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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Impactos do desperdício de alimentos que vão para o lixo

Pode-se entender todo esbanjamento como despesa inútil, mas entre todos os tipos possíveis de desperdício, as proporções e os desdobramentos do desperdício de alimentos torna-o uma despesa censurável em um planeta com recursos naturais escassos e finitos.

Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revelam que, por ano, aproximadamente um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo não é consumido pela população, sendo perdido em alguma etapa da cadeia de produção ou desperdiçado no elo final, em restaurantes e residências. Isso representa cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que não são aproveitados ou, em valor monetário, uma quantia aproximada de US$ 1 trilhão.

Somente os números absolutos do desperdício de alimentos já são alarmantes, contudo, há uma série de desperdícios embutidos que anuviam ainda mais o cenário global.

A cadeia de produção e distribuição de alimentos necessita de água, terra, adubos minerais, pesticidas, energia elétrica e combustíveis fósseis. O alimento que vai para o lixo enterra junto com ele todos esses recursos que foram consumidos durante o seu processo de produção e causa impactos ambientais na atmosfera e na biodiversidade.


Os custos ambientais do desperdício de alimentos não será sentido somente pelas próximas gerações em virtude da escassez dos recursos naturais e da degradação do meio ambiente, que invariavelmente ocasionam impactos no clima, mas já são pagos hoje pela sociedade. Além de US$ 1 trilhão de custos econômicos por ano, a FAO estima que os custos ambientais e os custos sociais do desperdício de alimentos alcançam US$ 700 bilhões e US$ 900 bilhões, respectivamente. Na somatória da tríade de custos – econômicos, ambientais e sociais, a estimativa total do desperdício de alimento gira em torno de US$ 2,6 trilhões por ano, o que equivale ao PIB do Reino Unido – quinta maior economia do mundo.

“A lógica é essa: quanto mais alimento é jogado no lixo, mais alimento precisa ser produzido para repor aquele que foi posto fora. Portanto, mais recursos naturais precisam ser usados para isso”, problematiza a pesquisadora Milza Moreira Lana, que estuda a temática e trabalha na área de pós-colheita na Embrapa Hortaliças, em Brasília/DF. Junto com a comida, também está indo para o lixo a água e as terras agricultáveis utilizadas no processo de produção dos alimentos.

Se, por um lado, a demanda crescente por alimentos tem fomentado a pesquisa agropecuária e exigido novas tecnologias para os produtores obterem maior produtividade por área plantada, por outro, o desequilíbrio na equação “produção x consumo” causado pelo desperdício faz com que o setor produtivo precise recorrer à expansão das lavouras em áreas de vegetação nativa e de preservação. Assim, aumentam as perdas de biodiversidade, os processos erosivos no solo e a contaminação do ar e lençóis freáticos por pesticidas e adubos minerais.

As fontes minerais de fósforo e potássio, principais nutrientes dos adubos químicos, são finitas no planeta. O pesquisador Juscimar Silva, da área de Nutrição de Plantas da Embrapa Hortaliças, explica que, ao descartar qualquer alimento, em especial as hortaliças, deixa-se de aproveitar os minerais contidos nos resíduos. Ele sugere a técnica da compostagem para aproveitar esses nutrientes e torná-los disponíveis novamente para a planta. “A compostagem converte resíduos em compostos orgânicos ricos em nutrientes, substâncias húmicas e carbono, que servem de fertilizantes para as plantas. Pode-se dizer que é um sistema da mesa para a mesa, com impactos positivos diretos na sustentabilidade”, anota Silva, ao destacar que a compostagem evita que resíduos causem contaminação de solos e aquíferos.

O desperdício da água utilizada para irrigar cultivos agrícolas que resultam em lixo, e não em alimento, também é repreensível se se considerar as constantes crises hídricas e os conflitos existentes ao redor do mundo por causa desse insumo cada vez mais escasso no planeta. A legislação brasileira, por exemplo, prevê que o uso prioritário da água, em situações de escassez, deve ser o consumo humano e a dessedentação de animais. Sendo assim, o desabastecimento pode ter implicação direta nas atividades econômicas sejam industriais ou agrícolas. Além de terra e água, ao longo da cadeia também foram perdidos os combustíveis fósseis para transporte e a energia elétrica para refrigeração de produtos que, no fim de todas essas etapas, foram convertidos em lixo e não em alimento.

“Contabilizar todos os custos implicados no desperdício de alimentos amplia nossa compreensão do sistema alimentar e traz mais clareza para a discussão dos impactos do desperdício na sociedade. É claro que desperdiçar alimentos é censurável porque enquanto há comida indo para o lixo, há pessoas passando fome. O desperdício também pode contribuir para aumentar o preço e tornar o alimento menos acessível para a população de baixa renda”, avalia Milza ao acrescentar que, ainda assim, não se pode concluir que a fome automaticamente é reduzida com um menor desperdício de alimentos, pois há componentes mais complexos nessa questão. Na atualidade, por exemplo, as regiões do mundo que mais sofrem com insegurança alimentar são zonas de conflito civil e instabilidade social, enquanto as regiões que mais desperdiçam alimentos são os países mais ricos onde a população tem acesso aos alimentos na quantidade necessária.

Ao inserir a problemática do desperdício de alimentos com base nas questões estruturantes e nas deficiências da cadeia produtiva e de suprimentos, nota-se que nos países em desenvolvimento as perdas estão concentradas nos estágios que antecedem o consumo: produção, pós-colheita, processamento, distribuição e varejo. Já nos países desenvolvidos despontam os percentuais de desperdícios no varejo e no consumo.

Milza explica que o Brasil apresenta características desses dois grupos de países, devido ao contraste socioeconômico entre as regiões do País: “Há perdas concentradas no início da cadeia, devido a problemas na pós-colheita, como também uma fatia considerável de alimentos jogados no lixo pelos próprios consumidores após a compra ou o preparo”. Estimativas da FAO para a América Latina sugerem que 230 quilos de alimentos são desperdiçados por pessoa todos os anos.

“Existem providências específicas que devem ser tomadas por cada agente responsável por esses números: governantes, agricultores, comerciantes e indústria alimentícia. Contudo, os consumidores não podem ficar alheios a sua parcela de responsabilidade e devem ser sensibilizados para contribuir com a redução do desperdício”, opina a pesquisadora.

O desperdício na ponta do lápis do consumidor

Em primeiro lugar, o que fica mais evidente é que, ao jogar fora o alimento comprado, o consumidor está desperdiçando também seu próprio dinheiro. Muito provavelmente, as pessoas ficariam espantadas se calculassem os preços pagos pelos alimentos que, poucos dias depois, foram parar no lixo.

Os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada pelo IBGE, em 2008/2009, indicaram que aproximadamente 25% do orçamento familiar é destinado à alimentação. Agora façamos uma conta rápida: segundo o mesmo instituto, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, o rendimento mensal domiciliar per capita do brasileiro em 2016 foi de R$ 1.226,00. Logo, uma família de cinco pessoas, com renda mensal de R$ 6.130,00, gasta R$ 1.532,50 com alimentação.

Mas a pergunta que fica é: desse valor que parte é realmente aproveitada e consumida e que percentual vira desperdício de dinheiro e comida jogada no lixo? Se considerar a média mundial de que 30% dos alimentos são desperdiçados, essa família gastou R$ 459,75 com alimentos que, no final das contas, foram parar no lixo.

Quando se fala em hortaliças – folhas, frutos, raízes e tubérculos -, que são um dos grupos de alimentos mais perecíveis, o desperdício beira metade de todos esses vegetais produzidos no mundo. “O prejuízo direto é sentido no bolso do consumidor que poderia ter reservado esse dinheiro para educação, vestuário, lazer ou investimentos”, enfatiza a pesquisadora, que enumera três regras básicas para o melhor aproveitamento das hortaliças: (1) saber cozinhar para aproveitar qualquer hortaliça em diferentes pratos, (2) ir ao mercado com mais frequência para evitar estoque em casa e (3) armazenar corretamente as hortaliças.

Quanto custa o lixo?

O consumidor paga a conta de outra maneira também, visto que há prejuízos indiretos com o alimento descartado no lixo como a própria gestão desses resíduos pelo poder público. Todo munícipio destina uma fatia de seu orçamento para o tratamento do lixo e, quanto mais dinheiro é utilizado para transportar e tratar o lixo, mais uma vez menos dinheiro público está sendo aplicado em investimentos com saúde, educação e segurança.

Há também um impacto ambiental dos alimentos que vão parar no lixo

“Os resíduos orgânicos representam por volta de 50% dos resíduos urbanos gerados no Brasil. Quando descartados em lixões, geram contaminação do solo e da água devido ao chorume, atraem e favorecem a proliferação de vetores de doenças e emitem gás metano, um dos gases responsáveis pelas mudanças climáticas”, observa o analista ambiental Lúcio Costa Proença, do Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente.

Para minimizar esse impacto, o poder público deve investir em aterros sanitários, com tratamento dos líquidos, recobrimento dos resíduos com solo e queima dos gases. Contudo, Proença sinaliza que a destinação mais adequada para os resíduos orgânicos seriam os processos de degradação controlada como compostagem e biodigestão. “Os resíduos orgânicos devem retornar ao solo de forma segura, porém, atualmente menos de 1% dos resíduos recebem esse tratamento”, adverte.

Os desperdícios por trás do alimento que vai para o lixo passam por eixos sociais, econômicos e ambientais. “As ações individuais não são suficientes para a resolução dos problemas estruturantes do sistema alimentar, mas é preciso coordenar iniciativas nesses dois âmbitos para caminhar em direção à redução do desperdício”, defende a pesquisadora.

“Com tecnologia pós-colheita de hortaliças adequada mais alguns cuidados, é possível reduzir o desperdício, economizar dinheiro e ajudar a proteger o meio ambiente”, registra Milza, coordenadora do projeto “Hortaliça não é só salada”, que disponibiliza em um site, entre outros conteúdos, informações sobre como identificar os produtos de melhor qualidade, como acondicionar para que durem por mais tempo e como consumir em diferentes tipos de preparações.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/11/10/impactos-do-desperdicio-de-alimentos-que-vao-para-o-lixo/

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Os benefícios dos agrotóxicos no ‘Mundo de Veja’, artigo de Flavia Londres

“A revista Veja afirma que chamar os venenos da agricultura de “agrotóxicos” seria uma imprecisão ultrapassada.”

A revista Veja publicou uma matéria buscando “esclarecer” os brasileiros sobre os alegados “mitos” que vêm sendo difundidos sobre os agrotóxicos desde a divulgação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), dos dados Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos referentes ao ano 2010. A revista se propõe a tranquilizar a população, certamente alarmada pelo conhecimento dos níveis de contaminação da comida que põe à mesa.

Os entrevistados na matéria são conhecidos defensores dos venenos agrícolas, alguns dos quais com atuação direta junto a indústrias do ramo – como é o caso do Prof. José Otávio Menten, que já foi diretor executivo da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), que reúne as empresas fabricantes de veneno.

A revista afirma que chamar os venenos da agricultura de “agrotóxicos” seria uma imprecisão ultrapassada e injustamente pejorativa, alertando os leitores que “o certo” seria adotar o termo “defensivos agrícolas”. Não menciona que a própria legislação sobre a matéria refere-se aos produtos como agrotóxicos mesmo.

A Veja passa então para a relativização dos resultados apresentados pelo relatório do Programa de Análise, elaborado pela Anvisa, fundamentalmente minimizando a gravidade da presença de resíduos de agrotóxicos acima dos limites permitidos. Para isso, cita especialistas alegando que os limites seriam “altíssimos”, e que, portanto, quando “um pouco ultrapassados”, não representariam qualquer risco para a saúde dos consumidores.

A verdade é que a ciência que embasa a determinação desses limites é imprecisa e fortemente criticada. Evidência disso é o fato de os limites comumente variarem ao longo do tempo – à medida que novas descobertas sobre riscos relacionados aos produtos são divulgadas, os limites tendem a ser diminuídos. Os limites “aceitáveis” no Brasil são em geral superiores àqueles permitidos na Europa – isso pra não dizer que aqui ainda se usa produtos já proibidos em quase todo o mundo.

A revista também relativiza os riscos de longo prazo para a saúde dos consumidores, bem como os riscos para os trabalhadores expostos aos agrotóxicos nas lavouras. Mesmo diante de tantas provas, a Veja alega que, não haveria comprovações científicas nesse sentido.

A reportagem termina tentando colocar em cheque as reais vantagens do consumo de alimentos orgânicos, a eficácia dos sistemas de certificação e mencionando supostos “riscos” do consumo de orgânicos. A revista alega que esses alimentos “podem ser contaminadas por fungos ou por bactérias como a salmonela e a Escherichia coli.” Só não esclarece que, ao contrário dos resíduos de agrotóxicos, esses patógenos – que também ocorrem nos alimentos produzidos com agrotóxicos – podem ser eliminados com a velha e boa lavagem ou com o simples cozimento.

Da revista Veja, sabemos, não se poderia esperar nada diferente. Trata-se do principal veículo de comunicação da direita conservadora e dos grandes conglomerados multinacionais no País. Mas podemos destacar que a publicação desse suposto “guia de esclarecimento” revela que o alerta sobre os impactos do modelo da agricultura industrial está se alastrando e informações mais independentes estão alcançando mais setores da população – ao ponto de merecerem tentativa de desmentido pela Veja e pela indústria.

Flavia Londres é engenheira agrônoma e consultora da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia.

Fonte: http://www.radioagencianp.com.br/node/10520

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Agrotóxicos e a poluição das águas


A utilização de agrotóxicos é a 2ª maior causa de contaminação dos rios no Brasil, perdendo apenas para o esgoto doméstico, segundo dados do IBGE. Considerando que a agricultura é o setor que mais consome água doce no Brasil, cerca de 70%, segundo o Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), pode-se dizer que além de sérios problemas para a saúde, os agrotóxicos também se transformaram em um grave problema ambiental no país.
De acordo com o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Estadual de Campinas, Mohamed Habib, “hoje o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo, embora não seja o maior produtor”. Atualmente o Brasil utiliza 19% de todo defensivo agrícola produzido no planeta, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Além disso, mais de 99% dos venenos aplicados na lavoura não atingem a praga alvo. Então, pode-se dizer que mais de 99% dos agrotóxicos vão para os rios, para o solo, para o ar e para a água subterrânea”, afirma Habib.
Para o especialista em instrumentação ambiental e hidrológica, Mauro Banderali, “Embora a disponibilidade de água no Brasil seja imensa, é preciso garantir sua qualidade para as gerações futuras. Por isso, ao detectar o aparecimento de resíduos de agrotóxicos nas reservas de água subterrânea e superficial, é necessário tomar medidas para evitar o agravamento do problema. Quando a água é contaminada por defensivos agrícolas, sua detecção e descontaminação é mais difícil e custosa. De modo geral, esses químicos raramente são analisados ou removidos das águas, tornando-se uma ameaça à saúde de todos que a ingerem, particularmente para substâncias cumulativas”.
Consequências para a vida aquática
A água poluída com agrotóxicos irá prejudicar diretamente a fauna e a flora aquática. “A contaminação das águas pelos agrotóxicos tem efeito direto nos seres vivos que vivem na água, a biota de um modo geral. Se o veneno que chega nas águas for o herbicida, o efeito é direto e pode, por exemplo, matar as plantas aquáticas. Se o rio for contaminado por um veneno que mata animais, pode ocorrer a morte de algumas espécies de peixes menores”, explica o professor.
Além dos efeitos diretos, o carregamento de agrotóxicos pelos rios e lagos, também traz alguns efeitos indiretos para a biota aquática e para a saúde humana. “Alguns peixes armazenam os agrotóxicos no tecido adiposo e por isso, não sofrem danos diretamente. No entanto, quando nós compramos esse peixe contaminado com veneno e o ingerimos, algumas pessoas podem passar mal e sofrer algum tipo de intoxicação (envenenamento). Tem muita gente que compra peixes pequenos para dar para seu gato de estimação e o animal chega até a morrer”, alerta Habib.
Os compostos orgânicos, ao entrar em contato com a água, provocam um aumento no número de microrganismos decompositores. De acordo com o especialista Mauro Banderali, “além de estarmos criando um ambiente de restrição da vida, ainda criamos uma armadilha para as populações que se utilizam desta água, em razão de inúmeros defensivos agrícolas utilizarem em sua formulação compostos orgânicos altamente estáveis e lipossolúveis, depositando-se preferencialmente nas gorduras dos animais. Por ingestão da água ou de animais que dela dependem, estamos acumulando estes defensivos em gorduras do corpo que jamais serão eliminadas em vida”.
Ao serem carregados pelas águas superficiais, os agrotóxicos passam a fazer parte do do ciclo natural da natureza. Segundo o professor da Unicamp, “quando se trata de água corrente, o veneno vai fazer parte de um ciclo e um dia vai chegar ao oceano. Ainda hoje, análises nas geleiras polares mostram que naquele gelo existe DDT, um veneno proibido há muitos anos. Isso é pra se ter uma ideia do processo: saiu da lavoura através da chuva, passou pelos rios e mar e através das correntes marítimas, chegou às geleiras”, comenta Mohamed Habib.
O Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) foi o primeiro veneno moderno, sintetizado em 1874 e utilizado como pesticida a partir de 1939. Após a Segunda Guerra Mundial, foi usado em larga escala para combater os mosquitos da malária. O DDT foi banido de vários países na década de 70, após estudos comprovarem sua relação com casos de câncer. No Brasil, seu uso foi proibido na agricultura em 1984, porém sua produção em larga escala, uso como medicamento e exportação foram permitidos até 2009 ,conforme lei federal nº. 11.936 de 14 de maio de 2009. De acordo com o professor Mohamed Habib, “alguns tipos de venenos como é o caso dos organoclorados, venenos utilizados antigamente por produtores rurais, apesar de serem proibidos, continuam sendo aplicados e usados ilegalmente”. Os organoclorados são os inseticidas que mais persistem no meio ambiente, chegando a permanecer por até 30 anos.
Segundo o especialista em instrumentação ambiental, Mauro Banderali, é preciso conhecer a qualidade das águas nas regiões influenciadas pela agricultura. “Uma das maneiras de avaliar os impactos dos defensivos agrícolas nos recursos hídricos consiste no monitoramento desses resíduos. Atualmente, já existem tecnologias que monitoram e mensuram parâmetros físico-químicos na água e são aplicados no monitoramento geral da sua qualidade, porém moléculas químicas específicas, se faz necessário o apoio de laboratórios especializados para sua detecção.
Problema brasileiro
Para Mohamed, o Brasil é um país sem conscientização do problema em relação aos demais. “Estamos falando de países com uma situação melhor que a nossa: Europa, América do Norte e alguns países asiáticos como o Japão. Esses países têm consumidores muito mais conscientes em relação à utilização de agrotóxicos que cobram essa postura de seus governos. Portanto, os governos também são mais conscientes, não formam lobbys como no Brasil. O setor industrial também é mais consciente, não é como o Brasil que faz de conta que não está acontecendo nada e continua abusando da utilização dos agrotóxicos”, comenta o professor.
Segundo Habib, a utilização de agrotóxicos hoje é uma prática condenada, “porque a ciência coloca à disposição vários outros métodos de produção. Basta investir. Basta a sociedade humana valorizar um pouco mais a vida, pois hoje estamos pagando muito caro pelas irresponsabilidades do passado”.
Ingestão de agrotóxicos e saúde
Pela água ou através do próprio consumo de alimentos, a ingestão de venenos agrícolas pode ocasionar diversos tipos de doenças, seja ela em grandes ou pequenas quantidades. Conforme explica o professor da Unicamp e engenheiro agrônomo, Mohamed Habib, “dependendo do tipo de veneno, os efeitos para a saúde humana são morte, envenenamento estomacal, problemas no sistema nervoso, convulsões, lesões nos rins e cânceres. Esse efeito pode ser agudo, imediato ou crônico, a curto, médio ou longo prazo. As consequências podem aparecer também nos filhos e netos dessa pessoa, principalmente quando se trata das doenças cancerígenas e tumores”.
Fonte: Redação Ag Solve, por Larissa Stracci

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Spas que oferecem aromaterapia podem ter nível elevado de poluente no ar, diz estudo

Spas que oferecem massagens com óleos essenciais da aromaterapia podem ter níveis elevados de poluentes no ar, mostra estudo de pesquisadores de Taiwan e publicado no jornal Environmental Engineering Science.

Os óleos essenciais, derivados de plantas, podem liberar compostos orgânicos voláteis (COVs). Esses COVs reagem com o ozônio presente no ar, produzindo partículas ultrafinas chamadas de aerossóis orgânicos secundários (AOS), que podem causar irritação nos olhos e nas vias respiratórias.

A equipe, liderada por Der-Jen Hsu, da Universidade de Kaohsiung, testou óleos essenciais e fragrâncias produzidas a partir de ervas chinesas e analisou amostras de ar em spas que oferecem massagens com aromaterapia.

Os autores concluíram que a qualidade do ar dos spas é alterada pelos aerossóis, já que a estrutura de ventilação desses estabelecimentos não permite que eles se dissipem.

Para o cientista Domenico Grasso, da Universidade de Vermont, a equipe fez um bom trabalho por chamar a atenção para um risco quase sempre ignorado por ambientes de luxo focados em bem-estar.

O estudo "Characteristics of Air Pollutants and Assessment of Potential Exposure in Spa Centers During Aromatherapy" pode ser obtido em inglês no site www.liebertpub.com/ees.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2011/10/20/spas-que-oferecem-aromaterapia-podem-ter-nivel-elevado-de-poluente-no-ar-diz-estudo.jhtm

sábado, 6 de junho de 2020

5 de Junho - Dia Mundial do Meio Ambiente - O que você fazer para minimizar impactos ambientais ?


Ontem, 5 de Junho foi comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente e na minha concepção, é impossível ter saúde se não se respeita o meio ambiente.

Somos seres integrados a um ecossistema e qualquer disrupção nessa simbiose pode levar a algum tipo de transtorno, como por exemplo:
  • Cronodisrupção.
  • Poluição do ar, solo, águas.
  • Poluição luminosa (excesso de luminosidade no período noturno).
  • Poluição sonora.
  • Ambientes não-biofilicos (pouco verde)
  • Pouco contato com a natureza.
  • Baixo conforto térmico.
Há 14 anos estudo a inter-relação entre saúde e meio ambiente (essa foi a razão de montar esse blog). Cada dia me convenço mais da força dessa simbiose e que não existe poluição, o que existe é envenenamento. Essa poluição a qual estamos sendo submetidos deveria ser considerada um problema de saúde pública mundial. Entretanto, é negligenciada até mesmo por nos médicos, afinal há poucos estudos sobre disrupção endócrina, carcinogênese oriunda de agrotóxicos e metais tóxicos...doenças neurodegenerativas e sua correlação com poluentes orgânicos persistentes (POPs) e metais tóxicos. Uma das poucas sociedades médicas que estudam esses efeitos é a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), com a campanha sobre Disruptores endócrinos. Além disso lançou um Guia dos Disruptores endócrinos. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) também tem um posicionamento acerca dos agrotóxicos e provável carcinogênese.


E o que podemos fazer para tentar minimizar esse impacto na nossa saúde?
  • Jogue lixo no lixo
  • Separe os lixos e recicle.
  • Ajude a educar e conscientizar próximas gerações.
  • Defenda o meio ambiente (todos os biomas em especial o cerrado, o berço das nossas águas).
  • Dê preferência por uma alimentação mais "limpa".
  • Compre de produtores locais e de preferência orgânicos.
  • Durma bem, afinal sono = qualidade de vida.
  • Não tenha muito tecido adiposo, a cascata que ele gera vai muito além de bioquímica.
  • Pratique atividade física pois ela é adjuvante no nosso processo de destoxificação.
  • Exponha-se ao sol.
  • Tenha contato com a natureza.
  • E lembre-se que tudo está integrado.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Poluentes orgânicos podem afetar os níveis estresse

Segundo uma nova pesquisa, poluentes orgânicos persistentes (POPs), como o PCB, afetam a maneira como o córtex adrenal funciona e,portanto, afetam a síntese do hormônio do estresse, cortisol.

Os POPs são amplamente encontrados na natureza e todos os animais e seres humanos estão expostos a eles no dia a dia, principalmente através dos alimentos. Recentemente, tem havido grandes preocupações quanto à capacidade potencial destes poluentes de afetar o equilíbrio hormonal do corpo.

O novo estudo tenta compreender como a exposição a esses poluentes durante fases iniciais da vida interfere nos níveis hormonais e, portanto, podem causar danos à saúde mais tarde. Os pesquisadores também estudaram como a produção de hormônios, como o cortisol e hormônios sexuais, são afetadas pelas misturas ambientais de POPs extraídas de peixes.

O cortisol tem um papel importante no desenvolvimento fetal normal e, mais tarde na vida, na retenção de funções normais do corpo durante períodos de estresse. Até hoje, menos pesquisas foram realizadas sobre o efeito dos POPs sobre os níveis de cortisol do que sobre os hormônios sexuais.

O estudo revela que a exposição à PCBs durante a vida fetal e o período de amamentação causa níveis alterados de cortisol no sangue de fetos e animais adultos. Isso indica que a exposição a estes poluentes durante as fases iniciais da vida pode ter consequências a longo prazo.

As descobertas são importantes porque a alteração do equilíbrio de cortisol durante a infância pode levar a uma predisposição a desenvolver várias doenças na idade adulta, como diabetes e doenças cardiovasculares.

O conhecimento sobre como funcionam e agem os diferentes POPs é importante para a avaliação dos riscos para a saúde humana.

Os pesquisadores utilizaram células produtoras de hormônios em seu estudo. Uma mistura POP extraída de peixes de um lago norueguês, com altos níveis de “retardadores de chama bromados”, não era mais potente quanto ao aumento da síntese de hormônios do que uma mistura de peixe similar de outro lago, com níveis significativamente inferiores.

Outra mistura POP extraída de fígado de bacalhau cru também teve um efeito pronunciado sobre a síntese dos hormônios cortisol e do sexo, enquanto uma mistura de óleo de fígado de bacalhau, tratado comercialmente e frequentemente consumida como suplemento dietético, tinha apenas efeitos limitados.

A conclusão da pesquisa é que a síntese de cortisol parece ser um alvo sensível para os poluentes, e que esforços devem ser feitos para descobrir até que ponto isso pode ameaçar a saúde humana e animal.

Fonte: http://www.sciencedaily.com/releases/2010/12/101228103328.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily+%28ScienceDaily%3A+Latest+Science+News%29&utm_content=Google+Reader

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Mensagem de fim de ano

Mais um ano se encerra... Dia 13 de Janeiro de 2016 esse blog completará exatos 5 anos. Engraçado como despretensiosamente o comecei e hoje ele virou motivo de orgulho pra mim. Recebo cerca de 1500 a 2000 visitas por dia e com isso sei que estou mudando influenciando a vida de várias pessoas. Mas como isso?

  1. Muitos deixaram de cair em falácias, graças às informações de qualidade que posto semanalmente (ao menos tento).
  2. Muitos perceberam que estavam seguindo tratamentos sem o respaldo das maiores autoridades em endocrinologia no mundo (hCG, hGH, Iodo) e deixaram de seguir.  
  3. Muitos questionaram seus médicos a respeito de algumas condutas, baseado em textos por mim escritos ou pelo grupo ao qual ajudei a fundar (Desconstruindo mitos em saúde, uma equipe sensacional e qualificada). Brinco que daqui uns dias eu viro referência bibliográfica. (LOBO, et al rs). 
  4. Muitos deixaram de gastar rios dinheiro com produtos (alimentos, exames, etç) sem evidências científicas.
  5. Muitos pararam de viver em um grande terrorismo nutricional diário (glúten, leite, canola, óleo de coco) que assola o nosso país, e buscaram ter uma alimentação variada, de qualidade e sem restrições infundadas. 
  6. Muitos trocaram os alimentos convencionais por orgânicos, não porque orgânicos são mais nutritivos, mas porque não possuem veneno. 
  7. Muitos descobriram que sono é qualidade de vida, procuraram dormir mais cedo. 
  8. Muitos buscaram auxílio de médicos e nutricionais ao invés de seguir as dicas de blogueiras. 
  9. Muitos decidiram abandonar o sedentarismo e começaram a praticar alguma atividade física. 
  10. Muitos deixaram comentários e foram respondidos. Outros deixaram ofensas por discordarem das minhas idéias, para esses o meu "Só lamento !".
  11. Muitos pediram indicação de profissionais em suas cidades e eu indiquei sempre que conhecia. E muitos escreveram para agradecer a indicação, pois adoraram meus amigos. 
  12. Muitos quiseram consultar comigo, agendaram, dei o meu melhor no atendimento, hoje não são apenas seguidores do blog, mas também pacientes do Dr. Frederico Lobo. 
  13. Muitos sugeriram que eu escrevesse sobre determinados temas e assim o fiz.
  14. Muitos tiveram gratidão por informações aqui encontradas. Dinheiro nenhum no mundo paga a satisfação que tenho em saber que pude ser útil a alguém que nunca vi. 


Minha gratidão a todos que me acompanharam nesses 5 anos. Aos que me estimularam a estudar, aos que me questionaram, aos que me elogiaram e aos que são fiéis seguidores. Esse blog é para vocês.

Abaixo uma prescrição minha para todos vocês.




sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Hipertensão e Sal


O sal é um composto químico natural e abundante na Terra. É constituído de Cloro (Cl) e Sódio (Na) que ao se unirem formam o Cloreto de sódio (NaCl). Na mistural de Na com Cl 40% corresponde ao Sódio e 60% de cloreto. Logo, 1g de Sal tem 0,4g de Sódio e 0,6g de Cloreto.

Existe basicamente 2 tipos de sal:
1) Sal marinho: é extraído através da evaporação da água do mar,
2) Sal de rocha também conhecido como sal-gema: é retirado das minas subterrâneas que são resultantes de mares e lagos antigos que secaram.

Apesar da abundância hoje conhecida, durante muitos séculos o sal foi considerado muito precioso, principalmente pela sua ação de preservar os alimentos. Já foi denominado ouro branco.

Os Gregos e Romanos, utilizavam o sal como moeda para suas compras e vendas e com este condimento os romanos eram pagos, por isso surgiu a palavra salário que deriva de sal. Foi também considerado um artigo de luxo e só os mais ricos tinham acesso a ele.

O sal em seu estado puro consiste de cloreto de sódio e é encontrado em grande quantidade na natureza, em alguns casos são adicionados a ele substâncias ou temperos para o seu uso culinário.

O Sal de cozinha, de mesa ou refinado: é o mais comum e também mais usado para preparar os alimentos; neste sal pelas leis brasileiras deve-se adicionar o mineral iodo para evitar o bócio, devido o nosso solo ser pobre em Iodo.

Tipos de sal

Sal marinho: Existem diversos tipos, dependendo da procedência e a cor de seus cristais pode variar. Muito usado na cozinha macrobiótica.

Sal grosso: Não refinado, apresenta-se na forma em que sai da salina. Na culinária é comumente usado em churrasco, assados de forno e peixes curtidos.

Sal light: seu teor de sódio é reduzido, sendo fruto da mistura de partes iguais de cloreto de sódio e cloreto de potássio. É ideal para pessoas em dietas com restrição ao sal .

Sal kosher: Este sal contém cristais grossos e irregulares que tanto pode ser extraído de mina ou do mar , desde que seja sob supervisão de rabinos. Sendo sua granulação mais grossa, tem a preferência dos chefes de cozinha, porque adere com muito mais facilidade a superfície das carnes.

Sal de Guérande: Considerado como o melhor do mundo este sal tem sua produção artesanal. Extraído da cidade de Guérande, região da Grã-Bretanha, França, torna-se um condimento caro.

Sal defumado: Tem sabor e aroma próprios que dão um toque especial às preparações.

Sal de aipo: É um sal de mesa misturado com grãos de aipo secos e moídos . É utilizado para dar melhor sabor aos grelhados de peixes, carnes e caldos consommés.

Gersal: Também muito utilizado na cozinha macrobiótica. É um sal misturado com sementes de gergelim tostadas e amassadas.

Dose máxima diária de Sal

O mínimo de Sal necessário para o homem é 1,2g/dia. Em 2005 a Organização Mundial de Saúde preconizou que a dose máxima diária de Sal (prestem atenção = NaCl e não apenas o Sódio isoladamente) seria de 5 gramas por dia (5g/dia), o que em medidas caseiras corresponde e aproximadamente 1 colher de café cheia. Portanto se em 1grama temos 0,4g de Sócio, em 5 gramas temos (+- 1colher de café) 2gramas de sódio. Logo o máximo a ser consumido de Sódio por dia é 2gramas/dia.

Em novembro de 2010 o Governo Brasileiro divulgou um acordo com a indústria para a redução do teor de sódio (e de glicose) dos produtos alimentícios. A redução deverá ser gradativa a fim de que os brasileiros não estranhem. Portanto, segundo o acordo, até 2020 os alimentos industrializados do Brasil deverão ter 50% menos sódio que hoje em dia. Estudos mostram que o brasileiro ingere em média 10g/dia.

Na época José Gomes Temporão (ministro da saúde) afirmou “ A redução do teor de sal é um novo desafio. O consumo excessivo pode causar, a longo prazo, problemas de saúde pública como hipertensão arterial sistêmica (HAS), entre outros. Entregamos à Abia um documento técnico com prioridades para a redução. Haverá agora o desenvolvimento de um trabalho técnico, com estabelecimento de metas, para que esse trabalho continue avançando. Estudos apontam que a redução de 3 gramas no consumo diário de sal levaria a uma redução de 13% nos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e 10% nas doenças isquêmicas do coração".

Redução de 6 gramas para 5 gramas por dia de Sal

As novas diretrizes brasileiras de hipertensão (elaborada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia), publicadas em 2010 (disponível aqui) afirmam que:

1 - "Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com elevação da Pressão arterial (PA). A população brasileira apresenta um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em contrapartida, em populações com dieta pobre em sal, como os índios brasileiros Yanomami, não foram encontrados casos de HAS. Por outro lado, o efeito hipotensor da restrição de sódio tem sido demonstrado".

2 - "A relação entre PA e a quantidade de sódio ingerido é heterogênea. Esse fenômeno é conhecido como sensibilidade ao sal. Indivíduos normotensos com elevada sensibilidade à ingestão de sal apresentaram incidência cinco vezes maior de HAS, em 15 anos, do que aqueles com baixa sensibilidade. Alguns trabalhos demonstraram que o peso do indivíduo ao nascer tem relação inversa com a sensibilidade ao sal e está diretamente relacionado com o ritmo de filtração glomerular e HAS na idade adulta".

3 - "Uma dieta com baixo teor de sódio promoveu rápida e importante redução de PA em hipertensos resistentes. Apesar das diferenças individuais de sensibilidade, mesmo modestas reduções na quantidade de sal são, em geral, eficientes em reduzir a PA. Tais evidências reforçam a necessidade de orientação a hipertensos e “limítrofes” quanto aos benefícios da redução de sódio na dieta. A necessidade diária de sódio para os seres humanos é a contida em 5 g de cloreto de sódio ou sal de cozinha. O consumo médio do brasileiro corresponde ao dobro do recomendado.Dieta hipossódica: grau de recomendação IIb e nível de evidência B".

Portanto, as sociedades brasileiras de nefrologia, cardiologia e hipertensão adotaram a redução de 6 gramas para 5 gramas de Sal por dia. O mesmo limite adotado pela Organização mundial de Saúde (OMS) em 2005.

A redução em 1g pode parecer ínfima mas tem um grande impacto em saúde pública. Segundo um estudo publicado em Fevereiro de 2010 na maior revista científica do mundo (The New England Journal of Medicine), mostrou que a redução 6 para 5g/dia evita 10% das mortes por doenças cardiovasculares, sobretudo infarto e derrame. O que representa, em termos globais, em torno de 1 milhão de vidas salvas anualmente. Para hipertensos há um aumento de 4 anos na expectativa.

Segundo Marcus Bolívar Malachias (presidente da sociedade Brasileira de Cardiologia) "Os benefícios aumentam proporcionalmente à quantidade reduzida".

Sal e hipertensão arterial

O sal começou a aparecer nas diretrizes médicas a partir dos anos 80, quando a Associação Americana do Coração relacionou o consumo excessivo do mineral a um aumento nos riscos de hipertensão, doença responsável por 54% das mortes por derrame e 47% dos óbitos por infarto.

Descobriu-se que, depois da genética, o excesso de sal é o fator de maior influência para a pressão alta. Quando em excesso, além de ter ação vasoconstritora, o mineral aumenta o volume de sangue circulante pelas artérias, agredindo a parede dos vasos. A lesão, por sua vez, facilita o depósito de gorduras e reduz a síntese de substâncias vasodilatadoras. Com isso, as artérias enrijecem e têm seu calibre diminuído. A PA portanto aumenta.

O ideal é que ela não ultrapasse a marca dos 120 por 80. O número 120 corresponde a pressão máxima ou sistólica e equivale à força do fluxo de sangue contra a parede dos vasos, quando o músculo cardíaco se contrai e bombeia sangue para o resto do organismo. Já o 80 corresponde à pressão diastólica ou mínima, refere-se à medição no momento em que o coração relaxa e se enche de sangue.
Quando a sistólica ultrapassa 140 e a diastólica 90 o quadro é de hipertensão.

No Brasil, 30% dos adultos estão doentes – o que representa cerca de 30 milhões de homens e mulheres. Em oito de cada dez desses casos, a hipertensão é produto de uma combinação de múltiplos fatores – e o consumo excessivo de sal é um aspecto preponderante entre diversos fatores de risco (obesidade, sedentarismo e stress).

Portanto, faz-se necessário controlar a ingesta de Sal.

Abaixo algumas das orientações que faço aos meus pacientes hipertensos:

1 - Use o mínimo de sal no preparo dos alimentos, no começo pode-se estranhar o sabor, porém depois acostuma-se:
Dica: Substitua por temperos naturais como: salsinha, cebola, orégano etç. Sabe-se que uma das melhores maneiras de controlar a hipertensão (pressão alta) e a retenção de líquidos (inchaço, edema) é reduzir o consumo de sal.
O sódio é um elemento químico que faz parte da composição do "sal de cozinha" (cloreto de sódio). O sal é a maior fonte de sódio, mas este também é encontrado em diversos alimentos.
Abaixo, listo os alimentos (na maioria das vezes industrializados) que são ricos em sódio:
  • Carnes processadas e embutidos: presunto, mortadela, copa, bacon, paio, salsicha, lingüiça, salaminho e salame, carne seca, chouriço, etc.
  • Aves processadas: nuggets de frango, por exemplo.
  • Queijos amarelos: parmesão, prato, provolone, cheddar, suíço, roquefort.
  • Bolos prontos, arroz de preparo rápido, patês.
  • Alimentos enlatados e conservas: aspargos, milho, ervilha, azeitona, palmito, picles, alcaparras. Além do excesso de sal, possuem conservantes. Uma alternativa é deixa-los de molho em duas águas antes de consumí-los.
  • Biscoitos salgadinhos, bolacha de água e sal, etc.
  • Manteiga ou margarina com sal.
  • Macarrão instantâneo, sopas em pó.
  • Temperos e molhos industrializados: caldos concentrados e extratos de carne/frango/legumes, temperos prontos (Arisco, Sazon, Ajinomoto, etc), catchup, mostarda, maionese, molho de soja (shoyo), molho inglês, molhos de salada, extrato e molho e tomate. Todos são ricos em sódio porém nosso paladar não percebe. O mesmo acontece com os refrigerantes ditos Diet ou Light, na maioria das vezes possuem alto teor de Sódio.
ATENÇÃO para o RÓTULO dos alimentos.
Existem nos mercados produtos chamados "substitutos do sal" (como o sal light). Entretanto, a maioria deles substitui o sódio por potássio e, portanto, não devem ser usados por pacientes com problemas renais.

Uma dúvida freqüente dos meus pacientes é com relação ao que fazer no restaurante. Dicas:
  • Dar preferência a alimentos frescos, que possuem menos sal que os produtos de laticínios (se possível orgânicos);
  • Evitar pratos e molhos com queijo (apesar do cálcio promover relaxamento das artérias);
  • Escolher carnes grelhadas ou assadas; evitar frituras e carnes com molhos;
  • Pedir ao garçom que os alimentos sejam preparados sem sal;
  • Em caso de saladas, pedir o molho separadamente; dar preferência ao vinagre (ou limão) e azeite.
  • Faça uso de ervas no preparo dos alimentos; prepare uma mistura de temperos que mais lhe agrada e coloque-os moídos em um recipiente (tipo saleiro, com buracos maiores), para ser usado à mesa. Tais temperos podem ser encontrados em casas de produtos naturais. Utilizo um chamado Tempero Terapêutico e que contém diversas ervas e especiarias.

2 - Evite acrescentar sal aos alimentos já prontos e para isso a única saída é retirar o saleiro da mesa. Lembre-se que para hipertensos a dose máxima diária é de 5g (ou seja, 1 colher de café)

3 - O Sal marinho possui vários minerais que são retirados durante o refinamento. Portanto use o sal marinho ao invés do sal refinado.

4 – Um agente causador freqüente de hipertensão é o estresse emocional. As causas do estresse podem variar de acordo com o indivíduo. O melhor a fazer é se possível, identificar o motivo gerador da tensão e eliminá-lo. Na impossibilidade, deve-se procurar encarar a situação com mais leveza e fazer psicoterapia, meditação transcendetal, atividades que promovam relaxamento mental.

5 - Evite carnes salgadas como carne seca, carne de sol salgada, bacalhau e defumados.

6 - Evite aditivos: glutamato monossódico utilizado em alguns condimentos e em sopas instantâneas, além de terem sal, causam excitação cerebral.

7 – Alimentos ricos em cálcio são essenciais para a diminuição da pressão, mas não pense que somente o leite é rico em cálcio (lembre-se que o Leite também tem sódio). Outras fontes boas de cálcio e que devem ser consumidas diariamente são: Brócolis, espinafre, couve crua, ovos cozidos, gergelim, tofu, levedo de cerveja, castanhas.

8 – Alimentos ricos em potássio também são essenciais para a diminuição da pressão. A cada 100gramas desses alimentos você encontrará:
  • Ameixa seca (616mg);
  • Amendoim torrado sem sal (740mg);
  • Banana (370mg);
  • Batatas (400mg),
  • Uva passa (842mg);
  • Chicória (519mg),
  • Cogumelos (669mg);
  • Couve (400mg),
  • Damasco seco (1179mg),
  • Ervilhas verdes e vagem (937mg);
  • Feijão azuki (1300mg),
  • Polpa de tomate (88mg),
  • Soja (800mg).
9 – O magnésio é um dos minerais mais abundantes em nosso planeta e está envolvido no mecanismo de relaxamente dos vasos e com isso diminuição da pressão arterial. Na minha prática clínica percebo que a maioria dos meus pacientes apresentam deficiência de magnésio e respondem bem à reposição. Tal deficiência se deve a três fatores principais:
  • Na manipulação de alimentos (refino) mais de 80% do Magnésio é perdido devido a remoção do gérmen e das camadas externas dos grãos,
  • O solo brasileiro é naturalmente pobre em Magnésio e com a monocultura praticada por séculos o teor ficou ainda menor. Inúmeros estudos demonstraram que locais onde o solo é pobre em magnésio a incidência de hipertensão arterial e doenças cardíacas é maior. Além disso um estudo Finlandês mostrou que a suplementação de Magnésio na água sob a forma e um sal evidenciou redução na incidência de doenças cardíacas.
  • O terceiro fator é a  ingesta de alimentos refinados e com alto índice glicêmico. Alimentos com índice glicêmico elevado solicitam uma maior quantidade de insulina. Para que a insulina se ligue ao receptor e  promova a entrada de glicose na célula, utiliza-se além de outros minerais o magnésio, logo uma dieta rica em carboidratos, "manda muito magnésio embora".
O magnésio está envolvido em mais de 300 reações metabólicos essenciais. As principais fontes de magnésio são:
  • Grãos integrais (aveia, arroz integral, trigo integral, farelo de milho e de arroz),
  • Nozes e sementes secas: sementes de abóbora, girassol (torrada), gergelim. Amêndoas, castanhas, amendoim, pistache, soja, nozes
  • Frutas: banana, abacate,
  • Verduras e legumes: folha de beterraba, beterraba, grão-de-bico, figo seco, feijão, ervilha, mandioca (raiz), lentilhas, quiabo, batata com casca, fécula de batata, figo (seco), uva passa, algas marinhas, soja, espinafres, couve.
  • Ostras, soja e seus derivados, rapadura (ocasionalmente)

10 – Uma dieta rica em alimentos que contenham ômega 3 pode ajudar a reduzir a pressão arterial. Onde você encontrará }ômega 3 ? Em peixes como truta, salmão e cavala. Outras fontes ricas são: nozes, semente de linhaça dourada (deve ser usada diariamente). O ômega 3 já foi associado a um melhor desenvolvimento cerebral e a um baixo risco de desenvolvimento de câncer e de doenças cardíacas.

11 – Se você gosta de chocolate, uma boa notícia, alguns estudos mostram quem chocolate com mais de 70% de cacau, podem auxiliar na redução da pressão. Mas cuidado com o açúcar e lactose. Não ultrapassar 30g/dia.

12 – Diminua o consumo de bebidas alcoólicas, pois elas aumentam a diurese, podendo posteriormente aumentar a pressão arterial. Por isso, os homens não devem ultrapassar o limite diário de 60 mililitros de bebidas destiladas (uísque, vodca, aguardente etc.), ou 240 mililitros de vinho, ou 720 mililitros de cerveja (2 latinhas/dia). As mulheres e os indivíduos de baixo peso devem limitar a ingestão de álcool à metade da quantidade permitida aos homens. Se você não consegue se enquadrar nesses limites, sugere-se a abstenção de bebidas alcoólicas, pois, além de fazer subir a pressão, o álcool é uma das causas de resistência ao tratamento anti-hipertensivo, causando gastrite, problemas no fígado, no coração e no cérebro, sem contar os problemas sociais provocados pela bebida.

13 - Procure manter-se em seu peso ideal. O excesso de peso também aumenta consideravelmente o risco de hipertensão, um famoso estudo ( Framingham) demonstrou que em pacientes obeso, a incidência de hipertensão era 8 vezes maior. Estimou-se que para cada 1kg acima do peso ideal, a pressão eleva-se 1mmHg.

14 - Pratique um exercício físico, pois eles ajudam a diminuir a pressão arterial. Se possível sempre deve ser realizado sob supervisão. A assiduidade é um fator importante, caso não exista contra-indicação, faça atividade física diariamente. O seu coração agradece.

15 – O tabagismo é o mais importante fator de risco, passível de prevenção, para as doenças cardiovasculares, sendo responsável por um em cada seis óbitos. A nicotina aumenta a pressão arterial e acelera a progressão da aterosclerose que pode gerar infarto ou derrame (depósito de gorduras nas paredes das artérias). Portanto, abandonar o tabagismo deve ser a primeira providência do hipertenso. Além disso, o cigarro aumenta o risco de trombose, câncer de pulmão, mama, próstata, intestino, boca e diminui a elasticidade da pele favorecendo o envelhecimento.

16 - Antes de vir à consulta médica, evite: Beber café, coca-cola ou estar com a bexiga cheia. Podem ocasionar um aumento da pressão.

17 - Lembre-se que a hipertensão é a doença que mais mata em todo o mundo, devido as suas conseqüências. Ela atinge quase todos os órgãos do corpo:
a) Coração: infarto, insuficiência cardíaca
b) Olhos: cegueira
c) Cérebro: derrame, diminuição da inteligência e memória
d) Rins: Insuficiência renal crônica evoluindo para necessidade de hemodiálise ou transplante renal
e) Membros inferiores: Trombose

18 - Use corretamente os medicamentos prescritos pelo médico e tenha consigo anotado o nome, dosagem e como foi orientado a usar.

19 - Cuidado com os antiinflamatórios pois eles podem aumentar a sua pressão, quando algum médico receitar um antiinflamatório sempre diga que é portador de hipertensão. Exemplos de Antiinflamatórios: Diclofenaco, AAS, Nimesulida, Piroxicam, Meloxicam, Ibruprofeno.

20 – Ufa, quantas orientações, agora pode dormir, pois diversos estudos mostram que pacientes com insônia ou outros distúrbios do sono tendem a ter pressão arterial mais alta. Uma boa noite de sono, além de reparadora auxilia a diminuir o nível de estresse, eleva a produção de substâncias que diminuem a tensão nos vasos sanguíneos e com isso favorece uma melhora na pressão arterial. Então DURMA!


terça-feira, 15 de novembro de 2022

Sal rosa do Himalaya - Quebrando mitos e te ajudando a encomomizar

Frequentemente vemos pacientes contando que estão utilizando o sal do Himalayaa. Qual a minha opinião? Uma perda de dinheiro. Pagar 100 vezes em 300g de sal, sendo que não existe nenhum tipo de vantagem ? Vá comprar comida de verdade (orgânica de preferência e de produtores locais) que você ganha mais saúde. Mas porque pensamos assim? É achismo, implicância com as pedrinhas rosa ou temos alguma base científica para afirmar isso ?

Desde 2008 estamos buscando artigos sobre o tema. Passaram-se CATORZE anos e até agora, não encontramos NENHUM artigo na Pubmed mostrando vantagens em se consumir o tal sal do Himalaia. 

O que estão em jogo aqui não é achismo (-Ah mas comigo eu usei e gostei), somos médicos, alguns pesquisadores com mestrado e doutorado e o que estamos buscando são evidências científicas. É injusto fazer terrorismo nutricional com a população. Pessoas que tem um orçamento limitado e acabam acreditando que tem obrigação de comprar Sal do Himalaia pois alguns profissionais vendem a ideia de que é mais saudável.

Enfim, compramos o bendito, fizemos uso e não vimos diferença alguma.

Mas será que esses sais diferentes são mais saudáveis ? 

No mercado temos o sal marinho, sal de cozinha refinado e iodado, sal kosher, sal aromatizado, fleur de sel (flor do sal ou sal cinza), Hiwa Kai, sal negro, Hawaiian Sea Salt, Kala Namak, “sal orgânico” e o famoso sal rosa do Himalaia. Todos são o mesmo produto: cloreto de sódio. Apenas as quantidades ínfimas (traços) de minerais variam de um para outro. Primeira ilusão de quem consome esse sal. Não há minas de sal no Himalaia. Como diz a culinarista Pat Feldman "é sal demais para "Himalaia de menos". As maiores minas de "sal do Himalaia" ficam no Paquistão, a quase 500 km do Himalaia.

Uma dúvida, o sal rosa do Himalaia é tão puro que não recebe iodação, sendo comercializado sem iodo ? Mas se isso é uma política de saúde pública e a falta de iodação pode gerar repercussões metabólicas, o consumo do mesmo estaria ligado a um maior risco de deficiência de iodo? 

Há alguns produtos com o nome Sal do Himalaia que é iodado, mas os importados não são. O sal de mesa (o tão mal falado sal refinado) é enriquecido com iodo e é uma forma altamente eficaz para prevenir a deficiência de iodo (que pode levar ao bócio, um aumento do volume da glândula tireóide). A política de saúde pública (que consiste na iodação do sal) acaba prevenindo o bócio por déficit de Iodo, tão comum em décadas passadas, no interior do Brasil.

A maior desculpa apresentada para se propagar os benefícios com o uso do sal do Himalaia é que ele contém 84 minerais traços e esses promovem saúde e bem-estar. Existe um site interessantíssimo que seguimos: https://www.sciencebasedmedicine.org que visa desvendar alguns mitos. Recentemente postaram sobre o sal do Himalaia e provaram que não há UM único estudo comparando o sal do Himalaiaa com os demais.

Mas suponhamos que esses 84 minerais presentes realmente estejam na composição. Isso justificaria a sua utilização ? Não. São traços, ou seja, quantidades tão ínfimas que você adquire consumindo 200ml de água natural.

Não há nenhuma evidência publicada em revistas ou jornais ligados a área, mostrando que a substituição de sal branco por sal do Himalaya traga benefícios para a saúde. Na lista de minerais citados, você notará que uma série deles são radioativos, como Rádio, Urânio e Polônio. Também compõem a lista, minerais tóxicos, como o Tálio. Seria arriscado então consumir Sal do Himalaya ? Não, já que são traços, ou seja, quantidades ínfimas. Uma pergunta inversa aos defensores do seu uso: então se os vestígios de 84 minerais presentes são benéficos, porque não acreditar que os vestígios de minerais radioativos e tóxicos possam ser prejudiciais?

O site fluoridedetective.com alerta que a análise do sal extraído da maior mina de "sal do Himalaya" do mundo, no Paquistão, demonstrou concentração gigantesca de flúor, de 231 ppm (231mg de fluor por quilo de sal). http://www.poisonfluoride.com/pfpc/html/analysis.html E isso é arriscado, ou seja, já temos evidências de que o seu uso tenha potencial efeito tóxico.

Resumindo: a alegação de que sal rosa do Himalaya contém 84 minerais pode ATÉ ser verdade, mas a alegação de que “promove a saúde e bem-estar” é falsa até que se prove o contrário, com estudos clínicos.

Enquanto esperamos por evidências, continuaremos utilizando o sal marinho iodado. Pelo menos sabemos que eles não contém urânio.

Caso nos perguntem qual sal ideal? O sal refinado é puramente Cloreto de Sódio com iodo, sem traços de outros minerais. O sal marinho por não ser refinado, mantém alguns traços de minerais. A questão é: traços de minerais terão impacto na nossa saúde ? Não, pois a quantidade que utilizamos é ínfima.

O que devemos adotar é uma dieta saudável, com mais alimentos in natura e menos alimentos processados. Dar preferência a vegetais (folhagens, legumes, leguminosas, cereais integrais) orgânicos, beber basta água filtrada, praticar atividade física regularmente, ter contato com a natureza, dormir bem, manter os pensamentos em ordem e cultivar bons sentimentos. Isso é infinitamente superior que qualquer traço de minerais.

Assinam o post acima os seguintes perfis no instagram:

Dr. Frederico Lobo (Médico Nutrólogo de Goiânia/Joinville) @drfredericolobo

Dra. Tatiana Abrão (endocrinologista e nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,

Dr. Daniella Costa (nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,

Atualização: 30/05/2017

A USP fez uma análise e não achou superioridade no consumo do Sal Rosa, segundo as pesquisadoras do Laboratório de Alimentos da USP. “Em 1g de sal você tem 400 mg de sódio, no sal refinado. Nos gourmets, tem 312 mg, 360 mg, varia inclusive entre eles, mas não passa, não é abaixo de 300 mg”, explicou a pesquisadora Eliana Bistriche Giutini. 


Um estudo de 2010 analisou 45 tipos de sal e o brasiliense João Gabriel Marques, nutricionista e mestre em Nutrição Humana pela Universidade de Brasília (UnB) analisou o estudo, criando até uma tabela para fins comparativos. 


Considerando os 45 tipos de sal avaliados, ficaremos apenas com aqueles mais interessantes para a nossa análise, ou seja, aqueles mais facilmente encontrados para consumo: sal refinado, sal marinho*, sal grosso e sal rosa do Himalaia. *O sal marinho escolhido, a partir das diversas opções de sal marinho do estudo, foi o que pode ser obtido a partir do Oceano Atlântico (litoral brasileiro).

Para facilitar a visualização, montei uma tabela com a concentração dos minerais avaliados pelo estudo: cálcio, potássio, magnésio, ferro, zinco e sódio. Além disso, coloquei, na última coluna, os valores de referência de ingestão (DRIs) — para mulheres jovens adultas* — de cada um desses nutrientes.

*Escolhi os valores para mulheres jovens adultas porque eles são iguais ou inferiores aos de homens, idosos ou gestantes; a única exceção foi o ferro, que possui valor de referência mais baixo para homens do que para mulheres (8 x 18 mg). Assim, essas escolhas foram determinadas para que houvesse a possibilidade de a ingestão desses minerais, a partir dos sais, pudesse ser minimamente importante pelo menos para o grupo populacional com as menores necessidades absolutas de minerais.

Todos os minerais abaixo estão representados em miligramas (mg) e referem-se à quantidade presente em 10 g de sal, que é próxima à média de ingestão diária da população brasileira:

É possível perceber, claramente, que o consumo de nenhum sal, nem mesmo o rosa do Himalaia, nem mesmo o azul de Urano, representará uma fonte expressiva de minerais — com exceção do sódio, é claro. 

A concentração de minerais no sal rosa é bastante superior à dos demais sais? Sim, chegando a ser 300% superior para o cálcio e mais de 7400% superior para o magnésio, por exemplo, quando comparada à do sal refinado. Mas de que adianta se, na prática, essas quantidades de minerais encontradas no sal rosa ainda são muito pequenas em relação às necessidades diárias? Nada. 

Considerando nossas necessidades nutricionais, o mineral mais importante no sal rosa seria o ferro. Mesmo assim, a ingestão de 10 g/dia desse tipo de sal não seria capaz de suprir nem 5% das recomendações de ferro. Além disso, diferentemente do que algumas pessoas dizem e do que alguns sites informam, o sal rosa do Himalaia não possui menor concentração de sódio quando comparado ao sal refinado. E sódio à parte, nenhum sal será uma fonte minimamente importante de minerais. Além desse artigo científico que analisamos, existe também um site em inglês que apresenta a concentração de todos os minerais que supostamente são encontrados no sal rosa. 

Porém, como o site não diz muito bem como esses dados foram obtidos, não é possível afirmar que essas informações são confiáveis. Mesmo assim, se alguém quiser confirmar que o sal rosa não se configura como uma fonte importante de nenhum desses nutrientes, basta comparar os minerais apresentados pelo site às necessidades nutricionais de cada mineral segundo as DRIs.

ATUALIZAÇÃO: 06/12/2021

Um grupo de estudos aqui da Universidade Federal de Goiás publicou um artigo  comparando os efeitos do Sal Rosa versus sal de mesa comum sobre a pressão arterial.

O sal do Himalaia (SH) tornou-se uma alternativa popular para o sal de mesa (SM) devido às suas alegações de benefícios à saúde, principalmente para indivíduos com hipertensão arterial. Porém, apesar do aumento do consumo de SH, ainda faltam evidências clínicas que sustentem a recomendação de seu consumo por profissionais de saúde. 

Objetivo do trabalho: Este estudo teve como objetivo comparar o impacto da ingestão de SH e SM sobre a pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e concentração de sódio urinário em indivíduos com PA. 

Metodologia do trabalho: Este estudo recrutou 17 pacientes do sexo feminino com hipertensão arterial que comiam fora de casa no máximo uma vez por semana. Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos, para receber e consumir SH ou SM. Antes e depois de cada intervenção, os participantes tiveram sua pressão arterial medida e urina coletada para análise mineral. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Resultados: Não houve diferenças estatisticamente significativas antes e depois da intervenção SH para PAD (70 mmHg vs. 68,5 mmHg; p = 0,977), PAS (118,5 mmHg vs. 117,5 mmHg; p = 0,932) e concentração urinária de sódio (151 mEq / 24h vs. 159 mEq / 24; p = 0,875). Além disso, a análise entre os grupos não mostrou diferenças significativas após a intervenção em relação a PAS (117 mmHg vs 119 mmHg; p = 0,908), PAD (68,5 mmHg vs 71 mmHg; p = 0,645) ou concentração urinária de sódio (159 mEq / 24h vs 155 mEq / 24h; p = 0,734).

Conclusão: Este estudo sugere que não há diferenças significativas no impacto do consumo de SH em relação ao SM na PA e concentração urinária de sódio em indivíduos com hipertensão arterial. A troca de um pelo outro não foi uma medida eficaz a ponto de alterar a pressão arterial.

Além disso, o sal do Himalaia utilizado custou 30x mais que o sal de mesa. Também observamos o sal do Himalaia liberado para comercialização no Brasil e utilizado no estudo, tem 6x menos iodo que o sal comum. O que significa? Risco de bócio na população exposta ao uso à longo prazo pois todo sal do Brasil é acrescido de Iodo como medida de saúde pública.

Palavras-chave: Pressão Arterial; Hipertensão; Doenças Cardiovasculares; Fatores de Risco; Cloreto de Sódio; Sódio na Dieta; Urinalise.

sexta-feira, 24 de março de 2023

30 motivos para se fazer caridade e 30 formas de se fazer caridade.


Tempos atrás preparei um post sobre caridade (https://www.ecologiamedica.net/2022/05/instituicoes-de-caridade-goiania.html?m=0) . Lugares para se fazer caridade em Goiânia etç... então resolvi perguntar pro ChatGTP 30 motivos para se fazer caridade e 30 formas de se praticar a caridade... mas o CHATGTP só forneceu 29 e algumas desconexas. Mas vamos lá:

 Aqui estão 30 motivos para se fazer caridade no Brasil:
  1. Contribuir para a redução da desigualdade social e econômica no país.
  2. Ajudar a combater a fome e a pobreza, que ainda afetam milhões de brasileiros.
  3. Proporcionar acesso à educação, saúde e outros direitos básicos a pessoas em situação de vulnerabilidade.
  4. Ajudar a promover a inclusão social de grupos marginalizados, como pessoas com deficiência e LGBT.
  5. Contribuir para a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais do país.
  6. Apoiar a cultura local e regional, por meio do patrocínio a projetos culturais.
  7. Ajudar a combater a violência e a criminalidade, por meio de projetos de segurança comunitária.
  8. Proporcionar oportunidades de trabalho e renda para pessoas em situação de desemprego.
  9. Apoiar projetos de habitação popular e de combate à moradia precária.
  10. Ajudar a combater a discriminação e o preconceito, por meio de projetos de educação e conscientização.
  11. Promover o voluntariado e a participação cívica na sociedade.
  12. Fomentar o desenvolvimento econômico e social de regiões menos favorecidas do país.
  13. Apoiar projetos de desenvolvimento sustentável, como a agricultura familiar e a produção de alimentos orgânicos.
  14. Ajudar a combater a exclusão digital e a promover o acesso à tecnologia para todos.
  15. Apoiar projetos de defesa dos direitos humanos, da criança e do adolescente, da mulher e da diversidade religiosa e cultural.
  16. Contribuir para a proteção e o bem-estar dos animais, por meio de projetos de proteção animal.
  17. Apoiar projetos de pesquisa científica e tecnológica, visando ao desenvolvimento do país.
  18. Proporcionar atendimento médico e odontológico de qualidade para pessoas em situação de vulnerabilidade.
  19. Apoiar projetos de assistência social, como creches e abrigos para idosos e pessoas com deficiência.
  20. Fomentar a educação e a capacitação profissional, por meio de projetos de ensino e treinamento.
  21. Apoiar projetos de proteção e preservação do patrimônio histórico e cultural do país.
  22. Ajudar a combater o abuso e a exploração sexual, por meio de projetos de prevenção e conscientização.
  23. Proporcionar apoio emocional e psicológico para pessoas em situação de crise ou traumas.
  24. Fomentar a prática do esporte e do lazer, por meio de projetos de incentivo e patrocínio.
  25. Apoiar projetos de reciclagem e de gestão de resíduos, visando à proteção do meio ambiente.
  26. Ajudar a combater o trabalho infantil e a exploração do trabalho escravo.
  27. Apoiar projetos de promoção da arte e da cultura popular, como festivais e feiras.
  28. Proporcionar acesso à justiça e ao amparo legal para pessoas em situação de vulnerabilidade.
  29. Ajudar a combater a dependência química
Continuei e perguntei 30 maneiras de se fazer caridade:

Aqui estão 30 exemplos de atos de caridade que você pode fazer:
  1. Doar alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
  2. Oferecer roupas e agasalhos a pessoas em situação de rua.
  3. Realizar doações para instituições de caridade e projetos sociais.
  4. Voluntariar em abrigos, asilos e hospitais.
  5. Visitar e fazer companhia a idosos que vivem sozinhos.
  6. Oferecer serviços de consultoria ou mentoria gratuitamente para empreendedores sociais.
  7. Participar de campanhas de doação de sangue.
  8. Fazer doações de brinquedos, livros e material escolar para crianças carentes.
  9. Participar de mutirões de limpeza em áreas degradadas ou praias poluídas.
  10. Oferecer serviços de corte de cabelo e barbearia para pessoas em situação de rua.
  11. Oferecer ajuda financeira ou material para famílias que perderam tudo em enchentes ou desastres naturais.
  12. Fazer visitas regulares a hospitais para levar mensagens de esperança e conforto a pacientes e suas famílias.
  13. Oferecer ajuda para cuidar de animais abandonados ou em abrigos.
  14. Oferecer transporte gratuito para pessoas idosas ou com deficiência.
  15. Realizar doações para entidades que cuidam de pessoas com doenças crônicas.
  16. Fazer doações de equipamentos e materiais para escolas públicas.
  17. Oferecer serviços de reparos domésticos para famílias que não têm condições de pagar por esses serviços.
  18. Realizar mutirões de plantio de árvores em áreas degradadas.
  19. Oferecer ajuda financeira ou material para pessoas em situação de vulnerabilidade que estão lutando contra doenças graves.
  20. Oferecer ajuda para famílias que precisam cuidar de um ente querido com deficiência ou doença crônica.
  21. Realizar doações de medicamentos e equipamentos hospitalares para instituições que cuidam de pessoas doentes.
  22. Oferecer serviços de tradução ou interpretação gratuitamente para pessoas que não falam a língua local.
  23. Oferecer ajuda para limpar e manter parques e jardins públicos.
  24. Fazer doações de alimentos e produtos de higiene para abrigos de animais.
  25. Oferecer ajuda para pessoas que precisam se mudar ou se realocar por motivos de trabalho ou estudos.
  26. Participar de projetos que visam melhorar a qualidade de vida de comunidades carentes.
  27. Fazer doações de computadores e equipamentos de informática para escolas e bibliotecas públicas.
  28. Oferecer serviços de consultoria financeira ou jurídica gratuitamente para pessoas carentes.
  29. Realizar doações de brinquedos e presentes para crianças em hospitais ou abrigos.
  30. Oferecer ajuda para pessoas que precisam de acompanhamento médico ou terapêutico, mas não têm condições de pagar por isso.

sábado, 15 de novembro de 2014

Novembro Azul: Diabetes e Câncer de próstata

"Novembro azul. Agora é a vez dos homens. Outubro foi rosa. Outubro foi das mulheres. Outubro foi da prevenção do câncer de mama. Novembro é azul. Novembro é dos homens. Novembro é da prevenção do câncer de próstata. Mas, não é só o câncer de próstata. A saúde do homem vai muito além. A mulher começa a visitar o ginecologista assim que menstrua. O homem, somente após os 40 anos. O homem só descobre problemas de fertilidade se não conseguir engravidar a parceira. E hoje sabemos da verdadeira pandemia de sub- fertilidade entre homens jovens, devido a exposição ao bisfenol A e a outros disruptores endócrinos, que atrapalharam o desenvolvimento dos testículos.A produção de testosterona da nova geração também está muito mais baixa. E ninguém avisa. Tudo silenciado. Esta na hora de expormos a saúde do homem. Levar a sério. Desde o início da fase adulta. E não somente após os 40 anos. Chega de preconceitos. A hora é do homem."

O pequeno texto acima é do meu amigo @drflaviocadegiani (médico endocrinologista).

Resolvi repostá-lo pq ele aborda algo que pouco se fala: Saúde do homem. A maioria das campanhas para homem são focadas em Câncer de próstata, Diabetes e Hipertensão. Doenças que só surgem (geralmente) após os 40 anos.

Saúde do homem engloba muito mais que isso. Engloba preparar o terreno para uma terceira idade saudável. Engloba prevenção de infertilidade, tema negligenciado mas que nos próximos anos entrará em voga.

É raro um mês que não atendo algum homem (abaixo dos 40) com queixa de espermograma alterado. Inúmeros fatores podem estar influenciando, dentre eles o uso de celular, proximidade com os testículos, disruptores endócrinos (bisfenol, agrotóxicos, ftalatos, dioxinas, fitoestrógenos, poluentes orgânicos persistentes, chumbo, arsênico, mercúrio), dieta inadequada (zinco, vitamina E, vitamina A, coenzima q10).

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Voltando às origens: plantio em pequena escala pode significar alimento mais saudável na mesa do consumidor

O alerta sobre resíduos de agrotóxicos em diversos produtos vindos do campo, como o pimentão e o morango, dá força a movimentos que defendem a agricultura familiar orgânica, agroecológica e sustentável como modelo agrário.

A produção de alimentos tem ganhado destaque nas discussões globais e locais em um planeta que ganha cada vez mais habitantes. Como alimentar uma população que deve chegar a 9 bilhões em 2050, segundo estimativas das Nações Unidas, com ameaças de instabilidades climáticas e tendência de aumento nos preços das commodities agrícolas?

O tema fez parte das mesas de discussão do 42º Fórum Econômico Mundial, que aconteceu neste final de janeiro em Davos, na Suíça. Segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e fomento às oportunidades econômicas por meio da agricultura estiveram no centro do debate. Produzir mais com menos recursos é a tônica. Isso, em contrapartida, pode comprometer a integridade dos alimentos e do solo, com o uso cada vez mais intenso de defensivos agrícolas, que entram no sistema para aumentar a produtividade das lavouras.

Na mesma Comunidade Europeia, outro segmento da população se manifesta contra o modelo que prioriza a produção em larga escala. Na Alemanha, por exemplo, 40 organizações e iniciativas de diversas áreas, entre elas agricultura, nutrição, proteção à natureza e desenvolvimento, lideram uma campanha que pede um basta ao agronegócio e defende a agricultura familiar baseada nos princípios da sustentabilidade.

O movimento, preocupado com os impactos do atual modelo para a nossa sociedade, saúde e meio ambiente, incentiva um diálogo mais próximo entre produtores e consumidores, ideia que também ecoa em terras brasileiras. Aqui, uma das ações do Ministério do Desenvolvimento para incentivar o escoamento direto da produção de agricultores familiares é a certificação pelo Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf).

O mercado é expressivo. O último censo agropecuário realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado em 2009, mostra que a agricultura familiar representava em 2006 cerca de 80% do total dos estabelecimentos agropecuários. A produção em pequena escala, ocupando apenas 24,3% da área agropecuária brasileira, já era responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão e 46% de milho. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja (16%).

Comprar alimentos desses produtores certificados incentiva a economia de pequena escala e, para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), reduz o risco de se consumir produtos que não estejam de acordo com as “boas práticas agrícolas”.

A ANVISA fez um alerta em dezembro do ano passado, quando divulgou dados de seu Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos. Das 18 culturas pesquisadas, 28% foram consideradas insatisfatórias. Em alguns casos, foi constatada nos alimentos a presença de agrotóxicos que não são autorizados pela Agência ou que estavam em níveis acima dos autorizados. Com a repercussão nacional da notícia, o pimentão, o morango, o pepino, a alface e a cenoura, que estão no topo da lista de alimentos com resíduos de agrotóxicos, entraram na mira da população.

Há quem oriente o consumidor a lavar bem as frutas e verduras, retirando a casca e as partes externas, como forma de reduzir a presença de agrotóxicos na alimentação. Mas há uma série de organizações no Brasil que, como as da Alemanha, defendem a produção de alimentos orgânicos e agroecológicos como a única opção para uma vida saudável (tanto para o trabalhador rural quanto para o consumidor), além de uma terra sempre produtiva e um futuro livre de doenças e contaminações decorrentes de práticas abusivas do agronegócio.

A “Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida” foi lançada nacionalmente em abril de 2011 e já se espalha em comitês regionais pelos principais Estados brasileiros, promovendo principalmente ações de articulação, comunicação e formação profissional. “É importante ressaltar que as culturas que mais utilizam agrotóxicos são justamente aquelas produzidas no modelo do agronegócio, cultivadas em grandes áreas de monocultivo e voltadas para a exportação, como é o caso da soja, que é responsável por 51% do volume total de agrotóxicos comercializados no país”, afirma Cleber Folgado, secretário-geral da campanha e dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

A tendência é realmente que o consumidor se aproxime cada vez mais da produção, saiba de onde vem o alimento, quem o planta e como, e consiga comprar diretamente do agricultor.

No livro A Terceira Onda, o futurista Alvin Toffler vai além e prevê uma civilização que começará a “cicatrizar a ruptura histórica entre o produtor e o consumidor”, gerando o que ele classifica como a “economia do prossumidor”, ou seja, aquela pessoa que já não depende de supermercados e redes de comércio para se alimentar ou adquirir mercadorias. Essas pessoas já existem: mesmo no ambiente urbano, elas cultivam hortaliças e legumes em quintais, varandas ou mesmo telhados, tendo assim a garantia da saúde em seus pratos de comida.

Fonte: http://sustentabilidade.allianz.com.br/?1759%2Fplantio-em-pequena-escala-alimento-mais-saudavel-na-mesa

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sensibilidade química múltipla

A Sensibilidade Química múltipla ou SQM, também conhecida como Enfermidade Ambiental, é uma enfermidade distinta que muitas vezes é diagnosticada secundariamente ao complexo da Síndrome de Fadiga Crônica- Fibromialgia. Basicamente é um reação a algumas substâncias químicas.

Alguns dos sintomas básicos desta enfermidade incluem espirros, dificuldades cognitivas, perturbação do sono, e problemas de coordenação motora.. A causa destes sintomas são basicamente devido à incapacidade do corpo de metabolisar várias toxinas dentro nosso organismo. A SQM é uma doença muito complexa com várias etiologias e sistemas orgânicos envolvidos. È desconhecida se esta enfermidade pode ser curada.

Pacientes com SQM podem passar algum tempo com poucos ou nenhum sintoma e só então reaparecer mais tarde sem nenhuma razão ou ao menor contato ou exposição com alguma substância química que poderia ser de um simples perfume, uma loção de mão, contato com gasolina ou ar poluído (em recinto fechado ou fora).

O problema é que estas doenças são complexas sem cura definitiva. Como muitos pacientes podem ter vários problemas mesmo por pouco tempo, poucos são tratados e isto resulta freqüentemente em curas não definitivas e são seguidos depois por doenças ou sintomas prolongados. A SQM pode ser tornar um grande problema clínico quando é diagnosticada junto com outras enfermidades.

Os fatores e causas de SQM podem incluir:
1 - Exposição ou injúria química. (Exposição crônica ou há pouco tempo)
2 - Infecções primárias.
3 - Tensão.
4 - Insuficiência de vitamina ou de nutrientes. (Desnutrição)
5 - Acúmulo de toxinas
6 - Alergias a alimentos.
7 - Insuficiência circulatória.
8 - Reações neurológicas deficientes.
9 - Exposição de ar poluído.
10 - Isquemia cardíaca.
11 -Cuidado médico inadequado.

A melhor maneira de tratar esta enfermidade é encontrar um especialista em SQM e começar o tratamento logo que possível. Isso não quer dizer que você será curado mas agindo precocemente podemos prevenir uma diferença significativa em sua perspectiva a longo prazo. Eliminando Insultos específicos e adicionando vitaminas e terapias holisticas são normalmente as primeiras condutas para combater a doença . É de responsabilidade do paciente em insistir em encontrar todos os meios para equacionar seus problemas, e fazer o que pode para ver estes problemas resolvidos.

8 - TRATAMENTO:

O primeiro passo nos casos de síndrome da fadiga crônica associados com algum tipo de pesticida é, depois de identificá-lo, promover o tratamento específico. Seja pela retirada do agente causador, seja por tratamento farmacológico específico ou dos próprios sintomas de Fadiga Crônica. É um tratamento multifatorial, que pode exigir uma equipe de especialistas.
Não existe atualmente tratamento específico para a SFC. Vários medicamentos tem sido proposto mas sempre com o intento de aliviar as manifestações da enfermidade do que atacar o problema etiológico básico propriamnete dito. Análgesicos, antinflamatórios não-hormonais, antidepressivos tricíclicos, terapias cognivas e comportamentais, bem como alguns exercícios tem sido advogados como auxiliares na terapia da SFC. Porem nenhum medicamento até agora mostrou-se uniformemente eficaz contra a enfermidade.

Recentemente Pearn et al. descreveram casos de síndrome de fadiga crônica devido a envenenamento crônico pela ingestão de ciguatera (peixes contendo ciguatoxinas). Os casos de envenenamento agudo é dramático com parestesias, mialgias, artralgias, prostração mas já 20% dos casos de pacientes que ingerem peixes contaminados apresentam sintomas indistinguíveis da síndrome fadiga crônica. O fato de uma potente toxina dos mamíferos causar a síndrome da fadiga crônica abre uma porta para o estudo de outros agentes tóxicos provocarem uma síndrome da fadiga crônica-like.

Recentes estudos realizados por Phioplys et al AV com Amantidina e L-Carnitina no tratamento da síndrome da fadiga crônica resultaram em evidências interessantes. Como a carnitina é essencial para a produção de energia pelas mitocôndrias, e como distúrbios da função da mitocôndria provoca fadiga, a L-Carnitina foi dado aos pacientes com síndrome da fadiga crônica e resultou em melhoria clínica estatisticamente comprovada. Amantadina não foi tolerada pelos pacientes e não promoveu nenhum benefício aos pacientes que fizeram uso deste medicamento.

A conclusão foi de que L-carnitina é um medicamento seguro, bem tolerado, provoca melhoria nos pacientes na maioria dos sintomas que apresentaram. Sendo assim e como não há contraindicações ao uso de L-Carnitina cremos que um teste com este medicamento merece ser testado em alguns pacientes selecionados com a SFC.

Mais recentemente ainda o FDA aprovou um protocolo para tratar pacientes com síndrome da fadiga crônica com um medicamento novo que tem capacidade de restaurar as funções físicas e cognitivas destes pacientes. Cerca de 500.00 à 2.000.000 de pacientes sofrem da síndrome da fadiga crônica nos EEUU. O mecanismo de ação do AMPLIGEN não são conhecidos mas os estudos determinarão se os sintomas mais comum como fadiga, problemas de concentração e de memória, sintomas de gripe, artralgias, mialgias, perturbações do sono serão afetados positivamente antes de serem liberados para a venda ao público em geral.

Cinco Hospitais dos Estados Unidos receberam aprovação para participar do teste do protocolo de tratamento para pacientes com Síndrome da Fadiga Crônico com o - Ampligen - aprovado pelo FDA. Além dos cinco locais aprovados, uns doze locais adicionais estão sendo considerados para serem aprovados a tratar os pacientes de CFS com Ampligen, desenvolvido por HemispheRx Biopharma, Inc., e que teria o potencial de restabelelcer parte das funções físicas e cognitivas afetadas dos pacientes com Síndrome da Fadiga Crônica.

Esta é a primeira vez que se aprova um medicamento, em regime experimental para tratar da Síndrome da Fadiga Crônica. Os pacientes serão tratados com duas infusões da droga semanal e realizarão vários testes laboratoriais para contrôle.

O programa de tratamento nos E.U.A. serão dirigidos inicialmente para os pacientes mais gravemente atacados pela enfermidade. E a duração do tempo de tratamento será de 24 semanas seguido rigorosamente por avaliações médicas periódicas.
Entretanto, vendas do medicamento Ampligen já começou em Montreal e Vancouver sob a coordenação do Programa Canadense de Lançamento de Droga Emergencial.

9 - CONCLUSÃO:

Como a síndrome da fadiga crônica é por definição uma síndrome de caráter crônico, qualquer analogia que possamos ter ou vir a fazer com agentes etiólogicos químicos ou tóxicos seria com contato prolongado no caso com os pesticidas. Várias pesquisas tem falhado na identificação de um único agente etiológico para a síndrome da fadiga crônica, entretanto existem recentemente algumas pistas que levam a supor que exista uma base molecular para o diagnóstico da síndrome da fadiga crônica.

Em um estudo publicado por Dustanet al., níveis sericos do pesticida-organoclorado foi detectado em todas as amostras de pacientes com SFC em valores superiores a 0,4 pbb. A incidência de contaminação por hexaclorobenzeno foi de 45% maior que os níveis não-tóxicos 2,0 ppb que o observado entre grupo controle. Níveis de organoclorados (15.944 ppb) também foram encontrados elevados no grupo de síndrome da fadiga crônica. Estes níveis de organoclorados medidos no soro de pacientes com síndrome da fadiga crônica, eram mais altos que os dos outros pacientes do grupo-contrôle, sugerindo que estas substâncias químicas podem ter um papel etiológico na síndrome da fadiga crônica.

Entretanto como em alguns estudos não houve diferença nos níveis séricos de organoclorados entre os pacientes com síndrome da fadiga crônica e os outros com história conhecida de exposição aos tóxicos, a exclusão pura e simples do conceito da síndrome da fadiga crônica baseado na exposição ao tóxico parece não ser válida. O papel da bioacumulação no desenvolvimento dos sintomas da síndrome da fadiga crônica merece investigações futuras.

Por outro lado Mc Gregor estudou 20 pacientes com síndrome da fadiga crônica de acordo com a definição do CDC e 45 pacientes sem síndrome da fadiga crônica. Os pacientes foram submetidos a uma bateria de testes inclusive exames sangüíneos específico de espectometria em massa para metabólitos anormais presentes na urina.

Análise multivariadas dos metabolitos na urina revelou um aumento significativo de amido-hidroxi-N-pirrolidina tiroxina (chamado de CFSUM-1,"Chronic Fatigue Syndrome Urinary Marker"), b-alanina e ácido acotínico e ácido succinico e concomitantemente uma redução nos níveis de alanina e ácido glutâmico.

As concentrações de amido hidroxi-N-pirrolidina tiroxina (CFSUM-1), e B-alamina estavam proporcionais a incidência dos sintomas da síndrome da fadiga crônica sugerindo uma base molecular para a doença e isto pode no futuro servir como um teste diagnóstico para a síndrome da fadiga crônica. Noutro estudo dos mesmos autores foi demonstrado que os sintomas dos pacientes com elevados níveis da CFSMU 1 estavam associados com alterações do aparelho, músculo-esquelético enquanto níveis elevados de B-alamina estava associado aos problemas gastrointestinais e genitourinários.

Em resumo a SFC é uma entidade nosológica definida mas cujo agente etiológico ainda não foi 100% comprovado. Vários autores tem sugerido diferentes causas para a SFC mas até agora nenhum foi considerado pela comunidade científica como sendo unanimidade. È certo que a o complexo de múltiplos sintomas da SFC podem ser desencadeado por alguns pesticidas como vimos anteriormente, tanto da classe dos organoclorados, organofosforados e carbamatos. Mas nos níveis de conhecimento atuais não de pode implicar os pesticidas como os únicos causadores da SFC.

No entanto com o surgimento de medicamentos que possam combater com mais eficiência os sintomas da SFC recentemente lançados no mercado e, conjuntamente com o alerta de que os pacientes com suspeita de SFC devam daqui para a frente passsarem por um "screening" toxicológico seja na urina ou no sangue, certamente teremos contribuições valiosas tanto para se for o caso, afastarmos os pacientes das fontes dos pesticidas, como do tratamento em si contra o envenenamento crônico específico, como na descoberta e no aprimoramento de novos e modernos pesticidas com mais eficiência e menor morbidez.

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Autor: Dr. Horácio Arruda Falcão, ex-Professor de Nefrologia da UFRJ, Fellow em Nefrologia pelo Massachusetts General Hospital, Fellow do American College of Physicians (FACP)