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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

O aumento da prevalência de obesidade nas capitais

Em 2006 o Ministério da saúde iniciou uma pesquisa denominada Vigitel (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico). Ocorre anualmente em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. 

As entrevistas ocorrem via inquérito por telefone, realizado anualmente em amostras da população adulta (>18) residente em domicílios com linha de telefone fixo. Quais temas o Vigitel aborda? 

Os indicadores avaliados pelo Vigitel estão dispostos nos seguintes assuntos: 
  • Tabagismo;
  • Excesso de peso e obesidade;
  • Consumo alimentar;
  • Atividade física;
  • Consumo de bebidas alcoólicas;
  • Condução de veículo motorizado após consumo de qualquer quantidade de bebidas alcoólicas;
  • Autoavaliação do estado de saúde;
  • Prevenção de câncer;
  • Morbidade referida. 
A duração média para responder ao questionário é de 12 minutos. Importante destacar, também, que algumas perguntas realizadas não são diretamente sobre saúde, mas são muito importantes para serem relacionadas com a situação da saúde da população.

No Vigitel de 2020, a prevalência de obesidade nas capitais ficou da seguinte maneira, conforme a figura abaixo.


E o que isso nos fazer refletir ?

Que a obesidade tem se tornado cada vez mais prevalente nas capitais brasileiras. Em 2020, foram registrados 21,5% dos adultos com obesidade, contra 20,3% em 2019. Manaus (24,9%), Cuiabá (24%) e Rio de Janeiro (23,8%) lideram a incidência de obesidade nas capitais. E o que preocupa a ciência é que até 2011, nenhuma capital tinha uma prevalência de obesidade acima de 20%, enquanto em 2020 o Vigitel levantou 16 capitais com prevalência de obesidade acima de 20%. 

Quais fatores estão envolvidos ?

Há quem acredite que isso tenha piorado com a pandemia. Sim, estamos em uma pandemia há 2 anos mas a prevalência já vinha aumentando. A pandemia pode ter exacerbado o que já vinha piorando. E falar de fatores de riscos, gatilhos em obesidade é bem complexo.

Centenas de fatores podem estar relacionados mas na nossa reflexão hoje abordaremos temas pouco discutidos e que geram uma grande contribuição.

A poluição ambiental
O estresse crônico
A violência
O sedentarismo

A princípio esses gatilhos parecem desconectados, mas a medida que se analisa de forma "sociológica" percebemos uma inter-relação entre eles. 

A poluição ambiental engloba tanto a poluição do ar (obviamente maior em capitais) quando poluição do solo, poluição sonora, poluição visual. 

A poluição do ar está relacionada a piora de várias patologias (Alzheimer, doenças pulmonares, cardiovasculares, alérgicas) e também obesidade. Mecanismos ainda não bem elucidados mas acredita-se que seja por disrupção endócrina e/ou exacerbaçao da inflamação subclínica. 

A poluição do solo inclui também a poluição da água. Metais tóxicos, poluentes orgânicos persistentes (POPs), disruptores endócrinos. Ou seja, substâncias que de forma direta ou indireta podem ocasionar doenças, exacerbar outras e com isso alterar a parte endócrina. Tema há décadas negligenciado no Brasil e que na Europa ganha cada vez mais força. 
 
A poluição sonora assim como a poluição visual favorecem uma hiperativação do eixo pituitária-adrenal e com isso elevação crônica e persistente dos níveis de cortisol e noradrenalina. O que de forma indireta poderiam influenciar os adipócitos, desbalanço nos níveis de hormônios relacionados ao apetite (Grelina) e saciedade e gasto energético (leptina). 

O estresse crônico pode ter inúmeros fatores causais:
Trânsito
Desigualdade social
Violência
Apreensão quanto ao futuro
Menor contato com a natureza
Menor tempo disponível para lazer
Alta carga de trabalho
Redução do número de horas de sono

Tudo isso interage e favorecem hiperativação do eixo pituitária-adrenal. Ou seja, elevação crônica do cortisol. 

Combina-se a tudo isso, um maior sedentarismo, influenciado pela violência, distância entre pontos dentro das cidades, transporte público precário e/ou ineficaz, comodidade. 

Os fatores acima ainda facilitam o consumo de alimentos ultraprocessados: cereja do bolo!

Ou seja, os fatores que vem favorecendo maior prevalência da obesidade nas capitais são inúmeros. Enquanto autoridades sanitárias não se atentarem a isso, veremos os índices subirem. Com consequente estrangulamento do sistema público/privado de saúde. 

Autores:
Dr. Frederico Lobo - CRM 13192, RQE 11915 - Médico Nutrólogo
Dra. Edite Magalhães - CRM , RQE - Médica especialista em Clínica Médica
Dr. Leandro Houat - CRM 27920 , RQE 20548 - Médico especialista em Medicina de Família e comunidade
Revisores:
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição.

Fontes:

domingo, 19 de junho de 2022

Impactos da contaminação por mercúrio dos garimpos por Carlos A. de Medeiros Filho

 Notícias de invasões de terras indígenas por garimpeiros incrementam antigas discussões sobre mineração e garimpagem em áreas preservadas da floresta amazônica e sobre danos ambientais de atividades de mineração artesanal ou garimpos em rios.

Entre os principais impactos gerados na maioria das atividades garimpeiras em aluviões destacam-se: desmatamento de mata ciliar imediatamente adjacente ao curso d’água; desmatamento da floresta para construção de acessos; turbidez, assoreamento dos rios e contaminações por metais tóxicos, especialmente por mercúrio nos solos, nos sedimentos, nas águas dos rios e no ar, com consequências danosas na saúde ocupacional, na biota e na flora.

O uso não controlado de mercúrio na recuperação do ouro, por amalgamação, é uma questão amplamente discutida, dispondo de rica e vasta literatura técnica-científica. Com a retomada do assunto, dentro de um cenário de grave crise ambiental, entende-se ser importante elaborar notas sintéticas sobre os fundamentos do uso e as consequências do mercúrio na mineração de ouro.

O mercúrio (Hg) é usado na mineração de ouro para extrair ouro do minério formando “amálgama” – uma mistura composta de partes aproximadamente iguais de mercúrio e ouro (1). O amálgama é normalmente isolado e depois aquecido – muitas vezes com uma tocha ou sobre um fogão – para destilar o mercúrio e isolar o ouro (3).

O mercúrio vaporizado é muito reativo e em contato com a atmosfera oxida e, nessa forma, ele retorna à terra por precipitação inorgânica. O mercúrio inorgânico nos sedimentos do fundo pode ser biometilado por bactérias em metilmercúrio CH3Hg+, que é um composto tóxico. Uma vez convertido, o metilmercúrio entra na cadeia alimentar e o teor de Hg aumenta simultaneamente nos tecidos adiposos (2).

No que diz respeito à poluição da água, parte do Hg metálico despejado em rios e cursos d’água é transformado em metil Hg, por microrganismos ingeridos por espécies aquáticas, que por sua vez são consumidos pelo homem. Assim como a bioacumulação de muitos contaminantes ambientais, a do Hg se acumula ao longo da cadeia alimentar dos organismos aquáticos (4). Peixes e outros animais selvagens de vários ecossistemas comumente atingem níveis de Hg de preocupação toxicológica quando diretamente afetados por emissões de Hg de atividades iniciadas pelo homem (5).

Trinta e sete por cento das emissões atmosféricas globais de Hg são produzidas pela mineração de ouro em pequena escala (1). A mineração artesanal de ouro e a combustão de carvão foram identificadas como as principais fontes de emissões antropogênicas de mercúrio para o ar e a água (2). A mineração de ouro artesanal e em pequena escala dependente de mercúrio é a maior fonte de poluição por mercúrio na Terra (3).

O mercúrio é um contaminante notoriamente perigoso devido à sua alta toxicidade, persistência e comportamento cumulativo no ambiente e na biota (6). Os efeitos sobre a saúde dos mineiros são graves, com o mercúrio inalado levando a danos neurológicos e outros problemas de saúde. As comunidades próximas a essas minas também são afetadas devido à contaminação da água e do solo por mercúrio e subsequente acúmulo em alimentos básicos, como peixes. Os riscos para as crianças também são substanciais, com as emissões de mercúrio resultando em deficiências físicas e mentais e comprometimento do desenvolvimento (3).

Foram identificados estudos relatando avaliações de saúde, disfunção renal, distúrbios e sintomas neurológicos e imunotoxicidade/disfunção autoimune em indivíduos que vivem em ou perto de uma comunidade garimpeira. Esses estudos, realizados em 19 países diferentes da América do Sul, Ásia e África, demonstraram que as concentrações de mercúrio em cabelo e urina estão bem acima dos valores de orientação de saúde da Organização Mundial da Saúde (1).

No médio rio Tapajós, no Pará, povos indígenas estão sofrendo com o impacto do mercúrio usado largamente em atividade de garimpo. Estudo realizado pela Fiocruz em parceria com o WWF-Brasil indica que a maioria dos participantes da pesquisa estão afetados por este contaminante. De cada 10 participantes, 6 apresentaram níveis de mercúrio acima de limites seguros: cerca de 57,9% dos participantes apresentaram níveis de mercúrio acima de 6 µg/g – que é o limite máximo de segurança estabelecido por agências de saúde. A contaminação é maior em áreas mais impactadas pelo garimpo, nas aldeias que ficam às margens dos rios afetados (7).

A Convenção de Minamata sobre Mercúrio – que recebeu o nome de uma cidade no Japão onde ocorreram sérios danos à saúde como resultado da poluição por mercúrio em meados do século XX – fornece controles e propostas de reduções em uma série de produtos, processos e indústrias onde o mercúrio é usado, liberado ou emitido. O objetivo da Convenção, de 2013, é proteger a saúde humana e o meio ambiente das emissões e liberações antropogênicas de mercúrio e compostos de mercúrio, estabelecendo um conjunto de medidas para atingir esse objetivo.

Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 35 anos em Geoquímica em Pesquisa Mineral e Ambiental.

Referências Bibliográficas

(1) Gibb H, O’Leary KG. 2014. Mercury exposure and health impacts among individuals in the artisanal and small-scale gold mining community: a comprehensive review. Environ Health Perspect 122:667–672.

(2) Voros, D.; DíazSomoano, M.; Gerslov, E.; Sýkorov, I.; Suarez-Ruiz, I. 2018. Mercury contamination of stream sediments in the North Bohemian Coal District (Czech Republic): Mercury speciation and the role of organic matter. Chemosphere 211 (2018) 664-673.

(3) Esdaile, L.J. & Chalker, J.M. 2018. The Mercury Problem in Artisanal and Small-Scale Gold Mining. Chem. Eur. J. 2018, 24, 6905 – 6916

(4) Veiga MM, Hinton J, Lilly C. 1999. Mercury in Amazon: A Comprehensive Review with Special Emphasis on Bioaccumulation and Bioindicators. Proceeding of National Institute for Minamata Disease Japan. 1999: 19–39.

(5) Limbong, D.; Kumampung, J.; Rimper, J.; Arai, T.; Miyazaki, N. 2003 Emissions and environmental implications of mercury from artisanal gold mining in north Sulawesi, Indonesia. The Science of the Total Environment 302 (2003) 227–236.

(6) Chiarantini, L.; Benvenuti, M.; Beutel, M.; Costagliola, P.; Covelli, S.; Gabbani, G.; Lattanzi, P.; Pandeli, E.; Paolieri, M.; Petranich, E.; Rimondi, V. 2016. Mercury and Arsenic in Stream Sediments and Surface Waters of the Orcia River Basin, Southern Tuscany, Italy. Water Air Soil Pollut (2016) 227:408.

(7) https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/contaminacao-mercurio-chega-aldeias-indigenas/2020

terça-feira, 31 de maio de 2011

VII Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos - Por que vale a pena priorizar os Orgânicos ?

Do dia 30 de Maio a 5 de Junho comemora-se a 7ª Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos. Nada mais justo que um post evidenciando os benefícios do uso de orgânicos. Para falar de orgânicos é inevitável que não se cite um assunto de saúde pública: Uso de Agrotóxicos.

Os agrotóxicos são usados no mundo desde a Década de 30, como por exemplo o DDT (sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano), um inseticida barato e altamente eficaz a curto prazo. A longo prazo tem efeitos prejudiciais à saúde humana, pois permanece no ambiente por décadas. Foi banido de vários países por ser cancerígeno e atingir o sistema nervoso central e periférico como todos organoclorados.

Os organofosforados e carbamatos são uma classe de agrotóxicos bastante usada atualmente. Há estudos inconclusivos que mostram correlação com alterações musculares, efeito neurotóxico e ação disruptora endócrina (pode se ligar a receptores de hormônios e mimetizar a ação destes). Mensalmente são publicados artigos que evidenciam possíveis efeitos dos agrotóxicos para a saúde de seres vivos.

Penso da seguinte maneira: se há risco potencial, porquê consumir um alimento cultivado com agrotóxicos, se temos a opção orgânica ?

Orgânicos são alimentos plantados naturalmente sem o uso de nenhum pesticida como inseticidas, bactericidas, herbicidas, nematicidas, acaricidas, fungicidas de natureza física, química ou biológica. Resumindo: Orgânicos são produtos cultivados sem a adição de Agrotóxicos (ou como alguns chamam, Defensivos Agrícolas).

A produção de orgânicos sempre que possível, baseia-se:
1) No uso de estercos animais, 2) Rotação de culturas, 3) Adubação verde, 4) Compostagem e 5) Controle biológico de pragas e doenças.

Tem como principal objetivo a manutenção da estrutura do solo além da sua produtividade, gerando alimentos saudáveis e produzidos baseados em uma relação harmônica com a natureza (homem/natureza, homem/animais homem/homem). Por esses motivos, eu como médico e ecologista defendo essa causa. Alguns aspectos que sempre ressalto para quem me pergunta "Dr. porque vc está nessa de defender ecologia associada à medicina?":

1) Aspectos sanitários: alimentos orgânicos não possuem "defensivos" agrícolas sintéticos ou qualquer tipo de venenos que possa comprometer a saúde de qualquer ser na escala evolutiva, seja ele um invertebrado, seja ele um homo sapiens. Princípio este que jurei na minha formatura. Princípio este criado pelo pai da Medicina (Hipócrates) "primum non nocere" que significa em primeiro lugar não lesar.

2) Aspectos ecológicos: a agricultura orgânica por não utilizar métodos agressivos e nocivos para a natureza, evita a degradação do meio ambiente. Isso inclui: manutenção das características do solo (as vezes adubando através de rochagem, mas sem utilizar fertilizantes sintéticos), manutenção da potabilidade da água e pureza do ar. A agricultura orgânica geralmente é familiar e ocorre de forma sustentável, na qual se respeita ciclos milenares (plantio/colheita). Desenvolvimento e preservação ambiental andam de forma conjunta.

De formal geral, a agricultura orgânica é baseada em três idéias. São elas:

1) Cultivo natural: é proibido o uso de agrotóxicos, adubos químicos e artificiais e conservantes no processo de produção.
2) Equilíbrio ecológico: A produção respeita o equilíbrio microbiológico do solo e as diferentes épocas de safra. O processo fica mais sustentável, não degradando a biodiversidade.
3) Respeito ao homem: o trabalhador tem que ser respeitado (leis trabalhistas, ganho por produtividade, treinamento profissional e qualidade de vida).

Para se obter um alimento verdadeiramente orgânico, é necessário conhecer diversas ciências (agronomia, ecologia, nutrição, medicina, economia, entre outras). Assim, o agricultor, através de um trabalho harmonizado com a natureza, tem condições de oferecer ao consumidor alimentos que promovam não apenas a saúde deste último, mas também do planeta em que vivemos.

Será que é orgânico mesmo? Como saber?

Se você pretende consumir alimentos orgânicos fique atento para não ser enganado. Procure sempre pelo selo de qualidade emitido por certificadoras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura. Para ganhar o selo, os produtores seguem várias precauções e têm suas lavouras fiscalizadas a cada semestre. A presença do selo garante, portanto, a procedência e a qualidade dos produtos.

Existem 10 principais motivos para se optar por orgânicos, são eles:

1) São mais nutritivos e saborosos: Com solos balanceados e fertilizados com adubos naturais, se obtém alimentos mais nutritivos. A comida fica mais saborosa, conservam-se suas propriedades naturais como vitaminas, sais minerais, carboidratos e proteínas.  Em solos equilibrados as plantas crescem mais saudáveis, preservam-se suas características originais como aroma, cor e sabor. Consumindo produtos orgânicos é possível apreciar o sabor natural dos alimentos. Além disso, quando se utiliza o sistema de Rochagem na adubagem o alimento fica mais rico devido a inserção de minerais ESSENCIAIS na composição do solo. Algumas pesquisas internacionais (há pesquisas que dizem o contrário) demonstram que alimentos orgânicos apresentam, em média:
  • 63% a mais cálcio, 73% mais ferro, 118% mais magnésio, 178% mais molibdênio, 91% mais fósforo, 125% mais potássio, 60% mais zinco que os alimentos convencionais. Possuem menor quantidade de mercúrio (29%), substancia que pode causar doenças graves (informação publicada no Journal of Applied Nutricion, 1993).
No ano passado pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine, em Londres, Inglaterra, realizaram um levantamento com 162 artigos científicos publicadas nos últimos 50 anos, que mostrou que não existe uma diferença tão grande entre o alimento orgânico e o normal. O que justificaria essa discrepância de resultados? Erro na metodologia ? Interesses exclusos ? Mesmo que não tivesse superioridade nutricional, só de não conter agrotóxicos ja É SUPERIOR !

2) Sáude garantida: Como citei, agrotóxicos estão associados a diversas patologias, dentre elas:
1) Cânceres dos mais viversos tipos; 2) Alergias alimentares; 3) Asma; 4) Infertilidade; 5) Alterações hormonais principalmente quando se trata de hormônios sexuais; 6) Hiperatividade em adultos e crianças; 7) Déficit de atenção; 8) Doenças neurodegenerativas; 9) Aumento da produção de radicais livres e diminuição da produção de antioxidantes; 10) Intoxicação por metais pesados Um relatório da Academia Americana de Ciências, de 1982, calculou em 1.400.000 o número de novos casos de câncer provocados por agrotóxicos.  Vale a pena ler um post que publiquei no meu blog sobre a recente pesquisa da Anvisa, na qual a mesma detectou irregularidade em 29% dos alimentos analisados. Veja também esse post sobre a Reavaliação de agrotóxicos e veja o quão grave é a situação.

3) Proteção às futuras gerações: As crianças são os alvos mais vulneráveis da agricultura com agrotóxicos. “Quando uma criança completa um ano de idade, já recebeu a dose máxima aceitável para uma vida inteira, de agrotóxicos que provocam câncer”, diz um relatório recente do Environmental Working Group (Grupo de Trabalho Ambiental). A agricultura orgânica, além disso mais, tem a grande tarefa de legar às futuras gerações um planeta reconstruído.

4) Respeito ao pequeno produtor: O trabalhador rural precisa ser preservado, tanto quanto a qualidade ecológica dos alimentos. Adquirindo produtos ecológicos, contribuímos com a redução da migração de famílias para as cidades, evitando o êxodo rural e ajudando a acabar com o envenenamento por agrotóxicos sofrido por cerca de 1 milhão de agricultores no mundo inteiro.

5) Solos mais férteis: Uma das principais preocupações da Agricultura Orgânica é o solo. O mundo presencia a maior perda de solo fértil pela erosão em função do uso inadequado de práticas agrícolas convencionais. Com a Agricultura Orgânica é possível reverter essa situação.

6) Água pura: Quando são utilizados agrotóxicos e grande quantidade de nitrogênio, ocorre a contaminação nas fontes de água potável. Cuidando desse recurso natural, garante-se o consumo de água pura para o futuro.

7) Biodiversidade: A perda das espécies é um dos principais problemas ambientais. A Agricultura Orgânica preserva sementes por muitos anos e impede o desaparecimento de numerosas espécies, incentivando as culturas mistas e fortalecendo o ecossistema. A Fauna permanece em equilíbrio e todos os seres convivem em harmonia, graças à não utilização de agrotóxicos. A Agricultura Orgânica respeita o equilíbrio da natureza e cria ecossistemas saudáveis.

8) Redução do aquecimento global e economia de energia: O solo tratado com substâncias químicas libera uma quantidade enorme de gás carbônico, gás metano e óxido nitroso. A agricultura e administração florestal sustentáveis podem eliminar 25% do aquecimento global. Atualmente, mais energia é consumida para produzir fertilizantes artificiais do que para plantar e colher todas as safras.

9) Custo social e ambiental: O alimento orgânico não é na realidade mais caro que o alimento convencional se consideramos que, indiretamente, estaremos reduzindo:
1) Gastos com MÉDICOS e MEDICAMENTOS
2) CUSTOS com a recuperação ambiental.

10) Cidadania e responsabilidade social: Consumindo orgânicos, estamos exercitando nosso papel social, contribuindo com a conservação e preservação do meio ambiente e apoiando causas sociais relacionadas com a proteção do trabalhador e com a eliminação da mão-de-obra infantil.

Hoje estarei na Radio Vinha FM (91,9) com um grupo de colegas: agrônomos e nutricionista falando sobre Orgânicos e suas vantagens. 12:30 no programa Mesa dos Notáveis.

terça-feira, 1 de março de 2011

Fadiga, Exaustão, Estafa e Esgotamento

De cada 10 pacientes que atendo no consultório, 03 me procuram por conta da seguinte queixa: FADIGA.

Estima-se que quase 10 em cada 100 pessoas sentiram, sentem ou irão sentir cansaço excessivo por mais de 6 meses ao longo de suas vidas. A maioria das pessoas com fadiga, exaustão, estafa e esgotamento tem seus níveis de atividade geral bastante prejudicado, apresentam depressão mesmo que em níveis discretos, tem o sono insatisfatório e, devido ao seu estado geral, maior dificuldade em lidar com situações estressantes da vida.

Outros sintomas da fadiga e exaustão incluem:
- Grande cansaço, fadiga, exaustão ou esgotamento, como se suas energias tivessem sido sugadas,
- Ter que aumentar o esforço para tentar manter o mesmo nível de ânimo e força que tinha anteriormente,
- Perceber que ocorreu uma significativa queda ou mesmo perda de suas capacidades de trabalho, sociais, de relacionamento e de lazer,

Causas da Fadiga, Exaustão, Estafa e Esgotamento

Para fins práticos, existem quatro grandes caminhos para que alguém sinta chegue na estafa.

  • O primeiro caminho da estafa é o das doenças específicas, com anemia, depressão, alergias, doenças reumáticas, cardíacas ou pulmonares, entre inúmeras outras.
  • O segundo caminho da estafa é a Síndrome da Fadiga Crônica (SFC). O "síndrome” é utilizado porque a SFC não é uma doenças única, é um conjunto de sinais e sintomas que indicam alterações de vários órgãos do organismo.
  • O terceiro caminho da estafa é a Síndrome do Burnout, um tipo bastante específico de estresse emocional que acaba levando à exaustão.
  • E o quarto caminho da estafa é a Desnutrição Celular, a falta ou baixa de nutrientes como vitaminas, minerais ou aminoácidos.
  1. Incentivo e orientação para atividade física,
  1. Hábitos regulares de sono,
  1. Alimentação balanceada,
  1. Meditação,
  1. Técnicas de relaxamento entre outras medidas.
  • Memória e concentração alteradas
  • Dor de garganta que se repete com frequência
  • Nódulos linfáticos dolorosos na região do pescoço e nas axilas
  • Dores nos músculos
  • Dores articulares sem inchaço ou vermelhidão
  • Dores de cabeça
  • Sono superficial e/ou não reparador.
  • Fadiga desproporcional após exercícios
  • Sintomas semelhantes à gripe, inclusive com febre de baixa intensidade por vários dias;
  • Sensibilidade aumentada, com intolerância a ruídos, cheiros, produtos químicos, alimentos, remédios e até mudanças de temperatura ambiente;
  • Intolerância ao álcool
  • Dificuldade em se concentrar e memorizar coisas novas;
  • Dificuldade para efetuar cálculos matemáticos
  • Respiração ofegante aos menores esforços
  • Distúrbios intestinais
  • Distúrbios urinários
  • Alterações de humor, com aparente mudança na personalidade
  1. Primeira fase da Estafa no Burnout: Os principais sintomas são de exaustão física, mental e emocional. É a síndrome do "só quero um banho e cama!". O sono em geral não consegue reparar o organismo, e no geral há uma flutuação durante o dia, com períodos de excitação intercalados com horas de sensação de ser um "morto vivo", sem interesse, energia ou prazer.
  1. Segunda fase da Estafa no Burnout: Em geral aparece sob a forma de uma voz interior que solapa toda a confiança, gerando dúvidas a respeito da própria capacidade e auto-estima. Nesse ponto, de modo geral, as pessoas que estão ao redor das vítimas de "burnout" começam a perceber mudanças no comportamento, todas elas com origem no profundo senso de vulnerabilidade e incerteza quanto às próprias capacidades.
  1. Terceira fase da Estafa no Burnout: Dá para entender o porque a terceira fase se caracteriza pelo cinismo, agressividade (ainda que controlada) e pela insensibilidade. Nessa terceira fase, um grande número de pessoas desenvolve uma atitude abrasiva, se torna bastante desagradável. A agressividade verbal, a postura irônica, as respostas cínicas acabam por afastar as pessoas ao redor. E essa não é a única notícia ruim, infelizmente. A agressividade desta fase libera altíssimas ondas de hormônios que acabam facilitando o aparecimento de doenças, especialmente as doenças coronarianas, já que pessoas iradas tem duas vezes e meia mais chance de sofrer do coração.
  1. Quarta fase da Estafa no Burnout: Se nada for feito, chega a quarta fase, de exaustão total, de falência, de crise pessoal. 



Essa divisão nem sempre é clara, muitas vezes dois ou os três caminhos estão mesclados.

Tratamento da Estafa, da Fadiga e da Exaustão

A abordagem se faz tanto com a correção dos fatores que levam ao desequilíbrio da química do organismo, quanto o fornecimento das substâncias necessárias ao funcionamento do corpo. Alguns exemplos mais marcantes:

1. Facilitação do Funcionamento do Cérebro:

Não temos como modificar diretamente a estrutura do nosso cérebro. Mas temos como modificar indiretamente seu funcionamento.

Seu cérebro, para dar origem ou gerenciar tudo aquilo que você pensa, sente ou faz, possui algo em torno de cem bilhões de neurônios, sendo que cada neurônio pode se comunicar com até mil outros neurônios.

 Toda essa comunicação, algo em torno de mil trilhões de possibilidades combinadas, é realizada por substâncias químicas, os neurotransmissores.

O funcionamento requer energia, e seu cérebro, embora com apenas dois por cento do seu peso corporal, consome entre vinte a trinta por cento dos recursos energéticos disponíveis.  O detalhe é que ele não possui nenhum reserva, depende o tempo todo de um aporte periódico de energia e nutrientes.
Vários aminoácidos e vitaminas participam na formação das substâncias químicas que estão envolvidas no funcionamento das áreas do cérebro responsáveis pelas emoções, pelos pensamentos e pela memória. A administração correta dessas substâncias naturais pode permitir ao cérebro corrigir seu funcionamento. Esse aporte de substâncias benéficas é feito pela administração da própria substância isolada (sob a forma de cápsulas ou injetaveis), e também pelo aumento do consumo de alimentos chamados de "funcionais", por conterem quantidade considerável da substância que se deseja aumentar.

Um exemplo dessa abordagem: tanto a ansiedade quanto a depressão tem um mediador químico cerebral envolvido no processo chamado serotonina. Vários antidepressivos são capazes de aumentar a quantidade de serotonina do cérebro ao dificultar sua volta na célula que a liberou, inibindo sua absorção (recaptação), mas ao custo de muitos efeitos colaterais. Já certos aminoácidos podem aumentar a quantidade da mesma serotonina ao aumentar sua produção, fornecendo em quantidades extras a matéria prima para sua fabricação. O processo tem bem menos efeitos colaterais e, ao contrário dos antidepressivos, não dá origem a sintomas de abstinência (eufemisticamente chamado de "síndrome da descontinuidade") quando é interrompido.

Outros precursores de transmissores químicos cerebrais têm o mesmo princípio de favorecer funções cerebrais, modulando, por exemplo, a irritabilidade, a agressividade, a tristeza, a iniciativa e o prazer.

Todo esse sistema também depende do "líquido” que permeia as células, a matriz extracelular. Se essa matriz estiver "limpa”, o terreno facilita o funcionamento das células. Se essa matriz estiver "suja”, com dejetos tóxicos, o funcionamento fica prejudicado. Por isso, um dos grandes objetivos em nossa clínica é, além de nutrir adequadamente o cérebro com as substâncias apropriadas, promover a retirada de conteúdos tóxicos.

 2. Correção das funções gastrintestinais.

Nosso sistema digestivo está envolvido em algo em torno de 80 % da nossa capacidade imunológica, além de ter influência no nosso estado emocional. A conexão entre nosso sistema digestivo e nossos pensamentos e emoções pode ser resumida assim. O intestino tem, entre outras funções, a capacidade de selecionar o que deve e o que não deve ser absorvido. Essa seleção, na prática, ocorre nas vilosidades intestinais, que com freqüência são lesadas por várias medicações (como anticoncepcionais, antiinflamatórios, corticóides e antibióticos administrados por longos períodos de tempo), além do tipo de alimento modificado que ingerimos comumente.

Como resultado, ocorre um aumento da permeabilidade das vilosidades intestinais que acaba permitindo a passagem de toxinas fabricadas por parte das bactérias que habitam nosso intestino. Esse aumento de permeabilidade também permite a passagem de metais pesados e de partículas alimentares em tamanho irregular, sendo que muitas delas têm o potencial de se fixar no cérebro e alterar seu funcionamento.

Além disso, ocorre uma alteração no equilíbrio entre as bactérias "boas" (que entre outras qualidades fabricam vitaminas do complexo B e a vitamina K), que passam a perder terreno para bactérias nocivas. As conseqüências dessa mudança na flora intestinal são muitas, mas para dar um exemplo interessante, considere que algumas bactérias nocivas se alimentam de açúcar, e têm como estratégia de sobrevivência inibir a serotonina do cérebro. Assim, ela consegue mudar nossas emoções no sentido de que passamos a ingerir mais açúcar, o alimento que ela tanto deseja.

O diagnóstico é realizado com exames laboratoriais (em especial o Teste de supercrescimento bacteriano feito com o H2 expirado), e a correção com mudança dos hábitos alimentares, além de probióticos, prebióticos e antioxidantes (via dieta) que agem nas paredes do intestino e ingestão de bactérias "boas" para competir com as nocivas.

3. Correção do estado inflamatório.

Não importa se um acontecimento estressante tiver origem psicológica, vir de um traumatismo físico ou de uma infecção. Qualquer que seja a origem, as mesmas reações químicas acontecem no organismo. Essas reações têm em comum um estado inflamatório inespecífico, que na verdade é uma tentativa bastante primitiva do organismo restringir os danos.

Como o maior risco dos nossos ancestrais era o do contágio por micróbios, nosso organismo ainda reage da mesma maneira que foi tão útil aos nossos antepassados: ele promove uma reação inflamatória, o que inclui um conjunto de alterações que tem por objetivo reduzir a quantidade de nutrientes que os microorganismos necessitam.

Se o estresse for persistente, esse estado inflamatório se mantém, o que aumenta as chances da pessoa desenvolver doenças do coração, já que essa inflamação inespecífica facilita o desenvolvimento da aterosclerose e do fechamento das artérias do coração.

O diagnóstico é feito por exames laboratoriais simples, que a maioria dos laboratórios fazem sem dificuldades e tem cobertura pelos convênios. Já para a correção, utilizamos substâncias naturais que têm a capacidade de reduzir o estado inflamatório sem os efeitos colaterais dos antiinflamatórios químicos.

4. Mudança nos hábitos de vida

Inclui:

O Diagnóstico da Fadiga, Exaustão, Estafa e Esgotamento
O primeiro passo é um exame médico (anamnemse, exame físico e se necessário exames complementares) detalhado para esclarecer se não está ocorrendo alguma doença específica que seja responsável pelo quadro. Quando a causa é específica, o tratamento é voltado principalmente para a enfermidade que está dando origem à estafa e à exaustão.

Quando a doença original melhora, a fadiga também costuma melhorar. O tratamento principal portanto, é o da enfermidade que deu origem à fadiga. Se não existe doença que justifique a fadiga, os fatores a seguir devem ser considerados.

Nutrição Celular, fadiga, exaustão, estafa e esgotamento

A desnutrição celular está ocorrendo de modo assustador.  Pesquisa recente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP), realizado em 150 municípios das cinco regiões do país, constatou que a dos pesquisados consome vitaminas em doses muito, mas muito abaixo do ideal.

Confira na tabela abaixo que cita as vitaminas/minerais pesquisados e a porcentagem de pessoas com baixa ingestão:
Vitamina A 50 %
Vitamina C 90 %
Complexo B 40 %
Vitamina E 99 %
Vitamina D 99 %
Cálcio 90 %
Vitamina K 81 %
Magnésio 80 %

O tratamento da fadiga, exaustão, estafa e esgotamento é baseado no diagnóstico da substância que está faltando e proporcionar sua presença seja por uma melhora na alimentação, seja por suplementos alimentares.

Mas só isso não basta. É imprescindível diagnosticar o estado funcional do sistema digestivo para que o alimento correto possa ser digerido, ou seja, quebrado em partes menores, e também absorvido, o que depende do estado das paredes do intestino.

As alergias e intolerâncias alimentares também devem ser investigadas, sendo uma grande causa da fadiga.

Atualmente sabe-se que nosso sistema intestinal é um imenso filtro, ele mede em torno de 7 metros, e se fosse totalmente estendido teria a área aproximada de uma quadra de futebol de salão. Se as paredes do intestino estão em bom estado, os nutrientes são bem absorvidos e as toxinas presentes no bolo fecal não conseguem penetrar na corrente sanguínea. O contrário acontece quando suas paredes estão prejudicadas, gerando ou facilitando o aparecimento de doenças.

Se a permeabilidade do intestino estiver alterada, partículas de alimento mal-digeridas e toxinas conseguem entrar na corrente sanguínea em alta quantidade. As partículas de alimento mal digeridas são interpretadas pelo sistema imunológico como intrusos, gerando a formação de anticorpos para expulsar aquele "corpo-estranho". Por motivos que ainda não compreendemos inteiramente, o organismo reage ao anticorpo que ele mesmo formou fabricando um novo anticorpo. E esse conjunto de reações facilita o aparecimento de doenças auto-agressivas (auto-imunes).

Além disso, algumas partículas de alimento mal digeridas e absorvidas podem formar complexos que chegam ao cérebro e geram sintomas comuns como ansiedade ou depressão.

Vários metais pesados, como o chumbo, mercúrio ou alumínio, também conseguem entrar na corrente sanguínea se a permeabilidade estiver comprometida.

Toxinas de bactérias que normalmente deveriam ser eliminadas podem também penetrar no organismo, gerando uma sobrecarga aos nossos sistemas de eliminação.

Além do fator permeabilidade, costuma ocorrer uma alteração na flora intestinal, no delicado equilíbrio das bactérias intestinais. Nosso intestino abriga algo em torno de 30 a 50 trilhões de microorganismos, um número alto considerando que nosso corpo é formado por algo em torno de 100 trilhões de células.

Vários desses microorganismos podem provocar doenças, mas sua presença é controlada por bactérias benéficas ao organismo. Essas bacterias favoráveis estão em estado de equilíbrio muito delicado. Nós propiciamos abrigo e alimento a elas, e elas produzem vitaminas e alguns antibióticos naturais.

O acúmulo de agressores ao intestino costuma provocar alterações importantes nesse equilíbrio, resultando num aumento perigoso no número das bactérias nocivas e na redução das bactérias benéficas.
Quando os dois fenômenos, aumento da permeabilidade e quebra no equilíbrio das bactérias intestinais, estão presentes, ocorre a Disbiose, um estado ameaçador que favorece o aparecimento de inúmeras doenças. A disbiose geralmente se diferencia da SIBO,  o Supercrescimento Bacteriano do Intestino. Na SIBO o acometimento é do intestino delgado. Na disbiose o acometimento é no grosso. A grosso modo o tratamento é o mesmo.



A Disbiose inibe a formação de vitaminas produzidas no intestino e permite o crescimento desordenado de fungos e bactérias capazes de afetar o funcionamento do organismo, inclusive do cérebro, com conseqüências significativas sobre as emoções.

A Cândida, por exemplo, um fungo presente em baixa quantidade habitualmente, pode crescer em número e facilitar o aparecimento da fadiga crônica, da depressão e da fibromialgia.

A Disbiose costuma aparecer principalmente pelo uso de antibióticos, infecções e parasitas intestinais, falta de fibras na alimentação, prisão de ventre crônica e alergia alimentar.

Os indicativos de Disbiose são muito comuns, a simples presença de prisão de ventre crônica, gazes, cólicas e diarréias frequentes sugerem a necessidade de se verificar o equilíbrio da flora intestinal.

O tratamento é realizado primordialmente com a administração de probióticos em grande volume, que são bacilos intestinais benéficos.

 Em contraste com os iogurtes comerciais, esses bacilos são ingeridos em conjuntos de espécies diferentes, em número bem maior (até 20 vezes mais) e não contém calorias significativas.

Também são utilizados antioxidantes com grande ação na parede intestinal e prébióticos, certos alimentos utilizados exclusivamente pelas bactérias benéficas para que possam restabelecer o equilíbrio, vencendo em número e qualidade os microorganismos desencadeadores de doenças.

A alergia, trocando em miúdos, é uma resposta exagerada do nosso sistema de defesa. Sempre que algum invasor entra no organismo, o sistema imunológico trata de combatê-lo. Esse processo pode desregular, seja por confundir o invasor, seja por responder de modo exagerado a um pequeno agressor.

Essa resposta exacerbada pode ser imediata, aparecendo uns 15 a 20 minutos depois do contato com a substância que provoca alergia, e os sintomas são bem conhecidos: coceira, inchaço e o aumento de secreções, como a coriza. Esse problema pode ser desencadeado por uma infinidade de fatores, como insetos, pelos de animais, substâncias químicas, e também alimentos.

Mas existe uma resposta mais demorada, que chega a levar dias para se manifestar, gerando sintomas bem pouco específicos, como: fadiga, olheiras, depressão, hiperatividade, hipoglicemia, (artralgia) dores articulares, insônia, dores de cabeça (cefaléias ou enxaquecas), retenção de líquidos.

Esses sintomas são comuns também nas intolerância a alimentos. Na verdade, existe uma diferença entre alergia, que é a resposta exagerada do sistema imunológico (envolve reação de um antígeno com um anticorpo), e a intolerância a alimentos (que é a dificuldade do organismo em digerir certos alimentos, as vezes por não contar com alguma substância que consiga degradar algum componente daquele alimento, ex. intolerância à lactose por deficiência de lactase).

Na prática existem inúmeros exames que podem ser solicitados para diagnosticar tanto as intolerâncias quanto alergias. Entretanto nenhum deles são 100% fidedignos, cada qual com sua sensibilidade especificidade. A maior prova terapêutica e mais utilizada é a dieta de exclusão na qual através da suspensão dos alimentos mais alergênicos, verifica-se a melhora de sinais e sintomas. Posteriormente fazendo reintrodução dos mesmos, observando se os sinais reaparecem, na tentativa de identificar o alérgeno(s) principal(ais). Testes baseados em IgG e IgG4 NÃO devem ser solicitados segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia - ASBAI.

Além dos sintomas demorarem a aparecer, e serem facilmente confundidos com outras doenças, a intolerância alimentar tem uma característica curiosa. Ao invés de a pessoa evitar o alimento que faz mal, como acontece nas alergias que tem sintomas imediatos, desagradáveis e claramente relacionados com a exposição, ela pode desenvolver grande atração ao alimento e ingerir em excesso. 

A alergia alimentar pode tanto favorecer o aparecimento da Disbiose quanto ser sua consequência.

O diagnóstico não é fácil, a alergia pode ser devida ao aumento da permeabilidade do intestino, pode ser relativa ao alimento como um todo ou a partes já digeridas do mesmo, e pode ser desencadeada por outras substâncias, como corantes ou conservantes.

Feito o diagnóstico, a solução é corrigir a permeabilidade do intestino, equilibrar a flora intestinal, aprimorar o funcionamento do sistema imunológico. O problema é complexo, o diagnóstico difícil, mas os resultados compensam.

As duas últimas causas de fadiga, estafa e exaustão são a Síndrome da Fadiga Crônica e a Síndrome do Burnout. São complexas e exigem abordagem particularizada.

SÍNDROME DA FADIGA CRÔNICA (SFC)

Os sintomas da Síndrome da Fadiga Crônica são de exaustão severa desencadeada por pouco ou nenhum esforço, que não melhora com o repouso, em geral piora com o esforço físico, dura no mínimo seis meses e, além disso, tem no mínimo quatro dos sintomas abaixo:


 Outros sintomas também são comuns:

Diagnóstico da Síndrome da Fadiga Crônica
Até o momento não se conhece exatamente a origem da Síndrome da Fadiga Crônica. Como não se sabe a origem, não existe nenhum exame específico que forneça o diagnóstico, ele é baseado nos sintomas, no tempo de duração, no grau de comprometimento da pessoa e descartando outras enfermidades com sintomas semelhantes.
Trajetória da Síndrome da Fadiga Crônica
Em geral a doença começa com sintomas parecidos com a gripe. Em seguida pode ocorrer uma baixa na resistência e infecções que se repetem. No período inicial os sintomas flutuam muito, com períodos de saúde relativamente boa intercalados com fadiga e mal estar.
O diagnóstico de SFC, já vimos, exige mais que seis meses de duração de fadiga severa e que ela seja constante. Como esse prazo não aconteceu, e os sintomas não são permanentes, o diagnóstico é muito difícil e as tentativas de soluções frustrantes.
É muito comum atribuir a causa a problemas psicológicos, o que não surte nenhum efeito. Muitos tentam mudanças nos hábitos e no comportamento, sem nenhum resultado. O medo é também comum, a maioria dos pacientes pergunta-se se não está perdendo a razão. Não é por menos. A sensação é de uma força desconhecida, invisivel e assustadora que vem do nada e suga toda a energia.
Em geral o suporte social e familiar é falho. A maioria das pessoas simplesmente não consegue entender como alguém sem doença aparente diga estar se sentindo tão mal. Como não entendem, dão conselhos do tipo "você precisa se esforçar”, o que só piora o quadro.
Agora, além do mal-estar, há uma baixa na auto-estima e no senso de controle pessoal.
Como consequência da união de sintomas incapacitantes sem doença aparente, dificuldade de diagnóstico e tratamento efetivo e apoio social/familiar deficiente, grande parte dos portadores da SFC tem seu estilo de vida e auto-imagem bastante prejudicados.

Tratamento da Síndrome da Fadiga Crônica

Embora a causa específica da Síndrome da Fadiga Crônica permaneça desconhecida, vários fatores podem estar envolvidos e podem melhorar o quadro. Damos especial atenção ao virus, a fungos (especialmente a Candida albicans) e ao estresse.

SÍNDROME DO BURNOUT

É o ponto de ESTAFA de pessoas submetidas a altíssimas cargas da pressão, responsabilidade e estresse, um processo físico e mental progressivo que termina do esgotamento.

Sempre que alguém é submetido a pressões prolongadas a nível físico, mental ou emocional, tem grandes chances de desenvolver a Síndrome do Burnout, de Estafa.

A expressão "burnout" não tem uma tradução para o português satisfatória, mas possui um sentido próximo a alguma coisa totalmente queimada, calcinada.

Quando o "burnout" chega, há uma nítida sensação de que todas as capacidades pessoais foram exauridas, de que a energia vital foi drenada, o que acaba dando origem a uma queda acentuada na produtividade, a atitudes agressivas e a confusão.

A Exaustão na Síndrome do Burnout é um processo gradual, que acontece normalmente em 4 fases.

Durante todo o tempo, tentativas de minorar a situação como uso de bebidas alcóolicas, aumento (ou início) do consumo de tabaco ou passividade física só fazem piorar o quadro.

Quero deixar claro aqui que não acredito em Fadiga adrenal. Tal doença não encontra reconhecimento por parte da endocrinologia.

O texto acima foi adaptado do site do Dr. Cyro Masci, o criador do Sistema Masci de Saúde Ortossistêmica. Link para o texto: http://www.vitalidadeintegral.com.br/si/site/0301?p=Fadiga_Exaust%C3%A3o_Exaustao


Fadiga adrenal existe? Por Dr. Flávio Cadegiani (médico endocrinologista, metabologista, nutrólogo e doutorando em Adrenal pela UNIFESP).

O termo fadiga adrenal tem apresentado crescente utilização na mídia, entre leigos e principalmente no meio médico. Contudo, essa condição jamais foi oficialmente reconhecida e comprovada por qualquer sociedade de endocrinologia. Em pesquisa no “Google” no dia 04/07/2014, a expressão fadiga+adrenal apresentou 114.000 resultados e adrenal+fatigue apresentou 2.370.000, mostrando a relevância destas terminologias na internet, principal fonte de busca de informações mundial hoje em dia.
Hoje, somente no Brasil, existem mais profissionais de saúde que recebem formação com a existência da doença através de “cursos” e “palestras”. Pelo contrário, são em bem menor número a quantidade de medicos da área que escutam que a doença não foi comprovada. Por isso, o numerous de ppacientes expostos a profissionais que farão o suposto diagnostic e tratamento é maior do que o número de pessoas que não serão avaliadas para a existência desta enfermidade não comprovada. De acordo com a prática da maioria dos médicos que conduzem casos de “fadiga adrenal”, a pesquisa da suposta enfermidade ocorre a partir de um questionário com indagações sobre o bem-estar global, incluindo questões sobre fadiga, bem-estar, qualidade de sono, disposição e humor. Aqueles que forem enquadrados como “suspeitos” para “fadiga adrenal” serão diagnosticados com cortisol sérico basal ou ritmo de cortisol salivar, ambos incaracterísticos de acordo com a Endocrinologia. Aqueles que estiverem com os valores abaixo dos considerados como mínimos (valores que diferem completamente da prática endocrinológica usual) são diagnosticados como portadores de “fadiga adrenal” e logo recebem tratamento com corticoterapia em doses “fisiológicas”. Existem algumas variações desse fluxograma, porém em geral respeita-se esta sequência.
Entre os argumentos sustentados pelos médicos que sustentam a teoria da existência desta doença (esta não reconhecida pelas sociedades de endocrinologia) está o fato de o paciente apresentar uma vasta e prolongada clínica antes de apresentar qualquer sinal bioquímico ou hormonal de depleção adrenal, e que respondem muito bem do ponto de vista clínico com a reposição.
Contudo, existem contra-argumentos muito lógicos. Primeiro, o início de corticoterapia, mesmo em baixas doses, desencadeia uma sensação temporária de bem-estar e de disposição em grande parte dos pacientes, com aparente melhora dos sintomas. Segundo, é bem estabelecido que mesmo em doses “fisiológicas”, a utilização de corticoterapia aumenta diversos riscos, como cardiovascular e de osteoporose.
Após uma ampla revisão acerca do assunto, que fora realizado da forma mais imparcial possível, várias conclusões foram tomadas.
Primeiro, embora muito utilizado na mídia leiga e nos chamarizes da internet, o termo “fadiga adrenal”, como ele é citado, foi pouquíssimo publicado. Além disso, a qualidade metodológica associado aos trabalhdos que utilizam esta expressão são de baixa qualidade. Também, nenhum dos artigos discorre ou cita a etiologia da chamada “fadiga adrenal”. Ou seja, nenhum trabalho de qualidade até agora. Lembrem-se, trabalho científico não significa evidência.
Embora amplamente utilizado na prática médica em vários locais do mundo, o questionário do Dr. Wilsom para diagnóstico de “fadiga adrenal” não teve absolutamente nenhum estudo para validação ou utilização como escore de fadiga, ao menos indexado. Por outro lado, o questionário SF-36 Vitality Scale, um escore bem validado e com real grau de correspondência com o grau de fadiga, foi o método utilizado por boa parte dos trabalhos que visaram correlacionar fadiga e alterações do cortisol.
Sabendo-se que o eixo corticotrófico pode estar seriamente comprometido como consequência de alguma doença ou alteração, é recomendado que se avaliem, diagnósticos diferenciais, entre eles os principais para “fadiga adrenal” são: (1) síndrome da apneia obstrutiva do sono, (2) insuficiência adrenal, (3) trabalho excessivo, (4) diagnósticos mentais, (5) inversão e irregularidade de turno no trabalho, (6) deficiências hormonais de outros eixos, (7) hepatopatias, (8) cardiopatias, (9) nefropatias, (10) DPOC, (11) doenças auto-imunes. Normalmente, estas doenças ou outros problemas justificam praticamente a quase totalidade dos casos.
A maior parte dos trabalhos foi excluída devido a falta de qualidade da metodologia e de caráter unicamente descritivos, sem referências de qualidade Dada a heterogenia e diversidade da qualidade e dos tipos de dados e das respostas, poucos dados são analisáveis – o cortisol ao acordar e 30min após foi um dos dados mais reproduzidos. O grande número de trabalhos que correlacionou fadiga e cortisol ao levantar e ao ritmo de cortisol salivar se deve ao fato de que estudos prévios iniciais foram utilizando ambos dados como marcadores. Um estudo somente realizou uma tentativa de validação. Contudo, é importante ressaltar que a atenuação do cortisol ao levantar, ou seja, o não aumento ou o aumento inadequado em relação ao esperado tende a ser uma consequência, e não causa, da fadiga.
A insuficiência adrenal absoluta pode ser avaliada como cortisol basal abaixo de 3,5mg/dL, na ausência de medicamentos orais, tópicos, nasais, oftalmológicos ou de quaquer outra espécie. A insuficiência adrenal pode ser de origem primária, cuja deficiência é na própria glândula adrenal, ou secundária, quando a deficiência adrenal decorre da baixa produção de ACTH (que estimula a liberação de cortisol) pela glândula hipófise. Contudo, a forma mais adequada de se avaliar reserva adrenal é por testes funcionais, bem estabelecidos e praticados por endocrinologistas. Para tais avaliações, pode-se realizar teste de cortrosino, um ACTH sintético, seja na dose usual (250mcg), seja o teste de baixa dose (1mcg),que avalia diretamente reserva adrenal. A falha da resposta ao teste da cortrosina pode denotar insuficiência adrenal primária relativa ou insuficiência adrenal central (hipofisária ou hipotalâmica). Para o teste de avaliação da funcionalidade do eixo HHA por completo, a avaliação padrão-ouro é o teste de tolerância a insulina, cujo objetivo é provocar hipoglicemia e criar uma situação de estresse onde um indivíduo saudável irá liberar invariavelmente uma certa quantidade de cortisol. A não liberação adequada demonstra, em algum grau, um comprometimento do eixo HHA. Outro potencial teste é com lipossacarídeos, que são pirógenos, que induzem hipertermia (febre), outra situação de estresse. Contudo, este teste é pouco realizado na prática. Estes testes descritos são as formas que as sociedades de Endocrinologia reconhecem para avaliação do eixo HHA.
Importante ressaltar que, mesmo numericamente grande, a maior parte dos estudos é exclusivamente descritiva, ou que não buscaram referências, ou fizeram revisões de outros estudos, e todos estes trabalhos não acrescentam em termos de evidência ou qualidade de informação acerca da suposta “fadiga adrenal”. Com isso, exclui-se muito do que verdadeiramente
Embora não tenham utilizado critérios adotados pela Endocrinologia, grande parte dos trabalhos mostrou correlações claras e significativas entre pessoas com maior fadiga e alterações da homeostase e do ritmo de cortisol. Independente do grau de validação dos exames realizados, o encontro da associação, direta ou inversa entre determinado exame e alguma alteração clínica, chama atenção para que o mesmo seja melhor investigado. Contudo, por não se tratar dos testes clássicos e bem estabelecidos de reserva adrenal, é possível que as alterações nos exames encontrados sejam consequência, e não causa do quadro de fadiga, pois os mesmos exames não foram correlacionados com verdadeiros testes que mostram a real reserva adrenal. Cabe ressaltas que diferentes populações, como doentes de diversas patologias, poderiam eventualmente ser sub-grupos que particularmente teriam as alterações descritas.
Existe uma importante lacuna em termos de qualidade de informação no que tange a estudos de diminuição de resposta do eixo HHA para indivíduos saudáveis, fadigados (ou burnout) e que não se encaixam em nenhuma doença, e também para doenças.
Observa-se que foram criados “novos critérios” que foram fracamente validados, pois não houve correlação com o padrão-ouro vigente e nem com histopatológico ou atividade/liberação direta de cortisol. Nenhum dos autores dos artigos revisados tem formação em Endocrinologia, o que resultou em ausência de trabalhos que eventualmente utilizariam os critérios padrão-ouro da Endocrinologia. A falta de comunicação ou de co-autoridade com a Endocrinologia poderia imprimir uma melhroa considerável na qualidade dos estudos e no poder dos achados, pois em se tratando de utilizar os critérios aceitos pelas sociedades de endocrinologia para diagnósticos do eixo corticotrófico, pouquíssimo se encontra. O “n”para o “cortisol ao levantar” é, sob o ponto de vista de validação, muito aquém do mínimo requerido.
O cortisol ao levantar (30 minutos após) apresentou um grau de validação ainda não 100%. O mais importante aqui é lembrar novamente que o cortisol ao levantar mais baixo pode representar uma consequência, e não ser causa, do burnout. Ele não expressa a reserva adrenal e por isso não pode ser definidor como fator ou causador, somente como marcador, o que implica em que o uso de hidrocortisona não corrigirá o problema (embora possa causar melhroa temporária devido a ação do próprio fármaco)
O cortisol urinário de 24h é o método que permite “enxergar” a liberação continuada em um período de 24h, porque a sua concentração é diretamente proporcional e linear com o cortisol sérico, e poderia ser um critério no futuro.
Antes de se avaliar a existência do diagnóstico de “fadiga adrenal”, importante separar diferentes grupos populacionais. Pelos estudos até agora realizados
Uma revisão sistemática de 2011 (Danhof-Pont et al) identificou 31 estudos e 38 marcadores, entre eles cortisóis salivares e plasmáticos, além do SDHEA, e não encontrou alteração potencial para nenhum deles. Uma revisão sobre pessoas “com burnout do trabalho” de Doornen LJ, de 2011, encontrou resultados inconsistentes sobre o cortisol.
Todos os estudos que estudaram o “perfil” de cortisol “foram para um caminho distinto” do caminho da Endocrinologia.
Usar cortisol ou qualquer dado apresentado pela maioria dos estudos não denota necessariamente uma alteração do eixo HHA como etiologia para total ou parte dos sintomas Portanto, não se pode concluir, e nem sugerir, que o uso de corticoterapia vá corrigir o fator contribuinte. É importante ter muito cuidado em avaliar “resposta terapêutica” com cortisol, pois a melhora ocorrerá pela ação decorrente do próprio fármaco (corticite a curto prazo aumenta disposição), sem que isso signifique uma real resposta a doença. Em suma, as alterações descritas acerca do cortisol podem tanto ser uma das gêneses dos problemas, por falhar aos estímulos gerados, como pode ser consequência a falta de estímulos para a ativação do eixo corticotrófico. Um exemplo claro de alteração do eixo HHA com oconsequência, e não causa de problemas, é a depressão maior, que torna o ciclo circadiano aberrante, com diminuição da queda esperada ao longo do dia. Portanto, é importante que se conheça a relação entre o eixo liberador de cortisol e os sintomas ou doença estudados, para que não se atribuam problemas às aleterações que na realidade são consequências, com odescrito na depressão maior.
Em conclusão, teorias acerca do eixo HHA na gênese de fadiga sempre tiveram um grande espaço na literatura. Contudo, poucos trabalhos pesquisaram e contraram de fato dados que aumentassem a robustez destas informações. A relação causa-efeito muitas vezes pode ser um viés confundidor que gera conclusões precipitadas.
A “fadiga adrenal” não foi comprovada, é improvável que exista da forma como é descrita, e se existir, deve ser devidamente avaliada com o que a endocrinologia oferece de critérios diagnósticos para reserva adrenal, e não por critérios “inventados”. Alguns grupos, como pacientes expostos a quimioterapia e os fadigados por “overtraining” podem apresentar alterações, porém mais trabalhos são necessários. É um momento importante para que os “divulgadores” desviem seus esforços para realização de estudos de qualidade para demonstrar as suas afirmações. Em momento algum digo que não existe, porém digo sim que é necessário estudar. Mais estudo, menos divulgação, por enquanto, é apalavra de ordem.
E enquanto isso, se alguém desconfiar de insuficiência adrenal relativa, favor realizar os testes que avaliam esta alteração.
Autor principal: Dr. Flávio A. Cadegiani (endocrinologista e metabolista de Brasilia – DF – CRM/DF 16.219 / CREMESP 160.400) – É DOUTORANDO em Adrenal pela UNIFESP, sendo orientado por uma das maiores autoridades do mundo no tema, o Dr. Cláudio Elias Kater.
Colaboradores do post:
Dr. Frederico Lobo (Clínico geral de Goiânia – GO) @drfredericolobo,
Dr. Thiago Omena (Médico especialista em Clínica Médica em São Paulo - SP) @tomena
Dr. Ricardo Martins Borges (Nutrólogo de Ribeirão Preto – SP, mestre em medicina pela FMRP – USP) @clinicaricardoborges,
Dra. Tatiana Abrão (endocrinologista e nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,
Dra. Elza Daniel de Mello (pediatra, gastropediatra, nutróloga em Porto Alegre – RS, mestre e doutora em Ciências médicas – Pediatra pela UFRGS),
Dr. Daniella Costa (nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,
Dr. Reinaldo Nunes (endocrinologista e nutrólogo de Campos – RJ, mestre em endocrinologia pela UFRJ) @drreinaldonunes,
Dr. Mateus Severo (endocrinologista de Santa Maria – RS, Mestre em Ciências Médicas – Endocrinologia pela UFRGS e doutorando em Ciências médicas – Endocrinologia pela UFRGS) @drmateusendocrino,
Dr. Pedro Paulo Prudente (médico do esporte de Gramado – RS) @drpedropauloprudente,
Dra. Patricia Salles (endocrinologista de São Paulo – SP, mestranda em endocrinologia pela FMUSP), @endoclinicdoctors,
Dra. Camila Bandeira (endocrinologista de Manaus – AM) @endoclinicdoctors,
Dr. Walter Nobrega (clínico Geral do Rio de Janeiro – RJ) @drwalternobrega,
Dra. Deborah Carneiro (pediatra de Goiânia – GO) @dehcarneirolima,
Dr. Yuri Galeno (endocrinologista de Natal – RN) @dryuri_insyde,
Dra. Flávia Tortul (endocrinologista de Campo Grande – MS) @flaviatortul

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