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domingo, 6 de março de 2016

Sucralose - por CFN


Recomendação CFN nº 3/2016 – Sucralose

O Conselho Federal de Nutricionistas no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei nº 6.583, de 20 de outubro de 1978 e pelo Decreto nº 84.444, de 30 de janeiro de 1980;

CONSIDERANDO os vários comentários negativos sobre a sucralose em redes sociais, mídias e em alguns eventos, entre eles, que o referido adoçante aumentaria a secreção de insulina, causaria alterações na tireoide, câncer;

CONSIDERANDO a dúvida se o consumo de sucralose deve ou não ser indicado pelo nutricionista a seus pacientes;

INFORMA que:

Apesar de informações circulantes de malefícios sobre a sucralose, não foram encontrados estudos científicos (desenvolvidos com humanos e em quantidade representativa) que suportem as afirmações de que o consumo do edulcorante aumentaria a secreção de insulina, causaria alterações na tireoide e câncer.

A sucralose foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) como um edulcorante de mesa em 1998, seguindo-se a aprovação como um adoçante de uso geral em 1999. Antes de aprovar o adoçante, o FDA revisou mais de 100 estudos de segurança realizados no edulcorante, incluindo estudos para avaliar o risco de câncer. Os resultados destes estudos não mostraram nenhuma evidência de que o adoçante cause câncer ou represente qualquer outra ameaça à saúde humana (1). Não existem evidências claras de que os adoçantes disponíveis comercialmente nos Estados Unidos estejam associados com o risco de câncer em seres humanos (2).

A Ingestão Diária Aceitável (ADI) é de 0-15 mg / kg de peso corporal – última avaliação em 1990, segundo o resumo das avaliações realizadas pelo Comitê Misto Food and Agriculture Organization of the United Nations/World Health Organization (FAO/WHO) de Peritos em Aditivos Alimentares. (3)

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil, registrou em 01 de agosto de 2015 que “evidências obrigam o INCA a cumprir com sua responsabilidade de informar à população que o consumo de adoçantes artificiais está associado ao desenvolvimento de algumas doenças, inclusive do câncer”. No texto, a sucralose especificamente não foi mencionada como causadora de malefícios, e sim a sacarina sódica, o aspartame e edulcorantes em geral. (4)

Em busca de mais informações, em contato com a Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do INCA, nos foi informado que ainda não há evidências que relacionem o consumo de sucralose com o desenvolvimento de câncer em seres humanos. No entanto, há motivos para o reconhecimento da hipótese de relação entre o uso de adoçantes não nutritivos e o risco de desenvolver a doença e por isso o INCA adotou a recomendação de evitar o consumo de qualquer tipo de adoçante artificial, inclusive a sucralose, para a população sem indicação clínica específica para o uso da substância.

A sucralose foi sugerida para avaliação do Grupo Consultivo da International Agency for Research on Cancer (IARC), com alta prioridade, para estimativa de carga global do Câncer, no decorrer dos anos de 2015 a 2019 (5).

O Conselho Federal de Nutricionistas recomenda ao nutricionista:

1. Com base no Código de Ética do Nutricionista – Resolução CFN nº 334/2004, alterada pela Resolução CFN nº 541/2014 (6) -, o nutricionista deve analisar com rigor técnico-científico qualquer tipo de prática ou pesquisa, adotando-a somente quando houver níveis consistentes de evidências científicas – sendo que informações repassadas em redes sociais, mídias e eventos sem a apresentação das referências literárias das informações não devem respaldar a prática profissional.

2. Manter constante leitura, pesquisa, estudo e consulta a órgãos que realizam pesquisas, como os mencionados, para atendimento aos pacientes ou outras condutas profissionais.

3. Indicar adoçante artificial apenas a pacientes com necessidade clínica específica para o uso da substância, respeitando-se os limites de Ingestão Diária Aceitável.

Destacamos que é de responsabilidade do nutricionista assumir os atos praticados no seu exercício profissional, cabendo aos Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas a apuração dos mesmos quando provocados.

Algumas sugestões de bases de dados:

1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home

2. American Society for Nutrition – http://www.nutrition.org/searchall/

3. Biblioteca Virtual em Saúde – http://www.bireme.br/

4. The Scientific Electronic Library Online – http://www.scielo.org/php/index.php

5. PubMed – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi

6. Periódicos da Capes – http://www.periodicos.capes.gov.br/

7. Portal da Saúde – http://portalsaude.saude.gov.br/

8. World Health Organization – http://www.who.int/en/

9. Organização Pan-Americana da Saúde – http://www.paho.org/

10. Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde – RedeNutri – http://ecos-redenutri.bvs.br/
REFERÊNCIAS:

(1) NATIONAL CANCER INSTITUTE. Artificial sweeteners and cancer. Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2015.

(2) NATIONAL CANCER INSTITUTE. Diet. Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2015.

(3) IPCS-INCHEM. Resumo das avaliações realizadas pelo Comité Misto FAO / OMS de Peritos em Aditivos Alimentares: sucralose. Disponível em: Acesso em: 26 out. 2015.

(4) INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Recomendações do INCA são baseadas em evidências científicas. Disponível: < http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/recomendacoes_inca_sao_baseadas_em_evidencias_cientificas>. Acesso em: 26 out. 2015.

(5) INTERNACIONAL AGENCY FOR RESERACH ON CANCER – WORL HEALTH ORGANIZATION. IARC Interim Annual Report 2014. 2014. Disponível em: Acesso em: 27 out. 2015.

(6) CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Resolução CFN nº 334/2004, alterada pela Resolução CFN nº 541/2014. Dispõe sobre o Código de Ética do Nutricionista e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 27 out. 2015.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Estudo mostra que câncer de ovário começa nas trompas

Um grupo de pesquisadores norte-americanos conseguiu recriar em laboratório o processo de formação do câncer de ovário, produzindo evidências sólidas de que os tumores começam nas trompas de falópio, e não nos próprios ovários, de acordo com um estudo publicado segunda-feira (18).

A descoberta pode ajudar a descobrir novas maneiras de combater o câncer nos ovários - que, na maior parte dos casos, não apresenta sintomas que permitam seu diagnóstico precoce, espalhando-se pelo organismo sem ser percebido.

O câncer nos ovários é o quinto mais mortífero para as mulheres. Ao todo, afeta 200 mil pessoas por ano, matando cerca de 115 mil em média. Estudos anteriores já haviam desenvolvido hipóteses dando conta de que este carcinoma pode, na verdade, ter origem em algum outro órgão, mas a pesquisa dos cientistas do Instituto do Câncer Dana-Farber, de Boston, é a primeira a mostrar como a doença começa no tecido das trompas de falópio.

As trompas de falópio - ou tubas uterinas - são os canais por onde o óvulo desce dos ovários para o útero durante o ciclo reprodutivo feminino. Ronny Drapkin, principal autor do estudo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", disse que análises anteriores feitas com tecido tubário de mulheres com predisposição a desenvolver o câncer de ovário já haviam mostrado "traços de células que eram antecessores de sérios tipos de câncer".

Assim, sua equipe decidiu tentar replicar o processo de formação do câncer dentro do laboratório. Os pesquisadores usaram células tubárias e alteraram sua programação genética para que elas se dividissem como células cancerosas. "Da mesma forma que as células de um tumor, estas células cancerosas 'artificiais' se proliferaram rapidamente e conseguiram deixar seu tecido de origem para crescer em outro local", indica o estudo.

"Quando implantadas em cobaias animais, elas também deram origem a tumores estrutural, genética e comportamentalmente semelhantes ao HGSOC (sigla científica para câncer de ovário) humano", explica.

Para Drapkin, a descoberta mostra que as células tubárias são a fonte do câncer de ovário, e dá pistas para o desenvolvimento de futuros tratamentos. "Estudos como este vão nos ajudar a identificar os diferentes tipos de câncer de ovário e, possivelmente, a descobrir marcadores biológicos - proteínas no sangue - que apontam a presença da doença", afirmou Drapkin, que é professor assistente da Escola de Medicina de Harvard.

Fonte: http://www.hebron.com.br/

domingo, 2 de setembro de 2012

Comer brócolis combate câncer de mama?


Aqui está mais um motivo para comer brócolis e couve-flor: um novo estudo sugere que mulheres com câncer de mama que comem tais vegetais podem ter uma vida mais longa e seu câncer combatido.

“Quanto mais vegetais crucíferos [como couve, couve-flor, brócolis, mostarda e repolho, por exemplo] você comer, melhor”, afirma Sarah Nechuta, da Universidade de Vanderbilt, em Nashville, nos Estados Unidos.
E não é difícil. Os pesquisadores sugerem que basta incluir na dieta cerca de 150 gramas diárias desses vegetais, o que equivale a uma xícara cheia deles, segundo Nechuta.

Só neste ano deverão ser registrados cerca de 52 mil novos casos de câncer de mama no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer. Em um percentual que varia de 10% a 15% dos casos, a doença se manifesta de forma agressiva e pode apresentar novas lesões tumorais. Contudo, o índice de sobrevivência gira em torno de 61%.

O atual estudo não é o primeiro a relacionar a ingestão de crucíferas com o câncer de mama, mas é o maior feito até agora. 5 mil chineses, que já tiveram câncer de mama entre os anos de 2002 e 2006, com idade entre 20 e 75 anos, participaram da pesquisa.

Esses participantes preencheram questionários detalhados de suas dietas durante 36 meses. Eles foram então divididos em cinco grupos, dependendo de quantos vegetais crucíferos eles ingeriam.

E, de acordo com as análises, depois de cinco anos após o diagnóstico de câncer, mulheres que comeram cerca de 150 gramas diárias dos vegetais em questão tiveram 42% a mais de chances de sobreviver. A probabilidade de morrer de qualquer outra causa também foi reduzida para 42%. E a chance do câncer de mama retornar diminuiu por 19%.

Mas o leitor pode questionar (e com razão!) o porquê desses resultados. Segundo Nechuta, vegetais crucíferos contêm grandes quantidades de uma substância conhecida como glucosinolato. Quando ingerida, ela é convertida para substâncias com alto poder anticancerígeno, como o isotiocianato e o indol.

Nos resultados, os pesquisadores também levaram em consideração outros fatores que podem afetar a ocorrência do câncer de mama e a sobrevivência a ele, o que inclui idade, estágio da doença, tratamentos, exercícios diários e dieta.

Mas vale ressaltar que a pesquisa não comprova que os vegetais em questão são os principais responsáveis pela sobrevivência. A especialista em câncer Aditya Bardia, do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, Estados Unidos, alerta que essas mulheres da pesquisa podem ter outras vantagens que não foram mensuradas, como uma qualidade de vida saudável, por exemplo.

E vale lembrar de um aspecto importante: a dieta asiática é bastante diferente da dieta norte-americana e brasileira. Além de um fator que pode se mostrar decisivo no futuro: de que os asiáticos comem mais vegetais.

Fonte: http://www.meunutricionista.com.br/noticias.exibir.php?id=2948

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Câncer de mama ainda é a principal causa de morte entre as brasileiras

As mulheres conquistaram muitos direitos: podem votar, trabalham fora, provam, diariamente, que são iguais ao homem. Mas, uma luta que a brasileira tem travado com muito empenho é vencer o câncer de mama. Apesar de todos os cuidados que as elas têm com a saúde, este tipo de câncer ainda é a principal causa de morte entre as mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), anualmente surgem cerca de 49 mil novos casos da doença.

Segundo o mastologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Dr. Cícero Urban, o fator que mais contribui para essa triste estatística é o diagnóstico tardio. “Quando a doença é descoberta em fase avançada as chances de cura são menores e os custos de tratamento aumentam consideravelmente. O câncer de mama pode dar metástases em outros órgãos como ossos, fígado e pulmão”, lembra o especialista. “Quando descoberto no início, há chances de cura da doença, por isso, a importância do diagnóstico precoce. Em Curitiba, felizmente, a maioria das pacientes descobre a doença precocemente e o índice de cura ultrapassa os 90%”, conta ele.

Para o diagnóstico ser feito com precisão, é necessária a realização do exame clínico por um especialista, que pode detectar tumores superficiais de até um centímetro. Outro exame que diagnostica o câncer de mama é a mamografia, que faz uma radiografia da mama e é capaz de mostrar lesões iniciais, de milímetros. “Pacientes com baixo risco, sem casos de hereditariedade, é recomendável exame clínico anualmente a partir dos 20 anos. Depois dos 40 anos, a mamografia deve ser inserida nessa rotina”, enfatiza Dr. Cícero.

Exposição a radiação ionizante, ingestão regular de álcool, idade avançada, primeira menstruação precoce e menopausa tardia são alguns fatores de risco para desenvolver o câncer de mama. Hereditariedade e história familiar também são relevantes, porém, apenas 10% dos casos estão relacionados a esses fatores. “Existem famílias com incidência muito alta de câncer de mama, que pode chegar a 80%. Nesses casos, é preciso intervir com prevenção ou até com cirurgias redutoras de risco”, salienta o mastologista.

O tratamento do câncer de mama é feito com cirurgia para remoção do tumor e retirada dos gânglios da axila, caso estejam comprometidos. As novas técnicas de cirurgia hoje, explica Dr. Cícero, procuram preservar a mama. “A cirurgia já não é mais a mutilação de alguns anos atrás. Combinamos técnicas de cirurgia plástica às técnicas de cirurgia oncológica, o que traz grandes benefícios para preservar a qualidade de vida e a auto-estima das pacientes. Obter o máximo de eficácia com o mínimo de mutilação é o principal objetivo dos tratamentos de câncer de mama atuais”.

Atendimento com parâmetros internacionais

O Hospital Nossa Senhora das Graças conta com atendimento integrado especializado sobre o problema, no qual é possível conseguir excelência em tratamento de câncer de mama. A equipe é formada por cirurgiões, oncologistas clínicos, radioterapeutas, médicos nucleares, fisioterapeutas, geneticistas, radiologistas e patologistas que discutem e decidem sobre os casos tratados no hospital.

O atendimento é reconhecido pelo Senonetwork, entidade ligada a Sociedade Européia de Oncologia e Sociedade Européia de Mastologia, que reconhece serviços que seguem as normas de excelência estabelecidas pelo Parlamento Europeu. “A importância deste reconhecimento é certificar que nossas pacientes estão recebendo um tratamento que está rigorosamente dentro dos parâmetros internacionais e em sintonia com os melhores centros no mundo”, enfatiza Dr. Cícero.

Fonte: http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=12679

domingo, 7 de abril de 2019

Como o horário das refeições afeta seu peso

Beber uma garrafa de vinho por semana pode ser como fumar cinco a 10 cigarros no mesmo período de tempo, em termos de risco de câncer, de acordo com um novo estudo do Reino Unido.

O estudo, publicado hoje (28 de março) na revista BMC Public Health , é o primeiro a estimar o “equivalente de cigarro” do álcool, no que diz respeito ao risco de câncer.

Os pesquisadores descobriram que o aumento do risco de câncer ligado a beber uma garrafa de vinho por semana é equivalente a fumar cinco cigarros por semana para homens e 10 cigarros por semana para mulheres.

O objetivo da pesquisa é transmitir melhor os riscos de câncer que estão ligados ao consumo moderado de álcool, que geralmente é considerado menos prejudicial do que fumar cigarros.

De fato, estudos nos EUA e no Reino Unido descobriram que muitas pessoas não estão cientes da relação do álcool com o câncer.

Por exemplo, uma pesquisa de 2017 da Sociedade Americana de Oncologia Clínica descobriu que 70% dos americanos não sabiam que o consumo de álcool é um fator de risco para o câncer .

“Nossa estimativa de um equivalente de cigarro para álcool fornece uma medida útil para comunicar possíveis riscos de câncer que exploram mensagens históricas bem-sucedidas sobre o fumo”, disse a autora do estudo, Theresa Hydes, do Departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Universitário Southampton, disse em um comunicado . “Esperamos que, ao usar o cigarro como comparador, possamos comunicar essa mensagem de forma mais eficaz para ajudar os indivíduos a fazer escolhas de estilo de vida mais informadas.”

O Dr. Richard Saitz, especialista em medicina do vício e presidente do Departamento de Ciências da Saúde Comunitária da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, disse que a comparação do estudo faz sentido.

“Acho que é hora de comunicarmos os riscos de câncer do álcool – está realmente fora do radar [e] desta forma é uma boa maneira de fazê-lo”, disse Saitz, que não esteve envolvido no estudo.

Ainda assim, os pesquisadores ressaltam que o estudo não está dizendo que o consumo moderado de álcool é o mesmo que fumar. O estudo considerou apenas o risco de câncer, e não os riscos de outras condições de saúde, como doenças cardíacas. Além disso, o estudo analisou o risco de câncer ao longo da vida na população em geral, que pode diferir do risco de câncer de um indivíduo de fumar ou álcool, disseram os autores.

Álcool versus cigarros
Quando jovens começam a universidade, frequentemente ganham peso. Nos Estados Unidos, existe um nome para esse fenômeno: o “calouro 7”, referindo-se aos 7 quilos tipicamente ganhos durante o primeiro ano de vida dos alunos fora de casa.

Em parte, esse ganho de peso pode ser explicado pela substituição de refeições caseiras por comida pronta e fast food, combinada à redução da atividade física.

Cada vez mais, no entanto, os cientistas estão culpando um outro fator: a ruptura do círculo circadiano, provocada por uma cultura de comer tarde, beber e por padrões inconsistentes de sono.

Por décadas, nos foi dito que o ganho de peso, juntamente com as consequentes doenças, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, estavam relacionadas exclusivamente à quantidade e ao tipo de alimentos que consumimos, em consonância com o número de calorias que gastamos fazendo exercícios físicos.

Mas evidências crescentes sugerem que o horário também é importante: não é apenas o que você come, mas quando você come, que importa.

A ideia de que nossa resposta biológica aos alimentos varia ao longo do dia é antiga. Médicos chineses acreditavam que a energia fluía em torno do corpo em sintonia com o movimento solar, e que as nossas refeições deveriam ser realizadas de acordo: 7h-9h da manhã era a hora do estômago, momento em que a maior refeição do dia deveria ser feita; 9h-11h da manhã centrada no pâncreas e no baço; 11h-13h a hora do coração, e assim por diante. O jantar, eles acreditavam que deveria ser algo leve, consumido entre 17h e 19h, quando a função renal predominava.

Embora a explicação seja diferente, a ciência moderna sugere que há muita verdade nessa antiga sabedoria.

Vamos às dietas. A maioria delas gira em torno da redução do número total de calorias consumidas – mas e se o horário também determinasse seus benefícios?

Quando mulheres com sobrepeso e obesas foram submetidas a uma dieta para emagrecer por três meses, aquelas que consumiram a maior parte das calorias no café da manhã perderam duas vezes e meia mais peso do que as que tomaram um café da manhã leve e comeram a maior parte das calorias no jantar. Mesmo consumindo o mesmo número total de calorias.

Muitas pessoas pensam que a razão pela qual você ganha mais peso se comer tarde da noite é porque tem menos oportunidades de queimar essas calorias, mas essa é uma visão simplista.

“As pessoas às vezes supõem que nossos corpos param durante o sono, mas isso não é verdade”, diz Jonathan Johnston, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, que estuda como nossos relógios biológicos interagem com os alimentos.

Então, o que mais poderia estar acontecendo? Algumas evidências preliminares sugerem que uma quantidade maior de energia é usada para processar uma refeição pela manhã, em comparação com o final do dia.

Você queima, portanto, um pouco mais de calorias se comer mais cedo. No entanto, ainda não está claro o quanto isso faz diferença no seu peso total.

Outra possibilidade é que ao comer muito tarde nós ampliamos o período do dia durante o qual consumimos alimentos.

Isso dá ao nosso sistema digestivo menos tempo para se recuperar e reduz a oportunidade de nosso corpo queimar gordura – a queima de gordura só ocorre quando nossos órgãos percebem que não há mais comida chegando.

Antes da invenção da luz elétrica, os seres humanos acordavam com os primeiros raios de sol e dormiam logo após ele se pôr. Sendo assim, quase todos os alimentos eram consumidos diurnamente.

“A menos que tenhamos acesso à luz, temos dificuldade para ficar acordados e comer na hora errada”, diz Satchin Panda, biólogo circadiano do Instituto Salk, em La Jolla, Califórnia, nos Estados Unidos, e autor de The Circadian Code (O Código Circadiano, em tradução livre).

Sua pesquisa revelou que a maioria dos americanos come durante um período de 15 ou mais horas por dia, com mais de um terço das calorias diárias sendo consumidas após as 18h, o que é muito diferente de como nossos ancestrais provavelmente viviam.

Agora, considere esses universitários, comendo e bebendo até tarde da noite. “Um estudante universitário típico raramente dorme antes da meia-noite e também costuma comer até a meia-noite”, diz Panda.

No entanto, muitos estudantes ainda precisarão acordar cedo para as aulas no dia seguinte, o que – supondo que eles tomem o café da manhã – reduz a duração do jejum noturno ainda mais.

Isso também significa que eles estão diminuindo as horas de sono, e assim ficam mais propensos a ganhar peso. Uma noite de sono ruim dificulta a tomada de decisões e o autocontrole, levando potencialmente a más escolhas alimentares. Além disso, prejudica os níveis dos “hormônios da fome”, leptina e grelina, aumentando o apetite.

Está cada vez claro que nossos ritmos circadianos estão intimamente ligados à nossa digestão e metabolismo de muitas formas, como através dos complexos sistemas de sinalização do corpo – um novo entendimento que poderia explicar os efeitos a longo prazo do jetlag e do trabalho em turnos.

Dentro de cada célula do nosso corpo existe um relógio molecular que regula praticamente todos os processos e comportamentos fisiológicos, desde a liberação de hormônios e neurotransmissores, passando pela pressão sanguínea e pela atividade de nossas células imunológicas, até quando nos sentimos mais sonolentos, alertas ou deprimidos.

Esses relógios são mantidos em sincronia entre si e com a hora do dia por um grupo de neurônios do hipotálamo medial chamado núcleo supraquiasmático (NSQ). Sua interação como mundo exterior é feita através de um subconjunto de células sensíveis à luz na parte de trás do olho chamadas células ganglionares da retina intrinsicamente fotossensíveis (CGRif).

O objetivo de todos esses relógios “circadianos” é antecipar e preparar o corpo para eventos regulares em nosso ambiente, como quando vamos nos alimentar. Isso significa que diferentes reações bioquímicas são favorecidas em diferentes momentos do dia, permitindo que nossos órgãos internos mudem de tarefa e se recuperem.

Quando viajamos para o exterior, nosso tempo de exposição à luz muda e nossos relógios biológicos são empurrados na mesma direção – embora o relógio de cada órgão e tecido se adapte em ritmo diferente. O resultado é o jetlag, que não só nos deixa sonolentos ou acordados nos momentos errados, mas também pode desencadear problemas digestivos e mal-estar geral.

No entanto, a luz não é a única coisa que pode afetar nossos relógios biológicos. O horário em que comemos nossas refeições também modifica nossos relógios do fígado e sistema digestivo, mesmo que nosso relógio cerebral não seja afetado. Evidências recentes também sugerem que o horário das atividades físicas pode ajustar os relógios em nossas células musculares.

Quando voamos de um fuso horário para outro, ou comemos, dormimos e nos exercitamos em horários irregulares, os diferentes relógios em nossos órgãos e tecidos saem de sincronia. É improvável que isso seja um problema se você se deitar tarde uma única vez ou se tiver uma refeição tardia, mas se isso acontecer de forma regular, pode acarretar consequências para sua saúde no longo prazo.

Processos complexos, como o metabolismo de gorduras ou de carboidratos, exigem o trabalho conjunto de numerosos outros processos que ocorrem no intestino, fígado, pâncreas, músculo e tecido adiposo. Se o diálogo entre eles fica desregulado, se tornam menos eficientes, o que no longo prazo pode aumentar o risco de várias doenças.

Em um estudo recente, pesquisadores compararam os efeitos físicos de um sono de cinco horas por noite durante oito dias seguidos, com a mesma quantidade de sono, mas em momentos espaçados.

Em ambos os grupos, a sensibilidade das pessoas ao hormônio insulina diminuiu e a inflamação sistêmica aumentou, e com isso o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. No entanto, esses efeitos foram ainda maiores naqueles que estavam dormindo em horários irregulares (e cujos ritmos circadianos estavam, portanto, desalinhados): nos homens, a redução na sensibilidade à insulina e o aumento da inflamação dobraram.

Isso pode ser um problema para os passageiros aéreos frequentes, os estudantes que dormem de maneira não regular ou funcionários que trabalham em turnos.

De acordo com pesquisas na Europa e na América do Norte, cerca de 15% a 30% da população ativa está empregada em trabalhos divididos por turnos, o que muitas vezes equivale a comer ou estar ativo quando o corpo não está esperando. O trabalho por turno tem sido associado a uma série de condições, incluindo doenças cardíacas, diabetes tipo 2, obesidade e depressão. O distúrbio circadiano causado por essa irregularidade é um dos principais suspeitos.

No entanto, somos todos trabalhadores por turnos pelo menos em parte do tempo, diz Panda.

Estima-se que 87% da população mantêm um horário de sono diferente nos dias de semana, em comparação com os fins de semana, resultando em uma espécie de jetlag social. As pessoas também tendem a tomar o café da manhã pelo menos uma hora mais tarde nos fins de semana, o que pode resultar no chamado jetlag metabólico.

Não é apenas a consistência no horário das refeições, mas também a quantidade de comida que comemos em cada refeição que parece ser importante.

Gerda Pot é uma pesquisadora de nutrição da Universidade King’s College, em Londres, no Reino Unido. Ela pesquisa como a irregularidade cotidiana na ingestão de energia afeta nossa saúde a longo prazo.

Pot diz ter se inspirado em sua avó, Hammy Timmerman, que era rigorosa com a rotina. Todo dia, ela tomava café da manhã às 7h da manhã; almoçava às 12h30 e jantava às 18h00. Até mesmo o horário de seus lanches era rígido: café às 11h30; chá às 15h da tarde. Quando Pot foi visitá-la, logo descobriu que dormir até tarde era um erro: “Se eu acordasse às 10h, ela ainda insistiria que eu comesse o café da manhã, e tomasse café com biscoitos meia hora depois”, diz ela. Porém, está cada vez mais convencida de que a rotina rígida de sua avó ajudou a mantê-la em boa forma até quase seus 95 anos.

Existem algumas razões para isso. Nossa sensibilidade ao hormônio insulina, que permite que a glicose dos alimentos ingeridos entre em nossas células seja usada como combustível, é maior durante a manhã do que à noite.

Quando nos alimentamos tarde (como Hammy Timmerman nunca fez), a glicose permanece no sangue por mais tempo, o que no longo prazo pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2, quando o pâncreas não produz insulina suficiente.

Também pode danificar outros tipos de tecidos, como vasos sanguíneos ou nervos dos olhos e nos pés. Nos piores casos, pode causar cegueira ou até mesmo amputações.

Usando dados de uma pesquisa nacional do Reino Unido que rastreou a saúde de mais de 5 mil pessoas por mais de 70 anos, Pot descobriu que, apesar de consumirem menos calorias em geral, as pessoas que tinham uma rotina de refeições mais irregular tinham maior risco de desenvolver síndrome metabólica – um conjunto de condições, incluindo hipertensão arterial, níveis elevados de açúcar no sangue, excesso de gordura na cintura e níveis anormais de gordura e colesterol no sangue, que juntos aumentam o risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

ENTÃO, O QUE DEVEMOS FAZER?

Esforçar-se por uma maior consistência no tempo de sono e refeições é um bom primeiro passo e, idealmente, todos os nossos relógios internos devem estar operando no mesmo fuso horário.

Quando abrimos as cortinas e vemos a luz forte de manhã, isso reinicia o relógio principal no nosso cérebro. Portanto, ao tomar o café da manhã logo em seguida, isso reforça a mensagem da manhã para os relógios do fígado e sistema digestivo. Comer um bom café da manhã pode, portanto, ser essencial para manter nossos relógios circadianos funcionando em sincronia.

Um estudo recente envolvendo 18 indivíduos saudáveis, e 18 com diabetes tipo 2, descobriu que pular o café da manhã ocasiona ritmos circadianos alterados em ambos os grupos, bem como picos maiores nos níveis de glicose no sangue quando eles finalmente se alimentavam.

No entanto, regular nossos horários internos não deve ser feito às custas de menos horas de sono. Apesar de ser improvável que dormir tarde ocasionalmente cause algum mal, geralmente devemos nos esforçar para ir para a cama em um horário que nos permita dormir o suficiente – a quantidade recomendada é de sete a oito horas para a maioria dos adultos – todos os dias da semana. Aqui, a exposição à luz poderia ajudar.

Diminuindo as luzes à noite e aumentando a exposição à luz intensa durante o dia mostrou que a hora do relógio principal no cérebro (o SQN) mudou várias horas antes, tornando as pessoas mais bem-humoradas.

Alguns defendem jejuar por pelo menos 12 horas, e possivelmente por até 14-16 horas durante a noite. Em um estudo histórico publicado em 2012, Panda e seus colegas compararam um grupo de ratos que tinha acesso a alimentos gordurosos e açucarados a qualquer hora do dia ou da noite, com outro grupo que só consumia esses alimentos em uma janela de oito a 12 horas durante o “dia”.

Mesmo consumindo o mesmo número de calorias, os camundongos cuja janela de alimentação era restrita pareciam estar completamente imunes às doenças que começaram a afligir o outro grupo: obesidade, diabetes, doenças cardíacas e problemas no fígado.

No entanto, ao serem colocados em um cronograma de restrição de tempo, os ratos com essas doenças ficaram bem novamente.

“Quase todos os animais, incluindo nós, evoluíram neste planeta com um ritmo muito forte de 24 horas, entre luz e escuridão, e os ritmos associados em comer e jejuar”, explica Panda.

“Achamos que uma das principais funções [desses ciclos] é permitir a recuperação e o rejuvenescimento a cada noite. Você não pode consertar uma rodovia quando o tráfego ainda está em movimento.”

Testes em humanos com restrição de tempo alimentar estão apenas começando, mas alguns dos primeiros resultados parecem promissores – pelo menos em alguns grupos. Por exemplo, quando oito homens com pré-diabetes foram induzidos a comer todas as suas refeições entre 8h e 15h, sua sensibilidade à insulina melhorou e sua pressão caiu em média 10 a 11 pontos, em comparação a quando eles consumiram as mesmas refeições em um intervalo de 12 horas.

O que tudo isso significa para o resto de nós ainda não está claro, mas o ditado de que você deveria tomar café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo nunca fez tanto sentido. E é quase certeza que vale a pena colocar um cadeado na geladeira durante a noite.

“Compartilhar é se importar”
Instagram:@dr.albertodiasfilho

Fonte: https://f5.folha.uol.com.br/viva-bem/2019/03/como-o-horario-das-refeicoes-afeta-a-sua-cintura.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Depressão e ansiedade aumentam o risco de morte por câncer

Pessoas que sofrem de depressão ou ansiedade correm maior risco de morrer de alguns tipos de câncer. De acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira na revista científica British Medical Journal (BMJ), pacientes que declararam sofrer problemas psicológicos eram mais propensos a morrer de câncer de intestino, próstata e pâncreas.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, Universidade de Edimburgo, na Escócia e Universidade de Sydney, na Austrália, analisaram dezesseis estudos que realizavam um acompanhamento de uma determinada população por uma dezena de anos, totalizando 163 363 adultos na Inglaterra e em Gales.

A equipe, dirigida por David Batty, epidemiologista da University College de Londres, focou seu estudo nos casos de câncer que dependem dos hormônios ou que estão relacionados ao estilo de vida do paciente. Vários estudos anteriores sugerem que o desequilíbrio hormonal que gera a depressão conduz a uma produção mais elevada de cortisol e inibe os mecanismos naturais de reparação do DNA, o que enfraquece as defesas diante do câncer. Também há dados de que entre as pessoas depressivas é mais comum o tabagismo, o consumo de álcool e a obesidade, três fatores de risco para o câncer.

Aumento expressivo do risco de morte

Os resultados do novo estudo mostraram que as pessoas que sofriam sintomas de depressão e ansiedade corriam um risco 80% maior de morrer de câncer de intestino, e eram duas vezes mais propensas a falecer de um câncer de próstata, pâncreas ou esôfago. Os resultados permaneceram os mesmos após serem considerados outros fatores como o estilo de vida, sexo, idade, peso e situação socioeconômica.

Embora os autores ressaltem que o estudo foi apenas observacional e, portanto, não prova um vínculo de causa e efeito entre o estado psíquico de uma pessoa e o câncer, eles afirmam que os resultados se somam a vários indícios que apontam a existência de interações entre a saúde física e mental.

Outras pesquisas apontam ainda para a existência de uma relação entre os sintomas da depressão e os transtornos de ansiedade e a incidência de doenças cardiovasculares.

Os especialistas indicaram que também não é possível excluir uma causalidade inversa, ou seja, que a depressão seja provocada pelos sintomas de um câncer que ainda não foi diagnosticado.

Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/depressao-e-ansiedade-aumentam-o-risco-de-morte-por-cancer/

terça-feira, 17 de maio de 2011

Café pode proteger mulher de forma agressiva de câncer de mama

O café pode proteger as mulheres de uma forma agressiva de câncer de mama, especialmente se tomadas cinco ou mais xícaras ao dia, de acordo com pesquisa que aparece nesta quarta-feira na publicação "Breast Cancer Research".

As mulheres que bebem bastante café têm possibilidades menores de desenvolver o chamado câncer de mama com receptores de estrogênios negativos, que não respondem a certos fármacos, por isso que a quimioterapia é geralmente a única opção.

Por este estudo, feito por analistas do Instituto Karolinska de Estocolmo, as mulheres que tomam muito café têm possibilidades menores de desenvolver o câncer do que aquelas que bebem pouco.

Os investigadores analisaram os casos de 6.000 mulheres que entraram na menopausa.

Assim, entre as que bebiam cinco xícaras ou mais de café ao dia o risco de desenvolver o câncer de mama se reduzia em 57% comparado com as que tomavam menos de uma xícara cheia.

"Acreditamos que o alto consumo diário de café está associado à significativa redução de câncer de mama com receptores de estrogênios negativos entre as mulheres que entraram na menopausa", assinalam os analistas na citada publicação.

Outros estudos sugeriram que o café reduz o risco de outros cânceres, incluído o de próstata e o de fígado. Os pesquisadores do instituto acreditam que o café pode ter compostos que afetam diferentes tipos de câncer de mama.

Para a diretora de política da organização Breakthrough Breast Cancer, Caitlin Palframan, "o interessante é que esta investigação sugere que o café pode reduzir o risco de câncer de mama (de estrogênios) negativo".

"Mas nem todos os estudos estão de acordo sobre os efeitos de consumir café e, portanto, não encorajaríamos as mulheres a aumentar o consumo de café para protegê-las do câncer de mama".

"O que sabemos é que as mulheres podem reduzir as possibilidades de desenvolver câncer de mama se mantêm bom peso, reduzem o consumo de álcool e fazem atividade física regularmente", acrescentou Palframan

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/914256-cafe-pode-proteger-mulher-de-forma-agressiva-de-cancer-de-mama.shtml

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Que exames ginecológicos a mulher deve fazer a cada idade?

Durante a infância, há algum exame específico que as meninas devem fazer?

Durante a infância, as meninas são acompanhadas pelos médicos pediatras, porém no momento da telarca (aparecimento das mamas), que ocorre entre 8 e 10 anos de idade, elas podem ser consultadas por um ginecologista.

A partir de quantos anos uma adolescente deve ir ao ginecologista?

Adolescência é um período da vida que se estende dos 10 aos 20 anos de idade e a consulta com um ginecologista poderá ser feita se a adolescente quiser, desejar, planejar o início da atividade sexual ou já tê-la iniciado. É interessante também que a adolescente acompanhe sua mãe para que desmistifique a consulta com o ginecologista.

Uma adolescente precisa fazer exames ginecológicos?

O exame ginecológico da adolescente dependerá da história clínica e de suas queixas. Se já iniciou atividade sexual, é necessário o exame de prevenção do câncer do colo do útero (Papanicolaou), que será iniciado 2 (dois) anos após a data da primeira relação sexual.

Dos 20 aos 30 anos, que exames uma mulher deve fazer?

Dos 20 aos 30 anos, deve ser feito o exame ginecológico clínico com:
1) exames das mamas
2) exame especular (com aparelhinho)
3) toque vaginal
4) Papanicolau.

E dos 30 aos 50?

Aos 35 anos poderá ser feita a primeira mamografia, de acordo com o NIH – National Institute of Health, e a seguir aos 40 anos.

E dos 40 aos 50?

Após os 40 anos, as mamografias poderão ser feitas a cada 2 anos.

E dos 50 em diante?

Após os 50 anos de idade ou quando a paciente estiver na menopausa, poderá fazer densitometria óssea para verificar a presença de osteoporose, além da mamografia anual e da citologia oncótica (Papanicolaou). Ultrassonografia para controle do endométrio (membrana de dentro do útero) e dos ovários deverá ser feita. Sempre o exame clínico com palpação da tireoide e mamas deve complementar o restante do exame ginecológico, além da medida da pressão arterial. Também nessa ocasião poderá ser feito exame para prevenção de câncer de intestino (colonoscopia) ou ser orientada a procurar o médico especialista de intestino (proctologista), que orientará quanto a esse exame.


No caso de haver casos de câncer de mama na família, uma mulher precisa fazer os exames preventivos com mais frequência do que as outras mulheres? E deve começar a fazer a mamografia mais cedo? Com qual idade?

Caso haja câncer de mama na família, a idade da primeira mamografia deverá ser aquela 10 (dez) anos antes da idade em que a parente apresentou o câncer. Por exemplo, se foi aos 45 anos de idade, a primeira mamografia será aos 35 anos de idade e depois aos 40 anos, de rotina.

E quando houver outros casos de câncer? A mulher deve ter um acompanhamento mais frequente?

Câncer de colo do útero é de prevenção rotineira.

Câncer de dentro do útero (endométrio) e câncer de ovários poderão ter seu diagnóstico precoce pela ultrassonografia endovaginal, da região púbica (porém a história com sintomas e exame ginecológico continuam sendo os mais importantes).

O câncer de vulva é diagnosticado precocemente pelo exame da região vulvar, às vezes até pela própria paciente, que pode se autoexaminar, usando um espelho.



Autora: Dra. Lana Maria de Aguiar é doutora e pós-doutora em Obstetrícia e Ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Fonte: http://idmed.uol.com.br/mulher/que-exames-ginecologicos-a-mulher-deve-fazer-a-cada-idade.html?utm_medium=twitter&utm_source=twitterfeed

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vitaminas na prevenção do câncer



Depois de uma série de estudos conflitantes sobre a eficácia dos suplementos vitamínicos na prevenção de doenças crônicas, pesquisadores anunciaram nesta quarta-feira que um teste clínico de larga escala envolvendo cerca de 15 mil médicos acompanhados ao longo de mais de uma década , revelou que aqueles que tomavam um multivitamínico (cápsula composta de diversas vitaminas e minerais) por dia tiveram um risco de desenvolver câncer 8% menor do que os que ingeriram placebo.

O estudo aleatório e duplo-cego (em que os participantes não sabem se estão tomando a substância em teste ou placebo), padrão ouro da medicina em matéria de pesquisa, é considerado o maior e mais longo dos esforços já feitos para responder a questões sobre o uso de vitaminas.

Outras ações são mais eficazes

A redução no total de cânceres é pequena, mas estatisticamente significante, afirmou o principal autor do estudo, J. Michael Gaziano, cardiologista do Hospital Feminino de Brigham, dos Estados Unidos. Embora a primeira razão que leve as pessoas a tomar multivitamínicos seja a tentativa de prevenir deficiências nutricionais, “há uma redução modesta no risco de desenvolvimento de câncer com o uso de um multivitamínico comum”, disse Gaziano, ressaltando, no entanto, que outras medidas podem ser mais eficazes na prevenção da doença .

"Seria um grande erro se as pessoas começassem a tomar multivitamínicos em vez de parar de fumar ou fazer qualquer outra coisa que sabemos ter um papel muito maior na prevenção, como uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos,  e temos de continuar usando filtro solar" afirmou Gaziano.

As descobertas foram apresentadas na Associação Americana para Pesquisa do Câncer, durante uma conferência sobre a prevenção da doença, e o estudo foi publicado na prestigiada “Journal of the American Medical Association”.

Com o apoio do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e uma doação do laboratório químico Basf Corporation, o estudo usou os multivitamínicos da Pfizer, mas os patrocinadores não tiveram participação no modelo, na análise de dados ou ainda na preparação dos manuscritos, garantiram os autores do estudo.

Cerca de metade dos norte-americanos toma algum tipo de suplemento vitamínico e pelo menos um terço, um multivitamínico. No entanto, as Diretrizes Alimentares para os Americanos de 2010 asseguram que não há provas para se recomendar o uso diário de multivitamínicos ou minerais na prevenção de doenças crônicas.

No Brasil, as vitaminas são isentas de prescrição médica e por isso não há um controle de venda ou consumo por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologioa Clínica (SBOC), Anderson Arantes Silvestrini, a relação entre vitamina e redução do risco de câncer deve ocorrer devido aos antioxidantes: A produção de radicais livres está ligada à lesão celular, o que leva ao câncer. Os antioxidantes das vitaminas combatem os radicais livres e, dessa forma, protegeriam o organismo de tumores, explicou.

Ele acredita ainda que pessoas que tomam vitaminas todos os dias já são mais preocupadas com hábitos saudáveis, estes sim, preconizados como a maior arma contra a doença

A Sociedade Americana do Câncer estimula uma dieta balanceada e, para os que tomam multivitamínicos, que não ultrapassem 100% do valor diário recomendado dos nutrientes. É um efeito pequeno, mas, além de parar de fumar, não há nada que reduza os riscos de câncer em 10% — afirmou Robert Greenberg, do Centro de Pesquisas em Câncer Fred Hutchinson, em Seattle. Os multivitamínicos não tiveram efeito contra o câncer de próstata, o mais comum entre os pacientes estudados.

Fonte: http://oglobo.globo.com/ciencia/vitaminas-na-prevencao-do-cancer-6438381

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

[Conteúdo exclusivo para médicos] Uso de análogos de GLP-1 e ocorrência de distúrbios da tireoide: uma meta-análise de ensaios controlados randomizados

A associação entre os agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e o risco de vários tipos de distúrbios da tireoide permanece incerta.

Nosso objetivo foi avaliar a relação entre o uso de agonistas do receptor GLP-1 e a ocorrência de 6 tipos de distúrbios da tireoide.  

Pesquisamos PubMed (MEDLINE), EMBASE, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) e Web of Science desde o início do banco de dados até 31 de outubro de 2021 para identificar ensaios clínicos randomizados (RCTs) elegíveis.

Realizamos meta-análise usando um modelo de efeitos aleatórios para calcular as razões de risco (RRs) e intervalos de confiança de 95% (ICs).

Um total de 45 estudos foram incluídos na meta-análise.  

Comparado com placebo ou outras intervenções, o uso de agonistas do receptor de GLP-1 mostrou uma associação com um risco aumentado de distúrbios gerais da tireoide (RR 1,28, IC 95% 1,03-1,60).  

No entanto, os agonistas do receptor GLP-1 não tiveram efeitos significativos na ocorrência de câncer de tireoide (RR 1,30, IC 95% 0,86-1,97), hipertireoidismo (RR 1,19, IC 95% 0,61-2,35), hipotireoidismo (RR 1,22, IC 95%  0,80-1,87), tireoidite (RR 1,83, IC 95% 0,51-6,57), massa tireoidiana (RR 1,17, IC 95% 0,43-3,20) e bócio (RR 1,17, IC 95% 0,74-1,86).  

Análises de subgrupos e análises de meta-regressão mostraram que as doenças subjacentes, o tipo de controle e a duração dos ensaios não estavam relacionados ao efeito dos agonistas do receptor de GLP-1 nos distúrbios gerais da tireoide (todos os subgrupos P > 0,05).

Em conclusão, os agonistas do receptor GLP-1 não aumentaram ou diminuíram o risco de câncer de tireoide, hipertireoidismo, hipotireoidismo, tireoidite, massa tireoidiana e bócio.

No entanto, devido à baixa incidência dessas doenças, esses achados precisam ser aprofundados.

• Introdução

As doenças da tireoide são comuns em alguns distúrbios metabólicos, como diabetes mellitus (DM) e obesidade.

A disfunção da tireoide (DT) e o DM estão intimamente ligados. Uma alta prevalência de DT foi relatada entre pacientes com DM tipo 1 (DM1) e DM tipo 2 (DM2).

Embora o mecanismo seja desconhecido, estudos epidemiológicos indicaram que a obesidade e o DM2 estão associados a riscos aumentados de vários tipos de câncer, incluindo câncer de tireoide.

Além disso, a resistência à insulina e a hiperinsulinemia podem levar a bócio, proliferação de tecidos da tireoide e aumento da incidência de doença nodular da tireoide.

Além dos efeitos da própria doença, alguns medicamentos antidiabéticos podem afetar o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide (HPT) e a função da tireoide.

Por exemplo, vários estudos demonstraram que a metformina pode inibir o crescimento de células da tireoide e diferentes tipos de células de câncer de tireoide, e a terapia com metformina tem sido associada a uma diminuição nos níveis séricos de hormônio estimulante da tireoide (TSH).

As tiazolidinedionas podem induzir oftalmopatia associada à tireoide. Recentemente, a relação entre os agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e o câncer de tireoide tem atraído atenção, mas ainda há controvérsias.

O GLP-1 é um hormônio peptídico de aminoácidos secretado pelas células L da mucosa gastrointestinal que promove a secreção de insulina, suprime a secreção de glucagon e retarda o esvaziamento gástrico.

Estudos em roedores mostraram que o agonista do receptor GLP-1 liraglutida pode ativar o receptor GLP-1 nas células C da tireoide, levando à liberação de calcitonina com efeito dose-dependente na patologia das células C.

Alguns modelos animais provaram que o tratamento com exenatida ou liraglutida está relacionado ao aparecimento anormal de células C da tireoide, com desenvolvimento gradual de hiperplasia e adenomas.

Além disso, um estudo descobriu que pacientes tratados com exenatida tinham um risco aumentado de câncer de tireoide examinando o banco de dados de eventos adversos relatados da Food and Drug Administration dos EUA.

No entanto, os resultados do estudo A Long Term Evaluation (LEADER) que se seguiu por 3,5-5 anos não mostraram nenhum efeito da ativação do receptor GLP-1 nos níveis de calcitonina sérica humana, proliferação de células C ou malignidade de células C.

No entanto, os agonistas do receptor GLP-1 não são recomendados em pacientes com história pessoal ou familiar de câncer medular de tireoide ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2.

Agonistas do receptor GLP-1, um novo tipo de droga antidiabética para o tratamento do DM2 nos últimos anos, com benefícios adicionais de perda de peso e redução da pressão arterial.

Embora muitos grandes ensaios clínicos randomizados (RCTs) de agonistas do receptor GLP-1 tenham identificado os benefícios óbvios dos agonistas do receptor GLP-1 sobre os resultados cardiovasculares e renais em pacientes com DM ou obesidade, a associação entre o receptor GLP-1  agonistas e vários distúrbios da tireoide permanece controverso.  

Além disso, considerando que os distúrbios da tireoide são comuns em algumas doenças metabólicas, como DM e obesidade, realizamos este estudo.

Assim, comparando os agonistas do receptor GLP-1 com placebo ou outras drogas antidiabéticas, realizamos uma meta-análise de todos os dados de RCT disponíveis para avaliar a relação entre o uso de agonistas do receptor GLP-1 e a ocorrência de vários tipos de distúrbios da tireoide.

• Discussão

Esta meta-análise é o primeiro estudo de grande amostra que foi projetado para avaliar a relação entre o uso de agonistas do receptor de GLP-1 e a ocorrência de vários distúrbios da tireoide.

Como resultado, as duas principais descobertas a seguir foram produzidas.

Primeiro, em comparação com placebo ou outras intervenções, os agonistas do receptor de GLP-1 aumentaram significativamente o risco de distúrbios gerais da tireoide em 28%.

Em segundo lugar, entre os agonistas do receptor de GLP-1, apenas a liraglutida e a dulaglutida mostraram tendências aumentadas nos riscos de distúrbios gerais da tireoide em comparação com placebo e outras drogas antidiabéticas.

Apesar da falta de evidências clínicas e epidemiológicas consistentes, a potencial ligação entre os agonistas do receptor GLP-1 e o câncer de tireoide tem recebido atenção considerável.  

Estudos em roedores mostraram que o tratamento com liraglutida ou exenatida uma vez por semana está associado à proliferação de células C da tireoide e à formação de tumores de células C da tireoide.

Portanto, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA proíbe essas terapias para pacientes com histórico individual ou familiar de carcinoma medular de tireoide (CMT) ou pacientes com síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2).

No entanto, essas preocupações são controversas em ensaios clínicos.

Uma análise retrospectiva do banco de dados AERS do FDA descobriu que a incidência de câncer de tireoide tratado com exenatida foi 4,7 vezes maior que a do medicamento de controle.

Da mesma forma, a análise de dados do banco de dados EudraVigilance encontrou evidências de relatos espontâneos de que os análogos de GLP-1 estão relacionados ao câncer de tireoide em pacientes diabéticos.

No entanto, uma meta-análise envolvendo 25 estudos mostrou que a liraglutida não teve correlação significativa com o aumento do risco de câncer de tireoide.

Embora nossa meta-análise também tenha mostrado que os agonistas do receptor de GLP-1 não aumentaram o risco de câncer de tireoide em comparação com placebo ou outras intervenções, em combinação com evidências previamente disponíveis, pacientes com risco de câncer de tireoide devem receber agonistas do receptor de GLP-1 com cuidado.

Até o momento, o mecanismo potencial dos efeitos desfavoráveis ​​dos agonistas do receptor de GLP-1 em distúrbios da tireoide não foi completamente claro.

Os mecanismos possíveis são os seguintes.

Primeiro, foi relatado que o mecanismo de transformação de células C em roedores é pela ativação do receptor GLP-1 na célula C, e um estudo mostrou que a estimulação do receptor GLP-1 é um melhor preditor de hiperplasia de células C do que concentrações plasmáticas de exenatida e liraglutida.

Em segundo lugar, além do carcinoma medular da tireoide e da hiperplasia de células C, foi demonstrada a expressão dos receptores GLP-1 no carcinoma papilífero da tireoide (PTC).

Gier et ai. relataram imunorreatividade positiva para receptores de GLP-1 em tecidos PTC, detectados usando um anticorpo policlonal anti-receptores de GLP-1.

Enquanto isso, eles relataram que os receptores GLP-1 foram expressos de forma diferente em tecidos tireoidianos não neoplásicos de acordo com diferentes estados inflamatórios.

Os receptores de GLP-1 foram expressos em tecidos normais da tireoide com inflamação, mas não em tecidos normais da tireoide sem inflamação.

Além disso, outro estudo também confirmou a expressão de receptores GLP-1 em PTC e a taxa de expressão de receptores GLP-1 em PTC, que foi de quase 30%.

Korner et al. verificaram a expressão de receptores GLP-1 em vários tecidos tireoidianos humanos por cintilografia e demonstraram que poucos tecidos tireoidianos normais expressavam receptores GLP-1.  

Portanto, os receptores GLP-1 podem ser anormalmente induzidos em células derivadas de folículos tireoidianos por meio de inflamação, proliferação celular ou tumorigênese.

No entanto, alguns dos estudos mencionados usaram anticorpos do receptor de GLP-1 sem especificidade.

Usando outro método de detecção, Waser et al. descobriram que nem as tireoides humanas normais nem hiperplásicas contendo células C parafoliculares expressam receptores de GLP-1.

Atualmente, a presença e a importância dos receptores GLP-1 na tireoide humana normal permanecem controversas.  

Terceiro, o GLP-1 pode funcionar através da via fosfoinositol-3 quinase/AKT serina/treonina quinase (PI3K/Akt) e/ou via de proteína quinase ativada por mitógeno/quinase regulada por sinal extracelular (MAPK/Erk).

Essas duas vias de sinalização também são críticas na regulação do crescimento e proliferação celular; portanto, estão intimamente relacionados ao câncer, incluindo o PTC.

Essas duas vias de sinalização são vias significativas para regular o crescimento e a proliferação celular e, portanto, estão intimamente relacionadas à formação do câncer.

Finalmente, o receptor GlP-1 pode estar associado aos níveis de triiodotironina (T3).

O GLP-1 estimula a expressão da iodotironina desiodase (D3) tipo 3 através do receptor GLP-1, e a regulação da concentração intracelular (T3) pelo D3 pode estar envolvida na estimulação da secreção de insulina pelo GLP-1.

Além disso, um estudo clínico mostrou que o tratamento com exenatida por 6 meses reduziu significativamente a concentração sérica de TSH em pacientes diabéticos sem doença da tireoide.

Em conclusão, alguns estudos em animais forneceram evidências de que o uso de agonistas do receptor de GLP-1 aumenta o risco de doença da tireoide, mas essa evidência não foi confirmada em humanos.

Portanto, realizamos esta meta-análise para esclarecer a associação de agonistas do receptor de GLP-1 com doenças da tireoide em estudos clínicos e preparação para estudos futuros em humanos.  

Outros estudos prospectivos devem ser realizados para determinar os efeitos potenciais dos agonistas do receptor de GLP-1 na doença da tireoide.

Na análise de diferentes tipos de agonistas do receptor GLP-1, descobrimos que a liraglutida e a dulaglutida estavam significativamente associadas a um risco aumentado de distúrbios gerais da tireoide.

No entanto, a tolerabilidade individual e a segurança ao GLP-1RA podem variar devido a diferenças nas estruturas moleculares.

Além disso, esses diferentes achados podem explicar com um tamanho de amostra desequilibrado.  

Vale a pena notar que o risco significativamente aumentado da liraglutida é em grande parte impulsionado pelo estudo LEADER e o da dulaglutida é amplamente impulsionado pelo teste REWIND, ambos os quais contribuíram com mais de 75% do peso para o total  resultados.

Devido à falta de pesquisas suficientes, não podemos tirar uma conclusão decisiva até que pesquisas adicionais forneçam mais informações.

Entre os estudos incluídos, apenas um estava relacionado à exenatida de ação curta e dois eram exenatida de ação prolongada.

Devido ao pequeno número de estudos, não analisamos separadamente de acordo com a farmacocinética.

Esta revisão tem dois pontos fortes principais.  Em primeiro lugar, esta é a primeira meta-análise a avaliar de forma abrangente os riscos de várias doenças da tireoide associadas ao uso de agonistas do receptor de GLP-1.  Além disso, todos os estudos incluídos eram ECRs.  Em segundo lugar, nenhuma ou apenas uma leve heterogeneidade foi encontrada em nenhuma das metanálises realizadas no presente estudo.

Reconhecemos que nosso estudo tem várias limitações.

Primeiro, quase todos os estudos incluídos não consideraram os eventos tireoidianos como o resultado principal, apenas os consideraram como resultados de segurança e não monitoraram as alterações na função tireoidiana ao mesmo tempo.

Além disso, apenas estudos relatando eventos da tireoide foram incluídos nesta análise, levando a um risco claro de viés de notificação.

Em segundo lugar, embora esta análise tenha incluído 45 estudos com um tamanho de amostra bastante grande, a baixa incidência de eventos tireoidianos resultou em um amplo intervalo de confiança que reduziu a certeza de nossos achados.

Além disso, os grupos de estudo diferem consideravelmente em tamanho (52.600 vs. 41.463).  

Considerando a pequena diferença na taxa de distúrbios da tireoide (0,39 vs. 0,31%), uma influência significativa no desfecho primário não pode ser descartada.

A terceira limitação é que pode haver o potencial para vários efeitos indiretos ou confusão.

Por exemplo, redução no IMC em pacientes obesos, restrição calórica e doença estão todos associados a diferentes alterações no teste de função tireoidiana (TFT).

Os pacientes podem ser rastreados de forma mais rigorosa, particularmente para nódulos/câncer da tireoide em pacientes que recebem agonistas do receptor de GLP-1.

Outra limitação é que, para o câncer de tireoide, relatar especificamente os casos de CMT versus CPT aumentaria o objetivo de elucidar os mecanismos da doença da tireoide.  

No entanto, verificamos que alguns estudos não especificaram o tipo de câncer de tireoide, o que afetaria a precisão dos resultados.

Devido à falta de padronização dos relatos de eventos adversos e dados originais, não podemos fazer comparações de acordo com os diferentes tipos.

Finalmente, embora nossa meta-análise tenha mostrado que os agonistas do receptor GLP-1 aumentaram o risco de distúrbio geral da tireoide, devido à diminuição no tamanho da amostra, não mostrou resultados estatisticamente significativos para distúrbio específico da tireoide.  

Futuros grandes ECRs de longo prazo com resultados primários ou secundários, incluindo distúrbios da tireoide e dados do mundo real, são necessários para elucidar a associação entre os agonistas do receptor de GLP-1 e o risco de vários distúrbios da tireoide, particularmente câncer de tireoide.

• Conclusão

Em conclusão, em comparação com placebo ou outras intervenções, os agonistas do receptor de GLP-1 não aumentaram ou diminuíram o risco de câncer de tireoide, hipertireoidismo, hipotireoidismo, tireoidite, massa tireoidiana e bócio.  

Devido à baixa incidência de vários distúrbios da tireoide, esses achados ainda precisam ser verificados por mais estudos.

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Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
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sábado, 8 de julho de 2017

Redução de risco após o câncer: estilo de vida saudável (e algum tipo de noz)

Pacientes com câncer com frequência perguntam o que podem fazer para se ajudarem. Novos dados de um estudo de longa duração em pacientes com câncer colorretal em estágio inicial confirmam que seguir um estilo de vida saudável reduz o risco de morte por câncer. Uma análise complementar acrescenta um novo dado: comer nozes também.

Os novos dados são de questionários preenchidos por pacientes com câncer colorretal no estágio III durante e após quimioterapia adjuvante.

"Descobrimos que os pacientes que tinham um peso corporal saudável, praticavam atividade física regular, comiam uma dieta rica em vegetais, frutas e grãos integrais e pobre em carnes processadas e carnes vermelhas, e bebiam quantidades pequenas ou moderadas de álcool tinham maior sobrevida livre de doença e global do que os pacientes que não o faziam", disse a autora principal do estudo, Erin Van Blarigan, professora-assistente de epidemiologia e bioestatística da University of California,em San Francisco.

Seguir um estilo de vida saudável reduziu o risco de morte em 42%, e acrescentar consumo moderado de álcool à análise reduziu ainda mais o risco de morte, em 15%.

Erin falou em uma entrevista coletiva à reunião anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO). Os novos resultados são de uma análise dos dados coletados durante o ensaio CALGB 89803. Este estudo comparou vários regimes de quimioterapia adjuvante; os resultados foram publicados há 10 anos (J Clin Oncol. 2007;25:3456-3461).

O estilo de vida foi avaliado em dois momentos diferentes durante o período de estudo, com uso de pesquisas validadas. Um sistema de pontuação foi utilizado para quantificar a adesão às diretrizes publicadas pela American Cancer Society (ACS) (intervalo de 0 a 6; quanto maior a pontuação, mais saudáveis os comportamentos).

O consumo de álcool está incluído nas diretrizes da ACS para prevenção do câncer, mas não para sobreviventes de câncer, então Erin explicou que eles avaliaram a pontuação com e sem consumo de álcool.

Em um acompanhamento médio de sete anos, houve 335 recorrências e 299 óbitos (43 sem recorrência).

Os pesquisadores compararam então os desfechos para os pacientes com as maiores pontuações de aderência às diretrizes de estilo de vida saudável (5 a 6 pontos; n = 91, 9%) com os desfechos para os pacientes que obtiveram o menor grau de adesão às diretrizes (0 a 1 ponto; n = 262, 26%). Eles encontraram um risco 42% menor de morte (hazard ratio, HR, 0,58; P para tendência = 0,01) e uma tendência para a melhora da sobrevida livre de doença (SLD) para os pacientes com maior aderência às recomendações de estilo de vida saudável (HR, 0,69; P para tendência = 0,03).

Quando a análise incluiu álcool na pontuação, as HRs ajustadas para pacientes com pontuação de 6 a 8 pontos (n = 162, 16%) em comparação com aqueles cujo escore foi de 0 a 2 pontos (n = 187, 91% ) foram 0,49 para a sobrevida global (P para tendência = 0,002), 0,58 para SLD (P para tendência = 0,01), e 0,64 para sobrevida livre de recorrência (P para tendência = 0,05).

"Nossa equipe de pesquisa está realizando ensaios clínicos para avaliar a viabilidade e a aceitabilidade de intervenções digitais no estilo de vida, como o Fitbit, para pacientes com câncer colorretal", disse Erin. "Se nossas intervenções forem aceitáveis e úteis aos pacientes, testaremos o impacto delas no risco de recorrência e mortalidade por câncer em estudos futuros".

O estudo tem algumas limitações porque os resultados dependem da memória dos pacientes sobre o próprio comportamento, "mas a conclusão é que as diretrizes da ACS e outros recomendam comportamentos saudáveis porque eles são de fato saudáveis para você", comentou o Dr. Richard L. Schilsky, chefe médico da ASCO.

Nozes reduzem mortalidade e recorrência

Em um estudo relacionado que usou a mesma coorte de pacientes do estudo CALGB 89803, os pesquisadores observaram que o consumo regular de nozes também foi associado a um menor risco de recorrência do câncer de cólon e a uma melhor sobrevida global.

Entre os 826 pacientes incluídos nesta análise, os resultados mostraram que aqueles que consumiram 2 ou mais onças (aproximadamente 56 gramas) de frutas e sementes oleaginosas de cascas rijas por semana tiveram um risco 42% menor de recorrência da doença, e um risco de mortalidade de 57% menor em comparação com aqueles que não comeram esse tipo de alimento.

Mas uma análise secundária, explicou o autor principal, Dr. Temidayo Fadelu, um fellow clínico em medicina no Dana Farber Cancer Institute, em Boston, Massachusetts, mostrou que o benefício do consumo estava limitado às oleaginosas que crescem em árvores – a associação não foi significativa para amendoim (e manteiga de amendoim).

O mecanismo biológico não é conhecido, mas provavelmente está relacionado ao efeito das nozes na resistência a insulina, ele destacou. "Esses resultados contribuem para evidências sobre o benefício de fatores dietéticos e do estilo de vida no câncer de cólon".

Outros estudos observacionais sugeriram que aumentar o consumo de nozes está associado com menor risco de diabetes tipo 2, síndrome metabólica e resistência a insulina.

Melhor sobrevida livre de doença

Dr. Fadelu e colaboradores avaliaram associações do consumo de nozes com recorrência e mortalidade do câncer. Eles descobriram que, em comparação com os pacientes que se abstiveram de comer estes frutos secos, aqueles que consumiram pelo menos duas porções por semana tiveram uma HR ajustada de 0,58 (P para tendência = 0,03) para SLD e 0,43 (P para tendência = 0,01) para sobrevida global.

Os autores também observaram que, na análise de subgrupos, a associação significativa se aplicava apenas ao consumo de frutos oleaginosos que não o amendoim: HR de 0,54 (P para tendência = 0,04) para SLD e 0,47 (P para tendência = 0,04) para a sobrevivência global.

Além disso, eles observaram que a associação de consumo de frutos oleaginosos secos com melhores desfechos foi mantida entre alterações genômicas comuns (instabilidade de microssatélites, mutação KRAS, mutação BRAF e mutação PIK3CA).

O Dr. Schilsky observou que o estudo descobriu que comer duas porções de nozes por semana estava associado a resultados mais favoráveis, "mas se isso é devido a comer as nozes ou se isso é devido a algum outro comportamento associado a comer nozes, ainda não está claro".
"No entanto, há um crescente número de evidências mostrando que comer esses frutos e sementes geralmente é bom para saúde, e este é outro estudo apontando na mesma direção", disse ele ao Medscape.

Não substitui o tratamento

Comentando sobre os dois estudos, o presidente da ASCO, Dr. Daniel F. Hayes, observou que os dados mostram que "existe uma ótima chance de sobrevivência se você tem câncer de cólon, e que as pessoas saudáveis vivem melhor".

No entanto, ele advertiu que esses resultados não significam que o estilo de vida pode substituir o tratamento, e disse que os pacientes não devem renunciar à conduta padrão no tratamento da própria doença.

"Ninguém quer se submeter a quimioterapia", disse o Dr. Hayes. "Nós entendemos isso, mas a quimioterapia claramente salva vidas".

"As pessoas não devem interpretar esses dois resumos como sugestão de que, se você tem um estilo de vida saudável e come nozes, não precisa usar a quimioterapia que seu oncologista recomenda", acrescentou. "Essa é uma interpretação muito perigosa".

O estudo de Erin (resumo 10006) foi financiado pelo National Cancer Institute dos National Institutes of Health; o estudo do Dr. Fadelu (resumo 3517) foi financiado pelo National Cancer Institute e por Pfizer. Erin e o Dr. Fadelu não declararam relações financeiras relevantes, embora múltiplos coautores de ambos estudos tenham declarado relações com a indústria. O Dr. Hayes relata possuir ações e receber lucros de propriedade de OncoImmune e InBiomotion; honorários de Lilly; financiamento de pesquisa (institutional) de Janssen, AstraZeneca, Puma Biotechnology, Pfizer, Lilly e Merrimack/Parexel; patentes, royalties e outras propriedades intelectuais com royalties de tecnologia licenciada a Janssen Diagnostics a respeito de células tumorais circulantes; e despesas de viagem, acomodação e gastos recebidos de Janssen Diagnostics.

Encontro Anual da American Society of Clinical Oncology. Resumos 10006 e 3517, apresentados, respectivamente, em 2 de junho e 3 de junho de 2017.

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6501255#vp_2

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Posicionamento do INCA sobre agrotóxicos


No dia 8/04/15 o Instituto Nacional do Câncer (INCA), divulgou um documento técnico pedindo a redução de agrotóxicos no País => http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/posicionamento_do_inca_sobre_os_agrotoxicos_06_abr_15.pdf

Motivo: o Brasil ostenta o tenebroso troféu de maior consumidor de defensivo agrícola do mundo. Em 2009, cada brasileiro consumiu, em média, 5,2 kg de agrotóxico. O nº está correto: se fôssemos dividir todo o agrotóxico que usamos pela população brasileira, cada um teria consumido UM GALÃO DE 5 LITROS de agrotóxico em um ano. Os dados são de uma pesquisa da Anvisa publicada em 2015. De acordo com o INCA, o grande puxador do uso de defensivos agrícolas no Brasil são os transgênicos, cujo cultivo demanda uma quantidade grande de veneno.

Existem dois tipos de intoxicação por agrotóxico: aguda e crônica. Na aguda, o atingido é o lavrador (contato direto com o veneno) e de acordo com Organização Internacional do Trabalho, pelo menos 70 mil trabalhadores morrem por ano de intoxicação aguda por agrotóxico. Já na crônica, ocorre um envenenamento lento e constante.

Consequências: Infertilidade, impotência, abortos, malformações, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer são alguns dos males associados à ingestão crônica de agrotóxicos.

Para o INCA é praticamente impossível encontrar um produto livre de veneno no supermercado. Não adianta apenas evitar tomates e pimentões, campeões de contaminação. E lavar os alimentos só tira uma parte do veneno. Quaisquer comidas que contenham trigo, milho ou soja, têm agrotóxicos.

Solução: O INCA propõe incentivo à produção orgânica para diminuir o potencial cancerígeno dos alimentos.

"Em substituição ao modelo dominante, o INCA apoia a produção de base agroecológica em acordo com a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Este modelo otimiza a integração entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais recursos naturais essenciais à vida. Além de ser uma alternativa para a produção de alimentos livres de agrotóxicos, tem como base o equilíbrio ecológico, a eficiência econômica e a justiça social, fortalecendo agricultores e protegendo o meio ambiente e a sociedade".
A maior controvérsia em relação aos orgânicos hoje é a de que esse tipo de cultivo não seria capaz de alimentar o mundo.

POSICIONAMENTO DO INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA
ACERCA DOS AGROTÓXICOS

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde, tem como missão apoiar este Ministério no desenvolvimento de ações integradas para prevenção e controle do câncer. Entre elas, estão incluídas pesquisas sobre os potenciais efeitos mutagênicos e carcinogênicos de substâncias e produtos utilizados pela população, bem como as atividades de comunicação e mobilização para seu controle, em parceria com outras instituições e representantes da
sociedade.

O INCA, ao longo dos últimos anos, tem apoiado e participado de diferentes movimentos e ações de enfrentamento aos agrotóxicos, tais como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o Fórum Estadual de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos do Estado do Rio de Janeiro, o Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) “Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde”, a Mesa de Controvérsias sobre Agrotóxicos do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea e os documentários “O Veneno Está na Mesa 1 e 2”, de Silvio Tendler.

O INCA, ao longo dos últimos anos, tem apoiado e participado de diferentes movimentos e ações de enfrentamento aos agrotóxicos, tais como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o Fórum Estadual de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos do Estado do Rio de Janeiro, o Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) “Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde”, a Mesa de Controvérsias sobre Agrotóxicos do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea e os documentários “O Veneno Está na Mesa 1 e 2”, de Silvio Tendler.

Além disso, junto com outros setores do Ministério da Saúde, incluiu o tema “agrotóxicos” no Plano de Ações Estratégicas de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis no Brasil (2011-2022). Em 2012, a Unidade Técnica de Exposição Ocupacional, Ambiental e Câncer e a Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do INCA organizaram o “I Seminário Agrotóxico e Câncer”, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esse evento reuniu profissionais da área da saúde, pesquisadores, agricultores e consumidores para debater os riscos à saúde humana decorrentes da exposição aos agrotóxicos, particularmente sua relação com determinados tipos de câncer. E em 2013, em conjunto com a Fiocruz e a Abrasco, assinou uma nota alertando sobre os perigos do mercado de agrotóxicos.

Nesta perspectiva, o objetivo deste documento é demarcar o posicionamento do INCA contra as atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil e ressaltar seus riscos à saúde, em especial nas causas do câncer. Dessa forma, espera-se fortalecer iniciativas de regulação e controle destas substâncias, além de incentivar alternativas agroecológicas aqui apontadas como solução ao modelo agrícola dominante.

Os agrotóxicos são produtos químicos sintéticos usados para matar insetos ou plantas no ambiente rural e urbano. No Brasil, a venda de agrotóxicos saltou de US$ 2 bilhões para mais de US$7 bilhões entre 2001 e 2008, alcançando valores recordes de US$ 8,5 bilhões em 2011. Assim, já em 2009, alcançamos a indesejável posição de maior consumidor mundial de agrotóxicos, ultrapassando a marca de 1 milhão de toneladas, o que equivale a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante.
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É importante destacar que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtos.

O modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais conhecidas e afetam, principalmente, as pessoas expostas em seu ambiente de trabalho (exposição ocupacional). São caracterizadas por efeitos como irritação da pele e olhos, coceira cólicas, vômitos, diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias, convulsões e morte.

Já as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla aos agrotóxicos, isto é, da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas. Os efeitos adversos decorrentes da exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer muito tempo após a exposição, dificultando a correlação com o agente. Dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.

Os últimos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA) da Anvisa revelaram amostras com resíduos de agrotóxicos em quantidades acima do limite máximo permitido e com a presença de substâncias químicas não autorizadas para o alimento pesquisado. Além disso, também constataram a existência de agrotóxicos em processo de banimento pela Anvisa ou que nunca tiveram registro no Brasil.

Vale ressaltar que a presença de resíduos de agrotóxicos não ocorre apenas em alimentos in natura, mas também em muitos produtos alimentícios processados pela indústria, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas, pizzas e outros que têm como ingredientes o trigo, o milho e a soja, por exemplo. Ainda podem estar presentes nas carnes e leites de animais que se alimentam de ração com traços de agrotóxicos, devido ao processo de bioacumulação. Portanto, a preocupação com os agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras, que são alimentos fundamentais em uma alimentação saudável e de grande importância na prevenção do câncer. O foco essencial está no combate ao uso dos agrotóxicos, que contamina todas as fontes de recursos vitais, incluindo alimentos, solos, águas, leite materno e ar. Ademais, modos de cultivo livres do uso de agrotóxicos produzem frutas, legumes, verduras e leguminosas, como os feijões, com maior potencial anticancerígeno.

Outras questões merecem destaque devido ao grande impacto que representam. Uma delas é o fato do Brasil ainda realizar pulverizações aéreas de agrotóxicos, que ocasionam dispersão destas substâncias pelo ambiente, contaminando amplas áreas e atingindo populações. A outra é a isenção de impostos que o país continua a conceder à indústria produtora de agrotóxicos, um grande incentivo ao seu fortalecimento, que vai na contramão das medidas protetoras aqui recomendadas. E ainda, o fato de o Brasil permitir o uso de agrotóxicos já proibidos em outros países.

Ressalta-se que em março de 2015 a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) publicou a Monografia da IARC volume 112, na qual, após a avaliação da carcinogenicidade de cinco ingredientes ativos de agrotóxicos por uma equipe de pesquisadores de 11 países, incluindo o Brasil, classificou o herbicida glifosato e os inseticidas malationa e diazinona como prováveis agentes carcinogênicos para humanos (Grupo 2A) e os inseticidas tetraclorvinfós e parationa como possíveis agentes carcinogênicos para humanos (Grupo 2B). Destaca-se que a malationa e a diazinona e o glifosato são autorizados e amplamente usados no Brasil, como inseticidas em campanhas de saúde pública para o controle de vetores e na agricultura, respectivamente.

Além dos efeitos tóxicos evidentes descritos na literatura científica nacional e internacional, as ações para o enfrentamento do uso dos agrotóxicos têm como base o Direito Humano à Alimentação Adequada – DHAA (previsto nos artigos 6º e 227º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Decreto nº7.272, de  5/08/2010), a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta - PNSIPCF (Portaria nº 2.866 de 02/12/2011), a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Portaria nº 1.823, de 23/08/2012) e a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - PNAPO (Decreto nº 7.794, de 20/08/2012).

Considerando o atual cenário brasileiro, os estudos científicos desenvolvidos até o presente momento e os marcos políticos existentes para o enfrentamento do uso dos agrotóxicos, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) recomenda o uso do Princípio da Precaução e o estabelecimento de ações que visem à redução progressiva e sustentada do uso de agrotóxicos, como previsto no Programa Nacional para Redução do uso de Agrotóxicos (Pronara).

Em substituição ao modelo dominante, o INCA apoia a produção de base agroecológica em acordo com a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Este modelo otimiza a integração entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais recursos naturais essenciais à vida. Além de ser uma alternativa para a produção de alimentos livres de agrotóxicos, tem como base o equilíbrio ecológico, a eficiência econômica e a justiça social, fortalecendo agricultores e protegendo o meio ambiente e a sociedade.

A elaboração e a divulgação deste documento têm como objetivo contribuir para o papel do INCA de produzir e disseminar conhecimento que auxilie na redução da incidência e mortalidade por câncer no Brasil.

Fonte: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/posicionamento_do_inca_sobre_os_agrotoxicos_06_abr_15.pdf

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Atividades físicas em portadores de câncer de próstata

A prática de atividades físicas pode ser ainda mais importante para homens com câncer de próstata, pois parece reduzir seus riscos de morte, segundo recente estudo da Universidade de Harvard e da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. De acordo com os pesquisadores, homens que fazem atividades físicas mais vigorosas têm menor risco de morte não apenas por câncer de próstata, mas por qualquer causa.

Acompanhando, por 18 anos, mais de 2,7 mil homens diagnosticados com câncer de próstata, os especialistas descobriram que “os homens podem reduzir seu risco de progressão do câncer de próstata após o diagnóstico ao adicionar atividades físicas à sua rotina diária”. “Esta é uma boa notícia para os homens que vivem com câncer de próstata e se perguntam quais práticas de estilo de vida devem seguir para melhorar sua sobrevivência”, escreveu a pesquisadora Stacey Kenfield, nesta semana, no Journal of Clinical Oncology.

De acordo com os autores, tanto exercícios vigorosos quanto atividades físicas mais leves podem trazer benefícios para os homens diagnosticados com câncer de próstata. Os resultados indicaram que, comparados a homens que caminham menos de 90 minutos por semana em passo leve, aqueles que caminham mais do que isso em ritmo rápido teriam 46% menor risco de morrer. E apenas as atividades vigorosas - mais de três horas por semana - foram associadas a uma redução da mortalidade pela doença - 61% menor risco.

“Observamos os benefícios de níveis possíveis de atividades, e nossos resultados sugerem que homens com câncer de próstata devem fazer alguma atividade física para sua saúde geral, mesmo em pequenas quantidades, como 15 minutos de atividade por dia de caminhada, corrida, ciclismo ou jardinagem”, destacou a pesquisadora. “Entretanto, fazer atividades vigorosas por três ou mais horas por semana pode ser especialmente benéfico no câncer de próstata, assim como para a saúde geral”, concluiu a especialista.

Fonte: Journal of Clinical Oncology. 04 de janeiro de 2011.
Extraído de: http://boasaude.uol.com.br/news/index.cfm?news_id=8829&mode=browse