terça-feira, 11 de julho de 2017

Doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose hepática): o acúmulo de gordura no fígado

doença hepática gordurosa não alcoólica, popularmente conhecida como fígado gorduroso, vem ganhando cada vez mais destaque no rol das doenças metabólicas. Frequentemente é descoberta em exames de rotina. Após excluídas outras causas de doenças do fígado, o paciente recebe o diagnóstico de NAFLD (sigla em inglês para "doença hepática gordurosa não alcoólica") e surgem as primeiras dúvidas quanto ao prognóstico. O que esse acúmulo de gordura no fígado pode causar? Qual o risco de possíveis complicações? A seguir, conversaremos um pouco sobre a história natural desta doença.



A primeira preocupação com a esteatose hepática é a progressão para doença terminal, isto é, para cirrose. O risco é maior quanto maior for o grau de inflamação e de fibrose do fígado, isto é, se há de fato uma hepatite instalada ("esteato hepatite não alcoólica" ou NASH, em inglês). Estudos que avaliaram a progressão da doença através de biópsias observaram que cerca de 40% dos pacientes com NAFLD apresentam piora da inflamação e da fibrose no decorrer do tempo. Pacientes que apresentam apenas acúmulo de gordura no fígado costumam levar 13 anos para desenvolver fibrose avançada. Já os pacientes que já apresentam atividade inflamatória (NASH), este tempo reduz para apenas 4 anos.
Não é só a avaliação histológica através da biópsia que é levada em conta para avaliar a progressão da NAFLD. Como a biópsia é um exame invasivo e nem sempre disponível, alguns critérios clínicos são bastante úteis para melhor estratificação do risco. Aumentam o risco de progressão da doença de forma relevante: idade avançada, diagnóstico de diabetes, elevação das enzimas hepáticas (TGO/AST e TGP/ALT) acima de 2 vezes o limite superior da normalidade, índice de massa corporal maior ou igual a 28 kg/m2, aumento da circunferência abdominal, elevação dos triglicerídeos, redução do colesterol HDL e tabagismo ativo. Por outro lado, o uso de estatinas e o consumo regular de café parecem diminuir o risco de progressão da doença.
O consumo de álcool é tópico que gera debate, já que estudos mostram resultados conflitantes com relação ao consumo baixo ou moderado (duas doses de álcool por dia para homens e uma dose para mulheres). No entanto, o consumo acima deste patamar ou mesmo o consumo eventual de grandes quantidades (quatro doses de álcool) está associado com progressão mais rápida da doença.
Os pacientes com progressão para fibrose avançada ainda apresentam maior risco de câncer de fígado. Nos casos onde o diagnóstico é de cirrose, o risco fica em torno de 13% em 3 anos.
Por fim, quanto maior a atividade inflamatória e o grau de fibrose, maior parece ser o risco de eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico). O risco de morte por doenças cardiovasculares pode ser quase duas vezes maior em um paciente com esteatose hepática quando comparado a uma pessoa com o fígado saudável.
O apropriado conhecimento do comportamento da doença ajuda a traçar estratégias apropriadas e individualizadas de seguimento e de tratamento. Mas isso já é matéria para um próximo texto…

Fonte: Natural history and management of nonalcoholic fatty liver disease in adults – UpToDate Online


Fontehttp://blogdasbemrs.blogspot.com.br/

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

Osteoporose parte 1: números, fatores de risco e prevenção


A osteoporose é uma doença que se caracteriza pela redução da densidade e da qualidade dos ossos, que se tornam mais porosos e frágeis, aumentando o risco de fratura. O grande problema da osteoporose é que a perda de osso ocorre de forma silenciosa e progressiva e, muitas vezes, não há sintomas até a primeira fratura ocorrer. As complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade.

Nosso esqueleto é um tecido vivo e em constante mudança. Desde o momento do nascimento até a idade adulta, os ossos estão se desenvolvendo e fortalecendo em um perfeito equilíbrio entre a reabsorção e a formação óssea. Entretanto, à medida que envelhecemos, pode ocorrer um desequilíbrio nesse sistema, ocorrendo mais  reabsorção que formação óssea, levando ao enfraquecimento dos ossos (osteopenia) até que eles se tornem mais porosos, quebradiços e propensos a fratura (osteoporose). O equilíbrio entre a reabsorção e a deposição óssea é determinado pelas atividades de dois tipos principais de células, chamados osteoclastos e osteoblastos, que são fortemente reguladas pela ação de alguns hormônios, principalmente o estrogênio. Como o estrogênio está presente numa quantidade bem maior nas mulheres são elas as mais atingidas pela doença, uma vez que na menopausa os níveis de estrogênio caem bruscamente
Vamos a alguns números da doença...
NO BRASIL
- Estima-se que dez milhões de brasileiros sofram de osteoporose, sendo que uma a cada 4 mulheres acima dos 50 anos desenvolve a doença
- Ocorrem cerca de 2,4 milhões de fraturas por ano decorrentes da osteoporose, sendo que 200.000 pessoas morrem todos os anos no país em decorrência destas fraturas.
- Nove em cada 10 mulheres brasileiras não consomem a quantidade adequada de cálcio para manter uma boa saúde dos ossos. Para homens e mulheres acima dos 50 anos, a recomendação para a ingestão diária de cálcio é em torno de 1.200 mg por dia
- Só em 2010, o SUS gastou aproximadamente R$ 81 milhões para a atenção aos pacientes portadores de osteoporose e vítimas de quedas e fraturas
NO MUNDO
- De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 13% a 18% das mulheres e 3% a 6% dos homens acima de 50 anos sofrem com a osteoporose.
- Ocorrem 9 milhões de fraturas por osteoporose por ano, o que significa uma fratura a cada 3 segundos!
- Uma em cada 3 mulheres e um em cada 5 homens acima dos 50 anos terá uma fratura decorrente da osteoporose
- Embora seja uma doença prevalente, estima-se que apenas um em cada quatro pacientes com fraturas recebam o tratamento adequado.
- Nas mulheres com mais de 45 anos, o número de dias passados em hospitais por causa de fratura em função da osteoporose é superior ao induzido por doenças como diabetes e infarto do miocárdio
- Aproximadamente 5% dos indivíduos que apresentam fratura de quadril morrem durante a internação hospitalar, 12% morrem nos 3 meses subsequentes e 20% morrem no ano seguinte ao da fratura
FATORES DE RISCO
O desenvolvimento da osteoporose está relacionado a fatores modificáveis (como sedentarismo e dieta) e não modificáveis (como idade e fatores genéticos), são eles:
1. Menopausa: com a interrupção da menstruação ocorre diminuição dos níveis de estrógeno, que são fundamentais para manter a massa óssea, sendo assim, quanto mais cedo for a idade de menopausa, maior o risco de desenvolver osteoporose.
2. Envelhecimento
3. Hereditariedade: a osteoporose é mais frequente em pessoas com antecedentes familiares da doença.
4. Dieta pobre em cálcio
5. Falta de exposição à luz solar, levando à deficiência de vitamina D
6. Constituição física magra ou estrutura corporal pequena
7. Tabagismo ou consumo excessivo de álcool
8. Imobilização prolongada e sedentarismo
9. Medicamentos: alguns medicamentos usados por longos períodos podem favorecer a redução da massa óssea. Alguns exemplos dessas medicações são os glicocorticoides, anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína), agentes imunossupressores (ciclosporina, tacrolimo), hormônio tireoidiano em dose supressiva, entre outros
10. Doenças crônicas como diabetes, deficiências ou excessos hormonais (hipogonadismo, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, Sindrome de Cushing), doenças intestinais, alguns tipos de câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, artrite reumatoide, anorexia nervosa, pacientes transplantados ou pós cirurgia bariátrica
PREVENÇÃO
Os fatores genéticos desempenham um papel significativo na determinação do indivíduo com maior risco de osteoporose, no entanto, fatores de estilo de vida, como dieta e atividade física, também influenciam o desenvolvimento ósseo na juventude e a taxa de perda óssea com o envelhecimento.
A prevenção da osteoporose deveria começar desde a infância, já que a massa óssea adquirida durante a infância e juventude é um determinante importante do risco de fratura osteoporótica durante a vida adulta. Quanto maior o pico de massa óssea, menor o risco de osteoporose, estima-se que um aumento de 10% do pico de massa óssea em crianças reduz o risco de uma fratura osteoporótica durante a vida adulta em 50%.
Qualquer fator que cause uma maior taxa de remodelação óssea levará a uma perda mais rápida de massa óssea, sendo assim devemos manter alguns hábitos de vida saudável para evitar ou retardar o aparecimento da doença, são eles:
- Manter uma dieta saudável e uma ingestão adequada de cálcio
- Evitar a subnutrição, particularmente os efeitos das dietas muito restritivas para perda de peso, além dos distúrbios alimentares
- Manter um suprimento adequado de vitamina D através de uma boa exposição solar ou, se necessário, suplementos vitamínicos
- Praticar atividade física regular. O exercício em qualquer fase da vida tem um papel fundamental na prevenção de osteoporose e fraturas.
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas 
- Evitar quedas!
Quanto ao diagnóstico e tratamento, estes serão assuntos para um próximo texto!
Resumindo...
A osteoporose é uma doença silenciosa, sendo assim a prevenção é fundamental. Hábitos de vida saudáveis, alimentação rica em cálcio, aporte adequado de vitamina D e atividade física regular devem ser mantidos ao longo da vida para reduzir o risco da doença. Se você se enquadra nos pacientes com fatores de risco para a doença, fique atendo, mude seus hábitos e procure um endocrinologista para realizar uma avaliação da sua saúde óssea!
FONTES
SBEM - https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-osteoporose/
UpToDate - Overview of the management of osteoporosis in postmenopausal women. Harold N Rosen, Marc K Drezner, MD
International Osteoporosis Foundation (IOF) - https://www.iofbonehealth.org/
 Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Osteoporose. Ministério da Saúde
Fernanda M. Fleig
Médica Endocrinologista
CREMERS 33785/ RQE 28970
https://www.facebook.com/fernanda.endocrinologista/

Fonte: http://blogdasbemrs.blogspot.com.br/

Microbiota e saúde metabólica

Estima-se que existam mais de 100 bilhões de galáxias no Universo... Não estamos sós! Esta afirmação ganha conotação ainda mais relevante quando consideramos todos os microrganismos que “moram” dentro do nosso aparelho digestivo. São cerca de 100 trilhões de seres microscópicos, predominantemente bactérias, que exercem diversas funções importantes, entre elas, regular nosso metabolismo.



O entendimento de que o microbiota intestinal possa exercer papel metabólico importante é relativamente recente. No ano de 2004, pesquisadores perceberam que ratinhos “livres de germes”, isto é, sem bactérias no interior do tubo digestivo, não engordavam quando alimentados com uma dieta rica em açúcar e gorduras. Além disso, quando esses animais eram transplantados com os microrganismos do intestino de animais obesos, acabavam engordando também. Em outras palavras, percebeu-se que os micróbios que habitam o trato gastrointestinal, de alguma forma, propiciavam a uma maior absorção da energia ingerida com os alimentos.
De fato, o nosso microbiota exerce esta e outras funções importantes desde que nascemos e começamos a nos alimentar. Do ponto de vista metabólico, quatro funções são essenciais:

1- Regulação da barreira da mucosa intestinal: o nosso sistema digestivo deve absorver nutrientes e barras substâncias tóxicas. Para que isso ocorra, as células que compõem a mucosa intestinal são fortemente ligadas umas às outras, o que evita qualquer tipo de “vazamento”. Uma das formas do microbiota ajudar nessa função é, literalmente, alimentando as células intestinais. Os microrganismos transformam as fibras da dieta em ácidos graxos de cadeia curta, o principal combustível das células da mucosa intestinal.

2- Controle da captação e da metabolização de nutrientes: dependendo da composição da nossa dieta, a composição do microbiota pode mudar, assim como a forma como aproveita determinados nutrientes. Dependendo de como ocorrer a metabolização de fibras, aminoácidos e sais biliares, a permeabilidade da mucosa intestinal muda, predispondo a maior inflamação, aumento no ganho de gordura e predisposição a distúrbios metabólicos como diabetes, hipertensão e dislipidemia.

3- Modulação do sistema imunológico: ensinar as células do nosso sistema de defesa a se comportar de forma apropriada também é função do microbiota. Os leucócitos devem aprender a identificar e combater as ameaças reais, ao mesmo tempo que evita respostas inapropriadas ou desnecessárias. Diversas doenças ditas autoimunes, como o próprio diabetes mellitus tipo 1, podem ter origem em desbalanços no sistema imunológico.

4- Prevenção da propagação de patógenos: já ouviu aquele ditado “quando os gatos saem os ratos fazem a festa”? A presença de um microbiota saudável evita a proliferação de germes com potencial de causar doenças.

Quando ocorre algum tipo de desbalanço entre as diferentes espécies de micróbios que compõem nossos microbiota, as quatro funções acima ficam prejudicadas. Chamamos essa situação de disbiose. Ainda não está completamente claro o mecanismo que leva à disbiose. No entanto, já se identificaram diferentes influenciadores do microbiota como a via de parto, características genéticas do hospedeiro, exposição a infecções e antibióticos e, principalmente a dieta.
A melhor compreensão da relação que mantemos com as bactérias do nosso intestino, além de esclarecer mecanismos ainda obscuros de algumas doenças, também tem o potencial de ajudar no desenvolvimento de novas modalidades terapêuticas. Assim como no que se refere ao conhecimento do Universo, estamos apenas dando os primeiros passos na exploração desses “microcosmo”…

Fonte: Boulangé CL, Neves AL, Chilloux J, Nicholson JK, Dumas ME. Impact of the gut microbiota on inflammation, obesity, and metabolic disease. Genome Medicine 2016;8:42.

Dr. Mateus Dornelles Severo
 Médico Endocrinologista
CREMERS 30.576 - RQE 22.991

domingo, 9 de julho de 2017

UPDATE: Chronic Fatigue Syndrome (CFS)

Chronic fatigue syndrome (CFS) is a disorder characterized by a state of chronic fatigue that persists for more than 6 months, has no clear cause, and is accompanied by cognitive difficulties.
CFS was initially termed encephalomyalgia (or myalgic encephalomyelitis) because British clinicians noted that the essential clinical features of CFS included both an encephalitic component (manifesting as cognitive difficulties) and a skeletal muscle component (manifesting as chronic fatigue).
More recently, the US Institute of Medicine (IOM) proposed that the condition be renamed “systemic exertion intolerance disease” (SEID) to better reflect the condition's hallmark defining symptom, postexertional malaise. [1]
Various unrelated infectious diseases (eg, pneumonia, Epstein-Barr virus [EBV] infection, diarrhea, upper respiratory tract infections) appear to lead to a state of prolonged fatigue in some persons. Generally, if this condition is accompanied by cognitive difficulties, it is referred to as CFS.
The cause of CFS is unknown, but the disorder is probably an infectious disease with immunologic manifestations. EBV has been excluded as a cause of CFS, even though EBV infection is one of the many causes that may lead to a state of chronic fatigue. CFS is not synonymous with chronic EBV infection or chronic infectious mononucleosis.
A síndrome da fadiga crônica (SFC) (também chamada de encefalomielite miálgica [ME]), é um distúrbio caracterizado por fadiga profunda inexplicável que é agravada pelo esforço. 

A fadiga é acompanhada por disfunção cognitiva e comprometimento do funcionamento diário que persiste por mais de 6 meses. 

A SFC é uma doença biológica, não um distúrbio psicológico. A patogênese exata é desconhecida. Numerosos mecanismos e moléculas foram implicados que levam a anormalidades na disfunção imunológica, regulação hormonal, metabolismo e resposta ao estresse oxidativo, incluindo função prejudicada das células natural killer e/ou função das células T, citocinas elevadas e autoanticorpos (fator reumático, anticorpos antitireoidianos , antigliadina, anticorpos anti-músculo liso e aglutininas frias). 

Suspeita-se de infecções; no entanto, nenhum papel causal foi estabelecido. 

Pacientes com SFC chegam ao pronto-socorro com uma lista complexa de sintomas, incluindo intolerância ortostática, fadiga, mal-estar pós-esforço (PEM) e diarreia. 

CFS afeta 836.000 a 2,5 milhões de americanos. Estima-se que 84-91% dos indivíduos com a doença não foram diagnosticados; portanto, a verdadeira prevalência é desconhecida. 

No geral, a SFC é mais comum em mulheres do que em homens e ocorre mais comumente em adultos jovens e de meia-idade.

A idade média de início é de 33 anos, embora casos tenham sido relatados em pacientes com menos de 10 anos e mais de 70 anos. Pacientes com SFC sofrem perda de produtividade e altos custos médicos que contribuem para uma carga econômica total de US$ 17 a 24 bilhões anualmente.

A SFC foi originalmente denominada encefalomielite miálgica (EM) porque os médicos britânicos notaram um componente muscular esquelético manifestando-se como fadiga crônica e um componente encefalítico manifestando-se como dificuldades cognitivas. No entanto, esse termo é considerado impreciso por alguns especialistas porque há falta de encefalomielite em exames laboratoriais e de imagem, e a mialgia não é um sintoma central da doença. 

A National Academy of Medicine (anteriormente The Institute of Medicine) propôs que a condição fosse chamada de doença de intolerância ao esforço sistêmico (SEID) para refletir melhor o sintoma definidor da condição, o mal-estar pós-esforço. 

A causa da SFC é desconhecida e não há testes diretos para diagnosticar a SFC. Se a fonte da fadiga puder ser explicada, o paciente provavelmente não tem SFC. O diagnóstico é de exclusão que atende aos critérios clínicos abaixo.

Critério de diagnóstico

De acordo com a Academia Nacional de Medicina, o diagnóstico de SFC (EM) requer a presença dos 3 sintomas a seguir por mais de 6 meses, e a intensidade dos sintomas deve ser moderada ou grave por pelo menos 50% do tempo:
Fadiga: diminuição ou prejuízo perceptível na capacidade de um paciente de se envolver em atividades que desfrutava antes do início da doença, com esse prejuízo continuando por mais de 6 meses e associado a fadiga grave de início recente, não relacionada ao esforço e não aliviado pelo repouso.
Mal-estar pós-esforço (PEM): Os pacientes apresentam piora dos sintomas e função após exposição a estressores físicos ou cognitivos que foram previamente bem tolerados.
Sono não reparador: Os pacientes se sentem tão cansados ​​após uma noite de sono.
O cumprimento do critério para o diagnóstico requer todos os 3 sintomas acima, juntamente com um dos   sintomas abaixo: 
Comprometimento cognitivo - Problemas com o pensamento ou função executiva, agravados por esforço, esforço ou estresse ou pressão do tempo.
Intolerância ortostática - Agravamento dos sintomas ao assumir e manter a postura ereta. Os sintomas são melhorados, embora não necessariamente eliminados, deitando-se ou elevando os pés.
Etiologia

Muitos vírus foram estudados como causas potenciais de SFC; no entanto, nenhuma relação causal definitiva foi determinada. Historicamente, herpesvírus humano tipo 6, enterovírus, vírus da rubéola,  Candida albicans , bornavírus,  Mycoplasma, Chlamydia pneumoniae,  retrovírus, vírus coxsackie B, citomegalovírus e vírus relacionados ao vírus da leucemia murina xenotrópica foram estudados e não foram encontrados para causar CFS.

Algumas pessoas infectadas com vírus Epstein-Barr, vírus Ross River,  Coxiella burnetii  ou Giardia  desenvolveu critérios para SFC, mas nem todos os indivíduos com SFC tiveram essas infecções.

Outros estudos observaram alterações no funcionamento das células natural killer (NK) e diminuição da resposta das células T a determinados antígenos específicos. 

Fatores ambientais também são suspeitos de desencadear a SFC; no entanto, nenhum fator específico foi identificado.

Laboratório na SFC

Os achados laboratoriais são normais na SFC. Os testes são usados ​​para avaliar outras causas subjacentes de fadiga, como segue:
Hemograma
Bioquímica, incluindo eletrólitos, testes de função renal e hepática
Função da tireoide
Proteína C-reativa
VHS
CPK
Culturas, títulos virais, estudos do líquido cefalorraquidiano (em alta suspeita de infecção
Outros testes podem incluir o seguinte:
Polissonografia
Eletrocardiografia (ECG)
Teste ergométrico
Tilt test
A tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM) do cérebro são úteis para descartar distúrbios do sistema nervoso central (SNC) em pacientes com sintomas do SNC inexplicáveis. Os resultados da tomografia computadorizada e da ressonância magnética podem ser normais em pacientes com SFC. Os achados dos estudos de imagem do SNC não são específicos para a SFC e, portanto, são usados ​​apenas para descartar explicações alternativas em vez de diagnosticar a SFC.
De acordo com uma revisão sistemática de Shan et al, a observação consistente da resposta lenta do sinal de ressonância magnética funcional (fMRI) sugere acoplamento neurovascular anormal na SFC. Almutairi et al, em outra revisão sistemática, descobriram que estudos de fMRI demonstraram aumentos e diminuições nos padrões de ativação em pacientes com SFC, mas observaram que isso pode estar relacionado à demanda de tarefas. Eles também notaram que o sinal de fMRI não pode diferenciar entre excitação neural e inibição ou processamento neural específico da função.
Tratamento

O tratamento é amplamente de suporte e se concentra no alívio dos sintomas. Grandes estudos randomizados e controlados, como o Pacing, Graded Activity e Cognitive Behavior Therapy: um estudo randomizado de Avaliação (PACE) e revisões Cochrane recomendaram a terapia cognitivo-comportamental (TCC) como um método eficaz para o tratamento da SFC em adultos. No entanto, o relatório de vigilância do National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda contra a TCC. 

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde (AHRQ) removeram a TCC como tratamento recomendado para SFC devido a evidências insuficientes.

O exercício não é uma cura para a SFC. Uma revisão Cochrane avaliou a terapia de exercício para pacientes com SFC. O estudo descobriu que os pacientes se sentiram menos cansados ​​após a terapia de exercícios e melhoraram em termos de sono, função física e saúde geral. 

No entanto, os autores não puderam concluir que a terapia com exercícios melhorou os resultados de dor, qualidade de vida, ansiedade e/ou depressão. 

O estudo PACE descobriu que a terapia de exercícios graduais (GET) efetivamente melhorou as medidas de fadiga e funcionamento físico. No entanto, as atualizações do relatório de vigilância das diretrizes do NICE recomendam contra o GET.

Prognóstico

A SFC não tem cura, seus sintomas podem persistir por anos e seu curso clínico é pontuado por remissões e recaídas. Um estudo prospectivo sugere que aproximadamente 50% dos pacientes com SFC podem retornar ao trabalho de meio período ou período integral.

Maior duração da doença, fadiga grave, depressão  e ansiedade são fatores associados a um pior prognóstico. 

Bons resultados estão associados a uma menor gravidade da fadiga na linha de base, uma sensação de controle sobre os sintomas e nenhuma atribuição da doença a uma causa física. 

Apesar da considerável carga de morbidade associada à SFC, não há evidências de aumento do risco de mortalidade.

Pacientes com síndrome de fadiga crônica (encefalomielite miálgica) geralmente relatam fadiga pós-esforço e sensação de cansaço excessivo após tarefas relativamente normais que fizeram por anos antes da SFC sem nenhum problema específico. 

Os pacientes também relatam fadiga mesmo após períodos prolongados de descanso ou sono. Pelo menos um quarto dos pacientes com SFC estão confinados à cama ou à casa em algum momento de sua doença. Pacientes com SFC frequentemente relatam uma história de infecção prévia semelhante à gripe que precipitou o estado prolongado de fadiga e seguiu a doença inicial.

Pacientes com SFC geralmente relatam problemas com memória de curto prazo, mas não com memória de longo prazo. Eles também podem relatar dislexia verbal que se manifesta como a incapacidade de encontrar ou dizer uma determinada palavra durante a fala normal. Isso normalmente perturba os pacientes com SFC e pode interferir em sua ocupação.

A Academia Nacional de Medicina observa 5 sintomas principais da SFC:
Redução ou prejuízo na capacidade de realizar atividades diárias normais, acompanhada de fadiga profunda
Mal-estar pós-esforço (piora dos sintomas após esforço físico, cognitivo ou emocional)
Sono não reparador
Deficiência cognitiva
Intolerância ortostática (sintomas que pioram quando a pessoa fica em pé e melhoram quando a pessoa se deita)
Exame físico

O exame físico geralmente não revela anormalidades. Alguns pacientes podem apresentar sinais vitais ortostáticos positivos.

Muitos pacientes com ou sem SFC têm linfonodos pequenos, móveis e indolores que mais comumente envolvem o pescoço, a região axilar ou a região inguinal. Um único linfonodo muito grande, sensível ou imóvel sugere um diagnóstico diferente de SFC. Da mesma forma, a adenopatia generalizada sugere um diagnóstico diferente da SFC.

Na orofaringe, a descoloração roxa ou crescente carmesim de ambos os pilares tonsilares anteriores na ausência de faringite é um marcador frequente em pacientes com SFC. A causa dos crescentes carmesins é desconhecida, mas eles são comuns em pacientes com SFC. No entanto, os crescentes carmesim não são específicos para CFS.

Pontos-gatilho, que sugerem fibromialgia , estão ausentes em pacientes com SFC. A fibromialgia e a SFC raramente coexistem no mesmo paciente.

Considerações de diagnóstico

A SFC é um diagnóstico de exclusão. A principal tarefa diagnóstica é diferenciá-lo de outros distúrbios que também possuem um componente de fadiga. A SFC pode ser distinguida de outras causas de fadiga com base na presença de disfunção cognitiva, que está ausente em quase todos os outros distúrbios produtores de fadiga. Uma vez diagnosticada uma causa específica de fadiga, a SFC é excluída por definição.

É especialmente importante descartar distúrbios sistêmicos, particularmente malignidades linforreticulares, em pacientes que apresentam fadiga. 

Outras doenças podem ser excluídas com base na história, exame físico ou achados laboratoriais. Em alguns casos, essas outras causas potenciais de fadiga devem ser reinvestigadas várias vezes.

Diagnósticos diferenciais
Insuficiência adrenal
Anemia
Doença celíaca
Depressão
Infecção pelo HIV 
Hipotireoidismo
Doença de Lyme
Esclerose múltipla
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)
Hipotensão ortostática
Polimialgia Reumática
Síndrome de taquicardia postural (POTs)
Síndrome de hipermobilidade articular
Fibromialgia
Síndrome das pernas inquietas
Tratamento farmacológico

Nenhum medicamento foi aprovado pela FDA para o tratamento da SFC. Ensaios clínicos descobriram que os agentes antivirais são ineficazes no alívio dos sintomas da SFC. 

Vários medicamentos demonstraram ser ineficazes, incluindo antibióticos, glicocorticóides, agentes quelantes, vitaminas intravenosas (IV), vitamina B-12 e suplementos vitamínicos ou minerais IV ou orais. Os antidepressivos não têm papel importante no tratamento da SFC.

Um estudo duplo-cego randomizado controlado por placebo para avaliar o efeito da inibição de citocinas com anakinra, um antagonista do receptor de interleucina-1 humana recombinante (IL-1), foi conduzido e não mostrou nenhuma melhora na gravidade da fadiga tanto no curto prazo ( 4 semanas) ou a longo prazo (6 meses). Estudos futuros podem avaliar a inibição de outras citocinas como IL-6, fator de necrose tumoral e/ou interferons.

Até o momento, nenhuma intervenção baseada em evidências está disponível para o tratamento da SFC.

Fonte: https://emedicine.medscape.com/article/235980-overview?src=soc_fb_170627_mscpedt_reference_mdscp_mdscp_update
Because no direct tests aid in the diagnosis of CFS, the diagnosis is one of exclusion but that meets certain clinical criteria, which are further supported by certain nonspecific tests. The diagnosis of CFS also rests on historical criteria (ie, otherwise unexplained fatigue for more than 6 months accompanied by cognitive dysfunction). The absence of cognitive dysfunction should exclude CFS as a potential diagnosis.
Because no cause of CFS has been determined, no effective therapy exists for CFS.
For patient education resources, see the Back, Ribs, Neck, and Head Center, as well as Chronic Fatigue Syndrome, Fibromyalgia, and Fatigue.
Diagnostic criteria
According to the Centers for Disease Control and Prevention (CDC), [2] in order to receive a diagnosis of CFS, a patient must (1) have severe chronic fatigue of at least 6 months’ duration, with other known medical conditions excluded by clinical diagnosis, and (2) concurrently have 4 or more of the following symptoms:
Substantial impairment in short-term memory or concentration
Sore throat
Tender lymph nodes
Muscle pain
Multijoint pain without swelling or redness
Headaches of a new type, pattern or severity
Unrefreshing sleep
Postexertional malaise lasting more than 24 hours
The symptoms must have persisted or recurred during 6 or more consecutive months of illness and must not have predated the fatigue.
The CDC case definition also states that any unexplained abnormality detected on examination or other testing that strongly suggests an exclusionary condition must be resolved before further classification is attempted. Conditions that do not exclude CFS include the following:
Any condition defined primarily by symptoms that cannot be confirmed by diagnostic laboratory tests, including fibromyalgia, anxiety disorders, somatoform disorders, nonpsychotic or melancholic depression, neurasthenia, and multiple chemical sensitivity disorder
Any condition under specific treatment sufficient to alleviate all symptoms related to that condition and for which the adequacy of treatment has been documented, including hypothyroidism for which the adequacy of replacement hormone has been verified by normal thyroid-stimulating hormone levels, or asthma in which the adequacy of treatment has been determined by pulmonary function and other testing
Any condition, such as Lyme disease or syphilis, that was treated with definitive therapy before development of chronic symptoms
Any isolated and unexplained physical examination finding, or laboratory or imaging test abnormality that is insufficient to strongly suggest the existence of an exclusionary condition, including an elevated antinuclear antibody titer that is inadequate, without additional laboratory or clinical evidence, to strongly support a diagnosis of a discrete connective tissue disorder
In children, CFS is poorly defined. Most studies of CFS in the pediatric age range have followed the CDC criteria. However, whether the adult CDC case definition can be applied to children and adolescents is debatable.
Children have typically been referred to specialty clinics after extensive screening by their primary care physician has yielded negative or nonspecific test results. Therefore, common short-lived causes of fatigue are effectively excluded. The length of fatigue (6 months) also effectively excludes many common illnesses and probably should be retained in any forthcoming pediatric case definition.
In 2015, the IOM proposed new diagnostic criteria for both adults and children, as follows: [1]
Ongoing (>6 months) substantial reduction or impairment in the ability to engage in pre-illness levels of occupational, educational, social, or personal activities accompanied by fatigue, which is often profound, is of new or definite onset (not lifelong), is not the result of ongoing excessive exertion, and is not substantially alleviated by rest
Postexertional malaise (often described by patients as a "crash" or "collapse" after even minor physical or mental exertion)
Unrefreshing sleep
Cognitive impairment and/or orthostatic intolerance

Pathophysiology
Because the immune system is upregulated in CFS, the levels of antibodies to various previously encountered antigens are increased. Although increased titers do not indicate a causal relationship in CFS, the titers are nonetheless useful as laboratory clues, which, when taken together, are common in patients with CFS.
Because so many patients with a possible diagnosis of CFS are found to have elevated levels of immunoglobulin G (IgG) viral capsid antigen (VCA) EBV, this determination should be considered as an incidental finding in CFS. Most patients with CFS demonstrate elevated IgG, coxsackievirus B, human herpesvirus 6 (HHV-6), and/or C pneumoniae titers. Patients with CFS also commonly have a decreased percentage of natural killer (NK) cells. Most patients with CFS have 2 of the 3 above-mentioned immunological abnormalities.

Etiology
Many viruses have been studied as potential causal agents, including EBV, HHV-6, coxsackievirus B, spumaviruses, and even human T-cell leukemia virus strains; however, no definitive causal relation has been determined. A role for xenotropic murine leukemia virus–related virus (XMRV) and other murine retroviruses was posited, [3, 4] but XMRV has been ruled out as a cause of CFS. [5, 6, 7, 8]
Patients with CFS are often referred to an infectious disease specialist because of elevated levels of immunoglobulin G (IgG) to the viral capsid antigen (VCA) of EBV. Increased IgG titers to the VCA of EBV are common in the general population, regardless of whether the patient is fatigued. An increased IgG VCA EBV titer indicates past exposure to EBV but does not indicate acute disease or explain the patient’s chronic fatigue state. EBV infection is often the precipitating event that has triggered the patient’s chronic fatigue.
Some have suggested that the infectious agent responsible for CFS is Chlamydia pneumoniae, which may become activated after contact with another infectious agent. In hospitals or commercial laboratories, immunoglobulin M (IgM) tests and IgG enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) are used to test for C pneumoniae. As with elevated EBV IgG VCA titers, many individuals in the healthy population have elevated IgG titers to C pneumoniae.
Some patients with CFS are found to have elevated IgM C pneumoniae titers, indicating a recent C pneumoniae infection, and these patients are the most likely to respond to antichlamydial therapy. However, definitive proof supporting causality is lacking. [9, 10]Some investigators studying the potential role of C pneumoniae in CFS believe that serum tests are insensitive and that a more sensitive test (eg, polymerase chain reaction [PCR]) should be used for evaluation. PCR for C pneumoniae is a very sensitive technique but, unfortunately, is available only in research centers.
Candida albicans and other yeast infections do not cause CFS.
Epidemiology
CFS is common in the United States, but the data are difficult to interpret because the various studies define CFS in different ways. Outside the United States, CFS appears to be less common, but it probably exists worldwide. Overall, CFS is more common in females than in males. [11] It occurs most commonly in young to middle-aged adults.

Prognosis
As suggested by the term chronic, the clinical course of CFS is punctuated by remissions and relapses, often triggered by intercurrent infection, stress, exercise, or lack of sleep. The course in adolescents is similar to that in adults.
Most cases improve to some degree over time.
History
Patients with chronic fatigue syndrome (CFS) present with prolonged fatigue of an indeterminate cause. If the source of the fatigue can be explained, the patient probably does not have CFS.
Patients with CFS often report a history of an antecedent infection that precipitated the prolonged state of fatigue and followed the initial illness. The patient may have a history of Epstein-Barr virus (EBV) infectious mononucleosis, cytomegalovirus(CMV) infectious mononucleosis, pneumonia, diarrhea, or upper respiratory tract infection.
Patients with acute disease caused by these infections experience fatigue during the acute illness, but the fatigue resolves as the patient recovers. In patients with CFS, the fatigue continues for 6 months or more after they have recovered from the acute infectious event.
From a personality standpoint, patients with CFS are usually cardiac type A intensive people. They are not malingerers, and they do not seek secondary gain. As a group, they typically want a fully functioning life to be restored to them, and they become frustrated by their inability to perform their work and home tasks because of their prolonged fatigue and cognitive dysfunction.
Patients with CFS may be depressed because of their inability to perform normal duties at home and at work, but they are not depressive individuals per se. Depressive individuals typically report longstanding depression (of several years’ duration), and they typically lack the cognitive dysfunction characteristic of individuals with CFS.
Patients with CFS typically report problems with short-term memory but not with long-term memory. They may also report verbal dyslexia that is manifested as the inability to find or say a particular word during normal speech. This typically disturbs patients with CFS and may interfere with their occupation.
Patients with CFS also typically report postexertional fatigue, feeling excessively tired after doing relatively normal tasks that they did for years before their CFS without any particular problem. Patients also report fatigue even after prolonged periods of rest or sleep. Patients with CFS do not recharge or arise refreshed after sleeping and rarely have sore throats or fevers.
The diagnosis of CFS depends on eliminating other causes of chronic persistent fatigue. Many patients have lifestyles that would make anyone feel fatigue on a long-term basis. This may be related to job, family, or home stress. Patients with malignancy should be excluded because fatigue often accompanies neoplastic disease.Many patients who experience fatigue but not CFS have a supratentorial component to the illness, and psychosomatic illness often manifests as otherwise unexplained fatigue.
If the above conditions can be excluded, then the diagnosis of CFS may be considered.

Physical Examination
CFS should be diagnosed only after other causes of fatigue are excluded and the fatigue has lasted for at least 6 months. An absence of cognitive difficulties should exclude a diagnosis of CFS. Signs of adrenal or thyroid disorders should also exclude a diagnosis of CFS, in that the fatigue is explained by endocrinologic factors. Similarly, HIV infection and AIDS may also cause chronic fatigue.
The physical examination often reveals no abnormalities, but left axillary node involvement or crimson crescents are the most consistent findings on physical examination.
Many patients with or without CFS have small, moveable, painless lymph nodes that most commonly involve the neck, axillary region, or inguinal region. A single lymph node that is very large, tender, or immobile suggests a diagnosis other than CFS. Similarly, generalized adenopathy suggests a diagnosis other than CFS.
In the oropharynx, purple or crimson discoloration of both anterior tonsillar pillars in the absence of pharyngitis is a frequent marker in patients with CFS. The cause of crimson crescents is not known, but they are common in patients with CFS. However, crimson crescents are not specific for CFS.
Trigger points, which suggest fibromyalgia, are absent in patients with CFS. CFS and fibromyalgia rarely coexist in the same patient.

Diagnostic Considerations
Chronic fatigue syndrome (CFS) is, in large measure, a diagnosis of exclusion. The key diagnostic task is to differentiate it from other disorders that also have a fatigue component. CFS may be distinguished from other causes of fatigue on the basis of the presence of cognitive dysfunction, which is absent in almost all other fatigue-producing disorders. Once a specific cause of fatigue has been diagnosed, CFS is excluded by definition.
Careful perusal of the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) criteria indicates that essentially any chronic illness that produces extensive disability in a setting of persistent fatigue may be included in the differential diagnosis. Conditions that can cause fatigue include the following:
Chronic heart disease
Psychiatric illnesses
Thyroid disease
Connective tissue diseases
Chronic anemia
Neoplastic disease
Chronic infections (eg, AIDS)
Endocrine diseases (eg, Addison disease)
Inflammatory bowel disease
Drug abuse
Liver disease
Renal disease
Patients with psychosomatic disorders may have elevated titers of immunoglobulin G (IgG) to Epstein-Barr virus (EBV) viral capsid antigen (VCA), which may be incorrectly interpreted as evidence for CFS. EBV infection may precede CFS, but it does not cause CFS. Such patients do not present with the physical findings or abnormal laboratory findings that characterize CFS. Such patients also lack the cognitive dysfunction characteristic of CFS.
CFS is readily differentiated from Lyme disease. Patients from areas with endemic Lyme disease may have elevated IgG Lyme titers. Few have neuroborreliosis, which is diagnosed by simultaneously measuring cerebrospinal fluid and serum IgM and IgG Lyme titers. CSF IgM titers that are higher than serum IgM titers indicate neuroborreliosis (if the patient has not been treated with antibiotics). Acute Lyme disease usually has a neurologic component.
Because fibromyalgia does not cause cognitive defects, it is readily differentiated from CFS. Furthermore, patients with CFS do not have the trigger points that are characteristic of fibromyalgia.
It is especially important to rule out systemic disorders, particularly lymphoreticular malignancies, in patients who present with fatigue. Other diseases may be ruled out on the basis of the history, physical examination, or laboratory findings. These other potential causes of fatigue sometimes must be reinvestigated several times.
Differential Diagnoses
Hypothyroidism
Lyme Disease
Rehabilitation and Fibromyalgia
Laboratory Studies
Laboratory tests have 2 functions in chronic fatigue syndrome (CFS). First, they may be used to assess the possibility that another condition is causing the fatigue; second, they may be used to help diagnose CFS. CFS laboratory abnormalities are not specific, but, taken together, they can make up a pattern consistent with CFS in patients who have a cognitive dysfunction in whom other diseases have been excluded as a cause for their fatigue.
The Centers for Disease Control and Prevention (CDC) has recommended a “basic battery” that includes the following:
Complete blood count (CBC)
Liver function tests
Thyroid function tests
Erythrocyte sedimentation rate (ESR)
Serum electrolyte level measurement
Some clinicians also include antinuclear antibody and morning cortisol measurements. Adrenal function tests are useful for the purposes of exclusion.
The most consistent laboratory abnormality in patients with CFS is an extremely low ESR, typically in the range of 0-3 mm/h. An normal ESR or one that is in the upper reference range suggests another diagnosis.
Most patients with CFS usually have 2 or 3 of the following nonspecific abnormalities:
Elevated immunoglobulin M (IgM)/immunoglobulin G (IgG) coxsackievirus B titer
Elevated IgM/IgG human herpesvirus 6 (HHV-6) titer
Elevated IgM/IgG C pneumoniae titer
Decrease in natural killer (NK) cells (either percentage or activity)
The WBC count in patients with CFS is normal. Leukopenia, leukocytosis, or an abnormal cell differential count indicates a diagnosis other than CFS, and another cause should be pursued to explain these findings.Results of liver function tests are within the reference range in patients with CFS. Increased levels of serum transaminases, alkaline phosphatase, or lactic dehydrogenase should prompt a search for another explanation because these values are typically normal CFS.
Serum protein electrophoresis is normal in patients with CFS but may be used to rule out other diseases that cause fatigue, including lymphoma and myeloma.
Urinalysis findings are unremarkable in CFS.
Other Tests
CT, MRI, and PET
Computed tomography (CT) or magnetic resonance imaging (MRI) of the brain is useful for ruling out central nervous system (CNS) disorders in patients with otherwise unexplained CNS symptoms. Results of CT scans and MRI may be normal in patients with CFS. Findings of CNS imaging studies are not specific for CFS and are thus used to rule out alternative explanations rather than to diagnose CFS.
Positron emission tomography (PET) shows hypoperfusion in the frontoparietal/temporal region.

Approach Considerations
Because most cases of chronic fatigue syndrome (CFS) may be due to a viral infection, no uniformly effective therapy exists for CFS. Trials of antiviral agents have been ineffective in relieving the symptoms of CFS. In patients with elevated C pneumoniae levels, particularly those with increased immunoglobulin M (IgM) titers, antichlamydial therapy may be effective. No special diet or vitamin supplements are effective.
Otherwise, treatment is largely supportive and responsive to symptoms.

Exercise Therapy
In a 2017 Cochrane review, exercise therapy for patients with CFS was evaluated. The study found that patients felt less fatigued following exercise therapy and felt improved in respect to sleep, physical function, and general health. However, the authors could not conclude that exercise therapy improved the outcomes of pain, quality of life, anxiety, and/or depression. [12]

Medication Summary
Trials of antiviral agents have been ineffective in relieving the symptoms of chronic fatigue syndrome (CFS). Various medications have been shown to be ineffective, including steroids, liver extract, chelating agents, intravenous (IV) vitamins, vitamin B-12, and IV or oral vitamin or mineral supplements. Antidepressants have no major role to play in the treatment of CFS.
Antibiotics, Tetracyclines
Class Summary
Antibiotics are used in patients with elevated immunoglobulin M (IgM) Chlamydia pneumoniae titers.
Doxycycline (Vibramycin, Doryx, Oracea, Oraxyl, Adoxa)
View full drug information
Doxycycline is a second-generation tetracycline. Compared with tetracycline, it is much more active against many pathogens and has a different adverse-effect profile and pharmacokinetic characteristics. Doxycycline inhibits bacterial growth, possibly blocking dissociation of peptidyl t-RNA from ribosomes, causing RNA-dependent protein synthesis to arrest.

sábado, 8 de julho de 2017

Perda de sono pode levar a ganho de peso?

Um sono ruim pode nos tornar mais propensos a comer mais e a ganhar peso, apontam os resultados preliminares de uma pesquisa.

Cientistas suecos dizem que uma qualidade de sono ruim e menos horas na cama podem estimular a produção de um hormônio que nos faz sentir fome.

Eles dizem que isso pode afetar a forma como o organismo gera energia a partir do alimento.

Vida moderna

Um número crescente de pessoas está apresentando problemas de sono em nosso mundo moderno, que funciona 24 horas por dia e sete dias por semana. Diversos estudos têm focado em como a perda de sono pode afetar a capacidade do organismo de metabolizar energia.

O pesquisador Christian Benedict, da Uppsala University, que liderou o estudo, disse que a causa subjacente do aumento do risco de obesidade pelo distúrbio do sono ainda não está clara, embora acredita-se que ela possa ser causada por mudanças em apetite, metabolismo, motivação, atividade física, ou uma combinação de vários fatores.

Ele e seu grupo realizaram diversos estudos sobre o efeito da perda do sono no metabolismo energético. "Com o prejuízo do sono, homens de peso normal preferem alimentos em grandes porções, buscam por mais calorias, exibem sinais de impulsividade relacionada a alimentos, sentem mais prazer com a comida, e gastam menos energia", disse ele.

Hormônios famintos

Os últimos achados, apresentados no European Congress of Endocrinology,em Lisboa, sugerem que a perda do sono favorece os hormônios que nos fazem sentir fome.

"Nossos estudos também indicam que a perda do sono altera o equilíbrio de hormônios que promovem a saciedade, como o peptídeo 1 semelhante ao glucagon intestinal, e aqueles que promovem a fome, como o hormônio estomacal grelina", disse Benedict.

A restrição do sono também aumenta os níveis de endocanabinoides, que também estão associados ao apetite, sugerem os achados.

Os pesquisadores dizem que a perda do sono também afeta o equilíbrio das bactérias intestinais, o que tem sido amplamente implicado como um fator-chave para a manutenção do processamento de alimentos em energia pelo organismo.
Outros fatores de saúde

De acordo com Benedict: "Meus estudos sugerem que o sono representa um pilar importante da saúde metabólica, incluindo a manutenção do peso."

"No entanto, é preciso ter em mente que nossa saúde depende da relação de uma variedade de fatores modificáveis (por exemplo, exercício, dieta, avaliações regulares de saúde) e de fatores não modificáveis (por exemplo, os genes), e não apenas do sono. Em outras palavras, dormir cerca de sete horas, como recomendado pelos especialistas, não irá beneficiar sua saúde se seu estilo de vida é inadequado em outros aspectos".
Os resultados do estudo devem ser tratados com cautela, uma vez que ainda precisam ser publicados em um periódico revisado por pares.

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501248

Redução de risco após o câncer: estilo de vida saudável (e algum tipo de noz)

Pacientes com câncer com frequência perguntam o que podem fazer para se ajudarem. Novos dados de um estudo de longa duração em pacientes com câncer colorretal em estágio inicial confirmam que seguir um estilo de vida saudável reduz o risco de morte por câncer. Uma análise complementar acrescenta um novo dado: comer nozes também.

Os novos dados são de questionários preenchidos por pacientes com câncer colorretal no estágio III durante e após quimioterapia adjuvante.

"Descobrimos que os pacientes que tinham um peso corporal saudável, praticavam atividade física regular, comiam uma dieta rica em vegetais, frutas e grãos integrais e pobre em carnes processadas e carnes vermelhas, e bebiam quantidades pequenas ou moderadas de álcool tinham maior sobrevida livre de doença e global do que os pacientes que não o faziam", disse a autora principal do estudo, Erin Van Blarigan, professora-assistente de epidemiologia e bioestatística da University of California,em San Francisco.

Seguir um estilo de vida saudável reduziu o risco de morte em 42%, e acrescentar consumo moderado de álcool à análise reduziu ainda mais o risco de morte, em 15%.

Erin falou em uma entrevista coletiva à reunião anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO). Os novos resultados são de uma análise dos dados coletados durante o ensaio CALGB 89803. Este estudo comparou vários regimes de quimioterapia adjuvante; os resultados foram publicados há 10 anos (J Clin Oncol. 2007;25:3456-3461).

O estilo de vida foi avaliado em dois momentos diferentes durante o período de estudo, com uso de pesquisas validadas. Um sistema de pontuação foi utilizado para quantificar a adesão às diretrizes publicadas pela American Cancer Society (ACS) (intervalo de 0 a 6; quanto maior a pontuação, mais saudáveis os comportamentos).

O consumo de álcool está incluído nas diretrizes da ACS para prevenção do câncer, mas não para sobreviventes de câncer, então Erin explicou que eles avaliaram a pontuação com e sem consumo de álcool.

Em um acompanhamento médio de sete anos, houve 335 recorrências e 299 óbitos (43 sem recorrência).

Os pesquisadores compararam então os desfechos para os pacientes com as maiores pontuações de aderência às diretrizes de estilo de vida saudável (5 a 6 pontos; n = 91, 9%) com os desfechos para os pacientes que obtiveram o menor grau de adesão às diretrizes (0 a 1 ponto; n = 262, 26%). Eles encontraram um risco 42% menor de morte (hazard ratio, HR, 0,58; P para tendência = 0,01) e uma tendência para a melhora da sobrevida livre de doença (SLD) para os pacientes com maior aderência às recomendações de estilo de vida saudável (HR, 0,69; P para tendência = 0,03).

Quando a análise incluiu álcool na pontuação, as HRs ajustadas para pacientes com pontuação de 6 a 8 pontos (n = 162, 16%) em comparação com aqueles cujo escore foi de 0 a 2 pontos (n = 187, 91% ) foram 0,49 para a sobrevida global (P para tendência = 0,002), 0,58 para SLD (P para tendência = 0,01), e 0,64 para sobrevida livre de recorrência (P para tendência = 0,05).

"Nossa equipe de pesquisa está realizando ensaios clínicos para avaliar a viabilidade e a aceitabilidade de intervenções digitais no estilo de vida, como o Fitbit, para pacientes com câncer colorretal", disse Erin. "Se nossas intervenções forem aceitáveis e úteis aos pacientes, testaremos o impacto delas no risco de recorrência e mortalidade por câncer em estudos futuros".

O estudo tem algumas limitações porque os resultados dependem da memória dos pacientes sobre o próprio comportamento, "mas a conclusão é que as diretrizes da ACS e outros recomendam comportamentos saudáveis porque eles são de fato saudáveis para você", comentou o Dr. Richard L. Schilsky, chefe médico da ASCO.

Nozes reduzem mortalidade e recorrência

Em um estudo relacionado que usou a mesma coorte de pacientes do estudo CALGB 89803, os pesquisadores observaram que o consumo regular de nozes também foi associado a um menor risco de recorrência do câncer de cólon e a uma melhor sobrevida global.

Entre os 826 pacientes incluídos nesta análise, os resultados mostraram que aqueles que consumiram 2 ou mais onças (aproximadamente 56 gramas) de frutas e sementes oleaginosas de cascas rijas por semana tiveram um risco 42% menor de recorrência da doença, e um risco de mortalidade de 57% menor em comparação com aqueles que não comeram esse tipo de alimento.

Mas uma análise secundária, explicou o autor principal, Dr. Temidayo Fadelu, um fellow clínico em medicina no Dana Farber Cancer Institute, em Boston, Massachusetts, mostrou que o benefício do consumo estava limitado às oleaginosas que crescem em árvores – a associação não foi significativa para amendoim (e manteiga de amendoim).

O mecanismo biológico não é conhecido, mas provavelmente está relacionado ao efeito das nozes na resistência a insulina, ele destacou. "Esses resultados contribuem para evidências sobre o benefício de fatores dietéticos e do estilo de vida no câncer de cólon".

Outros estudos observacionais sugeriram que aumentar o consumo de nozes está associado com menor risco de diabetes tipo 2, síndrome metabólica e resistência a insulina.

Melhor sobrevida livre de doença

Dr. Fadelu e colaboradores avaliaram associações do consumo de nozes com recorrência e mortalidade do câncer. Eles descobriram que, em comparação com os pacientes que se abstiveram de comer estes frutos secos, aqueles que consumiram pelo menos duas porções por semana tiveram uma HR ajustada de 0,58 (P para tendência = 0,03) para SLD e 0,43 (P para tendência = 0,01) para sobrevida global.

Os autores também observaram que, na análise de subgrupos, a associação significativa se aplicava apenas ao consumo de frutos oleaginosos que não o amendoim: HR de 0,54 (P para tendência = 0,04) para SLD e 0,47 (P para tendência = 0,04) para a sobrevivência global.

Além disso, eles observaram que a associação de consumo de frutos oleaginosos secos com melhores desfechos foi mantida entre alterações genômicas comuns (instabilidade de microssatélites, mutação KRAS, mutação BRAF e mutação PIK3CA).

O Dr. Schilsky observou que o estudo descobriu que comer duas porções de nozes por semana estava associado a resultados mais favoráveis, "mas se isso é devido a comer as nozes ou se isso é devido a algum outro comportamento associado a comer nozes, ainda não está claro".
"No entanto, há um crescente número de evidências mostrando que comer esses frutos e sementes geralmente é bom para saúde, e este é outro estudo apontando na mesma direção", disse ele ao Medscape.

Não substitui o tratamento

Comentando sobre os dois estudos, o presidente da ASCO, Dr. Daniel F. Hayes, observou que os dados mostram que "existe uma ótima chance de sobrevivência se você tem câncer de cólon, e que as pessoas saudáveis vivem melhor".

No entanto, ele advertiu que esses resultados não significam que o estilo de vida pode substituir o tratamento, e disse que os pacientes não devem renunciar à conduta padrão no tratamento da própria doença.

"Ninguém quer se submeter a quimioterapia", disse o Dr. Hayes. "Nós entendemos isso, mas a quimioterapia claramente salva vidas".

"As pessoas não devem interpretar esses dois resumos como sugestão de que, se você tem um estilo de vida saudável e come nozes, não precisa usar a quimioterapia que seu oncologista recomenda", acrescentou. "Essa é uma interpretação muito perigosa".

O estudo de Erin (resumo 10006) foi financiado pelo National Cancer Institute dos National Institutes of Health; o estudo do Dr. Fadelu (resumo 3517) foi financiado pelo National Cancer Institute e por Pfizer. Erin e o Dr. Fadelu não declararam relações financeiras relevantes, embora múltiplos coautores de ambos estudos tenham declarado relações com a indústria. O Dr. Hayes relata possuir ações e receber lucros de propriedade de OncoImmune e InBiomotion; honorários de Lilly; financiamento de pesquisa (institutional) de Janssen, AstraZeneca, Puma Biotechnology, Pfizer, Lilly e Merrimack/Parexel; patentes, royalties e outras propriedades intelectuais com royalties de tecnologia licenciada a Janssen Diagnostics a respeito de células tumorais circulantes; e despesas de viagem, acomodação e gastos recebidos de Janssen Diagnostics.

Encontro Anual da American Society of Clinical Oncology. Resumos 10006 e 3517, apresentados, respectivamente, em 2 de junho e 3 de junho de 2017.

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501255#vp_2

Diretriz da Academia Americana de Pediatria: nada de suco de frutas para os bebês

A American Academy of Pediatrics (AAP) emitiu novas recomendações sobre o consumo adequado de suco de frutas para lactentes, crianças pequenas, crianças maiores e adolescentes, começando com o conselho de evitar completamente suco de frutas no primeiro ano de vida.

"Os pediatras desempenham um papel central na saúde e na nutrição das crianças, orientando as crianças e os pais delas", escrevem o Dr. Melvin Heyman, médico da University of California, em San Francisco, e colaboradores. "A avaliação abrangente e as recomendações quanto aos hábitos alimentares adequados, incluindo o consumo de frutas inteiras em vez de suco de frutas, podem ajudar a incentivar o apoio dos pais ao ganho de peso saudável", acrescentam os pesquisadores.
A diretriz foi publicada on-line em 22 de maio no periódico Pediatrics.

Dr. Heyman e colaboradores enfatizam que os bebês devem ser alimentados apenas com leite materno – ou fórmula infantil, quando o aleitamento materno não for possível –, até aproximadamente os seis meses de idade. "Não há indicação nutricional para dar suco de frutas a bebês com menos de seis meses de idade", escrevem os autores. Para os bebês com mais de seis meses, os pais devem ser orientados a dar o suco em um copo, não na mamadeira, caso o suco de frutas seja necessário por indicação médica.

"Os bebês podem ser incentivados a consumir frutas inteiras amassadas ou em purê", continuam os autores. "Após um ano de idade, o suco de frutas pode fazer parte de uma refeição ou de um lanche". Quando esta bebida é usada como parte de uma alimentação saudável para crianças acima de um ano de idade, os pais devem comprar somente suco de frutas 100% frescas ou suco de frutas reconstituído. Os autores esclarecem que os refrescos de fruta não equivalem ao suco de fruta em termos nutricionais.

A quantidade de suco consumido não deve exceder 120 mL (4 oz) por dia para as crianças de um aos três anos de idade, e 120 a 180 mL (4 a 6 oz) por dia para as crianças entre os quatro e os seis anos de idade. Para as crianças mais velhas e os adolescentes, o consumo de 240 mL (8 oz) de suco por dia é mais do que suficiente.

Além disso, deve-se evitar dar sucos para as crianças na hora de dormir, enfatizam os autores, e as crianças não devem tomar suco ao longo do dia copos cobertos ou na mamadeira.

Os bebês com mais de um ano e crianças pequenas também devem ser incentivados a comer frutas inteiras, e os pediatras, por sua vez, devem fazer a parte deles, apoiando as políticas que reduzam o consumo do suco de frutas entre bebês acima de um ano de idade e crianças pequenas.

"A ingestão de uma grande quantidade de sucos pode contribuir para a ocorrência de diarreia, nutrição excessiva ou deficiente, e para a ocorrência de cáries dentárias", escrevem os autores. "A diluição do suco com água não necessariamente diminui os riscos para a saúde dos dentes".

Ao avaliar crianças com sinais clínicos de deficiências nutricionais, os autores relembram aos pediatras que eles devem perguntar aos pais a quantidade de suco de frutas que seus filhos estão ingerindo, já que esta pode ser uma fonte de desregulação nutricional nas crianças. O mesmo deve ser feito para as crianças com queixa de diarreia crônica, flatulência excessiva ou dor ou distensão abdominal, e os médicos precisam assegurar que os pais compreendam o quanto os sucos de frutas podem ser nocivos para a saúde dentária.

Os pais também precisam ser advertidos contra o uso de suco de frutas para tratar a diarreia ou a desidratação. "O consumo de sucos não pasteurizados deve ser fortemente desencorajado para lactentes, crianças e adolescentes", escrevem Dr. Heyman e colaboradores. "O suco de toranja (grapefruit) deve ser evitado para qualquer criança que tome algum medicamento metabolizado pela enzima CYP3A4", advertem os autores.

As crianças mais velhas e os adolescentes também devem ser incentivados a comer as frutas inteiras em vez do suco de frutas, de modo a aumentar a ingestão de fibras. Os pais também precisam perceber que a água e o leite com baixo teor de gordura ou desnatado são mais do que adequados para satisfazer as necessidades hídricas das crianças mais velhas.

"Os pediatras também podem defender mudanças nas políticas públicas, especialmente nas escolas, onde a maior ingestão de frutas e vegetais tem sido associada a políticas que promovem escolhas nutricionais mais saudáveis", observam os autores.

Os autores informaram não possuir conflitos de interesses.
Pediatrics. Publicado on-line em 22 de maio de 2017

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501260


Meditação: nem tudo são flores

Uma recente pesquisa mostrou que pessoas que meditam podem ter experiências inesperadas, complicadas, difíceis, angustiantes, que podem inclusive causar prejuízo funcional.
As dificuldades encontradas na meditação budista são bem descritas na tradição budista, o que não ocorre na mesma proporção na literatura científica ocidental, dizem os pesquisadores.

"Evidentemente, não estamos tentando depreciar os muitos benefícios da meditação, todos devidamente comprovados. Mas não é porque algo é bom que devemos ignorar suas demais possibilidades", afirmou ao Medscape Jared Lindahl, PhD e professor-assistente visitante do Brown University Cogut Center for the Humanities, em Providence, Rhode Island.

"Escolhemos especificamente pessoas que pudessem falar sobre experiências inesperadas, complicadas, difíceis, angustiantes ou que tenham causado prejuízo funcional. Nós queríamos aprofundar o conhecimento sobre o assunto. Pensamos que isso é de fato importante para a pesquisa sobre meditação, porque este campo está crescendo", explicou Lindahl.

O estudo foi publicado on-line em 24 de maio no periódico PLOS ONE.

Experiências inesperadas

No intuito de compreender a extensão das experiências vivenciadas pelos budistas ocidentais praticantes de meditação, os pesquisadores entrevistaram quase 100 praticantes e professores de meditação de cada uma das três principais escolas budistas: Theravāda, Zen e Tibetana.

Os autores utilizaram métodos de pesquisa qualitativa para analisar as entrevistas e métodos padronizados de avaliação de causalidade, a fim de assegurar a probabilidade de a meditação ter desempenhado um papel causal nas experiências documentadas.

Com base nessas entrevistas, os pesquisadores desenvolveram uma taxonomia de 59 experiências organizadas em sete domínios: cognitivo, perceptivo, afetivo (emoções e humores), somático (relativos ao corpo), conativo (motivação ou vontade), senso de identidade e social.

Todos os praticantes de meditação descreveram diversas experiências inesperadas nos sete domínios. Por exemplo, uma experiência difícil muito relatada no domínio perceptivo foi a hipersensibilidade à luz ou ao som. Alterações somáticas também foram mencionadas, tais como, insônia ou movimentos involuntários do corpo.

Experiências emocionais difíceis foram o medo, a ansiedade, o pânico ou a perda de todas as emoções, afirmaram os pesquisadores.

A duração dos efeitos descritos pelos entrevistados variou bastante, indo de alguns dias a meses, ou até mais de uma década, de acordo com os pesquisadores.

Algumas experiências eram francamente desejáveis, como o sentimento de unidade ou união com os outros, mas alguns praticantes disseram que esses sentimentos foram longe demais ou duraram tempo demais, ou que se sentiram violados, expostos ou desorientados.

Algumas pessoas que tiveram experiências de meditação positivas durante retiros, contaram que a persistência dessas experiências interferiu na capacidade de funcionamento ou de trabalho, quando deixaram o retiro e retornaram à vida normal.

Os pesquisadores também identificaram categorias de "fatores de influência" ou circunstâncias que podem afetar a intensidade, a duração ou o sofrimento (ou comprometimento) associado. "Há uma série de fatores passíveis de exercer alguma influência, que fazem parte da história e constituem a razão pela qual certos fenômenos podem ser angustiantes ou negativos para uma pessoa, mas não para outra", disse Lindahl.

Muitos instrutores de meditação citaram a intensidade da prática, a história psiquiátrica ou o histórico de trauma do praticante, e observaram que a qualidade da supervisão é importante. No entanto, esses fatores pareceram só fazer diferença para alguns praticantes.

"Os resultados também desafiam outras atribuições causais comuns, como o pressuposto de que as dificuldades relacionadas com a meditação só acontecem com pessoas com doenças predisponentes (história psiquiátrica ou história de traumas), que participam de retiros longos ou intensivos, que são mal supervisionadas, que praticam incorretamente ou cuja preparação é inadequada ", observaram os autores no artigo.

Tipos de meditação

A coautora do estudo, Willoughby Britton, PhD e professora assistente do Departamento de Psiquiatria e Comportamento Humano da Brown University, descreveu os fatores de influência identificados como "hipóteses testáveis" do que poderia afetar a trajetória de um praticante de meditação.

Por exemplo, novas pesquisas poderiam investigar se determinados tipos de prática estão associados a diferentes tipos de experiências difíceis, ou se o grau de suporte social percebido influencia a duração do sofrimento e do comprometimento.

"As pessoas meditam por motivos muito diferentes, têm constituições diferentes e podem precisar de diferentes tipos de abordagem", disse Willoughby ao Medscape.

"A boa notícia é que existem vários programas e diferentes práticas disponíveis por aí. Basta procurar um pouco e se informar antes de escolher para que as pessoas encontrem boas alternativas ao que procuram", afirmou.

"Mas eu acho que muitas vezes as pessoas topam fazer o que for mais conveniente ou o que tiver uma propaganda mais apelativa, e esta nem sempre é uma opção condizente com a constituição ou os objetivos delas".

"Nossa esperança em longo prazo é que esta pesquisa, bem como as próximas pesquisas, possam ser usadas pela comunidade de praticantes de meditação para criar sistemas de suporte para toda a gama de experiências relacionadas com a meditação", afirmou Willoughby em um comunicado à imprensa.
"De fato, o primeiro passo é reconhecer a diversidade de experiências que as pessoas podem vir a ter".

Publicado na: PLoS One. Publicado on-line em 24 de maio de 2017.

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501285