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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Nutrologia - uma especialidade médica que vai muito além de emagrecimento e ganho de massa

Ontem ouvi uma frase de uma paciente: "pensava que nutrólogo era só pra emagrecimento e ganho de músculo". Isso me fez refletir e conclui que daria um ótimo post. Então esse post é sobre isso. 

Primeiramente devemos compreender que a fala dessa paciente tem que ser analisada com outras perguntas:
  1. Por que as pessoas associam a Nutrologia a obesidade e hipertrofia?
  2. Será que as pessoas (isso inclui profissionais da saúde e leigos) sabem o real papel do nutrólogo?
  3. As pessoas sabem diferenciar o papel do nutrólogo e do nutricionista?
Para facilitar a compreensão e ser mais didático, este post será sob a forma de perguntas e respostas.

Pergunta 01: Por que as pessoas associam a Nutrologia a obesidade e hipertrofia?

R: Em 1973 três médicos (Dr. Dutra de Oliveira, Dra. Clara Sambaquy, Dr. José Evangelista) criaram a associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). cinco anos mais tarde (1978) a área foi reconhecida como uma especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Por muitos anos o médico nutrólogo ficou restrito ao ambiente hospitalar, mas nos últimos 15 anos, com a ascensão da Indústria da obesidade, na busca de novas alternativas para o emagrecimento, o nútrólogo foi colocado em cena, ao lado de endocrinologistas. 

Nas últimas décadas, a endocrinologia foi a especialidade automaticamente associada ao tratamento da obesidade e sobrepeso. Porém, o endócrino não é o único profissional habilitado para tratar a obesidade. É o mais habilitado para manejo de desordens hormonais, mas a obesidade não é apenas desordem hormonal (aliás, as causas endócrinas correspondem a uma minoria dos casos). 

Assim como o endócrino, o nutrólogo tem capacidade para diagnosticar e instituir o tratamento do paciente portador de obesidade e sobrepeso. Ele entende mais que o endocrinologista sobre alimentação, sobre composição de alimentos. E assim como o endócrino, ele é habilitado para prescrever medicações antiobesidade e indicar o tratamento cirúrgico da obesidade. Alias, o nutrólogo é mais habilitado para manejar complicações pós-operatórias de uma cirurgia bariátrica que o endócrino. Isso faz parte do cotidiano do nutrólogo, mas não da endocrinologia. 

Então diante da "necessidade" de "novidades" na abordagem do paciente portador de obesidade, "emergiu" a figura do nutrólogo. Na verdade os nutrologos sempre trataram obesidade, desde a década de 70 atuaram, mas ficaram conhecidos pela atuação no ambiente hospitalar, mais precisamente na UTI.
Como o mercado de emagrecimento precisa "inovar", inovaram colocando o tratamento nutrológico como algo "superior" no tratamento da obesidade e aí muita gente lucrou, principalmente os nutrólogos. Então, nos últimos 15 anos entrou na moda procurar o médico nutrólogo para emagrecer. 

Parece piada, mas alguns veem a ida ao nutrólogo como status. É chique falar que vai ao nutrólogo. Na cabeça de algumas pessoas, ir ao endócrino ou nutricionista é coisa do passado. E assim surgiu a fama de que nutrólogo é o médico que trabalha como obesidade e ganho de massa muscular. 
A fama é errada? Não, mas a especialidade Nutrologia vai muito além disso. 

No gráfico abaixo, mostro parte da imensidão da especialidade. Reparem que o tratamento da obesidade corresponde a menos de 15% do que existe de conteúdo da especialidade. 




Pergunta 02: Será que as pessoas (isso inclui profissionais da saúde e leigos) sabem o real papel do nutrólogo?

R: Infelizmente não. A especialidade apesar de ser reconhecida desde 1978, ainda é nova no imaginário popular, principalmente quando comparado a especialidades clássicas como a cardiologia, endócrino, nefro. Ainda é vista como um tratamento caro, elitista, justamente por ter poucos serviços no SUS e até mesmo em planos de saúde. Enxergam como o médico que trata obesidade, solicita inúmeros exames, prescreve hormônios para fins estéticos e melhora a performance de atletas. Ou seja, além de não saberem a real atuação do nutrólogo, incorporam à especialidade, práticas que sequer são reconhecidas como parte do rol de procedimentos em Nutrologia. 

Aprendam então que a Nutrologia é:
1) Uma especialidade Médica reconhecida pelo CFM desde 1978.
2) Uma especialidade para todos, ou seja, o conhecimento Nutrológico é universal e o tratamento também deveria ser universal. Existe no SUS em várias capitais.
2) Área na qual para o médico se intitular Nutrólogo, ele deve ter feito residência de clínica médica ou clínica cirúrgica e depois mais 2 anos de residência de Nutrologia, ou ter sido aprovado na prova de título de Nutrologia.
3) Uma especialidade que trata de doenças nutricionais, porém, o manejo dessas doenças pode ter intersecção com outras especialidades, como por exemplo Endocrinologista e Medicina do esporte, ambos tratam obesidade. Ou ainda, Nutrologia x Gastroenterologia, ambos tratam intolerâncias alimentares. Ou, Nutrologia e Geriatria, ambos tratam sarcopenia. 
4) Uma ciência na qual o médico é responsável por: 
a) Ensinar hábitos saudáveis de vida
b) Ensinar qual a dieta para adequada para cada indivíduo
c) Diagnosticar quais hábitos de vida podem favorecer doenças nutricionais
d) Diagnosticar doenças
e) Instituir o tipo de tratamento dessas doenças: clínico? Cirúrgico?
f) Ressaltar que a doença pode recidivar se não tomadas as devidas medidas nutropreventivas. 
g) Reabilitar o paciente. 
h) Não consta no seu rol de procedimentos: Modulação hormonal, implantes hormonais, ortomolecular, terapia antienvelhecimento, uso de hormônios quando não há deficiência, soroterapia quando o trato digestivo está funcionante. 





Existe uma interface da Nutrologia com praticamente todas as especialidades médicas. Ou seja, ano após ano, estudos são publicados diariamente mostrando o impacto de hábitos alimentares no desencadear ou perpetuação de diversas doenças.  Dentre as áreas que o nutrólogo pode atuar temos:
  • Nutrologia hospitalar: paciente internado na enfermaria ou no centro de terapia intensiva.
  • Nutrologia pediátrica
  • Nutrologia geriátrica
  • Nutrologia esportiva
  • Nutrologia oncológica
  • Nutroterapia no paciente cirúrgico
  • Nutroterapia materno-fetal
  • Nutroterapia de doenças hepáticas
  • Nutroterapia de doenças gastrintestinais
  • Nutroterapia de doenças renais
  • Nutroterapia de doenças pulmonares
  • Nutroterapia de doenças cardíacas e vasculares
  • Nutroterapia de doenças neurológicas
  • Nutroterapia de doenças reumatológicas
  • Nutroterapia de doenças osteomusculares
  • Nutroterapia de doenças ginecológicas
  • Nutroterapia de doenças hematológicas
  • Nutroterapia de doenças alérgicas.
Resumindo: o nutrólogo pode atuar em todas as áreas da medicina, já que existe uma interface entre a maioria das doenças e aspectos nutricionais. Isso não quer dizer que ele tratará todas as doenças dessas especialidades, mas sim que atuará com o suporte nutrológico desses pacientes.

Quais doenças e situações tratamos?

1) Pacientes críticos e internados em UTI, necessitando de suporte nutricional para melhorar o prognóstico e evitar complicações (ex. sarcopenia) após a alta.
2) Pacientes restritos ao leito hospitalar (internados) e que necessitam de suporte nutricional adequado (enteral ou parenteral).
3) Pacientes que foram/serão submetidos a cirurgias, principalmente as do aparelho digestivo.
4) Pacientes saudáveis que desejam verificar os níveis de nutrientes: vitaminas, minerais. Colesterol, triglicérides, ácido úrico, glicemia.
5) Pacientes que não conseguem ingerir comida por via oral (pela boca) e necessitam de sonda nasogástrica/nasoenteral ou por via endovenosa (na veia). Gastrostomia ou jejunostomia.
6) Pacientes com Baixa massa magra (sarcopenia) ou com baixo peso (desnutrição).
7) Portadores de Sobrepeso ou Obesidade.
8) Síndrome metabólica.
9) Esteatose hepática (gordura no fígado).
10) Pré-diabetes, Diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2.
11) Dislipidemias: aumento do colesterol e/ou dos triglicérides.
12) Acompanhamento Pré e pós-cirurgia bariátrica.
13) Transtornos alimentares, em acompanhamento conjunto com psiquiatras e psicólogos: Compulsão alimentar, Bulimia, Anorexia, Vigorexia, Ortorexia.
14) Alergias alimentares.
15) Intolerâncias alimentares (lactose, frutose, rafinose e sacarose). Intolerância FODMAPS e sensibilidade não-celíaca ao glúten.
16) Anemias carenciais (por falta de ferro, vitamina B12, ácido fólico, zinco, cobre, vitamina A).
17) Pacientes que optam pelo Vegetarianismo, veganismo, Piscitarianismo (consumo de Peixes), Reducitarianismo (redução do consumo de carne).
18) Pacientes com constipação intestinal (intestino preso).
19) Pacientes com quadros diarréicos crônicos (diarreias).
20) Pacientes com Disbiose intestinal, Síndrome de Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO), Síndrome de supercrescimento fúngico (SIFO).
21) Portadores de Síndrome do intestino irritável, gases intestinais, distensão abdominal, empachamento e digestão lentificada.
22) Pacientes com Doenças inflamatórias intestinais: Doença de Crohn e Retocolite ulcerativa
23) Pacientes com Doença diverticular do cólon (divertículo e diverticulite).
24) Gastrite.
25) Doença do refluxo gastroesofágico.
26) Esofagite eosinofílica.
27) Acompanhamento nutrológico pré-gestacional, gestacional e durante a amamentação.
28) Casais com infertilidade (aspectos nutrológicos).
29) Pacientes portadores de doenças cardiológicas em acompanhamento com cardiologista: Hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, arritmia cardíaca, valvulopatias.
30) Pacientes portadores de doenças pulmonares em acompanhamento com pneumologista: enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, fibrose cística.
31) Pacientes portadores de doenças renais em acompanhamento com nefrologista: insuficiência renal crônica, litíase renal (cálculos renais), cistite intersticial, hiperuricemia (aumento do ácido úrico), gota.
32) Pacientes portadores de doenças no fígado/vias biliares em acompanhamento com hepatologista: insuficiência hepática, hepatites virais ou autoimunes, Síndrome de Gilbert, Litíase biliar (pedra na vesícula).
33) Portadores de Osteoporose ou osteopenia.
34) Pacientes portadores de doenças autoimunes e que estão em acompanhamento com especialista na área, tais como aartrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, doença de hashimoto, psoríase, vitiligo, doença celíaca, espondilite anquilosante.
35) Portadores de doenças neurogenerativas e que estão em acompanhamento com neurologista: esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, atrofia muscular espinhal (AME), doença de Alzheimer (DA) e outras demências, doença de Parkinson, doenças do neurónio motor (DNM), doença de Huntington (DH).
36) Pacientes portadores de cefaléias e enxaquecas, que já estão em acompanhamento com Neurologista.
37) Pacientes portadores de epilepsia, com crises convulsivas refratárias e que por indicação do neurologista pode-se utilizar dieta cetogênica.
38) Pacientes portadores do vírus HIV e que estão em tratamento com terapia antiretroviral sob supervisão de infectologista.
39) Pacientes portadores de câncer em acompanhamento com oncologista.
40) Pacientes portadores de transtornos psiquiátricos e que estão em acompanhamento com psiquiatra e psicoterápico: Transtorno de ansiedade generalizada, Síndrome do pânico, Depressão, Transtorno bipolar, Transtorno do déficit de atenção, Esquizofrenia.
41) Portadores de distúrbios do sono: insônia, apnéia obstrutiva do sono, sonolência diurna, sensação de sono não reparador, que estão em acompanhamento com Médico do sono.
41) Pacientes que apresentam fadiga, cansaço crônico, fraqueza, indisposição. Já que muitas vezes o sintoma pode ser decorrente da privação de algum nutriente, presença de metal tóxico ou de hábitos dietético-higiênicos errados.
42) Pacientes com falta de macronutrientes (carboidratos, proteína e gorduras) ou de micronutrientes (vitaminas, minerais).
43) Pacientes que desejam melhorar a performance na prática desportiva, atletas profissionais ou amadores.
44) Pacientes que desejam ganhar massa magra sem utilização de anabolizantes.
45) Pacientes com alterações dermatológicas, as quais pode existir um componentes nutricional: Acne, rosácea, queda de cabelo, unhas quebradiças.
46) Portadores de candidíase de repetição.
47) Mulheres com Tensão pré-menstrual e que já estão em acompanhamento com ginecologista.
48) Mulheres na menopausa e que apresentam alteração na composição corporal.
49) Pacientes portadores de zumbido e vertigem, que o Otorrinolaringologista ou Neurologista indica adequação dietética.
50) Pacientes com fibromialgia.

Pergunta 03: As pessoas sabem diferenciar o papel do nutrólogo e do nutricionista?

R: Não. Até mesmo médicos, tendem a considerar o nutrólogo como um "nutricionista de luxo", por puro preconceito (com os nutricionistas e com os nutrólogos) e pior ainda, pura ignorância. O nutrólogo está para o nutricionista, assim como o psiquiatra está para o psicólogo. Ou o fisioterapeuta está para o ortopedista. Uma área complementa a outra. Ao longo desses anos percebi que muito desse preconceito também é fomentado por nutricionistas. Vários insistem que o nutrólogo invadem a nutrição e esquecem até mesmo que a nutrição surgiu na América latina através das mãos de um nutrólogo, o Dr. Pedro Escudero. Para ler mais sobre as diferenças entre as duas áreas acesse: https://nutrologojoinville.com.br/a-nutrologia/nutrologo-e-nutricionista/

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Sal rosa do Himalaya - Quebrando mitos e te ajudando a encomomizar

Frequentemente vemos pacientes contando que estão utilizando o sal do Himalayaa. Qual a minha opinião? Uma perda de dinheiro. Pagar 100 vezes em 300g de sal, sendo que não existe nenhum tipo de vantagem ? Vá comprar comida de verdade (orgânica de preferência e de produtores locais) que você ganha mais saúde. Mas porque pensamos assim? É achismo, implicância com as pedrinhas rosa ou temos alguma base científica para afirmar isso ?

Desde 2008 estamos buscando artigos sobre o tema. Passaram-se CATORZE anos e até agora, não encontramos NENHUM artigo na Pubmed mostrando vantagens em se consumir o tal sal do Himalaia. 

O que estão em jogo aqui não é achismo (-Ah mas comigo eu usei e gostei), somos médicos, alguns pesquisadores com mestrado e doutorado e o que estamos buscando são evidências científicas. É injusto fazer terrorismo nutricional com a população. Pessoas que tem um orçamento limitado e acabam acreditando que tem obrigação de comprar Sal do Himalaia pois alguns profissionais vendem a ideia de que é mais saudável.

Enfim, compramos o bendito, fizemos uso e não vimos diferença alguma.

Mas será que esses sais diferentes são mais saudáveis ? 

No mercado temos o sal marinho, sal de cozinha refinado e iodado, sal kosher, sal aromatizado, fleur de sel (flor do sal ou sal cinza), Hiwa Kai, sal negro, Hawaiian Sea Salt, Kala Namak, “sal orgânico” e o famoso sal rosa do Himalaia. Todos são o mesmo produto: cloreto de sódio. Apenas as quantidades ínfimas (traços) de minerais variam de um para outro. Primeira ilusão de quem consome esse sal. Não há minas de sal no Himalaia. Como diz a culinarista Pat Feldman "é sal demais para "Himalaia de menos". As maiores minas de "sal do Himalaia" ficam no Paquistão, a quase 500 km do Himalaia.

Uma dúvida, o sal rosa do Himalaia é tão puro que não recebe iodação, sendo comercializado sem iodo ? Mas se isso é uma política de saúde pública e a falta de iodação pode gerar repercussões metabólicas, o consumo do mesmo estaria ligado a um maior risco de deficiência de iodo? 

Há alguns produtos com o nome Sal do Himalaia que é iodado, mas os importados não são. O sal de mesa (o tão mal falado sal refinado) é enriquecido com iodo e é uma forma altamente eficaz para prevenir a deficiência de iodo (que pode levar ao bócio, um aumento do volume da glândula tireóide). A política de saúde pública (que consiste na iodação do sal) acaba prevenindo o bócio por déficit de Iodo, tão comum em décadas passadas, no interior do Brasil.

A maior desculpa apresentada para se propagar os benefícios com o uso do sal do Himalaia é que ele contém 84 minerais traços e esses promovem saúde e bem-estar. Existe um site interessantíssimo que seguimos: https://www.sciencebasedmedicine.org que visa desvendar alguns mitos. Recentemente postaram sobre o sal do Himalaia e provaram que não há UM único estudo comparando o sal do Himalaiaa com os demais.

Mas suponhamos que esses 84 minerais presentes realmente estejam na composição. Isso justificaria a sua utilização ? Não. São traços, ou seja, quantidades tão ínfimas que você adquire consumindo 200ml de água natural.

Não há nenhuma evidência publicada em revistas ou jornais ligados a área, mostrando que a substituição de sal branco por sal do Himalaya traga benefícios para a saúde. Na lista de minerais citados, você notará que uma série deles são radioativos, como Rádio, Urânio e Polônio. Também compõem a lista, minerais tóxicos, como o Tálio. Seria arriscado então consumir Sal do Himalaya ? Não, já que são traços, ou seja, quantidades ínfimas. Uma pergunta inversa aos defensores do seu uso: então se os vestígios de 84 minerais presentes são benéficos, porque não acreditar que os vestígios de minerais radioativos e tóxicos possam ser prejudiciais?

O site fluoridedetective.com alerta que a análise do sal extraído da maior mina de "sal do Himalaya" do mundo, no Paquistão, demonstrou concentração gigantesca de flúor, de 231 ppm (231mg de fluor por quilo de sal). http://www.poisonfluoride.com/pfpc/html/analysis.html E isso é arriscado, ou seja, já temos evidências de que o seu uso tenha potencial efeito tóxico.

Resumindo: a alegação de que sal rosa do Himalaya contém 84 minerais pode ATÉ ser verdade, mas a alegação de que “promove a saúde e bem-estar” é falsa até que se prove o contrário, com estudos clínicos.

Enquanto esperamos por evidências, continuaremos utilizando o sal marinho iodado. Pelo menos sabemos que eles não contém urânio.

Caso nos perguntem qual sal ideal? O sal refinado é puramente Cloreto de Sódio com iodo, sem traços de outros minerais. O sal marinho por não ser refinado, mantém alguns traços de minerais. A questão é: traços de minerais terão impacto na nossa saúde ? Não, pois a quantidade que utilizamos é ínfima.

O que devemos adotar é uma dieta saudável, com mais alimentos in natura e menos alimentos processados. Dar preferência a vegetais (folhagens, legumes, leguminosas, cereais integrais) orgânicos, beber basta água filtrada, praticar atividade física regularmente, ter contato com a natureza, dormir bem, manter os pensamentos em ordem e cultivar bons sentimentos. Isso é infinitamente superior que qualquer traço de minerais.

Assinam o post acima os seguintes perfis no instagram:

Dr. Frederico Lobo (Médico Nutrólogo de Goiânia/Joinville) @drfredericolobo

Dra. Tatiana Abrão (endocrinologista e nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,

Dr. Daniella Costa (nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,

Atualização: 30/05/2017

A USP fez uma análise e não achou superioridade no consumo do Sal Rosa, segundo as pesquisadoras do Laboratório de Alimentos da USP. “Em 1g de sal você tem 400 mg de sódio, no sal refinado. Nos gourmets, tem 312 mg, 360 mg, varia inclusive entre eles, mas não passa, não é abaixo de 300 mg”, explicou a pesquisadora Eliana Bistriche Giutini. 


Um estudo de 2010 analisou 45 tipos de sal e o brasiliense João Gabriel Marques, nutricionista e mestre em Nutrição Humana pela Universidade de Brasília (UnB) analisou o estudo, criando até uma tabela para fins comparativos. 


Considerando os 45 tipos de sal avaliados, ficaremos apenas com aqueles mais interessantes para a nossa análise, ou seja, aqueles mais facilmente encontrados para consumo: sal refinado, sal marinho*, sal grosso e sal rosa do Himalaia. *O sal marinho escolhido, a partir das diversas opções de sal marinho do estudo, foi o que pode ser obtido a partir do Oceano Atlântico (litoral brasileiro).

Para facilitar a visualização, montei uma tabela com a concentração dos minerais avaliados pelo estudo: cálcio, potássio, magnésio, ferro, zinco e sódio. Além disso, coloquei, na última coluna, os valores de referência de ingestão (DRIs) — para mulheres jovens adultas* — de cada um desses nutrientes.

*Escolhi os valores para mulheres jovens adultas porque eles são iguais ou inferiores aos de homens, idosos ou gestantes; a única exceção foi o ferro, que possui valor de referência mais baixo para homens do que para mulheres (8 x 18 mg). Assim, essas escolhas foram determinadas para que houvesse a possibilidade de a ingestão desses minerais, a partir dos sais, pudesse ser minimamente importante pelo menos para o grupo populacional com as menores necessidades absolutas de minerais.

Todos os minerais abaixo estão representados em miligramas (mg) e referem-se à quantidade presente em 10 g de sal, que é próxima à média de ingestão diária da população brasileira:

É possível perceber, claramente, que o consumo de nenhum sal, nem mesmo o rosa do Himalaia, nem mesmo o azul de Urano, representará uma fonte expressiva de minerais — com exceção do sódio, é claro. 

A concentração de minerais no sal rosa é bastante superior à dos demais sais? Sim, chegando a ser 300% superior para o cálcio e mais de 7400% superior para o magnésio, por exemplo, quando comparada à do sal refinado. Mas de que adianta se, na prática, essas quantidades de minerais encontradas no sal rosa ainda são muito pequenas em relação às necessidades diárias? Nada. 

Considerando nossas necessidades nutricionais, o mineral mais importante no sal rosa seria o ferro. Mesmo assim, a ingestão de 10 g/dia desse tipo de sal não seria capaz de suprir nem 5% das recomendações de ferro. Além disso, diferentemente do que algumas pessoas dizem e do que alguns sites informam, o sal rosa do Himalaia não possui menor concentração de sódio quando comparado ao sal refinado. E sódio à parte, nenhum sal será uma fonte minimamente importante de minerais. Além desse artigo científico que analisamos, existe também um site em inglês que apresenta a concentração de todos os minerais que supostamente são encontrados no sal rosa. 

Porém, como o site não diz muito bem como esses dados foram obtidos, não é possível afirmar que essas informações são confiáveis. Mesmo assim, se alguém quiser confirmar que o sal rosa não se configura como uma fonte importante de nenhum desses nutrientes, basta comparar os minerais apresentados pelo site às necessidades nutricionais de cada mineral segundo as DRIs.

ATUALIZAÇÃO: 06/12/2021

Um grupo de estudos aqui da Universidade Federal de Goiás publicou um artigo  comparando os efeitos do Sal Rosa versus sal de mesa comum sobre a pressão arterial.

O sal do Himalaia (SH) tornou-se uma alternativa popular para o sal de mesa (SM) devido às suas alegações de benefícios à saúde, principalmente para indivíduos com hipertensão arterial. Porém, apesar do aumento do consumo de SH, ainda faltam evidências clínicas que sustentem a recomendação de seu consumo por profissionais de saúde. 

Objetivo do trabalho: Este estudo teve como objetivo comparar o impacto da ingestão de SH e SM sobre a pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e concentração de sódio urinário em indivíduos com PA. 

Metodologia do trabalho: Este estudo recrutou 17 pacientes do sexo feminino com hipertensão arterial que comiam fora de casa no máximo uma vez por semana. Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos, para receber e consumir SH ou SM. Antes e depois de cada intervenção, os participantes tiveram sua pressão arterial medida e urina coletada para análise mineral. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Resultados: Não houve diferenças estatisticamente significativas antes e depois da intervenção SH para PAD (70 mmHg vs. 68,5 mmHg; p = 0,977), PAS (118,5 mmHg vs. 117,5 mmHg; p = 0,932) e concentração urinária de sódio (151 mEq / 24h vs. 159 mEq / 24; p = 0,875). Além disso, a análise entre os grupos não mostrou diferenças significativas após a intervenção em relação a PAS (117 mmHg vs 119 mmHg; p = 0,908), PAD (68,5 mmHg vs 71 mmHg; p = 0,645) ou concentração urinária de sódio (159 mEq / 24h vs 155 mEq / 24h; p = 0,734).

Conclusão: Este estudo sugere que não há diferenças significativas no impacto do consumo de SH em relação ao SM na PA e concentração urinária de sódio em indivíduos com hipertensão arterial. A troca de um pelo outro não foi uma medida eficaz a ponto de alterar a pressão arterial.

Além disso, o sal do Himalaia utilizado custou 30x mais que o sal de mesa. Também observamos o sal do Himalaia liberado para comercialização no Brasil e utilizado no estudo, tem 6x menos iodo que o sal comum. O que significa? Risco de bócio na população exposta ao uso à longo prazo pois todo sal do Brasil é acrescido de Iodo como medida de saúde pública.

Palavras-chave: Pressão Arterial; Hipertensão; Doenças Cardiovasculares; Fatores de Risco; Cloreto de Sódio; Sódio na Dieta; Urinalise.

Por que consumir ORGÂNICOS ?

A produção de orgânicos sempre que possível, baseia-se no uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Busca manter a estrutura e produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza. Equilíbrio Homem/ecossistema, integração ! De formal geral, a agricultura orgânica é baseada em três idéias. 

São elas: 

1) Cultivo natural: é proibido o uso de agrotóxicos, adubos químicos e artificiais e conservantes no processo de produção. 

2) Equilíbrio ecológico: A produção respeita o equilíbrio microbiológico do solo e as diferentes épocas de safra. O processo fica mais sustentável, não degradando a biodiversidade. 

3) Respeito ao homem: o trabalhador tem que ser respeitado (leis trabalhistas, ganho por produtividade, treinamento profissional e qualidade de vida). Para se obter um alimento verdadeiramente orgânico, é necessário conhecer diversas ciências (agronomia, ecologia, nutrição, medicina, economia, entre outras). 

Assim, o agricultor, através de um trabalho harmonizado com a natureza, tem condições de oferecer ao consumidor alimentos que promovam não apenas a saúde deste último, mas também do planeta em que vivemos. O número crescente de produtores orgânicos no Brasil está dividido basicamente em dois grupos: pequenos produtores familiares ligados a associações e grupos de movimentos sociais, que representam 90% do total de agricultores, sendo responsáveis por cerca de 70% da produção orgânica brasileira, e grandes produtores empresariais (10%) ligados a empresas privadas. 

Enquanto na região sul cresce o número de pequenas propriedades familiares que aderem ao sistema, no sudeste a adesão é representada em sua maioria por grandes propriedades. Atualmente, o Brasil ocupa a 34ª posição no mundo no ranking dos países exportadores de produtos orgânicos, sendo que na última década foi assistido um crescimento de 50%nas vendas por ano. 

Calcula-se que já estão sendo cultivados perto de 100 mil há (hectares) em cerca de 4.500 unidades de produção orgânica espalhadas por todo o país. A maior parte da produção brasileira (cerca de 70%) encontra-se nos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. Apesar da tendência de crescimento, o Brasil ainda perde para a vizinha Argentina em termos de área certificada para o cultivo de orgânicos na América do Sul. 

Da produção nacional de orgânicos, cerca de 75% é exportada, principalmente para a Europa, Estados Unidos e Japão. A soja, o café e o açúcar lideram as exportações. No mercado interno, os produtos mais comuns são as hortaliças, seguidos de café, açúcar, sucos, mel, geleias, feijão, cereais, laticínios, doces, chás e ervas medicinais. Infelizmente ainda não temos muitas frutas produzidas nos moldes correto. Os países com maiores áreas de produção orgânicas são, respectivamente: 
1) Austrália com 12,29 milhões de ha; 
 2) China com 2,3 milhões de ha; 
 3) Argentina com 2,22 milhões de ha. 

Esses países têm como principal atividade nessas áreas orgânicas a pastagem não intensiva. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados na comparação entre países, pois a produtividade é extremamente variável entre eles. O Brasil se encontra na oitava posição, com 880 mil ha. 

Em termos de continente, a Oceania detém 40,7% da área sob manejo orgânico, seguida da Europa com 24,3%, América Latina com 16,2%, Ásia com 10,2%, América do Norte com 7,3% e África com 1,4%. O Japão hoje é considerado um dos maiores mercados mundiais para produtos orgânicos. Devido à pequena dimensão territorial, a produção orgânica própria é pequena, principalmente se comparada à variedade e volume de produtos que importam, como cereais, legumes, frutas frescas, carne bovina, frango, queijo, entre outros. Nos Estados Unidos, os produtores orgânicos certificados produzem principalmente cereais, com destaque para soja e trigo.

O desenvolvimento da agricultura orgânica americana tem sido comparado ao da Europa, assistindo um volume de venda próximo dos U$5 bilhões anuais. Segundo dados da Organic Farming Research Fundation (Fundação de Pesquisa em Agricultura Orgânica), aproximadamente 1% do mercado americano de alimentos é proveniente de métodos orgânicos de produção. Na Europa o desenvolvimento da agricultura orgânica e do consumo de produtos sem agrotóxico cresce a passos largos. No final de 2009, na França, havia 16.446 fazendas orgânicas, um aumento de 23,7% em relação a 2008, e 677.513 hectares de terra orgânica, um aumento de 16% comparado a 2008. 

O país obteve destaque devido ao aumento significativo de algumas produções animais na linha orgânica, sobretudo o frango orgânico, que teve taxas de crescimento de 135% nos últimos dois anos. A Alemanha foi o primeiro país do mundo a criar um organismo para inspeção e controle da produção orgânica e hoje o mercado alemão de produtos orgânicos é considerado um dos mais importantes da Europa. Em 1998, foram contabilizadas cerca de 6.786 unidades de produção (1,9% de sua área total). 

COMO SABER SE É ORGÂNICO? 

Se você pretende consumir alimentos orgânicos fique atento para não ser enganado. Procure sempre pelo selo de qualidade emitido por certificadoras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura. São entidades como a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), o Instituto Biodinâmico (IBD), entre outros. Essas entidades, ao todo cerca de 30 em todo Brasil, avaliam se a produção do alimento segue os critérios estabelecidos pela agricultura orgânica. Para ganhar o selo, os produtores seguem várias precauções e têm suas lavouras fiscalizadas a cada semestre. A presença do selo garante, portanto, a procedência e a qualidade dos produtos. 

10 MOTIVOS PARA CONSUMIR PRODUTOS ORGÂNICOS 

1) SÃO ALIMENTOS NUTRITIVOS E SABOROSOS: Com solos balanceados e fertilizados com adubos naturais, se obtém alimentos mais nutritivos. A comida fica mais saborosa, conservam-se suas propriedades naturais como vitaminas, sais minerais, carboidratos e proteínas. Um alimento orgânico não contém substâncias tóxicas e nocivas à saúde. Em solos equilibrados as plantas crescem mais saudáveis, preservam-se suas características originais como aroma, cor e sabor. Consumindo produtos orgânicos é possível apreciar o sabor natural dos alimentos. Além disso, quando se utiliza o sistema de Rochagem na adubagem o alimento fica mais rico devido a inserção de minerais ESSENCIAIS na composição do solo. Pesquisas internacionais demonstram que alimentos orgânicos apresentam, em média, 63% a mais cálcio, 73% mais ferro, 118% mais magnésio, 178% mais molibdênio, 91% mais fósforo, 125% mais potássio, 60% mais zinco que os alimentos convencionais. Possuem menor quantidade de mercúrio (29%), substancia que pode causar doenças graves (informação publicada no Journal of Applied Nutricion, 1993). No ano passado pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine, em Londres, Inglatrra, realizaram um levantamento com 162 artigos científicos publicadas nos últimos 50 anos, que mostrou que não existe uma diferença tão grande entre o alimento orgânico e o normal. Erro na metodologia ? Interesses exclusos ? Mesmo que não tivesse superioridade nutricional, só de não conter agrotóxicos ja É SUPERIOR ! 

2) SAÚDE GARANTIDA: Vários pesticidas utilizados hoje em dia no Brasil estão proibidos em muitos países, em razão de consequências provocadas à saúde, tais como: 1) Cânceres dos mais viversos tipos 2) Alergias alimentares 3) Asma 4) Infertilidade 5) Alterações hormonais principalmente quando se trata de hormônios sexuais 6) Hiperatividade em adultos e crianças 7) Déficit de atenção 8) Doenças neurodegenerativas 9) Aumento da produção de radicais livres e diminuição da produção de antioxidantes. 10) Intoxicação por metais pesados Um relatório da Academia Americana de Ciências, de 1982, calculou em 1.400.000 o número de novos casos de câncer provocados por agrotóxicos. Além disso, os alimentos de origem animal estão contaminados pela ação dos perigosos coquetéis de antibióticos, hormônios e outros medicamentos que são aplicados na pecuária convencional, quer o animal esteja doente ou não. Consumindo orgânicos protegemos nossa saúde e a saúde de nossos familiares com a garantia adicional de não estarmos consumindo alimentos geneticamente modificados. Vale a pena ler o Post sobre a recente pesquisa da Anvisa, na qual a mesma detectou irregularidade em 29% dos alimentos analisados. 

3) PROTEÇÃO ÀS FUTURAS GERAÇÕES: As crianças são os alvos mais vulneráveis da agricultura com agrotóxicos. “Quando uma criança completa um ano de idade, já recebeu a dose máxima aceitável para uma vida inteira, de agrotóxicos que provocam câncer”, diz um relatório recente do Environmental Working Group (Grupo de Trabalho Ambiental). A agricultura orgânica, além disso mais, tem a grande tarefa de legar às futuras gerações um planeta reconstruído. 

 4) AMPARO AO PEQUENO PRODUTOR: O trabalhador rural precisa ser preservado, tanto quanto a qualidade ecológica dos alimentos. Adquirindo produtos ecológicos, contribuímos com a redução da migração de famílias para as cidades, evitando o êxodo rural e ajudando a acabar com o envenenamento por agrotóxicos sofrido por cerca de 1 milhão de agricultores no mundo inteiro. 

5) SOLOS FÉRTEIS: Uma das principais preocupações da Agricultura Orgânica é o solo. O mundo presencia a maior perda de solo fértil pela erosão em função do uso inadequado de práticas agrícolas convencionais. Com a Agricultura Orgânica é possível reverter essa situação.

6) ÁGUA PURA: Quando são utilizados agrotóxicos e grande quantidade de nitrogênio, ocorre a contaminação nas fontes de água potável. Cuidando desse recurso natural, garante-se o consumo de água pura para o futuro.

7) BIODIVERSIDADE: A perda das espécies é um dos principais problemas ambientais. A Agricultura Orgânica preserva sementes por muitos anos e impede o desaparecimento de numerosas espécies, incentivando as culturas mistas e fortalecendo o ecossistema. A Fauna permanece em equilíbrio e todos os seres convivem em harmonia, graças à não utilização de agrotóxicos. A Agricultura Orgânica respeita o equilíbrio da natureza e cria ecossistemas saudáveis.

8) REDUÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL E ECONOMIA DE ENERGIA: O solo tratado com substâncias químicas libera uma quantidade enorme de gás carbônico, gás metano e óxido nitroso. A agricultura e administração florestal sustentáveis podem eliminar 25% do aquecimento global. Atualmente, mais energia é consumida para produzir fertilizantes artificiais do que para plantar e colher todas as safras.

9) CUSTO SOCIAL E AMBIENTAL: O alimento orgânico não é, na realidade, mais caro que o alimento convencional se consideramos que, indiretamente, estaremos reduzindo: 1) Gastos com MÉDICOS e MEDICAMENTOS 2) CUSTOS com a recuperação ambiental.

10) CIDADANIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL: Consumindo orgânicos, estamos exercitando nosso papel social, contribuindo com a conservação e preservação do meio ambiente e apoiando causas sociais relacionadas com a proteção do trabalhador e com a eliminação da mão-de-obra infantil. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Ressalvas sobre o café

O café é uma das bebidas mais queridas, consumidas e estudadas em todo o mundo. Nós, por exemplo, amamos um café bem quente e todos os dias bebemos pela manhã.

Mas a dúvida que vários pacientes que são amantes do café me perguntam, é se podem tomar o quanto quiserem da bebida. Bom, na nossa visão, nenhum alimento ou bebida deve ser consumido de forma livre e excessiva, visto que na Nutrição é preciso MODERAÇÃO em tudo.

Mas, sendo mais científico, diversos estudos já demonstraram que o consumo de 3 a 5 xícaras por dia de café não traz riscos à saúde e, nessa quantidade, está associado com um menor risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres. Lembrando também que doses maiores que 5 xícaras por dia não está associado a maiores benefícios para saúde, nem com maior risco de hipertensão arterial.
.
Então, o que te orientamos sobre isso:
  • Beba café diariamente caso você goste, pois pode te trazer benefícios!
  • Não adicione açúcar e, caso faça o uso, reduza gradativamente. Parece impossível, mas é questão de costume. Vá reduzindo a quantidade de açucar ou as gotas de adoçante.
  • Evite ultrapassar 5-6 xícaras de café por dia.
  • Evite ingerir café após às 16-17 horas, mesmo que acredite ser "imune" ao seu efeito estimulante. Algumas pessoas são denominadas de metabolizadores rápidos do café e com isso os efeitos "aceleradores" do café são quase imperceptíveis. Há também os que são metabolizadores lentos e nesses os efeitos são mais proeminentes. Isso ocorre devido um polimorfismo genético. Há um teste genético para saber como você reage ao café.
  • Observe se a ingestão de maiores quantidades de café ao longo do dia não te deixe mais "ansioso (a)", aumenta a frequência cardíaca, frequência respiratória, aumenta o número de evacuações. 
  • Caso seja vegetariano, evite colocar o café próximo as suas grandes refeições. O Café é rico em taninos e isso leva a uma redução de todos os minerais divalentes: ferro, cálcio, magnésio, cobre, zinco. 
  • Se tiver gastrite ou refluxo gastresofágico, evite beber café até que faça o tratamento adequado. O Café pode relaxar o esfíncter esofágico inferior e com isso a comida pode "voltar" para o esôfago com mais facilidade. Além disso substâncias presentes no café podem agredir a mucosa do esôfago e estômago. 
Autores: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Selênio: o que é, onde encontrar, quais suas funções

O pessoal do NUTRITOTAL está fazendo uma série sobre os micronutrientes. Está bem completa e como sou leitor assíduo do conteúdo que eles publicam semanalmente, divulgarei. Aproveito para divulgar o site, que é riquíssimo em conteúdo de excelente qualidade.

Eles possuem o:
Ambos super bem elaborados, por uma equipe altamente qualificada. Então sugiro que conheçam: https://nutritotal.com.br/




Série sobre micronutrientes: Selênio

O selênio (Se) é um micronutriente essencial para a saúde humana. Descrito pela primeira vez em 1818 pelo químico sueco Jons Jacob Berzelius, o mineral tomou notoriedade a partir de 1979, quando foi descoberta uma enfermidade decorrente da sua deficiência (a doença de Keshan). Neste artigo, você irá entender quais as funções do selênio, suas recomendações nutricionais, fontes alimentares, e muito mais.

Os “tipos” de selênio 

Em primeiro lugar, precisamos entender as formas de apresentação do selênio. Através da alimentação ou suplementação, o mineral pode ser encontrado nas suas formas orgânicas ou inorgânicas.

As formas orgânicas do selênio são aquelas provenientes da alimentação. Podem ser:

  • Selenometionina: advindas de vegetais e cereais. Apresenta uma alta taxa de absorção, pois pode ser incorporado no lugar da metionina em tecidos como músculo, eritrócitos e albumina plasmática.
  • Selenocisteína: oriunda de carnes bovina, de ave e de peixe. Essa forma está presente nas selenoproteínas, responsáveis por exercer as principais funções biológicas relacionadas a este micronutriente.
  • Seleniometilselenocisteína: forma presente em vegetais cultivados em solos enriquecidos com selênio, com participação no pool para a síntese de selenoproteínas.
Já as formas inorgânicas são aqueles provenientes de suplementos, apresentadas sob duas formas:
  • Selenito: tende a ser preferida na suplementação direta aos animais. Sua absorção não ultrapassa 60%, mas pode aumentar na presença de glutationa reduzida (GSH).
  • Selenato: é a opção usual para ser adicionada aos fertilizantes. É absorvida de forma eficiente (90%)  por um processo de difusão passiva.
O metabolismo do selênio

A absorção do selênio ocorre principalmente na parte inferior do intestino delgado por meio de diferentes rotas e mecanismos, com uma eficiência de aproximadamente 70 a 90% em condições fisiológicas normais.

Os diferentes tipos deste mineral são reduzidos a seleneto de hidrogênio (H2Se). Após sua metabolização (que acontece principalmente no fígado), os compostos orgânicos podem seguir por dois caminhos distintos:

Seguem para a circulação, onde são acumulados em diferentes locais do corpo (fígado, rins, pâncreas, músculos esqueléticos, músculo cardíaco e sangue), ligado principalmente à glutationa peroxidase;
Ou são removidos no próprio fígado pela transulfuração do selênio, sendo que o “novo” selênio será utilizado para a síntese de selenoproteínas.
Por fim, a excreção de selênio ocorre na forma de produtos metilados, principalmente pela urina e fezes, de acordo com a ingestão do mineral. O selênio também pode ser eliminado do organismo por meio da perda de cabelos e células da pele.

Quais as funções deste mineral?

Os papéis do selênio estão diretamente relacionados às funções das selenoproteínas e de produtos do metabolismo do mineral. Suas principais funções são:

  1. Participar do metabolismo da tireoide;
  2. Atuar como antioxidante;
  3. Manutenção do sistema imunológico;
  4. Função neurológica;
  5. Promover a fertilidade masculina.
Metabolismo de tireoide

As iodotironina desiodinases (DIO) são uma família de selenoproteínas que ajudam a converter o hormônio da tireóide (T4) em sua forma ativa (T3). Deste modo, juntamente com o iodo, a ingestão adequada de selênio é de grande importância para prevenir as disfunções desta glândula. Outros micronutrientes, principalmente iodo, ferro, zinco e vitamina A são necessários para o funcionamento adequado da tireoide.

Função Antioxidante

A função antioxidante do selênio se dá principalmente através das selenoproteínas Glutationa Peroxidase (GPx), encontradas em todos os tecidos onde ocorrem processos oxidativos. Basicamente, essas enzimas atuam neutralizando a ação de espécies reativas de oxigênio (EROs) utilizando uma molécula de glutationa reduzida (GSH) como co­fator. Esse processo auxilia os seguintes mecanismos:

  • Proteção do estresse oxidativo no epitélio intestinal;
  • Manutenção da homeostase da mucosa;
  • Neutralização da ação oxidativa de ácidos graxos nas membranas celulares;
  • Redução de hidroperóxidos de colesterol e ésteres de colesterol nas membranas celulares e LDL-colesterol;
  • Bloqueio da peroxidação lipídica no metabolismo dos eicosanóides;
  • Entre outros.
  • Sistema imunológico
  • Diversas evidências mostram o papel do selênio na proteção do sistema imune, tal como na modulação da resposta inflamatória. A suplementação com selenito de sódio, por exemplo, foi capaz de reduzir a expressão gênica de TNF­α e da enzima COX­2 por meio da modulação das vias da MAP quinase e do NF­κB.
A função antioxidante descrita anteriormente também atua no sistema imunológico. Algumas selenoproteínas (como GPx e TXNRD1) são responsáveis por regular a produção de EROs e do estado redox em células imunes. Deste modo, tanto a deficiência quanto a superexpressão dessas substâncias desregulam as funções dessas células, podendo provocar a morte celular ou prejudicar o mecanismo oxidativo necessário às funções fagocíticas.

Em macrófagos periféricos, a selenoproteína S (SELENOS) pode ter papel anti apoptótico e atuar na redução do estresse do retículo endoplasmático.

Por fim, o selênio também se associa à plasticidade de macrófagos durante a resposta imune ocasionada por infecções parasitárias, tuberculose e infecção pelo vírus HIV.

Função neurológica

No cérebro, selenoproteínas como SELENOP e GPx são expressas em neurônios e/ou na glia.  Nestes locais, estas substâncias também são importantes na proteção contra o estresse oxidativo, uma vez que os danos causados por EROs são observados em diversas doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson, Esclerose Múltipla…).

Já foi demonstrado, por exemplo, que a expressão de SELENOP cerebral aumenta com a idade, indicando a necessidade de proteção contra o estresse oxidativo nos neurônios.

Fertilidade masculina

O selênio exerce um papel importante na fertilidade masculina por ser necessário para biossíntese de testosterona e para o desenvolvimento dos espermatozoides.

Ademais, o estresse oxidativo nas células testiculares pode afetar a integridade e a motilidade do espermatozoide. Para combater essa situação, grande parte do selênio encontrado nos testículos é incorporado na selenoproteína GPx4, que exerce seu papel antioxidante e impede a infertilidade masculina.

Além disso, a GPx4 também exerce um papel estrutural para os espermatozoides maduros. Desse modo, a deficiência de selênio pode prejudicar não só a motilidade do esperma, mas também resultar em alterações morfológicas.

Recomendações nutricionais

A recomendação para Ingestão Dietética Diária (RDA) de selênio varia com a idade e a fase da vida. Na tabela abaixo, você encontra estes valores.



Fontes de selênio

A obtenção de selênio através da alimentação irá depender do solo em que o alimento foi cultivado. Áreas mais próximas de oceanos, por exemplo, possuem solos com concentração naturalmente maior deste mineral.

As fontes alimentares de selênio podem ser advindas de produtos de origem animal ou vegetal. Enquanto os produtos de origem animal possuem a forma de selenocisteína, os produtos de origem vegetal são ricos em selenometionina. Algumas fontes alimentares de selênio são:
  • Castanha-do-Pará;
  • Peixes;
  • Ovo;
  • Farinha de trigo integral;
  • Carne bovina.

Na tabela abaixo, você encontra a quantidade de selênio a cada 100 g de alimento. 

Tabela de composição de alimentos (TACO)

Deficiência de selênio

A deficiência em selênio ocorre quando a ingestão diária desse mineral é menor ou igual a 11 µg/dia. Apesar de não ser comum, as principais causas da deficiência são:
  • Uso de terapia de nutrição parenteral;
  • Problemas gastrointestinais (como a Doença de Crohn e a Síndrome do Intestino Curto);
  • Fenilcetonúria;
  • Indivíduos com hepatopatias, principalmente em decorrência de alcoolismo,  em indivíduos que substituem refeições por bebidas alcoólicas;
  • Baixa ingestão proteica;
  • Indivíduos de áreas com solo pobre em selênio.
Em casos graves, a deficiência de selênio pode causar enfermidades. Uma delas é a Doença de Keshan,  uma cardiomiopatia que acomete, principalmente, mulheres na idade fértil e crianças entre 2 e 10 anos. É caracterizada pelo aumento cardíaco, eletrocardiograma anormal, insuficiência cardíaca congestiva e necrose multifocal do miocárdio.

Outro problema advindo da deficiência grave é a Doença de Kaschin-Beck. Trata-se de uma osteoartrite caracterizada por atrofia, degeneração e necrose do tecido cartilaginoso, que pode resultar em deformação das articulações e nanismo. Esta doença acomete principalmente crianças entre 5 e 13 anos.

Para prevenir a deficiência, alguns estudos nacionais utilizam pontos de corte adotados para a população americana, sendo que os valores normais de selênio são:

Selênio plasmático: 60 a 120 µg/L;
Selênio eritrocitário: 90 a 190 µg/L.

Toxicidade

Assim como a deficiência, a toxicidade por selênio é rara. Contudo, ela pode ocorrer com intoxicação no ambiente de trabalho, inalação de aerossóis e consumo oral de selênio inorgânico.

Os sintomas incluem:
  • Hipotensão;
  • Estresse respiratório;
  • Disfunção gastrointestinal e neurológica;
  • Síndrome respiratória aguda;
  • Infarto do miocárdio;
  • Falência renal.
Além disso, algumas evidências recentes têm observado que o excesso de selênio no sangue está associado ao aumento do risco para diabetes tipo 2, síndrome metabólica, alterações no perfil lipídico, aumento de biomarcadores inflamatórios e aumento da mortalidade.

Por isso, existe um valor máximo de ingestão de selênio para prevenir os seus efeitos adversos, definido pelo Limite Superior Tolerável de Ingestão (UL):


Referências: 
CARDOSO, Marly Augusto; SCAGLIUSI, Fernanda Baeza. Nutrição e Dietética. 2ª edição, Guanabara Koogan, 2019.
COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 6ª edição, Editora Manole, 2020.


terça-feira, 9 de agosto de 2022

Módulo 1 do curso de Nutrologia básica para acadêmicos de Medicina

Quarta-feira passada iniciou o primeiro curso de Nutrologia básica para acadêmicos de medicina do Brasil. Idealizado por mim em parceria com os membros do movimento Nutrologia Brasil, ministramos quase 30h de aulas. Diversos temas foram abordados e ao todo tivemos aula com 19 profissionais e mais de 140 participantes na sala.

Abertura do curso e apresentação
Quarta:
19:00: Introdução à Nutrologia – Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo
20:00: Experiência como residente ou especializando em serviços de Nutrologia reconhecidos pela ABRAN
Dr. Plinio Augusto Moreira – Médico cirurgião geral e estagiário em Nutrologia (HCFMUSP-SP)
Dra. Julia Pacheco – Médica R4 de Nutrologia (IGESP – SP)
Dra. Isabella Lacerda Marx – Médica R4 de Nutrologia (HFR – BH)
Dr. Audiem Momm – Preceptor da especialização em Nutrologia do IAMSPE – SP

Sexta:
20:00: Nutrologia e ética – Dra. Karoline Calfa – Médica Nutróloga e Conselheira do CRM-ES
21:00: Nutrologia e perícia judicial – Dr. Cristopher Celintano – Médico perito judicial

Sábado:
08:00: Necessidades energéticas básicas – Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo
10:00: Avaliação do estado nutrológico – Dra. Márcia Beretta – Médica Nutróloga
11:00: Anamnese nutrológica – Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo
14:00: Exame físico em Nutrologia – Dr. Lucas Vaz – Médico especializando de Nutrologia (HFR)
15:00: Métodos de avaliação corporal (Bioimpedância, DEXA) e gasto energético (Calorimetria indireta) – Dr. Edvaldo Guimarães Jr – Médico Nutrólogo
18:00: Nutrientes em Nutrologia: noções básicas para diagnóstico, prescrição – Dra. Karoline Calfa – Médica Nutróloga e Conselheira do CRM-ES

Domingo:
08:00: Macronutrientes – Dra. Nayara Dourado – Médica Nutróloga 
08:30: Digestão e absorção dos nutrientes, Produção de energia, Metabolismo de Macronutrientes – Dr. Rafael Iazetti – Médico Nutrólogo
10:00: Vitaminas C – Dra. Sabrina Barros – Médica Nutróloga
10:30: Vitaminas Ácido fólico e B12 – Dr. Leandro Houat – Médico de família e comunidade
11:30: Vitaminas B1 e B2, B3, B5, B6 – Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo
14:00: Vitaminas A, E, k –Dra. Juliany Luz – Médica Nutróloga e especialista em Medicina de família e comunidade
15:00: Vitamina D – Dra. Isabella Lacerda Marx – Médica R4 de Nutrologia (HFR)
16:00: Cálcio – Dr. Lucio Vieira – Médico endocrinologista
17:00: Ferro – Dr. Audie Nathaniel Momm – Médico Nutrólogo e Nutricionista 
18:00: Magnésio – Dr. Felipe Savioli – Médico Nutrólogo, Médico do Esporte e Ortopedista
18:30: Zinco – Dra. Elza de Mello – Médica Nutróloga, Pediatra, Gastropediatra e Nutricionista

Segunda:
20:00: Introdução à Nutrologia – Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo (Aula para quem não assistiu à primeira)
21:00: Microminerais – Cobre – Dr. William Macedo Faria – Médico R4 de Nutrologia (HCFMUSP)

Teremos ainda as seguintes aulas nesse mês de Agosto.
19:00: Fibras alimentares – Dra. Nayara Dourado – Médica Nutróloga
20:00: Prebióticos, Probióticos – Dr. Renato Zorzo – Médico Nutrólogo, Pediatra, Nutrólogo Pediátrico
21:00: Crononutrição – Dr. Renato Zorzo – Médico Nutrólogo, Pediatra, Nutrólogo Pediátrico
19:00: Microminerais – Selênio, Cromo, Manganês – Dra. Brenda Prates – Médica Nutróloga
20:00: Manual de redes sociais para o acadêmico de medicina – Dra. Simone Pamponet – Advogada e procuradora do estado da Bahia – Ensina marketing médico digital dentro das normas do CFM


O Feedback dos alunos foi muito favorável e percebi que estamos no caminho certo. Um curto que busca mostrar como é a verdadeira Nutrologia, ética, correta, como é ensinada pela ABRAN.

Grato a todos os alunos que participaram ativamente das aulas e conto com vcs nos próximos 2 anos.















Em 2024 teremos o dobro da carga horária, aproximadamente 70 professores, que nos auxiliarão a mudar o panorama do ensino nutrológico no Brasil.

Para saber mais sobre as aulas, siga-nos no instagram @cursodenutrologia


att

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 







quinta-feira, 14 de julho de 2022

Manga com leite faz mal ?

Esse mito é sensacional e a resposta é não. E pense comigo… se fizesse mesmo mal, imagine só quantas pessoas já não teriam sido hospitalizados por beberem vitamina de manga, não é mesmo?

Mas como surgiu esse mito ? 

Ele parece ter surgido na época do brasil colonial, em que a manga era uma fruta abundante e muito consumida por escravos, enquanto o leite era considerado algo raro e muito caro, exclusivo para consumo dos "patrões" da época.

Para tentar "amedrontar" os escravos e desencorajá-los a consumir o leite, eles inventaram essa #lenda que perdura até os dias de hoje. Para vocês verem o quanto existem informações enraizadas em nossa cultura e que precisam, sim, serem desmistificadas.

Manga crua - 1 unidade de 300g tem:
Valor energético (kcal): 202kcal
Proteína: 2.76g
Gorduras totais: 1.28g
Carboidratos (por diferença): 50.33g
Fibra alimentar 5.4g
Monossacarídeos 45.9g
Minerais
Cálcio37mg
Ferro 0.54mg
Magnésio 34mg
Fósforo 47mg
Potássio 564mg
Sódio 3mg
Zinco 0.3mg
Vitamina C 122.3mg
Tiamina 0.094mg
Riboflavina 0.128mg
Niacina 2.248mg
Vitamina B6 0.4mg
Ácido fólico 144mg 
Vitamina A  3636ui
Vitamina E (alfatocoferol) 3.02mg
Vitamina K (filoquinona) 14.1µg
Gorduras saturadas 0.309g
Gorduras monoinsaturadas 0.47g
Gorduras poliinsaturadas 0.239g

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

terça-feira, 28 de junho de 2022

Qual a diferença entre ferro heme e ferro não-heme?



O ferro é um mineral essencial para a saúde humana. Sua presença é fundamental para diversos processos biológicos, como o transporte de oxigênio, a respiração celular, a síntese de DNA, a defesa imunológica, entre outras funções.

A maior parte do ferro utilizado no organismo é proveniente do sistema de reciclagem de hemácias, enquanto uma outra parcela é proveniente da dieta. Esse ferro dietético é encontrado sob duas formas principais: o ferro heme (Fe 2+ = ferroso) e o ferro não-heme (Fe 3+ = férrico). Vamos entender as principais diferenças entre eles?

1. Fontes alimentares do Ferro heme ou ferro ferroso ou ferro orgânico
O ferro heme (Fe 2+), também chamado de ferro ferroso ou orgânico, é encontrado apenas em alimentos de origem animal, como carnes, aves, e frutos do mar, a partir da hemoglobina e da mioglobina provenientes desses produtos. As carnes vermelhas são as melhores fontes desse elemento, sendo que a carne bovina possui 50% do seu teor de ferro na forma heme.

2. Absorção e biodisponibilidade
Em sua conformação estrutural, o ferro heme está inserido em um anel porfirínico, que o deixa protegido do ambiente externo. Assim, antes de sua captação pela mucosa, ele pouco interage com fatores dietéticos inibidores, e por isso sua absorção quase não é afetada pela composição da refeição.

Além disso, um fator que beneficia a biodisponibilidade do ferro heme é a sua capacidade de formar complexos solúveis com outros componentes da dieta no intestino, facilitando a sua absorção. Ainda, o baixo pH do estômago, associado a enzimas proteolíticas do estômago e intestino delgado, auxiliam o processo de liberação do Fe 2+ nos enterócitos.

Apesar da falta de consenso, é aceito que o ferro heme tenha biodisponibilidade de 15% a 35%. Em casos de deficiência, pode chegar ao valor de 40%.

3.  Fatores inibidores de absorção
O cálcio é um dos únicos fatores inibidores da absorção do ferro heme. Para diminuir essa interferência, recomenda-se evitar a ingestão de alimentos ricos em cálcio (como leite e queijos) e alimentos ricos em ferro na mesma refeição.

Além disso, quando cozidos por altas temperaturas por muito tempo, o ferro heme dos alimentos podem ser convertidos em ferro não-heme, de biodisponibilidade mais baixa.

4. Riscos de excesso
Apesar da alta biodisponibilidade do ferro heme e sua importância para o organismo, o excesso de consumo deste micronutriente deve ser evitado. Ele pode ser prejudicial aos tecidos, por catalisar a conversão de peróxidos de hidrogênio em radicais livres, que atacam membranas celulares, proteínas e DNA.

Desse modo, alguns estudos associam a ingestão de ferro heme ao risco aumentado de câncer e doenças cardiovasculares.

1. Fontes alimentares do Ferro não-heme (Fe 3+) ou ferro férrico ou ferro inorgânico
O ferro não-heme (Fe 3+), também chamado de ferro férrico ou inorgânico, é encontrado tanto em alimentos de origem vegetal, quanto em alimentos de origem animal (uma vez que os animais consomem alimentos vegetais com ferro não-heme). Alimentos fortificados também são ricos neste nutriente. Portanto,  são exemplos de fontes de ferro não-heme: cereais, grãos, frutas, legumes, farinha de trigo fortificada, carnes, aves e peixes.

2. Absorção e biodisponibilidade
Para a sua absorção intestinal, o ferro férrico (Fe 3+) deve ser oxidado a ferro ferroso (Fe 2+). Na forma de Fe 2+, o ferro é então levado pelo transportador de metal divalente 1 (DMT1). Independentemente do tipo de ferro ingerido (heme ou não heme), após a absorção o uso corporal é o mesmo. Por não se inserir em um complexo porfirínico, o ferro não-heme sofre intensa influência de fatores antinutricionais no seu processo absortivo. Assim, sua biodisponibilidade é mais baixa, variando de 2 a 20%.

3. Fatores inibidores de absorção
Como dito anteriormente, a biodisponibilidade do ferro não-heme é altamente influenciada por alguns componentes da dieta, que podem formar complexos insolúveis com o elemento ou disputar pelo mesmo receptor, reduzindo sua absorção.

Os compostos, alimentos ou fatores que reduzem a absorção do ferro não-heme são:
  • Fitatos;
  • Oxalatos;
  • Taninos e outros compostos fenólicos que se ligam ao ferro (presentes em chás, café, cacau, vinhos tintos, certos vegetais e especiarias);
  • Cálcio;
  • Zinco;
  • Cobre;
  • Proteína isolada de soja;
  • Fosfopeptídeos de caseína (proteínas presentes em ovos, leite e queijos);
  • Redução da acidez gástrica;
  • Estado inflamatório aumentado.
  • Recomenda-se que o consumo destes inibidores aconteça apenas 1 ou 2 horas após refeições ricas em ferro não-heme.
4. Fatores que melhoram a absorção
Por outro lado, existem também alguns componentes facilitadores da absorção do ferro não-heme. São eles:
  • Ácido ascórbico ou vitamina C (o uso de 75 mg aumenta a absorção de ferro de 3 a 4 vezes);
  • Aminoácidos sulfurados (encontrados na carne e feijão);
  • Ácidos orgânicos (cítrico, málico e tartárico);
  • Fruto-oligossacarídeos
  • Tratamento térmico (cocção sob pressão, aquecimento de microondas);
  • Maltagem (processo de conversão dos grãos em malte)
  • Germinação (reduz a concentração de fitatos);
  • Alimentos fermentados, como o chucrute (reduzem a concentração de fitatos e favorecem a formação de ácidos orgânicos, formando ligantes solúveis com o ferro e tornando-o mais biodisponível);
  • Baixo estoque de ferro (aumenta a absorção de 10 a 15 vezes)
  • Como visto, o ferro heme e o ferro não-heme possuem algumas diferenças pontuais, principalmente quanto às suas fontes alimentares e à biodisponibilidade. Contudo, após a absorção, o uso corporal das duas formas é similar, exercendo funções importantes do metabolismo.
Apesar disso, é necessário cautela no consumo excessivo do ferro heme, devido ao seu potencial de risco para doenças. E, para indivíduos que não consomem produtos de origem animal, deve-se ficar atento ao consumo adequado de ferro não-heme, entendendo seus inibidores e facilitadores, de modo a evitar deficiências.


Referências

CARDOSO, Marly Augusto; SCAGLIUSI, Fernanda Baeza. Nutrição e Dietética. 2ª edição, Guanabara Koogan, 2019.

COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 6ª edição, Editora Manole, 2020.

Harvard T.H. Chan School of Public Health. Iron. The Nutrition Source.

Slywitch, Eric. Guia de Nutrição Vegana para Adultos da União Vegetariana Internacional (IVU). Departamento de Medicina e Nutrição. 1ª edição, IVU, 2022.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Consenso sobre Anemia Ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica! Rio de Janeiro (RJ): SBP, 2018.

Vitamin and mineral requirements in human nutrition: report of a joint FAO/WHO expert consultation, Bangkok, Thailand, 21–30 September 1998.