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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Novo instagram: @nutrologojoinville

Criei um novo instagram. Sigam lá para acompanhar as postagens @nutrologojoinville 

E esse ano tirei férias de forma diferente do habitual. Metade de Agosto dei aula no curso que criei (Nutrologia para acadêmicos de Medicina) e a outra metade vim para Santa Catarina (mais precisamente para a Guarda do Embaú - SC) escrever meu novo site: Nutrólogo Joinville.

Assim como o site Nutrólogo Goiânia, preparei um roteiro com mais de 50 temas para escrever e desde a semana passada estou na beira mar buscando inspiração para dissertar sobre diversos temas. Ao todo quero colocar cerca de 150 textos no site.

Missão: ter o site mais completo de Nutrologia de toda a internet, já que o que mais temos por aí são fake news em saúde. 

O resultado vocês podem ver clicando aqui: https://nutrologojoinville.com.br/
  1. Criei um espaço para contar minha história e explicar como vim parar em Santa Catarina. 
  2. Elaborei uma parte bem completa para explicar toda a história da Nutrologia mas também:
    1) o que é a Nutrologia,
    2) os âmbitos de atuação do Nutrólogo,
    3) o que compõem o rol de procedimentos em Nutrologia,
    4) o que não faz parte da Nutrologia,
    5) como deve ser uma consulta de um médico nutrólogo,
    6) diferença entre nutrólogo e nutricionista,
    7) diferença entre nutrólogo e endocrinologista e/ou médico do esporte,
    8) métodos diagnósticos em Nutrologia,
    9) como é um check up nutrológico
  3. Listei as doenças/situações que trato e as que não trato.
  4. Dissertei sobre como é a minha prática clínica, o que concordo ou não concordo e o porquê de não concordar.
  5. Informei sobre como o agendamento de consultas comigo e as principais dúvidas que os pacientes possuem antes de marcar uma consulta.
  6. Preparei uma lista com situações/doenças que a Nutrologia pode te auxiliar e ao longo de 2022 postarei um texto por semana, com as evidências científicas de como a Nutrologia pode auxiliar.
    1) Um mega texto sobre: Obesidade e sobrepeso, o nutrólogo pode me auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/sobrepeso-e-obesidade/
    2) Síndrome metabólica e Nutrologia, como o médico nutrólogo pode ajudar nesse caso: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-sindrome-metabolica/
    3) Tenho pressão alta, como o nutrólogo pode te auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-hipertensao-arterial-sistemica/
    4) Diabetes de Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-diabetes-mellitus/
    5) Diabetes gestacional e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-diabetes-gestacional/
    6) Colesterol alto e triglicérides alto x Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-dislipidemias/
    7) Deu gordura no fígado na ultrassom e agora? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/esteatose-hepatica-x-nutrologia/
    8) Gota e hiperuricemia a Nutrologia ajuda? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-acido-urico/
    9) Doença pulmonar obstrutiva crônica como o Nutrólogo pode ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-doenca-pulmonar/
    10) Nutrologia e Sarcopenia, como o nutrólogo pode te ajudar a recuperar os músculos? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-sarcopenia/
    11) Intolerâncias alimentares: lactose, frutose, rafinose, sacarose, histaminérgica - O nutrólogo pode ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/intolerancias-alimentares/
    12) Intestino irritável, o que a Nutrologia pode fazer por você ?
    13) Supercrescimento bacteriano e supercrescimento fúngico, o Nutrólogo pode atuar? 
    14) Doença de Crohn e Retocolite, o papel da nutroterapia nas doenças inflamatórias intestinais
    15) Candidíase de repetição e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/candidiase-de-repeticao-x-nutrologia/
    16) Vertigem e zumbido, como o Nutrólogo pode te auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-vertigem-zumbido/
    17) Alzheimer e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-alzheimer/
    18) Transtorno de déficit de atenção x Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-deficit-de-atencao/
    19) Fibromialgia aspectos nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-fibromialgia/
    20) Lúpus eritematoso sistêmico e nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-lupus/
    21) Tenho hipotireoidismo de Hashimoto, será que o Nutrólogo poderá me ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-hipotireoidismo/
    22) Deu osteoporose/osteopenia na densitometria, preciso passar por um Nutrólogo? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-osteoporose/
    23) Hepatopatias e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/hepatopatias-x-nutrologia/
    24) Sou vegetariano/vegano preciso passar em consulta com um Nutrólogo? https://nutrologojoinville.com.br/vegetarianismo-x-nutrologia/
    25) Queda de cabelo e aspectos nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/queda-de-cabelo-x-nutrologia/
    26) Unhas quebradiças e outras alterações - Aspectos Nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/unhas-quebradicas-x-nutrologia/
    27) Acne: como a Nutrologia pode te ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/acne-x-nutrologia/
    28) Artrose e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/artrose-x-nutrologia/
    29) Anemias carenciais e nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/anemias-carenciais-x-nutrologia/
    30) Ansiedade, depressão, bipolaridades - Aspectos nutricionais: https://nutrologojoinville.com.br/ansiedade-depressao-bipolaridade-x-nutrologia/
    31) Gestação e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/gravidez-x-nutrologia/
    32) Lactação e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/lactacao-x-nutrologia/
  7. Linkei o meu blog no site.
  8. Elaborei uma lista com os profissionais que indico em Joinville.
  9. Enumerei meus cursos/e-books/sites e contatos.
  10. BiblioNutro: Uma verdadeira biblioteca de Nutrologia: 
    1) Água
    2) Macronutrientes: carboidratos, lipídios e proteínas
    3) Fibras
    4) Probióticos e prebióticos
    5) Vitaminas lipossúveis
    6) Vitaminas Hidrossolúveis
    7) Minerais
    8) Suplementos: Whey, Creatina, Cafeína, Bicarbonato, Glutamina, Hipercalóricos
    9) Fitoterápicos

Espero que gostem e como de costume enviem mensagem/e-mail/direct dando sugestão de temas. Aproveitem que o mar aqui da Guarda do Embaú está me inspirando, mesmo com todo esse frio do inverno catarinense.

Guarda do Embaú - SC

Guarda do Embaú - SC

O agendamento de consultas pode ser feito clicando aqui.
Att

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo Joinville - CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 



quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Novo site: Nutrólogo Joinville

Esse ano tirei férias de forma diferente do habitual. Metade de Agosto dei aula no curso que criei (Nutrologia para acadêmicos de Medicina) e a outra metade vim para Santa Catarina (mais precisamente para a Guarda do Embaú - SC) escrever meu novo site: Nutrólogo Joinville.

Assim como o site Nutrólogo Goiânia, preparei um roteiro com mais de 50 temas para escrever e desde a semana passada estou na beira mar buscando inspiração para dissertar sobre diversos temas. Ao todo quero colocar cerca de 500 textos no site. Com o auxílio dos meus afilhados, tentarei alimentar o Blog do site e realizar postagens no instagram @nutrologojoinville

Missão: ter o site mais completo de Nutrologia de toda a internet, já que o que mais temos por aí são fake news em saúde. 

O resultado parcial vocês podem ver clicando aqui: https://nutrologojoinville.com.br/
  1. Criei um espaço para contar minha história e explicar como vim parar em Santa Catarina. 
  2. Elaborei uma parte bem completa para explicar toda a história da Nutrologia mas também:
    1) o que é a Nutrologia,
    2) os âmbitos de atuação do Nutrólogo,
    3) o que compõem o rol de procedimentos em Nutrologia,
    4) o que não faz parte da Nutrologia,
    5) como deve ser uma consulta de um médico nutrólogo,
    6) diferença entre nutrólogo e nutricionista,
    7) diferença entre nutrólogo e endocrinologista e/ou médico do esporte,
    8) métodos diagnósticos em Nutrologia,
    9) como é um check up nutrológico
  3. Listei as doenças/situações que trato e as que não trato.
  4. Dissertei sobre como é a minha prática clínica, o que concordo ou não concordo e o porquê de não concordar.
  5. Informei sobre como o agendamento de consultas comigo e as principais dúvidas que os pacientes possuem antes de marcar uma consulta.
  6. Preparei uma lista com situações/doenças que a Nutrologia pode te auxiliar e ao longo de 2022 postarei um texto por semana, com as evidências científicas de como a Nutrologia pode auxiliar.
    1) Um mega texto sobre: Obesidade e sobrepeso, o nutrólogo pode me auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/sobrepeso-e-obesidade/
    2) Síndrome metabólica e Nutrologia, como o médico nutrólogo pode ajudar nesse caso: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-sindrome-metabolica/
    3) Tenho pressão alta, como o nutrólogo pode te auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-hipertensao-arterial-sistemica/
    4) Diabetes de Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-diabetes-mellitus/
    5) Diabetes gestacional e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-diabetes-gestacional/
    6) Colesterol alto e triglicérides alto x Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-dislipidemias/
    7) Deu gordura no fígado na ultrassom e agora? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/esteatose-hepatica-x-nutrologia/
    8) Gota e hiperuricemia a Nutrologia ajuda? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-acido-urico/
    9) Doença pulmonar obstrutiva crônica como o Nutrólogo pode ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-doenca-pulmonar/
    10) Nutrologia e Sarcopenia, como o nutrólogo pode te ajudar a recuperar os músculos? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-sarcopenia/
    11) Intolerâncias alimentares: lactose, frutose, rafinose, sacarose, histaminérgica - O nutrólogo pode ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/intolerancias-alimentares/
    12) Intestino irritável, o que a Nutrologia pode fazer por você ?
    13) Supercrescimento bacteriano e supercrescimento fúngico, o Nutrólogo pode atuar? 
    14) Doença de Crohn e Retocolite, o papel da nutroterapia nas doenças inflamatórias intestinais
    15) Candidíase de repetição e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/candidiase-de-repeticao-x-nutrologia/
    16) Vertigem e zumbido, como o Nutrólogo pode te auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-vertigem-zumbido/
    17) Alzheimer e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-alzheimer/
    18) Transtorno de déficit de atenção x Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-deficit-de-atencao/
    19) Fibromialgia aspectos nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-fibromialgia/
    20) Lúpus eritematoso sistêmico e nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-lupus/
    21) Tenho hipotireoidismo de Hashimoto, será que o Nutrólogo poderá me ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-hipotireoidismo/
    22) Deu osteoporose/osteopenia na densitometria, preciso passar por um Nutrólogo? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-osteoporose/
    23) Hepatopatias e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/hepatopatias-x-nutrologia/
    24) Sou vegetariano/vegano preciso passar em consulta com um Nutrólogo? https://nutrologojoinville.com.br/vegetarianismo-x-nutrologia/
    25) Queda de cabelo e aspectos nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/queda-de-cabelo-x-nutrologia/
    26) Unhas quebradiças e outras alterações - Aspectos Nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/unhas-quebradicas-x-nutrologia/
    27) Acne: como a Nutrologia pode te ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/acne-x-nutrologia/
    28) Artrose e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/artrose-x-nutrologia/
    29) Anemias carenciais e nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/anemias-carenciais-x-nutrologia/
    30) Ansiedade, depressão, bipolaridades - Aspectos nutricionais: https://nutrologojoinville.com.br/ansiedade-depressao-bipolaridade-x-nutrologia/
    31) Gestação e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/gravidez-x-nutrologia/
    32) Lactação e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/lactacao-x-nutrologia/
  7. Linkei o meu blog no site.
  8. Elaborei uma lista com os profissionais que indico em Joinville.
  9. Enumerei meus cursos/e-books/sites e contatos.
  10. BiblioNutro: Uma verdadeira biblioteca de Nutrologia: 
    1) Água
    2) Macronutrientes: carboidratos, lipídios e proteínas
    3) Fibras
    4) Probióticos e prebióticos
    5) Vitaminas lipossúveis
    6) Vitaminas Hidrossolúveis
    7) Minerais
    8) Suplementos: Whey, Creatina, Cafeína, Bicarbonato, Glutamina, Hipercalóricos
    9) Fitoterápicos

Espero que gostem e como de costume enviem mensagem/e-mail/direct dando sugestão de temas. Aproveitem que o mar aqui da Guarda do Embaú está me inspirando, mesmo com todo esse frio do inverno catarinense.

Guarda do Embaú - SC

Guarda do Embaú - SC


Att

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo Joinville - CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Síndrome da Fadiga Crônica (encefalomielite miálgica)


A síndrome da fadiga crônica (SFC) (também chamada de encefalomielite miálgica [ME]), é um distúrbio caracterizado por fadiga profunda inexplicável que é agravada pelo esforço. 

A fadiga é acompanhada por disfunção cognitiva e comprometimento do funcionamento diário que persiste por mais de 6 meses. 

A SFC é uma doença biológica, não um distúrbio psicológico. A patogênese exata é desconhecida. Numerosos mecanismos e moléculas foram implicados que levam a anormalidades na disfunção imunológica, regulação hormonal, metabolismo e resposta ao estresse oxidativo, incluindo função prejudicada das células natural killer e/ou função das células T, citocinas elevadas e autoanticorpos (fator reumático, anticorpos antitireoidianos , antigliadina, anticorpos anti-músculo liso e aglutininas frias). 

Suspeita-se de infecções; no entanto, nenhum papel causal foi estabelecido. 

Pacientes com SFC chegam ao pronto-socorro com uma lista complexa de sintomas, incluindo intolerância ortostática, fadiga, mal-estar pós-esforço (PEM) e diarreia. 

CFS afeta 836.000 a 2,5 milhões de americanos. Estima-se que 84-91% dos indivíduos com a doença não foram diagnosticados; portanto, a verdadeira prevalência é desconhecida. 

No geral, a SFC é mais comum em mulheres do que em homens e ocorre mais comumente em adultos jovens e de meia-idade.

A idade média de início é de 33 anos, embora casos tenham sido relatados em pacientes com menos de 10 anos e mais de 70 anos. Pacientes com SFC sofrem perda de produtividade e altos custos médicos que contribuem para uma carga econômica total de US$ 17 a 24 bilhões anualmente.

A SFC foi originalmente denominada encefalomielite miálgica (EM) porque os médicos britânicos notaram um componente muscular esquelético manifestando-se como fadiga crônica e um componente encefalítico manifestando-se como dificuldades cognitivas. No entanto, esse termo é considerado impreciso por alguns especialistas porque há falta de encefalomielite em exames laboratoriais e de imagem, e a mialgia não é um sintoma central da doença. 

A National Academy of Medicine (anteriormente The Institute of Medicine) propôs que a condição fosse chamada de doença de intolerância ao esforço sistêmico (SEID) para refletir melhor o sintoma definidor da condição, o mal-estar pós-esforço. 

A causa da SFC é desconhecida e não há testes diretos para diagnosticar a SFC. Se a fonte da fadiga puder ser explicada, o paciente provavelmente não tem SFC. O diagnóstico é de exclusão que atende aos critérios clínicos abaixo.

Critério de diagnóstico

De acordo com a Academia Nacional de Medicina, o diagnóstico de SFC (EM) requer a presença dos 3 sintomas a seguir por mais de 6 meses, e a intensidade dos sintomas deve ser moderada ou grave por pelo menos 50% do tempo:
  • Fadiga: diminuição ou prejuízo perceptível na capacidade de um paciente de se envolver em atividades que desfrutava antes do início da doença, com esse prejuízo continuando por mais de 6 meses e associado a fadiga grave de início recente, não relacionada ao esforço e não aliviado pelo repouso.
  • Mal-estar pós-esforço (PEM): Os pacientes apresentam piora dos sintomas e função após exposição a estressores físicos ou cognitivos que foram previamente bem tolerados.
  • Sono não reparador: Os pacientes se sentem tão cansados ​​após uma noite de sono.
O cumprimento do critério para o diagnóstico requer todos os 3 sintomas acima, juntamente com um dos   sintomas abaixo: 
  • Comprometimento cognitivo - Problemas com o pensamento ou função executiva, agravados por esforço, esforço ou estresse ou pressão do tempo.
  • Intolerância ortostática - Agravamento dos sintomas ao assumir e manter a postura ereta. Os sintomas são melhorados, embora não necessariamente eliminados, deitando-se ou elevando os pés.
Etiologia

Muitos vírus foram estudados como causas potenciais de SFC; no entanto, nenhuma relação causal definitiva foi determinada. Historicamente, herpesvírus humano tipo 6, enterovírus, vírus da rubéola,  Candida albicans , bornavírus,  Mycoplasma, Chlamydia pneumoniae,  retrovírus, vírus coxsackie B, citomegalovírus e vírus relacionados ao vírus da leucemia murina xenotrópica foram estudados e não foram encontrados para causar CFS.

Algumas pessoas infectadas com vírus Epstein-Barr, vírus Ross River,  Coxiella burnetii  ou Giardia  desenvolveu critérios para SFC, mas nem todos os indivíduos com SFC tiveram essas infecções.

Outros estudos observaram alterações no funcionamento das células natural killer (NK) e diminuição da resposta das células T a determinados antígenos específicos. 

Fatores ambientais também são suspeitos de desencadear a SFC; no entanto, nenhum fator específico foi identificado.

Laboratório na SFC

Os achados laboratoriais são normais na SFC. Os testes são usados ​​para avaliar outras causas subjacentes de fadiga, como segue:
  • Hemograma
  • Bioquímica, incluindo eletrólitos, testes de função renal e hepática
  • Função da tireoide
  • Proteína C-reativa
  • VHS
  • CPK
  • Culturas, títulos virais, estudos do líquido cefalorraquidiano (em alta suspeita de infecção
Outros testes podem incluir o seguinte:
  • Polissonografia
  • Eletrocardiografia (ECG)
  • Teste ergométrico
  • Tilt test
  • A tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM) do cérebro são úteis para descartar distúrbios do sistema nervoso central (SNC) em pacientes com sintomas do SNC inexplicáveis. Os resultados da tomografia computadorizada e da ressonância magnética podem ser normais em pacientes com SFC. Os achados dos estudos de imagem do SNC não são específicos para a SFC e, portanto, são usados ​​apenas para descartar explicações alternativas em vez de diagnosticar a SFC.
  • De acordo com uma revisão sistemática de Shan et al, a observação consistente da resposta lenta do sinal de ressonância magnética funcional (fMRI) sugere acoplamento neurovascular anormal na SFC. Almutairi et al, em outra revisão sistemática, descobriram que estudos de fMRI demonstraram aumentos e diminuições nos padrões de ativação em pacientes com SFC, mas observaram que isso pode estar relacionado à demanda de tarefas. Eles também notaram que o sinal de fMRI não pode diferenciar entre excitação neural e inibição ou processamento neural específico da função.
Tratamento

O tratamento é amplamente de suporte e se concentra no alívio dos sintomas. Grandes estudos randomizados e controlados, como o Pacing, Graded Activity e Cognitive Behavior Therapy: um estudo randomizado de Avaliação (PACE) e revisões Cochrane recomendaram a terapia cognitivo-comportamental (TCC) como um método eficaz para o tratamento da SFC em adultos. No entanto, o relatório de vigilância do National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda contra a TCC. 

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde (AHRQ) removeram a TCC como tratamento recomendado para SFC devido a evidências insuficientes.

O exercício não é uma cura para a SFC. Uma revisão Cochrane avaliou a terapia de exercício para pacientes com SFC. O estudo descobriu que os pacientes se sentiram menos cansados ​​após a terapia de exercícios e melhoraram em termos de sono, função física e saúde geral. 

No entanto, os autores não puderam concluir que a terapia com exercícios melhorou os resultados de dor, qualidade de vida, ansiedade e/ou depressão. 

O estudo PACE descobriu que a terapia de exercícios graduais (GET) efetivamente melhorou as medidas de fadiga e funcionamento físico. No entanto, as atualizações do relatório de vigilância das diretrizes do NICE recomendam contra o GET.

Prognóstico

A SFC não tem cura, seus sintomas podem persistir por anos e seu curso clínico é pontuado por remissões e recaídas. Um estudo prospectivo sugere que aproximadamente 50% dos pacientes com SFC podem retornar ao trabalho de meio período ou período integral.

Maior duração da doença, fadiga grave, depressão  e ansiedade são fatores associados a um pior prognóstico. 

Bons resultados estão associados a uma menor gravidade da fadiga na linha de base, uma sensação de controle sobre os sintomas e nenhuma atribuição da doença a uma causa física. 

Apesar da considerável carga de morbidade associada à SFC, não há evidências de aumento do risco de mortalidade.

Pacientes com síndrome de fadiga crônica (encefalomielite miálgica) geralmente relatam fadiga pós-esforço e sensação de cansaço excessivo após tarefas relativamente normais que fizeram por anos antes da SFC sem nenhum problema específico. 

Os pacientes também relatam fadiga mesmo após períodos prolongados de descanso ou sono. Pelo menos um quarto dos pacientes com SFC estão confinados à cama ou à casa em algum momento de sua doença. Pacientes com SFC frequentemente relatam uma história de infecção prévia semelhante à gripe que precipitou o estado prolongado de fadiga e seguiu a doença inicial.

Pacientes com SFC geralmente relatam problemas com memória de curto prazo, mas não com memória de longo prazo. Eles também podem relatar dislexia verbal que se manifesta como a incapacidade de encontrar ou dizer uma determinada palavra durante a fala normal. Isso normalmente perturba os pacientes com SFC e pode interferir em sua ocupação.

A Academia Nacional de Medicina observa 5 sintomas principais da SFC:
  • Redução ou prejuízo na capacidade de realizar atividades diárias normais, acompanhada de fadiga profunda
  • Mal-estar pós-esforço (piora dos sintomas após esforço físico, cognitivo ou emocional)
  • Sono não reparador
  • Deficiência cognitiva
  • Intolerância ortostática (sintomas que pioram quando a pessoa fica em pé e melhoram quando a pessoa se deita)
Exame físico

O exame físico geralmente não revela anormalidades. Alguns pacientes podem apresentar sinais vitais ortostáticos positivos.

Muitos pacientes com ou sem SFC têm linfonodos pequenos, móveis e indolores que mais comumente envolvem o pescoço, a região axilar ou a região inguinal. Um único linfonodo muito grande, sensível ou imóvel sugere um diagnóstico diferente de SFC. Da mesma forma, a adenopatia generalizada sugere um diagnóstico diferente da SFC.

Na orofaringe, a descoloração roxa ou crescente carmesim de ambos os pilares tonsilares anteriores na ausência de faringite é um marcador frequente em pacientes com SFC. A causa dos crescentes carmesins é desconhecida, mas eles são comuns em pacientes com SFC. No entanto, os crescentes carmesim não são específicos para CFS.

Pontos-gatilho, que sugerem fibromialgia , estão ausentes em pacientes com SFC. A fibromialgia e a SFC raramente coexistem no mesmo paciente.

Considerações de diagnóstico

A SFC é um diagnóstico de exclusão. A principal tarefa diagnóstica é diferenciá-lo de outros distúrbios que também possuem um componente de fadiga. A SFC pode ser distinguida de outras causas de fadiga com base na presença de disfunção cognitiva, que está ausente em quase todos os outros distúrbios produtores de fadiga. Uma vez diagnosticada uma causa específica de fadiga, a SFC é excluída por definição.

É especialmente importante descartar distúrbios sistêmicos, particularmente malignidades linforreticulares, em pacientes que apresentam fadiga. 

Outras doenças podem ser excluídas com base na história, exame físico ou achados laboratoriais. Em alguns casos, essas outras causas potenciais de fadiga devem ser reinvestigadas várias vezes.

Diagnósticos diferenciais
  • Insuficiência adrenal
  • Anemia
  • Doença celíaca
  • Depressão
  • Infecção pelo HIV 
  • Hipotireoidismo
  • Doença de Lyme
  • Esclerose múltipla
  • Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)
  • Hipotensão ortostática
  • Polimialgia Reumática
  • Síndrome de taquicardia postural (POTs)
  • Síndrome de hipermobilidade articular
  • Fibromialgia
  • Síndrome das pernas inquietas
Tratamento farmacológico

Nenhum medicamento foi aprovado pela FDA para o tratamento da SFC. Ensaios clínicos descobriram que os agentes antivirais são ineficazes no alívio dos sintomas da SFC. 

Vários medicamentos demonstraram ser ineficazes, incluindo antibióticos, glicocorticóides, agentes quelantes, vitaminas intravenosas (IV), vitamina B-12 e suplementos vitamínicos ou minerais IV ou orais. Os antidepressivos não têm papel importante no tratamento da SFC.

Um estudo duplo-cego randomizado controlado por placebo para avaliar o efeito da inibição de citocinas com anakinra, um antagonista do receptor de interleucina-1 humana recombinante (IL-1), foi conduzido e não mostrou nenhuma melhora na gravidade da fadiga tanto no curto prazo ( 4 semanas) ou a longo prazo (6 meses). Estudos futuros podem avaliar a inibição de outras citocinas como IL-6, fator de necrose tumoral e/ou interferons.

Até o momento, nenhuma intervenção baseada em evidências está disponível para o tratamento da SFC.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Quem tem hipotireoidismo engorda com mais facilidade ?

Muitas pessoas acreditam que o hipotireoidismo causa ganho de peso e obesidade. Mas, será que é verdade?

A resposta é: NÃO!

O hipotireoidismo, uma condição clínica caracterizada pela diminuição na produção dos hormônios da tireoide conhecidos como T3 (triiodotironina) e T4 (tetraiodotironina), pode sim resultar em um leve ganho de peso, mas, segundo estudos, trata-se de um ganho bem discreto de aproximadamente no máximo 4 kg. 

Geralmente por retenção hídrica e ainda assim, isso geralmente só ocorre quando a doença está descompensada. 

Logo, o ganho de peso não se justifica unicamente pela alteração no funcionamento da tireoide, sendo necessário a avaliação de diversos outros fatores.

Há alguns trabalhos que mostram redução de até 30% da taxa metabólica basal, mas na prática o que vemos através de recordatório alimentar uma combinação de:
  • Alta ingestão calórica (que passa despercebida),
  • Baixa muscularidade (principalmente em membros inferiores),
  • Déficits nutricionais como o de ferro, vitamina A e selênio. 
Por isso é importante o inquérito alimentar em todo paciente portador de hipotireoidismo.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 3 de março de 2022

[Conteúdo exclusivo para médicos] - Cansaço, fadiga e/ou fraqueza: queixa comum no consultório do Nutrólogo

Cansaço ou fadiga são sensações de exaustão ou perda de energia. Fraqueza via de regra significa Diminuição da força muscular ou necessidade de maior esforço para se locomover ou movimentar os músculos.

São queixas extremamente comuns no consultório de Nutrologia. Razão? Paciente sempre tende a pensar: estou fraco, pode ser falta de algum nutriente: vitamina, mineral. E na maioria das vezes, após realizarmos um inquérito alimentar, a gente detecta algumas deficiências pontuais. Muitas vezes a baixa ingestão de água pode ser a causa.

O intuito desse post é auxiliar médicos a pensarem em prováveis etiologias e ampliar o leque de possibilidades de diagnósticos diferenciais. 

Epidemiologia

A fadiga ou fraqueza não escolhem classe social e raramente os pacientes apresentam-nas como a principal queixa. 

Nos EUA é o 9º sintoma mais comum na atenção primária. Já um estudo no Reino Unido mostrou que entre 15.000 pessoas, 38% dos avaliados apresentavam sintoma de fadiga excessiva, sendo que 18% referiam que essa queixa já existia há mais de 6 meses.

Atinge mais mulheres que homens: 28% para 19%.

Apesar de ser um sintoma frequente, há poucos estudos, dada a dificuldade de se encontrar um diagnóstico. Essa imprecisão acaba prejudicando o estabelecimento de parâmetros (etiologias, fisiopatologia, critérios diagnósticos) que permitam a sua avaliação em estudos metodologicamente bem delineados.

O médico e fadiga

Embora sejam queixas que o paciente consideram importantes, uma parcela dos médicos rechaçam esses pacientes, justamente pela dificuldade de estabelecimento de um diagnóstico correto. Isso atrapalha a relação médico paciente. O paciente acredita que seja uma causa orgânica e os médicos na maioria das vezes podem achar que seja uma etiologia funcional. 

É importante diferenciar a Fadiga convencional da Síndrome da fadiga crônica (Encefalite miálgica). Tem post sobre ela aqui: https://www.ecologiamedica.net/2022/06/sindrome-da-fadiga-cronica.html

Abaixo um apanhado de causas de Fadiga e fraqueza muscular

  • Desidratação aguda ou crônica: <30ml/kg/dia de líquido
  • Desnutrição
  • Dietas restritivas: principalmente cetogênica e low carb mal elaborada
  • Sarcopenia
  • Obesidade
  • Obesidade sarcopênica
  • Baixa ingestão de qualquer um dos macronutrientes: Carboidratos, lipídios e proteínas
  • Deficiência de Ferro
  • Deficiência de Zinco
  • Deficiência de Magnésio
  • Deficiência Potássio
  • Deficiência de Fósforo
  • Deficiência de Tiamina
  • Deficiência de Riboflavina
  • Deficiência de Vitamina B12
  • Deficiência de Ácido fólico
  • Deficiência de Vitamina C
  • Deficiência de Vitamina D
  • Estresse crônico
  • Ansiedade
  • TDAH
  • Bipolaridade
  • Depressão
  • Insônia
  • Síndrome da Apnéia obstrutiva do sono
  • Síndrome de Burnout
  • Medo do desconhecido
  • Privação de sono
  • Medicações: quimioterapia, radioterapia, beta-bloqueadores, insulina, agonistas alfa 2 de ação central, anticolinérgicos, anti-histamínicos, antipsicóticos, antidepressivos, benzodiazepínicos.
  • Sedentarismo e Overtrainning
  • Anemias: Ferropriva, Megaloblástica, Falciforme, Talassemias
  • Neoplasias
  • Doenças endócrinas: Hipotireoidismo, Hipertireoidismo, Diabetes mellitus tipo 1 e 2, Hipogonadismo, Hipoglicemia, Síndrome da mulher atleta, Síndrome de cushing, Doença de Addison, Climatério
  • Doenças hepáticas: Insuficiência hepática, Hipertensão portal, Hepatites infecciosas, Hepatite autoimune
  • Doenças renais: Doença renal crônica
  • Doenças Pulmonares: Hipertensão pulmonar, Doença Pulmonar obstrutiva crônica, tabagismo
  • Doenças cardíacas: Insuficiência coronaria (cardiopatia isquêmica), insuficiência cardíaca, Valvulopatias, Arritmias cardíacas, Hipotensão, Sarcoidose
  • Doenças infecciosas: Hepatites, Doença de Lyme, HIV, Tuberculose, Covid e pós-covid, Parasitoses, Bacteremia oculta, Pós-chikungunya, Pós-zika, Pós-dengue, 
  • Intoxicação crônica por metais tóxicos: alumínio, chumbo, mercúrio, arsênico.
  • Síndrome da fadiga crônica: não existe fadiga adrenal!
  • Fibromialgia
  • Doenças autoimunes: Lúpus eritematoso sistêmico, Artrite reumatoide, Dermatopolimiosite, Doenças do tecido conjuntivo, Doença celíaca, Doença Bheçet
  • Doenças inflamatórias intestinais: Crohn e retocolite ulcerativa, Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO), Supercrescimento fúngico (SIFO).
  • Doenças neurológicas: Esclerose múltipla, ELA, Doença de parkinson, Miastenia Gravis, Doenças neuromusculares
  • Mitocondriopatias



Tabela com causas de Fadiga e Fraqueza muscular (clique para ampliar)

Autores: 
Dr. Frederico Lobo - CRM-GO 13192 - RQE 11915 - Médico Nutrólogo
Dra. Vanessa Sinnott - CRM-RS 40069 - RQE 36789 - Médica especialista em Clínica Médica e Nutróloga 
Dra. Edite Magalhães - CRM-PE 23994 | RQE 9351 - Médica Nutróloga
Dr. Pedro Dal Bello - CRM-SP RQE - Médico Nutrólogo e Oncologista clínico
Dr. Alexandre Matos - CRM-BA - RQE - Médico Nutrólogo 
Dr. Pedro Paulo Prudente - CRM-GO - RQE - Médico especialista em Acupuntura e Medicina do esporte
Dra. Natalia Jatene - CRM-GO - RQE - Médica especialista em Clínica Médica e em Endocrinologia
Márcio Jose de Souza - Profissional da educação física e Nutricionista
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e profissional da educação física

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Associação de Hipotireoidismo e Depressão Clínica

 

TEXTO EXCLUSIVO PARA MÉDICOS

Associação de Hipotireoidismo e Depressão Clínica: Uma Revisão Sistemática e Metanálise

Pergunta: Existe uma associação de hipotireoidismo e autoimunidade tireoidiana com depressão?

Achados 

Nesta revisão sistemática e metanálise de 25 estudos, incluindo 348 014 participantes, houve uma associação moderada de hipotireoidismo evidente e, menos subclínico, com depressão clínica; essa associação é mais forte em indivíduos do sexo feminino do que no masculino. Não foi encontrada uma associação estatisticamente significativa da positividade verificada de anticorpos tireoidianos peroxidase e depressão clínica.

Significado 

Uma forte conexão entre hipotireoidismo e depressão não foi evidente nesta análise; no entanto, uma possível relação dose-efeito, especialmente em indivíduos do sexo feminino, deve ser investigada mais detalhadamente.

Resumo

Importância 

O hipotireoidismo é considerado uma causa ou um forte fator de risco para depressão, mas estudos recentes fornecem evidências conflitantes sobre a existência e a extensão da associação. Também não está claro se a ligação se deve em grande parte à depressão subsindrômica ou se vale para a depressão clínica.

Objetivo 

Estimar a associação de hipotireoidismo e depressão clínica na população em geral.

Fontes de Dados 

As bases de dados PubMed, PsycINFO e Embase foram pesquisadas desde o início até maio de 2020 para estudos sobre a associação de hipotireoidismo e depressão clínica.

Seleção de Estudos 

Dois revisores selecionaram independentemente estudos epidemiológicos e de base populacional que forneceram Classificação Estatística laboratorial ou Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde diagnósticos de hipotireoidismo e diagnósticos de depressão de acordo com critérios operacionalizados (por exemplo, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) ou pontos de corte em escalas de classificação estabelecidas.

Extração e Síntese de Dados 

Dois revisores extraíram dados de forma independente e avaliaram estudos com base na Escala Newcastle-Ottawa. Razões de chances (OR) resumidas foram calculadas em metanálises de efeitos aleatórios.

Principais Resultados e Medidas 

Os desfechos coprimários pré-especificados foram a associação da depressão clínica com hipotireoidismo ou autoimunidade.

Resultados 

De 4350 artigos selecionados, 25 estudos foram selecionados para metanálise, incluindo 348 014 participantes. Hipotireoidismo e depressão clínica foram associados (OR, 1,30 [IC 95%, 1,08-1,57]), enquanto a OR para autoimunidade foi inconclusiva (1,24 [IC 95%, 0,89-1,74]). 

As análises de subgrupo revelaram uma associação mais forte com hiperespeito do que com hipotireoidismo subclínico, com ORs de 1,77 (IC 95%, 1,13-2,77) e 1,13 (IC 95%, 1,01-1,28), respectivamente. 

Análises de sensibilidade resultaram em estimativas mais conservadoras. 

Em uma análise post hoc, a associação foi confirmada em indivíduos do sexo feminino (OR, 1,48 [IC 95%, 1,18-1,85]), mas não em indivíduos do sexo masculino (OR, 0,71 [IC 95%, 0,40-1,25]).

Conclusões e relevância 

Nesta revisão sistemática e metanálise, o tamanho do efeito para a associação entre hipotireoidismo e depressão clínica foi consideravelmente menor do que se supunha anteriormente, e a associação modesta foi possivelmente restrita ao hipotireoidismo evidente e indivíduos do sexo feminino. 

A autoimunidade por si só pode não ser o fator impulsionador dessa comorbidade.

Introdução

Os sintomas de hipotireoidismo e depressão se sobrepõem em parte, mas há décadas, uma ligação mais específica entre ambos os distúrbios tem sido discutida.

Pesquisas neurobiológicas descobriram alguns mecanismos de hormônios tireoidianos no cérebro, fornecendo possíveis explicações para uma interação com o humor.

Além disso, processos imunológicos podem fornecer uma ligação entre tireoidite autoimune e depressão.

Uma meta-análise de 20186 relatou uma associação substancial da depressão subclínica e clínica com a autoimunidade hipotireoidiana. 

Com uma razão de chances (OR) de 3,31, Siegmann et al estimaram que a cada ano, mais de 20% dos pacientes com tireoidite autoimune experimentam depressão. 

Esta metanálise tem sido criticada, por exemplo, por sua combinação de estudos de base populacional com resultados de ambulatórios, com seu viés em relação a pacientes mais gravemente afetados.

Como os autores associaram o estado tireoidiano a qualquer alteração nos escores de depressão, incluindo e especialmente mudanças abaixo dos pontos de corte para depressão clinicamente relevante, o significado prático dos resultados é incerto.

Em contraste, outra metanálise relatou apenas uma associação fraca e não significativa de hipotireoidismo e depressão (OR, 1,24). 

No entanto, embora este estudo seja uma metanálise individual de dados de pacientes, foi baseado em apenas 6 estudos e se restringiu ao hipotireoidismo subclínico.

Como resultado, a existência e a extensão de uma associação entre hipotireoidismo e depressão clínica ainda não estão claras. 

Além disso, se houve tal associação, não se sabe se hipotireoidismo ou autoimunidade é a força motriz. 

Portanto, realizamos uma revisão sistemática e metanálise de estudos que apresentam dados sobre hipotireoidismo (subclínico ou evidente) e depressão clínica. 

Para reduzir o viés de seleção, restringimos a metanálise a estudos epidemiológicos e de base populacional.

Discussão

Nossa análise produziu 3 resultados principais. (1) Há uma associação moderada de hipotireoidismo evidente e menos subclínico com depressão clínica. (2) Não há associação estatisticamente significativa da positividade verificada de anticorpos TPO com depressão clínica. (3) Encontramos uma associação mais forte de hipotireoidismo e depressão clínica em indivíduos do sexo feminino do que em indivíduos do sexo masculino.

• Hipotireoidismo e Depressão

O hipotireoidismo e a depressão clínica estão associados a uma OR de 1,3 e ainda menores quando apenas estudos com baixo risco de viés são incluídos ou, se possível, o viés de notificação é levado em consideração. 

No entanto, há evidências de uma relação dose-efeito, conforme indicado por uma OR de cerca de 1,1 para hipotireoidismo subclínico e 1,8 para hipotireoidismo franco.

A extensão da associação é mais fraca do que o que às vezes parece ser assumido na prática clínica e, em parte, na pesquisa psiquiátrica. 

Também está em desacordo com o trabalho de Loh et al,4 que estimaram que a associação de hipotireoidismo subclínico e depressão seja de 2,35 em sua metanálise. 

No entanto, eles analisaram um número menor de estudos (n = 15) e estudos mistos de caso-controle e coorte. 

Em nossa opinião, a divisão entre estudos de caso-controle e coorte precisa ser fortemente enfatizada.

Estudos de caso-controle são frequentemente realizados em centros de atendimento terciário com preponderância de casos graves, não representativos da população em geral. 

Para evitar o viés inerente aos estudos de caso-controle, Wildisen et al realizaram uma metanálise de dados individuais de pacientes verificados em 6 estudos de base populacional. 

Ao contrastar probandos subclínicamente hipotireoidianos e eutireoidianos, eles estimaram que os primeiros pontuaram uma média de 0,29 (IC 95%, -0,17 a 0,76) pontos acima no Inventário de Depressão de Beck, menos de 0,5% da largura da escala, irrelevante na visão dos autores.

Em comparação com a medição contínua da depressão por Wildisen et al, focamos em um desfecho dicotômico: depressão clinicamente relevante, conforme definido pelos autores do estudo. 

Estatisticamente, é aconselhável usar resultados contínuos. No entanto, com medidas contínuas, como a Hamilton Rating Scale for Depression, diferenças estatisticamente significativas entre indivíduos com e sem hipotireoidismo podem ser clinicamente sem importância, desde que as diferenças permaneçam abaixo dos limites patológicos. 

Nesse sentido, o uso de pontos finais contínuos corre o risco de criar resultados falso-positivos.

No entanto, nossos resultados estão de acordo com Wildisen et al. Zhao et al estimaram uma maior associação de hipotireoidismo subclínico e depressão (OR, 1,75 [IC 95%, 0,97-3,17]), embora de significância limítrofe. 

Vale ressaltar que eles incluíram menos e menores estudos e mediram maior heterogeneidade, indicando a natureza preliminar de seu resultado.

• Autoimunidade e Depressão

Não encontramos uma associação estatisticamente significativa de autoimunidade e depressão. 

Até onde sabemos, esta é a primeira meta-análise com foco em amostras da população em geral com status de anticorpos TPO documentado. 

Nossos achados estão em desacordo com uma meta-análise recente publicando um OR de 3.3. 

Esta seria uma associação muito forte, como indicado pela projeção de Siegmann et al de que, anualmente, mais de 20% dos pacientes com hipotireoidismo autoimune experimentam depressão. 

Com nossos resultados, os números estão na faixa de 7% a 9%, pouco acima da prevalência populacional.

Vale ressaltar as diferenças entre as 2 abordagens; ao restringir nosso estudo a estudos epidemiológicos, esperamos que nossos resultados sejam menos vulneráveis a vieses decorrentes do uso de amostras de clínicas de endocrinologia ou psiquiatria. 

Restringimos nossas análises à positividade verificada de anticorpos TPO, enquanto Siegmann et al consideraram o hipotireoidismo em geral uma proxy para a autoimunidade e incluíram 35 168 indivíduos, em oposição a 47 707 na presente investigação.

Em nossa amostra de estudos, o status de anticorpos TPO foi medido em indivíduos com eutireoidismo, exceto nas investigações de Engum et al e Pop et al.

Portanto, excluímos ambos os estudos em uma análise de sensibilidade e descobrimos que os resultados ainda são retidos; o OR caiu ligeiramente para 1,23 (IC de 95%, 0,87-1,73) sem atingir significância estatística.

Nosso resultado pode refletir em parte a preponderância do hipotireoidismo subclínico em indivíduos com positividade de anticorpos TPO, mas também pode ter influência em considerações fisiopatológicas, em particular tendo em vista as análises negativas considerando viés de relato, estudos de baixo risco de viés e estudos de base populacional no sentido estrito. 

Possivelmente, não é o distúrbio do sistema imunológico que explica a comorbidade. 

O hipotireoidismo pode funcionar de forma diferente. Vias mais específicas à parte, estudos realizados por Patten et al mostram que, de maneira inespecífica, muitos distúrbios crônicos aumentam o risco de ter depressão.

• Diferencial de Sexo

Uma análise post hoc confirmou a associação de hipotireoidismo e depressão em indivíduos do sexo feminino (OR, 1,5), mas não em indivíduos do sexo masculino (OR, 0,7). 

Esse possível gradiente pode ser causado por diferenças fisiológicas. Em um ensaio clínico randomizado, a tiroxina complementar suprafisiológica em pacientes com depressão e transtorno bipolar foi eficaz em indivíduos do sexo feminino, mas não no sexo masculino.

Por outro lado, indivíduos do sexo feminino com hipotireoidismo subclínico não se beneficiaram em relação aos sintomas depressivos quando receberam tiroxina antenatal em comparação com placebo.

De qualquer forma, esse achado pode ser falso positivo porque os resultados foram relatados por sexo em apenas 4 estudos e o sexo foi incluído em ajustes em vários estudos.

• Limitações

A inclusão de uma infinidade de estudos levou a variações no desenho do estudo e nos métodos de avaliação. 

Por exemplo, o estudo de Benseñor et al foi realizado com funcionários públicos. No entanto, consideramos improvável que tal seleção introduza viés. Não investigamos riscos absolutos, e um viés diferencial parece improvável nos estudos incluídos. No entanto, em uma análise de sensibilidade, restringimos nossa estimativa resumida a estudos estritamente baseados na população, e os resultados não mudaram substancialmente (eTabela 2 no Suplemento). 

Outra limitação surge dos diferentes processos de recrutamento de estudos. A maioria das amostras consistiu em amostras aleatórias ou registros completos da população, e outras, como Bould et al, recrutaram participantes de um ambiente de atenção primária ou ambulatorial, possivelmente introduzindo vieses. 

Tranquilamente, deixar de fora tais estudos não mostrou resultados substancialmente diferentes.

Várias investigações incluíram pacientes tomando medicação tireoidiana, o que pode ter obscurecido uma associação de hipotireoidismo subjacente com depressão. 

No entanto, quando contrastamos estudos com vs aqueles sem ingestão de medicação tireoidiana, encontramos uma associação mais forte com medicação (eTabela 2 no Suplemento). 

Portanto, nesses estudos, a medicação tireoidiana pode ser um indicador de distúrbio tireoidiano grave, em vez de um tratamento bem-sucedido da depressão.

Além disso, vários estudos usaram valores de corte para casos, mas, em sentido estrito, os pontos de corte representam uma variedade de sintomas e não entidades diagnósticas. 

No entanto, eles servem ao seu propósito como aproximações razoavelmente boas em grandes estudos epidemiológicos, conforme discutido, por exemplo, no artigo de Engum et al da Noruega. 

No entanto, realizamos uma análise de sensibilidade restrita a esses estudos e encontramos apenas diferenças marginais em relação à análise principal (eTabela 2 no Suplemento).

A heterogeneidade entre os estudos, medida por I2, foi substancial em várias análises. Estudos únicos exerceram uma forte influência no I2, mas sua eliminação da análise não mudou significativamente os principais resultados. É importante ter em mente que, com grandes tamanhos de amostra, como em nosso estudo com um N combinado próximo a 350 mil indivíduos, espera-se que o I2 seja grande. Um indicador de heterogeneidade independente do tamanho da amostra é o tau, e o fato de o tau ser baixo apoia a robustez de nossos achados (Tabela 2; eTabela 2 no Suplemento). 

Em suma, enquanto os intervalos de confiança e ainda mais os intervalos de previsão mostram que efeitos maiores ou menores continuam sendo uma possibilidade, as evidências atuais sugerem uma associação moderada de hipotireoidismo e depressão clínica.

Não podemos tirar conclusões sobre o hipotireoidismo na gravidez porque, em nossa amostra de estudos, os gestantes foram frequentemente excluídos com base na suposição de que o hipotireoidismo na gravidez difere do observado na população em geral. 

Recentemente, no entanto, Minaldi et al publicaram uma metanálise especificamente sobre gravidez e período pós-parto e encontraram uma associação semelhante ao nosso resultado. 

Nos 5 estudos resumidos, a razão de risco de desenvolver depressão pós-parto entre indivíduos que foram positivos para anticorpos TPO em comparação com aqueles não afetados foi de 1,49 (IC 95%, 1,11-2,0). 

Assumindo uma relação causal, pelos números deste estudo, 1 em cada 21 indivíduos do sexo feminino com anticorpos TPO experimentará depressão pós-parto devido à sua condição tireoidiana. 

Tendo como pano de fundo a prevalência geralmente assumida de 10% a 15% de depressão pós-parto, o achado apoia a prática clínica atual, porque nos indivíduos que deram à luz recentemente, o pessoal de saúde precisa estar ciente da depressão incidente.

Como foi necessário calcular associações para muitas das amostras incluídas, os tamanhos dos efeitos diferem em graus de ajuste. 

Tentamos compensar isso incluindo tamanhos de efeito minimamente ajustados. Isso, por sua vez, pode ter levado a uma superestimação das associações.

• Conclusões

Talvez seja hora de reconsiderar o paradigma de uma forte conexão entre hipotireoidismo e depressão. 

Os resultados de outros grupos e nossos próprios achados indicam que a contribuição do hipotireoidismo para a pandemia de depressão é provavelmente pequena. 

Esta é uma boa notícia para pacientes com hipotireoidismo ou, em particular, com autoimunidade tireoidiana. 

No aconselhamento, podemos não ser capazes de descartar a depressão como uma comorbidade, mas ela não está aparecendo grande como uma ameaça muito provável. 

Em relação à pesquisa, parece que a autoimunidade não é um forte impulsionador de sintomas afetivos. 

Um elo mais promissor parece ser o nível de hormônios tireoidianos e distúrbios do eixo hipotalâmico da hipófise adrenal/hipotalâmica da hipófise. 

Finalmente, nossos resultados apontam para um possível efeito do sexo na interação do hipotireoidismo e depressão.

Fonte: 
“Compartilhar é se importar”
Instagram:@dr.albertodiasfilho
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde

terça-feira, 6 de abril de 2021

Doutor, eu faço tudo direitinho e não emagreço. Por que ?

Engordou sem motivo aparente? Não consegue emagrecer mesmo fazendo atividade física e dieta? Veja 5 motivos que podem estar provocando o aumento de peso

1. VOCÊ NÃO DORME O SUFICIENTE
A privação do sono pode favorecer o ganho de peso, ou seja, quem não dorme direito:
1) Produz mais cortisol (que engorda por estimular a diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos);
2) Produz menos leptina (hormônio relacionado à saciedade e que também facilita o gasto de energia pelo organismo);
3) Produz mais grelina (substância responsável por estimular o apetite e aumentar  a avidez por alimentos ricos e carboidrato e gordura);
Além disso, a privação do sono pode gerar estresse, irritabilidade, aumento da incidência de doenças cardiovasculares, labilidade emocional, indisposição e fadiga no dia seguinte. Portanto qualidade de sono é igual Qualidade de vida. Nos últimos 10 anos o que mais tenho visto tanto no consultório quando no ambulatório de Nutrologia são pessoas que correlacionam ganho de peso após piora da qualidade do sono.

2. SUA MEDICAÇÃO
Quando você ganha peso, a primeira hipótese que você avalia é sua dieta, mas o culpado pode ser de algumas medicações. Por isso os Nutrólogos sempre enviam "cartinhas" para os colegas, que se possível troquem algumas medicações por outras que não estejam relacionadas ao ganho de peso. Muitos medicamentos, incluindo os que tratam enxaquecas e distúrbios do humor, assim como alguns anticoncepcionais, podem causar ganho de peso por uma variedade de razões. Se você suspeitar que um medicamento pode estar te fazendo engordar, converse com seu médico para discutir outras opções.

Resumo das principais medicações que podem alterar o peso:


  • As medicações psiquiátricas são as que mais possuem potencial para favorecer o ganho de peso. Na tabela acima listei quais são as que favorecem ganho de peso, as que são "relativamente" neutras e as que promovem a perda de peso. Créditos para o meu primo e Psiquiatra e professor de Nutrologia (Hewdy Lobo) que me passou a tabela. 
  • Anticoncepcionais, Corticoides, Anti-histamínicos, Insulina, Sulfoniluréias, Tiazolidinedionas, Beta-bloqueadores também pode favorecer o ganho de peso.
Minhas considerações: desde que comecei no ambulatório de Nutrologia no começo de 2015, tenho recebido centenas de pacientes utilizando medicações listas acima e durante a anamnese eles mostram uma associação muito forte de ganho de peso quanto utilizam as seguintes medicações: 
  • Duloxetina: Velija, Cymbi, Dual, Abretia.
  • Paroxetina: Parox, Paroxiliv, Paxil CR, Paxtrat, Pondera, Pondix, Roxetin, Sertero, Zyparox.
  • Escitalopram: Lexapro, Espran, Exodus, Reconter.
  • Amitriptilina: Tryptanol, Amytril, Neo Amitriptilina ou Neurotrypt.
  • Clomipramina: Clo, Fenatil e Clomipran.
  • Imipramina: Tofranil, Tofranil Pamoato, Depramina, Mepramin, Praminan, Uni Imiprax. 
  • Nortriptilina: Pamelor.
  • Carbonato de Lítio: Carlit XR, Carbolim, Carbolitium, Carlit.
  • Valproato ou ácido valpróico: Depakene, Depakine, Depakote, Divalproex, Epilim, Valparin, Valpakine,Torval CR, Epilenil.
  • Carbamazepina: Tegretol.
  • Gabapentina: Neurotin.
  • Quetiapina: Neuroquel, Queropax, Quetiel, Quetifren, Quetibux, Neotiapim, Atip, Aebol, Queopine.
  • Olanzapina: Axonium, Midax, Zyprexa, Zydis, Zap, Zalasta, Zolafren, Olzapin, Rexapin.
  • Risperidona:Zargus, Respidon, Viverdal.
  • Pregabalina: Lyrica, Prebictal, Dorene, Proleptol, Preneurim
  • Prednisona: Metcorten, Predsin.
  • Contraceptivos (Anticoncepcionais): na maioria das vezes é apenas uma leve retenção de líquido, mas algumas pacientes relatam ganho de peso com os injetáveis como o Depo-provera.
  • Insulinas
  • Sulfoniuluréias: Clorpropamida, Glibenclamida, Glipizida, Gliclazida, Gliclazida MR, Glimepirida. 
  • Tiazolidinedionas: Pioglitazona: Actos, Aglitil, Gliactis, Glicopio, Glitasolin, Pioglit, Pioglizon, Piotaz, Stanglit.
  • Beta-bloqueadores: Propranolol (Inderal, Rebaten), Atenolol (Atenol, Angipress, Ablok, Atenopress), Nadolol, Metoprolol (Selozok, Seloken, Lopressor), Bisoprolol (Concardio, Concor) teoricamente diminuem a conversão periférica do T4 (hormônio tireoideano com menor atividade) em T3 (hormônio tireoideano mais ativo) e com isso estudos mostram um maior ganho de peso. Além disso agem "segurando" a frequência cardíaca e assim o indivíduo não consegue elevar a frequência cardíaca durante uma atividade física mais intensa. E também agem bloqueando um receptor chamado Beta 3 adrenérgico, responsável pela quebra da gordura. Entretanto o impacto no peso, dependerá da seletividade do fármaco. Alguns são mais seletivos para atuar no coração, outros como o propranolol agem de forma mais sistêmica e com isso tem-se mais efeitos indesejáveis. 

3. ESTRESSE CRÔNICO
“O estresse leva ao aumento do hormônio cortisol, que facilita a diferenciação de células gordurosas (aumento do número de células gordurosas), aumenta a formação de gordura (entrada de triglicérides no adipócito – célula de gordura), dificulta o emagrecimento”, afirma o endocrinologista, Dr. Marcio Mancini, Presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e médico responsável pelo Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas.
Além disso ocorre um desequilíbrio na massa magra pois uma das ações do cortisol é a utilização da massa magra (degradação das proteínas) e com isso alteração do metabolismo basal, fraqueza muscular.

4. SEU TRABALHO CASO ELE SEJA ESTRESSANTE
Se você está ocupada demais em seu escritório levando uma vida sedentária é provável que seu trabalho esteja causando o aumento de peso. Talvez, em meio à tantas tarefas, você não esteja prestando atenção em sua alimentação ao longo do dia, e esteja ingerindo calorias extras.

5. SEU TREINO
É comum achar que você "ganhou" peso depois de começar a fazer academia, e isto acontece por duas razões. A musculação aumenta a massa muscular e maior retenção de água dentro do músculo. 
Outro fato interessante é que muitos afirmam ficar horas nos exercícios aeróbicos e não perderem peso. Aeróbico só favorecer queima de gordura de forma significativa quando a frequência cardíaca é acima de 60% da Frequência cardíaca máxima. Ou seja, treine pesado.
Muitas mulheres optam por fazer apenas aeróbico com medo da musculação. Musculação emagrece mais a longo prazo do que o exercício aeróbico. Primeiro pq ela favorece o ganho de massa magra, já o aeróbico não, pelo contrário, você pode perder gordura mas também massa magra. Segundo pq o treinamento de força (musculação) mantém seu metabolismo basal alterado (gastando calorias mesmo em repouso) por mais tempo.

Outras causas de ganho de peso não-intencional

Retenção de líquidos: também conhecida como edema, a retenção de líquidos faz com que as mãos, pés, rosto e abdômen fiquem inchados, levando o paciente a pensar que engordou. Não engordou! Engordar significa ganhar gordura. Ganhar líquido não é engordar. O peso pode até subir, mas às custas de líquidos. No hipotireoidismo isso pode acontecer? Sim, mas não quer dizer que o Hipotireoidismo engorde. Essa retenção pode ser de no máximo 4kg. Problemas cardíacos no qual o bombeamento do sangue fica prejudicado, problemas renais, problemas no fígado, desnutrição podem favorecer retenção de líquido. 

Menstruação: Ganho de peso periódico pode ocorrer devido ao ciclo menstrual. Mulheres podem ter retenção de líquidos durante o período pré-menstrual. O aumento da progesterona é o responsável pelo inchaço e infelizmente o peso pode oscilar até 2kg, mas volta a abaixar quando a menstruação acaba.

Mudanças hormonais: Algumas alterações hormonais que favorecem o ganho de peso são: síndrome de Cushing, aumento da produção de cortisol, ovários policísticos e menopausa. Pode ocorrer alteração no metabolismo ou retenção de líquido.

Gravidez: A gravidez leva ao ganho de peso não-intencional devido ao bebê, placenta, líquido amniótico, aumento da quantidade de sangue e crescimento do útero

Constipação: A dificuldade para evacuar também leva ao ganho de peso não-intencional. Ou seja, excesso de "massa fecal" pode levar a uma elevação de peso e segurar "mais água" na luz intestinal. Geralmente o peso decai após o paciente evacuar.


Autores: Dr. Frederico Lobo (Médico Nutrólogo) e Rodrigo Lamonier (Nutricionista e Profissional da educação física). 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Faça terapia - Um investimento que você faz em você

Anteontem estava comentando com o Rodrigo Lamonier (o nutricionista que atende os pacientes comigo) sobre a quantidade de pacientes com transtornos emocionais que temos recebido durante a pandemia. Não que a gente não recebesse esse tipo de paciente, mas a pandemia intensificou. Tem sido muito raro algum paciente que eu não encaminho para a terapia (inclusive tenho uma vasta lista de excelentes profissionais que indico em Goiânia – Psicólogos e Psiquiatras): https://www.nutrologogoiania.com.br/profissionais-que-indico/ ).

A pergunta que fica é: Esses transtornos vem aumentando a prevalência na população brasileira ou foi apenas uma exacerbação decorrente da pandemia ?

Acredito que a prevalência tem aumentado consideravelmente devido as mídias digitais, combinado com o surgimento da pandemia.

Por um período da minha vida profissional eu me recusei a atender no consultório pacientes com alguns transtornos psiquiátricos, por trauma de ter perdido meu pai decorrente de um tratamento errôneo de transtorno bipolar. Então apesar de gostar muito de psiquiatria (quase fiz residência de Psiquiatria) eu não me sentia seguro em receber esses pacientes. Tinha uma falsa crença que eu tinha que trazer resolutividade pros casos, mesmo naqueles que não queriam fazer acompanhamento com Psiquiatra e Psicólogos.

E por ironia do destino, o que mais tenho recebido no consultório, além dos clássicos pacientes com transtornos do aparelho digestivo e intolerâncias alimentares, veio uma leva grande de pacientes com sintomas ansiosos, depressivos, síndrome do pânico, transtorno bipolar e Burnout (principalmente em profissionais da área da saúde e área de segurança).

Vários fatores tem contribuído para surgimento principalmente de transtornos ansiosos e depressivos. Ninguém fica ansioso ou deprimido de um momento para outro, sem um motivo. Na verdade é uma soma de motivos e muitas vezes combinadas com fatores nutricionais e do estilo de vida. Algumas doenças podem ter como manifestação aumento da ansiedade (como no hipertireoidismo) ou rebaixamento de humor (hipotireoidismo, Alzheimer, Parkinson).

Há comprovação científica de que diversos genes podem predispor ao surgimento de transtornos mentais como ansiedade e depressão. E eles são passados de pais para filhos, independente da criação. Estudos com gêmeos mostram isso. Existe uma correlação entre genética e transtorno bipolar, transtorno de déficit de atenção depressão.

Traumas precoces: eventos como abusos sexuais, abusos morais, negligência, violência física ou psicológica podem deixar marcas principalmente quando o0corridos na infância e adolescência, sendo decisivos para o surgimento de transtornos mentais na vida adulta.

Estresse crônico: O ritmo acelerado de trabalho, estudos, exposição a informação através de redes sociais, cobranças e responsabilidade geram uma carga alta de estresse e exaustão mental. Essa exaustão pode reduzir nossa capacidade de manejar esse estresse e com isso deflagrar alguns transtornos mentais. Por isso a terapia é tão importante, pois somente quando se fala do problema e arrumamos soluções para lidar com eles é que ele pode não ser tão deletério. Falar é terapêutico.

Estresse agudo: Não estamos imunes a sofrer, teremos perdas a qualquer momento, seja a morte de ente querido, uma desilusão amorosa, uma separação, um desemprego, queda do padrão de vida. Esses eventos podem ser mais ou menos traumáticos, dependendo da personalidade de cada indivíduo. E esses eventos estressantes agudos, também podem ser gatilhos para transtornos mentais. Mais uma vez saliento: falar é terapêutica. Descobrir ferramentas de como lidar com esse estresse agudo pode minimizar a intensidade dos transtornos ou até evitar o surgimento.

Essa confluência de fatores podem então favorecer o surgimento de tais transtornos psiquiátricos. Combinado a isso ainda temos déficit de nutrientes que podem interferir na formação (síntese) de neurotransmissores como serotonina, dopamina, gaba, noradrenalina.

Associe a isso, alterações na microbiota intestinal, exposição crônica a diversos poluentes, excesso de exposição à luz artificial, privação de sono, excesso de estímulos visuais e sonoros.

Não gosto de ser pessimista, mas o cenário é sombrio e talvez aquela frase que há algum tempo alguns médicos diziam: “depressão é o mal do século”, pode se tornar verdade.

Então, mais do que dicas nutricionais, se eu pudesse dar uma dica para você que está lendo esse texto: FAÇA TERAPIA ! A nossa saúde mental é muito valiosa.