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domingo, 3 de janeiro de 2016

A importância do mineral cobre

Cobre é importante para a saúde da pele e cérebro. Mineral também melhora a imunidade e a saúde do coração e tem ação antioxidante.

O cobre é um mineral considerado essencial para o organismo. Ele é um oligoelemento, elemento químico essencial para os seres vivos encontrado em baixa concentração nos organismos, porém de fundamental importância biológica. 
O corpo humano não consegue produzir o cobre, ele é obtido por meio da alimentação. O cobre ajuda na formação de algumas células sanguíneas, hormônios e enzimas antioxidantes, também contribui para a síntese de neurotransmissores, formação da bainha de mielina e regulação da expressão gênica. O cobre ainda ajuda a regular a quantidade de ferro no organismo e na formação de tecidos conjuntivos. 

Benefícios comprovados do cobre

Bom para a pele: O cobre é bom para a pele por alguns motivos. Ele é importante para a formação de melanina, que desempenha um papel na pigmentação da pele, cabelos e olhos, impedindo, por exemplo, a formação de manchas de pele, melasma. 
A lisil oxidase, é uma enzima dependente de cobre responsável pela ligação cruzada de colágeno e elastina, que são essenciais para a formação de tecido conjuntivo forte e flexível. Por fim, a ação antioxidante que o cobre proporciona por meio das enzimas antioxidantes também irá contribuir para uma pele mais saudável e bonita. 
Bom para o cérebro: Muitas cuproenzimas, enzimas dependentes de cobre, são responsáveis por diversas reações essenciais para a função normal do cérebro e do sistema nervoso. Estas enzimas dependentes de cobre são responsáveis pela síntese de neurotransmissores. Além disso, a formação e manutenção da bainha de mielina, bainha protetora que cobre os nervos, é feita de fosfolípidos cuja síntese depende da atividade do citocromo c oxidase, enzima dependente de cobre. A forte ação antioxidante que o cobre proporciona indiretamente também irá prevenir doenças cerebrais degenerativas. 
Bom para a imunidade: O cobre é essencial para que as pessoas tenham um bom aproveitamento da vitamina C. Esta vitamina aumenta a produção de glóbulos brancos, células que fazem parte do sistema imunológico e que tem a função de combater microorganismo e estruturas estranhas ao corpo. A vitamina C também aumenta os níveis de anticorpos no organismo. Assim, ela ajuda a fortalecer o sistema imunológico, deixando nosso corpo menos suscetível a doenças. A poderosa ação antioxidante que o cobre proporciona indiretamente também age de forma positiva na imunidade. 
Bom para o coração: O cobre é um mineral essencial para enzimas antioxidantes como a superóxido dismutase e a celuroplasmina, que impedem a ação dos radicais livres sobre a oxidação de lipídeos, diminuindo o risco de doenças cardíaca, uma vez que as gorduras oxidadas podem levar ao entupimento de artérias. 
Além disso, a lisil oxidase, é uma enzima dependente de cobre responsável pela ligação cruzada de colágeno e elastina. A ação da lisil oxidase ajuda a manter a integridade do tecido conjuntivo no coração e nos vasos sanguíneos e também desempenha um papel na formação dos ossos. 

Deficiência de cobre

A deficiência de cobre no organismo pode causar problemas como manchas na pele, neutropenia (anormalmente baixo número de glóbulos brancos chamados neutrófilos), osteoporose e doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. Problemas na tireoide também podem ocorrer diante da carência de cobre. 

Farinha de soja possui boas quantidades de cobre - Foto: Getty Images
Farinha de soja possui boas quantidades de cobre
Foi verificado que os animais que consumiam dietas deficientes em cobre morriam repentinamente de hemorragia interna causada por defeitos estruturais das artérias, uma vez que a concentração de colágeno e elastina diminuíam significativamente neste grupo deficiente de cobre. Assim, descobriu-se que o cobre participa indiretamente da formação de elastina e colágeno, uma vez que este mineral é importante para a formação da enzima lisil oxidase, responsável pela formação de colágeno. 

Existem vários exames que podem ser solicitados por médico ou nutricionista para identificar a carência de ferro, como o cobre urinário de 24 horas, cobre total, cobre plasmático não ligado à ceruloplasmina, cobre livre, cobre hepático, verificando assim a real necessidade do indivíduo deste mineral. 

Interações com o cobre

Zinco: Altas ingestões dietéticas de zinco podem aumentar a síntese de uma proteína chamada de metalotioneína intestinal, que se liga ao cobre impedindo sua absorção intestinal. 
Açúcar mascavo possui boas quantidades de cobre - Foto: Getty Images
Açúcar mascavo possui boas quantidades de cobre
Vitamina C: Pesquisas em animais apontaram que o suplemento de vitamina C pode diminuir a quantidade de cobre no organismo. 
Medicamentos: A penicilamina aumenta a excreção urinária de cobre, os indivíduos que tomam a medicação para fins diferentes da sobrecarga de cobre podem ter uma maior exigência nutricional do mineral. Além disso, os antiácidos podem interferir com a absorção do cobre quando usados em quantidades muito elevadas. 

Fontes de cobre

Confira a quantidade de cobre presente nas principais fontes do mineral:  
Fontemg/100g
Cacau em pó4,40 mg
Farinha de Soja2,88 mg
Açúcar mascavo2,41 mg
Lentilha1,31 mg
Chocolate1,21 mg
Amendoim torrado1,10 mg
Aveia1,00 mg
Amêndoa1,00 mg
Brócolis0,84 mg
Castanha-do-pará0,66 mg
Cogumelo0,65 mg
Carne bovina0,65 mg
Amendoim cru0,62 mg
Pão de centeio0,61 mg
Arroz0,58 mg
Ervilha verde0,57 mg
Caranguejo0,57 mg
Ovo de galinha, gema0,57 mg
Rabanete0,50 mg
Favas0,50 mg
Cevada0,50 mg
Alcachofra0,50 mg
Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos ? TACO - 4ª edição revisada e ampliada. 

Quantidade recomendada de cobre

IdadeHomens (mcg/dia)Mulheres (mcg/dia)
0 - 6 meses200200
7-12 meses220220
1- 3 anos340340
4 - 8 anos440440
9 -13 anos700700
14 -18 anos890890
19 anos ou mais900900
Gravidez-1000
Lactação-1300
Fonte: Departamento de agricultura dos Estados Unidos 

O uso do suplemento de cobre

O suplemento de cobre é recomendado quando a pessoa não consegue obter quantidades suficientes do mineral na alimentação. É comum veganos apresentarem deficiência do nutriente. A suplementação de cobre só pode ser realizada após a orientação de uma nutricionista ou médico. 

Riscos do consumo em excesso

O excesso de cobre ocorre normalmente por meio da suplementação. Os sintomas de toxicidade aguda de cobre incluem dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia. Sinais mais graves de toxicidade aguda de cobre incluem danos severos no fígado, insuficiência renal e coma. O excesso de cobre pode causar também a diminuição da absorção de vitamina C. 

Máximo de Ingestão Tolerável (UL) para cobre

IdadeUL (mcg/dia)
0 -12 mesesNão estabelecido
1-3 anos1000
4 - 8 anos3000
9 - 13 anos5000
14 - 18 anos8000
Acima de 19 anos10000
Fonte: Departamento de agricultura dos Estados Unidos 

Fontes consultadas:

Nutricionista Karina Valentim da PB Consultoria em Nutrição 
Nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Baixos níveis de vitamina D associados à pior resposta ao tratamento em pessoas com HIV e Hepatite C

Uma pesquisa recente diz, as pessoas infectadas com o vírus da hepatite C (VHC) e HIV são
menos propensas a responder à interferon peguilado e ribavirina (PEG/RBV) – um tratamento para VHC – se tiverem baixos níveis de vitamina D.

A deficiência de vitamina D é comum em pessoas com HIV e VHC. A correlação entre os níveis de vitamina D e a resposta ao tratamento PEG/RBV em pessoas co-infectadas não havia sido avaliada até o presente estudo, pelo Vienna HIV & Liver Study Group.

Este grupo de pesquisadores recrutou 65 pessoas com HCV e HIV que tinham registro de biópsia do fígado e dados de resposta virológica. Eles determinaram o status da vitamina D a partir de amostras de sangue armazenadas recolhidas no prazo de 1 mês antes de iniciar a terapia HCV.

Os autores constataram que 20% dos participantes tinham níveis normais de vitamina D (>30 ng/ml), enquanto que 57% estavam insuficientes de vitamina D (10-30 ng/ml) e 23% estavam deficientes em vitamina D (<10 br="" ml="" ng="">
Eles relatam que as taxas de resposta virológicas precoces – significando que o VHC não é detectável no sangue após 12 semanas de tratamento – foram significativamente mais freqüentes em pacientes com níveis suficientes de vitamina D (92%) do que naqueles com níveis (insuficientes (68%) ou deficientes 47 %). Os pacientes também foram mais propensos a ter uma resposta virológica sustentada – O VHC não é detectado no sangue 6 meses após a conclusão do tratamento – se estavam suficientes em vitamina D (85%) em comparação com aqueles com insuficiência (60%) ou a deficiência (40% ).

Os autores concluíram,

“Baixos níveis de 25(OH)D podem prejudicar resposta virológica à terapia PEGIFN+RBV, especialmente em pacientes de tratamento dificultado. A suplementação de vitamina D deve ser considerada e avaliada prospectivamente em pacientes HIV-VHC co-infectados que recebem tratamento CHC.”

Referências

Mandorfer M, Reiberger T, Payer B, Ferlitsch A, Breitenecker F, Aichelburg M, Obermayer-Pietsch B, Rieger Am Trauner M, Peck-Radosavljevic M. Low vitamin D levels are associated with impaired virologic response to PEGIFN+RBV therapy in HIV-hepatitis C virus coinfected patients. AIDS. January 2013.

Fonte: http://vitaminad3.wordpress.com/2013/01/30/baixos-niveis-de-vitamina-d-associados-a-pior-resposta-ao-tratamento-em-pessoas-com-hiv-e-hepatite-c/

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Considerações atuais sobre a Vitamina D

Letícia Oba Galvão, Malthus Fonseca Galvão, Carmélia Matos Santiago Reis, Carolina Mayana de Ávila Batista e Luiz Augusto Casulari

Letícia Oba Galvão – médica dermatologista, Serviço de Dermatologia, Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Estado do Distrito Federal, Brasília, Distrito Federal, Brasil
Malthus Fonseca Galvão – médico, doutor, professor adjunto, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil
Carmélia Matos Santiago Reis – médica dermatologista, doutora, professora do Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/FEPECS) e do Curso de Pós-Graduação strictu sensu em Ciências da Saúde da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), Brasília, Distrito Federal, Brasil
Carolina Mayana de Ávila Batista – médica-residente de dermatologia, Serviço de Dermatologia, Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília, Distrito Federal, Brasil
Luiz Augusto Casulari – médico endocrinologista, doutor, professor do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília e do Curso de Pós-Graduação strictu sensu em Ciências da Saúde da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), Brasília, Distrito Federal, Brasil


INTRODUÇÃO

A vitamina D é um hormônio esteroide cuja principal função é a regulação do metabolismo ósseo. É produzida, de forma endógena, nos tecidos cutâneos após a exposição solar,1 bem como obtida pela ingesta de alimentos específicos ou por suplementação. Os receptores de vitamina D estão presentes em vários tipos celulares1 e, nos últimos anos, várias ações não calcêmicas da vitamina D estão sendo estudadas.

Diversos estudos recentes mostram deficiência de vitamina D em proporções epidêmicas em várias partes do mundo, atingindo todas as faixas etárias2-7 e acompanhada de diversos agravos à saúde,8 que vão além do comprometimento do metabolismo ósseo, ou seja, há também aumento do risco de ocorrer diversas afecções, como diabetes melito,9 doenças cardiovasculares,8 alguns tipos de cânceres, deficiência de cognição, depressão, complicações gestacionais, autoimunidade e alergia.10

O objetivo deste artigo é discutir a fisiologia da vitamina D e revisar dados da literatura acerca da concentração sanguínea considerada adequada, bem como os benefícios ósseos propiciados por ela e em outros sistemas, os fatores que contribuem para sua deficiência e, principalmente, as orientações sobre a reposição adequada da vitamina D nos grupos de risco

FISIOLOGIA DA VITAMINA D

Na década de 1930, descobriu-se que a exposição da pele à luz solar e aos raios ultravioleta (UV) artificiais,11 era capaz de estimular a produção de vitamina D3 (colecalciferol) a partir da conversão de um precursor, o 7-deidrocolesterol (7-DHC ou provitamina D).11,12 A luz UV de 290 a 315 nm11,13 desencadeia clivagem fotoquímica e produz prévitamina D na membrana plasmática de queratinócitos e fibroblastos nas camadas basal e suprabasal da epiderme.14 Em aproximadamente 24 horas, forma homodímeros, que se transformam em vitamina D12 (figura).

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Figura. Síntese da 1,25(OH)vitamina D. O 7-deidrocolesterol (7-DHC), por ação da luz ultravioleta e do calor, isomeriza-se em colecalciferol na pele. É então transportado ao fígado, onde sofre ação da 25-hidroxilase, transformando-se em 25-hidroxivitamina D 25(OH)D. Quando essa molécula chega ao rins, pode tanto transformar-se na forma ativa quando inativa desse hormônio pela ação da 1-alfa-hidroxilase ou 24,25-hidroxilase, respectivamente. Figura adaptada da referência 12 com autorização do editor dos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia.

Cerca de 80% da vitamina D é produzida na pele após exposição à radiação ultravioleta B.15 Em caso de exposição prolongada à radiação, existe mecanismo intrínseco de regulação da produção cutânea, que previne a superprodução e consequente intoxicação pela vitamina D endógena.11,13

Uma vez formada, a vitamina D é ejetada dos queratinócitos para os leitos capilares da derme13 e, assim como todos os seus derivados lipossolúveis, circula principalmente ligada à proteína ligadora da vitamina D (DBP), uma globulina que transporta essas moléculas hidrofóbicas a vários órgãos-alvo.12

Existem duas formas de vitamina D: a vitamina D2 e a vitamina D3. A segunda provém de duas fontes: a) síntese cutânea em seres humanos e b) ingesta de alimentos de origem animal como peixes com alto teor de gordura como salmão, cavala e atum,13 assim como gema de ovo e óleo de peixe. A vitamina D2 é produzida por plantas, como cogumelos expostos a raios UV.16

Quando proveniente da dieta, é absorvida no intestino delgado, incorporada aos quilomicrons e nestes é levada ao fígado. A partir desse momento, o metabolismo é o mesmo da vitamina D sintetizada na pele.12,17 No fígado, por um processo de hidroxilação, é convertida em 25-hidroxivitamina D [25(OH)D], a forma circulante de maior quantidade, porém, biologicamente inerte. As concentrações sanguíneas de 25(OH)D são proporcionais à quantidade de vitamina D que entra na circulação, seja por produção cutânea, ingesta alimentar1,18,19 ou suplementação.20 O paratormônio (PTH) tende a aumentar quando a concentração sanguínea de 25(OH)D está baixa.12

Nas células dos túbulos contornados proximais renais, ocorre o processo de hidroxilação adicional, forma-se a 1,25 desidroxivitamina D [1,25(OH)2D], também denominada calcitriol, forma biologicamente ativa da vitamina D.1,13 A 1α-hidroxilação aumenta com a elevação da concentração de PTH, com a hipocalcemia e com a hipofosfatemia, na forma de retroalimentação positiva, sendo inibida pela hiperfosfatemia, pelo fator de crescimento de fibroblastos21 e pela própria 1,25(OH)2D3. 15 Sabe-se da hidroxilação extrarrenal da vitamina D em cólon, mamas, pulmões, próstata, queratinócitos, 3 cérebro, músculo liso dos vasos e macrófagos11 com funções de inibição da proliferação celular, promoção da diferenciação celular e regulação imunológica.

Os receptores 1,25(OH)2D3 estão presentes em vários tipos celulares, incluindo-se epitélio intestinal delgado e tubular renal, osteoblastos, osteoclastos, células hematopoiéticas, linfócitos, monócitos, células epidérmicas, células pancreáticas,9 miócitos e neurônios.1 Várias ações não calcêmicas da vitamina D estão sendo estudadas, como a proliferação e a diferenciação celulares, além de imunomodulação.13

FUNÇÕES DA VITAMINA D

Uma das principais funções da 1,25(OH)2D consiste em manter concentrações adequadas de cálcio e fósforo, tanto séricos quanto extracelulares, a fim de garantir uma variedade de funções metabólicas. 11 Para isso, conta com a interação de diversos órgãos, entre eles, suprarrenais, intestinos, rins e paratireoides.1 É responsável pela absorção intestinal de fósforo e cálcio, pela mobilização desse último a partir do osso na presença do PTH, e pelo aumento da absorção renal de cálcio, regulando, assim, o metabolismo ósseo.12,13

A deficiência de vitamina D está associada, principalmente, à hipocalcemia leve, ao hiperparatireoidismo secundário, à osteomalácia e ao raquitismo.1,22 Em consequência do aumento do turnover ósseo, com perda do osso trabecular e estreitamento do osso cortical,12 há risco aumentado de fraturas por pequenos traumas13 e de deformidades ósseas.1,22,23

A fraqueza muscular proximal é um sinal clínico de hipovitaminose D,13 que ocorre devido ao prejuízo do relaxamento e da contração muscular e pode aumentar o risco de quedas e de fraturas na velhice.12,20 A 1,25(OH)2D participa da maturação do colágeno e da matriz celular12 e atua de forma parácrina na pele com capacidade de impedir a proliferação dequeratinócitos e de fibroblastos, estimular a diferenciação terminal dos queratinócitos e inibir a angiogênese.3,13 Há algum tempo, o calcipotriol, um análogo sintético da vitamina D que estimula a diferenciação celular das células epiteliais, vem sendo usado no tratamento da psoríase.12,17

Atualmente, acredita-se que esse hormônio seja dotado de várias outras funções além do metabolismo do cálcio e do osso. Teria algum papel na regulação do magnésio, na liberação de insulina pelo pâncreas, 9 na secreção de prolactina pela hipófise,12 na depuração da creatinina endógena12,15 e na inibição da produção de renina.11,13

Em razão da diversidade de locais em que seus receptores podem ser encontrados, sua deficiência também está associada a doenças autoimunitárias, como diabetes melito tipo 1,9 esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, lúpus ritematoso sistêmico e artrite reumatoide,10 além da recente associação com cânceres15 e até hipertensão arterial sistêmica.24 É considerada, por alguns autores, um fator de risco universal.15

As funções não endócrinas da vitamina D somente seriam afetadas em estados de extrema deficiência dessa vitamina.12 Alterações na expressão gênica do VDR (vitamin D receptor), da 25-hidroxilase da vitamina D e do calcitriol foram implicadas na inibição da carcinogênese.12,15 A 1,25 (OH)2D tem ações hormonais e parácrinas descritas em vários tumores: carcinoma de mama, melanoma, alguns tipos de leucemias, carcinoma de próstata e de intestino.12,15

DOSAGENS DE VITAMINA D

A quantificação das concentrações de vitamina D deve ser realizada com a dosagem de 25(OH)D que, embora não seja a forma ativa da vitamina D, representa sua forma circulante em maior quantidade e com meia vida de cerca de duas semanas.10,12

A dosagem sérica de 1,25(OH)2D não é adequada, pois, nas deficiências de vitamina D, existe aumento compensatório na secreção de PTH, o que estimula o rim a produzir mais 1,25(OH)2D. Dessa forma, em estados de hipovitaminose D e queda de 25(OH)D, as concentrações de 1,25(OH)2D podem se manter normais ou elevadas.1,13

Não existe consenso sobre a concentração sérica ideal de vitamina D.12,25 Sabe-se que as concentrações devem ser mantidas numa faixa que não induza a aumentos séricos de PTH. Esses níveis são determinados por uma complexa relação entre fatores, como idade, sexo, genética, função renal, nível de mobilidade, ingesta de cálcio, status de fosfato e magnésio, além do fator ambiental.25 A Sociedade Americana de Endocrinologia considera que as evidências dos benefícios de manter o status adequado de vitamina D vão além do esqueleto, e que a suplementação em doses recomendadas mostra-se segura. Assim, recomenda que a deficiência de vitamina D em crianças e adultos seja definida como concentrações de 25(OH)D menores ou iguais a 20 ng/mL; a insuficiência, de 21 a 29 ng/ mL e a suficiência iguais ou superiores a 30 ng/mL.
Sugere ainda que as concentrações de 25(OH)D de 40 a 60 ng/mL seriam as ideais, e que as concentrações até 100 ng/mL seriam seguras.13 Contudo, as concentrações ideais de vitamina D para o adequado funcionamento do sistema imunitário ainda não estão definidas.10

Deve-se destacar que existem vários métodos para a dosagem da 25(OH)D circulante, e há dificuldades na avaliação comparativa entre os vários testes diagnósticos.13

FATORES DE RISCO DE HIPOVITAMINOSE D

Existem grupos mais susceptíveis à deficiência e à insuficiência de vitamina D, como indivíduos de fototipos elevados,20 crianças, gestantes2,11,18 e idosos, 20 principalmente os institucionalizados.13

O envelhecimento é um fator de risco de deficiência de vitamina D,12 pois a atrofia cutânea13,20 reduz a capacidade da pele em sintetizar o precursor 7-DHC. Estudos em que se compararam a quantidade de pré-vitamina D3 produzida nas faixas etárias de 8 a 18 anos, em relação a 77 a 82 anos, mostraram queda pela metade da capacidade de produção da vitamina D com o aumento da idade. Além disso, com o passar dos anos, a exposição solar fica limitada por alterações no estilo de vida, uso de roupas mais fechadas, perda da mobilidade e redução das atividades ao ar livre.20 Fatores dietéticos, como pouca variedade e menor quantidade de alimentos ricos em vitamina D podem interferir,11 assim como a redução na ação intestinal da 1,25(OH)2D.12

A melanina, principal pigmento cutâneo e abundante em peles de fototipos elevados, limita a penetração dos raios UV e reduz a produção de colecalciferol. 1,2,13,18,20 Observa-se maior prevalência de deficiência de vitamina D em negros norte-americanos, acompanhada de manifestações como osteomalácia e hiperparatireoidismo secundário.13 No entanto, o estudo de Guinot e colaboradores com avaliação de adultos franceses saudáveis13 e o de Ginter e colaboradores, cuja amostra foi feita com idosos canadenses saudáveis e não institucionalizados, 20 não encontraram diferença entre o fototipo e as concentrações de vitamina D. Este último mostrou que a suplementação é fator extremamente importante nas populações de risco.20 Considera-se que outros fatores, além da quantidade de melanina da pele, estariam implicados nas diferenças
étnicas desse hormônio.12

Fatores que diminuem a quantidade da radiação UV que chega à superfície terrestre, como os decorrentes da angulação do eixo da Terra em relação ao Sol, ao longo do dia e ao longo do ano, a latitude e a altitude, também contribuem para a redução da produção de vitamina D.13 Deve-se destacar que o vidro funciona como um filtro de radiação UVB, e que o inverno, por si, é fator de risco de hipovitaminose D.12,21 Importante lembrar que, para a produção da vitamina D, a exposição da pele deve ocorrer de dez a quinze horas, períodos em que a radiação UVB atinge a superfície terrestre.11

Alguns estudos sugerem que a utilização de protetores solares com fator de proteção solar (FPS) maiores que 30 pode inibir de 95 a 99% a produção cutânea de vitamina D.2,21,26,27 Assim, tal proteção estaria associada à deficiência dessa vitamina e de seus metabólitos ativos.1,16,23 Em contrapartida, Al-Mutairi e colaboradores, em um estudo recente, realizado no Kwait, quando foram comparadas as concentrações de vitamina D entre grupos de usuários e de não usuários de protetores solares, demonstrou, nos dois grupos, concentrações semelhantes de insuficiência e deficiência de vitamina D.2 Outros estudos avaliaram situações da vida real e não somente testes controlados e confirmam essa observação.2,26,28-32

As concentrações séricas de 25(OH)D variam inversamente em relação ao índice de massa corporal. Esse fato é atribuído à lipossolubilidade desse hormônio e sua biodistribuição no tecido adiposo.11

Outros fatores descritos como associados à osteomalácia são o uso de anticonvulsivantes, de diuréticos, de múltiplas medicações e de hemodiálise. 12 Pacientes com doenças crônicas, como demência, esclerose múltipla, mal de Parkinson, fibrose cística, doenças do trato gastrointestinal, doenças hematológicas, doença renal crônica, síndrome nefrótica, artrite reumatoide, insuficiência cardíaca congestiva e Aids seriam mais suscetíveis à hipovitaminose D.10,12

Além de fatores ambientais, os genéticos também podem influenciar a disponibilidade, ativação e excreção da vitamina D.15 A influência genética nas concentrações de 25(OH)D representam um traço complexo, e estudos familiares estimam hereditariedade com variações de 43% a 80%.11

REPOSIÇÃO DE VITAMINA D

Como grande parte da vitamina D pode ser obtida pela exposição solar, é importante fornecer orientações consistentes aos enfermos. Um adulto, com roupa de banho e exposto a dose eritematosa mínima, a qual significa quantidade de exposição que desencadeie coloração rósea na pele após 24 horas e que equivale a queimadura leve, produzirá o equivalente a cerca de 20.000 UI (500 microgramas) de vitamina D ingeridas por via oral.13 Assim, a exposição de braços e pernas à metade da dose eritematosa mínima equivale a ingerir cerca de 3.000 UI de vitamina D3. Assim, a exposição de duas a três vezes por semana pode produzir quantidades suficientes de vitamina D.13,33

É muito importante ressaltar que essa dose eritematosa varia de acordo com o fototipo e a quantidade de radiação, ou seja, varia com horário, altitute, latitude, estação do ano e tempo de exposição solar.13 Para uma pessoa de fototipo 2, se trinta minutos de exposição ao sol do meio-dia de junho é sua dose eritematosa mínima, expôrse de dez a quinze minutos seria suficiente para produzir quantidades adequadas de vitamina D. É importante chamar à atenção que não há necessidade de expor a face pois, embora seja o local do corpo mais exposto ao sol, produz pouca vitamina D.13 A exposição à radiação ultravioleta artificial também é eficaz na biossíntese de vitamina D.10,34

Tanto a D2 quanto a D3 são fabricadas comercialmente para uso em suplementos dietéticos e alimentos fortificados e, segundo o Institute of Medicine dos Estados Unidos, as diferenças entre D2 e D3 não afetam o metabolismo da vitamina, e ambas as formas demonstraram exibir respostas idênticas no organismo, além de a potência relacionada à capacidade de curar raquitismo por deficiência em vitamina D ser a mesma.13,16

Existem alimentos enriquecidos com vitamina D, como cereais, sucos e margarina, que contêm, em média, 100 UI por porção.35 Porém, o consumo habitual desses alimentos é insuficiente para obtenção de concentrações séricas adequadas de vitamina D.12,13,20 Em revisão sistemática recente, evidenciou-se que alimentos enriquecidos com vitamina D, especialmente o leite, são eficazes em aumentar de forma significativa as concentrações de 25(OH) D na população.35,36 A ingestão média diária de 11 μg (440 UI), variando de 120 a 1.000 UI, provenientes de alimentos enriquecidos, pode aumentar em até 7,7 ng/mL as concentrações de 25(OH)D, correspondendo a aumento de 0,48 ng/mL de 25(OH) D para cada 40 UI ingeridas.13,35,36

Apesar dos comprovados benefícios da correção da hipovitaminose D, ainda existem controvérsias em como realizá-la,11 pois no caso da vitamina D, o consumo dietético recomendável (RDA, sigla em inglês) e as concentrações superiores admissíveis variam em diferentes grupos etários e em certas circunstâncias.37

Em novembro de 2010, o IOM dos Estados Unidos divulgou as recomendações atualizadas de consumo dietético de cálcio e vitamina D para aquele país e o Canadá e estabeleceu o RDA de 600 UI por dia para todas as pessoas de 1 a 70 anos, incluindo-se mulheres grávidas ou lactantes, e 800 UI para pessoas acima de 70 anos.16,38 Embora o consumo dietético recomendável seja de 600 a 800 UI para garantir a saúde óssea na maioria da população, doses de 1.000 a 2.000 UI de vitamina D são necessárias para atingir e manter a 25(OH)D em concentrações superiores a 30 ng/mL. Assim, para populações com fatores de risco de hipovitaminose D dignos de nota, alguns autores sugerem suplementação de, no mínimo, 1.000 UI por dia.12,20

Considera-se que, para cada 100 UI de vitamina D ingerida, a concentração sérica de 25(OH)D aumenta aproximadamente de 0,6 a 1 ng/mL.13 Após dose única de 3.000 UI, por via oral, as concentrações séricas de vitamina D se normalizam em 72 horas e permanecem estáveis por meses. Assim, a vitamina D pode ser administrada diariamente, semanalmente, mensalmente, trimestralmente ou semestralmente.12,13,20

Alguns estudos sugerem que a estratégia eficaz para tratar hipovitaminose D em crianças e adultos seria oferecer 50.000 UI de vitamina D2 uma vez por semana durante seis ou oito semanas respectivamente. Para prevenir a recidiva da deficiência em crianças, a administração diária de 600 a 1.000 UI é eficaz. A manutenção em adultos mostrou eficácia e segurança com a administração de 50.000 UI de vitamina D2 cada duas semanas, mantendo concentrações de 25(OH)D em torno de 40 a 60 ng/mL.12,13

Devido ao sequestro de vitamina D pela gordura corporal em obesos, crianças ou adultos, a necessidade de vitamina D pode ser duas a cinco vezes maior para prevenir deficiência.13 Pacientes com uso de anticonvulsivantes, medicamentos antirretrovirais e glucocorticoides também requerem mais vitamina D para satisfazerem suas necessidades.13

INTOXICAÇÃO PELA VITAMINA D

A vitamina D em excesso é capaz de ocasionar toxicidade dado o aumento da absorção intestinal de cálcio e fósforo, causar hipercalcemia, hipercalciúria e hiperfosfatemia e resultar em fraqueza, calcificações de tecidos moles, incluindo-se vasculares, nefrolitíase,28 algumas vezes coma e até óbito.11

A hipercalcemia e a hipercalciúria são biomarcadores que ajudam a constatar a intoxicação pela vitamina D. A concentração sérica de 25(OH)D associada à hipercalcemia é aproximadamente de 150 ng/mL e pode ser um pouco superior.13 Os sinais e sintomas de toxicidade causados pela hipercalcemia são dificuldade alimentar, polidipsia, poliúria, obstipação, irritabilidade, lassidão, redução no ganho de peso e aumento dos reflexos tendinosos. Os indicadores bioquímicos incluem azotemia, hipercalcemia, hipercalciúria e hipocalemia leve.13 Em caso de reposição oral, devem ser realizados exames periódicos para controlar as concentrações de 25(OH)D.

CONCLUSÕES

A vitamina D é hormônio extremamente importante, tanto para o metabolismo ósseo, como para outras funções, que são cada vez mais estudadas.

Sua deficiência é uma condição que vem aumentando de forma progressiva, resultado de uma série de condições da vida moderna.

Estudos prospectivos mostram associação entre as baixas concentrações séricas de 25(OH)D e uma variedade de desordens agudas e crônicas. No entanto, diversos ensaios clínicos randomizados não comprovaram que o aumento das concentraçõesséricas de 25(OH)D pode modificar a ocorrência ou o curso clínico desses distúrbios. Portanto, a associação entre os níveis séricos de 25(OH)D e as desordens do estado de saúde descritas por muitos investigadores de estudos observacionais não devem ser consideradas como causais.

Deve-se considerar que baixas concentrações séricas de 25(OH)D podem ser resultado de processos inflamatórios envolvendo a ocorrência ou a progressão dessas afecções.39 Uma exceção seria a melhora na sobrevida após o restabelecimento dos déficits de vitamina D, que ocorrem por motivo de mudanças no estilo de vida induzidos pelo envelhecimento  o comprometimento da saúde.13,41 Cinco ensaios clínicos, com cerca de vinte mil pacientes maiores de 50 anos estão em curso com o objetivo de testar a suplementação de 40 a 80 μg por dia de vitamina D como forma de reduzir o risco de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, infecções, déficits de cognição e fraturas. No entanto, os primeiros resultados só devem ser disponibilizados a partir de 2017.39

Por outro lado, vários estudos já comprovaram que o principal fator biológico na carcinogênese cutânea é a radiação UV em seu espectro de 290 a 320 nm.22 Os benefícios da dermatoproteção antirradiação solar são inquestionáveis: atuam como fator de proteção contra o câncer de pele, além de atuar na postergação do envelhecimento cutâneo.22,42 Assim, a utilização desses protetores na face – em que a quantidade de vitamina D produzida é muito pequena e o surgimento de carcinomas são acompanhados de impacto negativo –, deve ser estimulada e não negligenciada como é feito por muitos profissionais da saúde.

Apesar da produção endógena desencadeada pela exposição da pele à radiação UVB, no cenário atual, com a perda da camada de ozônio, apesar da pouca precisão em se determinar de forma doméstica a dose eritematosa mínima, bem como a redução progressiva do 7-DHC na pele com o envelhecimento –, a suplementação oral, quando indicada, deve ser estimulada e bem orientada, principalmente para os grupos de risco.

REFERÊNCIAS

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39. Autier P, Boniol M, Pizot C, Mullie P. Vitamin D status and ill health: a systematic review. Lancet Diabetes Endocrinol.
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42. Balk SJ, Council on Environmental Health, Section on Dermatology. Ultraviolet radiation: a hazard to children and adolescents. Pediatrics. 2011;127(3):588-97.

Fonte: http://www.ambr.org.br/consideracoes-atuais-sobre-a-vitamina-d/

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Da série "O paciente quer saber": Níveis de vitamina D, qual o recomendado?

A nutrologia/nutrição está em constante evolução, sendo necessária uma busca contínua por novos dados, especialmente que nos respaldem com relação ao manejo diagnóstico e terapêutico da vitamina D. 

Na última década, um interesse especial vem sendo notado em relação à deficiência de vitamina D em razão de sua alta prevalência e correlação com aumento de mortalidade geral, incluindo pacientes com câncer e diabetes e à sua associação com diversas doenças além do contexto ósseo, como obesidade, síndrome metabólica, função muscular, não só em idosos (sarcopenia), como em jovens e atletas de alto rendimento, doenças relacionadas a autoimunidade, câncer, asma, fertilidade e gravidez/lactação, por exemplo. 

Recentemente a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) publicou um Consenso sobre Vitamina D, porém há outros guidelines que norteiam a prática clínica dos médicos brasileiros e nutricionistas. 

Inúmeras são as funções da Vitamina D em nosso corpo, mas poucos estudos mostram benefícios além da saúde óssea. É um pró-hormônio, produzido a partir da ação dos raios UVB sobre a nossa pele. Também pode ser encontrada em alimentos como óleos de salmão, atum e sardinha, gema de ovo, fígado, leite, iogurte e queijos, porém em quantidade pequena.  

Função: É fundamental na homeostase do cálcio e fósforo e, logo, na saúde óssea. Seus baixos níveis no sangue estão associados ao aumento de quedas, fraturas e mortalidade geral.  Na maioria dos casos os pacientes podem ser assintomáticos ou seja, não sentirem nada. Quando os sintomas aparecem é importante ficar atento à fadiga, fraqueza muscular e dor crônica.

Com isso, muitos nos perguntam: qual o nível ideal de vitamina D? A resposta não é tão simples quanto se parece e muito menos existe consenso na literatura sobre isso. 

Há muita informação equivocada na internet e com isso os pacientes acabam se autosuplementando, o que é um grande risco. 

Há 15 anos pouco se sabia sobre os efeitos extra-ósseos da vitamina D. Portanto o recomendado era que o valor da 25-OH-Vitamina D ficasse acima de 30ng/ml.

Recentemente a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) publicou em seu site a mudança do valor de referência. Segundo a nota, até então o valor normal era acima de 30 ng/m, mas agora estão sendo aceitos valores a partir de 20 ng/mL. No mesmo comunicado dosagens de 20 a 30 ng/mL não necessitam de reposição da vitamina.

O Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, em uma nota no site, informou que os valores de normalidade da Vitamina D vêm sendo discutidos há algum tempo pelas Sociedades. Esse valor de referência de 30 ng/mL havia sido proposto pela Endocrine Society. O posicionamento do Departamento após a alteração é de que:
  • Maior do que 20 ng/mL é o desejável para população geral saudável;
  • Entre 30 e 60 ng/mL é o recomendado para grupos de risco como idosos, gestantes, pacientes com osteomalácia, raquitismos, osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças autoimunes e renal crônica e pré-bariátricos;
  • Entre 10 e 20 ng/mL é considerado baixo com risco de aumentar remodelação óssea e, com isso, perda de massa óssea, além do risco de osteoporose e fraturas;
  • Menor do que 10 ng/mL muito baixa e com risco de evoluir com defeito na mineralização óssea, que é a osteomalácia, e raquitismo. Os pacientes, nestes casos, apresentam dor óssea, fraqueza muscular e podem ter fraturas; 
  • Acima de 100 ng/mL é considerado elevado com risco de hipercalcemia (quando a quantidade de cálcio no sangue é maior do que o normal) e intoxicação.
O que nós seguimos: A recomendação da ABRAN, no qual o seu consenso foi elaborado por um grupo de especialistas da própria sociedade. 

Em 2020 publicaram uma nova diretriz com base em uma revisão extensa e crítica da literatura atual, em relação ao manejo diagnóstico, preventivo e terapêutico acerca da deficiência e do uso da vitamina D na prática clínica. Que pode ser acessado em:


Segundo a revisão da ABRAN, McKenna et al, corroborados por Pedrosa et al, consideraram, para uma
excelente função neuromuscular, níveis de 25-OH-Vit D > 40ng/mL como ótimos/desejáveis.

Mas devemos ficar atento aos grupos de risco para déficit de vitamina D. O rastreio deve ser feito principalmente neles e não de forma universal.



Desde 2007, após a publicação de Holick (um dos maiores pesquisadores de vitamina D do mundo), consideravam-se como deficiência níveis séricos de 25-OH-Vit D < 20 ng/mL e como insuficiência níveis de 21 a 29 ng/mL, dados corroborados pela Endocrine Society e pelo consenso da SBEM.

Segundo o documento brasileiro, “concentrações de 25-OH-Vit D acima de 30 ng/mL são desejáveis e devem ser as metas para populações de maior risco.

No entanto, como já citado acima, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) publicou em seu site a mudança do valor de referência. Isso foi discutido em conjunto com a SBEM, emitiram um novo posicionamento, no qual se discute a mudança dos critérios para diagnóstico, estabelecendo que para indivíduos “saudáveis” os níveis ideais seriam > 20 ng/mL.

De 30 a 60 ng/mL é considerado para grupos de risco: indivíduos com quedas ou fraturas recorrentes, > 60 anos, gestantes e lactantes, com sarcopenia, raquitismo, osteomalácia, osteoporose e hiperparatireoidismo secundário, candidatos à cirurgia bariátrica, com doença inflamatória, autoimune e renal, obesidade, diabetes e câncer.

Os autores desse posicionamento consideraram ainda que apenas em níveis de 25-OH-Vit D < 10 ng/mL ou de 10 a 20 ng/mL haveria maior risco de remodelação óssea, promovendo maior risco de osteoporose, quedas e fraturas, justificando então a suplementação de vitamina D. 

Segundo o consenso da ABRAN

Um estudo brasileiro com 132 pacientes em Minas Gerais encontrou 42% dos indivíduos “saudáveis,” insuficientes em 25-OH-Vit D e com elevação significativa de níveis de telopeptídeo C-terminal (CTx) sérico, indicando intensa remodelação óssea mesmo com níveis de vitamina D entre 20 e 30 ng/mL (r ¼- 0,29; p ¼ 0,038),corroborado pelo estudo de Tangpricha et al.

Estudo recente de mortalidade cardiovascular, envolvendo 4.000 indivíduos, evidenciou redução de mortes para níveis de 25-OH-Vit D > 40 ng/mL em comparação a níveis inferiores a 17 ng/mL em um seguimento médio de 12 anos.

Para atletas e indivíduos que buscam performance/hipertrofia envolvidos em treinamentos de força, os níveis ótimos de vitamina D têm sido considerados > 40 ng/mL em diversos estudos, com atenção especial a atletas de treinamento indoor, como praticantes de ginástica, lutas e treino de
força. 

Quanto ao câncer, verifica-se 50% menor risco para câncer colorretal com níveis de 25-OH-Vit D > 33 ng/mL quando comparados a Vitamina D de  12 ng/mL, assim como em mulheres com níveis > 40 ng/mL, que apresentaram 67% menos risco para câncer em comparação a níveis < 20 ng/mL.

Esses, entre diversos outros recentes estudos publicados, demonstram o quão complexa é a situação de se definirem novos pontos de corte para níveis adequados de vitamina D em pessoas supostamente saudáveis, mas que buscam prevenção para doenças metabólicas e autoimunes e câncer ao longo da vida. 

Nesse contexto, tendo em vista as diversas novas evidências de benefícios de níveis mais elevados de 25-OH-Vit D, incluindo alvos > 40 ng/mL, como em atletas de alto rendimento, desportistas saudáveis, e na prevenção de doenças crônicas, como autoimunes e câncer, o posicionamento da ABRAN é mostrado na tabela abaixo, adaptada para fins de diagnóstico e indicações de suplementação ante o benefício já conhecido.


Portanto, o diagnóstico deve ser buscado na população de alto risco, mas não se esquecendo de atletas, indivíduos saudáveis que buscam melhora da performance, da prevenção de câncer e doenças autoimunes, em que se objetivam níveis séricos  > 30 a 40 ng/mL pelo menos; 

Medidas preventivas como ajustes nutricionais, maior prática de exercício físico, incluindo atividades ao ar livre e maior exposição solar (não existindo contraindicações dermatológicas) devem ser amplamente estimuladas na população geral.

O diagnóstico deve ser estabelecido pela dosagem sanguínea de25-OH-Vit D, e o tratamento ideal é a suplementação da vitamina D 3, na forma oral, em cápsulas ou comprimidos, em uso diário ou semanal, conforme cada caso. 

O  posicionamento da ABRAN corrobora a opinião da Endocrine Society em buscar níveis de acima de 30 ng/mL,claramente associados à redução de quedas, fraturas e morbidade, além dos diversos benefícios extraósseos demonstrados recentemente na literatura. 

Atenção especial deve ser dada a gestantes, lactantes, obesos e pacientes submetidos a cirurgia bariátrica. 

Novos estudos com maior tempo de seguimento e randomizados, com doses mais elevadas diárias e em pacientes insuficientes de vitamina D são necessários para maior elucidação dos riscos/benefícios da suplementação de vitamina D em diversas situações de interesse clínico recente, especialmente relacionadas às ações extraesqueléticas da vitamina D.

Nós, contraindicamos a autosuplementação de vitamina D e o rastreio universal. 

Autores:
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo 
Dr. Leandro Houat - Médico especialista em Medicina de família e comunidade
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e profissional da educação física
Márcio José de Souza - Profissional de educação física e graduando em Nutrição

Referências:
  1. Filho, Durval & De Almeida, Carlos Alberto & Filho, Antônio. (2019). Posicionamento atual sobre vitamina D na prática clínica: Posicionamento da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). International Journal of Nutrology. 12. 082-096. 10.1055/s-0040-1709661. 
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  3. https://pebmed.com.br/vitamina-d-posicionamento-das-sociedades-brasileiras-sobre-os-novos-valores-de-referencia/
  4. Holick MF. Vitamin D deficiency. N Engl J Med 2007;357(03): 266–281.
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    segunda-feira, 8 de novembro de 2010

    Alimentos modulam processos inflamatórios no sobrepeso

    Autor: Dra. Rita de Cássia Borges


    Estudo revelou que a suplementação de componentes alimentares com propriedades anti-inflamatórias modula a inflamação, estresse oxidativo e metabólico de indivíduos com sobrepeso. Estes efeitos foram detectados por uma abordagem nutrigenômica, através de análise em larga escala da expressão gênica, proteínas e metabólitos no sangue, urina e tecido adiposo.

    Este foi um trabalho randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, ensaio clínico cruzado, com quatro períodos de tratamento de cinco semanas cada. Foram selecionados 36 homens, saudáveis com índice de massa corporal (IMC) entre 25,5 e 35,0 kg/m2, e baixo grau de inflamação, com concentração de PCR de 1-10 mg/L.

    O objetivo foi investigar os efeitos anti-inflamatórios induzidos pela intervenção nutricional em homens com sobrepeso, que apresentavam leve aumento das concentrações de proteína C-reativa (PCR). Portanto, foram suplementados compostos potencialmente eficazes destinados a atuar na redução da inflamação.

    O tecido adiposo é fundamental para o estado inflamatório associado com a obesidade. Os adipócitos secretam adipocinas pró e anti-inflamatórias, incluindo o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa), interleucina-6 (IL-6) e adiponectinas anti-inflamatórias. A redução de adiponectina e aumento da proteína C-reativa (PCR) estão associados a doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

    A suplementação foi denominada de AIDM (Antiinflammatory Dietary Mix), que consistiu de óleo de peixe, extrato de chá verde, resveratrol, vitamina E, vitamina C e extrato de tomate.

    Os participantes consumiram duas cápsulas sólidas e duas cápsulas gelatinosas com 200 ml de iogurte simples diariamente no café da manhã e na refeição da noite. As cápsulas sólidas continham: 6,3 mg de resveratrol (dose diária equivalente a 4 L de vinho tinto); extrato de tomate contendo 3,75 mg de licopeno (dose diária equivalente a 500 ml de suco de tomate); 94,5 mg de extrato de chá verde (40% de epigalocatequina galato; dose diária equivalente a 300 ml de chá verde); 181,4 UI de alfa-tocoferol (Ingestão Diária Recomendada: 18 UI e o nível máximo tolerável: 1000 UI); 125 mg de vitamina C (nível máximo tolerável: 2000 mg/d). As cápsulas gelatinosas continham: 1200 mg de óleo de peixe, sendo 380 mg de ácido eicosapentaenóico (EPA) e 260 mg de ácido docosahexaenóico (DHA); 60 mg de outros ácidos graxos poli-insaturados.

    PCR e adiponectina foram os principais marcadores de inflamação mensurados neste estudo. As concentrações de PCR não foram alteradas com a suplementação de AIDM, enquanto que as concentrações de adiponectina aumentaram significativamente de 6,03 ± 2,06 mg/L após a intervenção placebo para 6,48 ± 2,57 mg/L após a intervenção com AIDM (p < 0,05).

    A redução do estado inflamatório pode prevenir a ocorrência de distúrbios e doenças relacionadas ao sobrepeso. Muitos componentes de alimentos apresentam propriedades anti-inflamatórias e/ou antioxidantes. A dieta mediterrânia contém vários destes compostos e tem sido associada com redução de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Esses alimentos contêm altos teores de polifenóis, vitaminas, ácidos graxos insaturados, e carotenóides.

    Após suplementação com AIDM houveram mudanças nas respostas relacionadas ao metabolismo lipídico e doenças metabólicas. A maior parte dessas alterações foi sobre a resposta inflamatória, estresse oxidativo (produção de espécies reativas de oxigênio), e o metabolismo lipídico. A rede metabólica construída a partir dos dados integrados da expressão gênica indicou papel central do efeito do AIDM sobre o NF-kappaB (fator nuclear kappa B). A interpretação biológica dos dados se concentra nestes três processos: inflamação, oxidação e metabolismo.

    “Os efeitos leves observados podem ser atribuídos à duração da intervenção. Apesar das limitações, a nossa abordagem permitiu a detecção de múltiplos efeitos sobre a saúde através da mistura de componentes dietéticos em indivíduos com sobrepeso. Além disso, as alterações na expressão de genes, proteínas e metabólitos induzida pela AIDM pareceram ser consistentes. Isso pode vir a ser uma vantagem adicional da abordagem nutrigenômica em estudos de intervenção humana, o que permite a alta sensibilidade na detecção de alterações fisiológicas múltiplas”, concluem os autores.



    Referência(s): Bakker GC, van Erk MJ, Pellis L, Wopereis S, Rubingh CM, Cnubben NH, et al. An antiinflammatory dietary mix modulates inflammation and oxidative and metabolic stress in overweight men: a nutrigenomics approach. Am J Clin Nutr. 2010;91(4):1044-59

    FONTE: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/?acao=bu&id=472

    quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

    A carência de vitamina D

    Devido à maior incidência do câncer de pele, temos seguido a recomendação de diminuir ou mesmo evitar a exposição da pele ao sol. Em todas as idades, o banho de sol tem sido restrito às primeiras horas da manhã e ao final da tarde e na maioria das vezes tem sido ignorado. Entretanto, o sol é necessário para que a vitamina D seja sintetizada no nosso organismo.

    Pesquisas tem evidenciado os problemas de saúde que a falta da vitamina D acarreta em todas as faixas etárias. Em um estudo realizado nos USA em 2008, e publicado no “American Journal of Clinical Nutrition”, cerca de metade das crianças e adultos norte-americanos apresentam níveis inferiores ao ideal de vitamina D e até 10% das crianças apresentam sérias deficiências.

    Além da má calcificação óssea em crianças e adolescentes, e da osteoporose nas mulheres na pós menopausa e no homem idoso, pesquisas mais recentes associam a deficiência de vitamina D às mais variadas doenças como asma, infecções de repetição, doenças auto imunes, aumento de casos de câncer, alterações cardiovasculares e alterações cerebrais como Síndrome de Parkinson, Mal de Alzheimer e Esquizofrenia.

    A comunidade científica continua a debater qual seria o nível ideal de vitamina D para o organismo. As pessoas em geral são classificadas como deficientes caso a presença do composto no sangue seja inferior a entre 15 e 20 nanogramas por mililitro. Mas muitos médicos acreditam agora que o nível ideal de vitamina D deveria ser superior a 30 nanogramas por mililitro.

    A principal fonte de vitamina D para o ser humano é a exposição à luz solar. Tudo o que diminua a transmissão de radiação solar UVB para a superfície da Terra ou qualquer coisa que interfira com a penetração da radiação UVB na pele irá afetar a síntese cutânea de vitamina D3. A melanina, pigmento que dá cor a pele humana, é extremamente eficiente em absorver a radiação UVB, portanto, o aumento da pigmentação da pele reduz acentuadamente a síntese de vitamina D3. Da mesma forma, um filtro solar com proteção solar 15 absorve 99% da radiação UVB incidente, e assim, quando aplicados na pele, diminuem 99% a síntese de vitamina D3.

    Além do sol, a vitamina D pode ser encontrada em alguns alimentos, como por exemplo, no peixe – uma porção de 100 gramas de salmão fresco oferece entre 600 e mil unidades internacionais de vitamina D. Os alimentos fortificados com vitamina D são na maioria das vezes insuficientes para satisfazer as necessidades de uma criança ou de um adulto em vitamina D.

    Referências

    1. Developmental Vitamin D Deficiency and Risk of Schizophrenia: A 10-Year Update. McGrath JJ, Burne TH, Féron F, Mackay-Sim A, Eyles DW. Schizophr Bull. 2010 Sep 10.

    2. Role of vitamin d in cardiovascular health. Reddy Vanga S, Good M, Howard PA, Vacek JL. r J Cardiol. 2010 Sep 15;106(6):798-805. Epub 2010 Aug 1.

    3. Nutrition in oncology: the case of micronutrients (review). Ströhle A, Zänker K, Hahn A. Oncol Rep. 2010 Oct;24(4):815-28.

    4. The role of vitamin D in asthma. Sandhu MS, Casale TB. Ann Allergy Asthma Immunol. 2010 Sep;105(3):191-9.

    5. Assessing vitamin D in the central nervous system.Holmøy T, Moen SM. Acta Neurol Scand Suppl. 2010;(190):88-92.

    6. Vitamin D deficiency and its relationship with rás mineral density among postmenopausal women living in the tropics. Bandeira F, Griz L, Freese E et all. Arq rás Endocrinol Metab. 2010;54(2):227-232.7. Assessment of Vitamin D in Population-Based Studies Vitamin D deficiency: a worldwide problem with health consequences. Michael F Holick and Tai C Chen. American Journal of Clinical Nutrition, Vol. 87, No. 4, 1080S-1086S, April 2008.

    Fonte: http://www.clinicaberenicewilke.com.br/9889/69075.html

    sábado, 31 de janeiro de 2015

    Melhorando a fertilidade com orientações nutrológicas



    Um livro baseado num estudo de Harvard traz um pouco de esperança a muitos casais que querem e não conseguem ter um filho.

    Parece simples. Um óvulo, um espermatozóide e a vida acontece. A barriga começa a crescer, uns tempos depois o bebé nasce. Mas os caminhos da concepção são misteriosos, sobretudo em tempo de «fast-life« e «fast-food». Estima-se que a infertilidade afecte dez por cento da população portuguesa. O cenário poderá piorar nos próximos anos, profetizam os especialistas na matéria, preocupados com o avanço da idade média das mulheres na primeira gravidez e com o estilo de vida acelerado e pouco saudável dos casais modernos.

    Uma constelação de factores interfere no processo da formação do embrião – fisiologia, hormonas e ambiente uterino – mas quem diria que a alimentação também pode desempenhar um importante papel nesta dança de células e emoções?
    Diriam as nossas avós, boas conhecedoras das regras da Natureza, mas poucos cientistas lhes deram ouvidos. Até agora.

    Um novo livro, «The fertility diet» (A dieta da fertilidade), baseado num respeitado estudo conduzido pela universidade de Harvard – The Nurse’s Health Study – estabelece, pela primeira vez de forma sólida, uma relação entre o que se come e a maior ou menor probabilidade de gerar uma vida. A obra identifica os nutrientes essenciais à concepção, como o ferro e as proteínas de origem vegetal, e destaca aqueles que todas as mulheres devem evitar, como as gorduras trans (gordura artificial presente em muitos alimentos processados).

    Qual a probabilidade de o plano dar certo? O livro não diz. Isto porque todas as conclusões são baseadas em respostas a inquéritos, não em resultados de testes efectuados a mulheres inférteis. Contudo, tem o mérito de falar da boa nutrição.

    Num artigo publicado na Newsweek no final do ano passado, Jorge E. Chavarro e Walter C. Willet, coordenadores do estudo, não garantem que as mulheres que sigam a estratégia proposta em «The fertility diet» engravidem mais facilmente do que se forem sujeitas a uma fertilização in vitro ou a qualquer outro método de reprodução assistida. Mas destacam as vantagens de se acreditar no poder da alimentação: é uma opção «virtualmente grátis, acessível a todos, sem efeitos secundários e que estabelece as bases de uma gravidez e vida saudáveis».

     Insulina e ovulação regular

     Por que razão a alimentação afecta a fertilidade, Chavarro e Willet não sabem ao certo. As conclusões apresentadas estão assentes num importante estudo de oito anos que envolveu perto de 19 mil enfermeiras. Uma investigação de longo curso coordenada pela Universidade de Harvard que teve por objectivo avaliar os efeitos da dieta alimentar e outros factores no desenvolvimento de condições crónicas, como o cancro e a doença cardíaca.

    «Encontrámos algumas associações estatísticas muito interessantes», afirmou Jorge E. Chavarro ao U.S News. «As mulheres que tomavam multivitaminas contendo ácido fólico, por exemplo, tinham maiores probabilidades de engravidar. O mesmo acontecia com as mulheres que ingeriam altas quantidades de ferro, mas proveniente da fruta, dos vegetais, do feijão ou de suplementos, não da carne vermelha. As gorduras trans, presentes nos donuts, nas margarinas e noutros alimentos processados parecem ter um efeito prejudicial na fertilidade», explicou o investigador.

    Os autores de «The fertility diet» acreditam que a saúde reprodutiva poderá estar relacionada com a hormona da insulina e o funcionamento dos ovários. Mulheres com níveis salutares de insulina apresentam maiores probabilidades de ovular normalmente; ao contrário, mulheres com resistência à insulina ou diabetes têm tendência a sofrer de uma ovulação irregular.

    E há mais: «Vários estudos, incluindo o nosso, demonstraram que as mulheres que praticam exercício moderado, 30 minutos por dia, são menos propensas a ter problemas de fertilidade e nós sabemos como o exercício melhora os níveis de insulina.»

    Chavarro e Willet ressalvam que, por enquanto, as recomendações do livro agora editado destinam-se apenas a mulheres com dificuldades na ovulação. «Não funcionam nos casos em que a infertilidade é causada por impedimentos fisiológicos, como a obstrução das trompas de Falópio.» Nem nesses, nem nas situações de infertilidade masculina, já que o The Nurses’s Health Study não inclui dados sobre os parceiros das voluntárias.


    Feijão e leite gordo

    Todas as mulheres que participaram no estudo da Universidade de Harvard estavam a tentar engravidar, mas uma em seis relataram problemas em consegui-lo, muitas delas referindo dificuldades na ovulação (um problema relacionado com a maturação ou a libertação dos óvulos). Os investigadores olharam para os regimes alimentares destas voluntárias e das que engravidaram rapidamente, para a prática regular de exercício físico e para outros aspectos relacionados com estilo de vida e compararam os resultados. Várias diferenças-chave emergiram. Chavarro e Willet explicam, no artigo da Newsweek, que essas discrepâncias foram depois traduzidas em estratégias de aumento de fertilidade.

    Assim, recomendam que as mulheres que estão a tentar engravidar devem: optar pelos hidratos de carbono de absorção lenta – cereais integrais, feijão, vegetais e frutas – em detrimento dos açúcares rápidos – pão branco, batatas e refrigerantes; banir as gorduras trans do regime alimentar; aumentar a ingestão de proteína vegetal; beber um copo de leite gordo por dia; manter o peso corporal dentro dos limites saudáveis (nem demais, nem de menos) e fazer exercício físico. Todas estas opções estavam fortemente associadas, estatisticamente, a uma maior facilidade em engravidar.

    «A nutrição é um todo»

    Apesar de haver boas e fortes evidências da influência da alimentação na capacidade reprodutiva, há que ter em mente, contudo, que a «nutrição não é a solução da infertilidade», afirma Manuela Nona, nutricionista da Maternidade Alfredo da Costa.

    «Não existem ‘dietas da fertilidade’, existem sim comportamentos saudáveis que promovem a saúde em geral, logo melhoram a fertilidade», ressalva a especialista, preocupada com os possíveis exageros da leitura do estudo de Harvard. «Nenhum alimento por si só incentiva a fertilidade», adverte, acrescentando: «A nutrição é um todo, os nutrientes interagem entre si». Para Manuela Nona, o livro «The fertility diet» tem sobretudo o mérito de chamar a atenção para a importância de não agredir o organismo através da alimentação, sob pena de, entre muitas outras coisas, comprometer a fertilidade...

     Se quer engravidar

    1. Evite as gorduras trans, presentes nas margarinas, fritos de pacote, doces industrializados, produtos processados (como as bolachas) e fast-food;
    2. Aumente o consumo de proteína vegetal (feijão, avelãs) e diminua a ingestão de proteína animal (carne vermelha);
    3. Prefira os cereais integrais;
    4. Beba um copo de leite gordo (substituível por qualquer outro produto lácteo, incluindo gelado) por dia;
    5. Evite os refrigerantes. 


    Fonte: «The fertility diet», McGraw-Hill


    Nutrientes indispensáveis para fazer bebes

    AMINOÁCIDOS: Necessários para a produção de óvulos. Presentes nos alimentos proteicos.

    VITAMINA A: Importante antioxidante que protege as células da ação dos radicais livres. Essencial para produzir hormonas femininas. Encontra-se nos ovos, frutas, legumes amarelos, leite gordo e produtos lácteos, legumes de folha verde-escura e peixe gordo.

    VITAMINAS DO COMPLEXO B: Essenciais à produção e equilíbrio das hormonas sexuais. Destaque para a importância da vitamina B6 – presente no melaço, levedura de cerveja, cereais integrais, nozes, arroz castanho, gema de ovo, peixe, aves, leguminosas e sementes -, fundamental para a formação das hormonas femininas e para o funcionamento adequado do estrogénio e da progesterona. Importantes são também a vitamina B12 (existente apenas nos alimentos de origem animal, como o borrego, as sardinhas e o salmão) e o folato (ácido fólico), associado à prevenção de defeitos do tubo neural no embrião.

    VITAMINA C: Eficaz na protecção das lesões celulares. Os citrinos, as cerejas, os rebentos de alfafa, o melão, os bróculos, as ervilhas, as batatas e os espinafres são boas fontes deste nutriente.

    VITAMINA E: Considerada a ‘vitamina da fertilidade’. Em associação com a vitamina C pode melhorar a ovulação. Presente no azeite, gérmen de trigo, vísceras, melaço, ovos, batata-doce, legumes de folha, cereais integrais e abacate.

    FERRO: Nutriente essencial à fertilidade. Pode ser encontrado nas carnes magras, nos ovos, no peixe, nas aves, nas cerejas, na couve, nas sardinhas e nas sementes de abóbora e girassol. Cuidado que o café, o chá e o tabaco inibem a absorção de ferro.

    MAGNÉSIO: A deficiência de magnésio provoca alterações ao nível do metabolismo celular. O peixe, a carne e o leite não contêm este mineral. É, por isso, importante consumir leguminosas, centeio, arroz castanho, bananas, figos, marisco e cereais integrais.

    SELÊNIO: Mineral que pode ser encontrado no atum, no arenque, no gérmen de trigo e nas sementes de sésamo. A sua deficiência está associada à infertilidade feminina e a um risco aumentado de aborto.

    MAGNÉSIO: Alguns estudos avançam a hipótese de a falta de magnésio poder levar a uma ovulação deficiente. Os alimentos ricos neste nutriente incluem legumes de folha verde, cenouras, gengibre, ananás, ovos, aveia e centeio. Pelo facto de competirem entre si pela absorção, fontes de magnésio e de ferro não devem ser ingeridas em conjunto.

    ZINCO: Necessário para produzir óvulos de qualidade e manter o ciclo menstrual. Atenção que o ácido fólico e o ferro inibem a sua absorção. O consumo elevado de álcool e o uso rotineiro da pílula contribuem para um baixo nível de zinco no organismo. As carnes magras, o peixe, o marisco, a galinha, a salsa e os cogumelos são boas fontes deste mineral.

    COENZIMA Q10: Importante para a produção de energia e melhoria do fluxo sanguíneo. Não é fácil obter, através da alimentação, quantidades suficientes deste nutriente, daí que ele deva ser consumido sob a forma de suplemento alimentar.

    ÁCIDOS GORDOS ESSENCIAIS (AGE): Actuam como reguladores hormonais. As sementes de linhaça, os peixes gordos, as nozes e os legumes de folha verde são ricos em ómega-3.
    O atum é a fonte mais rica, mas existe o risco de contaminação de mercúrio, pelo que as mulheres que estão a tentar engravidar não são aconselhadas a comer mais de duas doses semanais deste peixe. Por esta razão, há quem defenda que os AGE devam ser tomados sob a forma de suplementos alimentares, produtos facilmente testáveis e controláveis.

    Fonte: «Fertilidade e concepção, o guia completo para engravidar», Zita West, Civilização