Mostrando postagens classificadas por data para a consulta bisfenol. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta bisfenol. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de março de 2011

Distância entre ânus e testículos é associada à fertilidade

Homens que têm a medida entre o ânus e a base do escroto menor do que a média (que é de 52 mm) sofrem risco sete vezes maior de infertilidade. O dado é de estudo publicado ontem no "Environmental Health Perspectives".

A distância, segundo a pesquisa, é ligada à contagem de esperma. Quando menor a distância, menor a contagem.

Essa descoberta oferece um método simples de teste, afirma Shanna Swan, da Universidade de Rochester, nos EUA, coautora do estudo. A pesquisadora afirma que o exame não é invasivo e seu resultado não é influenciado por estresse ou pelo clima, fatores que podem alterar a contagem de esperma.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores tomaram medidas de 126 homens nascidos a partir de 1988.

O estudo não explica por que alguns homens têm essa distância menor. Mas pesquisas anteriores analisaram a ligação entre a exposição das grávidas a certos compostos químicos, os ftalatos, e o nascimento de meninos com medida anogenital menor.

Os ftalatos são usados em perfumes, xampus, plásticos e pesticidas. Nesses estudos, foi demonstrado que mulheres com níveis mais altos de ftalatos na urina tiveram um risco dez vezes maior de ter filhos com distância anogenital menor que a média.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/884891-distancia-entre-anus-e-testiculos-e-associada-a-fertilidade.shtml

Obs: Mais sobre Ftalatos nos seguintes posts:
Obs: Mais sobre Infertilidade e contaminantes ambientais nos seguintes posts:

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa

Um dos palestrantes do Fórum, Peter Rembischevski, adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.

Proibir totalmente a utilização ou estabelecer outro valor de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA), composto encontrado na fabricação de policarbonato – um tipo de resina utilizada na produção de plásticos que entram em contato com alimento – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania realizado dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), Peter abordou sobre o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo-SBEM-SP.

Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo devido a diferentes interpretações e critérios de aceitação dos estudos envolvendo animais, o que tem levado a diferenças nas avaliações de risco desta substância, causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A exposição de Bisfenol-A pelo organismo por meio subcutâneo ou intravenoso, que têm sido as vias mais empregadas nos estudos em animais, é diferente se comparada com a ingestão por via oral, que é a principal rota de exposição em humanos.

Os organismos dos animais e dos humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie será também para a outra. A correlação inter-espécies é um dos principais desafios da toxicologia. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não têm sido capazes de sustentar sua proibição, devido a limitações em seus desenhos experimentais”.

Ele reforça que talvez a discussão seja pautada sobre o limiar da dose, abaixo da qual não se produz efeito adverso, citando por exemplo o caso do ferro, cuja carência leva à anemia, mas seu excesso é tóxico ao organismo. Afinal, “a dose faz o veneno” – uma dose suficientemente baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância, por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.

Nova Era – Peter ressalta que apesar de ainda não haver consenso, as autoridades de regulação de um modo geral têm mudado sua postura em relação às substâncias químicas, e hoje não esperam ter a certeza se uma substância é nociva ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, os países tem utilizado mais o Princípio da Precaução – o que significa que mesmo antes de se ter uma certeza científica, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros restritivos de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro.

Antigamente, esperava-se anos até que se confirmasse os resultados das pesquisas. Há inclusive situações em que as autoridades incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto, como é o caso do Bisfenol A. Neste contexto, Peter ainda reforça que o mercado, mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras, já está mudando.

Em alguns países, produtos com Bisfenol A já estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, uma análise conduzida no Japão com alguns indivíduos revelou que a concentração de BPA no organismo reduziu em até 50 %, quando comparado a dados de anos anteriores, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.

Confira a apresentação de Peter
Apresentação Bisfenol SP 2010


Fonte: http://sbemsp.org.br/bpa/?p=278

Bisfenol-A como disruptor endócrino

Cerca de 11 milhões de substâncias químicas são capazes de desequilibrar o sistema endócrino de um organismo saudável, deixando sequelas, muitas vezes irreversíveis, como por exemplo, a infertilidade.

Entre essa “população” de desreguladores endócrinos, uma tem sido a vedete das investigações científicas em animais, em vários países. Trata-se de uma substância tóxica presente há mais de 100 anos na vida das pessoas de vários cantos do planeta e hoje faz parte do modo de vida da sociedade atual.

“O Bisfenol-A é encontrado no ar que respiramos, na água que ingerimos, e nos alimentos que consumimos, pois ele se desprende dos materiais que estão acondicionados em embalagens desenvolvidas à base de policarbonato(plástico), nos enlatados revestidos de Bisfenol-A para evitar ferrugem, no momento de lavar um utensílio com a bucha da pia, além de poder ser encontrado na salivação devido o contato com as resinas dentárias, feitas à base dessa substância. Sem contar com o contato por meio de outras formas de consumo.

Esse desregulador tem sido matéria de pesquisas, no Brasil ainda embrionárias, mas avançandas. Por isso, estamos atentos ao movimento no mundo que regulamenta a retirada dessa substância das embalagens. Várias indústrias já estão retirando-a das embalagens dos produtos.”, afirma Dra. Elaine Frade Costa, endocrinologista da SBEM-SP(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo).

No Brasil, a discussão sobre o tema é embrionária por isso, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo – SBEM-SP criou a Campanha Contra os Desreguladores Endócrinos, com slogan ”Diga não ao bisfenol-A, a vida não tem plano B” para fomentar a sociedade com informações com objetivo de prevenção. Como primeira ação realizou o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania na Sede do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

Para entender melhor sobre a complexidade em especial da ação do Bisfenol-A a reportagem do Blog ouviu uma das endocrinologistas integrantes do GTDE (Grupo de Trabalho dos Desreguladores Endócrinos da SBEM-SP), Dra. Elaine Frade Costa, para entender o porque essa substância é tão nociva à saúde.

Blog – Como o desregulador endócrino, Bisfenol-A, modifica o metabolismo?
Elaine – O Bisfenol-A, em específico, funciona como um hormônio, o estrogênio e, ao entrar na corrente sanguínea, age nos tecidos, provocando alterações. Essa substância tem similaridade com o hormônio feminino e pode exercer sua função, determinando puberdade precoce, câncer de mama e infertilidade. Em animais, o BPA também causou diabetes, obesidade, alterações no comportamento, hiperatividade , de acordo com pesquisas realizadas por diversas universidades no mundo.

Blog – De que forma acontece o contato com o Bisfenol-A?
Elaine – O contato acontece de várias formas, dentre elas, pela ingestão de alimentos e pelo contato com a pele. Isso acontece porque o Bisfenol-A desprende-se facilmente passando de uma embalagem, por exemplo, para um produto alimentício.

Blog – Existe alguma regulamentação, um limite de migração de Bisfenol-A das embalagens para os alimentos ?
Elaine – A ANVISA determina que a quantidade tolerada é de 0,6 mg/kg de alimento, ou seja, o alimento pode conter até 0,6 mg de BPA por kilo. De acordo com os especialistas, ingerimos cerca de 10 microgramas de BPA por dia. Mas se consumirmos essa quantidade em cada alimento, imagine quanto não consumimos se a maioria dos produtos possui essa substância.

Blog – Quais as consequências?
Elaine – Segundo estudos realizados fora do país em animais, a presença de Bisfenol-A foi associada a uma série de doenças, dentre elas: endometriose (doença que causa infertilidade), Câncer de mama e de próstata, déficit de atenção, de memória visual e motor, diabetes, diminuição da qualidade de esperma em adultos, fibromas uterinos, gestação ectópica, hiperatividade , etc.

Blog – Como evitar a contaminação?
Elaine – A mudança de hábito é fundamental para diminuir a presença de Bisfenol-A no organismo. À princípio, evitar embalagens alimentícias à base de plástico (policarbonato) e enlatados contendo o símbolo triângulo com os números 3 e 7. É preciso reforçar também que o plástico libera mais Bisfenol-A quando aquecido ou congelado. Ou seja, apresenta maior potencial de contaminação.

Blog – Quais são as outras ações que integram essa campanha?
Elaine – A SBEM-SP busca estreitar o relacionamento com o governo para impulsionar mudanças no consumo dessa substância na sociedade. Precisamos de uma regulamentação do consumo do Bisfenol-A, a fim de promover mudanças como estão fazendo outros países. Além disso, queremos impulsionar políticas de educação e gestão ambiental. Porém, nosso trabalho é árduo, até que se consiga modificar isso. Nosso segundo passo é investir em pesquisas para podermos dosar, no sangue, o Bisfenol-A e relacioná-lo com doenças. Por meio de dados mais concretos teremos como provar e investir para que se regularize a dose mais segura para o consumo ou simplesmente conseguir retirá-lo do mercado como fizeram outros países. Nesse caso, a indústria terá que substituir a substância e encontrar alternativas. Hoje, não existe legislação e, portanto, a maioria das embalagens não reforçam essa informação. É preciso esclarecer que, embora seja difícil comprovar a relação direta entre BPA e doenças em seres humanos pela impossibilidade de experimentação, os resultados em animais e as observações populacionais sugerem fortemente a existência de efeitos indesejáveis sobre o sistema endócrino. Desta forma, a substância deve ser retirada obedecendo-se o principio da precaução, até que sua inocuidade seja comprovada. É um direito previsto no Código de Defesa do Consumidor.

Fonte: http://sbemsp.org.br/bpa/?p=490

Portugal proíbe o uso do bisfenol na produção de mamadeiras

Portugal também adere à proibição do bisfenol A (BPA) na fabricação de mamadeiras de plástico.
A medida foi aprovada nesta quinta-feira em Conselho de Ministros em Portugal, ao abrigo de um decreto-Lei que transpõe uma diretiva europeia, que tem por objetivo proteger a saúde das crianças, principal alvo de contaminação da substância.

Na nota, o Executivo esclarece que a decisão de proibir o uso do bisfenol A na fabricação desses utensílios, surge da necessidade de “reduzir, por razões de saúde, a exposição dos lactentes a essa substância, transpondo uma diretiva comunitária sobre a matéria”.

A proibição deverá ser mantida como medida preventiva, pelo menos, até que estejam disponíveis novos dados “científicos que esclareçam sobre a importância toxicológica de alguns dos efeitos da utilização de BPA na fabricação e a colocação no mercado de mamadeiras”, refere o comunicado.

O BPA é utilizado para produzir plásticos de policarbonato usado em mamadeiras. A razão para a sua proibição prende-se com o fato de estudos terem comprovado que quando as mamadeiras são aquecidas em certas condições, pequenas quantidades dessa substância podem migrar dos recipientes para os alimentos e bebidas a ser ingeridas.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Bisfenol (BPA) e estudos recentes

Muita gente chega aqui no blog ao procurar sobre Bisfenol no google.  Afinal, o que é o Bifesnol ? Por que estão falando tanto dele? Por que está sendo proibido em alguns países ? Quais seus reais impactos sobre a saúde humana ?

Conceito

O Bisfenol-A (BPA) é um composto utilizado na fabricação do policarbonato,  um tipo de plástico rígido e transparente. Serve para diluir a resina de poliéster a fim de torná-la mais líquida e facilitar sua laminação.

Onde está presente

O BPA está presente em recipientes de alimentos e bebidas, como mamadeiras, embalagens plásticas e copos infantis. Além disso, pode ser encontrado no revestimento interno (forro) de enlatados (para evitar a oxidação), garrafas reutilizáveis de água (do tipo squeeze) e garrafões de água mineral. Também é encontrado em uma variedade de produtos, incluindo lentes de óculos, CDs e DVDs, computadores,  eletrodomésticos, ferramentas pesadas, equipamentos esportivos, equipamentos médicos. As resinas epóxi são facilmente formadas e resistem a químicos, o que fazem delas úteis em produtos tais como placas de circuito impresso, tintas e adesivos, selantes dentais e película de revestimento interno de latas de metal. Os produtos plásticos compostos por BPA, comercialmente produzidos desde a década de 50, tornaram-se onipresentes devido a resistência de seus fragmentos, transparência visual e  por ter alta resistência ao calor e à eletricidade.

O problema

Com o passar dos tempos, a colagem que conecta os blocos feitos com o BPA, deteriora, liberando moléculas de BPA. A quantidade liberada é realmente muito baixa, mas os plásticos estão tão dispersos — estão presentes nas mamadeiras infantis, nas garrafas d’água, nas latas de metal para alimentos, nas embalagens para estocar alimentos, que a população está constantemente sendo exposta a estas pequenas contaminações.

Num estudo de 2003-2004, feito pelo CDC/U.S. Centers for Disease Control (nt.: Centros de Controle de Doenças dos EUA, equivale ao Ministério da Saúde brasileiro), perto de 93% das pessoas testadas, com idade de seis anos e acima, tinham BPA A detectável em suas urinas; as fêmeas tinham níveis um pouco mais altos do que os machos.  Estudo recente publicado pela Universidade da California, mostrou que 96% das gestantes estudas na California, apresentavam BPA na urina.

O BPA é uma substância que se enquadra no grupo dos Disruptores endócrinos, ou também denominados de Desreguladores endócrinos. O próprio nome já diz, é uma substância química semelhante a um hormônio que promove alterações no sistema endócrino (mimetiza hormônios, se liga a receptores hormonais, ativa substâncias hormônio-dependentes).

Diversos estudos científicos têm encontrado efeitos notáveis da exposição perinatal do BPA, que incluem:
1) Alterações no desenvolvimento da próstata e da glândula mamária;
2) Hiperplasia intraductal e lesões pré-neoplásicas da glândula mamária na idade adulta;
3) Alterações no útero e ovário;
4) Alterações ligadas ao dimorfismo sexual no adulto;
5) Alterações comportamentais, tais como hiperatividade, aumento de agressividade e déficit de atenção;
6) Alterações no comportamento sexual;
7) Aumento da susceptibilidade ao vício de drogas.
8) Alterações tireoideanas

Embora os riscos inerentes à exposição ao BPA sejam no desenvolvimento fetal, bebês, crianças e mulheres grávidas, há também uma grande preocupação com os efeitos dessa substância em adultos. Tem sido relatado em estudos científicos que o bisfenol-A pode estar relacionado com doença cardiovascular, diabetes, obesidade e disfunção hepática.

Panorama no Brasil

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) limita o uso da substância em 0,6 mg para cada quilo de embalagem.
Já na União Europeia  a partir desse ano está proibida a fabricação de mamadeiras com o BPA. Mas atualmente ainda não há um consenso sobre a recomendação no uso desta substância.

Em novembro de 2010 a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu um encontro com especialistas para avaliar as evidências científicas sobre o tema e concluiu que os alimentos são, de fato, a principal fonte de exposição ao BPA. Produtos como brinquedos, resina dentária e papel de nota fiscal teriam importância menor. Os especialistas afirmaram, porém, que os níveis de BPA encontrados em humanos são baixos, indicando que o químico é rapidamente metabolizado e eliminado pela urina.

Médicos conscientes

“O problema é que estamos expostos a uma contaminação contínua e há uma ação combinada do bisfenol com outros desreguladores endócrinos presentes no cotidiano, como agrotóxicos e até o fitoestrógeno da soja. Não se sabe até que ponto um pode potencializar o outro”, afirma a médica Ieda Verreschi, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo. A entidade promoveu no final de 2010 um fórum sobre o assunto e lançou a campanha Diga Não ao Bisfenol A, a Vida Não Tem Plano B. Segundo Dra. Ieda, há indícios de que os desreguladores endócrinos são perigosos mesmo em concentrações inferiores ao limite permitido pela legislação. “Nesse caso, vale o princípio da precaução. Devemos considerar o bisfenol como potencialmente perigoso até provar o contrário.”

Bem, a ANVISA afirma que não há estudos suficientes para proibir a utilização do mesmo na fabricação de determinados plásticos.  Mas a União Européia foi um pouco cautelosa e proibiu pelo menos em mamadeiras. O que já é um avanço ! 



Atualidade

Essa semana um jornal de Brasília me procurou pra uma entrevista sobre o tema, sendo assim fiz uma busca sobre o que havia de mais atual sobre Bisfenol. Até o momento em 2011 (sim,  2011) foram publicados na maior base de dados (Pubmed) "somente" 17 artigos sobre o Bisfenol: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=bisphenol

Quase que semanalmente estão publicando estudos sobre BPA.

Os mais recentes mostram correlação entre BPA e desenvolvimento de hiperatividade e déficit de atenção em filhotes de ratas expostas a baixas doses de BPA durante a gestação.
Artigo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21277317

Outro estudo mostra que que exposição ao BPA durante a gestação e lactação leva a alterações morfológicas no cérebro dos filhotes e com isso alterações comportamentais na fase adulta.
Artigo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21277127

A faculdade de Harvard publicou um artigo sobre BPA e saúde de crianças e afirmam categoricamente que apesar de AINDA não existirem estudos em humanos, os estudos em animais mostram alterações. Portanto o BPA é uma substância preocupante e profissionais de saúde devem orientar os pacientes a evitarem exposição.
Artigo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21293273

Dicas para evitar exposição ao BPA


1 – Use mamadeiras e utensílios de vidro ou bpa free para os bebês

2 – Não esquente embalagens de plástico com bebidas e alimentos no microondas. O bisfenol é liberado em maiores quantidades quando o  plástico é aquecido.

3 – Evite o consumo de alimentos e bebidas enlatadas, pois o bisfenol é utilizado como resina époxi no revestimento destas embalagens.
4 – Evite pratos, copos e outros utensílios de plástico. Opte pelo vidro, porcelana e aço inoxidável na hora de armazenar bebidas e alimentos.
5 – Descarte utensílios de plástico lascados ou arranhados. Evite lavá-los com detergentes fortes ou colocá-los na máquina de lavar louças

6 – Caso utilize embalagens plásticas (tanto de garrafas quanto embalagens alimentares) evitar o uso de embalagens que tenham os símbolos de reciclagem 3 (V) e 7 (PC) na parte posterior da embalagem, eles podem conter bisfenol-A em sua composição .

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Contaminação ambiental e grávidas

Segundo um estudo feito pela Universidade da Califórnia (UCLA) e divulgado semana passada pelo Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental dos Estados Unidos, a grande maioria das mulheres grávidas possuem no organismo substâncias químicas potencialmente danosas para a própria saúde e do concepto.

Background: O estudo avaliou dados de monitorização do National Health and Nutritional Examination Survey (NHANES) para caracterizar tanto exposição individual ou múltipla em gestantes americanas.

Metodologia: O estudo utilizou 268 gestantes (no período de 2003-2004) e avaliou 163 analitos químicos em 12 classes quimicas. Para cada analito quimico, foi calculado descritivo estatístico. Os autores calcularam o numero de produtos quimicos detectados dentro das classes químicas de:
  1. Éteres difenil polibromados (PBDEs): PBB-153; PBDE-17; PBDE-28; PBDE-47; PBDE-66; PBDE-85; PBDE-99; PBDE-100; PBDE-153; BDE-154; PBDE-183. O que eles fazem: PBDEs são um grupo de químicos utilizados como anti-inflamáveis, o que significa que eles reduzem a possibilidade de um material pegar fogo ou diminuem a velocidade da queima. Onde são encontrados: PBDEs são encontrados em TVs, computadores, insulação de cabos e espuma de móveis. Ao longo do tempo, TVs e outros produtos liberam PBDEs que se acumula na poeira. Mais de 56 milhões de PBDEs são produzidos anualmente no mundo e eles não se desintegram facilmente. Como estamos expostos: Engolir poeira contaminada com PBDE e o contato com essa poeira são as duas principais rotas do químico para nosso corpo, eles depois se acumulam no tecido adiposo. Podemos também nos expor pela comida ou água. Bebês recém-nascidos que são amamentados estão expostos aos PBDEs pelo leite da mãe e possuem uma exposição maís alta comparada ao seu peso, seguida de bebês e crianças pequenas de acordo com dados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (Centers for Disease Control and Prevention). Níveis em humanos têm crescido rapidamente desde que os PBDEs foram introduzidos nas décadas de 1960 e 1970. Efeitos na saúde: PBDEs acumulam no corpo. Testes toxicológicos mostram que o PBDEs podem danificar o fígado e os rins e afetar o cérebro e o comportamento, de acordo com o EPA. Regulamentação nos Estados Unidos: Em dezembro o EPA classificou os PBDEs como “químicos preocupantes”. O que você pode fazer para diminuir sua exposição: Evite comprar produtos que sejam anti-inflamáveis e não deixe poeira acumular em sua casa.
  2. Compostos perfluorados (PFCs): Perfluorooctanoic acid (PFOA); Perfluorooctane sulfonic acid (PFOS); Perfluorohexane sulfonic acid (PFHxS); 2-(n-Ethyl-perfluorooctane sulfonamido) acetic acid (Et-PFOSA-AcOH); 2-(n-Methyl- perfluorooctane sulfonamido) acetate (Me-PFOSA-AcOH); Perfluorodecanoic acid (PFDeA); Perfluorobutane sulfonic acid (PFBuS); Perfluoroheptanoic acid (PFHpA); Perfluorononanoic acid (PFNA); Perfluorooctane sulfonamide (PFOSA); Perfluoroundecanoic acid (PFUA); Perfluorododecanoic acid (PFDoA).  O que faz: O PFOA é usado na produção de Teflon e milhares de outros produtos não aderentes e resistentes a manchas e à água. Onde é encontrado: O PFOA está presente no Teflon e em outros revestimentos não aderentes e resistentes a manchas ou à água. Esses revestimentos são usados em equipamentos culinários, roupas resistentes à água, móveis, carpetes e milhares de outras aplicações industriais. O PFOA também pode se formar na quebra ou degradação desses produtos. Como estamos expostos: Respirando ar contaminado e comendo bebidas e alimentos contaminados. Alguns pesquisadores afirmam que panelas não aderentes soltam vapores de PFOA que contaminam a comida preparada. Efeitos na saúde: Quase todas as pessoas possuem PFOA em seu sangue. O PFOA causa câncer e problemas de desenvolvimento em animais de laboratório. O EPA concluiu em sua pesquisa que o PFOA provavelmente é carcinogênico mas as pesquisas não foram suficientes para determinar seu potencial carcinogênico em humanos. Regulamentação nos Estados Unidos: O PFOA é considerado um “químico preocupante”pelo EPA. O que você pode fazer para diminuir sua exposição: O EPA não recomenda nenhuma ação para diminuir a exposição ao PFOA. Você pode reduzir sua exposição usando panelas de aço inox ou ferro. Caso utilize panelas não aderentes, não as esquente demasiadamente, pois podem liberar gases tóxicos.
  3. Bifenilo policlorados (PCBs): PCB-28;PCB-44;PCB-49;PCB-52;PCB-66;PCB-74;PCB-81;PCB-87;PCB-99;PCB-101;PCB-105;PCB-110;PCB-118;PCB-126;PCB-128;PCB-138;PCB-146;PCB-149;PCB-151;PCB-153;PCB-156;PCB-157;PCB-167;PCB-169;PCB-170;PCB-172;PCB-177;PCB-178;PCB-180;PCB-183;PCB-187;PCB-189;PCB-194;PCB-195;PCB-196;PCB-199;PCB-203;PCB-206;PCB-209
  4. Dioxinasfuranos policlorados: 1,2,3,7,8-Pentachlorodibenzo-ρ-dioxin (PeCDD); 1,2,3,4,7,8-Hexachlorodibenzo-ρ-dioxin (HxCDD); 1,2,3,6,7,8-Hexachlorodibenzo-ρ-dioxin (HxCDD); 1,2,3,7,8,9-Hexachlorodibenzo-ρ-dioxin (HxCDD); 1,2,3,4,6,7,8-Heptachlororodibenzo-ρ-dioxin (HpCDD); 1,2,3,4,6,7,8,9-Octachlorodibenzo-ρ-dioxin(OCDD); 2,3,7,8-Tetrachlorodienzo-ρ-dioxin (TCDD); 2,3,7,8,-Tetrachlorodibenzofuran (TCDF); 1,2,3,7,8-Pentachlorodibenzofuran (PeCDF); 2,3,4,7,8-Pentachlorodibenzofuran (PeCDF); 1,2,3,4,7,8-Hexachlorodibenzofuran (HxCDF); 1,2,3,6,7,8-Hexachlorodibenzofuran (HxCDF); 1,2,3,7,8,9-Hexachlorodibenzofuran (HxCDF); 2,3,4,6,7,8-Hexchlorodibenzofuran (HxCDF); 1,2,3,4,6,7,8-Heptachlorodibenzofuran (HpCDF); 1,2,3,4,7,8,9-Heptachlorodibenzofuran (HpCDF); 1,2,3,4,6,7,8,9-Octachlorodibenzofuran (OCDF)
  5. Pesticidas organoclorados: Aldrin e Dieldrin; Oxychlordane; Heptachlor epoxide; trans-Nonachlor; Dichlorodiphenyltrichloroethane (DDT); p,p’ - Dichlorodiphenyltrichloroethane (DDT); p,p’ - Dichlorodiphenyldichloroethene (DDE); o,p’ - Dichlorodiphenyltrichloroethene; Endrin; Hexachlorobenzene; beta- Hexachlorocyclohexane; gamma- Hexachlorocyclohexane (Lindane); Mirex.
  6. Pesticidas organofosforados: Dimethylphosphate (DMP); Diethylphosphate (DEP); Dimethylthiophosphate (DMTP); Diethylthiophosphate (DETP); Dimethyldithiophosphate (DMDTP); Diethyldithiophosphate (DEDTP).
  7. Fenóis ambientais: Bisphenol-A; Triclosan; Benzophenone-3; 4-tert-Octylphenol
  8. Ftalatos:  Mono-benzyl phthalate (MBzP); Mono-isobutyl phthalate (MiBP); Mono-n-butyl phthalate (MnBP); Mono-cyclohexyl phthalate (MCHP); Mono-ethyl phthalate (MEP); Mono-2-ethylhexyl phthalate (MEHP); Mono-(2-ethyl-5-hydroxyhexyl) phthalate (MEHHP); Mono-(2-ethyl-5-oxohexyl) phthalate (MEOHP); Mono-(2-ethyl-5-carboxypentyl) phthalate (MECPP); Mono-isononyl phthalate (MiNP); Mono-methyl phthalate (MMP);  Mono-(3-carboxypropyl) phthalate (MCPP); Mono-n-octyl phthalate (MOP).  O que eles fazem: Essa família de químicos torna o plástico mais maleável. Eles também são usados como conectores de químicos. Onde são encontrados: Xampus, condicionadores, sprays de cabelo, perfumes, colônias, sabão, esmalte de unha, cortinas de plástico de banheiro, cânulas médicas, bolsa para administração intravenosa, pisos de vinil, papéis de parede, embalagens alimentares e revestimento externo de capsulas programadas farmacêuticas. Como estamos expostos: Ftalatos são absorvidos pela no uso de produtos de higiene pessoal, ingerido em medicamentos, alimentos, água e poeira. Recém-nascidos podem ser expostos através do uso de xampus, loções e talcos. Fetos podem ser expostos ainda na barriga. Virtualmente todos estão expostos aos ftalatos. Efeitos na saúde: Um novo estudo feito pelo Mount Sinai Center for Children’s Environmental Health and Disease Prevention Research revelou uma associação estatística entre a exposição pré-natal de ftalatos e a incidência de ADHD – Transtorno do déficit de Atenção/Hiperatividade anos depois. Ftalatos são considerados interferentes endócrinos e estudos também revelaram uma associação estatística entre a exposição aos ftalatos e o desenvolvimento sexual masculino. Pesquisas também observaram que os ftalatos interferem no desenvolvimento reprodutivo em animais do sexo masculino em laboratório. Regulamentação nos Estados Unidos: Ftalatos estão na lista de “químicos preocupantes”do EPA. O FDA permite o uso de ftalatos em embalagens alimentares. O governo americano proibiu no ano passado o uso de 6 ftalatos na fabricação de brinquedos e produtos infantis. O que você pode fazer para diminuir sua exposição: Evite xampus, condicionadores e outros produtos de higiene pessoal que listem “fragrância”como um ingrediente. Elas podem conter ftalatos. (Empresas não precisam divulgar o ingrediente das fragrâncias e a indústria afirma que esse ftalato é seguro.) O governo americano recentemente eliminou uma fonte de exposição ao proibir a venda de brinquedos que contenham qualquer um dos 6 ftalatos.
  9. Compostos orgânicos voláteis (VOCs): Benzene; Chlorobenzene; 1,2-Dichlorobenzene; 1,3-Dichlorobenzene; 1,4-Dichlorobenzene; 1,2-Dibromo-3-chloropropane; 2,5-Dimethylfuran; Ethylbenzene; Dichloromethane (Methylene chloride); Trichloroethene; Tetrachloroethene; Dibromomethane; 1,1-Dichloroethane; 1,2-Dichloroethane; 1,1-Dichloroethene; cis-1,2-Dichloroethene; trans-1,2-Dichloroethene; 1,2-Dichloropropane ; 1,1,1-Trichloroethane; 1,1,2-Trichloroethane; 1,1,2,2-Tetrachloroethane; Tetrachloromethane (Carbon tetrachloride); Hexachloroethane; Methyl tert-butyl ether (MTBE); Nitrobenezene; Styrene; Toluene; o-Xylene; m- and p-Xylene; Bromodichloromethane; Dibromochloromethane; Tribromomethane (bromoform); Trichloromethane (chloroform). Os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) podem ser definidos como todos os compostos contendo carbono e que  participam de reações fotoquímicas na atmosfera, excluindo carbono elementar, monóxido e dióxido de carbono dentre outros. Estes compostos constituem uma classe de poluentes do ar emitidos na atmosfera predominantemente pela frota veicular (combustão de combustíveis fósseis e perdas evaporativas) e por processos industriais. Ultimamente, os COVs vêm sendo mais estudados devido aos problemas que podem acarretar ao meio ambiente, dentre os quais destacam-se a toxicidade intrínseca que alguns desses compostos apresentam aos seres vivos, além de outros prejuízos oriundos da formação fotoquímica de substâncias oxidantes.
  10. Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos: 2-Hydroxyfluorene; 3-Hydroxyfluorene; 9-Hydroxyfluorene; 1-Naphthol; 2-Naphthol; 1-Hydroxyphenanthrene; 2-Hydroxyphenanthrene; 3-Hydroxyphenanthrene; 4-Hydroxyphenanthrene; 1-Hydroxypyrene. Tem ação cancerígena bem estabelecida,nefrotoxicidade in vitro, imunotoxicidade, cardiotoxicidade (lesão endotelial), infertilidade.
  11. Cotinine
  12. Perclorato
  13. Metais: Cádmio, Chumbo e mercúrio
Foi comparado as concentrações do analito quimico para grávidas e não grávidas usando métodos estatísticos, ajustando para covariantes demográficas e fisiológicas. O percentual de mulheres grávidas com níveis detectáveis de um ou mais pesticidas variaram de 0 a 100%. 
Alguns Bifenilo policlorados (PCBs), Pesticidas organoclorados e fosforados, Compostos perfluorados (PFCs, Fenóis ambientais (Bisfenol-A,Triclosan; Benzophenone-3; 4-tert-Octylphenol), Éteres difenil polibromados (PBDEs); Fftalatos, Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos e Percloratos foram detectados em 99 a 100% das mulheres grávidas.




























BPA – BISFENOL-A

O que faz: BPA é um polimero usado na fabricação de plástico policarbonato, leve, transparente, resistente ao calor e quase inquebrável. É também usado em resinas epoxy.
Onde é encontrado: Garrafas de água, mamadeiras, embalagens plásticas para acondicionamento de alimentos reutilizáveis, talheres plásticos, copos infantis, revestimento interno (resina epóxi) em latas, tampas de jarras, CDs, equipamentos elétricos e eletrônicos e seladores dentais.
Como estamos expostos: Ao consumir alimentos ou bebidas acondicionadas em embalagens que contenham BPA. Crianças e bebês também podem se expor no contato com materiais que contenham BPA pela mão e depois a boca. O BPA também migra de seladores dentais em bocas de pacientes. Fetos são expostos já na barriga da mãe. Quase todos já se expos alguma vez na vida. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças no Estados Unidos encontrou BPA na urina de 93% das pessoas testadas.
Efeitos na saúde: O Conselho Americano da Indústria Química (American Chemistry Council), afirma que a exposição é tão baixa que não prejudica a saúde. Um estudo de 5 anos promovido pela organização Kaiser Permanente com trabalhadores chineses revelou a associação de altas doses de exposição ao BPA à redução na atividade sexual de homens. Essa pesquisa, juntamente com estudos recentes, sugere que o BPA é um potencial cancerígeno que atua como o estrogênio, hormônio feminino e interfere no extremamente delicado sistema endócrino. De acordo com o FDA (Food and Drug Administration), esses estudos sugerem que o BPA pode afetar o cérebro, o comportamento e a glândula da próstata em fetos, bebês e crianças.
Regulamentação nos Estados Unidos: O BPA foi declarado recentemente como um químico preocupante, uma das cinco substâncias que a agência está focando para obter maiores esclarecimentos e possivelmente uma regulamentação mais rígida. (As outras substâncias são: ftalatos, parafinas cloradas de cadeia curta, PBDEs e químicos perfluorados incluindo o PFOA). O FDA permite o uso do BPA em embalagens alimentares
O que você pode fazer para diminuir sua exposição: Compre embalagens e garrafas reutilizáveis para acondicionar alimentos e líquidos de aço inox e vidro. Se preferir o plástico, olhe o número de reciclagem na parte posterior do produto. Se ele tem o número 7, assuma que tem BPA, a não ser que esteja explicitamente dizendo que é BPA fere. Consuma alimentos congelados ou frescos ao invés de enlatados. Outras precauções incluem não esquentar no microondas ou colocar alimentos e bebidas quentes em embalagens plásticas e descartar mamadeiras e copos infantis de plástico que estejam arranhados.














O número médio de agentes quimicos detectados variaram de 4 a 9. Foi encontrado que geralmente as gestantes tinham níveis similares ou menores que as não-grávidas. Ajuste para covariantes tenderam a aumentar o nivel de mulheres grávidas comparados a não-grávidas.

Com relação ao metais tóxicos:







































Conclusão: O estudo conclui que da amostragem de 268 mulheres grávidas, 99% estavam expostas a diversos agentes químicos, tais como o mercúrio, cádmio e chumbo, metais pesados que podem atravessar a placenta e atingir o feto. Muitas das substâncias químicas presentes no sangue e na urina das gestantes estão associadas a múltiplas patologias (alterações neurológicas, infertilidade, disrupção endócrina, câncer). O que torna a situação mais preocupante é saber que muitas dessas substâncias já foram banidas há décadas no USA (como o DDT, um pesticida organoclorado) o que demonstra seu efeito acumulativo no ecossistema. Os responsáveis pelo estudo encontraram as mesmas substâncias químicas no corpo das não-grávidas, mas advertiram que os riscos são maiores entre as gestantes, pela possibilidade de os poluentes interferirem no desenvolvimento do feto.

Devido aos efeitos tóxicos que ainda não está bem estabelecidos, o diretor do estudo, Tracey Woodruff, aconselha que a população (principalmente as gestantes) tome medidas especiais para reduzir ao máximo a presença dessas substâncias.

1) Optar por produtos orgânicos;
2) Limpar (tirar o pó) a casa frequentemente evitando exposição a produtos químicos;
3) Lavar bem as mãos antes de comer;
4) Escolher os produtos de higiene que contenham menos ingredientes tóxicos;
5) Substituir talhes de alumínio pelos de aço inox;
6) Evitar utilizar plásticos, optanto sempre que possível por utensílios de vidro
7) Evitar aquecer recipientes plásticos

As gestantes devem cumprir também as recomendações de uma dieta saudável, como não fumar e não consumir álcool durante os nove meses.

Artigo: Environmental Chemicals in Pregnant Women in the US: NHANES 2003-2004
Autores: Woodruff TJ, Zota AR, Schwartz JM
Periódico: Environ Health Perspect
Data: Janeiro/2011

Fontes:
1) http://www.naturalnews.com/031033_toxic_chemicals_pregnant_women.html
2) http://ehp03.niehs.nih.gov/article/fetchArticle.action?articleURI=info%3Adoi%2F10.1289%2Fehp.1002727
3) http://edition.cnn.com/2010/HEALTH/05/31/chemical.dangers/?hpt=Sbin



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pressão de consumidores provoca mudanças de embalagens na indústria

Preocupada com o crescente temor do público em relação ao bisfenol A, químico associado a doenças como diabetes, câncer de mama e de próstata, a indústria alimentícia começa a trabalhar com novas embalagens - Artigo de Harriet Weinstein*

Mesmo quando certos alimentos enlatados alegam não ter bisfenol A (BPA), eles ainda podem conter o químico. O BPA, que é encontrado em certos plásticos de policarbonato como garrafas de água e mamadeiras e também como revestimento interno de latas, migra da embalagem para os alimentos. O grupo de defesa ao consumidor “Consumer Reports” testou 19 tipos de enlatados em 2009 e quase todos continham bisfenol A, mesmo aqueles que alegavam ser “BPA free”e orgânicos. Os resultados revelaram que a lata de atum da marca Vital Choice que diz ser BPA-free continha em média o químico na quantidade de 20 partes por bilhão (ppb).

Mas a maior quantidade de BPA foi encontrada em latas de sopas e legumes. Legumes da marca Del Monte apresentaram níveis de BPA de 35.9 ppb até 191 ppb; a sopa da marca Progresso tinha níveis de BPA que variavam de 67 a 134 ppb e a sopa da marca Campbell apresentou níveis de BPA de 54.5 até 102 ppb. “Acreditamos que já existe informação suficiente para não termos mais que ingerir BPA e que é preciso agora evitar a exposição,” disse Urvashi Rangan, PhD, diretor de política do grupo Consumer Reports. “Não se sabe hoje em dia a quantidade de bisfenol A que você pode ingerir ao consumir qualquer tipo de enlatado.”

Preocupação válida

O BPA age como um interferente endócrino, ou seja, ele pode interferir nas funções hormonais e causar sérios impactos na saúde de animais de laboratório. Durante a gravidez, altas doses de BPA consumidas por ratos de laboratório reduziram a sobrevivência e o peso dos filhotes. Em doses menores, de acordo com um relatório escrito pelo Programa Federal de Toxicologia dos Estados Unidos, o BPA impacta o desenvolvimento neurológico e o comportamento e também causa lesões potencialmente cancerígenas na próstata e no tecido mamário. O Canadá declarou em outubro de 2010 o BPA uma substância tóxica.
Frederick S. vom Saal, professor da Universidade de Missouri e um importante endocrinologista e pesquisador de BPA, diz: “Uma das coisas que a indústria química está fazendo é dizer que o BPA é um hormônio fraco. Isso é o mesmo que dizer que Arnold Schwarzenegger é um fracote se comparado ao Super homem.”

A pesquisa nacional mais recente que avalia a saúde e nutrição nos Estados Unidos revelou que 93% dos americanos que participaram dos testes apresentam o bisfenol em sua corrente sanguínea. No Japão, onde o bisfenol A foi voluntariamente retirado de enlatados, os níveis de bisfenol A caíram pela metade na população. “O BPA em embalagens alimentícias é claramente uma grande fonte de exposição aos seres humanos”, explica vom Saal.

Dr. Richard W. Stahl-hut, autor de uma pesquisa sobre BPA feita em 2009, diz que o químico não sai do corpo tão rápido quando se pensa. “A história oficial é que o BPA é eliminado do corpo dentro de 24 horas, mas nem sempre esse é o caso”.

Mudanças na embalagem de alimentos

A indústria alimentícia americana está respondendo às crescentes preocupação com o BPA da seguinte forma:

• Eden Foods: começou a utilizar latas BPA-free em produtos com feijão em 1999 e esse ano passará a vender molho de tomate em jarras de vidro. “Estamos colocando um terço de nossos tomates orgânicos em jarras de vidro,”disse Michael Potter, presidente e fundador da empresa. A maioria dos produtos da marca Eden é vendida em supermercados naturais e a empresa vende em torno de $ 50 milhões por ano. Uma indústria que produz embalagens para a Eden, em Ontário, no Canadá, investiu em torno de 1 milhão de dólares numa nova linha de embalagens de vidro.

• Vital Choice: a empresa vende frutos do mar e suplementos pela internet e descobriu rapidamente a dificuldade em manter seus produtos BPA-free. Quando o BPA foi achado na pesquisa do grupo Consumer Reports em seu atum enlatado, a empresa concluiu que a revista do grupo tinha testado versões antigas do enlatado. No entando, depois de investigar por 3 anos onde os peixes eram processados e conversar com químicos, Vital Choice ainda não tinha sido capaz de identificar a fonte de BPA. Os rótulos dos produtos agora apresentam a seguinte explicação: “Nossos produtos enlatados são embalados por fornecedores que certificam que as embalagens são BPA-free”.

• Whole Foods: a maior cadeia de supermercados orgânicos, dos Estados Unidos, embala 27% de seus produtos enlatados em latas sem BPA, disse Joe Dickson, coordenador do padrão de qualidade da empresa. “Conversamos com nossos maiores fornecedores e estamos trabalhando em parceria para identificar materiais alternativos. Minha esperança é que ao trabalharmos juntos nossas vozes serão mais fortes e os produtores de alimentos enlatados prestarão mais atenção”.

• General Mills: sexta maior empresa alimentícia do mundo, alterou as latas de algumas linhas que trabalham com tomate. Essas latas não possuem bisfenol A. A empresa não informa o total de vendas por produto, mas a divisão Small Planets Foods Division que inclui a linha sem bisfenol A gerou em torno de $ 200 milhões de vendas no ano passado. Essa linha é vendida em supermercados naturais e também tradicionais.

• ConAgra: uma das maiores empresas alimentícias dos Estados Unidos, começou a vender sua linha de tomates enlatados Hunt em latas sem BPA. Uma porta voz da empresa disse que a empresa está atualmente testando novos revestimentos para outros produtos. Eles vendem em torno de $ 1.9 bilhões de enlatados por ano.

Texto originalmente publicado no Emagazine.com em 12 de janeiro de 2011 (http://www.emagazine.com/view/?5479)
*Harriet Weinsten é jornalista de Connecticut e escreve sobre negócios e desenvolvimento

Fonte: http://www.otaodoconsumo.com.br/voce-e-o-que-come-na-embalagem-que-consome/pressao-de-consumidores-provoca-mudancas-de-embalagens-na-industria

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ainda sem consenso, agências reguladoras do mundo analisam a proibição ou não do Bisfenol-A, diz toxicologista da Anvisa

Um dos palestrantes do Fórum Peter Rembischevski adianta que o Brasil estuda o tema para adotar uma nova regulamentação ou proibição da substância.

‘”Proibir totalmente a utilização ou estabelecer um outro parâmetro de ingestão diária tolerável de Bisfenol-A (BPA) composto encontrado na fabricação de policarbonato, um tipo de resina utilizada na produção da maioria dos plásticos – é a grande dúvida que permeia a maioria das agências reguladoras do mundo, incluindo a ANVISA, no Brasil”, afirma Peter Rembischevski, Mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Toxicologista e Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária.

Durante o Fórum SBEM-SP sobre Desreguladores Endócrinos: Bioquímica, Bioética, Clínica e Cidadania que acontece dia 25 de novembro, quinta-feira, na Sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo(CREMESP), Peter abordará o Papel da Anvisa sobre o tema. O evento integra a Campanha contra os Desreguladores Endócrinos sob o slogan: “Diga não ao Bisfenol-A, a vida não tem plano B”, idealizada pela SBEM-SP.

Segundo ele, “a questão ainda não tem consenso na maioria das agências reguladoras no mundo porque cada uma delas interpreta os resultados das pesquisas científicas em animais por meio intra-venoso, de maneiras distintas causando controvérsias sobre o tema. E isso tem explicações sob a ótica da toxicologia. A ingestão de Bisfenol-A por meio intra-venoso é absorvida pelo organismo de modo diferente se comparada com a ingestão via oral, como acontece na maioria das vezes, por humanos. A reação do organismo é diferente dependendo da maneira que o Bisfenol-A é absorvido. O organismo dos animais e dos seres humanos são diferentes e, por isso, nem sempre o que é prejudicial para uma espécie é também para a outra. É o princípio da correlação inter-espécies. Mesmo as pesquisas realizadas com a substância em pequenas populações de pessoas ainda não é capaz de sustentar sua proibição”.

Ele reforça que talvez a discussão fique sobre o limiar da dose, abaixo da qual não produz efeito negativo, como é o caso do ferro. Afinal, a dose faz o veneno – uma dose baixa não oferece preocupação, mas destaca que o Brasil está atento e ainda estuda a melhor forma de regulamentar ou proibir a utilização da substância por isso quer também estudar o posicionamento da União Européia.

Nova Era

Peter ressalta que apesar de ainda não haver um consenso, as agências reguladoras mudaram a postura e, hoje, não esperam ter a certeza se uma substância é noviça ou não à saúde. Atualmente, diferente do passado, as agências utilizam o princípio da precaução – o que significa que mesmo antes de ter uma certeza, mas já tendo indícios, estabelece parâmetros de utilização da substância em questão para evitar maiores problemas no futuro. Antigamente, esperava-se anos até que se comprovasse a veracidade das pesquisas. Hoje, as agências incentivam os fabricantes a procurarem alternativas para substituir o produto .
Peter ainda reforça que o mercado mesmo sem uma posição da maioria das agências reguladoras já está mudando. Os produtos com Bisfenol-A estão perdendo mercado. “Para se ter uma idéia, os produtos com BPA perderam 50% do mercado no Japão, sem o governo precisar proibir a utilização da substância”, destaca Peter.

FONTE: http://sbemsp.org.br/bpa/

Europa proíbe bisfenol A e no Brasil médicos se mobilizam


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Garçom! Tem um potencial carcinogênico na minha sopa!

Yolande Sprague pode ser perdoada por se sentir virtuosa.  Quatro anos atrás depois de ter seu segundo filho, a dona de casa ouviu falar pela primeira vez sobre o BPA, um químico presente em plásticos que pode migrar para a água ou alimento, potencialmente causando sérios problemas de saúde como o câncer. Ela não estava disposta a arriscar e correu para a loja Babies “R”Us, que tinha um programa de troca de mamadeiras com BPA, e saiu de lá com $100 de crédito.

Seria bom se fosse fácil assim.

O que Sprague não se deu conta é que o BPA, ou bisfenol A, é onipresente, isso quer dizer, que quase tudo o que você come, que vem de uma lata, contem o químico.

A exposição ao BPA de enlatados “é muito mais extensiva” do que de garrafas plásticas, disse Shanna Swan, professora e pesquisadora da Universidade de Rochester em Nova York. “É principalmente preocupante nas latas de fórmula para crianças.”

O BPA é um componente essencial no revestimento de resina epóxi que mantem alimentos frescos por mais tempo e previne que interajam com o metal alterando o sabor. Já foi associado em pesquisas com ratos ao câncer, obesidade, diabetes e problemas cardíacos.

A indústria de enlatados diz que apoia o uso do químico e que alguns estudos feitos por agências governamentais consideraram o BPA seguro para o contato com alimentos. Eles também mencionam que seu uso reduziu significativamente o número de mortes de intoxicação alimentar.

Mas em janeiro, a FDA (Food and Drug Administration), correspondente a Anvisa nos Estados Unidos, pela primeira vez expressou “alguma preocupação” com o BPA. Motivada em parte por estudos recentes e também por uma crescente preocupação do público e de grupos de defesa ao consumidor, a agência anunciou que investirá 30 milhões de dólares em pesquisas que estudem os potenciais efeitos do químico no corpo humano.

Embora não esteja claro como esse estímulo econômico vai se dar, seus resultados estão sendo esperados ansiosamente pela indústria e consumidores. O relatório, previsto para o fim de 2011 está sendo feito em colaboração com o Instituto Nacional da Saúde (National Institutes of Health).

“Ainda não foi provado categoricamente que o BPA prejudica crianças ou adultos, mas como crianças no início de seu desenvolvimento estão expostas ao BPA, a informação que estamos buscando merece uma maior atenção”, disse o vice secretário do Health and Human Services, Bill Corr no começo do ano.

O que é claro no entanto é que ao contrário do plástico não existem ainda no momento alternativas à resina epóxi viáveis.

“Se está presente em mamadeiras, imagino então que está em muitos outros produtos também,” diz Sprague, que tem um histórico de partos prematuros. O nascimento de seu próximo filho está previsto para setembro.” Todo mundo está tendo câncer de mama agora. É assustador. Será que é por causa do BPA? Eu não sei.”

BPA x DNA

Um cientista que está envolvido na luta contra o BPA é o médico e professor da Universidade de Yale, Hugh Taylor. Sua pesquisa revelou que o químico altera como os genes reagem ao estrogênio, e que isso pode levar as crianças a desenvolver o câncer na fase adulta.

“Eu digo às minhas pacientes grávidas que evitem produtos com bisfenol A”, ele disse. “Mesmo uma pequena exposição durante a gravidez pode causar danos a longo prazo.”

Os estudos de Taylor são certamente surpreendentes. Eles revelaram que o químico altera como o DNA trabalha, um processo conhecido como mudança epigenética.

Em cada filamento do DNA um grupo de moléculas de carbono se liga a receptores que ajudam a determinar que genes serão acionados ou não. Na presença do BPA, no entanto, muitas dessas moléculas de carbono podem ser removidas do DNA, e com elas a definição do acionamento.

Imagine que os grupos de carbono são um tipo de fechadura e os receptores de DNA são o portão. Quando a fechadura é removida, o portão fica permanentemente aberto, aumentando significativamente o risco do estrogênio entrar na fase adulta, interagir com o DNA e causar câncer.

“Os efeitos são permanentes e duradouros,” disse Taylor. A exposição de adultos é preocupante, mas acho que a exposição de fetos é pior.”

Para estudar como o BPA pode afetar bebês no útero, Taylor injetou ratas grávidas com altas doses de bisfenol A por 5 dias. Ele descobriu que as ratas expostas ao BPA no útero não tinham o “portão” nos receptores de DNA e se tornaram mais suscetíveis ao estrogênio durante o resto de suas vidas.

Como muitos alimentos possuem estrogênio natural – soja, por exemplo – Taylor acredita que seus estudos sugerem que complicações podem aparecer mais para frente simplesmente como resultado de uma alimentação básica, sem falar de suplementos de estrogênio que muitas mulheres tomam ao entrar na menopausa. “Nos modelos com ratas, elas são mais suscetíveis ao câncer,”diz Taylor.

Por ser ginecologista, Taylor estudou os efeitos primariamente em ratas. O impacto a longo prazo do BPA em receptores de DNA em machos, ele disse, ainda é desconhecido. Sua pesquisa também é limitada porque ele não pode testar o BPA em humanos não contaminados. “Todos temos o BPA em nossos corpos, então não existe uma maneira de testar uma população não contaminada,”ele disse. Você nunca terá o perfeito experimento com humanos para uma prova definitiva.”

Atualmente Taylor está estudando como o BPA remove os grupos de carbono do DNA – o processo específico pelo qual o BPA remove as “fechaduras”- e espera que essa pesquisa traga uma maior compreensão de como o químico interage com o corpo.

Ele reconhece o papel do BPA na segurança de alimentos mas diz que as pessoas devem estar conscientes do perigo em potencial. “Sempre equilibramos em nossas vidas os riscos com os benefícios que trazem”, ele disse. “Pagamos um preço pela sociedade moderna e conveniente.”

Frederick vom Saal, professor da Universidade de Missouri que também estuda o BPA é muito menos diplomático. Conhecido com um intenso ativista contra o químico, ele disse que se o BPA fosse considerado um remédio, “ele seria proibido imediatamente”.

Uma descoberta

Dentro de enlatados, a fina camada de resina epóxi separa o alimento do metal da lata, evitando que os dois interajam e prevenindo a ferrugem.

A resina é pulverizada na lata e seca quase que instantaneamente. Milhares de empresas, como a Campbell Soup e Coca-Cola, utilizam a resina como revestimento interno. Sem essa proteção, o alimento estragaria mais rápido. Latas sem o químico explodiriam nas prateleiras de lojas quando o alimento reagisse com o metal.

O BPA foi sintetizado pela primeira vez em 1891, o BPA endurece o plástico, possibilitando sua utilização em vários produtos, de canoas plásticas a recibos. É um componente essencial da resina epóxi agindo como parte da base do polímero e foi usado pela primeira vez em uma lata em 1940.

Foi um produto revolucionário e sua utilização só cresceu. “Ele é especial”, disse Steve Russel, líder da divisão de plástico do Conselho Americano de Química (American Chemistry Council). “Quando se deram conta foi um daqueles momentos ‘eureka’.

Como o BPA foi considerado seguro sem ser questionado por tanto tempo, poucas pesquisas foram feitas na busca de alternativas comerciais viáveis para enlatados. “ No momento não existe uma resina única que ofereça o mesmo grau de segurança para recipientes de alimentos, tempo de prateleira e custo benefício para o acondicionamento de frutas e vegetais,”disse Russel.

O mesmo não aconteceu com as garrafas plásticas. Nessa indústria, substituições foram muito mais fáceis de achar. Alternativas ao plástico com BPA incluem polietileno, mais usado na fabricação de sacolas plásticas e o polipropileno, que é utilizado em squeezes (garrafas plásticas reutilizáveis destinadas a esportistas).

É certo que resinas sem BPA já existem, mas são muito mais caras. Este é um desafio para a indústria que é sensível a mudanças de preço em frações de centavos.

A empresa Eden Foods que está localizada em Michigan, por exemplo, comercializa feijão e arroz em latas sem BPA feitas pela Ball Corp, mas elas custam 14% a mais do que as tradicionais. As latas representam um dos maiores custos para a indústria de alimentos enlatados e a mudança para uma resina mais cara provavelmente acarretaria em um aumento de preços e prejudicaria os consumidores, especialmente os que compram cestas básicas e têm baixo poder aquisitivo.

A fábrica Ball utiliza um mix de esmalte que contem resinas naturais de pinho e balsamo, uma mistura que era utilizada antes do BPA se tornar tão popular, mais de 50 anos atrás. “Quando falamos que a lata corresponde a metade do preço de um enlatado isso significa que é um mercado altamente competitivo,”afirmou Michael Potter, presidente da Eden Foods.

Mesmo assim, a empresa conseguiu sobreviver graças ao interesse crescente em alimentos naturais, ele comentou. Eden ainda comercializa produtos que contêm BPA. É importante salientar que o FDA (Federal Drug Administration) ainda não aprovou nenhum outro tipo de revestimento para alimentos ácidos. Mas Potter diz que ele está trabalhando juntamente com Ball em uma alternativa a qual ele espera colocar nas prateleiras nos próximos anos.

Outras alternativas estão sendo desenvolvidas. No começo do ano, Michal Jafffe, um pesquisador e professor do Instituto de Tecnologia de New Jersey, recebeu uma patente para uma resina a base de açúcar de milho que imita a estrutura do BPA mas não tem seus efeitos negativos.


No entanto, a resina ainda está a anos de ser comercializada e o preço da mudança ainda é desconhecido. “O custo final será claramente dependente do volume,”disse Jaffe. “Mas não vejo razão para que essa resina não seja competitiva em relação ao BPA.”

De volta à Universidade de Rochester, Swan e sua equipe estão estudando o quanto o BPA é absorvido pelo corpo dependendo da quantidade de alimentos enlatados consumidos. O resultado da pesquisa está previsto para ser divulgado até o final do ano.

Ratos e metabolismo

No momento, a indústria química não só continua promovendo o BPA como também alerta consumidores para que fiquem atentos a substitutos que não foram ainda rigorosamente testados.

Também somos pais e entendemos que todos querem o melhor para seus filhos,” disse Russel do Conselho Químico Americano. “Mas temos que entender que ao buscar evitar o BPA, fazemos isso não porque agências governamentais dizem que ele não é seguro mas porque algumas pessoas querem ser muito cautelosas. Isso se resume no grau de incerteza que é aceitável para cada um.”

Parte da preocupação que muitos da indústria química têm está nos estudos realizados como o de Taylor que tendem a usar altas doses de BPA. Taylor injetou ratos com 5 miligramas do químico – muito mais do que qualquer um estaria exposto ao comer somente um enlatado.

A indústria química afirma que o BPA é metabolizado rapidamente pelo corpo e que é excretado antes que possa interagir com células. “Os níveis do químico aos quais uma pessoa poderia estar exposta ao usar produtos que contenham o BPA, incluindo a resina epóxi em recipientes alimentares, são tão pequenos que agências governamentais que avaliaram o BPA disseram, “Sim, mesmo que todas essas coisas horríveis que dizem que o BPA causa fossem verdadeiras, os níveis de exposição são tão pequenos que não estamos convencidos que exista um risco real,” disse Russel. “É por isso que continuam a permitir o seu uso.”

Para Taylor (Yale), qualquer quantidade do químico tóxico é muita para alguns. “Podemos argumentar sobre qual é a dose segura, mas se eu fosse mulher e estivesse grávida, evitaria o consumo de BPA,” ele disse. “A exposição de adultos é preocupante, mas eu acho que a exposição de fetos é pior.”

Considerando a polêmica, todos estão de olho no FDA. A agência insiste, faz tempo, que o químico é seguro, então não passou desapercebido quando afirmou que usaria fundos do Ato de Recuperação e Reinvestimento de 2009 para estudar o que o BPA causa no corpo humano. “Precisamos saber mais,” disse a jornalistas no começo do ano Dr. Josh Sharfstein, representante do FDA.

Para aumentar a confusão, a agência reguladora do Canadá que proibiu o uso de BPA em mamadeiras, no início de junho divulgou que os níveis de BPA em enlatados “não representam um risco à saúde.”

Empresas líderes e organizações de indústrias usam como referência a posição atual tanto do FDA quanto da agência canadense, e diz que concordam com essas e outras agências que afirmam que o químico é seguro. “Nós apoiamos as novas pesquisas do FDA com o BPA,”disse Scott Openshaw da Associação de Fabricantes de Produtos de Supermercados. “Nós confiamos nas autoridades para determinar quando uma substância não é segura.”

A Aliança de Embalagens Metálicas Norte Americana afirma que o BPA oferece “benefícios importantes, reais e quantitativos para a saúde,”disse John Rost, que é um Ph.D. em química e é presidente da aliança. “Com o uso da resina epóxi em recipientes alimentares de metal, não tivemos nenhuma intoxicação alimentar relacionada às embalagens nos últimos 33 anos.”

Mesmo assim, a onda contra o BPA chegou no mundo corporativo americano. Em abril, acionistas da Coca-Cola rejeitaram uma proposta que pedia à empresa que divulgasse um relatório sobre possíveis alternativas ao BPA e como o químico poderia afetar o valor das ações. Executivos insistiram que um relatório não ofereceria “nenhuma informação útil adicional.”

Uma pessoa que pesa 61 kg precisaria ingerir mais de 14,400 de bebidas em lata em um só dia para se aproximar do limite diário aceitável estabelecido pelo FDA, disse a Coca-Cola.

Para os fabricantes de BPA, que incluem Dow Chemical e Hexion Specialty Chemicals, o químico não representa grande parte do lucro. Se fosse proibido hoje, as duas empresas continuariam seus negócios sem maiores problemas.

De acordo com consultoria SRI, foram utilizadas 4.1 milhões de toneladas de resina no mundo em 2006 (dados mais recentes disponíveis). A indústria tem capacidade para produzir 4.6 milhões de toneladas e o Oeste Europeu atualmente consome mais BPA do que os Estados Unidos.

A sopa está pronta

De volta à casa de Sprague em Dover, New Hampshire, seu filho de cinco anos, Eddie está procurando um lanche na despensa.

Seus pais não querem enlouquecer com o BPA; eles sabem que estatisticamente o BPA já salvou vidas evitando intoxicações alimentares. É certo que a chance de Eddie fazer 6 anos é muito maior porque ele nasceu em 2004 ao invés de 1804, quando era comum crianças morrerem por intoxicação alimentar.

Mesmo assim, muitos pais estão preocupados. Qual a quantidade segura de BPA que pode ser ingerida? Será que devemos conscientemente ingerir um carcinogênico em potencial mesmo que em doses mínimas? Por que não existem alternativas mais baratas?

No momento, famílias como a de Sprague começam a pensar se vale a pena ou não comer alimentos enlatados. E de acordo com a Taylor (Yale), se isso os levar a comer mais frutas e verduras frescas, o esforço terá valido a pena.

Eu não uso enlatados todos os dias,” disse Sprague (26 anos). “Mas se eu comesse, eu diminuiria a quantidade.”

O vento bate levemente na porta de tela da casa de Sprague. Papéis saem voando dos imãs da geladeira. Seu filho, Eddie, corre para a cozinha, pega uma lata e pergunta à mãe:

“Mãe, que tipo de sopa é essa?”

Fonte – Ernest Schneyder; Edição de Jim Impoco e Claudia Parsons, Tradução: Fabiana Dupont, Reuters EUA de 09 de junho de 2010 / O Tao do Consumo

http://www.funverde.org.br/blog/archives/7897

Alemanha em alerta: produtores de bisfenol A devem encontrar alternativa ao químico

Agência Federal do Meio Ambiente apresenta relatório histórico questionando a segurança do bisfenol A

Uma semana após a proibição do bisfenol A no estado americano de Vermont, é a vez do bisfenol A retornar aos holofotes mundiais. Desta vez, a Alemanha entra em alerta contra o químico. Relatório sobre químicos tóxicos da Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha, publicado nesta quarta-feira, destaca a periculosidade do bisfenol A.

O relatório contempla o que é uma substância química, onde ela acontece e quais são os riscos para a saúde humana e o meio ambiente. O bisfenol A recebeu destaque pelas novas pesquisas realizadas e a crescente preocupação dos consumidores em relação ao químico. No documento, a Agência Federal do Meio Ambiente explica os riscos do BPA e aponta as opções políticas para o futuro.

O presidente da Agência, Jochen Flasbarth, recomenda aos produtores e usuários de produtos químicos que busquem substâncias alternativas e pede que o princípio de precaução seja aplicado para proteção dos seres humanos e do meio ambiente.

O bisfenol A está presente em muitos objetos do cotidiano: alimentos enlatados, mamadeiras, garrafas e recipientes plásticos, DVDs, papel térmico e embalagens de alimentos. O químico migra do plástico, já que possui moléculas instáveis, contaminando alimentos e seres humanos. A produção, transformação e reciclagem do bisfenol A pode também contaminar rios e lagos. A produção mundial anual do BPA, matéria-prima para a fabricação de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, é de 3,8 milhões de toneladas.

Como já foi demonstrado por muitas pesquisas com animais, o bisfenol A age como o hormônio sexual feminino estrogênio. O produto químico é menos potente que o hormônio sexual natural, mas há evidências de que interfere principalmente na reprodução. O bisfenol A já foi associado em pesquisas ao câncer de mama, de próstata, diabetes, obesidade, síndrome de hiperatividade, infertilidade, aborto e puberdade precoce e tardia.

A EFSA, correspondente a Anvisa na Europa está reavaliando a utilização do bisfenol A e tem a previsão de publicação de um novo relatório ainda este ano. O Canadá, Dinamarca, Costa Rica e França, no entanto, já proibiram, como medida de precaução, o bisfenol A em mamadeiras e outros produtos infantis. Segundo Jochen Flasbarth, ainda há alguma lacunas em relação ao bisfenol A, no entanto, como precaução, as evidências disponíveis são suficientes para limitar o uso de certos produtos contendo o químico.

A agência que regula produtos químicos na Europa – REACH (Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas)- reforça a responsabilidade da indústria química. As empresas que fabricam o bisfenol A, ou que utilizam a substância, são responsáveis pela avaliação dos riscos do químico em todo seu ciclo de vida e devem minimizá-los. A Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha vai analisar a questão cuidadosamente para decidir quais medidas adicionais serão tomadas para proteger os seres humanos e o meio ambiente.

Como precaução, a Agência recomenda aos fabricantes, importadores e usuários de bisfenol A que substituam o químico imediatamente.

Fonte – umweltbundesamt.de / dw-online.de / O Tao do Consumo

Nova pesquisa revela que exposição ao bisfenol A é gravemente subestimada

Americanos estão expostos a quantidade oito vezes superior que a permitida por lei; químico presente no plástico e em latas é associado a câncer e diabetes infantil

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) afirma que a ingestão diária de até 50 microgramas de bisfenol A (BPA) por peso corporal não traza problemas para a saúde. Mas uma nova pesquisa publicada no jornal científico Environmental Health Perspectives sugere que diariamente estamos expostos a uma quantidade no mínimo oito vezes superior. “Os números encontrados na pesquisa são assustadores porque indicam que as agências reguladoras subestimaram substancialmente o nível atual de exposição humana”, afirma o estudo. A pesquisa também confirma que o BPA é processado de maneira similar por ratos, macacos e humanos, o que torna possível extrapolar estudos feitos com animais para humanos.

Embora o bisfenol A venha sendo bastante pesquisado nas últimas décadas ainda é considerado um assunto polêmico entre cientistas e políticos. A senadora democrata Dianne Feistein está preparando uma emenda proibindo o químico em embalagens alimentares infantis para o “Ato de Modernização na Segurança Alimentar”, que está no Senado a espera de aprovação. Republicanos e representantes da indústria plástica e alimentar se opõem à emenda. Afirmam que as pesquisas ainda não são conclusivas.

O bisfenol A é um composto químico e seu uso foi associado a uma maior incidência de problemas cardíacos, diabetes, anormalidades no fígado e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. Alguns estudos também provam que o bisfenol é responsável pelo crescimento de células cancerígenas, diminuição de esperma e micropenia.

Atualmente, o bisfenol A é proibido em quatro países: França, Canadá, Costa Rica e Dinamarca. Nos Estados Unidos, pelo menos sete estados também já proibiram a fabricação de mamadeiras com o policarbonato. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as determinações de produtos devem ser adotadas pelo Mercosul e, portanto, precisam ser aceitas dentro do bloco econômico antes de serem incorporadas na legislação de cada país.

Hormônios são essenciais durante o desenvolvimento de fetos e bebês e podem determinar entre outras coisas o sexo do bebê. Como o BPA imita o funcionamento do estrogênio, ele é um interferente endócrino. De acordo com Thomas Zoeller, professor de biologia na Universidade de Massachusetts, o bisfenol A não se limita a interagir com um receptor. “Ele tem a habilidade de se ligar a três receptores, o estrogênio, o hormônio masculino e receptores de hormônios da tireoide”, disse Zoeller.

Método – Alguns cientistas não têm certeza se a habilidade do BPA de se ligar a receptores pode mesmo acarretar danos à saúde. Todos concordam, porém, que o BPA é parecido com o estrogênio e de fato, foi primeiro sintetizado com o objetivo de ser utilizado com um substituto do estrogênio antes de ser usado como revestimento interno de latas e em plásticos de policarbonato.

Dentro da esfera científica, a controvérsia é a seguinte: Será que o fígado processa o químico e o expele quase completamente pela urina ou será que o BPA entra para a corrente sanguínea onde pode agir como hormônio?

De acordo com Zoeller para responder essa pergunta seria necessário realizar uma pesquisa onde humanos recebessem uma dose de BPA conhecida e tivessem seu sangue analisado, mas um experimento assim levantaria questões éticas. O único estudo com humanos foi feito em 2002 pelo pesquisador alemão Wolfgang Völkel, da Universidade de Würzburg.

Segundo Völkel, o fígado remove mais de 99% do BPA da corrente sanguínea e humanos o excretam dentro de seis horas. Ele registrou a presença de BPA no sangue depois das seis horas em alguns voluntários, mas considerou a quantidade insignificante.

Esse é um dos pontos da controvérsia. Alguns pesquisadores dizem que o método que Völkel usou para medir o BPA no sangue não era sensível o suficiente e que ele superestimou a habilidade do químico passar por nosso sistema sem causar danos.

O novo estudo, liderado por Julia Taylor, uma bióloga da Universidade de Missouri, utiliza um tipo de teste mais sensível. Ela alimentou os ratos e macacos com uma quantidade fixa de BPA por dia. E então analisou o sangue dos animais e achou quantidades “biologicamente ativas”do BPA.

O estudo sugere que o bisfenol A não é completamente removido pelo fígado e que circula no sangue em quantidades que são preocupantes, diz Taylor. “Foi a primeira vez que se comparou em um estudo ratos e macacos e macacos e humanos”, disse Taylor. “Para nós cientistas, pelo menos no senso acadêmico, o resultado da pesquisa é uma confirmação do que já pensávamos.” O estudo também possibilita extrapolar os resultados de ratos e macacos para humanos, já que todos processam o bisfenol A de maneira similar.

O estudo sugere que nem todas as formas de exposição ao bisfenol A são conhecidas. “Os dados provam que é preciso reconsiderar hipóteses anteriores sobre o BPA, como por exemplo que o químico é rapidamente excretado do corpo e a diferença do metabolismo entre espécies,” disse Linda Birnbaum, diretora do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental. “O artigo destaca a necessidade de compreender melhor todas as possíveis fontes de exposição humana.”

O que fazer?

Mas e os consumidores que continuam se preocupando com sua própria exposição diária a esse polêmico químico? Como podem reduzir a exposição? O Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental recomenda os seguintes passos:

• Utilizar mamadeiras sem bisfenol A (BPA free);
• Não aquecer no microondas embalagens que sejam feitas com plástico de policarbonato;
• Reduzir o consumo de enlatados;
• Utilizar recipientes para guardar e armazenar alimentos feitos de vidro, porcelana ou aço inox sempre que possível, especialmente para alimentos ainda quentes;
• Evitar comprar produtos de plástico feitos com BPA.


FONTE: http://www.funverde.org.br/blog/archives/7867

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Harvard diz que Bisfenol-A (BPA) também compromete a formação de cromossomos

De acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, publicada esta semana, o bisfenol A (BPA) causa a infertilidade em vermes podendo matar embriões e danificar cromossomos.

Os testes foram realizados com o verme C. elegans, muito utilizado por pesquisadores por ter sua biologia muito similar à dos seres humanos.

Geneticistas da Escola revelaram que em vermes expostos ao BPA, alguns processos de reparação do DNA foram prejudicados nas células que são essências na formação de esperma e ovos. Reportagem de Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do sítio O Tao do Consumo.

A exposição ao químico também danificou a integridade de cromossomos e causou a morte de células. Cromossomos do grupo de controle permaneceram normais, já os cromossomos no grupo exposto ao BPA se apresentaram frágeis e fragmentados. A consequência foi a morte de embriões e vermes menos férteis na pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Demonstramos que a exposição de vermes ao BPA em concentrações internas correspondentes a modelos em mamíferos, causa um aumento de infertilidade e morte embrionária,” escreveram os autores. “Os resultados mostraram que o mecanismo dos efeitos do bisfenol A nos vermes tem o potencial de ser paralelo na reprodução humana,” de acordo com observações que acompanham a publicação do estudo.

A conclusão da pesquisa com certeza esquentará ainda mais o debate sobre a segurança do BPA. O bisfenol A é um químico usado na fabricação de plásticos e como revestimento interno de latas. O problema de sua utilização em embalagens alimentares é que suas moléculas não são estáveis e migram da embalagem para os alimentos.

BPA: uma “substância tóxica”
Pesquisas já associaram o BPA a doenças cardíacas, diabetes, infertilidade, obesidade, puberdade precoce e câncer em humanos. Gestantes e crianças pequenas são o grupo mais afetado. O bisfenol A passa da placenta para o feto e sua presença em bebês e crianças pode comprometer seriamente o sistema reprodutivo já que eles não metabolizam a substância da mesma maneira que adultos.

A preocupação é grande já que o químico foi estimado estar presente em mais de 90% da população dos Estados Unidos e do Canadá.

No mês passado o bisfenol A foi incluído na lista de substâncias tóxicas no Canadá. Ele já foi proibido em mamadeiras e copos infantis na França, Canadá, Dinamarca e Costa Rica além de 7 estados americanos. As proibições foram baseadas no princípio de precaução que pede que quando pesquisas sugerem que uma substância é prejudicial à saúde, sua utilização seja suspensa até prova ao contrário.

A Organização Mundial da Saúde publicou ontem relatório com o resultado da reunião de especialistas sobre o BPA que aconteceu na semana passada no Canadá e afirmou que a maior fonte de exposição ao bisfenol A vem de alimentos, já que ele migra de embalagens para o conteúdo interno.
Fontes:
CBC News
Organização Mundial da Saúde
LA Times
Proceedings of the National Academy of Sciences

FONTE: http://www.ecodebate.com.br/2010/11/16/harvard-diz-que-bisfenol-abpa-tambem-compromete-a-formacao-de-cromossomos/

domingo, 7 de novembro de 2010

Bisfenol-A e a etiologia da obesidade

Demorou mas alguém no Brasil resolveu relacionar produtos tóxicos com a Globesidade (epidemia global de obesidade). O Blog da VP (Valéria Paschoal Consultoria em Nutrição Funcional), preparou um texto ótimo sobre o tema. A princípio tratam somente dos possíveis efeitos do Bisfenol-A (BPA) como por exemplo disrupção endócrina. Entretanto deixam claro que outros componentes tóxicos da indústria presente no ambiente e alimentos podem estar agindo como Disruptores endócrinos.
 Vale a pena ler o texto.

Boa semana para todos meus leitores

Dr. Frederico Lobo



Bifesnol A e a etiologia da obesidade

A obesidade é uma doença multifatorial caracterizada pelo Índice de Massa Corporal acima de 30kg/m2 com acúmulo excessivo de tecido adiposo. Está associada a diversas co-morbidades, como diabetes melitus tipo 2, dislipidemia, hipertensão arterial e remodelação cardíaca. A atual epidemia da obesidade é uma consequência da interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49% da população apresenta sobrepeso, sendo 13% desses já obesos.

Enquanto muito já se discute sobre a epidemia global da obesidade, componentes tóxicos da indústria, presentes no ambiente e nos alimentos, apenas começaram a receber atenção.

Esses compostos interferem na função normal do sistema endócrino por afetar o equilíbrio de glândulas e hormônios que regulam funções vitais, como crescimento, resposta ao estresse, desenvolvimento sexual, reprodução, produção e utilização da insulina, e taxa metabólica. Por este motivos são denominados disruptores endócrinos.

Dados epidemiológicos recentes mostram que a exposição a essas substâncias, durante o desenvolvimento, está associada com sobrepeso ou obesidade na vida adulta. Os primeiros achados mostram que o início da epidemia da obesidade coincidiu com o aumento de químicos industriais no ambiente.

Dentre os disruptores endócrinos, o bisfenol A (BPA) destaca-se pelo fato de haver grande exposição a ele pelo homem. Trata-se de um monômero de plásticos policarbonatos e resinas epóxi, estando presente em alimentos enlatados, mamadeiras, embalagens de bebidas, filmes de polivinil, papéis, cartolinas e selantes dentários. Atualmente, a produção mundial de BPA excede 3 bilhões de kg/ano. Sua exposição ocorre pela dieta (contaminação de alimentos principalmente sob calor), contato com a pele e inalação de poeira doméstica. A presença de metabólitos em concentrações mensuráveis mostrou-se elevada em mais de 90% da população no mundo todo.

Foi mostrado, através de dados do National Health and Nutrition Survey (NHANES) 2003/04 que altas concentrações de BPA estavam associadas com diagnóstico de doenças cardiovasculares e diabetes, mas não com outras doenças, sugerindo especificidade. Sendo lipofílico, pode ser armazenado no tecido adiposo.

Uma vez que a obesidade torna-se epidêmica e que fatores ambientais estão fortemente ligados a esses dados, serão discutidos os possíveis efeitos do disruptor endócrino bisfenol A na etiologia da obesidade.

Bisfenol A, atividades hormonais e obesidade

O BPA é comumente descrito pela sua atividade estrogênica. Além de se ligar aos receptores nucleares de estrógeno alfa e beta, o monômero interage com uma série de outros receptores de estrógenos não clássicos, alguns com alta afinidade. Ele também atua como antagonista de receptor de andrógenos e interage com receptores de hormônios tireoidianos.

Os estudos em animais já conseguem traçar um caminho para o entendimento da relação do BPA com a obesidade. Doses muito baixas oferecidas a animais durante o desenvolvimento exercem alguns efeitos. Ratos e camundongos mostraram peso corporal aumentado quando expostos a baixas dosagens de BPA no período pré-natal e neonatal. Alguns resultados mostram que esse aumento no peso é relacionado ao gênero, ao passo que outros relatam efeitos em ambos os sexos. Essa diferença pode estar relacionada com o tempo de exposição e com a dose.

Além disso, ratos expostos ao BPA no pré-natal mostram aumento de hiperplasia intraductal (lesões pré-cancerígenas) que aparecem na vida adulta. Independentemente da raça de ratos utilizados, das vias, níveis e tempo de exposição, todos os estudos mostram suscetibilidade aumentada à neoplasia da glândula mamária manifestada na vida adulta. As neoplasias normalmente aparecem após completa maturação sexual, que pode ser devido ao efeito dos hormônios sexuais na proliferação e remodelação desses órgãos. Camundongos expostos a BPA durante a vida intrauterina e lactação, apresentaram aumento somente na velocidade do crescimento, sem relação com aumento de peso corporal.

Estudos in vitro com BPA fornecem evidências de seu papel no desenvolvimento da obesidade, podendo sugerir alvos específicos. O BPA faz com que as células 3T3-L1 (fibroblastos de camundongos que podem se diferenciar em adipócitos) aumentem sua taxa de diferenciação, e em combinação com a insulina, acelera a formação de adipócitos. Outros trabalhos in vitro mostram que baixas doses de BPA prejudicam a sinalização do cálcio nas células pancreáticas, atrapalham o funcionamento da célula beta e causam resistência à insulina. Baixas dosagens experimentais também podem inibir a síntese de adiponectina e estimular a liberação de adipocinas inflamatórias como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) do tecido adiposo humano, sugerindo seu papel na obesidade e síndrome metabólica.

Entretanto, estudos com humanos ainda são escassos e a amostragem utilizada é pequena. Um estudo com 296 italianos mostrou que a excreção diária de BPA associou-se com aumento de concentração sérica de testosterona total em homens. Porém, outro estudo analisou a relação entre hormônios tireoidianos e reprodutivos e concentração urinária de BPA em 167 homens em uma clínica de infertilidade. Observou-se relação inversa entre concentração de BPA e índices de testosterona livre, estradiol e hormônio tireoestimulante (TSH). Quando os níveis de hormônios androgênicos foram avaliados em mulheres eumenorreicas, mulheres com SOP e homens, observou-se diferenças entre os gêneros, possivelmente devido à diferença nos níveis de atividade da enzima relacionada ao androgênio. Ainda, demonstrou-se que concentrações sérias de BPA estavam associadas com aumento dos andrógenos, o que não ocorreu com níveis de estradiol, hormônios luteinizantes (LH) e folículo estimulante (FSH). Dados parecidos foram encontrados por Takeuchi e colaboradores, em trabalho feito com mulheres com e sem disfunção ovariana.

Diante do conteúdo exposto, pode-se concluir que ainda faltam informações precisas, esclarecendo a relação do bisfenol A na etiologia da obesidade, tanto na exposição pré-natal quanto na vida adulta. Estudos em humanos estão limitados a amostras pequenas e em sua maioria avaliam a excreção urinária de BPA em um único momento do dia. Como a eliminação deste composto acontece muito rapidamente no organismo, é necessária sua mensuração em diversos momentos do dia para estimar melhor a exposição. Também deve ser levada em consideração a porção que fica armazenada no tecido adiposo, uma vez que o BPA é lipofílico.

Entretanto, como esse composto desencadeia possíveis efeitos deletérios e nenhum benefício conhecido até o momento, medidas básicas no cotidiano podem ser tomadas a fim de evitar a exposição. Evitar consumo de alimentos e bebidas armazenados em embalagens plásticas, não conservar alimentos em recipientes plásticos e evitar utilização de filmes plásticos em contato direto com o alimento são medidas simples, que devem ser praticadas principalmente durante a gravidez.

FONTE: http://www.vponline.com.br/blog/?p=121

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Bisfenol-A, usado em recipientes de comida, afeta fertilidade masculina

O Bifesnol-A (BPA) serve para diluir resina de poliéster a fim de facilitar sua laminação. O produto químico Bisfenol-A, que demonstrou aumentar o risco de disfunções sexuais masculinas, reduz a concentração e qualidade do sêmen, segundo estudo publicado esta quinta-feira (28).
O Bisfenol-A ou BPA é um composto químico que serve para diluir a resina de poliéster a fim de torná-la mais líquida e facilitar sua laminação. Está presente em grande quantidade de recipientes alimentares e de bebidas, como mamadeiras, bem como em resinas de selagem dentária.

A pesquisa foi realizada durante 5 anos com 514 operários que trabalhavam em fábricas da China.

Os autores constaram que aqueles que continham concentrações de BPA mais elevadas na urina multiplicavam os riscos de produzir sêmen de má qualidade.

"Diferente dos homens que não tinham vestígios detectáveis de BPA na urina, aqueles que tinham conteúdos mais elevados multiplicavam por mais de três o risco de ter uma concentração diminuída de seu sêmen", afirmou De-Kun Li, epidemiologista do Kaiser Permanente (consórcio privado americano de cuidados médicos) e principal autor do estudo publicado na revista "Fertility and Sterility".

Este é o primeiro estudo realizado sobre homens para avaliar o vínculo entre o sêmen e o BPA.

Pesquisas anteriores feitas em animais mostraram que o BPA tem efeitos nefastos sobre os órgãos reprodutores de camundongos machos e fêmeas.

Este é o terceiro estudo de Li sobre o tema. Um trabalho publicado em novembro de 2009 demonstrou que a exposição a níveis elevados de BPA aumenta o risco de disfunções sexuais. Outro, divulgado em maio de 2010 mostrou vínculos entre o BPA na urina e o comprometimento das disfunções sexuais masculinas.

O Canadá foi o primeiro país a classificar, em outubro, o BPA na categoria de substâncias tóxicas. Em março de 2009, os seis maiores fabricantes americanos de mamadeiras decidiram suspender a venda nos Estados Unidos de produtos com BPA.


FONTE: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/10/bisfenol-usado-em-recipientes-de-comida-afeta-fertilidade-masculina.html

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Projeto quer proibir mamadeiras com substância cancerígena

Mamadeiras, chupetas e recipientes plásticos que contenham a substância bisfenol-A, componente químico cancerígeno, podem ter a comercialização proibida. A proposta do senador Gim Argello (PTB-DF) se baseou em estudos das universidades de Columbia, Oxford e Illinois. "No Canadá, Dinamarca e em Costa Rica as indústrias já foram proibidas de fabricar mamadeiras com esse tipo de substância. Na França, o Senado aprovou a proibição em caráter provisório e nos Estados Unidos o bisfenol-A já foi proibido em dois estados", afirmou o senador.

No Brasil, segundo Argello, não existe proibição à fabricação e comercialização de produtos com o bisfenol-A e o componente continua sendo usado como a matéria-prima de plásticos duros. O projeto de lei 159/2010 está em tramitação no Senado e, se aprovado, segue para última votação na Comissão de Assuntos Sociais.

A liberação da toxina acontece durante o aquecimento do plástico. "Em produtos como chupetas e mamadeiras, ele é potencialmente prejudicial à saúde das nossas crianças", disse o senador.

O pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que lidera uma pesquisa sobre estrógenos ambientais, Paulo Saldiva, explicou que "a ingestão destas substâncias por bebês pode influenciar na formação das mamas, testículos e órgão que têm ligação com hormônios".

Segundo Saldiva, o processo seria como uma reposição hormonal externa pois, ao ingerir o bisfenol-A, a pessoa absorve quantidades variadas de estrogênio. "A conseqüência é o aumento da tendência ao desenvolvimento de câncer de mama ou útero na mulher e perda de espermatozóides para o homem", explica.

O pesquisador afirmou que apesar desta descoberta ter mais de 15 anos, ainda não há provas de quantidades seguras para o consumo da substância.

Cuidados na hora de comprar a mamadeira

Para saber qual produto comprar, sem assumir os riscos oferecidos pelo bisfenol-A, o gerente de informação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Carlos Thadeu, sugere a preferência pelas mamadeiras de vidro, para as crianças que ainda não começaram a andar. No entanto, para as demais, o vidro não é indicado, pois pode causar acidentes, em caso de queda.

Thadeu explicou que embaixo da mamadeira deve existir um triângulo com um número no interior. "As mamadeiras em que neste triângulo estiver o número 3 ou 7 têm o policarbonato em sua composição e o bisfenol-A", disse. As com o número 5 e as letras PP, no interior do triângulo, são as que não possuem bisfenol-A. O gerente aconselha também sempre verificar a composição do produto.

"Se a pessoa já possui a mamadeira com o bisfenol-A, o ideal é evitar sujeitá-la às temperaturas elevadas, pois o bisfenol-A é liberado no calor de 100°C, que é a temperatura de ebulição", disse ele.

Carlos Thadeu é favorável ao projeto do senador Gim Argello. Segundo ele, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite até 0,6 miligramas da substância por quilo do composto usado na fabricação de cada produto. "Se é sabido que o bisfenol-A é nocivo, por que não substituir?", questiona

Fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4724952-EI306,00-Projeto+quer+proibir+mamadeiras+com+substancia+cancerigena.html