecador que recorre ao padre pra confessar, reza e pronto, estamos quite.
6. Fraqueza/astenia: Geralmente devido à  privação de nutrientes, tais pacientes ficam fracos e não conseguem treinar nos dias em que estão no detox. Se vão treinar, podem sentir mal-estar, hipoglicemia, vertigem, náuseas.

Portanto, confie no seu corpo, ele sabe naturalmente Destoxificar. Você só precisa:
  1. BEBER ÁGUA, 
  2. COMER ADEQUADAMENTE (com o aporte de todos os nutrientes)
  3. TREINAR REGULARMENTE, 
  4. DORMIR 
  5. EVITAR SE INTOXICAR: álcool em excesso, cigarro, drogas, auto-medicação, uso de suplementos sem supervisão, ingestão de alimentos com agrotóxicos. 
Bibliografia:
  1. GONZALES, FJ, et al. Metabolismo de fármacos. In: BRUNTON L, CHABNER, B, KNOLLMAN,  B. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. Cap 06,  p.123-142.
  2. LEVIN, B. Environmental Nutrition, 1999.
  3. COZZOLINO, S. Biodisponibilidade de nutrients. 4ª Ed. Barueri – SP. Manole. 2012
  4. LISKA, J.A. The detoxification Enzyme Systems . Altern Med Rev ; vol 3, p. 187-198, 1998.
  5. WILLIAMS, D.A. LEMKE, T.L. Foye’s Principles of Medicinal Chemistry, 2003
  6. FABER, M.S.; JETTER, A.; FUHR, U. Assessment of CYP1A2 activity in clinical practice: why, how, and when? Basic Clin Pharmacol Toxicol; 97(3):125-34, 2005
  7. LEEUWENBURGH,C.et al. Adaptations of glutathione antioxidant system to endurance training are tissue na muscle fiber especific. Am J Physiol. 272:363-369-1999.
  8. LAUGHLIN,M.H. et al.Skeletal muscle oxidative capacity, antioxidant enzymes, and exercices. J Appl Physio, 68(6):2337-2343,1990.
  9. MAITI,S.et al. Stress regulation of sulfotransferases in male rat liver. Biochem Biophys Res Commun, 323(1): 235-242,2004.
  10. CARLI,G. ET AL. Changes in the exercise-induced hormone response to branched chain amino acid administration. Eur J Appl Phys,64:272-277,1992.
  11. PENKOWA,M. et al.Exercise –induced metallothionein expression in human skeletal muscle fibres. Exp Physiol, 90(4):477-486,2005. 
  12. HAIDARA, K. ; MOFFATT. P; DENIZEAU,F. Metallothionein induction induction attenuates the of glutathione depletors in rat hepatocytes. Toxicol Sci, 49(2):297-305,1999.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Dúvidas mais comuns sobre o meu atendimento em Goiânia e Joinville

P1: O senhor atende planos de saúde?

R1: Não, somente particular,  mas a maioria dos pacientes que possuem plano de saúde Bradesco, Amil, Sulamerica, Allianz, Omint conseguem reembolso do plano. Como funciona o reembolso? A lei 9656/98, assegura a qualquer beneficiário o direito de restituição com despesas médicas e hospitalares. Entretanto, não estabelece os valores ou percentuais fixados para isto. Dessa forma, o reembolso é calculado de acordo com o valor que a operadora paga aos profissionais credenciados ao convênio.

Para saber o quanto o seu plano cobre de reembolso, entre em contato com ele, antes de agendar a sua consulta. Verifique quais documentos são necessários para o ressarcimento das despesas. Geralmente solicitam: Relatório médico e o recibo da consulta constando os dados da clínica e do médico.

P2: Quanto tempo dura uma consulta?

R2: No mínimo 60 minutos a primeira consulta. O retorno dura geralmente 30 a 40 minutos. Em casa fico no mínimo 30 minutos analisando os questionários respondido pelo paciente: questionário de sintomas, de hábitos, recordatório alimentar e nos casos de obesidade, o questionário de emagrecimento. Porém, muitas vezes a consulta pode ultrapassar 1 hora.  

P3: Qual a sua formação?

R3: Fiz 6 anos de faculdade de Medicina, pós-graduação em Nutrologia na Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), iniciei uma pós-graduação em Nutrição Clínica pelo GANEP porém não concluí. Atuei em serviço ambulatorial e hospitalar de Nutrologia durante 4 anos e final de 2017 prestei a prova de título de especialista em Nutrologia, na qual fui aprovado em 4º lugar. Sendo assim, sou Médico Nutrólogo titulado pela Associação Brasileira de Nutrologia/Associação Médica Brasileira.  Em 2021 terminei uma pós-graduação em Síndrome Metabólica (ABRAN) e um curso de Psiquiatria Nutricional (INCCOR-RJ). Sou idealizador do movimento Nutrologia Brasil e junto com 47 médicos sou o organizador do Curso Nacional de Nutrologia para acadêmicos de Medicina. 

P4: O senhor monta dieta? Prescreve treinos?

R4: Sempre deixo claro para os meus pacientes que o nutrólogo não é o profissional mais habilitado para montar um plano alimentar.  Por isso, tenho um nutricionista (Rodrigo Lamonier) e profissional da Educação física comigo na clínica. Na maioria das vezes faço ajustes nutrológicos na dieta habitual (ANDH), pois, a prescrição de cardápios é uma atividade privativa de nutricionistas. Há controvérsias sobre o tema, pois o Conselho Federal de Medicina (CFM) dá o aval para médicos elaborarem planos alimentares no caso de pacientes doentes. Porém o Conselho Federal de Nutrição discorda. Também não prescrevo treinos. Caso o paciente tenha um personal trainer, peço para o Rodrigo (que também é formado em educação física) entrar em contato com o mesmo e discutir o caso. Ou caso o paciente não queira ter personal, mas quer uma ficha para treino, o Rodrigo elabora. Lembrando que a consulta médica não inclui a consulta com nutricionista e nem elaboração de treinos.

P5: Quais exames o senhor geralmente solicita?

R5: Exames laboratoriais: sangue (Hemograma, Perfil lipídico, Glicemia de Jejum, Uréia, Creatinina, dosagem de vitaminas e minerais, hormônios) de acordo com a clínica do paciente. Além de outros exames tais como, MAPA, Ultrassonografia, Polissonografia, Tomografia, Endoscopia. Não existe regra ou receita de bolo, dependerá das queixas apresentadas pelo paciente. Sempre peço para o paciente trazer exames laboratoriais dos últimos 6 meses, assim, evita-se solicitação de exames desnecessárias. Existe uma prática não-recomendada que é a de solicitar que o paciente vá para a consulta com uma lista pronta de exames. Isso é proibido pelo Conselho de Medicina e abomino esse tipo de prática. O exame ele é complementar, ou seja, faz-se necessário primeiramente uma consulta. Neste texto https://www.nutrologogoiania.com.br/solicitacao-de-exames-previamente-a-consulta/ eu e minha amiga Karol Calfa, médica Nutróloga e Conselheira do CRM-ES explicamos um pouco sobre os indícios de infração ética nessa prática.

P6: Os exames podem ser realizados pelo plano de saúde?

R6: Sim, mesmo eu não sendo credenciado a nenhum plano de saúde, existe uma resolução denominada Consu nº8, na qual a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabelece que mesmo o profissional não sendo credenciado à operadora de saúde, se tiver indicação médica, o respectivo médico pode solicitar os exames. Sendo assim, quase todos os exames que solicito geralmente são autorizados. Alguns exames como, calorimetria indireta, DEXA, bioimpedância, teste de supercrescimento bacteriano, dosagem de selênio ou vitamina D alguns planos não cobrem.

P7: Existem exames que o senhor não solicita?

R7: Sim, alguns exames não solicito.
Os exames que não solicito são: 
Bioressonância (VegaTest);
HLB (exame da gota de sangue em microscópio de campo escuro);
Nerv express;
EsComplex ou EisTeck;
Teste de intolerância alimentar baseados em IgG ou IgG4.

P8: O senhor solicita o mineralograma capilar (exame do cabelo)?

R8: Raríssimo, mas sim, apenas quando há suspeita de intoxicação crônica por metal tóxico. É a única utilidade liberada pelo Conselho Federal de Medicina conforme a resolução nº 2004 de 2012. Mas ultimamente já tem quase 10 anos que não solicito.

P9: Com qual tipo de dieta o senhor trabalha?

R9: Com todos os tipos de dieta. Aplico um questionário extenso que mostra as dietas disponíveis e peço para o paciente enumerar as 5 que mais acredita atender as suas necessidades. Posteriormente decidimos juntos se aquela é a dieta mais adequada. Faço uma redação para o nutricionista e especifico todos os detalhes que desejo no plano a ser elaborado. Dieta Low Carb e cetogênica geram resultados rápidos, mas o paciente entra em um platô rapidamente. Tenho pacientes que já eliminaram mais de 30 kg com essas dietas, porém os estudos mais recentes, não evidenciam superioridade (após 12 a 24 meses) destas dietas quando comparadas à restrição calórica convencional. A perda de peso ao final dos estudos parece ser a mesma, assim como melhora em parâmetros metabólicos. E na atualidade a nossa preocupação nem é tanto a dieta que será utilizada, mas sim a adesão a ela. Além disso uma constante preocupação da comunidade científica é: como brecar o reganho de peso, já que a grande maioria dos pacientes vão retornar para o mesmo IMC que estavam antes. 

P10: O senhor utiliza medicações para emagrecimento em seus tratamentos?

R10: Sim, se o paciente tiver indicação clínica, IMC >27 com alguma comorbidade ou acima do IMC 30, utilizo criteriosamente medicações. Porém, meu público é diferente do atendido pela maioria dos nutrólogos. Meus pacientes geralmente não querem utilizar nenhum tipo de medicação. No máximo algum fitoterápico. Digamos que seja uma “turma mais natureba”. Respeito as decisões do paciente, mas explico os prós e contras, da utilização da medicação. Não utilizo nenhuma medicação que exija receituário azul. Não tenho receituário azul e nem amarelo, pois, não prescrevo tais medicações.

P11: Além de medicamentoso o que o senhor utiliza no seu arsenal terapêutico?

R11: Vitaminas, Minerais, gorduras, fitoterápicos, proteínas, carboidratos, fibras, pré e probióticos. Utilizo muito pouco medicações alopáticas, somente nas doenças nutroneurometabólicas.

Não utilizo hormônios, tais como testosterona, GH, estrogênios, DHEA, Hidrocortisona, chips hormonais (implantes). Na minha visão, isso não faz parte da Nutrologia.

Endovenoso só utilizo noripurum nos casos de anemia ferropriva refratária ao tratamento via oral. Ou vitamina B12 intramuscular no caso de déficits graves de B12 ou pacientes com síndromes disabsortivas.

Não utilizo terapias bio-oxidativas (ozonioterapia), PRP, PRFC, aplicação de lisados e enzimas subcutâneas ou intramusculares, procainoterapia, dieta hCG.

Nada disso faz parte do arsenal terapêutico da Nutrologia, conforme recentemente publicado pela própria Associação Brasileira de Nutrologia: http://abran.org.br/2018/03/14/rol-de-procedimentos/

P12: Quais procedimentos são realizados na clínica Medicare?

R12: Nenhum procedimento pois aqui é um espaço clínico, sendo assim não realizamos procedimentos. Caso o paciente necessite repor ferro de forma endovenosa é encaminhado para institutos de Hematologia. No caso dos pacientes pós-bariátricos ou com doenças disabsortivas encaminhamos o paciente para realizar a infusão de Ferro no hospital que ele desejar. 

P13: Na clínica Medicare vende-se medicações e suplementos?

R13: Não. Não comercializamos medicações ou suplementos na clínica.

P14: Quais os dias de atendimento e os horários?

R14: Segunda e Quinta das 08:00 às 18:00 em Goiânia.  Nas sextas-feiras das 08:00 às 19:00 os pacientes de Joinville - SC.

P15: Qual o valor da consulta e como funciona o agendamento?

R15: R$800. Agendamento é feito via whatsApp (62) 99233-7973.
1) O paciente deverá entrar nesse link 
https://www.nutrologogoiania.com.br/consultas/como-agendar-sua-consulta/ e preencher o formulário. 
2) Em até 48h informarei o paciente e a secretária se autorizo o agendamento. Caso eu não autorize, explicarei por e-mail o motivo de não ter autorizado e geralmente encaminho para algum colega. 
3) Após autorizado o agendamento, o paciente escolherá o horário disponível e só então faz o pagamento da consulta (via PIX, valor integral) para reservar o horário. Não autorizo reserva de horário sem pagamento prévio. Não trabalho com dinheiro, cheques, cartões de débito ou crédito, somente PIX. 

P16: O senhor atende pacientes provenientes de outras localidades (estados ou países)?

R16: Sim. De outros países não. Somente quem reside no território brasileiro.

P17: A consulta dá direito a retorno gratuito ou terei que pagar todas as vezes que for na clínica?

R17: Cada consulta dá direito a um (01) retorno dentro do prazo estabelecido: 30 dias. 

P18: As medicações que o senhor prescreve são todas manipuladas?

R18: Não. Eu até prescrevo manipulados (e não adianta pedir indicação de farmácia pois, não indico e isso está escrito no meu receituário), mas sempre que há a versão de indústria, opto por prescrever o industrializado. Razão: superioridade na qualidade, maior controle de dose e qualidade da matéria prima. Porém as vezes é inevitável a prescrição de doses personalizadas, de acordo com os exames laboratoriais.

P19: Terei que retornar todos os meses para uma nova consulta?

R21: Depende de cada caso. Mas geralmente os pacientes voltam de 3 em 3 meses ou de 6 em 6 meses. Já com o nutricionista, oriento que o retorno seja quinzenal ou mensal já que a adesão à dieta é maior quando se tem maior assiduidade às consultas. 

P19: O senhor trabalha em parceria com outros profissionais?

R22: Sim, sempre que necessário e o paciente apresenta algo que não é da minha área, tenho uma rede de profissionais da saúde de minha confiança. A lista está disponível aqui no site, na sessão Profissionais que indico.

P20: Fui a um outro nutrólogo e queria uma segunda opinião pois não gostei da abordagem. O senhor emite?

R20: É antiético opinar na conduta de um colega, bem como mudar medicações. Não opino na conduta de colegas, porém emito minha opinião sobre o quadro clínico, como especialista em Nutrologia. Qual conduta você escolherá, fica a seu critério.

P21: Por que o senhor é contra modulação hormonal bioidêntica e terapia anti-envelhecimento?

R21: Como já respondido acima, não trabalho com modulação hormonal: terapia antienvelhecimento, dieta hCG, prescrição de anabolizantes, testosterona, DHEA, GH. Já que tal prática é condenada:
1) Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN): http://abran.org.br/2018/03/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/
2) Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): https://www.endocrino.org.br/alerta-sbem-nao-existe-especialista-em-modulacao-hormonal/
3) Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontrologia (SBG): https://sbgg.org.br/envelhecer-nao-e-doenca-sbgg-emite-posicionamento-em-retorno-as-colocacoes-expressas-pelo-pesquisador-aubrey-de-grey-que-quer-curar-o-envelhecimento/
4) Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO): http://www.abeso.org.br/pdf/Posicionamento%20SBEM%20-%20anti-aging2.pdf
5) Sociedade Brasileira de Urologia (SBU): http://portaldaurologia.org.br/medicos/destaque-sbu/nota-oficial/
6) Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC): https://sboc.org.br/noticias/item/1461-posicionamento-da-sboc-sobre-o-nao-reconhecimento-de-especialista-em-modulacao-hormonal
7) Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO): https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/647-posicao-da-febrasgo-referente-ao-julgamento-da-segunda-turma-do-tribunal-regional-federal-da-5-regiao-sobre-o-tratamento-de-modulacao-hormonal-para-o-antienvelhecimento
8) Conselho Federal de Medicina (CFM): O parecer do CFM que proíbe a prática de modulação hormonal no Brasil está disponível aqui: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf No link a seguir você encontrará inúmeros pareceres de sociedades médicas sérias sobre o tema, isso basta para que eu não utilize modulação hormonal e hormônios ditos bioidênticos na minha prática: http://www.drfredericolobo.com.br/2016/07/pareceres-de-sociedades-medicas-contra.html
Há mais de 10 anos acompanho pacientes que tiveram complicações decorrentes desse tipo de terapia. É raríssimo um dia na minha prática clínica, em que eu não tenha que encaminhar pacientes para endocrinologistas. Pacientes vítimas de iatrogenia. Isso explica o porquê de eu ser contra a reposição hormonal desnecessária ou para fins estéticos.

P21: O senhor trabalha com ganho de massa por estética, melhora de performance?

R21:  Não. Somente o meu nutricionista.  Aqui tem a lista do que não atendo: https://www.nutrologogoiania.com.br/tratamentos/o-que-nao-trato/

P. 22: No caso de pacientes com doenças psiquiátricas, como ansiedade, depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, síndrome do pânico, o senhor trata esses pacientes? 

R23: Eu não trato com medicações psicotrópicas. Peço para o paciente dar continuidade ao tratamento com o psiquiatra de sua confiança ou indico alguns de minha confiança. O que faço na Nutrologia é apenas orientar hábitos salutares que podem ser co-adjuvantes no tratamento dessas doenças. Além disso investigo se há presença de metais tóxicos ou déficits nutricionais que podem agravar o quadro.

P. 23: Pacientes com Doença de Alzheimer, Parkinson, Esclerose múltipla, Esclerose lateral amiotrófica, Doença renal, Transtorno do espectro autista (TEA), disautonomia o senhor atende? 

R23:  Não. São condições que não tenho experiência no manejo e encaminho para outros profissionais.  https://www.nutrologogoiania.com.br/tratamentos/o-que-nao-trato/

P. 24: Atende por telemedicina? 

R24:  Sim

P. 25: O senhor trabalha com Modulação hormonal? 

R25:  Não.

P. 26: O senhor trabalha com Implantes hormonais (chips)? 

R26:  Não.

P. 27: O senhor trabalha com terapia antienvelhecimento? 

R27:  Não.

P. 28: O senhor trabalha com estética? 

R28:  Não.

P. 29: O senhor trabalha com ozonioterapia? 

R29:  Não.

P. 30: O senhor trabalha com soroterapia, terapias injetáveis? 

R30:  Somente para os pacientes que não conseguem absorver pelo trato digestivo ou casos refratários à terapia via oral. Exemplo: pacientes com anemia ferropriva e que mesmo após meses utilizando ferro via oral os níveis de ferro pouco sobem. Nesse caso prescrevemos ferro endovenoso e inclusive alguns planos de saúde cobrem. Pacientes com B12 muito baixa e que não respondem à terapia com administração via oral ou sublingual, aí indicamos a B12 intramuscular. Escrevi 2 textos sobre o tema: 
https://www.nutrologogoiania.com.br/terapia-com-injetaveis-na-nutrologia/
https://nutrologojoinville.com.br/soroterapia-a-modinha-repaginada/

P. 31: Qual a opinião do senhor sobre a soroterapia e terapias injetáveis? 

R31:  Acho errada a forma que estão praticando essa via de administração de medicamentos/nutrientes. A via endovenosa ou intramuscular, deve ser usada apenas quando o trato digestivo não está funcionante ou quando há uma refratariedade ao tratamento via oral. No texto publicado em: https://www.nutrologogoiania.com.br/terapia-com-injetaveis-na-nutrologia/ eu abordo o tema em parceria com alguns médicos nutrólogos e uma conselheira do CRM-ES.

domingo, 14 de agosto de 2022

Piridoxina (B6) pode melhorar a saúde mental ?

A vitamina B6 melhora a saúde mental?

Aqui está o que sabemos sobre os efeitos dessa vitamina essencial no bem-estar.

P: A vitamina B6 melhora a saúde mental?

Quando se trata de vitaminas do complexo B, você provavelmente está mais familiarizado com a vitamina B12, que ajuda a prevenir a anemia e manter a saúde óssea, e B9 (ácido fólico), que é necessário para uma gravidez saudável.

Mas a vitamina B6, de certa forma, é “a vitamina esquecida”, disse o Dr. Reem Malouf, neurologista da Universidade de Oxford que estudou o efeito do B6 na cognição. Tal como acontece com as outras vitaminas B, como B12 e B9, é um nutriente essencial, mas os cientistas não entendem completamente como isso afeta a saúde mental e é menos conhecido do que os outros.

Isso não a torna menos crucial para o funcionamento do corpo, disse Katherine Tucker, epidemiologista nutricional da UMass Lowell.

A vitamina B6 está envolvida em uma série de reações químicas que são importantes para o sistema nervoso e a função cerebral, incluindo a síntese de proteínas, aminoácidos e mensageiros químicos do cérebro, bem como o bom funcionamento do sistema imunológico.

Também é fundamental para a gravidez e cuidados pós-natais – ajudando a aliviar os enjoos matinais e necessário para o desenvolvimento do cérebro fetal e infantil. E deficiências de vitamina B6 têm sido associadas a várias condições neuropsiquiátricas, incluindo convulsões, enxaqueca, ansiedade, depressão e memória prejudicada.

Qual o papel da vitamina B6 na saúde mental?

“A vitamina B6 que afeta a saúde mental não é um conceito novo”, disse Jess Eastwood, estudante de doutorado em psicologia nutricional da Universidade de Reading, na Grã-Bretanha. Em um estudo com quase 500 estudantes universitários publicado em julho, por exemplo, Eastwood e seus colegas descobriram que aqueles que tomaram altas doses de vitamina B6 durante cerca de um mês – relataram sentir-se menos ansiosos do que aqueles que tomaram uma dose de placebo.  

Suas descobertas também sugeriram que o B6 pode desempenhar um papel na redução do aumento da atividade cerebral que pode ocorrer com certos transtornos de humor.

Mas o tamanho da amostra deste estudo foi pequeno e não houve muita pesquisa em geral sobre como o B6, seja suplementar ou dietético, causa mudanças na saúde mental, acrescentou Eastwood.

As conclusões de tais estudos, incluindo este, são muitas vezes limitadas e não comprovam a causalidade.

Também pode ser difícil estudar o efeito, se houver, do suplemento B6 na saúde mental, em parte porque é um desafio medir o quão bem as vitaminas são absorvidas na corrente sanguínea.

Devemos todos sair correndo para comprar suplementos de B6?

Provavelmente não, disseram os especialistas. Para a maioria dos adultos saudáveis, a ingestão diária recomendada de vitamina B6 é de 1,3 a 1,7 miligramas.

Tal como acontece com as outras vitaminas essenciais, o corpo não pode produzir B6 por conta própria, então você pode obtê-lo apenas de alimentos ou suplementos. No entanto, a maioria dos adultos saudáveis ​​obtém vitamina B6 mais do que suficiente apenas de suas dietas, disse o Dr. Tucker. “Está  amplamente disponível em alimentos integrais”, disse ela, como atum, salmão, cereais fortificados, grão de bico, aves, folhas verdes escuras, bananas, laranjas, melão e nozes.

Uma xícara de grão de bico enlatado, por exemplo, fornece 1,1 miligramas de vitamina B6, enquanto 100 gramas de peito de frango assado fornecem 0,5 miligramas.

A maioria dos suplementos alimentares também tende a conter mais do que você precisa em um dia – para alguns suplementos de B6 no mercado, por exemplo, pode ser cerca de 20 a 200 vezes mais.  

Tomar doses tão altas de suplementos de B6 provavelmente não causará efeitos colaterais negativos a curto prazo, disse Tucker, mas os Institutos Nacionais de Saúde recomendam que os adultos não tomem mais de 100 miligramas por dia. Tomar muito mais do que isso, cerca de 1.000 miligramas ou mais por dia por longos períodos de tempo, pode causar fraqueza, dormência e dor nas mãos e nos pés; perda de controle muscular; e náusea, embora a maioria dos sintomas desapareça quando você parar de tomar doses tão altas.

Especialistas dizem que, se você estiver preocupado por não estar recebendo vitamina B6 suficiente em sua dieta, peça ao seu médico um exame de sangue. Se você é limítrofe ou levemente deficiente, pode ter apenas sintomas menores, ou nenhum, e sem complicações.  Mas se a deficiência se tornar grave ou prolongada, isso pode levar a condições mais graves, como anemia microcítica, depressão, confusão, fadiga e imunidade enfraquecida, que podem desaparecer após a restauração dos níveis de B6.

Certos medicamentos ou hábitos de vida também podem contribuir para uma deficiência de B6.  "O medicamento para diabetes metformina, alguns medicamentos para hipertensão, certamente o álcool, tendem a causar perda de B6 no corpo, de modo que você acaba retendo menos B6 do que precisa", disse Tucker. Bebedores pesados, fumantes e aqueles que estão tomando certos medicamentos devem estar muito mais atentos aos seus níveis de B6, acrescentou ela.  Pessoas com síndromes renais ou de má absorção, como doença renal crônica, doença celíaca, colite ulcerativa ou doença de Crohn, também podem ser propensas à deficiência de B6.

Tenha em mente que aqueles que são deficientes em B6 também tendem a ser deficientes em outras vitaminas B, disse o Dr. Tucker, então se você precisar suplementar sua dieta, você pode ser mais bem servido tomando um suplemento de complexo B, que geralmente contém  todas as oito vitaminas do complexo B em uma dose.

Mas se você não é deficiente, acrescentou o Dr. Tucker, provavelmente não precisa tomar um suplemento.

"Eu sempre endossaria uma abordagem de alimentos em primeiro lugar", concordou Eastwood.  “Se você está se sentindo mais cansado, não se sente bem e está ciente de que talvez não coma muitos alimentos que contenham B6”, isso pode indicar que você precisa recorrer a mais alimentos ricos em B6.

Hannah Seo is a reporting fellow for The Times, covering mental and physical health and wellness. @ahannahseo

“Compartilhar é se importar”
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho 
twitter: @albertodiasf

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Melhorando a concentração com os alimentos



Alguns nutrientes têm papel importante no funcionamento do cérebro e que podem ajudar tanto pessoas com TDAH quanto aquelas sem o diagnóstico, mas que sofrem com problemas de concentração. Mas lembre-se: nem todos respondem a modificações na dieta, e nem todos os especialistas recomendam a medida. Um profissional deve avaliar as necessidades de cada um!

Proteínas: Trabalhos feitos pelo neurocientista Richard Wurtman, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), mostram que as proteínas são a principal matéria-prima dos neurotransmissores que nos deixam mais alertas e motivados, como a dopamina e a noradrenalina. Com base nisso, muitos especialistas defendem que uma refeição ou lanche que inclua ao menos um tipo de alimento proteico, como ovo, carne ou leite, pode ser útil antes de assistir a uma aula, palestra ou executar uma tarefa que exija atenção. A nutricionista funcional Denise, no entanto, alerta que muita gente pode reagir negativamente ao leite e seus derivados.

Ferro: Um pequeno estudo publicado em 2004 no Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine mostrou que 84% dos jovens com TDAH possuem níveis baixos de ferro no sangue, em comparação com 18% dos que não possuem o diagnóstico. O trabalho também mostrou que os pacientes que receberam suplementação apresentaram melhora nos sintomas cognitivos. Alimentos como fígado, vitela, cordeiro, ovos, feijão, lentilha e ervilha são boas fontes de ferro.

Probióticos: Alguns especialistas, como o nutrólogo José Alves Lara Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), e a nutricionista Denise , defendem que o uso de probióticos pode beneficiar pacientes com TDAH. A explicação é que um desequilíbrio nas bactérias que protegem o intestino pode levar à proliferação de fungos e outras substâncias que, em excesso, são tóxicas para o sistema imunológico, além de provocar hipoglicemia e outros sintomas que interferem no humor e na atenção. "Não é à toa que o intestino hoje é chamado de segundo cérebro", fala Denise. Alterações na sua flora podem ser causadas pelo uso de antibióticos, laxantes e antiácidos, e pelo excesso de proteínas mal digeridas, carboidratos refinados ou longos períodos de estresse.

Zinco: Além de importante para o sistema imunológico, esse mineral também ajuda a melhorar a resposta à dopamina. Um pequeno estudo publicado em 2004 no periódico BMC Psychiatry mostrou que crianças que utilizaram metilfenidato (princípio ativo da Ritalina®, um dos remédios mais conhecidos para TDAH) em conjunto com suplementos de zinco apresentaram melhora mais acentuada nos sintomas em relação àquelas que só tomaram o medicamento. Alimentos como ostras, nozes, castanhas, carne bovina e frango são ricos em zinco. Vale lembrar que o consumo excessivo desse mineral leva à perda de cobre e pode fazer mal à saúde

Magnésio: O magnésio está envolvido em diversos processos metabólicos e também na formação de neurônios e neurotransmissores, o que torna esse mineral fundamental na comunicação entre as células do cérebro. O magnésio também está presente em carnes, oleaginosas, lentilha, aveia e arroz integral.

Carboidratos complexos: Carboidratos simples, como o açúcar e as farinhas refinadas, provocam picos de açúcar no sangue, exigindo uma produção maior de insulina. Isso inclui certas substâncias que encontramos nos rótulos dos alimentos industrializados, como xarope de milho, dextrose e maltodextrina. Assim que o alimento é consumido, pode haver uma sensação de bem-estar e euforia. Mas logo em seguida, o nível de glicose cai bruscamente, provocando mal-estar, desatenção e até confusão mental em pessoas mais sensíveis. "Embora açúcar e farinha branca não provoquem TDAH, podem aumentar a glicose no sangue e sabemos que níveis estáveis de açúcar trazem benefícios ao cérebro", diz o nutrólogo José Alves Lara Neto. O ideal, portanto, é dar preferência aos cereais integrais, que evitam os picos de glicose e promovem saciedade por mais tempo.


Vitaminas do complexo B: Praticamente todas as vitaminas do complexo B são importantes para o sistema nervoso e para a atividade dos neurônios. A falta de vitamina B6, por exemplo, pode causar fadiga e irritabilidade, assim como baixos níveis de vitamina B12 podem causar depressão e outros problemas. As principais fontes de B12 são produtos de origem animal, como carnes, peixes, ovos e laticínios. Já a vitamina B6 também é encontrada em cereais integrais e leguminosas.

Ômega-3: Alguns estudos indicam que crianças com TDAH apresentam baixos índices de ômega-3 e que esse tipo de gordura "boa" poderia atuar na redução de sintomas. "A ingestão de ômega-3 é importante na formação do cérebro e melhora a concentração", afirma o nutrólogo José Alves Lara Neto. Esse ácido graxo, encontrado em abundância em peixes gordurosos e de água fria como o salmão, tem sido indicado também para outros problemas, como triglicérides alto. Para o TDAH, contudo, ainda são necessárias mais pesquisas: "Alguns resultados foram positivos e outros, negativos: precisamos de mais estudos antes de pedir que todos comprem esses suplementos", avisa a professora Maria Conceição.

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/guia/dieta-para-ter-mais-concentracao/3627/#

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Documentário What the health


A postagem abaixo foi extraída do facebook do Dr. Bruno Halpern, médico endocrinologista. Achei interessante pois com o advento da internet, redes sociais, youtube e netflix, muita informação em saúde circula e quem é leigo não consegue distinguir o que tem realmente evidência científica, daquilo que não passa de achismo. Ou indo mais além, extrapolações de estudos in vitro para a saúde humana. 

Quem me acompanha e me segue nas redes sociais desde 2009 sabe que já fui vegetariano e uma boa parcela dos meus pacientes no consultório são vegetarianos. Que o motivo pelo qual sou a favor do vegetarianismo é exclusivamente ambiental. Acredito que a redução do consumo de carnes pode sim auxiliar a reduzir os impactos ambientais e minimizar o sofrimento animal. 

Nutricionalmente não vejo superioridade da dieta vegetariana à dieta onívora ( a qual sigo hoje). Ambas tem riscos se não tiverem equilíbrio. A vegetariana com os riscos nutricionais (B12, Ferro) e a Onívora com o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, caso tenha excesso de carboidratos simples, gorduras saturada, gordura trans, alimentos industrializados. 

Acredito que a pessoa deva seguir a dieta que te faz bem e não lesa a própria saúde. É possível ter uma dieta vegetariana equilibrada desde que se faça suplementação de B12. Tenho centenas de pacientes que assim o fazem e estão bem do ponto de vista metabólico. 

O que não concordo é com o fanatismo e xiitismo de alguns grupos de vegetarianos. Muito menos com utilizar dados fakes ou baixo nível de evidência científica para fazer terrorismo e tentar "converter" onívoros. Isso é errado. Ninguém muda ninguém, ao longo desses anos tenho percebido isso claramente na prática clínica. 

Abaixo a tradução do Dr. Bruno Halpern do texto do profissional da saúde Ted Kyle do Site https://conscienhealth.org/

Att

Dr. Frederico Lobo
Médico Nutrólogo
CRM-GO 13192 | RQE 11915

Sobre o documentário What the Health

Muito cuidado com alguns documentários sobre saúde que, passando em uma rede de streaming conhecida, podem parecer de alta credibilidade. E nem sempre é assim. No caso do “What the health” trata-se de um manifesto vegano, com evidências que não passam nem no mais básico escrutínio científico. 

👉Ted Kyle, do @conscienhealth apontou alguns erros que o tornam um “auto de fé” #vegano e não um documentário científico.

1 - Não, carnes processadas não são tão perigosas como o cigarro. Apesar da OMS ter colocado os processados como provavelmente carcinogênicos, o consumo excessivo pode aumentar em 16% o risco de câncer de cólon. Cigarro aumenta a prevalência de diversos cânceres na ordem de 4000%.

2 - Ovos não são perigosos como o cigarro! Cigarro matará, direta ou indiretamente, dois em cada 3 fumantes. Ovo está muito distante disso e o consumo moderado é nutritivo e seguro. Inclusive, o #colesterol que comemos não é a principal fonte de produção de colesterol no nosso corpo.

3 -Leite não causa câncer. Há diversas metanálises (compilações de estudos) que mostram de maneira clara que essa relação não existe. E evidências indiretas ligam o #leite #iogurte e derivados a um risco reduzido de obesidade, diabetes e risco cardiovascular.

4 - Peixes não irão te "envenenar". Infelizmente, é verdade que peixes em topo de cadeia alimentar (cação, peixe espada e um pouco menos o atum), podem conter maior quantidade de mercúrio e por isso de fato se recomenda moderação no consumo desses peixes (não mais de 1 vez por semana). Porém, outros peixes continuam sendo muito saudáveis, com gorduras benéficas (embora ômega3 em quantidades benéficas seja difícil de encontrar em peixes no Brasil).

👉Ted Kyle termina seu texto dizendo:
"Quando as linhas entre fatos, presunções e opiniões se confudem, a ciência se torna política. A propaganda (que tem um viés proposital de persuasão) invade o documentário. What the health é mais propaganda que documentário. Uma opção individual por uma dieta vegana pode ser uma opção saudável e pode ajudar a reduzir a pressão que estamos fazendo na Terra. Porém, propaganda corrompe mesmo causas nobres."


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Homocisteína: o seu médico já dosou a sua?


Você já ouviu falar dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares (DCV)? Para citar as principais:

  • Hipertensão arterial;
  • Diabetes Mellitus(glicose alta);
  • Colesterol alto;
  • Triglicérides alto;
  • Alimentação desbalanceada;
  • Obesidade;
  • Fumo;
  • Sedentarismo;
  • Homocisteína alta.
Se já conhece todos e os controla de forma adequada, pode parar de ler o texto. Se nunca ouviu falar na homocisteina, dê continuidade a este breve texto. Poderá te ajudar.

A homocisteina alta no sangue é tão deletéria quanto um colesterol e/ou um triglicérides alterados; também responsáveis pela aterosclerose; que em última análise é o entupimento das artérias, que levam aos infartos no coração (IAM) e no cérebro (AVC). A DCV é a principal causa de morte no Brasil e em todo o MUNDO.

A Homocisteina é um aminoácido que provém de outro aminoácido, a Metionina, que por sua vez, vem das proteínas da nossa alimentação. Quando ela ( Homocisteina ) é formada, irá dar seqüência a outras reações bioquímicas necessárias ao nosso organismo. No esquema abaixo, podemos observar que a homocisteina faz um “caminho metabólico” e, para isso, são necessários vários nutrientes que são os co-fatores( facilitadores ) destas reações; neste caso: as vitaminas B6, B12, B9(ácido fólico), betaína e o SAME ( S-adenosilmetionina ) .

Você não entendeu NADA desta reação aí em cima? Não tem problema. Quem tem de saber mesmo é seu médico.

O que você deve saber é que uma HOMOCISTEINA alta no sangue, mesmo com um colesterol sob controle, é causa de doença coronariana em 30% das pessoas. Sendo, pois, um fator de risco ALTÍSSIMO para as doenças cardiovasculares, tipo infarto do miocárdio.

Pesquisa recente do IBGE mostra que 90% dos brasileiros comem muito mal; com ingestão insuficiente de frutas, verduras e legumes. Estas vitaminas e outros nutrientes estão justamente aí; nestes alimentos. Portanto, sem estas substâncias provenientes de uma nutrição adequada, a homocisteina aumenta progressivamente e vai danificando as artérias com o passar do tempo.

Resumindo: Peça a medição da homocisteina no sangue em seu próximo check’up. Se estiver alta, procure orientação com seu médico.

Dicas básicas para reduzir a homocisteina alta:

1 - Coma mais carne, lacticínios, cereais e folhas verdes escuras; ricas nestes nutrientes. Tem dúvida na alimentação para este problema?Pergunte para as nutricionistas da Liga da Saúde.

2 - Se mesmo assim permanecer alta, uma suplementação extra com B6, B12 e ácido fólico pode ser considerada; claro que realizada por profissional capacitado. Abraços e boa semana a todos.

Obs: Decidi escrever este texto por observar que boa parte das pessoas desconhece a homocisteína e que a mesma é pouquíssimo solicitada pelos colegas médicos. Não sei o motivo; ainda. Quem puder me ajudar nesta dúvida, desde já agradeço a colaboração.



terça-feira, 22 de novembro de 2016

A dieta vegetariana é realmente saudável? Por Dr. Sergio Simon

Os vários tipos de dieta vegetariana tornaram-se mais difundidos após a II Guerra Mundial. Nas últimas décadas, a proporção de pessoas que se declaram vegetarianas tem aumentado significativamente nos Estados Unidos e também no Brasil. Nos Estados Unidos, os últimos cálculos mostram que cerca de 5% das pessoas se declaram vegetarianas, e 2% são estritamente veganas.
De um modo geral, vegetarianos são pessoas que não consomem carne, peixe ou frango. Alguns consomem carne muito raramente, uma a duas vezes por mês, e são chamados “semivegetarianos”. Muitos, entretanto, comem regularmente ovos e usam leite e seus derivados : são os ovolactovegetarianos. Há variações dessa dieta: alguns não comem carne vermelha ou branca, mas aceitam refeições à base de peixes “pescovegetarianos”. Já os veganos constituem o grupo mais estrito: não consomem carnes nem peixes e também não usam ovos, leite e laticínios. Sua dieta é estritamente de origem vegetal.

Há várias razões para seguir uma dieta vegetariana: desde religiosas, como parte dos adventistas, até por problemas de consciência (não alimentar-se de animais vivos e de suas proteínas), ou até mesmo ditadas pela vontade de manter uma dieta mais natural e talvez mais saudável.

Mas a dieta vegetariana ou vegana é realmente mais saudável do que a dieta geral da maioria da população, não vegetariana? Teriam os vegetarianos menos doenças e talvez maior longevidade?
Muito do que se sabe a respeito vem de vários estudos observacionais, principalmente dos Estados Unidos e Inglaterra. Os principais são os que foram realizados pela Igreja Adventista do Sétimo Dia americana. Um primeiro estudo analisou 23 000 fiéis durante dezesseis anos, coletando dados sobre suas dietas, doenças e mortalidade. Um segundo estudo, ainda maior, investigou a incidência de doenças e a mortalidade em 34 000 pessoas ao longo de doze anos. Finalmente, um gigantesco estudo (chamado de AHS-2), seguindo 100 000 pessoas nos Estados Unidos e Canadá, foi iniciado em 2 002, e continua coletando dados até os dias de hoje. A Universidade de Oxford realiza atualmente um grande trabalho com populações vegetarianas.

E o que mostram essas pesquisas? No caso do AHS-2 a população analisada de 100 000 pessoas era constituída de 48% de não vegetarianos, 6% de semivegetarianos, 10% de pescovegetarianos, 28% de ovolactovegetarianos e 8% eram veganos puros. Constatou-se que os vegetarianos tinham 2-4 pontos a menos no índice de massa corporal (IMC), um importante indicador de peso e de saúde cardiovascular, quando comparados aos não vegetarianos. Eles tinham também risco 55% menor de ter pressão alta, 25% menor de desenvolver diabetes tipo 2 e 50% de probabilidade de desenvolver síndrome metabólica (um conjunto de alterações metabólicas considerado como um risco cardiovascular importante).

A diminuição do risco de câncer foi relativamente modesta: no total, apenas 8% a menos entre os vegetarianos. Chama atenção, entretanto, que no caso específico do câncer de intestino, um tumor bastante comum, a diminuição chegou a 50%.

Quanto à mortalidade, os vegetarianos tiveram uma queda de 10% a 20% a 20%, verificando-se em especial uma redução de 25% das mortes por problemas cardíacos.

É difícil avaliar as diferenças entre os vários tipos de dieta vegetariana, mas aparentemente o grupo dos veganos estritos foi o que teve maior benefício em termos de menor índice de massa corporal, hipertensão, diabetes, derrame cerebral e morte cardiovascular. O provável motivo seria a grande quantidade de fibras, antioxidantes, grãos integrais, soja e nozes da sua dieta, uma vez que esses elementos sabidamente estão associados aos índices de colesterol, gorduras, diabetes e alguns tipos de câncer.

Mas a dieta vegana não é sem riscos: faltam nela quantidades adequadas de vitamina B12, de cálcio e de proteínas. Outros estudos notaram que os veganos têm 30% a mais de fraturas ósseas e uma incidência alta de deficiência de vitamina B12, que pode levar a problemas neurológicos e cardiovasculares. Assim, idealmente a dieta vegana teria de ser adequada para incluir esses nutrientes, através do uso de suplementos alimentares.

Em suma, os vários estudos mencionados são bastante parecidos em seus resultados: as dietas vegetarianas reduzem o índice de massa corporal e a incidência de diabetes, hipertensão, eventos cardiovasculares e alguns tipos de câncer. A dieta totalmente vegana parece ser a mais protetora, apesar de conter algumas deficiências alimentares importantes, que devem ser corrigidas com suplementos. Entretanto, na sociedade moderna, manter uma dieta totalmente vegana, ou até simplesmente vegetariana, enfrenta obstáculos práticos no dia a dia. É grande a oferta de produtos não vegetarianos no mercado e nossa cultura culinária brasileira dá muito valor às carnes, ao leite e aos ovos. A decisão de seguir qualquer tipo de dieta é uma decisão pessoal, que acarreta compromissos, mas que pode ter recompensas médicas significativas.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/a-dieta-vegetariana-e-realmente-saudavel/

terça-feira, 9 de abril de 2024

Soroterapia - reportagem do fantástico

No domingo (07/04/2024) o programa Fantástico fez uma reportagem sobre o perigo da Soroterapia. Vale a pena assistir: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2024/04/09/deputado-estadual-pato-maravilha-relata-experiencia-de-intoxicacao-por-soroterapia-dor-insuportavel.ghtml

A reportagem foi interessante mas alguns pontos importantes (cruciais) ficam de fora:

  • As indicações de utilização de suplementos injetáveis: 1) somente quando há uma deficiência refratária ao tratamento via oral (Ex. Ferro muito baixo, associado a anemia, levando o paciente a ter sintomas e que não respondeu ao tratamento via oral ou que provavelmente não responderá mesmo as doseses altas de ferro via oral). 2) Quando o trato digestivo não está funcionante por algum motivo, ou seja, mesmo se a gente sondar o paciente, não conseguiremos nutri-lo. Nesse caso optamos pela via parenteral.
  • A maioria dos pacientes bariátricos não precisam se suplementos injetáveis, quando precisam, geralmente é Ferro endovenoso ou vitamina B12 intramuscular. Os planos de saúde cobrem o ferro endovenoso e a vitamina B12 custa de 15 a 20 reais, 3 ampolas. São raríssimas as exceções pós bariátrica que teremos que prescrever os seguintes nutrientes injetáveis: zinco, cobre, vitamina B1, Ácido fólico e principalmente vitamina D. Todos esses nutrientes, via de regra absorvem por via oral. Doses maiores, obviamente. 
  • A epidemia de prescrição de Vitamina D injetável, quando na verdade, raríssimas exceções precisam de vitamina D injetável. Vale lembrar que na indústria farmacêutica não temos formulação intramuscular de vitamina D. As disponíveis no mercado são manipuladas. Além disso, NENHUM guideline de vitamina D, recomenda essa via de reposição, mesmo nos casos mais graves, como vitamina D (25-OH-Vit D) abaixo de 5. Na indústria já temos apresentações de cápsulas de 100.000UI e temos também o Calcifediol (25OHD), apresentação esta já hidroxilada, ou seja, mais ativa e que sustenta os níveis por mais tempo. Diferente do colecalciferol (D3), o calcifediol não precisa passar pelo fígado. Além de ter uma absorção intestinal bem melhor que o colecalciferol.
No geral a reportagem foi boa, porém, pode ser que o tiro tenha sido no pé. Ontem o telefone da clínica tocou inúmeras vezes, perguntando se eu trabalho com soroterapia. Mesmo após uma reportagem com profissionais renomados explicando os riscos, as pessoas preferem acreditar em profissionais que vendem milagres. Que fazem reposições desnecessárias, não respeitando preceitos médicos básicos.

Para ler mais sobre o tema acesse:

Dr. Frederico Lobo

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Omeprazol e o perigo do uso crônico e irracional dos IBPS

Ele é conhecido por ter mil e uma utilidades: O famoso Omeprazol, faz parte da família dos IBP’s (inibidores de bomba de prótons) - classe que atua reduzindo entre 80-95% da produção diária de ácido gástrico. Essa classe é uma das mais prescritas no mundo, por vezes usadas de forma crônica e sem acompanhamento médico. 

Atualmente dispõe-se dos seguintes IBP’s: omeprazol, lansoprazol, dexlansoprazol, rabeprazol, pantoprazol e esomeprazol. São indicados para tratamento de: Doença do Refluxo Gastroesofágico, Doença ulcerosa péptica, erradicação de H. pylori (associado a antibióticos). 

Qual o grande problema de seu crônico? Nada existe por acaso no nosso corpo e com o seu estômago não seria diferente. O ácido gástrico funciona, principalmente, como um mecanismo de defesa contra microorganismos , podendo aumentar a suscetibilidade do paciente a inúmeras infecções entéricas, incluindo sobrecrescimento bacteriano no intestino delgado. Pode gerar reações adversas como: disbiose, gastrite atrófica, diarreia, náuseas, exantema, tontura, dores musculares, tontura e ginecomastia. 

Além disso, podemos ter algumas deficiências nutrológicas diretas como déficit na absorção de vitamina B12, ferro e magnésio. Pode também interferir na absorção de cálcio - metabolismo ósseo, aumentando risco para osteopenia, osteoporose e fraturas ósseas. Grande estudo do JAMA publicado em 2014, estudou a relação do uso crônico dos inibidores de bomba de prótons com déficit de vitamina B12, podendo contribuir para sintomas demenciais em idosos. 

Existem também estudos incipientes, tentando relacionar o uso crônico dos IBP’s com o aumento da incidência de neoplasias gástricas, principalmente pela hipergastrinemia (estimula a produção de ácido gástrico). A hipergastrinemia, a curto prazo, pode causar acidez rebote e, a longo prazo, hiperplasia de células carcinoides. Porém, esses mesmos estudos, apresentam vieses e fatores confundidores, o que faz com que questionemos suas reais validades.


Autora: Dra. Edite Magalhães - Médica especialista em Clínica Médica - CRM-PE 23994 - RQE 9351
Revisores: 
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Dr. Leandro Houat - CRM-SC 27920 - RQE 20548 - Médico especialista em Medicina de família e comunidade

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Pesquisa indica que vegetarianas têm risco 33% maior de fratura do quadril

Probabilidade aumenta quando comparadas a mulheres que comem ao menos cinco refeições com carne por semana

Um estudo feito pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, aponta que mulheres vegetarianas têm 33% mais chance de quebrar o quadril quando comparadas a mulheres que comem carne regularmente.

Segundo o trabalho, fatores que podem justificar a ocorrência são o IMC (índice de massa corporal), que é frequentemente mais baixo em pessoas que não comem carne, e o menor consumo de nutrientes importantes para a saúde dos ossos.

A amostra do estudo, publicado neste mês na revista BMC Medicine, contou com mais de 20 mil mulheres, que foram acompanhadas por cerca de duas décadas. Nesse período, os 822 casos de fratura no quadril contabilizados no grupo foram estatisticamente mais expressivos entre aquelas que não consumiam carne.

Segundo Vitor Magalhães, ortopedista especialista em quadril e membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), a baixa massa corporal é comumente um dos fatores que podem influenciar a ocorrência de fratura.

"A massa corporal maior do paciente é um fator de proteção durante uma queda, porque acaba ajudando a amortecer o impacto. Já a massa muscular diminuída enfraquece a musculatura, o que pode levar a desequilíbrios e a quedas mais frequentes", diz.

Ainda assim, o especialista alerta que a osteoporose, condição que deixa os ossos frágeis e, portanto, mais sujeitos a rupturas, é multifatorial e não se relaciona apenas com o peso corporal ou a dieta. Histórico familiar, consumo excessivo de álcool ou cigarro, assim como a falta de exercício físico podem influenciar o desenvolvimento da doença.

Outro fator que interfere na maior probabilidade de quebra do quadril, segundo o médico, é o envelhecimento. Magalhães explica que, com o passar dos anos, os ossos ficam cada vez mais fracos e sem flexibilidade.

"A gente troca cerca de 10% da nossa massa óssea por ano. Esse processo acontece de forma constante", explica. "Com o passar dos anos, essa troca do esqueleto ósseo vai diminuindo e ele vai ficando fragilizado, poroso e menos flexível. Por isso, acaba quebrando com mais facilidade. É algo progressivo".

No estudo da Universidade de Leeds, as participantes tinham entre 35 e 69 anos. O fato de todas serem mulheres e majoritariamente brancas foi uma das limitações apontadas pelos pesquisadores envolvidos, que reforçaram a importância de que outros trabalhos levem em consideração o público masculino e indivíduos de outras etnias.

O ortopedista afirma que a osteoporose é mais comum em mulheres devido a fatores hormonais. Após a menopausa há uma diminuição na taxa de hormônios, o que contribui para a diminuição da massa óssea.

Quanto ao consumo de nutrientes bons para a saúde óssea, apontado pelo estudo como possível fator que explica a diferença na probabilidade de quebra do quadril entre vegetarianas e mulheres que comiam carne regularmente, a nutricionista funcional vegetariana Shila Minari aponta que é importante estar atento à ingestão adequada de cálcio, magnésio, ferro e vitaminas C, D e B12.

"Mesmo que a gente entenda que uma dieta vegetariana possa aumentar o risco de fraturas, ainda assim, já está muito bem estabelecido que esse é um tipo de alimentação que contribui para o menor risco de câncer, de diabetes e de doença cardiovascular", diz Minari. "Além disso, melhora a longevidade e ajuda a manter um IMC dentro da normalidade. A gente só precisa ter uma atenção para esse potencial risco aumentado", afirma.

Segundo a nutricionista, o ideal é comer muitos vegetais, leguminosas e castanhas, com uma dieta diversificada e rica em cálcio. "Pessoas que adotam dietas vegetarianas, principalmente dietas restritas ou veganas, precisam ter uma preocupação maior com relação à vitamina B12. A deficiência dela aumenta a produção de uma substância que a gente não metaboliza, chamada homocisteína, que piora a saúde óssea".

Neste caso, Minari indica a suplementação, desde que feita com acompanhamento médico. A profissional também ressalta a importância da realização de exercícios físicos e da exposição adequada ao sol.

Os autores do estudo apontam que o resultado corroborou as descobertas de dois outros trabalhos similares, um feito também no Reino Unido e outro nos Estados Unidos, que também indicaram o maior risco em vegetarianas.

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By Alberto Dias Filho 
twitter: @albertodiasf

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Soroterapia - Modinha repaginada, aspectos éticos e legais

 


Com a popularização da denominada Soroterapia, praticamente todos os dias algum paciente/seguidor/colega me pergunta sobre o tema. Na maioria das vezes querendo saber a minha opinião sobre o tema. Se vale a pena fazer infusão endovenosa de nutrientes ou se é só uma modinha.

Começo do ano, escrevi um texto bem detalhado junto com amigos nutrólogos. Nele explicamos de forma detalhada quando está indicada esse tipo de terapia. Quando há indícios de infração ética. 

Mas antes de ler o texto abaixo sugiro que você me siga no instagram: @drfredericolobo para mais informações de qualidade em Nutrologia e Medicina. Lá, posto principalmente nos stories, informação de qualidade e no feed, junto com meus afilhados postamos sobre vários temas.

Aguardamos ansiosos uma resolução nova do CFM sobre o tema. Passou da hora.

att

Dr. Frederico Lobo


Soroterapia - Modinha repaginada, aspectos éticos e legais

Recentemente, temos percebido uma confusão sobre o tema “terapia com injetáveis em Nutrologia”, ou vulgarmente chamada de Soroterapia.

Classicamente, na Nutrologia/Nutrição temos a Terapia Nutricional Parenteral (inclusive é uma área de atuação dentro da Medicina). De acordo com a Portaria 120/2009 (ANVISA), consiste em uma solução ou emulsão composta por carboidratos, lipídeos, aminoácidos, vitaminas e minerais destinada à administração intravenosa, para suprir as necessidades metabólicas e nutricionais de pacientes impossibilitados de alcançá-las pela via oral ou pela via enteral. Vejam bem, IMPOSSIBILITADOS !

Há indicações bem estabelecidas na literatura e é uma prática que salva vidas, devendo ser prescrita somente por médicos (de acordo com a lei do ato médico de 2013, a infusão endovenosa de qualquer substância é um ato privativo dos médicos).

Atualmente, temos visto aplicação de aminoácidos, vitaminas, minerais e nutracêuticos por via intramuscular ou por via intravenosa, realizadas em consultórios. Alguns dermatologistas prescrevendo o denominado “Soro da beleza”. Médicos fazendo promessas de acelerar o metabolismo através de soros ou até mesmo de “desinflamar’. Qualquer tipo de infusão deve ser baseada em literatura robusta, visto que, se o paciente tiver alguma complicação, o médico terá algum respaldo.

Isso é proibido? Não, se seguir as normativas da vigilância sanitária. Ou seja, precisa ter carrinho de parada? Sim. Uma estrutura mínima, de acordo com as normas da ANVISA.

Isso é área de atuação do nutrólogo? Sim, se tiver indicação com evidência científica, mas será considerado antiético se o médico exagerar no diagnóstico do paciente, praticando atos médicos desnecessários. Nesse caso, ele pode infringir os artigos 14 e 35 do Código de Ética Médica (CEM), citados a seguir:

Art. 14. [É vedado ao médico] Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no País.

Art. 35. [É vedado ao médico] Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos.

Caso o paciente apresente alguma complicação decorrente do tratamento prescrito, o médico também pode responder por infração referente ao artigo 1º do CEM:

Art. 1º [É vedado ao médico] Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência.

E quais seriam as situações em que se justifica a aplicação dessas substâncias por uma via que não seja a via oral?

1º: Se:

A) O trato gastrointestinal (TGI ) não está funcionante,

B) O TGI está inacessível,

C) O TGI está com dificuldade absortiva,

C) Quando a demanda metabólica é superior a capacidade de tolerância do TGI

Aí opta-se pela nutrição parenteral, plena ou suplementar.

Temos como exemplos pacientes:

  • Portadores de síndrome do intestino curto, 
  • Oncológicos com deficiência nutricional grave, 
  • Portadores de doença inflamatória intestinal em atividade que não toleram dieta oral ou dieta enteral,
  • Dentre outras inúmeras condições clínicas e cirúrgicas. 
Vejam bem, são situações específicas, pacientes com doenças e não indivíduos saudáveis.

2º: Situações de falhas no tratamento após tentativas de reposição por via oral/enteral de eletrólitos, vitaminas ou minerais. Exemplo: pacientes pós bariátricos que podem não responder a reposição de ferro, vitamina B12 por via oral. 

Ou seja, a via de escolha inicialmente sempre deve ser a via oral, seja através da alimentação, seja através da suplementação nos casos das deficiências nutricionais.

Um adendo, raríssimas vezes faz-se necessária a reposição de vitamina D intramuscular, primeiro porque por mais baixa que seja essa deficiência, ela não é uma emergência médica, segundo, que há apenas 01 guideline recomendando essa prática e mesmo assim, apenas em casos refratários a doses altas via oral. Ou seja, vitamina D, 99% das vezes subirá com a reposição via oral ou sublingual. Para piorar a situação, na indústria não temos nenhuma apresentação de vitamina D injetável, somente manipulada. Ou seja, se tiver complicação, o médico prescritor não tem respaldo científico e o advogado especialista em direito médico terá que fazer malabarismo para evitar a condenação, seja ela no CRM ou na esfera civil. 

Recentemente, a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) publicou nota de esclarecimento sobre a administração de soroterapia e o novo coronavírus onde esclarece que não faz parte de seus rol de procedimentos a administração de soroterapia endovenosa para a prevenção de doenças infectocontagiosas, bem como, não há nenhuma evidência científica de que a infusão de soros, com qualquer dose de vitaminas, minerais, aminoácidos, antioxidantes ou outros nutrientes, tenha efeito preventivo contra o novo Coronavírus.

https://abran.org.br/2020/03/16/nota-de-esclarecimento-relacao-entre-a-administracao-de-soroterapia-e-o-coronavirus/

Em Julho de 2022 a ABRAN também publicou em seu instagram um comunicado sobre práticas que não constam no rol de procedimentos da Nutrologia. Nessa lista incluem a Soroterapia da Beleza:

https://abran.org.br/2018/03/14/rol-de-procedimentos/

Dias antes publicaram também um comunicado sobre a Soroterapia.

https://abran.org.br/2022/07/04/%EF%BF%BCcomunicado-associacao-brasileira-de-nutrologia-abran-sobre-a-soroterapia-da-beleza/


E o pior é que as pessoas pensam que a soroterapia é novidade, mas esquecem que desde final da década de 90 essa prática já acontecia nos consultórios médicos.

Cerca de 20 anos após, em 2010 o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução regulamentando a prática ortomolecular (vale ressaltar que tal resolução não reconhece a ortomolecular como uma especialidade médica) e regulamenta os procedimentos diagnósticos e terapêuticos desta prática. Criando princípios norteadores baseados em postulados científicos, tais como:

A avaliação de nutrientes, vitaminas, minerais, ácidos graxos ou aminoácidos que faz parte da propedêutica médica (ciência que estuda os sinais e sintomas de uma doença) e os tratamentos das eventuais deficiências ou excessos “devem obedecer às comprovações embasadas por evidências clínico-epidemiológicas que indiquem efeito terapêutico benéfico”, diz a resolução.

O documento também veda os métodos destituídos de comprovação científica, entre eles a prescrição de megadoses de vitaminas, proteínas, sais minerais e lipídios para a prevenção primária e secundária, e o uso de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) para a remoção de metais tóxicos, fora do contexto das intoxicações agudas e crônicas.

Veda também o uso de EDTA e procaína como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose e para o tratamento de doenças crônico-degenerativas. Proíbe, ainda, a análise do tecido capilar fora do contexto do diagnóstico de contaminação ou intoxicação por metais tóxico

Fonte: https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/2010/1938_2010.pdf

Em 2012 essa resolução foi revogada e o CFM na nova resolução em 2012 ( https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2012/2004 ), considerando os riscos potenciais de doses inadequadas de produtos terapêuticos, tais como algumas vitaminas e certos sais minerais, decidiu:

Art. 2ºA avaliação de nutrientes, vitaminas, minerais, ácidos graxos ou aminoácidos que podem, eventualmente,  estar  em  falta  ou  em  excesso  no  organismo  humano,  faz  parte  da  propedêutica médica.
§  1º A  identificação  de  alguma  das  deficiências  ou  excessos  só  poderá  ser  atribuída  a  erro nutricional ou distúrbio da função digestiva após terem sido investigadas e/ou tratadas as doenças de base concomitantes.
§  2º Os  tratamentos  das  eventuais  deficiências  ou  excessos  devem  obedecer  às  comprovações embasadas por evidências clínico-epidemiológicas que indiquem efeito terapêutico benéfico. 

Art. 3º – A reposição medicamentosa em comprovadas deficiências de vitaminas, minerais, ácidos graxos ou aminoácidos será feita de acordo com a existência de nexo causal entre a reposição de nutrientes e a meta terapêutica ou preventiva;

Ou seja, o médico deve comprovar a real necessidade da utilização do soro. Na prática não é existe nexo causal na maioria das prescrições que recebemos na nossa prática clínica. 

Art. 4º – Medidas higiênicas, dietéticas e de estilo de vida não podem ser substituídas por qualquer tratamento medicamentoso, suplementos de vitaminas, sais minerais, ácidos graxos ou aminoácidos

Além de comprovar a nexo causal, a via de escolha deve ser sempre a alimentação. Se o caso é refratário à mudança na alimentação, aí instituímos a reposição do suplemento Via Oral.

Se a suplementação não funciona, aí sim, pode-se postular em aplicar o nutriente por dia endovenosa ou intramuscular.

Infelizmente a grande totalidade dos casos que recebo no meu consultório (e os membros do movimento Nutrologia Brasil também vivenciam dessa forma), a grande maioria dos casos, os pacientes recebem indicação de terapias endovenosas ou intramusculares por comodidade de via. Ou seja, pode existir aí indícios de uma infração ética ao código de ética médica. Cabendo ao CRM abrir sindicância para averiguar se houve ou não infração ética.

Além disso, cobram preços exorbitantes em produtos que geralmente custam 15 vezes menos no mercado comum. Exemplo: 3 ampolas de vitamina B12 em uma drogaria custa cerca de 20 reais. As mesmas 3 ampolas em clínicas de soroterapia, cada aplicação custa cerca de 300 reais. 20:300 = 15. 5 ampolas de ferro endovenoso em uma farmácia comum custa no máximo R$ 100, 20 reais por ampola de ferro. A mesma aplicação em clínicas de soroterapia podem custar até 300 reais. Obviamente aqui cabe discussão de preço e valor.

A maioria afirmam que pacientes pós-bariátricos necessitam de soroterapia. No ambulatório de Nutrologia que (eu Frederico Lobo) coordeno no SUS temos mais de 600 pacientes e afirmo categoricamente, uma grande parte não precisa. Exceto de Ferro ou B12. Quase todos respondem ao uso de polivitamínicos/poliminerais disponíveis no mercado. Sendo assim, conseguem atingir bons níveis de vitamina D apenas com reposição convencional, bem como a maioria dos minerais e vitaminas.

Ou seja, a prática já existia, só repaginaram a terapia.

É importante deixar claro que da forma que está sendo feito, não faz parte da Nutrologia e a própria Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) já se posicionou contra em suas redes sociais e site. Para se aplicar um nutriente faz-se necessário ter nexo causal e a via digestiva deve ser prioridade. Dieta e suplemento via oral são mandatórios e a primeira escolha: https://abran.org.br/2022/07/04/%ef%bf%bccomunicado-associacao-brasileira-de-nutrologia-abran-sobre-a-soroterapia-da-beleza/

A BRASPEN (Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral) também emitiu parecer sobre a utilização de micronutrientes endovenosos em adultos.


De acordo com a ANVISA, esse tipo de prática não é proibida, desde que a clínica siga as normativas da vigilância. Mas perante o CFM, será considerado antiético se o médico exagerar no diagnóstico do paciente, praticando atos médicos desnecessários: Infração dos artigos 14 e 35 do Código de ética médica.

Acreditamos que logo a modinha passa e será repaginada. Percebam que nada explanado aqui é sem fundamento, é baseado nas resoluções do próprio CFM.

Autores:

Dra. Karoline Calfa – Médica Nutróloga, com título de especialista na área de atuação em Nutrição Enteral e Parenteral, Especialista em Clínica Médica – CRM-ES 6411 | RQE Nº: 6156, RQE Nº: 10585, RQE Nº: 10584. Conselheira do CRM-ES. Responsável pela Câmara técnica de Nutrologia do CRM-ES.

Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – CRM-GO 13192 – RQE 11915 e CRM-SC 32949 RQE 22416.

Dr. Pedro Dal Bello – Nutrólogo e Oncologista clínico.

Dr. Rafael Iazetti – Médico Nutrólogo.

Dra. Edite Melo Magalhães – Médica Nutróloga, com título de especialista na área de atuação em Nutrição Enteral e Parenteral, Especialista em Clínica Médica

Dra. Camila Froehner – Médica Nutróloga, com título de especialista na área de atuação em Nutrição Enteral e Parenteral, Especialista em Clínica Médica

Dra. Aritana Alves – Médica Nutróloga

Em tempo: 20/03/2024

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) se posicionou sobre a Soroterapia, bem como o CREMESP.


A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) vem a público se manifestar quanto a prática da SOROTERAPIA devido aos inúmeros questionamentos que temos recebido de veículos de imprensa e dos próprios pacientes nos consultórios dermatológicos.

Nos últimos anos, observamos uma crescente divulgação entre a população de novos métodos terapêuticos baseados no emprego de suplementos (como vitaminas, minerais, aminoácidos e outros compostos) para fins estéticos, de melhora da imunidade e desempenho esportivo, além de tratamentos, que deveriam ser prescritos por médicos dermatologistas, como o tratamento de alopecias (calvície). É importante dizer que esses métodos não possuem evidências clínico-científicas consistentes que comprovem a sua segurança e eficácia.

A soroterapia não faz parte do rol de procedimentos médicos. A prática da soroterapia com fins dermatológicos carece de estudos científicos na literatura médica.

Os medicamentos e nutrientes endovenosos podem ser muito úteis em casos específicos de prescrição para reposição em pacientes com deficiências. A reposição de vitaminas e minerais endovenosa deve ser realizada apenas quando o paciente não responde à reposição oral, sendo um procedimento aplicado em pacientes crônicos portadores de má absorção intestinal, além de outras condições e doenças clinicas e laboratorialmente diagnosticadas. O emprego de doses em excesso pode ser tóxico ao organismo do paciente, causando uma série de efeitos adversos indesejáveis.

As intervenções médicas sempre devem ter por base as melhores evidências clínico-epidemiológicas disponíveis, que indiquem que o efeito terapêutico benéfico é superior a potenciais efeitos adversos, preferencialmente através de estudos prospectivos e controlados. É vedado ao médico usar experimentalmente qualquer tipo de terapêutica ainda não liberada para uso em nosso país sem a devida autorização dos órgãos competentes e sem o consentimento do paciente ou de seu responsável legal, que devem estar devidamente informados da situação e das possíveis consequências.