Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta leite. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta leite. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

sábado, 12 de junho de 2021

Evidência de uma associação causal entre a ingestão de leite e os resultados da doença cardiometabólica usando uma análise de randomização Mendeliana de duas amostras em até 1.904.220 indivíduos

A alta ingestão de leite tem sido associada a risco cardiometabólico.  Conduzimos um estudo de randomização mendeliana (MR) para obter evidências da relação causal entre o consumo de leite e as características cardiometabólicas usando a variante de persistência da lactase (LCT-13910 C> T, rs4988235) como uma variável instrumental.

Métodos

Testamos a associação do genótipo LCT com o consumo de leite (para validação) e com características cardiometabólicas (para uma possível associação causal) em uma meta-análise dos dados de três estudos populacionais de grande escala (1958 British Birth Cohort,  Health and Retirement study e UK Biobank) com até 417.236 participantes e usando estatísticas resumidas de meta-análises de consórcios em características intermediárias (N = 123.665-697.307) e estendidas para cobrir desfechos de doenças (N = 86.995-149.821).

 Resultados

No UK Biobank, os portadores do alelo 'T' da variante LCT eram mais propensos a consumir leite (P = 7,02 × 10−14). Na meta-análise incluindo o UK Biobank, o 1958BC, o HRS e estudos baseados em consórcios, sob um modelo aditivo, o alelo 'T' foi associado a um índice de massa corporal (IMC) mais alto (Pmeta-analysis = 4,68 × 10−12) e menor colesterol total (TC) (P = 2,40 × 10-36), colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) (P = 2,08 × 10-26) e colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) (P =  9,40 × 10−13).

Em meta-análises de consórcios, o alelo 'T' foi associado a um menor risco de doença arterial coronariana (OR: 0,86, IC 95%: 0,75–0,99), mas não com diabetes tipo 2 (OR: 1,06, IC 95%: 0,97–  1,16).

Além disso, a análise de RM de duas amostras mostrou uma associação causal entre a ingestão de leite geneticamente instrumentado e IMC mais alto (P = 3,60 × 10−5) e gordura corporal (gordura corporal total, gordura de perna, gordura de braço e gordura de tronco; P <1,37 ×  10−6) e LDL-C inferior (P = 3,60 × 10−6), TC (P = 1,90 × 10−6) e HDL-C (P = 3,00 × 10−5).

Conclusões

Nosso estudo de RM em grande escala fornece evidência genética para a associação do consumo de leite com IMC mais alto, mas níveis mais baixos de colesterol sérico.  

Esses dados sugerem que não há necessidade de limitar a ingestão de leite em relação ao risco de doença cardiovascular, com os benefícios sugeridos exigindo confirmação em estudos adicionais.

Background

Obesidade, hipertensão, dislipidemias e hiperglicemia são todos fortes contribuintes para doenças cardio-metabólicas, que são as principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo.

A dieta é um dos principais determinantes das doenças cardio-metabólicas e vários estudos têm mostrado associações entre o consumo de laticínios e leite e fatores de risco cardio-metabólicos.

Produtos lácteos com alto teor de gordura podem causar efeitos adversos no risco cardiovascular, aumentando a ingestão de gordura saturada e colesterol, que demonstrou aumentar o colesterol no sangue e o risco subsequente de doenças cardiovasculares (DCV).

Além disso, o leite é uma importante fonte de cálcio e um fator de risco para calcificação arterial.

Apesar desses efeitos adversos propostos, um risco reduzido de DCV foi relatado para o consumo de leite e produtos lácteos com baixo teor de gordura em uma meta-análise em grande escala de dados de nove estudos (N = 57.256).

Os resultados de ensaios clínicos randomizados (RCTs) têm sido inconsistentes, não fornecendo evidências causais para uma associação causal benéfica ou adversa.

A enzima lactase, que é responsável pela digestão da lactose do açúcar do leite, é codificada pelo gene da lactase (LCT).

Um polimorfismo funcional de nucleotídeo único (SNP), −13910 C / T (rs4988235), localizado a montante do gene LCT, demonstrou afetar a transcrição da enzima e controlar a distribuição de fenótipos de lactase em populações humanas.  

O alelo ‘T’ do SNP rs4988235 está associado à persistência da lactase (LP) e demonstrou aumentar a atividade do promotor do gene LCT após a ligação a fatores de transcrição.

Dado o impacto funcional deste SNP na digestão da lactose do açúcar do leite, o SNP rs4988235 foi usado como proxy para a ingestão de leite em estudos de randomização de Mendel (MR) que examinaram a relação entre a ingestão de leite e doenças.

Estudos recentes demonstraram uma relação causal entre maior ingestão de laticínios e maior índice de massa corporal (IMC) mas não resultados relacionados a DCV.

Dadas as discrepâncias, decidimos examinar de forma abrangente a associação causal entre o consumo de leite e DCV, diabetes tipo 2 (T2D) e fatores de risco cardiometabólico, incluindo medidas de adiposidade, pressão arterial e marcadores de inflamação crônica, metabolismo de lipídios e glicose.

Nosso estudo de RM incluiu meta-análise dos dados em até 417.236 indivíduos de três grandes estudos populacionais e dados estatísticos resumidos de várias meta-análises de grandes consórcios (N até 1.486.984).

Em conclusão, nosso estudo confirma a associação causal entre alto consumo de leite geneticamente instrumentado e fenótipos cardiometabólicos, onde o alelo ‘T’ foi associado com maior IMC e menor LDL-C e TC.

Grandes estudos de intervenção são necessários para estabelecer a ligação causal entre o alto consumo de leite e os fenótipos cardiometabólicos antes que mudanças no consumo de laticínios possam ser recomendadas para a prevenção de características cardiometabólicas.


“Compartilhar é se importar”

Instagram:@dr.albertodiasfilho

EndoNews: Lifelong Learning

Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cientistas descobrem que o clima altera a qualidade do leite

Segundo um novo estudo britânico, verões mais frescos e úmidos têm um efeito negativo sobre o leite. A pesquisa descobriu que o leite coletado durante um verão fresco e o inverno seguinte apresentou maior teor de gordura saturada e menos ácidos graxos do que em um ano mais quente.

Baixos níveis dos benefícios ômega-3 e ácidos graxos poliinsaturados foram descobertos em algumas marcas de leite comum. As amostras também mostraram evidências de que as vacas são suplementadas com um produto de gorduras saturadas derivado de óleo de palma.

Uma solução, embora obviamente cara, é mudar para o chamado leite orgânico. Os pesquisadores descobriram que o leite orgânico apresenta maiores teores de ácidos graxos nutricionalmente vantajosos, independentemente da época do ano ou das condições meteorológicas.

Apesar de proteínas, antioxidantes, vitaminas, minerais e alguns e ácidos graxos no leite serem considerados benéficos, os pesquisadores acreditam que os ácidos graxos saturados têm um efeito negativo sobre a saúde humana. O leite orgânico pode cortar as gorduras saturadas em 30 a 50% e ainda obter a mesma ingestão de ácidos benéficos.

Os resultados do estudo mostram uma ligação surpreendente entre a qualidade do leite e o nosso clima atualmente em mudança. Os pesquisadores analisaram a qualidade do leite nos supermercados em diferentes épocas do ano, durante um período de dois anos.

Eles concluíram que as marcas de leite orgânico disponíveis nos supermercados são mais elevadas em ácidos gordos benéficos tanto no inverno quanto no verão. Mas notaram uma diferença entre o leite comprado no primeiro período de amostragem (julho de 2006 e janeiro de 2007) e nos tempos correspondentes de um ano depois.

O segundo conjunto de amostras, após um verão particularmente úmido em 2007, foi superior em gorduras saturadas e inferior em ácidos gordos benéficos. No nordeste da Inglaterra, por exemplo, o verão de 2007 foi particularmente chuvoso, com cerca de 30% mais pluviosidade e 12% temperaturas mais baixas em comparação com 2006.

Se esses padrões climáticos continuarem, os pesquisadores acreditam que os agricultores terão que se adaptar para manter a qualidade atual do leite. Os níveis mais elevados de gorduras benéficas no leite orgânico mais do que compensaria a depressão provocada por condições climáticas relativamente pobres em ano mais molhados. [Science2.0]

Fonte: http://hypescience.com/cientistas-descobrem-que-o-clima-altera-a-qualidade-do-leite/ baseado em: http://www.science20.com/news_articles/global_warming_means_better_milk-75418

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Suco de soja é um problema para as crianças?

O Radioatividade desta terça-feira (12) convidou dois especialistas para nos ajudar com os motivos de a soja estar dando o que falar. O médico nutrólogo, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Dr. Durval Ribas Filho e a alergista, Dra. Ana Paula Castro, deram seus depoimentos. A soja é rica em chamadas isoflavonas, substâncias com estrutura química muito parecida a dos estrógenos, hormônios femininos. Elas acabariam sendo reconhecidas pelo organismo justamente como estrógenos e a ação desencadeada seria a mesma.

Entre as várias pesquisas já publicadas, a mais recente é uma revisão de estudos feita pela revista “Critical Reviews In Food Science”, que afirma que a ingestão de hormônios de origem vegetal podem prejudicar o sistema endócrino principalmente em bebês e crianças.

“A verdade é que até o momento os estudos não são consistentes”, afirma o nutrólogo. “A discussão realmente é importante, mas é sempre bom lembrar que ainda não existem estudos científicos que mostram diretamente essa relação”.

O médico lembra que existe uma mimetização; uma imitação das isoflavonas em relação aos hormônios femininos e destaca o uso das proteínas da soja para tratamentos de menopausa, melhora de cognição e redução de chances de alguns tipos de câncer e destaca: “o suco de soja em hipótese alguma estaria substituindo o leite das crianças”, apenas em casos de necessidade.

“É sempre bom lembrar que, para o suco de soja causar problemas, teríamos que ingerir mais de 3L do leite/suco de soja diariamente”, esclareceu Dr. Durval Ribas Filho.

Para a Dra. Ana Paula Castro, é importante diferenciar intolerância à lactose de alergia à proteína do leite de vaca e, a partir daí, saber se é necessário substituir o leite pelo suco de soja, principalmente na alimentação das crianças.

Atenção mamães, “se vocês têm filho com alergia à proteína do leite de vaca e a criança tem menos de 6 meses de idade e não pode receber aleitamento materno, ela não pode receber fórmula de soja. Se tiver acima de 6 meses sim, pode. Mas estamos falando de fórmula. Os suquinhos não são indicados para crianças com menos de 1 ano de idade”, destaca a alergista.

A verdade é que, no final, o melhor mesmo é fazer como tudo na vida: consumir, mas com moderação.

Fonte: http://blog.jovempan.uol.com.br/radioatividade/2016/01/12/suco-de-soja-e-um-problema-para-as-criancas/

Minhas considerações

Moderação. Há 5 mil anos os asiáticos utilizam as formas fermentadas sem problemas. Não há estudos epidemiológicos mostrando maior prevalência de puberdade precoce ou ginecomastia em asiáticos. Se lá, é o lugar do mundo onde mais consomem soja, seria esperado que lá também tivesse uma prevalência maior dessas doenças. A mesma coisa vale para veganos de todo mundo. A incidência de puberdade precoce em veganos é baixa.

Abaixo um texto do professor Dr. Ary Lopes Cardoso publicado no site da Nestle Nutrition

Embora o melhor alimento para o lactente seja o leite materno, ainda hoje as fórmulas infantis de proteína isolada de soja (FIPIS) continuam sendo muito utilizadas para alimentá-los em diversas situações clínicas, como alguns casos de alergia à (às) proteína (s) do leite de vaca, diarreia pós-infecciosa, intolerância à lactose, galactosemia e para os vegan, como substituto do leite materno.
O grão de soja tem em média uma composição bastante interessante – 30% de proteínas de alto valor biológico, 20% de lipídios em sua maior parte insaturados, 30% de carboidratos, e ainda vitaminas e minerais além de compostos bioativos, com destaque para as isoflavonas.

A soja é considerada um alimento funcional, ou seja, cujo consumo é seguro, nutricionalmente adequado para compor uma alimentação saudável e balanceada, proporcionando diversos benefícios à saúde.

Tem influência positiva no metabolismo lipídico e glicídico auxiliando na saúde cardiovascular, efeitos sobre o gerenciamento de peso, manutenção da massa óssea, ações sobre a cognição e ainda potenciais efeitos anticancerígenos. As recomendações e limites de segurança já são estabelecidos – 15 g de proteína de soja / dia para crianças saudáveis com mais de seis meses de idade.
Desde os anos 80 a indústria conseguiu aprimorar a composição dessas fórmulas. O surgimento das FIPIS permitiu que esses produtos passassem a respeitar as recomendações do Codex Alimentarius. Essas formulações ganharam então a chancela de serem nutricionalmente adequadas e seguras para o lactente.

As controvérsias ao seu uso, no entanto, não deixaram de existir. Alguns comentários a respeito das indicações e das eventuais restrições merecem ser feitos.

Muito recentemente tanto a Sociedade Europeia de Pediatria (ESPGHAN) como a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicaram seus consensos a respeito do uso das FIPIS em lactentes.

Esses órgãos concordam que as FIPIS conseguem fornecer nutrição adequada para que o lactente tenha desenvolvimento normal, embora não sejam mais vantajosas que as fórmulas infantis à base de leite de vaca quando existe impossibilidade de receber o leite materno. Também concordam que as FIPIS não têm papel na prevenção de cólicas, regurgitações, e em algumas situações de alergias.

Em relação ao uso das FIPIS no manejo da gastroenterocolite aguda, os consensos vêm colocando em dúvida a vantagem do uso dessas fórmulas, preconizando nos casos mais graves as fórmulas infantis extensamente hidrolisadas ou as elementares.

Não é a experiência que temos nos muitos anos de uso das FIPIS manejando a nutrição em crianças com diarreia aguda ou persistente. Apenas um pequeno número de pacientes não tolera essas fórmulas infantis. São nutricionalmente adequadas e apresentam custo acessível, atendendo às características da população brasileira.

Vale ressaltar que os consensos médicos são apenas instrumentos de informação e não tutelares. O pequeno paciente merece um tratamento individualizado e livre e não globalizado e tutelado. Estas nossa observações estão de acordo com a opinião de outros médicos dotados de grande experiência, que recentemente publicaram um texto valioso para todo Pediatra que tenha espírito crítico de leitura científica (2).
A segurança das fórmulas infantis de soja ainda é muito comentada e debatida. A revisão que Vandenplas Y. e colaboradores (1) fizeram é extremamente importante na medida em que abrange mais de um século de referências bibliográficas. São revistos os estudos que avaliaram dados antropométricos, saúde óssea (conteúdo mineral ósseo), imunidade, cognição e funções endócrinas e reprodutivas. Os estudos são, em sua maioria, transversais, de caso controle, de coorte ou de seguimento clínico, sempre comparando lactentes que receberam fórmula de soja com aqueles que receberam outros leites (materno ou leite de vaca modificado). A análise se deteve sobre os estudos que pautaram por avaliar, entre outras coisas, a segurança do uso da fórmula infantil de soja.

Do ponto de vista de padrões antropométricos há semelhança entre as crianças alimentadas com fórmulas de soja e aquelas que receberam leite de vaca modificado ou leite materno.

A despeito dos altos níveis de fitato e de alumínio nas fórmulas de soja, não existem diferenças nos níveis de hemoglobina, proteínas séricas, concentrações de zinco e de cálcio e conteúdo de osso mineral nas crianças que recebem leite materno, fórmula de leite de vaca modificado e aqueles que recebem FIPIS.

Os níveis de genisteína e daidzeina são muito superiores nas crianças que recebem fórmulas infantis de soja. No entanto, não existem evidências de efeitos adversos negativos em funções endócrinas ou reprodutivas.

Os parâmetros imunológicos avaliados e os neurocognitivos foram semelhantes em todos os grupos.

Em conclusão, as fórmulas infantis modernas de soja são consideradas como opções seguras para alimentar lactentes e crianças que as necessitem.

O padrão de crescimento, saúde óssea e metabólica, as funções reprodutiva, endócrina, imunológica e neurológicas são semelhantes àquelas observadas em lactentes crianças alimentadas com fórmulas infantis à base de leite de vaca modificado ou leite materno.
Os achados epidemiológicos são insuficientes no fornecimento de dados baseados em evidências quanto à ocorrência e/ou incidência de eventos adversos com o uso de FIPIS.
Não custa lembrar que muitas das discussões a respeito das indicações do uso de FIPIS irão terminar quando houver maior conscientização da amamentação exclusiva até o sexto mês de vida
 
Referências
1 - Vandenplas Y, Castrellon PG, Rivas R, Gutiérrez CJ, Garcia LD, Jimenez JE, Anzo A, Hegar B, Alarcon P. Safety of soya-based infant formulas in children. Br J Nutr. 2014   Apr 28;111(8):1340-60.

2 – Barbieri D., Romaldini C. Fórmula de soja - de heroína a vilã? Análise crítica ao artigo. Pediatria Moderna – Maio 2013 – v. 49 no. 5



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Kefir e saúde intestinal - Nutrólogo Joinville - Nutrólogo Goiânia



O texto abaixo foi publicado na edição desse mês da revista Saúde é vital. Fala sobre o uso do Kefir, um excelente alimento que poucos ainda conhecem no nosso país. Abaixo relatarei os prós e contras, por duas óticas: médico e ex-consumidor. 

Bem, já fiz uso do de de água e tive bons resultados, mas por problemas técnicos parei de utilizá-los. Para agendar consulta para saber se deve ou não utiliza-lo, clique aqui.

A praticidade dos lactobacilos manipulados (além de diversos estudos sobre as principais cepas: lactobacilos acidophilus, casei, bifidus, rhamnosus e bulgaricus) acabam superando o "trabalhoso Kefir".

Prós:
1) É de graça, acho legal essa idéia de que não se compra e nem se vende, apenas doação. Quando morava na Chapada dos veadeiros (Alto Paraíso) nas épocas de surto de diarréia eu indicava muito pra população carente e tinha bons resultados.
2) Tem uma boa quantidade de lactobacilos, diversas cepas, cerca de 30 cepas de probióticos.
3) Para os que não possuem alergia à proteína do leite de vaca e gostam de leite podem optar pelo Kefir de leite. Isso serve também para os intolerantes à lactose, já que os lactobacilos consomem a lactose, que é um carboidrato (açúcar). Acima de 24h de fermentação raramente causa sintomas nos intolerantes à lactose.
4) Por ter benefícios para a nossa saúde e ser alimento, é considerado um alimento funcional. Portanto seu uso deve ser estimulado.
5) Os grãos são praticamente "etenos" podem ser congelados e as "sementes" enviadas pelo correio.
6) Como é um laticínio, é fonte rica em cálcio, de boa biodisponibilidade. Pode ser utilizado em iogurtes, coalhadas, shakes. Pode-se até fazer queijo de Kefir (uma amiga faz e fica uma delícia).

Contras:
1) O kefir de água é um pouco ácido e pode causar "azia" em pacientes com gastrite, esofagite, refluxo. Se o paciente possui "intestino-solto" também pode ocasionar diarréias. O de kefir leite por ter cálcio também pode  piorar sintomas dispépticos. É uma queixa muito comum nos pacientes com gastrite e refluxo que indico Kefir de leite. Principalmente quando a fermentação é de 24h. Nesse caso indico a utilização de 50ml de fermentação de 12 horas, duas vezes ao dia e observar. Se tiver intolerância não utilizar.
2) Algumas pessoas consideram trabalhoso ter que "alimentá-los" diariamente (kefir de água com açúcar mascavo ; Kefir de leite com leite integral), portanto quem não permanece todos os dias em casa deixará os "grãozinhos" morrerem.
3) Risco de contaminação comum a qualquer alimento: água, açúcar e lactobacilos em frasco fora da geladeira, semi-coberto = possível contaminação.
4) Como são inúmeras cepas de probióticos presentes, elas podem interagir entre si. Se você apresenta algum problema digestivo ou intolerância alimentar (frutose, sacarose, lactose), sugiro que antes procure um médico, confirme o diagnóstico, inicie um tratamento e só posteriormente utilize kefir. É assim que tenho feito com meus pacientes com candidíase crônica, intolerância à lactose, à frutose, sacarose, síndrome do intestino irritável, diarréia crônica e constipação intestinal. Solicito os exames necessários para se fechar o diagnóstico, faço o exame clínico, instituo o tratamento, geralmente com cepas específicas de probióticos para cada caso. Somente depois que inicio o kefir conforme tolerância.

A reportagem é interessante.

Bom final de semana

Dr. Frederico Lobo - Médico - CRM-GO 13192


Quefir: basta um copo por dia

Nas nossas primeiras semanas de vida, o intestino é habitado por cerca de 500 espécies de micro-organismos que ajudam na digestão e lutam contra agentes que causam doenças. Com o envelhecimento, o estresse e a alimentação incorreta, esse exército é desfalcado e se reduz a 30 divisões, por assim dizer. Para recuperar as várias tropas de choque, no entanto, há quem aposte em uma solução: ingerir bactérias e leveduras benéficas do quefir.

Trata-se de um punhado de grãos formados por mais de 50 espécies de bichinhos pró-saúde. Eles são colocados no leite, no qual fermentam. Logo em seguida, são coados — e podem ser usados de novo porque, dizem, os micróbios se renovam sem perder suas propriedades. “Mas a bebida retém parte dos micro-organismos, que, ao serem ingeridos, repõem a flora intestinal e agem como laxantes naturais”, diz a farmacêutica Márcia Barreto Feijó, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Segundo alguns estudos, as mesmas bactérias produziriam uma espécie de açúcar capaz de estimular o sistema imunológico a fabricar substâncias para combater inflamações.

“Puro, o leite fermentado com quefir se assemelha ao iogurte natural quanto a sabor, aroma e consistência”, garante Raquel Teresinha Czamanski, pesquisadora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, em Bento Gonçalves, no interior do estado. E, à base dele, podem ser feitos queijos, vitaminas e sobremesas. Mas, segundo Márcia Feijó, não basta adicionar o quefir a qualquer leite para seus micróbios se proliferarem pra valer. De acordo com um trabalho conduzido por ela, o tipo desnatado é a melhor opção. “O número de bactérias láticas aumenta quando há um menor nível de gordura”, diz. Sem falar que essa alternativa é menos calórica, já que as variantes integrais e de soja possuem mais que o dobro de proteínas e lipídeos.

Os grãos de quefir foram descobertos na região do Cáucaso, localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, nos limites entre a Europa e a Ásia, há 4 mil anos. Suas bactérias sempre se proliferam e os grãos encontrados hoje são descendentes diretos dos originários. Não se sabe ao certo as condições climáticas que propiciaram a união de tantos micro-organismos do bem e por isso é difícil reproduzi-los em laboratório. Fora esse obstáculo, há outro motivo para o quefir ainda não ter chegado às prateleiras dos supermercados. As bactérias transferidas para o leite fermentam continuamente, produzindo gases. Imagine esse processo em um recipiente fechado por meses a fio: a embalagem se destruiria com tamanha pressão.

No entanto, uma descoberta de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITP) cria esperanças de que, em breve, sua industrialização se torne realidade. “Isolamos oito microorganismos do quefir e conseguimos a estabilidade de pressão nos produtos finais”, afirma Djalma Marques, coordenador do Laboratório Nacional de Probióticos do ITP. Ou seja, haverá uma menor produção de gases.

Segundo o pesquisador, o isolamento de um número de bactérias reduzido não diminui tanto as propriedades do leite, mas garante que as embalagens não se rompam. Por enquanto, os produtos feitos no ITP só podem ser comprados no próprio laboratório. É também no ITP que os poderes do quefir para a pele vêm sendo avaliados. O mecanismo não está esclarecido, mas os pesquisadores perceberam que os micro-organismos potencializam o efeito de produtos naturais contra queimaduras e dermatites.

A maneira mais simples de conseguir os grãos, ainda hoje, é por doação. Foi assim que a catarinense Sueli Quadros, de 44 anos, conheceu o quefir. “Minha bisavó migrou da Alemanha para Santa Catarina quando eu tinha 10 anos e trouxe uma porção, que dividiu com os netos”, lembra a secretária, que hoje mora em Curitiba. Para quem não conhece doadores, é possível encontrá-los pela internet. O fundamental é buscar fontes confiáveis. O site http://tinyurl. com/quefir, por exemplo, reúne doadores de todas as regiões do país.

LEITE X ÁGUA

Leite
Os grãos povoados de bactérias e leveduras do quefir, ao fermentarem essa bebida, a tornam levemente ácida. Ela então pode, inclusive, ser consumida por quem tem intolerância à lactose. Isso porque, durante a fermentação, esse açúcar vai embora.

Água
Quando o quefir é fermentado na água com açúcar mascavo, o resultado é o que os especialistas chamam de tibico. A mudança de substrato favorece o surgimento de um novo grupo de micro-organismos. O produto final também traz benefícios ao sistema gastrointestinal, mas seu sabor é amargo, e o uso, restrito por causa do açúcar.

COMPARE

LEITE FERMENTADO: as espécies de lactobacilos se resumem a uma ou duas. É uma ótima opção para intolerantes à lactose

IOGURTES PROBIÓTICOS: conta com bactérias como as do quefir, mas em geral duas ou três espécies. Têm a vantagem de ser comercializados em larga escala

COALHADA CASEIRA: também possui micróbios do bem, mas em pequena quantidade. Chega a ser seis vezes mais digerível que o leite integral

LEITE QUEFIRADO: possui mais de 50 micro-organismos, sendo que pelo menos 20% deles podem ajudar na reposição da flora intestinal

Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0331/nutricao/quefir-basta-copo-dia-612719.shtml


No intestino humano, existem mais de 400 espécies diferentes de microorganismos que convivem em harmonia com o homem. Esta é uma relação ecológica classificada como simbiose ou mutualismo, pois ambos dependem um do outro para sua sobrevivência. Se não existissem estes microorganismos, com certeza nosso sistema digestivo seria um prato cheio para outros microorganismos patogênicos, favorecendo o surgimento de doenças no homem. E tais espécies benéficas dependem das condições químicas e físico-químicas do nosso intestino para poder sobreviver, como a baixa concentração de oxigênio, temperatura em torno de 36°C e umidade.

Portanto, os PROBIÓTICOS podem ser definidos como microorganismos vivos que, administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (Food and Agriculture ONU, 2001; Sanders, 2003). A influência benéfica dos probióticos na microbiota intestinal humana inclui fatores como competição por nutrientes e sítios de ligações celulares e efeitos imunomodularores direta e indireta, resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Quanto maior for a concentração de probióticos no intestino, maior será sua capacidade competitiva e, assim, maior a capacidade de defesa humana (Puupponen-Pimiä et al., 2002).

O íleo e o cólon parecem ser, respectivamente, o local de preferência para colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias (Charteris et al., 1998; Bielecka et al., 2002).

QUAIS SÃO AS FONTES DE OBTENÇÃO DOS PROBIÓTICOS?


Os probióticos podem ser obtidos pela alimentação, especialmente por produtos lácteos devidamente cultivados, como iogurtes, leites fermentados e alguns tipos de queijos. Além disso, para dietas pobres em probióticos, é possível também consumi-los como suplementos nutricionais, na forma de cápsulas ou envelopes, manipulados em farmácias ou industrializados.

QUAIS SÃO OS EFEITOS BENÉFICOS NO HOMEM?

Diversos estudos mostram benefícios dos probióticos no homem. O quadro abaixo mostra por quais mecanismos atuam nos respectivos sistemas:

Sistema
Função
Nutricional
Síntese de Vitaminas (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12, Vitamina K)
Digestivo
Síntese de enzimas digestivas (lactase)
Regulação da peristalse, dos movimentos intestinais e da absorção de nutrientes
Detoxificação intestinal (reduzindo a absorção de materiais tóxicos e toxinas alimentares)
Atividade enzimática fitase-like (hidrólise do Inositol Hexafosfato, liberando PO4- e íons)
Cardiovascular
Metabolização dos sais biliares e aumento da demanda de colesterol sérico colesterol para produção de bile
Metabolismo
Produção e enzimas citocromo P450-like que estimulam a expressão gênica do citocromo no fígado
Degradação e inibição da re-síntese de hormônios
Conversão dos flavonóides às suas formas ativas
Sistema Imune
Produção de antibióticos e antifúngicos
Produção de ácidos graxos de cadeia curta
Estímulo da maturação normal das células do sistema imunológico
Efeitos imunomoduladores: modulação de citocinas, aumento da atividade fagocitária, efeitos específicos na resposta humoral, função dos linfócitos T e atividade das células natural-killers
Metabolização de medicamentos, hormônios, carcinógenos, metais tóxicos e xenobióticos
Efeitos antimutagênicos, antitumorais e antineoplásicos
Anticancerígena
Ligação a substâncias mutagênicas
Degradação de genotoxina e promotores de tumor
Reparação e prevenção da lesão do DNA
Aumento da atividade de enzimas e processo de proteção a células  contra carcinógenos
Aumento da apoptose de células em proliferação
Produção de componentes bioativos de membrana
Aumento da produção de muco, diminuição do tempo de trânsito intestinal

QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DOS PROBIÓTICOS?

Não existe um dado oficial sobre recomendação de probióticos, como acontece com minerais e vitaminas, porém a comunidade científica internacional entende que o papel dos probióticos no organismo humano, está seus efeitos fisiológicos, porém existem evidências mostrando que estes podem também ser utilizados com fins terapêuticos.

Existem fortes evidências científicas no tratamento da diarréia infantil; diarréia associada à antibioticoterapia, diarréia pós-radioterapia pélvica, síndromes de má-absorção de nutrientes, pacientes com intolerância à lactose e na síndrome do intestino irritável.

Estudos clínicos mostram haver efeitos na redução dos níveis de colesterol plasmático, da pressão arterial sistêmica, da atividade ulcerativa por Helicobacter pylori, além do controle da colite induzida por rotavírus e por Clostridium difficile, prevenção de infecções urogenitais, além de efeitos inibitórios sobre a mutagenicidade (Shah, Lankaputhra, 1997; Charteris et al., 1998; Jelen, Lutz, 1998; Klaenhammer, 2001; Kaur, Chopra, Saini, 2002; Tuohy et al., 2003).

QUAIS AS DOSAGENS DIÁRIAS RECOMENDADAS DOS PROBIÓTICOS?


Apesar de serem estudadas por várias décadas, não existe um consenso terapêutico sobre a posologia dos probióticos para uma determinada doença. Existem vários estudos clínicos comprovando sua eficácia e segurança em diversas faixas de concentração, combinando ou não as espécies. As doses de cada espécie varia numa concentração de 100 mi de UFC até 1 bi de UFC, por dose posológica, segundo estudos clínicos. Existem estudos com dosagem total de probióticos com 20 bi UFC, com bom perfil de segurança.

Segundo alguns autores, é prudente combinar as espécies disponíveis para obter melhores resultados, já que existem diferenças quanto ao local de ação de uma cepa e outra, havendo assim uma preferência entre o íleo ou o cólon, por exemplo. As referências citam que os probióticos podem ter a <!--[if !vml]--><!--[endif]-->tividades enzimáticas distintas, o que poderia ampliar a ação destes microorganismos no hospedeiro, trazendo assim melhores resultados.

Um exemplo disso, é a atividade enzimática dos Lactobacillus sp. na lactose, e as Bifidobactérias com atividade imunomoduladora, estimulando a produção das imunoglobulinas IgA e IgM (Saad, 2006).

É preferível consumir os probióticos logo após as refeições, pois estudos experimentais mostraram que pode haver degradação das cepas benéficas pela ação do suco gástrico. Ao tomar junto com as refeições, ocorre uma “dilução” do suco gástrico e com isso, redução da acidez, o que pode contribuir com a manutenção de suas concentrações.

EXISTEM REAÇÕES ADVERSAS, PRECAUÇÕES, CONTRA-INDICAÇÕES PREVISTAS COM O USO DE PROBIÓTICOS?

Estudos clínicos controlados com lactobacilos e bifidobactérias não revelaram efeitos maléficos causados por esses microrganismos. Efeitos benéficos causados por essas bactérias foram observados durante o tratamento de infecções intestinais, incluindo a estabilização da barreira da mucosa intestinal, prevenção da diarréia e melhora da diarréia infantil e da associada ao uso de antibióticos (Lee et al, 1999).

EXISTEM RISCOS DE INTERAÇÕES COM MEDICAMENTOS COM O USO DE PROBIÓTICOS?

Deve-se evitar o uso concomitante com antibióticos, pois pode haver redução da ação do medicamento. Porém, após uma antibioticoterapia, é racional fazer suplementação de probióticos para recolonizar a microbiota intestinal, já que estes medicamentos podem diminuir as concentrações intestinais de probióticos, antes mesmo de serem absorvidos pelo organismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.       SANDERS, M.E. Probiotics: considerations for human health. Nutr. Rev., New York, v.61, n.3, p.91-99, 2003.
2.     FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, WORLD HEALTH ORGANIZATION. Evaluation of health and nutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria. Córdoba, 2001. 34p. Disponível em: . Acesso em: 03 fev. 2005. [Report of a Joint FAO/WHO Expert Consultation].
3.     PUUPPONEN-PIMIÄ, R.; AURA, A.M.; OKSMANCALDENTEY, K.M.; MYLLÄRINEN, P.; SAARELA, M.; MATTILA-SANHOLM, T.; POUTANEN, K. Development of functional ingredients for gut health. Trends Food Sci. Technol., Amsterdam, v.13, p.3-11, 2002.
4.     CHARTERIS, W.P.; KELLY, P.M.; MORELLI, L.; COLLINS, J.K. Ingredient selection criteria for probiotic microorganisms in functional dairy foods. Int. J. Dairy Technol., Long Hanborough, v.51, n.4, p.123-136, 1998.
5.     BIELECKA, M.; BIEDRZYCKA, E.; MAJKOWSKA, A. Selection of probiotics and prebióticos for synbiotics and confirmation of their in vivo effectiveness. Food Res. Int., Amsterdam, v.35, n.2/3, p.125-131, 2002
6.     SHAH, N.P.; LANKAPUTHRA, W.E.V. Improving viability of Lactobacillus acidophilus and Bifidobacterium spp. in yogurt. Int. Dairy J., Amsterdam,
v.7, p.349-356, 1997.
7.     JELEN, P.; LUTZ, S. Functional milk and dairy products. In: MAZZA, G., ed. Functional foods: biochemical and processing aspects. Lancaster: Technomic Publishing, 1998. p.357-381.
8.     KLAENHAMMER, T.R. Probiotics and prebiotics. In: DOYLE, M.P.; BEUCHAT, L.R.; MONTVILLE, T.J. Food microbiology: fundamentals and frontiers. 2.ed. Washington: ASM, 2001. p.797-811.
9.     TUOHY, K.M.; PROBERT, H.M.; SMEJKAL, C.W.; GIBSON, G.R. Using probiotics and prebiotics to improve gut health. Drug Discovery Today,Haywards Heath, v.8, n.15, p.692-700, 2003.
10.      SAAD, S.M.I; Prebióticos e Probióticos: o estado da arte; Rev Bras Cienc Farmac 2006; 42(1): 1-16




















Nutrólogo
Nutrologo
Nutrólogo Goiânia
Nutrologo Goiania
Nutrólogo em Goiania
Nutrólogo Joinville
Nutrólogo Florianópolis
Nutrólogo Barra Velha
Joinville
Florianópolis
Barra velha
Santa Catarina
Goiânia
Balneário Camboriu
Itapema
Penha
Piçarras

domingo, 20 de março de 2016

Alimentação na gravidez e na amamentação - O que pode causar cólicas ou alterar o aleitamento


Recentemente minha irmã teve filho e eu sou o padrinho. Fui o primeiro a saber e como irmão (médico) e futuro padrinho, fiz o acompanhamento durante toda a gestação. Realizei a suplementação, estimulei o parto normal e expliquei que a amamentação não era uma tarefa fácil. Dito e feito: o parto normal foi tranquilo, mas a amamentação foi complicada. Nos primeiros dias a Fonoaudióloga (especialista na área) do banco de leite teve que auxiliá-la. Sem muito sucesso, ela recorreu aos cuidados de uma pediatra especialista em amamentação (Dr. Sônia de Brasília, fundadora do banco de leite do Hospital de Taguatinga). Após a saga, meu afilhado aprendeu a mamar e está ganhando peso.

Vale ressaltar que o alimento mais completo para o neném até os 6 meses é o leite materno. Mas a mamãe deve fazer por onde, objetivando que seu leite tenha uma boa composição, rica em todos os nutrientes que o bebê precisa. Ingerir muito líquido (no mínimo 40ml/kg/dia de água), ter uma alimentação equilibrada, sem privação de nenhum macronutriente (gordura, carboidrato e proteínas), além do consumo de alimentos ricos em vitaminas e minerais. Eu particularmente prefiro fazer a dosagem dos nutrientes e acompanhar minuciosamente tudo, com mudanças dietéticas e suplementação específica, quando necessária. Assim o fiz e assim tem funcionado. João Guilherme em menos de 1 mês já cresceu 5cm e ganhou 1kg.

O motivo do post é: Dr. O que eu devo evitar na amamentação? O que eu comer causa cólica no neném? 

Antes de tudo é preciso deixar bem claro, que AINDA não existe nenhuma referência na literatura médica que comprove, que alguns alimentos ingeridos pela mãe possam causar cólica no neném. Mesmo assim, algumas mães costumam observar que certos tipos de comida provocam cólicas na criança.

Minha orientação é: para evitar alteração na densidade nutricional da sua dieta e com isso evitar que você venha a ter algum déficit nutricional, sugiro que por 1 semana suspenda os principais alimentos relatados. Posteriormente inicie um a um a cada 3 dias e observe como o neném reage.

Alimentos que frequentemente as mães alegam causar cólica ou aumentar a irritabilidade no neném:

LEGUMINOSAS: feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico.  Feijões, vagem e soja.
Razões: Há 3 possíveis razões para causarem cólica nos nenéns.
1º - Os alimentos ricos em enxofre provocam gases na mãe e por empirismo algumas mães percebem que eles causam gases no neném.
2º - As leguminosas assim como os cereais são alimentos que contêm alguns tipos de carboidratos que não são absorvidos em nossa digestão (carboidratos fermentáveis), e por isso tendem a fermentar no intestino da mãe e supostamente passar para o leite, causando cólica no neném.
3º - Se a microbiota intestinal da mãe não estiver tão boa (com disbiose ou com supercrescimento bacteriano no intestino delgado), essa fermentação será maior. O leite é rico em probióticos que conseguem produzir toxinas que anulam os efeitos deletérios de bactérias patogênicas, que podem causar gases no neném. Essa hipótese é bem provável pois recentemente surgiu no mercado um probiótico composto por uma cepa de lactobacilos denominado L. reuteri. A indústria lançou um produto no mercado com a finalidade de reduzir cólicas nos nenéns e a composição é unicamente essa cepa. Os resultados são ótimos. (Por isso faço uso de probióticos em todas as minhas gestantes e lactantes e por isso estimulo o consumo de coalhada e iogurte).

CRUCÍFERAS: repolho, couve-flor, brócolis, couve-de-bruxelas, rabanete, espinafre, couve.
Razões: São ricas em enxofre.  Entra na mesma questão das leguminosas. Como são alimentos riquíssimos em nutrientes, em especial antioxidantes, sugiro cautela na suspensão. Apenas se a relação for clara. Consumiu e o neném teve gases.

LEITE E SEUS DERIVADOS: leite, queijo, iogurte, coalhada.
Razões: Há 3 possíveis razões mas nenhuma ainda certa.
1º - A lactose presente no leite e em alguns dos seus derivados pode causar gases na mãe e com isso esses gases passarem para o leite. Uma hipótese um tanto estranha.
2º - A questão da microbiota intestinal: o leite pode alterar beneficamente ou não a microbiota intestinal da mãe e com isso alterar a do neném. Uma hipótese mais plausível.
3º - As proteínas do leite de vaca são maiores que as do leite materno. Essas proteínas quando ingeridas para a mãe podem passar para o neném atrás do aleitamento. Acredita-se que elas possam promover um aumento dos movimentos do intestino (o chamado peristaltismo intestinal) e com isso levar à formação de gases, que se traduzem em cólicas.
Dica: Ficar uma semana sem lácteos, depois iniciar com os pobres em lactose (iogurte e coalhada). Se o neném não apresentar cólicas após 3 a 5 dias com a mãe consumindo, iniciar os queijos curados. Observar por 3 dias. Se não tiver sintomas: iniciar os demais lácteos e observar. A coalhada (principalmente a caseira) deve ser consumida com frequência, pois além de fonte de cálcio e proteína, é a melhor fonte existente de probióticos, o que poderá auxiliar na formação de uma microbiota intestinal saudável no neném.

CEBOLA:
Razões: é rica em fructano, um carboidrato fermentável e que pode causar gases na mãe e consequentemente no neném.
Dica: pode refogar a comida com a cebola, mas retire os pedaços após o óleo ou azeite “puxar’ o sabor da cebola.

FODMAPS: é um  acrônimo de Fermentable Oligo-Di-Monosaccharides and Polyols, são carboidratos de cadeia curta, de difícil absorção que, pelo seu poder osmótico, aumentam o volume de líquido na luz intestinal e são fermentados pelas bactérias do intestino, produzindo gazes.  Podem ser uma das causas de gases no neném, decorrente do consumo dos alimentos ricos em FODMAPS pela mãe. Pesquisas recentes apontam esses carboidratos como “vilões” para o desencadeamento dos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável e outros distúrbios gastrintestinais funcionais — distúrbios que não podem ser atribuídos a anormalidades estruturais ou anatômicas e nem a alterações bioquímicas e metabólicas. Algumas lactantes optam por fazer uma dieta pobre em FODMAPS, mas há risco de déficit nutricional. Portanto deve ser feita apenas sob supervisão do médico e nutricionista.
Oligossacarídeos (frutano e galactano) são formados pela união de até 10 moléculas de monossacarídeos. Os frutanos, constituídos por uma cadeia curta de frutose ligada a uma molécula de glicose, não são absorvidos porque o intestino não tem a hidrolase específica para quebrar as ligações frutose-frutose. O trigo é a maior fonte de frutanos da dieta, mas eles estão também presentes na cebola, alho, aspargos, brócolis, beterraba e melancia. Os galactanos, formados por uma cadeia de galactose unida a uma molécula de frutose, também não são absorvidos, sendo então fermentados no intestino. Dentre outros alimentos, estão presentes no feijão, ervilha e soja.
Dissacarídeos (sacarose e lactose) são hidrolisados por enzimas presentes na mucosa intestinal. A sacarose (açúcar comum) é quebrada nos monossacarídeos frutose e glicose, facilmente absorvidos. A lactose é quebrada pela lactase, localizada na superfície das células intestinais, originando glicose e galactose, que também são absorvidas. Porém, quando existe deficiência de lactase, o que é frequente na população, ocorre má absorção de lactose. A tese de doutorado de Adriana Sevá Pereira, orientada por mim na UNICAMP, em 1981, demonstrou intolerância à lactose em 50% dos caucasoides, 85% dos negroides e em 100% dos mongoloides, na região de Campinas. A má absorção de lactose por deficiência de lactase apresenta a mesma proporção tanto em indivíduos saudáveis como em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável, porém os sintomas são mais intensos nos pacientes com SII (Clinical Gastroenterology and Hepatology 2013;11:262). Com frequência, observamos isso na prática clínica: os indivíduos com deficiência de lactase, sem problemas digestivos, podem até tolerar a ingestão de um copo de leite por dia. Já, os pacientes com Síndrome do Intestino Irritável e com deficiência de lactase, ao ingerirem alimentos que contenham lactose, apresentam dor abdominal, meteorismo e diarreia.
Monossacarídeos (glicose, galactose, frutose) são absorvidos rapidamente. A frutose, quando presente em excesso em relação à glicose, é absorvida com dificuldade. Isto pode ocorrer com ingestão de grande quantidade de mel e de alguns sucos de frutas, como maçã, manga, pera, melancia.
Polióis (sorbitol, manitol, xilitol) adoçantes artificiais presentes em chicletes e balas sem açúcar e em algumas frutas (pera, maçã, abacate, manga) têm absorção lenta, por difusão passiva, através de poros no epitélio intestinal e são fermentados.

O QUE EVITAR NA AMAMENTAÇÃO?

CAFEÍNA: Alimentos e bebidas ricos em cafeína: café, chá-verde, erva mate e chá inglês.
A cafeína não causa realmente uma cólica, mas seu efeito atrapalha o bem-estar do bebê. Por ser estimulante, pode gerar agitação na criança, resultando em choros, o que as mães confundem com cólica.

CHÁS ESTIMULANTES: Chás de capim-limão, canela, hortelã. São estimulantes e favorecem as cólicas intestinais.

PEIXES DE VIDA LONGA: Devido a possível presença de metais tóxicos (principalmente mercúrio): salmão, atum. Dê preferência para sardinha e tilápia. A sardinha é rica em ômega 3, em especial o DHA, essencial para o desenvolvimento cerebral do neném.

CHOCOLATE:  Quando ingerido em grande quantidade pela mãe, ele pode ter efeito laxativo no neném. Motivo? Incerto, não se sabe se são pelas proteínas do leite presente ou pela concentração de cafeína.

ÁLCOOL: Passa pelo leite materno. Portanto proibidíssimo.

AMENDOIM E NOZES: Pelo potencial alergênico, alguns autores contraindicam a ingestão SE existir história familiar de alergia específica a essas duas oleaginosas. Posteriormente entre o 6º e 7º mês sugere-se que o neném ingira, na tentativa se evitar que ele venha a desenvolver alergia.

ALIMENTOS QUE ALTERAM O GOSTO DO LEITE: 

Alho (altera o gosto e o odor do leite, podendo o neném rejeitar o aleitamento). Frutas muito ácidas. Frutas com digestão lenta: melancia, manga e goiaba.

ALIMENTOS QUE PODEM REDUZIR O APETITE DO NENÉM: 


Salsa e hortelã pimenta.

FITOTERÁPICOS QUE PODEM ALTERAR A LACTAÇÃO OU CAUSAR DESCONFORTOS NOS NENÉNS.

Alcoachofra e espinheira-santa: reduzem o leite.
Babosa e quebra-pedra: causam diarreia no neném.
Arnica: tóxica para o neném.
Losna: tóxica para o neném.
Erva de santa maria (mastruz): tóxica para o neném.
Cavalinha: causa deficiência de vitamina B1 no neném e na mãe pela presença da enzima  tiaminasa.
Confrei: hepatotóxicas para o neném


Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico (CRM-GO 13.192)




Alimentação na gravidez: o que evitar? por Dr. Flavio Melo - Médico Pediatra (CRM-PB 539 - RQE 3065)

A alimentação na gravidez muda, nem todos alimentos são indicados. A recomendação deve continuar sendo comer Comida de Verdade, mas com algumas restrições. Veja a lista. baseado no post do Authority Nutrition

Hoje vou listar abaixo, alimentos que toda grávida deve moderar ou evitar durante a gestação, para seu bem e do bebê.

1- Peixes com quantidade elevada de mercúrio

São peixes do mar, que pelo seu grande tamanho, podem acumular quantidades significativas desse metal: Tubarão, Cavala verdadeira, Peixe-espada e Atum (inclui o enlatado).

No máximo, 2 porções por mês.

Que peixes comer? Todos os outros, especialmente os do mar, 2-3x/semana.

2 – Peixe mal cozido (ceviche, por exemplo), peixe cru (sushi, sashimi) ou mariscos.

Podem conter agentes infecciosos como Norovirus, Listeria (especialmente arriscada para o bebê), Salmonela e parasitas.

3 – Carne mal passada, crua ou processada

Também podem conter diversos germes, como a Salmonela, E. coli, Listeria e Toxoplasma (cuidado extra!). As carnes processadas, como por exemplo, as salsichas, além da contaminação, também têm quantidades excessivas de sódio.

4 – Ovos crus ou mal cozidos

Podem ter a Salmonela. Cuidado também com molhos feitos com gema crua, coberturas de bolos com claras em neve, maionese caseira (cuidado com os food trucks!) e sorvetes caseiros (sorbet que não leva ovo tudo bem).

5 – Carnes de órgão

Fígado e outras carnes de órgão (moela) podem conter quantidades significativas de Vitamina A e cobre, que podem ser prejudiciais, principalmente no primeiro trimestre. Por outro lado, são fontes importantes de Colina, Vitaminas do Complexo B e Ferro, necessários para uma boa saúde da gestante e do bebê. Então, consumir no máximo 1 vez por semana, mas não deixar de comer!

6 – Cafeína

Grávidas devem limitar seu consumo de cafeína a no máximo 200mg/dia, o que daria de 2-3 xícaras de café por dia. Um alto consumo de cafeína durante a gestação pode limitar o crescimento fetal e causar baixo peso ao nascer.

7 – Brotos crus

Os brotos, como alfafa e broto de bambu, podem estar contaminados com a Salmonela, que pode estar em suas sementes. Cozidos não há problema em consumir.

8 – Hortaliças e frutas sem lavar

Podem conter bactérias como E.coli, Salmonela e Listeria, além do Toxoplasma.

9 – Leite cru e Laticínios não pasteurizados

Podem conter Listeria, Salmonela, E. coli e Campilobacter. A recomendação é consumir os produtos pasteurizados.

– “Ah, mas eu ouvi dizer que probióticos são ótimos…”

Os lactobacilos benéficos permanecem nos produtos lácteos industrializados pasteurizados, como o iogurte, a coalhada e o queijo.

10 – Álcool

– Tolerância ZERO. Simples assim.

11 – Alimentos ultra-processados – Comida Lixo

– Tolerância ZERO. Simples assim.

Um dos profissionais mais importantes na sua gestação, além do obstetra e do pediatra/neonatologista, é o nutricionista! ‪#‎comidadeverdade‬ , mas com cuidados especiais.

Compartilhem à vontade.

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/alimentacao-na-gravidez-o-que-evitar/


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Fórmula de soja - de heroína a vilã? Análise crítica ao artigo

ta análise tem por objetivo alertar os pediatras de que não é obrigatório aceitar como dogmas as recomendações de consensos elaborados por especialistas internacionais. O pediatra deve tomar suas decisões baseado em seus conhecimentos e habilidades (arte da Medicina) conjuntamente com as preferências e valores de seu pequeno paciente e familiares(2).

Da mesma forma, nossas argumentações não devem ser consideradas como um contraponto estigmático, mas, sim, um conjunto de observações fundamentadas em bom senso e na longa vivência clínica-acadêmica que possibilitaram a identificação da presença de dados incorretos citados no Comentário do Comitê de Nutrição.

A revisão criteriosa e minuciosa do texto do Comentário do Comitê de Nutrição revela que há interpretações distorcidas de alguns trabalhos indicados como fonte de informação, assim como falta de transparência nas múltiplas vezes em que os autores escrevem "...que na falta de dados suficientes..." eles decidem não recomendar o uso de fórmulas infantis à base de proteína isolada de soja (FIPIS). Esta conduta traduz uma polarização grupal na tomada de decisões pelo colegiado da ESPGHAN(1).

O pediatra deve levar em conta que esses consensos (guidelines ou diretrizes) são elaborados focando uma população e não um paciente individualmente, o que pode dificultar a aplicação destas recomendações ao seu paciente em particular(2).

Os autores do Comentário do Comitê de Nutrição iniciam o texto fazendo uma longa introdução e revisão da literatura e finalizam com sete conclusões herméticas, com força de lei absoluta, que serão logo adiante analisadas uma a uma.

É oportuno descrevermos um conciso histórico do uso da soja na alimentação infantil, frisando que as preparações de soja durante a primeira metade do século XX representavam as únicas opções de tratamento de crianças com alergia ao leite de vaca, o que possibilitou a cura de incontável número de pacientes. A soja era uma heroína. Ao adentrar o século XXI ela se tornou uma vilã.

O Anexo 1 mostra a linha do tempo que contempla as principais fases evolutivas do uso da soja como alimento infantil. Inicialmente usada na forma de grão; posteriormente, através de sucessivos processos de beneficiamento, foram obtidas diferentes apresentações, como as farinhas, os extratos, "os leites" e a proteína isolada da soja (PIS). Esta última passou a ser um constituinte das fórmulas infantis comercializadas de acordo com as recomendações da RDA (Recommended Dietary Allowances)(3) e posteriormente das DRIs (Dietary References Intakes)(4). Para atender a essas recomendações foi necessário acrescentar a estas fórmulas L-metionina, taurina, carnitina e ferro, além de uma mistura de óleos vegetais e diferentes carboidratos. Na linha de tempo foram incluídos os trabalhos pioneiros do emprego da soja no tratamento da alergia ao leite de vaca e algumas diretrizes da AAP (American Academy of Pediatrics) e da ESPGHAN, elaboradas com o objetivo de estabelecer consensos do uso da FIPIS em diferentes situações clínicas.

Inicialmente, causou-nos surpresa as recomendações do Comentário do Comitê de Nutrição da ESPGHAN(1) a respeito da proibição da FIPIS em lactentes com menos de seis meses de idade. Posteriormente, preocupamo-nos com a percepção que essa proibição estava sendo amplamente divulgada por inúmeras publicações pediátricas e folhetos promocionais das indústrias de alimentos, beneficiadas por esta recomendação. Para nós que passamos todos esses anos exercendo o ensino, a assistência e a pesquisa em Pediatria, é muito angustiante e frustrante assistir ao crescimento de uma incorreção dessa natureza. Alguém já disse "de tanto uma mentira ser repetida ela se transforma em verdade".

A seguir analisaremos cada uma das sete conclusões do Comitê de Nutrição da ESPGHAN a respeito das indicações das FIPIS em Pediatria.


Anexo 1 - Linha do tempo: o papel da soja na alimentação infantil.

Conclusão 1

Cows´ milk-based formulae should be preferred as first choice for feeding healthy infants that are not fully breast fed (Fórmulas à base de leite de vaca serão preferidas como primeira opção para a alimentação de crianças saudáveis com amamentação não suficiente).

Essa é uma conduta pediátrica universal e indiscutível.

Entretanto, os autores do Comentário do Comitê de Nutrição citam, textualmente, no item "Considerações éticas e religiosas": "...alguns pais (por exemplo, vegetarianos) procuram evitar fórmulas infantis baseadas em leite de vaca para seus filhos por motivos religiosos, filosóficos ou éticos. Fórmula infantil à base de soja é uma alternativa aceitável para essas famílias".

Questionamos, então, se para essas crianças todas as reações adversas da soja citadas no Comentário do Comitê de Nutrição não são aplicáveis? Por acaso os bebês de famílias vegetarianas apresentam fisiologia diferente das crianças de famílias onívoras?
Conclusão 2

Soy protein based formulae should only be used in specified circumstances because they may have nutritional disadvantages and contain high concentrations of phytate, aluminum, and phytooestrogens, the long term effects of which are unknown (As fórmulas à base de proteína da soja devem ser unicamente usadas em circunstâncias específicas porque elas podem ter desvantagens nutricionais e contêm altas concentrações de fitatos, alumínio e fitoestrógenos, dos quais os efeitos tardios são desconhecidos).

1) Desvantagens nutricionaisBR>Consideramos que esta conclusão é ambígua e falaciosa e merece ampla explanação. Os próprios autores do Comentário do Comitê de Nutrição dissertando sobre a adequação das FIPIS escrevem, em tradução literal: "...esses dados indicam que as FIPIS podem ser usadas na alimentação dos recém-nascidos de termo, mas não apresentam vantagem nutricional sobre as fórmulas à base de leite de vaca". Perguntamos se para esses autores ser igual ao leite de vaca não é uma condição suficiente para indicar seu uso?

Inúmeros trabalhos demonstram a eficácia das FIPIS sobre o crescimento infantil. Fomon e col.(5), em 1973, estudaram a ação dessas fórmulas em um grupo de crianças que evoluíram de maneira comparável ao grupo que recebeu fórmula à base de leite de vaca. Em 1999, Lasekan e col.(6), estudando 213 recém-nascidos alimentados com FIPIS durante o primeiro ano de vida, observaram que eles tiveram uma evolução pôndero-estatural normal, de acordo com o padrão NCHS, e as taxas séricas de albumina e hemoglobina evoluíram dentro de valores referenciais. Mendez e col.(7), analisando a densidade óssea, e Venkataraman e col.(8), os parâmetros séricos, como Ca, P, Mg, fosfatase alcalina, paratormônio e 1,25 OH-D3, encontraram valores comparáveis nas crianças dos grupos alimentados com FIPIS e leite de vaca. Trabalho realizado com prematuros extremos, alimentados com FIPIS ou com fórmula de leite de vaca adaptada para prematuro, mostrou que o grupo que recebeu soja teve um aumento de peso satisfatório, embora um pouco menor (11 g/kg/dia) do que o grupo com fórmula láctea adaptada (15,3 g/kg/dia)(9).

Um trabalho muito interessante e publicado recentemente pesquisou prospectivamente, durante um ano, o desenvolvimento mental de 391 crianças normais recrutadas entre a idade de um e dois meses. Foram distribuídas em três grupos, de acordo com o tipo de alimentação recebida: leite humano, fórmula láctea ou FIPIS. Nenhuma diferença foi encontrada entre os três grupos em relação a dados antropométricos, de desenvolvimento mental, psicomotor e de linguagem, que se enquadraram dentro dos valores referenciais utilizados. Observaram apenas uma leve vantagem do desenvolvimento cognitivo do grupo alimentado com leite humano, em relação aos outros dois grupos(10).

A análise dos dados anteriormente apresentados mostra que as FIPIS não apresentam desvantagens nutricionais, exceto para os recém-nascidos prematuros extremos.

2) Fitatos
Em relação ao fitato ou fosfato de inositol, é importante mencionar que ele pode apresentar-se no alimento nas formas de mono, di, tri, tetra, penta e hexafosfato de inositol, mas apenas as formas penta e hexa interferem na absorção dos minerais. Com o cozimento as formas penta e hexa perdem fosfato e se transformam em di ou trifosfato sem ação quelante. Desse modo, apenas a presença de fitato no alimento não traduz exatamente seus possíveis efeitos na redução da biodisponibilidade de minerais. Estudos de De Angelis(11,12) em modelos animais e em humanos voluntários, analisando a ação do fitato sobre a ação do ferro, mostraram que a redução da absorção foi muito pequena e sem repercussão clínica. Esses dados são corroborados pelo trabalho de Lasekan e col.(6), que registraram valores normais de hemoglobina nas crianças alimentadas com FIPIS durante o primeiro ano de vida.

3) Alumínio
Os autores do Comentário do Comitê de Nutrição consideram que o teor de alumínio nas FIPIS seria um fator negativo ao seu uso. Segundo a WHO (World Health Organization)(13), a ingestão diária de 1mg/kg de alumínio é considerada tolerável. Na prática, a ingestão de volumes habituais de FIPIS pelas crianças, fornece uma quantidade de alumínio menor do que 1 mg/kg/dia e, portanto, sem risco de intoxicação.

Em 1998, a Comissão de Nutrição da Academia Americana de Pediatria(14) considerou desfavorável o teor de alumínio das FIPIS, mas não tem a mesma opinião a respeito das fórmulas lácteas adaptadas para prematuro, que contêm altas concentrações de alumínio e alega que "...as vantagens nutricionais destas fórmulas lácteas adaptadas para prematuro superam os problemas de eventuais riscos em relação à alta concentração de alumínio destas fórmulas". Por que o alumínio seria mais tóxico nas FIPIS do que nas adaptadas para o prematuro?

A Tabela 1 relaciona os valores de alumínio do leite humano e de outras fórmulas(15).

O alumínio provém de muitas fontes ambientais: água de consumo, panelas, canos, várias formulações (desodorante, antiácido, solução de albumina, solução para nutrição parenteral). Um grupo de risco para intoxicação pelo alumínio é representado pelos pacientes renais crônicos e já foram descritos casos de encefalopatia dialítica nesses casos e intoxicação por alumínio em recém-nascido urêmico. No primeiro caso, a água da diálise foi a responsável e no segundo foi a fórmula láctea adaptada para prematuro. A FIPIS não foi usada nesses casos(15).




mcg: micrograma.
Fonte: American Academy of Pediatrics. Committee on Nutrition. Aluminium toxicity in infants and children. Pediatrics 1996; 97:413-6.

4) Nucleotídeos
Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição não incluem nas conclusões finais nenhuma recomendação a respeito dos nucleotídeos, embora os tenham analisado no texto.

Os nucleotídeos são muito importantes no crescimento celular e em algumas reações metabólicas com uso de energia ou funcionando como mediador fisiológico em processos metabólicos, como, por exemplo, a reação cAMP cATP, que representa a maior fonte de energia celular. Os nucleotídeos são substâncias que podem ser sintetizadas pelo organismo e necessitam ser suplementadas em situações de maior demanda, como na fase de crescimento acelerado ou de reparação tecidual(16).

Em 2006 a Comissão Diretiva Europeia(17) propõe que se houver necessidade de adição de nucleotídeos nas fórmulas infantis, esta deverá obedecer à formulação do leite humano, que contém 72 mg/L. As fórmulas lácteas contêm de 8 a 72 mg/L e as FIPIS 310 mg/L, sem registro de que esta quantidade tenha interferido no desenvolvimento normal.

No texto, os autores do Comentário da Comissão de Nutrição finalizam o item a respeito dos nucleotídeos desencorajando a adição dos mesmos nas FIPIS, com a qual concordamos, pois não há essa necessidade.

5) Fitoestrógenos
Em relação às altas concentrações de fitoestrógenos nos derivados da soja, julgamos oportuno relembrar as características destes componentes.
Os fitoestrógenos estão presentes em grande número de plantas e, por apresentarem fraca atividade estrogênica, receberam o nome de fitoestrógenos. São encontrados em legumes e especialmente na soja e produtos derivados. Estes componentes, por um lado, apresentam benefícios à saúde e, por outro, podem agir como disruptores endócrinos.

Define-se como disruptor endócrino uma substância química semelhante a um hormônio que promove alterações no sistema endócrino, mimetizando hormônios, ligando-se a receptores hormonais ou ativando substâncias hormônio-dependentes. Os disruptores endócrinos estão amplamente distribuídos no ambiente e são de origem natural ou sintética(18).

Entre os fitoestrógenos se destacam as isoflavonas(19). A concentração de isoflavonas presente nos alimentos a base de soja é muito variável e depende de fatores como, por exemplo, a variedade do grão do cereal, do solo, do clima, da região de cultivo, condições de armazenamento e principalmente do tipo de processamento industrial utilizado no preparo do alimento. Por exemplo, a soja americana pode ter seu conteúdo de isoflavonas variando de 116 a 420 mg/100 g de grão de soja, dependendo da variedade e da safra(20).
A PIS, utilizada nas fórmulas infantis, é um produto altamente refinado, obtido da farinha de soja e apresenta teor de proteína maior ou igual a 90% e uma quantidade pouco variável de isoflavonas. As isoflavonas se apresentam sob a forma aproximada de doze isômeros, sendo os principais a genisteína e daidzeína. Os isômeros podem estar ligados a um açúcar formando um conjugado glicosídico(21).

Farmacocinética - No trato digestório os conjugados glicosídicos sofrem hidrólise em intestino delgado pelas glicosidases das bactérias intestinais e liberam as agliconas (daidzeína e genisteína) biologicamente ativas que apresentam estrutura química homóloga ao estradiol. Após absorção as agliconas passam pela circulação êntero-hepática e são prontamente conjugadas com ácido glicurônico no fígado. Uma parte das agliconas pode retornar ao intestino pela via biliar e ser excretada pelas fezes. Outra parte pode entrar na circulação sistêmica alcançando diferentes tecidos e posteriormente é eliminada na urina, de modo similar aos estrógenos endógenos(19,21). Um dos tecidos é o adiposo, no qual fica armazenada por um tempo longo, pois apresenta meia-vida maior que a dos estrógenos endógenos. Vários fatores podem modificar a biodisponibilidade dos fitoestrógenos ingeridos e seus efeitos biológicos. Uma dieta rica em carboidratos, responsáveis pelo aumento da fermentação, incrementa sua biodisponibilidade. Por outro lado, as doenças intestinais, as parasitoses e o uso de antibióticos reduzem a biodisponibilidade desses compostos(22).

Farmacodinâmica - As agliconas, disruptores endócrinos de origem natural, mostram afinidade pelos receptores estrogênicos e exercem outros efeitos não hormonais no maquinário celular.

Atualmente, as isoflavonas são classificadas como moduladores seletivos dos receptores de estrógenos (ER-alfa e ER-beta) e apresentam potência estrogênica muito inferior a do estradiol (1/500 a 1/1000 da atividade do 17-beta-estradiol). A daidzeína e a genisteína possuem maior afinidade pelo receptor ER-beta, podendo agir como agonistas estrogênicos quando os valores de estrógenos endógenos são baixos ou antagonistas, se as concentrações de estrógenos endógenos são altas(22). Apesar dos fitoestrógenos serem menos potentes que o estradiol, sua concentração pode ser de 13.000 a 22.000 vezes maior em crianças alimentadas exclusivamente com FIPIS, sendo suficiente para exercerem efeitos biológicos(23). Entretanto, não existem trabalhos clínicos que mostrem que essas concentrações elevadas se traduzem em qualquer tipo de expressão clínica.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição atribuem a essa elevada concentração de fitoestrógenos a alta incidência de telarca precoce observada em Porto Rico, no período de 1978 a 1982, comparado com os anos anteriores; entretanto, menos de 20% das crianças receberam soja previamente(24).

A telarca precoce compreende o desenvolvimento isolado e não progressivo da mama (sem outros sinais de maturação sexual) antes dos oito anos de idade. Em geral esses casos são prevalentes em meninas e ocorrem nos primeiros dois anos de vida, em virtude da persistência de secreção de gonadotrofinas hipofisárias na infância e após os seis anos de idade, em consequência da antecipação da produção puberal ovariana de estrógenos e/ou aumento da sensibilidade dos receptores destes hormônios aos baixos níveis circulantes. Geralmente é uma condição autolimitada e na maioria das pacientes não evolui antes do início da puberdade. A exposição aos estrógenos exógenos pode explicar alguns casos de telarca precoce como, por exemplo, o uso de cremes contendo 17-beta-estradiol(25).

Retornando ao trabalho de Freni-Titulaer e col.(24), devemos considerar que o aparecimento da telarca precoce antes dos dois anos de idade foi relacionado com cistos ovarianos maternos, consumo de fórmulas de soja e de vários tipos de carnes possivelmente contaminadas por estrógenos. Freni-Titulaer e col.(24) concluem que vários fatores devem ter interferido no desenvolvimento da telarca precoce, pois 18% dos casos se relacionaram com cisto ovariano materno, menos de 20% estavam relacionados ao consumo de soja e 15% ao consumo de frango fresco. Esse trabalho chamou a atenção do Departamento de Saúde de Porto Rico, que decidiu criar um Registro de Desenvolvimento Precoce Sexual e Telarca Precoce com o objetivo de melhor caracterizar a incidência deste problema de saúde e tentar esclarecer aspectos epidemiológicos, clínicos e etiológicos. Observaram que, no período de 1984 a 1993, a incidência de telarca precoce em meninas de 6 a 24 meses de idade foi de 6 casos por 1.000 meninas nascidas vivas(26). Não existe um consenso em relação à incidência de telarca precoce nas diferentes partes do mundo, para se comparar com esses dados de Porto Rico. A incidência pode variar em diferentes áreas geográficas, de ano para ano. As causas de telarca precoce podem ser múltiplas e muitas vezes relacionadas a fatores ambientais. Cólon e col.(27), em Porto Rico, tentando identificar os fatores responsáveis pelo aparecimento da telarca precoce, levantaram a hipótese de que o ftalato poderia ser o responsável pelo seu desenvolvimento. Encontraram esse composto químico aumentado no soro de 68% das meninas com telarca precoce, enquanto no grupo-controle apenas uma criança apresentou esse produto aumentado.

O ftalato é uma substância utilizada como aditivo para deixar o plástico mais flexível e deste modo é usada na confecção de brinquedos infantis (por exemplo, mordedores) e equipos médicos (cateteres e bolsas de soro). Torna-se evidente que o uso de FIPIS não pode ser responsabilizado pelo desenvolvimento da telarca precoce, como sugerem os autores do Comentário da Comissão de Nutrição da ESPGHAN. Estes últimos autores também relatam possíveis efeitos tardios dos fitoestrógenos em mulheres adultas. Citam o trabalho de Strom e col.(28), realizado em mulheres que tinham sido alimentadas com soja nos primeiros anos de vida, com o objetivo de analisar problemas reprodutivos e ginecológicos. Os dados foram obtidos por contato telefônico e autorrelatos das entrevistadas e não foram encontradas queixas importantes em relação àqueles problemas. Sintetizando esses achados, pode-se concluir que a ação prejudicial dos fitoestrógenos da soja pode ser considerada um mito.

Conclusão 3

Indications for soy formulae include severe persistent lactose intolerance, galactosemia, religious, ethical, or other considerations that stipulate the avoidance of cows´ milk based formulae and treatment of some cases of cows´ milk protein allergy (As indicações para o uso das fórmulas de soja incluem: 1- intolerância persistente à lactose; 2- galactosemia; 3- razões religiosas; 4- razões éticas; 5- outras considerações que propõem evitar fórmulas baseadas em leite de vaca; 6- tratamento de alguns casos de alergia à proteína do leite de vaca).

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição citam com muita propriedade que as principais indicações do uso de FIPIS são a intolerância persistente à lactose e a galactosemia. Novamente reforçam as indicações das FIPIS por motivos religiosos e éticos, que já comentamos na Conclusão 1.

No texto os autores do Comentário da Comissão de Nutrição colocam em dúvida a vantagem do uso da FIPIS no manejo da gastroenterocolite aguda. Sugerem que nas crianças bem nutridas as fórmulas lácteas podem ser mantidas e nos casos mais graves, com desidratação, contraindicam as FIPIS, para não introduzir uma nova proteína indutora de sensibilização e preconizam o uso de fórmulas proteicas extensamente hidrolisadas ou fórmulas elementares.

Na nossa experiência, o uso de FIPIS nas crianças com gastroenterocolite aguda grave e diarreia persistente pode dar resultado satisfatório, pois apenas pequeno número de pacientes não tolera essas fórmulas. Devemos lembrar que essas fórmulas infantis são nutricionalmente adequadas à criança e apresentam baixo custo, portanto atendem às características da população brasileira. Vale lembrar também que os consensos médicos são instrumentos informativos e não tutelares e, como já comentamos no início desse texto, o paciente merece um tratamento individualizado e livre e não um tratamento globalizado e tutelado. Quantos de nós pediatras já tratamos com sucesso grande número de pacientes com diarreia persistente com uso dessas FIPIS(29)?

A indicação para o tratamento de "alguns casos de alergia à proteína do leite de vaca" é imprecisa, principalmente se levarmos em conta a dificuldade diagnóstica e a complexidade de classificação das doenças alérgicas, com suas diferentes apresentações gastroenterológicas, dermatológicas e respiratórias(30).

Conclusão 4

The Committee recommends that the use of therapeutic formulae based on extensively hydrolyzed proteins (or amino acid preparations if hydrolysates are not tolerated) should be preferred to that of soy protein formula in the treatment of cow´s milk protein allergy. Soy protein formula should not be used in infants with food allergy during the first 6 months of life. If soy protein formulae are considered for therapeutic use after the age of 6 months because of their lower cost and better acceptance, tolerance to soy protein should first be established by clinical challenge (O Comitê recomenda que o uso terapêutico de fórmulas baseadas em proteínas extensamente hidrolisadas (ou preparações com aminoácidos, se os hidrolisados não são tolerados) devem ser preferidas à fórmula de proteína de soja no tratamento da alergia à proteína do leite de vaca. A fórmula de proteína de soja não deve ser usada em crianças com alergia alimentar durante os primeiros 6 meses de vida. Se as fórmulas de proteína de soja são consideradas para uso terapêutico depois dos 6 meses de idade, pelo seu baixo custo e melhor aceitação, a tolerância à proteína da soja deve ser primeiro estabelecida por teste clínico de provocação).

A indicação como primeira opção para o tratamento dietético da alergia ao leite de vaca seriam os hidrolisados extensos ou fórmulas de aminoácidos; além de ser um preciosismo de primeiro mundo, é uma escolha de pouco valor e condicional, como bem definido no World Allergy Organization Diagnosis and Rationale for Action against Cow´s Milk Allergy (DRACMA) Guidelines de 2010(30). Nesse último documento os autores, após profunda análise dos trabalhos sobre eficácia dos diferentes tipos de fórmulas hipoalergênicas no tratamento da alergia ao leite de vaca, resumem suas conclusões parciais - "não identificamos nenhuma revisão sistemática estabelecendo os benefícios relativos do uso de fórmulas extensamente hidrolisadas e de aminoácidos comparadas com fórmulas de soja e de hidrolisado do arroz nas crianças com alergia ao leite de vaca". Mas, surpreendentemente, ao elaborar as recomendações, sugerem obsessivamente as fórmulas extensamente hidrolisadas ou as de aminoácidos, acrescentando ao final de cada recomendação que a mesma é condicional e de muito baixa qualidade de evidência. Chamam a atenção, também, para um problema importante que é a disponibilidade de recursos exigidos para concretizar uma estratégia assistencial, nacional e/ou regional, de atendimento dessas crianças com alergia ao leite de vaca, através do uso das fórmulas extensamente hidrolisadas ou de aminoácidos, sendo o Brasil um exemplo dessa situação.

Trabalhos de Zeiger e col.(31) e Klemola e col.(32) mostram que apenas 10% a 14% das crianças com alergia ao leite de vaca apresentam concomitância de alergia às FIPIS. Dessa forma, um número razoável de pacientes (90% e 84%) pode ser tolerante à soja. Por razões práticas, em nosso meio, vale tentar o uso da FIPIS nestes pacientes e observar diariamente e com rigor o grau de tolerância que os mesmos apresentam em relação à FIPIS. Esta poderá ser substituída, caso se observe intolerância. Esse procedimento equivale a uma prova de sobrecarga aberta.

O alto custo das fórmulas de hidrolisados extensos e de aminoácidos limita seu emprego inicial de maneira ampla e indiscriminada. Embora as instituições governamentais possam fornecer estas fórmulas sem custo, o processo operacional para sua obtenção é complexo, demorado e restritivo condicionando retardo do início do tratamento, principalmente em certas regiões urbanas periféricas e rurais.
Desta conclusão número 4 o item mais preocupante, por não apresentar suficiente embasamento científico, é a proibição do uso da FIPIS antes dos seis meses de idade.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição afirmam que a FIPIS não deve ser prescrita durante os primeiros seis meses de vida, levando em consideração um trabalho de Klemola e col.(32). Estes autores acompanharam prospectivamente 170 crianças com alergia ao leite de vaca, principalmente com manifestações cutâneas e trataram um grupo de 80 pacientes com FIPIS e outro grupo de 90 com fórmula extensamente hidrolisada. Ficou demonstrado que 10% do primeiro grupo desenvolveu alergia à soja e 2% do segundo grupo, alergia à fórmula extensamente hidrolisada, o que mostrou que as crianças que tomam soja apresentam quatro vezes mais risco de desenvolverem reações imunoalérgicas. Dentre as crianças do grupo que recebeu FIPIS, 20 eram menores de seis meses e, destas, cinco (25%) apresentaram reação à soja. Das outras 60, com mais de seis meses de idade, apenas 3 (5%) se tornaram alérgicas à soja. Em face da pequena casuística de crianças menores de seis meses de idade, Klemola e col.(32) propõem cautela na indicação da FIPIS neste grupo etário. Nesta mesma linha de pesquisa, Zeiger e col.(31) estudando 93 crianças com alergia IgE mediada, de modo prospectivo, encontraram somente 14% de crianças com alergia ao leite de vaca concomitantemente ao de soja, sendo apenas 3% dos pacientes menores de seis meses.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição, embora reconhecendo que o número de crianças estudadas nesses dois últimos trabalhos é pequeno, recomendam taxativamente que a FIPIS não seja indicada para pacientes alérgicos ao leite de vaca com idade inferior a seis meses, o que consideramos um absurdo.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição, na exposição de motivos sobre a alergia ao leite de vaca citam uma recomendação da Academia Americana de Pediatria (AAP)(33) - "aquelas crianças com alergia IgE mediada podem beneficiar-se de uma fórmula de soja como tratamento inicial ou instituída após seis meses de idade, após o uso de uma fórmula hipoalergênica". Esta recomendação não é clara - o que significa tratamento inicial? Além disso, revendo criteriosamente este parecer da AAP, observa-se que esta assertiva se baseia em uma referência bibliográfica totalmente discordante do assunto em discussão (Bellioni-Businco et al. Allergenicity of goat´s milk in children with cow´s milk allergy)(34). Dessa forma, a recomendação de não oferecer obrigatoriamente fórmula de soja aos menores de seis meses de idade carece, no momento, de fundamento científico. A AAP não se apoia em estudo criterioso, analisando os efeitos do uso das FIPIS em lactentes com menos de seis meses de idade. Infelizmente, a proibição do uso de FIPIS em lactentes menores de seis meses foi aceita como dogma pelos colegiados pediátricos e tem sido amplamente divulgada pelas indústrias de alimentos infantis, através de seus folhetos publicitários.

Conclusão 5

Soy protein formulae have no role in the prevention of allergic diseases (As fórmulas de proteína de soja não atuam na prevenção das doenças alérgicas).

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição também ponderaram sobre o uso da FIPIS como medida preventiva no desenvolvimento de doença alérgica, naquelas crianças pertencentes a grupo de risco (família atópica) e como o assunto é controverso, acharam mais fácil concluir que não está indicado o uso de FIPIS na prevenção de alergia em crianças de alto risco. Levando-se em conta que o uso de FIPIS no lugar do leite de vaca irá retardar a sensibilização da criança atópica à proteína do leite de vaca, as manifestações da doença atópica serão postergadas e, portanto, seu emprego pode ser preconizado, desde que a criança fique sob supervisão rigorosa.

As intervenções preventivas eficientes no aparecimento de alergia em crianças de risco têm sido perseguidas pela maioria dos estudiosos, mas ainda não foram alcançadas. Os inúmeros trabalhos a respeito não esclarecem o que deve ser feito e a problemática permanece nebulosa. Esses estudos diferem muito entre si pela heterogeneidade das casuísticas, pelos deferentes desenhos da pesquisa e pelas metodologias diagnósticas utilizadas.

Uma linha de investigação mais consistente realizada por uma equipe italiana, por período aproximado de quatro anos, acompanhou dois grupos de recém-nascidos de alto risco. Programaram para ambos os grupos medidas dietéticas (leite materno exclusivo por seis meses; redução na dieta materna de leite de vaca e ovo) associadas às medidas de vigilância ambiental (controle de fumo, animais, poeira doméstica e controle rotineiro da saúde da criança por três anos). Quando fosse necessário complementar o leite materno, um grupo recebia FIPIS e o outro fórmula láctea. Os resultados finais foram: das 732 crianças acompanhadas, 17% apresentaram doença atópica. Destes 17%, 13% tinham recebido só leite materno; 10% só FIPIS; 15% leite materno e FIPIS e 34% leite de vaca. Observa-se que uma prevenção total da doença alérgica é difícil de ser obtida, mas a FIPIS esteve associada à menor prevalência da doença alérgica dentro das condições de controle ambiental do presente trabalho(35-37).

Dessa forma, o pediatra deverá analisar as características de cada paciente e decidir como estabelecer as medidas preventivas ou abdicar delas.

Conclusão 6

There is no evidence supporting the use of soy protein formulae for the prevention or management of infantile colic, regurgitation, or prolonged crying (Não há nenhuma evidência que apóie o uso das fórmulas de soja para a prevenção ou tratamento da cólica infantil, regurgitação ou choro prolongado).

Essas três condições clínicas são multifatoriais e de difícil diagnóstico diferencial, pois todas se traduzem por choro. Obviamente, o pediatra deverá identificar suas causas para o tratamento adequado.

Conclusão 7

Manufacturers should aim to reduce the concentrations of trypsin inhibitors, lecitins, goitrogenic substances, phytate, aluminum, and phytoestrogens in soy protein formulae (Os fabricantes devem ter por objetivo reduzir os inibidores de tripsina, lecitinas, substâncias que causam bócio, fitatos, alumínio e fitoestrógenos nas fórmulas de proteína de soja).

Anteriormente já discutimos o papel do fitato, alumínio e fitoestrógenos das FIPIS, faltando apenas comentar a interferência da FIPIS na função tireoidiana.

Considera-se que a soja pode afetar a função tireoidiana e interferir na absorção de hormônios tireoidianos naturais e sintéticos.

O primeiro relato referente à interação entre tratamento com hormônio da tireoide e soja em criança foi publicado em 1965, por Pinchera e col.(38). Estes autores descreveram o caso de uma criança com hipotireoidismo congênito que recebia 30 mg/dia de tireoide dessecada para manter-se estabilizada e após iniciar FIPIS, em substituição ao leite de vaca, foi necessário aumentar a medicação para permanecer em eutireoidismo. Posteriormente, Chorazy e col.(39) relataram concentrações séricas elevadas de hormônio tireoestimulante (TSH) em lactente hipotireoidiano alimentado com fórmula de soja desde o nascimento, em virtude de história familiar de alergia à proteína do leite de vaca.

Mais recentemente, esses dados foram confirmados através de um estudo retrospectivo que comparou 78 crianças com hipotireoidismo, 70 alimentadas com fórmula láctea e oito com fórmula de soja. Depois de quatro meses de tratamento com levotiroxina (LT4) os autores observaram que 17% das alimentadas com fórmula láctea e 62,4% daquelas alimentadas com fórmula de soja apresentaram TSH elevado, indicando que o grupo alimentado com soja não respondeu adequadamente ao tratamento(40).

Este último fato poderia ser explicado pela má absorção da droga, provavelmente pela ligação da tiroxina com um ou mais componentes da soja, sendo então eliminada pelas fezes(41). Dessa forma, a associação da perda fecal de tiroxina com a baixa concentração de iodo nos produtos derivados da soja predispõe a um estado de hipotireoidismo, razão pela qual atualmente as FIPIS são enriquecidas com iodo.

Do exposto se conclui que se deve evitar o uso de produtos de soja em pacientes com hipotireoidismo. Entretanto, nos indivíduos eutireoidianos e suficientes em iodo, o uso de alimentos de soja não vai afetar a função tireoidiana(41).

Embora a maioria dos autores concorde que o efeito negativo da soja sobre a tireoide resulta da má absorção do medicamento, outra linha de pesquisa enfoca outro mecanismo. Estudos in vitro mostram que as isoflavonas inibem a tireoperoxidade (TPO), principal enzima envolvida no procedimento de síntese dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) da tireoide(41,42). Mas esta ação inibitória é cancelada pela adição de iodo ao meio da experimentação. O efeito bociogênico atribuído à soja, teoricamente, seria consequente a esse efeito das isoflavonas sobre a TPO em situação de carência de iodo. A repercussão clínica deste efeito da soja no Brasil é minimizada pela adição de iodo ao sal de consumo.

Bibliografia
1. ESPGHAN Committee on Nutrition: Agostoni C; Axelsson I; Goulet O; Koletzko B; Michaelsen KF; Puntis J et al. Soy protein infant formulae and follow-on formulae: a commentary by the ESPGHAN Committee on Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2006; 42:352-61.
2. Rumsfeld D. Guiding the guidelines. The Lancet 2011; 377:1125.
3. National Research Council/Food and Nutrition Board. Recommended Dietary Allowances. 10ed. Washington DC, National Academy Press, 1989. 248p.
4. Dietary Reference Intakes. Estimated average requirements [acesso em 27 nov 2012]. Disponível em: www.nap.edu.
5. Fomon SJ; Thomas LN; Filer LJ; Anderson TA; Bergmann KE. Requirements for protein and essential amino acids in early infancy. Studies with a soy-isolate formula. Acta Paediatr Scand 1973; 62:33-45.
6. Lasekan JB; Ostrom KM; Jacobs JR; Blatter MM; Ndife LI; Gooch WM 3rd et al. Growth of newborn, term infants fed soy formulas for 1 year. Clin Padiatr (Phila) 1999; 38:563-71.
7. Mendez MA, Anthony MS, Arab L. Soy-based formulae and infant growth and development: a review. J Nutr 2002; 132:2127-30.
8. Venkataraman PS, Luhar H, Neylan MJ. Bone mineral metabolism in full-term infants fed human milk, cow milk-based, and soy-based formulas. Am J Dis Child 1992; 146:1302-5.
9. Hall RT; Callenbach JC; Sheehan MB; Hall FK; Thibeault DW; Kurth CG et al. Comparison of calcium and phosphorus-supplemented soy isolate formula with whey- predominant premature formula in very-low - birth-weight infants. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1984; 3:571-6.
10. Andres A; Cleves MA; Bellando JB; Pivik RT; Casey PH; Badger TM. Developmental status of 1-year-old infants fed breast milk, cow´s milk formula, or soy formula. Pediatrics 2012; 129:1134-1140.
11. De Angelis RC. Digestão e absorção de nutrientes. In: Dutra-de-Oliveira JE; Marchini JS, eds. Ciências Nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998: 3-16.
12. De Angelis RC. Fitatos e fitases. In: De Angelis RC, ed. Importância de alimentos vegetais na proteção da saúde: fisiologia da nutrição protetora e preventiva de enfermidades degenerativas. São Paulo: Atheneu, 2001. pp 169-170.
13. World Health Organization. Evaluation of certain food additives and contaminants: thirty-third report of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives. WHO Tech Rep Ser 1989; 776:1-64.
14. American Academy of Pediatrics. Committee on Nutrition. Soy protein-based formulas: recommendations for use in infant feeding. Pediatrics 1998; 101:148-153.
15. American Academy of Pediatrics. Committee on Nutrition. Aluminium toxicity in infants and children. Pediatrics 1996; 97:413-6.
16. Carver JD; Walker WA. The role of nucleotides in human nutrition. J Nutr Biochem 1995; 6:58-72.
17. Commission Directive 2006/141/EC of 22 December 2006 on infant formulae and follow-on formulae and amending Directive 1999/21/EC. Official J of the European Union 30.12.2006, L401.
18. Guzmán C; Zambrano E. Endocrine disruptor compounds and their role in the developmental programming of reproductive axis. Rev Invest Clin 2007; 59:73-81.
19. Salgado JM. Fitoestrógenos da soja. In: De Angelis RC, ed. Importância de alimentos vegetais na proteção da saúde: fisiologia da nutrição protetora e preventiva de enfermidades degenerativas. São Paulo: Atheneu, 2001. pp 181-192.
20. Eldridge AC, Kwolek WF. Soybean isoflavones: effect of environment and variety on composition. J Agric Food Chem 1983; 31:394-6.
21. Setchell KDR. Absorption and metabolism of soy isoflavones - from food to dietary supplements and adults to infants. J Nutr 2000; 130:654S-655S.
22. Clapauch R, Meirelles RMS, Julião MASG, Loureiro CK, Giarodoli PB, Pinheiro SA et al. Fitoestrogênios: posicionamento do Departamento de Endocrinologia Feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Arq Bras Endocrinol Metab 2002; 46/6:679-95.
23. Setchell KDR. Nechemias-Zimmer L, Cai J, Heubi JE. Exposure of infants to phytoestrogens from soy infant formulas. Lancet 1997; 350:23-7.
24. Freni-Titulaer LW; Cordero JF; Haddock L; Lebrón G; Martinez R; Mills JL. Premature thelarche in Porto Rico. A search for environmental factors. Am J Dis Child 1986; 140:1263-7.
25. Lee P. Puberty and its disorders. In: Lifshitz F. Pediatric Endocrinology. 4th ed. New York: Marcel Decker, 2003. pp 211-35.
26. Cólon I; Caro D; Bourdony CJ; Rosario O. Premature thelarche in Puerto Rico: natural phenomenon, man-made health catastrophe or both? The Ribbon 2001; 6:1-5.
27. Cólon I, Caro D, Bourdony CJ, Rosario O. Identification of phthalate esters in the serum young Puerto Rican girls with premature breast development. Environ. Health Perspect 2000; 108:895-900.
28. Strom BL; Schinnar R; Ziegler EE; Barnhart KT; Sammel MD; Macones GA et al. Exposure to soy-based formula in infancy and endocrinological and reprodutive outcomes in young adulthood. JAMA 2001; 286: 807-14.
29. Koda YKL; Signoretti ME; Domingues Filho OP; Egashira EM; Almeida OF; Sototuka CMK et al. Uso de nova fórmula de soja no tratamento da síndrome diarréica pós-enterite. Pediatr (S. Paulo) 1987; 9:70-9.
30. Fiocchi A; Brozek J; Schünemann H; Bahna SL; von Berg A; Beyer K et al. World Allergy Organization (WHO) Diagnosis and Rationale for Action against Cow´s Milky Allergy (DRACMA) Guidelines. Pediatr Allergy Imunol 2010; 21 (Suppl 21):1-125.
31. Zeiger RS; Sampson HA; Bock SA; Burks AW; Harden K; Noone S et al. Soy allergy in infants and children with IgE-associated cow´s milk allergy. J Pediatr 1999; 134:614-22.
32. Klemola T; Vanto T, Juntunen-Backman K; Kalimo K; Korpela R; Varjonen E. Allergy to soy formula and extensively hydrolyzed whey formula in infants with cow´s milk allergy: a prospective, randomized study with a follow-up to the age of 2 years. J Pediatr 2002; 140:219-24.
33. American Academy of Pediatrics. Committee on Nutrition. Hypoallergenic infant formulas. Pediatrics 2000; 106:346-49.
34. Bellioni-Businco B; Paganelli R; Lucenti P; Giampietro PG; Perborn H; Businco L. Allergenicity of goat´s milk in children with cow´s milk allergy. J Allergy Clin Immunol 1999; 103:1191-94.
35. Cantani A; Lucenti P. Natural history of soy allergy and/or intolerance in children, and clinical use of soy-protein formulas. Pediatr Allergy Immunol 1997; 8:59-74.
36. Businco L; Marchetti F; Pellegrini G; Cantani A; Perlini R. Prevention of atopic disease in "at-risk newborns" by prolonged breast-feeding. Ann Allergy 1983; 51 (2 PT 2): 296-9.
37. Bruno G; Milita O; Ferrara M; Nisini R; Cantani A; Businco L. Prevention of atopic diseases in high risk babies (long-term follow-up). Allergy Proc 1993; 14: 181-7.
38. Pinchera A, MacGillivray H, Crawford JD, Freeman AG. Thyroid refractoriness in an athyreotic cretin fed soybean formula. N Enngl J Med 1965; 273:83-7.
39. Chorazy PA, Himelhoch S, Hopwood NH, Greger NG, Postellon DC. Persistent hypothyroidism in an infant receiving a soy formula: case report and review of the literature. Pediatrics 1995; 96:148-150.
40. Conrad SC, Chiu H, Silverman BL. Soy formula complicates management of congenital hypothyroidism Arch Dis Child 2004; 89:37-40.
41. Messina M, Redmond G. Effects of soy protein and soybean isoflavones on thyroid function in healthy adults and hypothyroid patients: a review of relevant literature. Thyroid 2006; 3:249-58.
42. Ruttiman J. Mixed messages about soy. Encodrine News 2011; 20-3.
43. Ruhrah J. The soybean in infant feeding. Preliminary report. Arch Pediatr 1909; 26:496-501.
44. Tso E. The development of an infant fed eight months on a soybean milk diet. Chin J Physiol 1928; 2:33.
45. Hill L, Stuart H. Soybean food preparation for feeding infants with milk idiosyncrasy. JAMA 1929; 93:985-7.
46. Multi Purpose Food MPF (Folheto promocional). Fórmula do California Institute of Thechnology e Meals for Millions Foundation Inc. EUA. 1948 pp 16.
47. Dutra de Oliveira JE; Scatena L. Nutritional value of protein from a soybean milk powder. J Food Sci 1967; 32:592-4.
48. Graham GG, Placko RP, Morales E, Acevedo G, Coedano A. Dietary protein quality in infants and children. VI. Isolated soy protein milk. Am J Dis Child 1970; 120:419-23.
49. Foucard T. Development of food allergies with special reference to cow´s milk and isolated proteins in allergic children. Pediatr 1963; 32:425-43.
50. Freier S, Kletter B. Milk allergy in infants and young children. Current knowledge. Clin Pediatr (Phila) 1970; 9:449-54.
51. Fomon SJ, Ziegler EE, Filer LJ, Nelson SE, Edwards B. Methionine fortification of a soy protein formula fed to infants. Am J Clin Nutr 1979; 32:2460-71.
52. American Academy of Pediatrics. Committee on Nutrition. Soy-protein formulas: recommendation for use in infants feeding. Pediatrics 1983; 72:359-63.
53. Monografia advance Neocate® (Folheto promocional). Support Advanced Medical Nutrition. ano?
54. Høst A, Koletzko B, Dreborg S, Muraro A, Wahn U, Aggett P et al. Dietary products used in infants for treatment and prevention of food allergy .Joint Statement of the European Society for Paediatric Allergology and Clinical Imunology (ESPACI) Committee on Hypoallergenic Formulas and the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) Committee on Nutrition. Arch Dis Child 1999; 81:80-4.

Autores: 

Dorina Barbieri, Livre-docente pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ceres Concilio Romaldini, Doutora em Medicina pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Publicado em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5380